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RGCTI 1(2):53-70, 2017

ISSN: 2526-8384

Um estudo sobre o processo de comunicação no


gerenciamento de projetos - O caso SEBRAE-CE
A study on the communication process in project management - The
SEBRAE-CE case

Eliseu Castelo Branco Juniora, Alberto Sampaio Limab,


Sylvia Maria de Sousa Bessac, Evelyne Tabosa dos Santosd
a
ecastelob@gmail.com
b
albertosampaio@ufc.br
c
sylviamsbessa@gmail.com
d
evelynetsantos@gmail.com

Resumo: Este artigo apresenta as práticas de comunicação utilizadas pelos gestores de projetos, aspectos do processo de
comunicação interna, análise da sua importância, impacto nos resultados dos projetos realizados e benefícios dessa comuni-
cação para o desenvolvimento dos projetos. Foi realizado um estudo de caso real, onde os resultados indicaram que um pro-
cesso de comunicação eficaz tem grande importância para os resultados, o que acarreta uma otimização de tempo e recursos,
diminuição de erros, interação entre as equipes, satisfação dos clientes e reconhecimento do trabalho realizado pela instituição
e pela sociedade em geral.

Palavras chave: Gestão de Projetos; Comunicação; Comunicação Empresarial; Governança.

Abstract: This paper presents the communication practices used by project management people, the internal aspects of com-
munication process, communication importance analysis, the impact of communication on project results and its benefits to
project development. We proceeded a real case study, and results indicate that an efficient communication process has great
importance to results, generating time and resource optimization, less errors, team interaction, client satisfaction and the suc-
cess in organization projects management.

Keywords: Project Management; Communication; Enterprise Communication; Governance.

1. Introdução um conjunto de ações e estratégias desenvol-


vidos para reforçar a imagem da empresa jun-
Em um cenário competitivo marcado pela
to a seu público. Conforme Bueno (2000) a
intensidade das transformações, por uma velo-
comunicação empresarial deixou de ser um
cidade nas mudanças e pela forma acelerada
acessório, para assumir uma função relevante
de atendimento no sentido do fornecimento de
na política de negócios da empresa.
respostas ágeis ao mercado e aos clientes, a
Uma grande quantidade de informações é
comunicação passa a exercer um papel impor-
produzida ou recebida durante todo o ciclo de
tante no que se refere ao estabelecimento de
vida de um projeto, daí ser essencial a habili-
canais efetivos de ligação com os diversos
dade de comunicação por parte do gerente de
segmentos relacionados a uma organização.
projetos, para que possa assegurar a compre-
Para Oliveira (1994), uma comunicação efi-
ensão de tais informações. Existem vários mo-
ciente é aquela que possui: verdade, clareza,
mentos e fases que essa habilidade pode e
objetividade, estratégias e viabilidade. Empre-
deve ser aplicada, ou seja, desde o processo
sas que desejam sobreviver e evoluir no mer-
de iniciação, estendendo-se ao plano global do
cado devem ter como premissa a adoção de
projeto e de forma imprescindível na entrega
uma comunicação clara diante de seu público,
e encerramento do projeto.
pois a comunicação empresarial compreende
54 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

O processo de comunicação no gerencia- não ser suficientes para o sucesso de um pro-


mento de projetos tem sido um tema de pes- jeto. Torna-se necessário analisar outras áreas
quisa relevante para várias áreas, incluindo a que também poderiam influenciar o desempe-
área de tecnologia da informação (TI), pelo nho do projeto como riscos, recursos humanos,
fato de que muitos projetos da área de TI têm aquisições e comunicações. As variáveis: tec-
fracassado por conta de problemas relaciona- nologia, organização e pessoas possuem carac-
dos à falhas na comunicação empresarial. A terísticas que afetam diretamente no desen-
pesquisa científica deste trabalho é motivada volvimento do projeto e, neste contexto, a
pela questão: a utilização de um processo de comunicação tem um impacto visivelmente
comunicação eficiente influencia no alcance relevante, a qual atua como elo entre eles.
de resultados satisfatórios para os projetos?
Definiu-se como objetivo geral deste estudo 2.1. Evolução da comunicação
conhecer as práticas de comunicação utiliza- A comunicação teve início na pré-história,
das pelos gestores de projetos durante sua época em que os primeiros seres humanos
execução, sua influência nos resultados e pro- começaram a se comunicar através de pinturas
por sugestões que venham a contribuir para o rupestres e de gestos. Para Araújo (1982),
alcance dos resultados desejados nos projetos. tudo na história da humanidade envolve comu-
Neste artigo são apresentadas as práticas de nicação. Para o autor, toda incompreensão
comunicação utilizadas pelos gestores de pro- observada, ódio, medo, tudo é consequência
jetos, os aspectos do processo de comunicação de uma comunicação inadequada, daí afirma-
interna com uma análise da sua importância, o se que a comunicação é bem vinda em todo
impacto da comunicação nos resultados dos processo social. É a comunicação que mantém
projetos realizados e benefícios dessa comuni- unida a sociedade.
cação para o desenvolvimento dos projetos. Os Para Ribeiro (1993), “Comunicação é a mais
resultados da pesquisa contribuem para me- básica e vital de todas as necessidades, depois
lhoria das atividades de comunicação em pro- da sobrevivência física”. Através da comunica-
jetos de forma geral. ção interpessoal, nos tempos da pré-história,
O restante deste trabalho está organizado os homens precisavam se entender e cooperar
conforme segue. A segunda seção apresenta os uns com os outros até para se alimentar.
trabalhos relacionados, enquanto a terceira Pode-se entender comunicação como a ação
seção mostra a revisão bibliográfica que foi de transmitir uma mensagem e, eventualmen-
feita. A quarta seção aborda apresenta o estu- te, receber outra mensagem como resposta.
do de caso realizado no SEBRAE-CE, enquanto Para Maser (1975), “A comunicação comparece
a análise dos resultados é mostrada na quinta em todas as ocasiões em que há participação,
seção. Na sexta seção são apresentadas as em que há troca de notícias ou de mensagens,
principais conclusões e os desdobramentos em que informações novas são remetidas ou
para possíveis trabalhos futuros. recebidas”. Segundo Rego (1986) “a comunica-
ção é organizada pelos elementos: fonte, codi-
2. Revisão bibliográfica e trabalhos ficador, canal, mensagem, decodificador e
relacionados receptor”. Devem-se eliminar as comunicações
intimidantes, deformadas ou com duplo senti-
No que se refere ao gerenciamento de pro-
do.
jetos, a comunicação possui um papel de
Conforme Araújo (1982), “A comunicação
grande influência, pois a geração e a dissemi-
tem função social, ela tem relacionamento
nação de informações de forma adequada e no
com o comportamento individual, interpessoal
tempo certo irão refletir no cumprimento dos
e organizacional dos indivíduos”. Alguns estu-
prazos e custos e o atendimento dos critérios
diosos da comunicação humana a consideram
de qualidade, ou seja, tudo que foi estabele-
uma arte, já para outros uma arte complexa
cido inicialmente. Dessa forma os gerentes de
de difícil compreensão. “Numa organização um
projetos devem ter especial atenção para esta
bom vocabulário, facilidade de expressão e
área, evitando assim olhar apenas para os as-
boa leitura e escrita, não significam compe-
pectos técnicos.
tência em comunicações administrativas, de-
Processos como escopo, prazo, custo e qua-
vemos juntar a prática à teoria.”
lidade, mesmo que bem gerenciados podem
Quando se fala em comunicação administra-
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tiva é importante enfatizar que são envolvidos Para Bahia (1995), “Comunicação empresa-
vários fatores, como gente, comunicação e rial é o processo – conjunto de métodos, técni-
administração que se juntam para a geração cas, recursos, meios, etc. – pelo qual a empre-
de uma comunicação eficiente, sendo impor- sa se dirige ao público interno (seus funcioná-
tante observar que a comunicação é um pro- rios) e ao público externo (seus consumido-
cesso contínuo. res)”.
Dentro das organizações quatro comporta- Muitas empresas ainda não distinguiram a
mentos devem ser considerados para que este- comunicação empresarial como instrumento
jam administrando no que se refere ao desem- estratégico de gestão. Matos (2009), defende
penho do pessoal: motivar, comunicar, coor- que a comunicação empresarial solidifica a
denar e liderar. cultura (crenças e valores) e as filosofias (polí-
Torna-se necessário que os administradores ticas de gestão e estratégias de ação) de uma
tenham condições para transmitir informação organização, ou seja, ela é responsável pela
e conhecimentos aos seus subordinados, daí formação de um dos principais patrimônios de
eles precisam conhecer a matéria a ser ensi- uma empresa: sua imagem institucional.
nada e além de tal conhecimento é também Neves (2000) defende que existe um ele-
necessário que sejam aplicadas as melhores mento importantíssimo que merece atenção
técnicas de dirigir e treinar. Conforme Lacom- por parte dos estrategistas de comunicação,
be (2009) “O administrador vive em um oceano que é a construção da imagem empresarial, a
de comunicações: com os chefes, com seus qual deverá ser construída de uma forma com-
pares, com os subordinados e com seus clien- petitiva para se gerar credibilidade perante os
tes internos e externos durante todo o tempo públicos de interesse. Conforme Costalonga
em que está trabalhando”. (2009) “Uma empresa, independentemente de
No que se refere aos funcionários, é preciso seu ramo de atividade, abrange muitas pesso-
saber se eles estão com problemas, pois será as: colaboradores e suas famílias, parceiros,
gerado um obstáculo às comunicações, tor- fornecedores e sociedade na qual está inseri-
nando-as ineficientes. A semântica é também da. E a comunicação auxilia na construção e
importante no processo comunicativo, pois preservação de sua imagem”.
uma determinada palavra pode não significar a Para Argenti (2006), a comunicação empre-
mesma coisa para várias pessoas. Outro princí- sarial deve estar ligada a missão, visão e valo-
pio que seve ser verificado é o grau e qualida- res da empresa, possibilitando a elaboração de
de da comunicação, pois o administrador deve- um plano focado nos objetivos e metas estra-
rá possuir a habilidade para dosar a comunica- tégicas. Segundo Magalhães (2009), a comuni-
ção quanto à quantidade e qualidade para cação empresarial é uma ferramenta estraté-
cada finalidade. Conforme Araújo (1982), “To- gica para todas as atividades da empresa, de-
do o contexto interno da empresa e todo o seu vendo estar alinhada a sua missão, visão e
ambiente no conceito mais amplo, são fontes valores. De acordo com Nassar (2006), a co-
de informações”. municação empresarial tem dinâmica e ins-
Para uma comunicação eficaz, torna-se ne- trumentos comuns a maioria das empresas,
cessário existir a credibilidade do emissor jun- porém as estratégias e táticas obedecem a
to ao receptor. Para que isso aconteça, será particularidade de cada uma, sendo necessário
necessário que o emissor esteja acreditando conhecer seus diferenciais e seu relacionamen-
no que está dizendo, ou seja, para Ribeiro to com clientes e fornecedores para traçar um
(1993) “A primeira pessoa que precisa acredi- cenário que embasará o plano de comunica-
tar no que você diz é você mesmo”. ção.
A comunicação empresarial tem o papel de
2.1.1 Comunicação empresarial integrar a comunicação externa com a interna
criando um clima motivador na empresa e para
Ribeiro (1993) afirma que “A sua comunica-
seu mercado consumidor. A imagem das em-
ção é bem sucedida quando você consegue
presas pode sofrer pressões tendendo a au-
influenciar o outro, convencê-lo sobre aquilo
mentar gradativamente, independentes das
que você pensa ou deseja obter. Para conven-
eventuais crises, então o tratamento com os
cer alguém, o primeiro passo é a própria con-
públicos de interesse é a chave para que estes
vicção, ou seja, estar convencido do que você
se tornem aliados ao invés de acusadores.
diz”.
56 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

