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Contribuição do Príncipe

Maquiavel apresenta sua contribuição para a teoria realista das relações


internacionais no livro o Príncipe no capítulo XIV em que trata as preocupações
que o príncipe deve ter para a manutenção do poder. Por isso que este deve se
preocupar com a ocupação militar mesmo na paz, como uma possibilidade de
preparar o exército para uma possível guerra contra qualquer país.

Deve o príncipe, portanto, não ter outra finalidade nem outro


pensamento, nem qualquer outra atividade como prática, senão a
guerra, seu regulamento e disciplina, pois essa é a única arte a
quem comanda. (...) Ao contrario, vemos que perderam seus
Estados os príncipes que mais se preocuparam com os luxos da vida
do que com as armas. (MAQUIAVEL 1977 p.82)

Nesse sentido a preocupação que o príncipe deve ter com a guerra


como preocupação fundamental para que esse possa manter o seu governo
sobre o povo, além de se proteger contra alguma invasão inimiga que queria
conquistar território, por isso que se deve manter um exército preparado por
qualquer eventualidade, principalmente no período da paz em conhecer a
geografia do país para escolher a melhor estratégia de derrotar o inimigo como
pode ser observado na citação a seguir.

Não deve, portanto, o príncipe deixar de se preocupar com a arte da


guerra e praticá-la na paz ainda mesmo na guerra e isto se
consegue de dois modos pela ação ou somente pelo pensamento.
Quanto à ação, ademais de conservar os soldados disciplinados e
permanentes em exércitos, precisa estar sempre em grandes
caçadas nas quais habituará o corpo aos incômodos naturais da vida
em campanha e conhecer a natureza dos lugares, conhecer como
aparecem os montes, como se afundam os vales, como estão postas
as planícies (...). Tais conhecimentos são úteis (...), pois o príncipe
aprende a conhecer bem seu país e aprenderá os meios naturais de
defesa (...) pelo estudo e prática desses lugares entenderá
facilmente de qualquer outro, novo que seja necessário pesquisar,
pois os montes, vales, planícies (...). (MAQUIAVEL 1977 p.83)

O príncipe é o general militar que coordenação a ação de sua tropa, e


salienta a importância do exercito ser formado por seus cidadãos para que se
tenha fidelidade no momento do combate com os inimigos. E no momento do
reconhecimento da área geográfica do país o príncipe precisa está atento aos
detalhes desse ambiente para tirar proveito a favor do seu exercito, e assim
construído a melhor estratégia de guerra.

Passeando no campo, com amigos detinha-se às vezes e os


interpelava: “Estando os inimigos sobre aquele monte e nós aqui
com nossos exércitos, quem teria maiores vantagens? Como se
poderia ir ao seu encontro, mantendo nossa formação? Se
quiséssemos retirar, como faríamos? Se eles batessem em retirada,
como os seguiríamos?” Enfim formulava todas as hipóteses
possíveis em campanha, escutava-lhes a opinião, dava a sua,
firmava-a com razões e exemplos de modo que, graça a essa
continuas cogitações, quando se achava à frente de seus exércitos
nunca topava acidente que não tivesse previsto e para qual, assim,
não tivesse remédio. (MAQUIAVEL 1977 p.84)

E outra proposta para um príncipe estadista propõe que estude a história


dos países inimigos para conhecer tanto as suas virtudes, como suas falhas
para preparar a melhor estratégia para derrotar o inimigo e ter a virtú ao seu
favor em uma possível guerra com uma grande potenciam.
Em outro livro que fala sobre as repúblicas “Discursos sobre a primeira
década de Tito Lívio” como no príncipe fala da importância da preparação para
guerra e coloca o exemplo da república de Roma que conquistou o mundo
graças a sua preparação para guerra, e suas estratégias, mesmo que estes
estivessem divididos conseguiu ser o senhor do mundo como relata
MAQUIAVEL (2001): “(...) Roma foi uma república tumultuária e tão cheia de
confusão que se a boa fortuna e a virtú militar não tivesse suprido a seus
defeitos, ela teria sido inferior a qualquer república. (p.21)
Os romanos dominavam a arte da guerra porque, estes sempre se
preparavam, e tinha um discurso persuasivo para convencimento de sua tropa
que é a religião, que era representado pelo estandarte que esses soldados
lutavam, e sempre antes de entrarem em uma batalha não entravam se não
tivessem a certeza que iam vencer.

