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EDUCACAO. 0 ENSINO DE ASPECTOS HISTORICOS E FI OSOFICOS DA QUIMICA E AS TEORIAS ACIDO-BASE DO SECULO XX. Aéclo Pereira Chagas Instituto de Quimica Unicamp - CP 6154 - 13083-970 - Campinas - SP Recebido em 4/12/98; aceito em 5/499 THE TEACHING OF HISTORICAL AND PHILOSOPHICAL ASPECTS OF CHEMISTRY AND. ‘THE XX CENTURY’S ACID-BASE THEORIES. In this paper, an overview about philosophy of science, the concept of “theory” and some characteristics of a” go0 explanation of the facts, 2- proposal of problems, and 3- simplicity and funcion: introduced. Following, some historical landmarks of acidity and basicity and a summary of the ‘main acid-base theorles of the XX century (Archel us, solvent systems, protonic, electronic, Lux, Usanovich and ionotropic) are presented. Historical and conceptual relations between these theo- ries are discussed and the three characteristics of a "good" that the protonie and eletronic theories are the chemical education are presented too, Keywords: aci INTRODUGAO Uma tendéncia atual, no ensino da Quimica, tem sido a de enfatizar aos estudantes us aspectos sociais, num amplo sentido, ‘ssociados so desenvolvimento e apicapies desta Cigncis, B aqui se inelui obviamente a Histéria da Quimica, Independentemente ‘de qualquer ertiea que se possa fazer a esta tendncia, no tem havido uma boa compreensio da mesma, e quando hi, nem sem- pre a pritica corresponde & proposta. Hi por parte dos profess res uma grande diffculdade em se lidar com a Histria da Quie ‘nica, © que & compreensfvel, pois, como se costuma dizer: "His- (ria da Quimica é mais diffell que Quimica’. Entretanto, pate da difieuldade € devido aos assuntos que sio escolhidos, muitas veves relacionados com 0 desenvolvimento dos aspectos relat- vos 8 estrutura nuclear e eletrniea dos dtomos, temas mais com- plexos do ponto de vista histrio, Neste artigo pretende-se mostrar que hi um outro tema his- ‘rico que pode ser apresentado aos estudantes sem grandes ificuldades: & 0 desenvolvimento das teorias feido-base no séeulo XX" ‘Além do lado histético, & interessante que se diseuta tam- 'bém alguns aspectos da disciplina denominada Filosofia da Ciéncia, que procura estudar as Ciéncias em seus aspectos los6ticos: Iigico, epistemol6gico, esttico, ético ee.. A Filoso fia da Cigacia procura também determinar se um dado conhe- cimento pode ser considerado cientfico ow nfo. Esta questo, aque esté longe de ser resolvida satisfatoriamente, € muito im- Portante, face ao marcante impacto das ciéncias nas atividades hhumanas nos Ultimos duzentos anos. E comum ver na midia expressBes do tipo: "foi ciemificamente provado que o creme dental X combate as civies.".. Da mesma forma como se apela gs FeeBnditos desejos humanos do sexo, do poder ete.. para se Inceementae © consumo de alguma coisa, apela-se também para Ciencia, tendo em vista justamente sua importincia adquirida estes tltimos tempos. Isto por si s6 jf justfiea 0 estudo da Filosotia da Cigncia, ‘ail: aecio@iqnnicamp.be * arte deste trabalho foi apresentado na 21* Rewnido Amual da Soci ‘dade Brasileira de Quimica, Pogos de Caldas (MG). Livro de Re- Samos vol, 3, HQ.03 6 theory are applied. The results showed Some discussion of the implicati ‘base theories; "good" theories; history and philosophy of chemistry. Para se procurar uma earaterizagfo da Citncia, a Filosofia utlizou (e wiliza) muito da Historia da Cigneia, procuranda nalisar a produgio do conhecimento tido como cientfico © verifiear 0 que ele em de comum e no que ele difee de outros lipos de conhecimento. Esta andlise, de caréter mais légico epistemolégico, acabou por mostrar que no existe proptiamen- (e alguma coisa que se pode chamar de “método cientifico*, comum as Cigncias maduras (Fisica, Quimica e Biologia), ¢ ‘mostrou, por outro lado, a importincia das teorias na gnese deste conhecimento, Esta importincia epistemolégica das teorias & um dos raros ppntos de consenso entre os fl6sofos da eitncia, Por teora enten- esse agui, em uma primeira aproximaglo, um conjunto de co- nhecimentos devidamente