Entre as partes da comunicação organizaci- interna, deve-se levar em conta que comuni-
onal, citam-se os papéis que são desempenha- car é uma tarefa única, que deve atrair e en-
dos pela comunicação especializada, que se volver.
utiliza da mídia especializada, da literatura A atuação dos gestores nesse processo é
técnica, dos workshops e de apresentações, da fundamental, pois devem ser os primeiros a
mesma forma tudo aquilo que envolve os as- promoverem a integração em seus departa-
suntos governamentais; a comunicação institu- mentos. Eles devem compreender a importân-
cional e de imagem, com o gerenciamento de cia da comunicação no ambiente dos negócios
marca, a comunicação corporativa, as pesqui- e no relacionamento com seus funcionários,
sas, o suporte à comunicação executiva, a prezando o espírito de trabalho em equipe,
identidade visual, a propaganda e a publicida- gerando confiança e lealdade entre os mem-
de, as relações com a imprensa, entre outros. bros. Para Argenti (2006) os funcionários espe-
De acordo com Palhares e Tófani (2007), a ram que quando suas opiniões são solicitadas,
comunicação organizacional ou empresarial a gerência os escute e atue para atendê-las.
tem como objetivo demonstrar que a empresa O papel dos gestores não se restringe ape-
deve trabalhar de forma que sua imagem seja nas ao processo da comunicação, pois gerenci-
considerada cidadã, transparente, comprome- ar bem os projetos é fator indispensável para a
tida com os interesses da sociedade, além de obtenção dos resultados de forma satisfatória.
ser uma empresa sólida e de confiança. De acordo com Nassar (2006) no ambiente
A comunicação empresarial é uma atividade atual de constantes mudanças sociais, políticas
sistêmica, de caráter estratégico e está ligada e econômicas, é inquestionável o papel do
aos mais altos escalões da empresa, cujos ob- gestor em manter atualizado seu público in-
jetivos são criar – onde ainda não existir ou for terno (funcionários, terceirizados e prestado-
neutra – manter onde já existir – ou, ainda res de serviço) sobre o papel que devem de-
mudar para favorável – onde for negativa – a sempenhar.
imagem da empresa junto a seus públicos con-
siderados prioritários. 2.2. Gestão de projetos
Projeto é uma palavra derivada do latim
2.1.2 Comunicação interna Proicio, que quer dizer lançar para adiante.
A comunicação interna oferece agilidade e Um projeto é um empreendimento considera-
leveza nos processos organizacionais, criando o do temporário, com início e final definidos,
hábito nos colaboradores de busca e transmis- com o objetivo profícuo diante do fornecimen-
são de comunicação constante. De acordo com to de um produto ou serviço singular, dentro
Veríssimo (2003) uma equipe que não se co- de um orçamento pré-estabelecido.
munica não tem comprometimento, perde De acordo com Albadó (2001), um projeto é
tempo e não alcança os objetivos. Para Pessoa uma sequência bem definida de eventos com
(2003), a comunicação interna forma multipli- início e fim, que é conduzido por pessoas e
cadores dos valores, atividades e produtos da com parâmetros estabelecidos como tempo,
empresa. É importante que o público interno custos, recursos e qualidade, com foco em um
esteja sempre bem informado, sendo o primei- objetivo claro.
ro, a saber, sobre as notícias da empresa, pois Já para Young (2000), um projeto é um es-
quanto mais o funcionário conhece a organiza- forço temporal para conseguir certos objetivos
ção, mais se integra e se adapta ao estilo ad- em tempo definido. Segundo Kerzner (2002)
ministrativo. projeto é um empreendimento com objetivo
Comunicação interna consiste nas intera- identificável que consome recursos e opera
ções, nos processos de trocas e nos relaciona- sob pressões de prazos, custos e qualidade.
mentos dentro de uma empresa, sendo respon- Xavier et al. (2005) afirma que projeto é um
sável pela circulação das informações e conhe- esforço temporário para produzir um produ-
cimentos entre todos os níveis (Leite, 2006). O to/serviço único, com início e fim. Na visão de
processo de comunicação deve ser valorizado e Viana (2005), projeto é um empreendimento
disponibilizado de forma eficaz e atrativa, não repetitivo, com eventos com início, meio e
visando integrar os maiores propagandistas da fim, que se destina a atingir um objetivo claro
organização, que são seus funcionários. Segun- e definido e atingem todos os níveis da organi-
do Nassar (2006), ao promover a comunicação zação.
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Segundo PMI (2008) projeto é: “Um empre- possa ser executado, controlado e avaliado,
endimento único que deve apresentar um iní- conforme mostra a Figura 1 (Albadó, 2001).
cio e um fim claramente definidos e que deve Um projeto é um esforço que tem um obje-
ser conduzido por pessoas que possam atingir tivo definido, consome recursos, e opera sob
seus objetivos, respeitando os parâmetros de prazo, custo e qualidade. O projeto precisa ter
prazo, custo e qualidade”. Conforme Kerzner seu objetivo claro, pois se não for entendido
(2002) “um empreendimento com o objetivo por todos estará fadado ao fracasso e a equipe
identificável, que consome recursos e opera precisa estar alinhada com as necessidades e
sobre pressões de prazos, custos e qualidade.” especificações definidas.
Para Xavier et al. (2005) “necessita, portanto Gerenciar projetos é a arte de administrar o
de objetivos claros, medidas de resultados, processo de tomada de decisões, na realização
datas de início e término que atendam aos de atividades temporárias, atingindo as expec-
requisitos negociados e explícitos das partes tativas dos stakeholders. Mesmo com a restri-
interessadas (stakeholders)”. De acordo com ção de tempo e custo, administrar um projeto
Maximiano (2008) projetos são “empreendi- refere-se à aplicação de técnicas apropriadas
mentos finitos, que têm objetivos claramente para alcançar resultados, é orientar o esforço
definidos em função de um problema, oportu- para o resultado, controlando custos, riscos e
nidade ou interesse de uma pessoa ou organi- prazos, como mostra a Figura 2.
zação”. Dinsmore (1992) afirma que um proje-
to é “um empreendimento com começo e fim Figura 2. Restrição tripla em projetos.
bem definidos, dirigido por pessoas, para cum-
prir metas estabelecidas dentro de parâmetros
de custo, tempo e qualidade”.
Segundo Barbosa (2005), o projeto tem três
características: ser temporário exclusivo e
progressivo. Temporário ocorre quando tem
um fim, ou seja, quando os objetivos do proje-
to são alcançados. A segunda característica é
ser exclusivo, ou seja, ocorre quando o projeto Fonte: Menezes (2009, p. 68)
é desenvolvido para a criação de um produto Para Albadó (2001), o gerenciamento de
ou serviço inédito diferente de qualquer outro. projeto permite focar prioridades, monitorar
A terceira característica é ser progressivo, que desempenhos, superar dificuldades e adaptar-
se evidência quando o projeto é compreendido se a mudanças, ou seja, é o planejamento,
e aplicado por todos, quando o entendimento programação e controle das atividades para
do objetivo do projeto é disseminado entre os atingir os objetivos propostos.
membros da equipe e todos os envolvidos no
Segundo Xavier et al. (2005), o gerencia-
projeto.
mento de projetos trata da iniciação, plane-
Observa-se que um projeto visa a satisfação jamento, execução, controle e encerramento
de uma necessidade, possui fases para cada de projetos, onde envolve conhecimentos,
atividade e precisa ser gerenciado para que habilidades e técnicas ligadas as atividades do
projeto cuja finalidade é realizar os objetivos
Figura 1. Fases do projeto. propostos.

