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Centro de Competência das Ciências Sociais

1º ciclo de Educação Básica


Unidade Curricular de História e Filosofia da Educação
1º ano / 1º semestre

Educação na Idade
Moderna

Docente: Prof.ª Liliana Rodrigues

Discentes: Nicole Liliana Rodrigues Nóbrega, nº 2028009


Paula Renata Alves, nº 2047009
Paula Isabel Teixeira, nº2014509
Tatiana Cristina Pestana Camacho, nº 2024809
Vanda Sofia Monteiro Mendonça, nº 2080609

Funchal, Janeiro de 2010

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“O Homem não é outra coisa
senão o que a educação faz dele…”

Immanuel Kant

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………….3
2. A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA…………..…………….………4
1.1. Renascimento……………………………………..…………..….....4
1.1.1. Humanismo ………………..………..………………………4
1.1.2. Reforma protestante e Reforma católica………………….....6
1.2. Racionalismo e Empirismo ……….……………...…….……...…8
1.2.1. Galileu ……………………..………………….….…….......8
1.2.2. Descartes ………………………..…………..……….……..9
1.2.3. Bacon ……………………………..………..………….…..10
1.2.4. Locke …………………………………………………...….11
1.3. Iluminismo ……………………….……………………………............…..13
1.3.1. Rousseau……………………..…………………............…..14
1.3.2. Kant ……………………...…….……………………....…..16
2. CONCLUSÃO ………………… ……………….……………………...….18
3. BIBLIOGRAFIA.…………………………………….………….….……..19

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi efectuado no âmbito da unidade curricular de História e


Filosofia da Educação, inserida no Curso de Licenciatura em Educação Básica.
Sendo assim, foi-nos proposto a realização de um trabalho cujo tema a desenvolver
seria a Idade Moderna.
Primeiramente, fizemos uma abordagem à educação na Idade Moderna, que
teve início no século XV e terminou no século XVIII. Nesta época surgiram vários
acontecimentos relevantes, sendo que este período divide-se em três partes:
Renascimento, Racionalismo e Empirismo e Iluminismo. Neste período, o
pensamento modificou-se. Enquanto a Idade Média centralizava-se no tema
teológico, a Idade Moderna importa-se com o homem, a ciência e a razão. A ciência
desenvolve-se, pois são procuradas explicações para os factos, mas não pela
Teologia. O homem passa a ser visto de maneira diferente, o mundo passa a girar em
volta dele e, consequentemente, encontra-se um novo modelo de Estado. Distinguiu-
se a ciência da religião.
Faremos uma pequena abordagem ao período renascentista, onde encontramos
o humanismo e a reforma protestante e reforma católica.
Iremos expor, do mesmo modo, o período racionalista e empirista,
caracterizado pela emancipação da razão, ou seja, tudo passa a ter uma explicação
científica, que foi influenciado por pensadores, tais como Galileu, Descartes, Bacon e
Locke.
Abordaremos o Iluminismo, movimento cultural que culminou no século
XVIII, o “Século das Luzes”. Foi mais do que uma filosofia, constituindo assim uma
mentalidade. Neste período, houveram filósofos que se destacaram mais do que
outros. E ao longo deste trabalho iremos abordar dois deles, Emmanuel Kant, que
propôs a educação moral e por Jean-Jacques Rousseau que defendia uma educação
naturalista e negativa.

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2. IDADE MODERNA

A passagem da Idade Média para a Idade Moderna deu-se progressivamente.


Na nova época, o poder da Igreja entrou em decadência e emergiu uma nova
civilização, uma nova mentalidade. Os grandes avanços científicos e os
descobrimentos marítimos estiveram na vanguarda desta era, mostrando a eficácia
das invenções, principalmente no que dizia respeito à orientação geográfica.
Por outro lado, na Idade Moderna educar tornou-se uma questão de moda e
uma exigência, segundo a nova concepção de Homem. O aparecimento das
academias e colégios foi um fenómeno correspondente ao surgimento de uma nova
imagem do Homem. A meta da escola não se restringiu, apenas, à transmissão de
conhecimentos, mas, também, à formação moral.
Posteriormente, deu-se o iluminismo, marcado, principalmente, por ser um
período rico em reflexões pedagógicas.

