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EDITORIAL

A Citsç:»; A PRÁTICA MÉDICA EA


ETICA NO PRÓXIMO MILÊNIO
Álvaro Nagib Atallah

Por que o paciente procura o médico ou por de evidências científicas da melhor qualidade,
que ele não procura o médico? Parece razoável aprimoradas pela experiência clínica.
afirmar que há somente uma resposta para ambas Como sabemos, a medicina não é uma ciência
as questões: porque ele se sente em risco. exata, e os dados biológicos e estatísticos oferecem-
A maioria dos pacientes visita o médico porque nos somente informações em termos de proba-
está preocupada com algum aspecto de sua saúde, bilidades. Portanto, o papel do médico é reduzir as
seja o funcionamento de seu organismo, sua probabilidades dos pacientes apresentarem uma má
integridade mental, aparência, sono, etc, e, evolução. As melhores evidências médicas oferecem
portanto, acredita que certamente o médico irá ao médico dados que não garantem os resultados,
reduzir seu risco. Outra parte não procura o médico mas diminuem as probabilidades de erros.
pois pensa não ser necessário, mas freqüen- Os pacientes devem entender que quando o
temente está receosa de ouvir más notícias sobre médico explica o funcionamento dessa balança
sua saúde, ou ser submetida a testes diagnósticos em termos leigos, adaptados às condições do
ameaçadores ou a medicações, cujas conse- paciente e às características culturais de cada um,
qüências não são fáceis de predizer. Isto explica o além de perrniti-lo participar do processo de
grande número de pacientes que prefere terapias decisão, o risco total diminui e o risco que ainda
alternativas sem qualquer fundamento científico, persistir será compartilhado entre o médico e o
que aparentemente (e só aparentemente) não seu paciente. E, se algum desfecho adverso
causariam dano. ocorrer, isto já estava previsto.
Para estes dois tipos de pacientes, ou melhor, Através do relacionamento ético, as boas
para qualquer paciente, e para a segurança do evidências científicas reduzem os erros médicos
profissional da saúde, todo procedimento médico e mantêm a confiança dos pacientes que os
deve causar mais benefícios do que malefícios. procuram. Ao mesmo tempo isso estimula os
Esta é a essência e a base da prática médica e pacientes que têm receio da visita médica a se
do relacionamento ético. Portanto, a prática requer unirem aos confiantes.
que sejam colocados na balança, de um lado, os Este é o caminho para a prática clínica para a
riscos dos procedimentos médicos e, do outro, qual já se prepararam os países mais desen-
os problemas do paciente para que as decisões volvidos. As universidades com capacitação crítica
clínicas tornem-se mais seguras. e cientificamente bem desenvolvida tem um papel
Para alcançarmos alguma precisão neste fundamental para os países em desenvolvimento.
balanço, é necessário que estejamos apoiados
em bases sólidas compostas de boa avaliação Álvaro Nagib Atallah
clínica, conhecimento médico sobre etiologia, MD.PhD,MSE
etiopatogenia, fisiopatologia, métodos diagnós- Chefe da Disciplina de Clínica Médica da Escola Paulista de
Medicina - UNIFESP
ticos, eficácia e efetividade terapêutica, oriundos Diretor Cientifico da Associação Paulista de Medicina - APM

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