2.2.1 Benefícios do gerenciamento de


projetos
De acordo com Young (2000), para que ocor-
ra sucesso no gerenciamento dos projetos é
necessário que a estratégia esteja ligada a
cultura da empresa, à sua estrutura e estraté-
gia comercial. Além disso, é fundamental que
se tenha recursos disponíveis para a realização
da proposta, tempo e pessoas disponíveis a
fazer parte da equipe.
Fonte: Albadó (2001).
58 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

Para Kerzner (2002), o bom gerenciamento Figura 3. Inter-relacionamento entre as fases de


dos projetos resulta em seis componentes da um projeto.
excelência: (i) processos integrados; (ii) exce-
lência comportamental; (iii) cultura; (iv) ges-
tão informal de projetos; (v) treinamento e
ensino; (vi) suporte gerencial.
De acordo com Kerzner (2001), os benefícios
da gestão de projetos são os seguintes: (i) a
gestão de projetos permite que se complete
mais trabalho em menos tempo; (ii) a lucrati-
vidade irá aumentar; (iii) proporcionará me-
lhor controle das mudanças de escopo; (iv)
torna a empresa mais eficiente e eficaz ao
utilizar melhores princípios de comportamento
organizacional; (v) permite que se trabalhe
mais próximo aos clientes; (vi) todos os proje-
tos serão beneficiados pela gestão de projetos;
(vii) aumenta a qualidade dos projetos; (viii)
produz soluções para o progresso da empresa
Para Viana (2006), dentre os principais be-
nefícios adquiridos com o gerenciamento de
projetos, destacam-se: desenvolvimento de
diferenciais competitivos, melhor adaptação
ao mercado consumidor, aumento do controle
Fonte: Dinsmore (2007)
gerencial e otimização na alocação de pessoas.
Utilizou-se neste trabalho o guia de melho- para integrar todos os elementos do proje-
res práticas Project Management Body of Kno- to;
wledge – PMBOK (PMI, 2008). Para Branco Ju- • Gerenciamento do escopo. Detalhamento do
nior et al. (2009), o PMBOK decompõe um pro- trabalho requerido;
jeto em processos, que são atividades com • Gerenciamento de tempo. Estabelece os
entradas, ferramentas, técnicas e saídas bem prazos necessários para a execução do pro-
definidas, que são realizadas para se obter um jeto;
resultado específico. Esses processos estão • Gerenciamento de custos. Estima e controla
ligados entre si pelo que produzem e dividem- os custos do projeto;
se em cinco grupos: • Gerenciamento da qualidade. Medidas para
• Iniciação. Autorização do projeto ou fase; garantir a satisfação da necessidade e ex-
• Planejamento. Seleção dos melhores cami- pectativa do cliente;
nhos para atingir os objetivos; • Gerenciamento de recursos humanos. For-
• Execução. Execução dos planos do projeto e mar e controlar a equipe do projeto;
coordenação dos recursos; • Gerenciamento de comunicações. Dissemi-
• Controle. Medição e monitoramento do de- nação e armazenamento das informações do
sempenho do projeto; projeto;
• Finalização. Aceitação formal do projeto. • Gerenciamento de riscos. Identificar, con-
Dinsmore (2007), afirma que todas as fases trolar e mitigar riscos do projeto;
são realizadas quase que simultaneamente, • Gerenciamento de aquisições. Coordenar
constituindo um ciclo, conforme demonstrado compras e contratos com fornecedores.
na Figura 3. Ao se agregar todos esses processos, tem-se
Conforme descrito por Prado (2000), exis- a certeza de que ter um planejamento funcio-
tem nove áreas de conhecimento na metodo- nal para o desenvolvimento de um projeto.
logia PMBOK, cujas competências estarão pre- Cabe ao gerente do projeto, levantar todos os
sentes em todo ciclo de vida do projeto e de dados, acompanhá-los e entregar um produto
forma simultânea, que são: dentro do esperado. De acordo com Albadó
• Gerenciamento da integração. Processos (2001), o gerente do projeto é responsável
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pela obtenção dos objetivos do projeto e pela se garante a correta execução do projeto.
liderança da equipe, pois o sucesso ou o fra- A confiança e satisfação dos stakeholders
casso de um projeto depende da capacidade e são essenciais para que os recursos necessários
do empenho da equipe, cabendo ao gerente estejam disponíveis, sejam recursos materiais,
conduzir essa equipe da melhor forma possível técnicos ou humanos. Os projetos devem ser
rumo ao objetivo esperado. Gerenciar pessoas satisfatórios ao ponto de contribuir para atin-
é fundamental para um bom gerenciamento, gir os objetivos e metas traçados pela organi-
assim é papel do gerente produzir um plano de zação, e não está somente na preocupação
ação detalhado, motivar a equipe e repassar com um projeto de forma individual, mas pen-
informações sobre a evolução do projeto não sando no projeto em benefício da empresa.
só a equipe, mas também aos patrocinadores e
todos os interessados. As informações do pro- 2.2.3 Análises da viabilidade e importância
jeto devem estar acessíveis a todos os envolvi- do projeto
dos, pois a comunicação é um componente
importante para o sucesso do projeto e para Segundo (Archibald, 2003 apud Maximinia-
que ela seja eficaz é necessário documentá-la no, 2008): “Os projetos criam inovações desti-
e fazê-la chegar a quem é de interesse. nadas ao mercado (novos produtos), ou pro-
cessos de renovação interna (implementação
de novos sistemas). Tudo isso conduz a uma
2.2.2 Organização do Projeto
nova situação, quer gera novos projetos, num
Cada projeto é um problema independente ciclo que se repete”.
que demanda, em sua organização, elementos O primeiro elemento a considerar para de-
originais, entretanto, e de maneira geral, po- senhar um projeto consiste na determinação
dem-se isolar alguns elementos que devem ser do problema que vai se tratar e estabelecer
tidos em conta na execução do projeto: admi- sua magnitude. É necessário realizar uma ava-
nistração do pessoal, gerência dos recursos e liação inicial ou diagnóstico da situação, utili-
coordenação com outras organizações ou insti- zando dados provenientes de diferentes fontes
tuições. (Maximiano, 2008). de informação, como por exemplo: os dados
No primeiro elemento, a administração do de segurança alimentados provenientes das
pessoal, o planejamento deve-se ter em conta, folhas de balanço, estatísticas contínuas, ele-
tanto a execução do trabalho de mesa da mentos micro e macros econômicos, entre
equipe interdisciplinar, como a do trabalho de outros. Segundo Heldman (2003) uma vez en-
terreno do pessoal de campo. contrado o problema que se vai tratar, é ne-
Já no segundo elemento, gerência dos re- cessário construir o marco conceitual e teórico
cursos, o trabalho de campo é essencial con- no que se inscreve. Desta forma, o problema
trolar a gerência dos recursos. Para controlar fica emoldurado no conjunto de conhecimen-
os recursos é necessário utilizar serviços de tos existentes.
contabilidade e sistemas de registros que, em Os objetivos dentro do contexto da organi-
correspondência com o projeto, permitam a zação do projeto referem-se às metas almeja-
execução das ações de controle. Considera-se das, construídas de forma concisa e direciona-
importante registrar toda a informação que se das especificamente à pretensão final. Dentro
necessita para contribuir a uma boa adminis- da organização geral das metas, descrevem-se
tração dos recursos financeiros e materiais. os processos sequenciais das atividades, devi-
Para melhor aplicar seus recursos, quer huma- damente amparados pelo objetivo maior, de-
nos, materiais ou físicos, as empresas devem terminando-se assim, todos os passos a serem
pensar em suas atividades de duas maneiras, realizados. As hipóteses são passíveis de veri-
uma como atividade rotineira e outra como ficação empírica no decorrer da aplicação do
atividade inovadora, somente dessa forma será projeto.
mais bem definido o que são os processos e A viabilidade do projeto se evidencia atra-
quais atividades que devem ser tratadas como vés da mistura entre a forma em que o projeto
projetos. se ajusta aos perfis e os interesses de trabalho
Outro elemento, a coordenação com outras dos executores, na qual cumpre com as expec-
organizações locais ajuda a criação das equi- tativas dos beneficiários. A análise da viabili-
pes multidisciplinares. Dessa forma, se evitam dade é um componente importante da avalia-
situações contraditórias ou de confrontação e ção prévia que se deve fazer para ver se o
60 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