1.1. Renascimento

1.1.1. Humanismo

Na transição da Idade Medieval para a Idade Moderna, muitos homens


mostraram-se conscientes em relação às modificações que estavam a ocorrer, e
impuseram-se, demonstrando de tal maneira uma atitude deveras crítica e também
polémica no que dizia respeito à cultura anterior. Os homens, referidos
anteriormente, designaram-se humanistas, sendo este o nome do padrão de cultura
que estes desenvolveram. Esta designação decorre da relevância dada ao capital, na
criação mental do homem ilustrado, sendo diferentes dos estudos teológicos. Quanto
aos direitos da religião, estes não eram totalmente contraditos pelos humanistas.
Antes pelo contrário, muitas vezes apoiaram-na contra a superficialidade do
ensinamento religioso corrente.
Os humanistas, estavam cientes que tinham que lutar contra a “ignorância

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ordinária” patente na Idade Média, de modo a que a instrução humana seja um
exemplo absoluto. A imposição filosófica, e o recente saber histórico, são
particulares da conduta humanística.
O Humanismo é algo de um acontecimento mais abrangente, denominado
Renascimento. Esta palavra, é de indício religioso e alcança uma designação terrena,
no período renascentista. No Renascimento, ocorre o regresso do homem ao seu
passado histórico, não podendo este ser copiado, pois a imitação é um facto
inadequado no Renascimento, embora tenha existido. Este regresso, trata-se de voltar
a possuir aquelas oportunidades que eram concebidas ao homem no mundo clássico e
que na Idade Média eram desprezadas.
Para os homens do Renascimento, a antiguidade clássica é algo a seguir, pois
nela vigora um ideal de regeneração. Em suma, no Renascimento, há a necessidade
dos homens modernos verem para além dos homens antigos através do ideal de
verdade.
O culminar do humanismo, foi na cidade de Itália. Em Petrarca, os humanistas
assinaram um acordo que estabelecia a liberdade de todos, valorizando o homem. Há
uma necessidade de desenvolver o homem, como ser autónomo, diante o mundo e
Deus.
O humanismo não se fez sentir só em Itália, mas também pelo resto da Europa,
evidenciando-se em França, Inglaterra, nalgumas zonas altas da Alemanha e
principalmente nos países baixos. Em relação ao humanismo italiano, o humanismo
da restante Europa, era mais prudente e mais edificado.
A educação humanística possui diversas características, uma delas era, segundo
Abbagnano (1957) “formar o homem enquanto homem” (p.252), outra delas é ser
integral, ou seja, a personalidade, o aspecto físico, intelectual, estético e religioso de
cada humano deveria ser, também, desenvolvido. Esta educação integral do
humanismo, concorda com o ideal grego da Paideia, devido ao facto de trabalhar as
faculdades do homem. Outra das características, é que esta educação é aristocrática.
Embora, muitos humanistas, tenham considerado uma única aristocracia, a do
talento.
As escolas humanísticas, eram frequentadas pela burguesia e pela pequena
nobreza mas não por membros do povo. Muitos humanistas, instruíram-se como

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professores, podendo leccionar a nível universitário e médio, sendo um exemplo de
nível médio, as escolas-internatos. Em relação ao ensino universitário, os humanistas
não tinham complicações em aplicar os seus ensinamentos. Em seguida, apareceram
algumas escolas privadas, designadas de academias, que caracterizavam a laicização
da alta cultura. As academias não apareceram a fim de substituir as universidades,
mas ultrapassam a deficiência existente nestas, no diz respeito à execução de uma
alta cultura.
Erasmo foi considerado no século XVI, a figura mais prestigiosa na reforma
do processo educativo e foi o humanista mais famoso do seu tempo.
Impôs reformas sob a sua intervenção directa, pois durante a sua infância
sentiu incompatibilidade pelo processo educativo. Ele é contra o método escolástico,
patente naquele tempo nas escolas da Europa e também opõe-se à disciplina
coercitiva.
No ano 1500, elaborou o seu primeiro trabalho pedagógico de teor prático. Para
a execução deste projecto Erasmo quis delinear os seus saberes em relação à língua
grega, tornando-se deste modo um dos mais influentes da Renascença.

1.1.2. Reforma Protestante e Reforma Católica

No início do século XVI, a mudança na mentalidade das sociedades europeias


repercutiu também no campo religioso. A Igreja, tão omnipotente na Europa
medieval, foi duramente criticada. A instituição católica estava em descompasso com
as transformações do seu tempo. Além disso, uma série de questões propriamente
religiosas colocavam a Igreja como alvo da crítica da sociedade: a corrupção do alto
clero, a ignorância religiosa dos padres comuns e os novos estudos teológicos.
As insatisfações acumularam-se de tal maneira que desencadearam um
movimento de ruptura na unidade cristã: a reforma protestante.
A reforma protestante proveio da mentalidade moderna, trabalhada por Lutero.
Esta reforma teve um propósito muito importante na pedagogia, pois foi decisiva
para os problemas de instrução universal, considerando que todos os cristãos deviam
de ler a Sagrada Escritura.