(...) ao darem novos empreendimentos, ao porem os exércitos em


campanha, ao atravessarem batalhas e todas as ações importantes,
quer civis, quer militares, nunca iam a uma expedição sem antes
terem convencido os soldados de que os deuses prometiam a vitória.
(MAQUIAVEL 2001 p.60)

Antes da guerra havia uma preparação até o psicológico dos soldados


romanos para não abandonarem o campo de batalha, e quando estes tinham a
certeza da vitória iam com vontade para a batalha, pois sabiam que sairiam
vitoriosos, esse ponto Maquiavel salienta como uma virtú que o povo romano
teve em preparação para guerra, e a religião dos romanos ajudavam nessa
estratégia de guerra. Pois a religião dos romanos ajudava e preparava o povo
para serem cidadão e protegerem sua cidade contra todos os males que
poderia ocorre contra eles.
E ressalta a importância do príncipe ter um exercito próprio, pois estes
serões mais fiéis nas batalhas, do que ser servido por mercenários, ou um
exércitos misto, algo que crítica as republicas do seu tempo, pois seus
governantes perdem seu território por não preparem bem os seus cidadãos
para a guerra.

Os príncipes atuais e as republicas modernas que não têm soldados


próprios para a defesa e o ataque devem envergonhar-se e, diante
do tempo de Tulo, concluir que tal deficiência se dá por falta de
homens aptos para milícia, mas por culpa deles mesmos, que não
souberam fazer homens soldados. Porque Tulo, ao suceder no reino,
não encontrou nenhum homem que alguma vez tivesse ido à guerra
visto que Roma tivesse tido em paz durante 40 anos, apesar disso
nunca pensou em valer-se dos samnitas nem dos toscanos, nem
outro homem acostumado às armas, mas, como homem
prudentíssimo que era, deliberou valer-se dos seus. E foi grande a
sua virtú que, durante o seu governo, em pouquíssimo tempo
conseguiu fazer deles soldados excelentes. (Maquiavel 2001 p.79-
80)

E mostra o exemplo de Roma mesmo em uma situação desfavorável


pressionado entrar em guerra o líder de uma república deve sempre preparar
seus cidadãos para se tornarem soldados para defenderem sua república. Por
isso a importância da preparação no tempo de paz para a guerra.
No Príncipe também apresenta a questão aos principados sobre a
importância que estes devem dar para a formação de seu próprio exército
como uma segurança para se manter no poder que no capítulo XII de como um
principado pode se mantiver se o príncipe for o capitão do seu exercito e tiver
seus cidadãos como soldados.

O príncipe em pessoa deve fazer-se capitão, a República mandara


para esse cargo um dos seus cidadãos (...). A experiência demonstra
que os príncipes que agem por conta própria e as republicas
alcançam grandes progressos, enquanto que as armas mercenárias
apenas causam prejuízos. (MAQUIAVEL 1977 p.71)
Isso mostra que o povo está sempre ao lado do seu soberano se
também se beneficiar da guerra, entretanto, se o soberano não tem virtú e faz
uma guerra sem se planejar e tirar a mais do seu povo, este não vai ser fiel e
vai abandoná-lo em plena guerra.
Maquiavel apresenta um exemplo de como de um governante que não
se prepara bem para a guerra e é abandonado pelo seu povo, pois estes estão
cansados de passar penúria e o governante gastar o orçamento da república
em guerra sem retorno para os mesmos.

(...) grandes eram os gastos com a guerra, sem nenhum retorno dos
grandes gastos resultavam altos impostos, infinitos lamentos do
povo: e como aquela guerra era administrativa por uma magistratura
de dez cidadãos, (...) o povo começou a sentir-lhe ódio, como se ela
fosse razão da guerra e dos gastos, e começou a convencer-se de
que, acabando aquela magistratura acaba-se com a guerra (..).
Entretanto, isso não ocorreu. (MAQUIAVEL 2001 p.123)

Nessa primeira parte observa-se a contribuição de Maquiavel para o


desenvolvimento da teoria das relações internacionais em relação ao realismo
dos países de como esses se relacionam, na conquista e principalmente na
defesa do seu território além da formação de um bom exercito para que se
mantenha a soberania do seu país.

5- Referências Bibliográficas
MAQUIAVEL, Nicolau. Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio. São
Paulo: Martins Fontes, 2001
___________________. O Príncipe: Comentado por Napoleão Bonaparte.
São Paulo. HEMUS, 1977.

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