projeto é executável, mas não é tudo. Um dos projetos.


projeto pode ser viável, mas sua execução do Segundo Heldman (2003), a análise de cus-
ponto de vista econômico pode não ser acon- to-benefício busca: (i) proporcionar os elemen-
selhável. É por isso que uma das ações mais tos necessários com a finalidade de decidir se
importantes da fase de desenho é a análise da um projeto é viável financeiramente e conside-
viabilidade do projeto. A viabilidade de um rar, durante o processo de análise, todas as
projeto tem dois componentes fundamentais: interrogantes quanto ao redesenho da execu-
a pesquisa de mercado e a análise sócio- ção; (ii) classificar os projetos em termos de
econômica. prioridade ao atribuir os recursos financeiros;
A pesquisa de mercado constitui uma re- (iii) decidir entre as políticas, estratégias ou
compilação e análise de antecedentes que componentes de um programa dado.
permitem estimar a conveniência de que se Uma das principais limitações da análise
produza um bem ou serviço para atender uma custo-benefício é que, para sua execução, se
necessidade, seja quando se manifesta no devem conhecer os fluxos financeiros de cus-
mercado pela disposição da comunidade a tos e benefícios. Isto limita seu uso nos proje-
pagar os preços fixados ao produto do projeto tos de saúde, pois neles, um dos rasgos distin-
ou, quando se manifeste por pressões sociais tivos é que os benefícios nem sempre podem
alheias ao mercado. Em correspondência, a expressar-se em fluxos monetários.
pesquisa de mercado, deve conter três com- A análise de custo-efetividade se introduz
ponentes: demanda, oferta e cobertura. para corrigir a limitação dos métodos de análi-
O estudo da demanda se refere aos aspectos se de custo-benefício. O princípio desta análi-
relacionados com a existência da demanda ou se é o mesmo que o de custo-benefício, mas
necessidade dos bens ou serviços que se espe- nele se substituem os benefícios econômicos
ra oferecer. A análise da demanda deve consi- ou o fluxo monetário pelo impacto esperado, o
derar as necessidades históricas do bem ou qual se estuda em sua relação com os custos.
serviço, e estudar a demanda atual partindo Neste sentido, valores como o custo por uni-
da análise de séries históricas e de outros da- dade de impacto ou o impacto unitário, consti-
dos que possam influir sobre ela. tuem os elementos fundamentais da análise.
A análise da oferta se relaciona com as for- Após a análise da viabilidade do projeto,
mas atuais e previsíveis (futuras) em que as deve-se pensar na execução do projeto com a
necessidades estão sendo ou vão ser atendi- organização do trabalho. Para isso, deve-se ter
dos. Além disso, devem ser consideradas as em conta as seguintes questões: como, onde,
diferentes modalidades que toma o pagamento quando e quem realizará as atividades.
desses bens ou serviços e a previsão da manei-
ra em que os serviços do projeto cheguem até 2.2.4 Gerenciamento da comunicação nos
os usuários. A análise da oferta deve incluir o projetos
grau de atenção que se deu às necessidades
Viana (2005) afirma que um processo efetivo
em estudo, fazendo especial ênfase na oferta
de comunicação é fundamental para garantir
atual e as possibilidades futuras.
que as informações cheguem às pessoas cer-
A análise da cobertura é a avaliação do efei-
tas, no tempo certo e de uma forma economi-
to que tem as regulações, políticas prioritárias
camente viável. A comunicação é utilizada
e doações sobre a lei da oferta-demanda. A
pelo gerente de projetos para manter a equipe
análise socioeconômica, como segundo aspecto
trabalhando de maneira integrada para resol-
referente à viabilidade, combina ou relaciona
ver os desafios do projeto, em um processo
os benefícios econômicos ou sociais do proje-
constante de troca de informações e avaliação
to, com os custos incorridos em sua execução.
das possíveis barreiras.
Faz parte da componente de avaliação da fase
Dinsmore (2007) afirma ainda que os princi-
de desenho do projeto, sendo utilizada na
pais processos do gerenciamento da comunica-
comparação de projetos. A análise socioeco-
ção são: (i) planejamento das comunicações,
nômica tem dois elementos: análise de custo-
determinando as necessidades de informações
benefício e análise de custo-efetividade. A
do projeto; (ii) distribuir informações, permi-
análise de custo-benefício identifica e pondera
tindo que as informações estejam disponíveis a
os custos frente aos benefícios para avaliar,
todos os interessados no projeto; (iii) gerar
tanto o mérito econômico, como o financista
relatório de desempenho, com coleta e divul-
GC&TI 1(2): 53-70, 2017 61

gação de informações sobre o desempenho do metodologia GEOR.