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Martinho Lutero (1483-1546) defende as fontes cristãs, como o caminho da
restauração da consciência religiosa. Ele rejeita a tradição cristã e valoriza o
Evangelho.
O princípio da reforma protestante é a fé cristã, ou seja, é o suporte da
salvação.
A reforma protestante trouxe algumas consequências, nomeadamente, o
surgimento de escolas populares para o povo, início da formação universal, controlo
da formação, pelas autoridades laicas e a implantação do modelo educativo nacional
em diversos países.
Lutero citado por Abbagnano (1957) apelava a “que as crianças encontrem no
estudo o mesmo ou ainda maior prazer que nos jogos” (p.310) e que não devíamos
usar formas violentas ou até mesmo coercitivas para ensinar.
Em contra-senso com a reforma protestante, surgiu a reforma católica que, de
um modo geral, consistiu num conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica
com o intuito de por fim às ideias das religiões protestantes. Longe de promover
mudanças estruturais nas doutrinas e práticas do catolicismo, a reforma católica
estabeleceu um conjunto de medidas que actuou em duas vias: contra outras
denominações religiosas e promovendo meios de expansão da fé católica.
Uma das principais medidas tomadas foi a criação da Companhia de Jesus.
Designados como um braço da Igreja, os jesuítas deveriam expandir o catolicismo ao
redor do mundo. Nas escolas dos Jesuítas naquela época também se liam clássicos,
mas sintetizados e reduzidos a armas de defesa e de ataque, com intuito de fazer-se
cumprir a política da Igreja. A Companhia de Jesus tinha como objectivo a
divulgação da fé, a luta contra os infiéis e os heréticos e a preocupação com a
educação dos jovens.
Neste período, o poder político tinha como função promover a organização
eclesiástica e a educação ao povo.
Neste período ainda podemos constatar que tentaram por fim a educação
apenas das classes superiores e tentaram implantar a educação as classes mais
desfavorecidas.

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1.2. Racionalismo e Empirismo

Descartes, considerava a evidência racional, como máximo da verdade que se


aplica ao interior da mente. Bacon e Locke consideram como supremo da verdade a
experiencia sensível, ou seja, que o raciocínio deve conseguir chegar a certas
conclusões.
Podemos chegar a verificar que estas duas vertentes não são assim tão
diferentes, pois, podemos encontrar alguns pontos em comum, como um enorme
interesse pela ciência e um especial interesse e segurança na força e inteligência
humana. Descartes, considerava que, até um certo ponto, era necessário recorrer a
experiência, por outro lado Locke, atribuía muita importância ao conhecimento
demonstrativo, que se baseava no raciocínio.
O racionalismo considera, importante a construção da matemática e o
empirismo, por sua vez, dá mais valor as experiencias sensíveis.

1.2.1. Galileu

Com o aparecimento do Renascimento deu-se várias mudanças no modo de


viver e de pensar das pessoas, no qual o pensamento pedagógico renascentista
influenciou na educação através do heliocentrismo.
O heliocentrismo é conhecido pela teoria em que o Sol se encontra no centro
do Sistema Solar, o que provocou um conflito, entre o Catolicismo e a Ciência, pois
a igreja colocava a Terra no centro do universo. Nicolau Copérnico, astrónomo e
matemático, em 1543, através da observação dos astros sem qualquer instrumento,
desenvolveu esta teoria, mencionando que os planetas giravam a volta do Sol e não
da Terra. Na altura de Copérnico não existiu muitas criticas da igreja perante a sua
tese. As críticas só se agravaram décadas depois quando Galileu convicto com a tese
de Copérnico quis desenvolve-la.
Em 1589, Galileu deu aulas de matemática na cidade de Pisa e em 1592
passou a transmitir os seus conhecimentos na universidade de Pádua. Com a
construção do telescópio em 1609, conseguiu descobrir várias características do
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universo, mas teve que abandonar esta tese por alguns tempos, trabalhando noutros
temas. Pois teve vários conflitos com a Inquisição, que o obrigou a afirmar que a sua
tese não era válida, era apenas uma suposição.