organizados que procura ordnar,unifi- car, explcar, interpetar et, um certo dominio de fendmen0s ou acontecimentos. Na realidade a teria alguma coisa nova, quae Titativamente diferente do simples arranjar desses fatos Porém, os fildsofos da Ciéncia ainda esto Tonge de um con- senso na maioria dos outos pontos, De algumas décadas para c4, sufpiu também uma abordagem diferente, denominada "sociol6gi- fea", que provura caracterizar também a Cincia come uma ativi- dade humana, estudando a gnese do conhecimento através das relagées entre aqueles que slo reconhecidamente considerados cietistas” pela sociedade, a estrtura dos grupos que estes for- mam ete, Parace que a abordagem conjunta destes Vitis aspec- 10s, filosficose sociol6gicos, tem sido a mais promissor, quan- do eles convergem, pars a carscterizagio da Ciénci Esta pare da caracterizagio da Cigncia, em geral, nfo ser desenvolvida neste artigo. Para mais detalhes-o leitor pode consulta as referéncias eitadas, que foram selecionadas menos pela sua abrangéncia, mais por ser, em sua maioria, em Iingua Portuguesa e portanto mas Facil de ser enconteadas em biblio- tecas ¢ livearias Voltando-se 4 questo do creme dental © partindo-se do prinefpio de que o mesmo foi realmente testado no combate 3s ‘ities, estes testes podem ser considerados cienifices ou no. ‘Que critérios se pode adotar para tal? A resposta a esta questo passa pela caracterizacio do que é um conhecimento cientii- «0. Como ja foi dito isto nfo & uma tarefa facil e no presente caso qualquer tentativa de resposia € indeua, uma vez que no Sabemos realmente como foram feitos os testes. No entanto Juma anedota serve para @ letor pensar no assunto: Um certo ‘QuICA NOVA, 2911 (2000) cientista realizava, em seu laborat6rio, experiéncias com ara- ‘has, Tomou de uma delas, colocou-a sobre a mesa e disse em ‘bom tom; "Anda". E a aranha sai andando, Pegou-a, cortou ‘uma de suas pernas e colocou-a de novo sobre a mesa e tornou fa dizer: "Anda". E a aranha saiu andando, meio mancando. Procedeu da mesma mancira com a segunda pesna, com a te- ceira,alé a sétima, sendo que a aranha ainda conseguia mover- Se, Apds cortar oitava disse mais uma vez: "Anda". E a ara- hha mio andow, Concluiu entGo: "Aramha sem pernas ndo owe". Os aracnologistas dizem que as permas das aranhas si real- mente sensores de vibragbes muito sensiveis. Obviamente hi alguma diferenga entre sentir vibragdes, ¢ ouvir. Principalmen- te-em ouvie um imperativo como "anda". Muitas ~pesquisas cienifieas" sto como esta, as vezes publicadas em revista de Prestigio imernacional, e até divulgadas pela midi, CARACTERISTICAS DE UMA "BOA TEORIA" Mencionou-se acima a importincia das teorias na Ciéncia, ‘Como porém elas se comportam do ponto de vista do desenvolvi ‘mento hist6rico? A Cigncia tem um cariterprogressivo e as te: Fias vio se sucedendo, as "velhas" dando lugar is “novas". Cos- tumivse dizer que uma teoria ruin & suplantada por uma teoria boa. Como se realza este processo? Quando uma teria € aceita por uma comunidede de cintistas? Em outras palavras, quando tuma teoria € "boa" ou “ruim"? As caratertsticas de uma boa teoria €0 que se pretende mostrar aqui, neste antigo, e obviamen- tea teoria que nfo saisizer estes enitris serd uma teorla ruin. ‘As idéias aqui apresentadas sio uma sintese de vérias vie sbes sobre este assunto, existenes na literatura, ¢ procurou-se realgar mais o aspecto didatico, na Histéria da Quimica, que Propriamente o aspecto filox6tico, apresentando-se uma visio ‘esquemética e parcial do tema, Pode-se considerar que uma teoria é "boa quando satistaz C-L. Ordena e explica os fatos de seu dominio. Uma teo- ria tem dois aspectos, Um deles meio oculto, alo explicitado, {que considera um conjunto de fatos € nfo ovitos. B como so fosse um eritério de classifieagio, separando de todos 08 acon {ecimentos que se sucedem, aqueles que vio interessar. Muitas ‘eoncopgdes jf esto na base deste aspecto, permitindo que um ado Tato seja visto de uma determinada mancirn © nio de ‘utras, O outro aspecto da teoria 6 0 mais explicito, mais evi dente, mais cacional