projeto; (iv) gerenciar as comunicações para Nas duas etapas deste trabalho, foram reali-
satisfazer as partes interessadas. zadas pesquisas através de um estudo aplica-
Segundo Viana (2005), no gerenciamento do com os gestores, além de uma pesquisa
das comunicações, é importante estar atento bibliográfica. A pesquisa realizada teve a se-
para os seguintes aspectos: (i) as pessoas pre- guinte classificação:
cisam saber o que tem de fazer, o porquê e o • Exploratória. Proporcionará aproximação
que é esperado de seu trabalho; (ii) a decisão com o problema, tornando-o mais claro, tor-
sobre o que comunicar, pra quem e como deve nando possível a busca de informações
estar em todas as fases do planejamento; (iii) através de pesquisas bibliográficas e entre-
utilizar diferentes veículos de comunicação vistas com os gestores de projetos do
para atingir diversos públicos; (iv) disseminar SEBRAE/CE no que se refere ao processo
todas as informações, pois isso gera credibili- de comunicação utilizado por eles, bem co-
dade e evita boatos; (v) as pessoas têm que mo, possibilita a conhecer novas técnicas e
compreender as decisões e porque ela foi to- ferramentas de comunicação mais eficientes.
mada. • Aplicada. Caracteriza-se por seu interesse
Xavier et al. (2005) afirma que a gestão da prático e tem o objetivo de contribuir na ge-
comunicação deve analisar as expectativas das ração de conhecimentos referentes ao tema
pessoas envolvidas e utilizar as técnicas ade- da pesquisa, possibilitando, dessa forma, a
quadas para evitar falhas e barreiras de comu- solução dos problemas que poderão ocorrer
nicação de modo a não se ter consequências na comunicação utilizada.
indesejáveis no projeto. As informações devem • Descritiva. Visa descrever o processo de
ser precisas em conteúdo e claras o suficiente comunicação utilizado pelos gestores de pro-
para não causar dúvidas quanto ao seu objeti- jetos do SEBRAE / CE, envolvendo o uso de
vo. técnicas padronizadas de coletas de dados
Quando a comunicação é aplicada como fer- como a entrevista. O estudo descritivo trata
ramenta no gerenciamento de projetos, pode do estudo e descrição das características,
existir desafios no processo, sendo necessário propriedades ou relações existentes entre os
fazer ajustes às características próprias do elementos do fenômeno estudado.
ambiente organizacional (Chaves, 2006). • Qualitativa. Porque deseja conhecer deta-
A equipe que trabalha interagindo com seu lhadamente as características gerenciais dos
gerente, é mais satisfeita e tolerante à mu- gestores de projetos, bem como, a forma pe-
danças o que prova que gerenciar o processo la qual lês utilizam a comunicação na gestão
de comunicação significa conhecimento para o dos seus projetos.
desenvolvimento do projeto (Henderson, • Pesquisa de campo. a primeira etapa foi
2008). realizada através de estudo de caso no es-
critório regional metropolitano - SEBRAE /
3. Estudo de caso CE com o universo de 12 gestores de proje-
tos. O escritório avaliado atende 26 municí-
Realizou-se um estudo de caso no SEBRAE–
pios da região metropolitana de Fortaleza,
CE, entidade privada sem fins lucrativos cuja abriga 15 projetos finalísticos de atendimen-
missão é promover a competitividade e o de- to coletivo, nos setores de indústria, comér-
senvolvimento sustentável das microempresas cio e serviços, agronegócios e um de aten-
e empresas de pequeno porte do Estado do dimento individual.
Ceará. Atua com foco no fortalecimento do
empreendedorismo e na aceleração do proces- Como a primeira etapa deste trabalho se
so de formalização da economia do Estado. propôs a conhecer, analisar e mostrar o pro-
Além de sua sede em Fortaleza, a instituição cesso de comunicação utilizado pelos gestores
conta com 12 escritórios/agências regionais no do regional metropolitano, foi realizada uma
estado do Ceará. pesquisa de campo, que ocorreu através da
aplicação de questionários para 9 gestores
O SEBRAE–CE utiliza a metodologia denomi-
(75% da amostra possível) no mês de julho de
nada Gestão Orientada para Resultados
2010. Na segunda etapa, foram aplicados
(GEOR), para o gerenciamento dos seus proje-
questionários com as pessoas diretamente
tos. A seção 3.1 mostra mais detalhes sobre a
envolvidas no processo de comunicação na
62 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

organização. nário, contendo perguntas fechadas e abertas,


Conforme Markoni e Lakatos (1996), as téc- em linguagem simples e direta, buscando iden-
nicas que presidem a coleta de dados dividem- tificar dados e variáveis fundamentais para a
se em “documentação indireta” que compre- consecução dos objetivos traçados.
ende a pesquisa bibliográfica e, “documenta-
ção direta”, que abrange a entrevista. 3.1. Metodologia GEOR
De acordo com o SEBRAE (2009) a implanta-
Primeira etapa ção da GEOR (Gestão Estratégica Orientada
para Resultados) visava o aperfeiçoamento das
Nessa primeira fase da pesquisa, a metodo-
logia utilizada contemplou uma pesquisa de práticas gerenciais da organização, para que
dessa forma pudesse ampliar a sua capacidade
campo, envolvendo a aplicação de um questi-
onário com 11 perguntas, sendo oito fechadas de promover a competitividade e a sustentabi-
lidade das micro e pequenas empresas.
e três abertas. No período de novembro e de-
zembro de 2009, 30 colaboradores do A GEOR surgiu como resposta à cobrança
SEBRAE/CE que desempenham função de ges- cada vez maior da sociedade por resultados
tores de projetos e articuladores de unidade concretos de aplicação de recursos públicos,
setorial, responderam a este questionário. incutindo um enfoque fortemente gerencial, o
qual é direcionado para produzir transforma-
A análise empírica avaliou inicialmente co-
ções relevantes e de interesse do público-alvo
mo acontece o processo de comunicação entre
da instituição. Foi construída e aperfeiçoada
os articuladores e sua equipe, quais os assun-
tos mais abordados, os meios mais utilizados, uma metodologia própria para geração de re-
sultados em um universo bastante diverso e
e a eficácia atual. A partir daí, os entrevista-
dos sugeriram os canais que julgam mais efici- heterogêneo de empresas e empreendedores.
entes, periodicidade ideal e os assuntos de O projeto orientado para resultados consiste
maior prioridade. Em seguida, indicaram o no principal instrumento da GEOR, que encon-
impacto de uma boa comunicação nos resulta- tra-se apoiada em quatro atributos essenciais,
dos dos projetos, relacionando-os e fazendo os quais devem ser incorporados às práticas de
sugestões de melhorias, envolvendo não só a planejamento e gestão da instituição, desde o
empresa, mas também as atitudes e a partici- nível local até o nacional: (i) foco em um pú-
pação de cada um nesse processo. blico-alvo definido; (ii) orientação das ações e
A documentação indireta aconteceu na se- recursos para resultados finalísticos; (iii) aden-
samento da visão estratégica; (iv) intensidade,
guinte ordem: escolha do tema, levantamento
prontidão e proximidade da ação gerencial.
bibliográfico, leitura e catalogação do materi-
al. A documentação direta foi obtida através O SEBRAE (2009) cita que os projetos orien-
da elaboração e aplicação de questionários tados para resultados organizam-se em dois
com perguntas fechadas, em linguagem sim- tipos básicos:
ples e direta, procurando-se identificar dados • Projetos Finalísticos. São executados de
e variáveis indispensáveis para a obtenção dos forma direta junto a um determinado públi-
objetivos. co-alvo (MPE e empreendedores), pelo Sis-
tema SEBRAE e /ou parceiros, visando al-
Segunda etapa cançar resultados finalísticos. Tais projetos
têm como objetivo produzir transformações
A segunda etapa do trabalho visou pesquisar
relevantes de interesse do público-alvo,
o impacto da gestão da comunicação entre os
como por exemplo: aumento de vendas,
articuladores das unidades setoriais do
aumento de produção, ampliação de postos
SEBRAE/CE e sua equipe, nos resultados dos
de trabalho, aumento de produtividade, en-
projetos. Foi realizada uma pesquisa de cam-
tre outros. Nesta categoria estão:
po, através da aplicação de questionários com
 Projetos Finalísticos de Atendimento Co-
as pessoas diretamente envolvidas no proces-
letivo. Atendem a um público-alvo orga-
so. A documentação indireta foi segmentada
nizado sob o padrão coletivo que se ca-
nas seguintes etapas: escolha do tema, levan-
racterizam pela integração, em diferen-
tamento bibliográfico, leitura e fichamento do
tes estágios, de um número de MPE e ins-
material. Obteve-se a documentação direta
tituições interdependentes e complemen-
através da elaboração e aplicação de questio-
GC&TI 1(2): 53-70, 2017 63

