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Síndrome de Balint

Síndrome de Balint, descrita por Balint em 1909, também conhecida como


síndrome da paralisia psíquica da fixação visual, caracteriza-se por uma
possível lesão no córtex parietal.
Como foi referido anteriormente, esta área é relevante uma vez que
integra V5, ou seja, é responsável pelo processamento do movimento e
pela sensação de profundidade.
Esta doença apresenta três estados de sintomas: (1) ataxia ótica, (2)
apraxia ocular e (3) a simultagnosia.
A ataxia ótica revela dificuldade na orientação visual, ou seja, de não se
conseguir reconhecer os objetos.
A apraxia ótica deve-se a um défice visual dos indivíduos.
E por último, a simultagnosia em que o indivíduo vê apenas um objeto de
cada vez numa cena com vário pormenor, ou seja, não consegue
percecionar a localização dos objetos numa cena completa de forma
sistemática, perdendo a capacidade de fixação.

Caso clínico
Balint fez um estudo num paciente que apresentou cada um dos seguintes
distúrbios:
1. A ataxia ótica, descoberta por uma panóplia de testes que
examinam a capacidade do paciente executar movimentos voluntários
coordenados em resposta a estímulos visuais; o autor comparou, neste
caso, a falha de controlo visual com o controlo de cinestesia prejudicada
pela constante mudança entre os dois, e percebeu que este último corrige
parcialmente a sua ataxia; além disto o mesmo paciente executou
corretamente certos movimentos sob o controlo de cinestesia, apesar de
não os controlar visualmente.
2. A paralisia psíquica da fixação visual foi evidenciada pela inaptidão
do paciente percecionar um estímulo visual no campo de visão periférica;
o autor atribuiu-lhe este termo de paralisia uma vez que a motilidade
ocular é considerada normal quando não há presença de estímulos
externos e internos percebidos pela consciência.
3. A perturbação da atenção visual, que segundo o autor: “a atenção
do paciente foi normal para todos estímulos não visuais; para estímulos
visuais, no entanto, há diminuição geral de atenção. Por conseguinte,
apenas os estímulos mais proeminentes (nomeadamente os da mácula)
alcançam a consciência. Os outros (da periferia) não são vistos pelo
paciente. Este distúrbio era mais percetível para o lado esquerdo do que
para o direito, sendo a atenção do paciente direcionada para o direito. Por
exemplo, ele facilmente reconheceu pessoas confrontando-o. Embora, na
mesma distância, ele não era capaz de ver dois pequenos objetos
simultaneamente, como dois lápis colocados a 5 cm de distância, ou a
ponta do cigarro e a chama de um fósforo”.

Conclusão
De uma forma geral, este trabalho contribuiu para identificar quais as
áreas responsáveis pelo processamento do movimento, nomeadamente:
V3, V3a, V5 e MST. Estas áreas possuem células que são seletivas ao
sentido, orientação e velocidade do movimento. Mas, apesar de V3 e V3a
contribuírem para uma parte do processamento, V5 e MST são as áreas
principais para onde a informação de movimento é transmitida. É por este
fato que V5 e MST são as áreas mais estudadas, a seguir a V1.
É de prever, que no futuro, as áreas corticais do cérebro humano
continuem a ser estudadas, para permitir uma melhor compreensão de
como funciona todo este processo do córtex cerebral, nomeadamente o
da visão. Foi recentemente, em 2016, que Glasser et al. publicaram o
primeiro mapa desde 1909, apresentando 180 áreas funcionais, através
das novas técnicas de pesquisa, como RMf-BOLD. Este mapa foi um marco
importante, pois ilustrava “respostas a multitarefas in vivo e o
funcionamento cerebral no seu estado de repouso, oferecendo à
neurociência um momento único de interpretação funcional cerebral”.
No entanto, há que salientar que estes padrões ilustrados em mapas
retinotópicos, não são comuns para todos os indivíduos, devido ao facto
de cada um é “único e possui suas particularidades
neuroanatomofuncionais, cabendo aos neurocientistas, neurologistas e
neurocirurgiões explorá-las de forma individualizada.”

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