inclusive, que procura inicialmente classi- fiear, ordenar os fatos de seu dominio (aqueles previamente selecionadas), de acordo com critéios definidos, claros, © es- {es eritérios muitas vetes se confundem com um corpo de prin- cipios que compte a propria teoria, Apés deixar bem claro ‘mapeado o dominio dos fatos tatados, a teoria procura entfo cexplicar os fatos através de algum esquema, mecanismo, mo- ‘elo, metatora ete. Nao vamos detalhar o significado disto, 0 {gue Go importa no momento. O que importa & que a teoria ‘possa explicar, mostear racionalmente uma relagdo de causa e efeito ene as entidades ou conceites relativos aos fatos que la ordenou em seu préprio dominio. 2. Propde problemas. Como a Ciéncia é progressiva, esté sempre crescendo, uma boa teoria deve contribuir para isto, alimentando os cientistas com problemas que possam ser resol- vidos em seu Ambito. Por exemplo, a teoria atdmica proposta por Dalton, considerava que as relagdes entre as massas dos elementos encontradas na anilise quimica eram também as relagGes entre os pesos atdmicos. A determinagio acurada des- tes fol um dos problema mais importantes na Quimica do séeu- To XIX. Dentre os problemas que uma teoria pode propor, um tipo muito importante so aqueles que esto prevendo fatos novos, no dmbito da prdpriateoria, & claro. Sto as chamadas previsdes. Estes fatos, quando encontrados, ndo apenas contri- ‘buem para este lado progressivo, mas corroboram, testiicam 2 teoria, Muitos acham que este poder de previsio é uma das uitica nova, 291) (2000) imaiores forgas da Citncia, Por exemplo, quando Mendeleiey apresentou sua Classfieagao Periddica, ele previu, com base ‘na mesma, a exisneia de ts novos elementos e sia posterior descoberta mostrou a importincia e a certeza da Classifica. C3. Ser pritica, simples, funcfonal. As teorias sto para serem Usadas, Se elas no atenderem a estas caracteristicas ni0 serlo usadas para explicar, para resolver problemas, para pre: ver, Elas também devem utilizar conceitos condizentes com sua época. ExplicagSes “avangadas” para o seu tempo nfo tém ‘utlidade, Por outro lado, multas teorias jf foram abandonadas por nfo explicarem satisfatoriamente os Tatos de seu dominio, porém sua linguagem, sev esquema de raciocinio ainda perms: rhecem em uso devido a esta funcionalidade. Por exemplo, a teoria do calérico, ov se}, a teoria que considera o calor como tum fluido imponderdvel que se transfere para 0s corpos com Giferontes temperaturas, foi abandonada apés a primeira meta- de do século XIX. No entanto as equagGes de Fourier, conce- bidas dentro desta tearia e que permitem céleulos de wransfe- ‘ncia de calor, estio em uso e, em Nutrigio, a concepgio das "ealorias ingeridas nos alimentos, e que sto quelmadas", ainda € de uso corrente, No vocabulirio quimico ha palavras da épo- ca medieval: pureza, sublimagdo ete, (ver 0 tiem Origem de Alguns Termos e Alguns Fatos Histéricos Importantes) ‘Outras caractersticas podem ser acrescentadas, porém, como ji foi mencionado, no € nosso intento Tazer uma “leotia das teorias", mas apenas fornecer um esquema didético para ser Utlizado por professores e estudantes, Enquanto uma teoria for "boa", ou seja,satisfizer as carac- teristicas acima, ela permanece em uso, podendo ser deixada de lado quando estas caracterfsticas tendem a diminuir. A ‘maneira como uma teoria & apresentada e divulgads é também importante, principalmente por sua presenga nos textos didi 0s. O “polimento” dado 4 mesma pelos professores, geral- mente contribui para um aumento de C-3. Vale a pena fembrar uma afirmago de Einstein: "A marcha da Cigncia é mais de- terminada pelos autores dos livros didsticas que pelo trabalho daqueles que gunharam o prémio Nobel”® AS TEORIAS ACIDO-BASE: 0 QUE SIGNIFICAM Como sers visto mais adiante, o que se pode chamar de comportamento dcido-baze fo; reconkecida hi muito tempo. Desde que isto ocorreu os quimicos tm claborado teorias que procuram explicar este comportamento. Essas teorias procuram Aefinie 0 que seja um dcido e uma base e como reage de outros aspectos que podem ser considerados secundé