Galileu viveu numa época complicada, pois a, Igreja Católica fazia frente à
Reforma Protestante. O heliocentrismo obrigava a Igreja a reflectir e a modificar
certas passagens da Bíblia, coisa que na época era impensável. Galileu acabou por
ser condenado pela doutrina da Igreja.

1.2.2. Descartes

Descartes foi uma importante figura para o Humanismo e para o Renascimento.


Ele sente necessidade de reconhecer a subjectividade humana, bem como, relação do
homem perante o mundo e o seu poder sobre o mesmo.
O seu método é caracterizado pelo facto de não querer ensinar, mas sim
descrever-se a si próprio. Critica os ensinamentos que adquiriu na escola, pois refere,
que pouco lhe ajuda na sua vida. Menciona que perdeu demasiado tempo a aprender
línguas, história, poesia e filosofia e que estas disciplinas não lhe serviam para nada.
Para Descartes era necessário encontrar um critério que conduza a orientação
do homem e o método que ele procurou foi a utilização de um guia, que mostrasse a
distinção entre o falso do correcto. Descartes diz que esta orientação deve ser feita
para que o homem possa estar superior à natureza, deve poder gozar do que a
natureza fornece sem os mínimos esforços.
Descartes considerava a Filosofia deplorável, pois em vez de levar á sabedoria,
levava antes à incerteza e à dúvida.
Concordava com Galileu quando este dizia que a o universo seguia uma forma
matemática, no entanto, é preciso descobrir-lhe os princípios básicos. Eles são
descobertos a partir da “intuição”, ou seja, pela luz da razão. Estes princípios tiveram
grande importância, no sentido em que serviram de fundamento para o
desenvolvimento para o “método dedutivo”, que tinha como alicerces a observação e
a experimentação. A sua obra, O Discurso Sobre o Método de Bem Conduzir a

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Razão e de Procurar a Verdade nas Ciências, revelou-se decisivo no que concerne à
revolução científica, colocando, como princípio fundamental, a dúvida, ou seja, não
deveríamos aceitar o que não fosse evidente ou claro. Para ele a razão era o caminho
para se chegar à verdade, expressa no seu pensamento “Penso, logo existo”. Isto
leva-nos a considerar que o próprio acto de pensar, por si só, já nos leva à ideia de
existência de um indivíduo, ou algo que pensa, provando-se, assim, a existência do
Eu ou do Homem. No entanto, primeiramente, terá que haver a existência de uma
primeira causa: Deus. Para Descartes, Deus dotou o Homem de sentidos e o objecto
adequado para que esses sentidos funcionassem, ou seja, o mundo material, conjunto
de substâncias extensas. No entanto, é a razão que surge em primeira instância, pois é
ela que diferencia o Homem dentro da ordem natural e que permite dominá-la.

1.2.3. Bacon

Bacon para completar o esclarecimento científico de Galileu, decidiu dar o


instrumento, para a realização da própria investigação. Considera que a lógica
aristotélica, é inadequada. Através deste facto, fornece a nova lógica com o objectivo
de introduzi-la nas ciências por ele alterada.
Depois da sua morte apareceram umas obras da sua autoria, “Cogitata et visa”
e “A Nova Atlântida”, nestas estavam relatadas o Estado ideal, através do trabalho
científico.
Bacon tinha como objectivo criar uma enciclopédia, falando nas ciências no
método experimental. No entanto, não conseguiu concretizar o seu objectivo, pois só,
desenvolveu lógica do método experimental e o carácter operativo das ciências
naturais, ou seja, a realização de instrumentos para o homem conseguir dominar a
natureza.
Bacon realizou uma lógica inversa à de Aristóteles, dizia que este só utilizava
as discussões verbais para obter vitórias. No entanto o mesmo utiliza a natureza para
conseguir as suas próprias conquistas.
O homem não pode mandar na natureza mais sim obedecer-lhe. Tudo o que o
homem conseguir observar da natureza deve por em causa.