tares, articuladas em um modelo de go- tro etapas, conforme apresentado na Figura 4:


vernança. estruturação e contratualização, gerenciamen-
 Projetos Finalísticos de Atendimento In- to, monitoramento e avaliação. Essas etapas
dividual. Atendem a um público-alvo que visam os resultados finalísticos esperados.
é organizado conforme o padrão individu- O gestor do projeto é o principal ator do
al, o qual caracteriza a abordagem de um GEOR, devido a sua responsabilidade de fazer
conjunto de MPE, com atendimento indu- acontecer os resultados, integrar equipes e
zido e sistematizado. Exemplos: orienta- parceiros, como também garantir a dinâmica
ção técnica prestada no atendimento de que é necessária para que as ações sejam exe-
balcão, atendimento via internet, os cur- cutadas no prazo, com custos e qualidade es-
sos, palestras e seminários que são ofer- perados e uma comunicação clara e adequada.
tados ao público em geral, entre outros. As ferramentas de trabalho do gestor de
• Projetos Internos. Atuam diretamente sobre projetos são sua capacidade de articulação e
o público-alvo da organização e compreen- comunicação, conhecimento do projeto, inte-
dem: ração com o público alvo e habilidades geren-
 Projetos de Articulação Institucional. São ciais. Fica evidente a importância do desen-
executados de forma direta junto a par- volvimento profissional e da valorização orga-
ceiros institucionais, que visam potencia- nizacional do gestor de projeto (SEBRAE,
lizar a atuação do SEBRAE e/ou melhorara 2009). Quanto à comunicação, o gestor deve
o ambiente para as MPE. comunicar bem seu projeto, em todas as suas
 Projetos de Conhecimento e Tecnologia. fases, de forma adequada e no tempo certo.
Estão relacionados ao desenvolver à dis- Estima-se que os gestores de projetos des-
seminar novos produtos e metodologias pendem cerca de 90% do seu tempo em ativi-
em apoio à atuação finalística. dades de comunicação. Mesmo nos pequenos
 Projetos de Gestão Interna. São os que se projetos a comunicação é um fator crítico de
relacionam a alguma função corporativa sucesso. Por comunicação entende-se ouvir
(planejamento, recursos humanos, admi- com atenção as informações, dúvidas, interes-
nistração, finanças, marketing, comuni- ses e posições contributivas ou conflitantes
cação, tecnologia da informação, gestão integrantes do público-alvo, da governança, de
orçamentária, auditoria ou assessoria ju- partes interessadas, de parceiros e da própria
rídica) como também se destinam a am- equipe o projeto. Também significa adminis-
pliar e/ou aperfeiçoar os recursos, ins- trar conflitos, construir consensos e manter
trumentos e competências da instituição. informados e motivados todos esses atores
sobre o projeto e o seu andamento, e, sobre-
O ciclo completo de um projeto inclui qua- tudo, alinhá-los na direção dos resultados de-
Figura 4. Ciclo da elaboração e gestão de um proje- sejados e definidos no projeto (SEBRAE, 2005).
to orientado.
4. Análise dos resultados
Nesta seção são apresentadas as evidências
identificadas durante a coleta de dados no
estudo, bem como a análise e interpretação
desses dados, ou seja, dos resultados.

4.1. Primeira etapa


Os resultados dessa fase foram adquiridos
através da aplicação de questionários estrutu-
rados com 08 questões fechadas ou de múltipla
escolha entre os gestores de projetos do escri-
tório regional metropolitano, os quais possuem
nível de escolaridade variando entre especiali-
zação e mestrado e tempo de trabalho em
gestão de projetos de 3 a 5 anos, período este
que demonstra uma experiência considerável
Fonte: Manual GEOR (SEBRAE, 2005).
64 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

em tal atividade. Para os respondentes, a comunicação das in-


As informações foram devidamente compi- formações para as pessoas que trabalham no
ladas, tabuladas e analisadas conforme deta- projeto é de fundamental importância. As
lhamento a seguir: reuniões devem acontecer de uma (50%) a
Questão 1. Qual o meio de comunicação mais duas (50%) vezes ao mês, tempo considerado
suficiente para atualização das informações.
utilizado por você no que se refere a distri-
Assim é possível se proceder uma análise do
buição de informações para os stakeholders
que foi executado, revisando os acertos e
(clientes dos projetos, parceiros)? (poderá
identificando alguma distorção que possa ter
marcar mais de uma opção)
ocorrido. O Gráfico 4 ilustra essa assertiva.
Pode-se observar a partir dos resultados
(Gráfico 1), que são utilizados vários meios de Questão 5. Qual a principal barreira à comuni-
cação nos projetos?
comunicação por parte dos respondentes, mas
existe uma preferência, ou seja, confiam mais, Como se pode perceber a partir dos dados
nas reuniões, pois, através delas, as informa- mostrados no Gráfico 2, são várias as barreiras
ções poderão ser distribuídas de forma mais na comunicação dos projetos. A maioria dos
clara e eficiente junto aos clientes e parceiros respondentes considerou a falta de clareza no
do projeto. repasse das informações a principal delas,
ficando bastante evidenciado que as informa-
Gráfico 1. Meios de comunicação mais utilizado
ções que não são transmitidas de forma clara
pelos gestores de projetos.
40%
poderão comprometer a execução das ações
35%
34%
do projeto. Tal atitude poderá contribuir para
30%
25% 23%
27% que os resultados do projeto não sejam alcan-
20% çados, podendo também gerar até uma certa
15%
8% 8% insatisfação e desinteresse por parte dos clien-
10%
5% 0% 0%
tes em continuar no projeto.
0%
Gráfico 2. Principal barreira à comunicação nos
projetos.

Questão 2. Qual o grau de importância da


comunicação em projetos?
Neste item observou-se a unanimidade por
parte dos respondentes sobre o alto grau de
importância da comunicação nos projetos,
onde ficou evidenciado que os mesmos consi-
deram a comunicação muito importante para
os projetos.
Questão 3. Como você avalia a contribuição Questão 6. Até que ponto o processo de co-
do processo de comunicação eficiente para municação na gestão de projetos está rela-
o alcance dos resultados de um projeto? cionado com o alcance de resultados do
Percebeu-se que para todos os respondentes projeto?
um processo de comunicação eficiente irá Ficou evidenciada nesta questão a relevân-
contribuir de forma significativa para que os cia da comunicação e sua ligação na gestão
resultados estipulados para o projeto sejam dos projetos. Para 89% dos respondentes o
alcançados, isto é, tal resposta evidencia o sucesso dos projetos está altamente relaciona-
reflexo de uma boa comunicação na gestão de do com o processo de comunicação que é utili-
projetos. zado, devido ao fato da maioria acreditar que
Questão 4. No que se refere ao acompanha- qualquer comunicação mal elaborada e mal
mento do projeto, com que periodicidade interpretada poderá gerar um caos no ambien-
são realizadas reuniões com a equipe que te dos projetos e comprometer os resultados a
trabalha no projeto? ser alcançados. Os 11% restantes essa relação
é média.
GC&TI 1(2): 53-70, 2017 65