interessante é que atualmente, segundo algumas teorias, grande parte das substincias conkecidas apresentam este comportamen- to, 0 que torna o tema interessante e fundamental também para © estudo da Quimica, Do ponto de vista histrico este tema, a ‘Rosso Ver, apresenta as seguintes vantagens: [As partes de seu desenvolvimento, que serio destacadas, ‘correram neste século, 0 que traz menos dificuldades no {que se refere ao entendimento do contexto cultural da época ‘Tem um desenvolvimento praticamente linear com 0 tempo (caso raro), 0 que facilita muito o seu entendiment. Pode ser cortelacionada facilmente com a parte quimica propriamente dia, inclusive na parte experimental. Permite discutir, com certa facilidade, 0 desenvolvimento das teoriss cientifeas, inclusive nos aspectos Idgicos e f1- losficos, se isto for @ caso. Permite mostrar que a Quimica € a associagZo de uma teoria uma prética, ou seja, um pensar em termos moleculares e lum proveder empiric, fenomenol6gico, pois um mesmo fato pode ser interpretado de varios pontos de vista, Cabe agui também um paréntese a respeito do que estamos chamando de teorias deido-base. Alguns autores preferem dizer defnigdo, 20 invés de teoria, pois em alguns casos temse definigdes do que seja um deido e uma base dentro dle uma teoria mais geral, como as definigbes de Arrhenius dentro de sua Teoria da Dissociagio Eletrolitia’. Estes au- tores mio deixam de ter razao, porém a nosso vera simples definigio tornou-se algo muito mais amplo com o passat do tempo, da mesma forma como determinadas hipsteses (como 1 hipétese de Avogadro) acabaram até por se tomar fatos, fapesar de muitos ainda continuarem valizando © nome de batismo, Utilzaremos a denominagio de ceoria para englo- bar a definiedo de deido © base e 0 conjunto de idéia, con- ceitos,procedimentos, experimentais inelusive, etc. ineren- tes 8 propria teoia, Esta visio corresponde 30 eonceito de teoria apresentado na Introdugio deste antigo. Serio, a seguir, apresentados: origens de alguns termos alguns fatos importantes antes do século XX, aspectos gerais do desenvolvimento das teorias Seido-base neste séeulo, um breve sumario de cada uma das teorias, aspectos ligicos ef losélicos das mesmas. ORIGENS DE ALGUNS TERMOS E ALGUNS FATOS HISTORICOS IMPORTANTES. Alguns dos termos que se utitizam ainda hoje 18m sua ori gem na Antiguidade ‘ACIDO: do latim acids, a, um, significando azedo, sido”, ‘ALCALI: do ‘abe af galiy, significando cinzas vegetas® SAL: do latim sel, safis, signficando sal marino, Para Pifnio, o Velho (see. I DC), 0 sal & 0 s6lido resultante da cevaporagao da égua, © que obviamente ineluio sal marinho, fe também outros mateciais que podem ser assim obtidos. BASE; termo. mais recente, introduzido pelo francés Duhamel dur Monceau em 1736, sendo depois adotado © popularizado por G. F. Rouelle (1754), Piinio, © Velho, 0 eélebre naturalsta romano supracitado, menciona, em seus escrtos, a caustificagdo da soda, Ou sea, & reagio entre © carbonato de s6dio natural (conhecido por hhatron, hoje denominado vulgarmente de soda ou barrilha) © 4 eal (hidrSxido de calcio), em solugdo aquose, precipitando cearbonato de eilelo e fieanda uma solugio de hidréxido de sédio (a vulgar soda edustica)". A equagio representaiva €: NaCOs(aq) + CaOH)3(a9) = CaCOx(s) + 2 NaCOHYaq) C1) Robert Boyle, em 1664, publica, na Inglaterra, o livro "Ex- perimental History of Colours", onde relata seu trabalho com As substincias eoloridas, cujas cores se alteram com a presenga de Scidos ou deals. Dentre as substincias que ele estuda esta © tomnassol eo corante vermelho exteatdo do. pau-brasil (Bracilwood). Ineressante & gue Boyle apresenta, também, re- sultados obtidos por estudiosos do século anterior’ No século XVII, jf se conhecia a reagio: fcido + fleali = sal ® {endo sido utilizads, por exemplo, por Glauber para preparar vérios compostor’ ‘Em 1754, Rouelle, conforme mencionado acima, comega a utilizar 0 termo base, ignificando os dlealis (NajCO}, KxCOs, NaOM), as terras (CaO, MgO) € 08 metais (Fe, Zn). As terras fram também denominadas cales ou cais (eal no singular) Conseqiientemente passow a se ter Acido + base = sal @ LW. Homberg, em 1699, realiza as primeiras tentativas de rmedir as quantidades relativas de deidos e bases, porém so- ‘mente em 1729, C. Geottroy realiza a primeira tituagto (soda, NaxCOs, com varios tipos de vinagee). W. Lewis, em 1767, tutliza pela primeira vez um indicador em uma tiulagio™. Como parte de seu Sistema do Oxigénio, que englobava também uma teoria da combustlo, A. Lavoisier, em 1789, aft- rmava que "2 oxlgénfo ¢ o principio aeidificante”. Em outeas palavras, dizia que todo decido deveria ter oxigénio. Enicetanto, Ji nesta época, C. Berthollet (1787), e depois H. Davy (1810), descreveram vérios geidos que nfo apresentavam 0 oxigénio: HCN, H:S, HCI ete, E interessante destacar aqui duas afimagdes fltas no sé lo XIX: ‘A. Ure, em 1823: ".ndo hd um principio [elemento] ‘acdificador, nem critério absoluio da escata de forga en tre os diferentes dcidos..{acidex e alcalinidade dependem mais] do modo como os constituintes gstdo combinados que dda nauureza dos consttuintes em si" J. Liebig, em 1838: "deidos sdo compostos de hidrogénio, nos quais 0 hidrogénio pode ser substvuido por metas" Estas duas posigSes irlo permear as discuss6es fcido-base no séeulo XX, a de Ure, afiemando que 0 comportamento feido-base algo dependente Jo modo que Os elementos estio combinados, 4h estrutura, como se diia hoje, a de Liebig, atribuindo a um dado elemento, o hidrogénio, ese comportamento dcido-base © séc. XIX marca também o desenvolvimento da. Teoria Molecular e este conceito de Liebig é 0 que prevalece. Por que prevalece este canceito e ado o de Ure? Estou certo que @ leitor enconirard a resposta ap6s a leitura deste artigo, Estes aspectos da quimica feido-base foram apenas para ser- vir de predmbulo a0 que nos interessa. Muitos aspectos hist6- ricos © quimicos interessantes foram deixados de lado. ASPECTOS GERAIS DAS TEORIAS ‘ACIDO-BASE NO SECULO XX 0 desenvolvimenta das teorias Scido-base, como o das ou- tras teorias, se fez (ese faz) no sentido de procurar sistemati- zar e explicar o maior nimero possivel de fatos quimicos, bem Como prever novos fatos ¢ resolver outros problemas quimicos ‘A primeira teoria a ser considerada & a reoria de Arrhenius (de 1887, que surgiu como parte da Teoria da Dissociagao Bletrotitica e que abrangeu um grande nimero de fatos conhe- fidos e possibilitou o surgimento de virias linhas de pesquisa, ‘A medida que estes novos resultados foram se acumulando, a teria foi se mosteando incape de dar conta dos mesmos, Da critica teoria de Arrhenius surgiram outras duas novas: a teoria pprotdnica (1923) e a teoria dos sistemas solventes (1920). Estas por sua vez se desenvolveram e passaram pela mesma situa- fo. Em 1923, Lewis apresentau a primeira proposta de sua {eoria écido-base, como parte de sua teoria do par eletrinico, criada para explicar a ligagio quimica, que apesar de mais geral nfo consegue, na época, cativar a maioria dos quimicos. Isto 6 foi possivel go ser reapresentada novamente, pelo préprio Lewis em 1938, Nesta mesma gpoca surge a teoria de Lux (1939), interessante para sistemas envolvendo dxidos e sais fundidos, ¢ a teoria de Usanovich (1939), que pretendeu ser uma teoria bastante geral, porém fracassou por umna série de eircunstincias, Em 1954, Lindgvist e Gutmann apresentaram @ leoria ionotrdpica, em que generalizatam as teorias protonicas, do sistema solvente e 2 de Lux. Vamos fazer um breve resumo de cada uma delas, pois nio haveriaespago para um desenvol- vvimento maior. O leitor interessado em maiores detalhes poder consular 0 excelente veo de Jensen © Obviamente oda Wworia quer ser “boa * Pode-se dizer que a Quimica do séevlo XX comega com a tora de ‘Avheuius, Alguns historiadores, como E, Hotsbawm, consderam que fo século XX iniiase com a queda da Bastiha em 1784 e orn com o aentalo de Saravejo, em 1914, lalclando-so af o séeulo XX ‘que termina na mesina cidade ein 1991, Em outa plaveas,oealew ‘Eno ndo coincide nocersramente com ae Spoca histrcas. ‘uiMIcA Nova, 23(t) 2000)

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