Questão 7. Qual o grau dos benefícios da co- efetividade dos serviços prestados é item fun-
municação para o desenvolvimento dos pro- damental para os gestores de projetos.
jetos?
Gráfico 3. Formas do processo de comunicação
É de extrema importância que se considere entre articuladores e equipe.
a comunicação no desenvolvimento de um 45% 41%
projeto e geração dos resultados esperados. É 40%
35%
por meio da comunicação que o projeto pode- 30%
30%

rá ser executado, ou seja, que suas ações 25%


aconteçam. Daí 100% dos respondentes afirma- 20%

rem o alto grau de benefícios que a comunica- 15%


8% 8%
10% 7%
ção poderá gerar para os projetos. 5% 2%
5%

Questão 8) Qual o melhor meio de comunica- 0%

ção utilizado para viabilizar a troca de in-


formações entre a equipe de projetos?
Dois meios de comunicação foram conside-
rados pelos respondentes. As reuniões tiveram Gráfico 4. Assuntos abordados no processo de co-
a melhor avaliação (70%), por ser o meio mais municação.
eficaz e bastante decisivo para a comunicação 40% 37%
de informações dos projetos. Os 30% restantes 35% 33%

escolheram o 2-mail. Conversas informais e 30%


25%
25%
telefone não foram considerados pelos respon- 20%
dentes. 15%
10%
5%
4.2. Segunda etapa 5%
0%
Foram realizadas as seguintes ações para a Informações Avaliação dos Demandas de Outros: melhoria
diretoria projetos parceiros e de processos;
obtenção dos resultados propostos para a se- clientes novos produtos;

gunda fase da pesquisa: a. identificação do informes gerais

público alvo; b. Elaboração do questionário Gráfico 5. Eficácia do processo de comunicação


com 8 questões de múltipla escolha e 3 aber- 50% 47%

tas; c. Aplicação do questionário pessoalmente 45%


40%
com gestores e articuladores; d. Tabulação dos 35%
30% 27%
resultados; e. Análise quantitativa e qualitati- 25%
20%
20%

va. 15%
7%
10%
Os resultados obtidos serão descritos e ana- 5% 0%
0%
lisados a seguir, na ordem dos itens do questi-
onário.
Questão 1. Como acontece atualmente o pro-
cesso de comunicação entre articuladores e
sua equipe técnica? Questão 3. Você considera o processo de co-
Observa-se no Gráfico 3 que a comunicação municação usado atualmente eficaz?
entre os articuladores e sua equipe ocorrem de A maioria dos entrevistados apontou que o
forma mais intensa nas reuniões semanais, processo de comunicação é medianamente
sendo este um momento de troca de informa- eficaz, isso mostra que este processo, encon-
ções, análises e planejamento das ações do tra-se em constante melhoria e adaptação às
grupo. diversas situações da empresa.
Questão 2. Quais os assuntos mais abordados Questão 4. Quais ferramentas e técnicas você
no processo de comunicação? acha que poderiam ser utilizados para a
No Gráfico 4 observa-se que todos os quesi- melhoria do processo de comunicação?
tos propostos são pontos importantes na pauta Para 39% dos entrevistados, o canal de di-
do processo de comunicação, porém a avalia- vulgação da comunicação é o ponto principal a
ção de projetos constitui-se o principal assunto ser trabalho com vistas a maior efetividade.
das conversas, provando que a qualidade e Periodicidade e assuntos foram lembrados por
66 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

Tabela 1. Eficiência dos Canais de disseminação das informações dos Projetos do SEBRAE/CE.

Não é Pouco Medianamente Muito Altamente


eficiente eficiente eficiente eficiente eficiente
Reuniões 0 13,33% 36,68% 43,33% 6,66%
E-mail 0 3,33% 40,00% 50,00% 6,67%
Jornal Interno 37,03% 48,14% 11,11% 3,72% 0
Correio tradicional 38,46% 30,76% 19,24% 11,54% 0
Intranet 7,40% 29,63% 44,44% 18,53% 0
Internet 7,40% 17,80% 39,09% 32,14% 3,57%

18% e 36% respectivamente. Os 6% restantes a equipe sempre atualizada das ações realiza-
lembraram outras ferramentas, tais como in- das.
tranet e maior agilidade nos processos de co- Questão 7. Quais assuntos você acha que de-
municação veriam ser mais discutidos nas reuniões?
Questão 5. Avalie, utilizando o quadro abaixo No que se refere ao tema de maior relevân-
a eficiência dos canal(is) de disseminação cia nas reuniões, foi considerado como mais
das informações dos projetos do SEBRAE-CE importante os desafios e dificuldades de par-
Ao se analisar a Tabela 1, pode-se observar ceiros e clientes (37%). Essa análise se deve ao
que as reuniões e e-mail são considerados fato de que, para os entrevistados os parceiros
canais muito eficientes no processo de comu- e clientes são os razões de existência da em-
nicação, em seguida, a intranet e internet são presa, assim torna-se fundamental analisar
considerados medianamente eficiente, pois essa interação, os resultados e mediante a
segundo os entrevistados, os colaboradores necessidade propor melhorias e até mesmo a
não tem o hábito usual de usar essas ferra- criação de novos projetos. As demais assuntos
mentas no dia-a-dia. O Jornal interno foi con- considerados foram resultados dos projetos
siderado pouco eficiente enquanto que o cor- (28%) e procedimentos administrativos inter-
reio tradicional foi avaliado como sem eficiên- nos (25%). Os outros 10% foram distribuídos
cia no processo de comunicação interna. Essa entre avaliação de clientes externos, apresen-
análise servirá de base para incremento dos tação dos processos e disseminação de novos
canais de comunicação considerados mais efi- produtos.
cientes pelos colaboradores, visando a eficiên- Questão 8. Qual o impacto de uma boa comu-
cia nos resultados dos serviços prestados. nicação nos resultados dos projetos, segun-
Questão 6. Qual a periodicidade das reuniões do sua opinião?
que você acha que seria mais produtivo pa- O alto impacto positivo nos resultados dos
ra nivelamento das informações com a projetos resultantes de uma boa comunicação
equipe? foi escolhido por 90% dos entrevistados, en-
Aqui, os resultados (Gráfico 6) indicam que quanto 10% optaram pelo impacto médio, o
as reuniões semanais são eficientes para o que comprova e embasa o assunto principal
repasse de informações, pois os entrevistados deste trabalho, que é o impacto do processo
consideram um tempo suficiente para manter de comunicação nos resultados dos projetos.
Nas próximas questões foi realizada uma
Gráfico 6. Periodicidade mais produtiva para reuni- análise qualitativa dos dados, por serem ques-
ões. tões abertas e levaram-se em consideração na
80%
75% tabulação apresentada na sequência as pala-
70%
vras chaves das respostas, visando facilitar a
60%
compreensão pelo leitor.
50%

40% Questão 9. Relacione alguns impactos da boa


30% comunicação nos resultados dos projetos.
20%
13%
9%
As principais respostas dadas pelos entrevis-
10% 3% tados para essa questão foram: (i) difusão
0%
semanal quinzenal mensal outros: quando
clara do conhecimento; (ii) otimizar tempo e
for necessário
GC&TI 1(2): 53-70, 2017 67

recursos; (iii) melhorar o planejamento; (iv) dos dados, além das informações e experiên-
diminuir erros; (v) evitar retrabalho; (vi) inte- cias vivenciadas durante a pesquisa.
ratividade entre equipes; (vii) compromisso Através de um estudo de caso real, foi ava-
com resultados; (viii) divulgação mais acertiva liado o processo de comunicação em empresas
e intensa; (ix) aumentar os resultados; (x) que trabalham orientadas a projetos. A pes-
agilidade nas ações; (xi) satisfação dos clien- quisa desenvolvida neste trabalho teve como
tes internos e externos; (xiii) intensificar par- principal objetivo analisar o atual processo de
cerias; (xiv) nivelar e disseminar informações; comunicação no SEBRAE/CE.
(xv) reconhecimento do valor das ações; (xvi) O estudo teve foco em examinar na prática,
rapidez, eficácia e eficiência nos resultados; o processo de comunicação interno e quais os
(xvii) facilitar a gestão dos projetos. seus impactos nos resultados dos projetos.
Questão 10. No caso da comunicação não está Dessa forma, pode-se afirmar que houve a
causando o impacto desejado, quais são su- contribuição no sentido de que a empresa
as sugestões para melhorar a comunicação pudesse dar continuidade ao crescimento e
entre os articuladores e entre o articulador sucesso dos serviços prestados.
e sua equipe? Foi observado durante a pesquisa, que a
As principais respostas obtidas no estudo pa- comunicação é de grande importância num
ambiente de projeto e deve caminhar alinhada
ra a questão 10 incluíram: (i) maior aproxima-
ção entre as unidades; (ii) elaborar pauta das ao processo de gestão. Além das questões de
gerenciamento da comunicação, é preciso
reuniões com sugestões da equipe; (iii) reali-
zar gestão do conhecimento e disponibilizar também se considerar as questões relaciona-
das ao comportamento interpessoal. A comu-
para todos; (iv) maior transparência na comu-
nicação entre as pessoas envolvidas na execu-
nicação; comunicação formal; (v) melhorar
ção do projeto também necessita receber uma
relações interpessoais; (vi) reuniões planeja-
grande atenção, pois poderá influenciar no seu
das e com envolvimento de todos; (vii) maior
empenho e proatividade para diálogo; (viii) sucesso ou fracasso.
visitas aos escritórios regionais para troca de Valorizar o processo de comunicação é ga-
experiências; (ix) disseminar ações de todos as rantir um público bem informado, motivado e
unidades para nivelar as informações; (x) reu- satisfeito. Ressalta-se que as recomendações
niões com caráter maior de discussão do que também são válidas para o processo de comu-
de distribuição de metas. nicação interna, devendo ser vista como uma
estratégia empresarial cujo desafio consiste
Questão 11. Como você pode contribuir para em criar uma visão única da empresa. Na co-
melhor disseminar a comunicação na sua municação interna, deve-se informar bem, no
unidade de trabalho? tempo certo, gerando credibilidade e desper-
As respostas obtidas foram: (i) repassando tando a motivação das pessoas.
informações sobre minhas atividades; (ii) di- Observou-se que os gestores de projetos re-
vulgando as dificuldades encontradas; (iii) conhecem a importância da comunicação na
melhorar a comunicação interpessoal; (iv) gestão de projetos, quando afirmaram os seus
interagir com os colegas para troca de experi- benefícios para o desenvolvimento dos mes-
ência; (v) utilizar os canais de comunicação mos. Foi também percebido nos comentários
existentes de forma eficiente; (vii) agendar dos gestores que foram pesquisados que a co-
reuniões sistemáticas; (viii) compartilhar in- municação é trabalhada de forma diferencia-
formações com todos; (ix) através de diálogo da, seja pelas características do público alvo
aberto, construtivo e transparente; (x) acom- do projeto, seja pelo porte ou setor de ativi-
panhando o andamento dos projetos. dade das empresas participantes.
Com base nos resultados da pesquisa, é pos-
5. Considerações finais sível afirmar que a atividade comunicativa
pode transformar a gestão do projeto, possibi-
Os resultados apresentados neste trabalho
litando uma postura estratégica a qual favore-
são oriundos da combinação do levantamento
ce a competitividade das empresas participan-
bibliográfico realizado, das informações levan-
tes dos projetos, refletindo nas metas traça-
tadas através da pesquisa, de outras observa-
das, ou seja, contribui para que os resultados
ções livres que foram feitas a partir da análise
definidos possam ser alcançados. Por conta da
68 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

generalidade do tema abordado, pressupõe-se bom planejamento das ações o que irá reduzir
que os resultados da pesquisa são passíveis de erros e retrabalho, otimizar tempo e recursos,
utilização em projetos de todas as áreas, in- possibilitar maior interação entre equipes e
cluindo tecnologia da informação. parceiros gerando satisfação nos clientes e
Atualmente o processo de comunicação do reconhecimento do valor das ações prestadas.
SEBRAE/CE se pauta em reuniões semanais Como sugestões de melhoria, os entrevistados
onde os principais pontos debatidos são as apontaram a realização de reuniões planejadas
avaliações dos projetos e informes da direto- com envolvimento e participação de todos
ria. Esse processo é considerado medianamen- gerando troca de experiências e nivelamento
te eficaz pela maioria dos entrevistados (47%) das informações. Ressalta-se neste ponto que
exatamente por se encontrar em constante também é importante a boa gestão de proje-
melhoria. Dentre os meios utilizados, as reuni- tos, pois envolve a criação de um equilíbrio
ões e e-mails são considerados os mais eficien- entre as demandas, tempo, custo, qualidade e
tes, porém a sugestão é que as reuniões ocor- bom relacionamento com o cliente. Assim,
ram com frequência quinzenal discutindo prin- deve-se envolver a equipe, fornecedores e
cipalmente sobre os desafios e dificuldades clientes de tal forma que todos se sintam dire-
encontrados com parceiros e clientes o que irá tamente responsáveis pelo sucesso do projeto.
impactar diretamente nos resultados dos pro- No que se refere à contribuição individual
jetos, conforme dito por 90% dos entrevista- para disseminar a comunicação na sua unidade
dos. Esses resultados vão de encontro a parte de trabalho, os gestores entrevistados respon-
teórica, onde afirma Argenti (2006, p.69) que deram que repassar informações e dificulda-
o sucesso da estratégia de comunicação de des, interagir com os colegas para troca de
uma empresa depende do elo entre a estraté- experiência, utilizar os canais existentes de
gia de comunicação e a estratégia geral da forma efetiva, eficiente e contínua, são as
empresa. formas de contribuição que consideram mais
Pressões externas como concorrência, pa- importantes.
drões de qualidade, resultados financeiros e No caso específico do SEBRAE/CE, empresa
fatores tecnológicos ressaltam a necessidade pesquisada no estudo de caso, houve uma con-
da empresa gerenciar seus projetos. Essa prá- tribuição para melhoria de seu processo de
tica permitirá que a empresa otimize tempo e comunicação sob a ótica dos gestores de pro-
recursos para a obtenção dos resultados alme- jetos, alinhada com a pesquisa bibliográfica
jados e adquira benefícios no que se refere à realizada, o que mostra que a condução das
redução do tempo para desenvolver novos ações está no caminho certo para a excelência
produtos, aumento das vendas, das receitas e dos resultados.
do número de clientes. Como trabalhos futuros sugere-se a realiza-
Com base nos resultados das questões aber- ção de estudos sobre o processo de comunica-
tas, realizadas na segunda fase da pesquisa ção em empresas de outros segmentos de ne-
(9,10 e 11), destaca-se como impactos da boa gócio, como por exemplo em empresas do
comunicação nos resultados dos projetos o ramo de negócio em tecnologia da informação.

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Sobre os autores
Eliseu Castelo Branco Jr
Possui graduação em Bacharelado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (1992) e mestrado em Informática Apli-
cada pela Universidade de Fortaleza (2001). Doutorado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Ceará-UFC
(2017). Atualmente é coordenador de pós-graduação do Centro Universitário Estácio do Ceará, professor do Centro Universi-
tário Estácio do Ceará e professor da pós-graduação do Centro Universitário Estácio do Ceará. Tem experiência na área de
70 Branco Jr, E. C.; Lima, A. S.; Bessa, S. M. de S.; Santos, E. T. dos

Ciência da Computação, com ênfase em Sistemas de Informação, atuando principalmente nos seguintes temas: gerência de
projetos, multicritério, banco de dados, cloud computing, privacidade e avaliação de qualidade e processos de software.

Alberto Sampaio Lima


Doutor em Engenharia de Teleinformática pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Informática Aplicada pela Universi-
dade de Fortaleza. Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Estadual do Ceará. Desenvolve atividades de Pós-
doutorado (2017-2019) na Universidade Federal de Campina Grande-PB. Professor do Mestrado em Ciência da Computação e
do Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará. Possui experiência na
área de Ciência da Computação, com ênfase em Arquitetura de Sistemas de Computação, atuando principalmente nos seguin-
tes temas: Gestão de Tecnologia da Informação e Comunicação, Redes de Computadores, Engenharia de Software, Projetos
Multimídia e web, Novas Tecnologias na Educação, Avaliação da Educação. Revisor Ad Hoc dos periódicos Journal of Network
and Computer Applications (JNCA), Computer Networks (COMNET), IEEE Transactions on Network and Service Management
(TNSM), IEEE Transactions on Cloud Computing, IEEE Latin America Transactions, International Journal of Cloud Computing
(IJCC), Revista Ingenieria e Investigacion e Revista Electrónica Iberoamericana Sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Edu-
cación.

Sylvia Maria de Sousa Bessa


Especialista em Gestão de Projetos pela Universidade Estadual do Ceará.

Evelyne Tabosa dos Santos


Especialista em Gestão de Projetos pela Universidade Estadual do Ceará e Mestre em Administração da Universidade de
Fortaleza – UNIFOR.

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