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Bacon teve algumas dificuldades em introduzir na sua enciclopédia a
matemática, pois tinha duvidas se a mesma era um ramo da metafísica ou da física.
Segundo Abbagnano (1957), “se se observar que a ciência moderna nasceu no
pressuposto da natureza matemática, imediatamente se dará conta de que a doutrina
baconiana, não podia ter, como não teve, real influência no desenvolvimento efectivo
da ciência” (p.343)
A pouca participação de Bacon na evolução científica, não faz com que o seu
conhecimento cultural fosse pouco importante, mas sim muito importante. O mesmo
conseguiu ligar a ciência e a técnica, contribuindo para que a finalidade da ciência,
ou seja, fazer com que o homem se torne o dono da natureza, utilizando as aplicações
práticas de si própria.
Bacon conseguiu deixar marcas na pedagogia, através das suas indicações
educativas. Bacon, também referiu, segundo Abbagnano (1957) que o “método
inventivo” é um dos melhores métodos de aprendizagem, “com o mesmo método
com que foi inicialmente encontrada, que a ciência seja, se possível, introduzida na
alma dos outros” (p.343). Com a sua ideia, na qual refere que o homem tem domínio
sobre a natureza e não sobre os outros homens, consegue-se estabelecer fraternidade
entre os homens.

1.2.5. Locke

Durante o século XVIII verificou-se uma tendência para a crítica a todo o


sistema político, religioso, social e económico.
Os tutores eram mal preparados, ensinando conteúdos que não imponham
relevância às necessidades reais dos alunos.
É dentro deste quadro que Locke faz a sua contribuição à reforma do processo
educativo. Locke desempenhou funções de tutor do filho do conde, o que lhe deu
espaço para praticar as suas ideias.
A altura mais relevante da sua vida foi o encontro com Newton, onde passa a
desenvolver ideias concisas e escreve a sua obra Os Princípios Matemáticos da

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Filosofia Natural, onde encontramos uma justificação triunfante da visão
mecanicista do universo.
Para Newton, a preocupação da ciência deverá ser com os “factos perceptíveis
e tem como finalidade calcular e dar expressão matemática às leis mecânicas” (Giles,
1987:174).
Para Locke, estas bases podem ser a experiência, baseada na observação dos
fenómenos. Esta experiência poderia ser utilizada, por exemplo, em cálculos
astronómicos, utilizando o método da analogia.
A experiência de que fala Locke, é na realidade, o mundo em que o Homem
vive e age e no qual deve radicar-se.
A atitude fundamental de Locke é o empirismo, pois coloca às pretensões da
razão humana uma certa moderação. O ideal educativo de Locke, segundo
Abbagnano (1957) tem como objectivo a “função social do homem e os deveres
concretos que o esperam na vida associada, é fruto da mesma atitude, de renúncia a
toda e qualquer pretensão metafísica, a toda a tentativa de proceder para além
daquela realidade em que o homem efectivamente vive e espera.” (p.403)
Na sua obra Ensaio, Locke procura a certeza e a extensão do conhecimento
humano. Pretende aplicar um método científico ao estado das operações mentais, ao
ponto de desenvolver uma psicologia empírica.
Para Locke, não há o conceito de ideias inatas, ele acredita que o homem é uma
tábua rasa e que tudo o que daí advém, é conhecimento apenas utilizando as suas
faculdades naturais. O homem chega à certeza, a partir da experiência, fundamentada
nos sentidos. No entanto, o conhecimento, também, pode surgir de operações da
mente, como a “sensação” e a “reflexão”, ou seja, as coisas materiais externas são
objecto da sensação e as operações internas objecto de reflexão, de onde poderão
resultar as ideias. Quando a mente recebe ideias simples, ela é passiva, mas quando a
utiliza para ideias mais complexas ela mostra-se activa. É aqui que entra o processo
de associação das ideias com a importância da linguagem em atribuir nomes
constantes a ideias complexas, mostrando que este processo está intimamente ligado
com a sociedade.
Para Locke, o processo educativo deve seguir o método empírico-indutivo.

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Diferente dos humanistas, Locke insiste em que a “virtude, principal objecto do
processo educativo, não depende apenas de um sistema de educação baseado em
conceitos religiosos, pois a virtude pode ser ensinada através de um sistema secular e
cívico” (Abbagnano, 1957:175).
Locke, também, defende que a disciplina deve ser forte, de modo a que o aluno
siga a razão, mesmo quando os desejos dizem o contrário. Em relação às matérias,
Locke, ainda, propõe a alfabetização, a História e Ciência e insiste no “valor do
vernáculo”.

1.3. Iluminismo

O Iluminismo, também denominado “Século das Luzes” surge no séc. XVIII,


na esperança de uma nova época, principalmente caracterizada pelo optimismo e
confiança na razão e na natureza.
É nesta altura que o Homem se liberta de todas as superstições, preconceitos e
do passado negro da Era Medieval.
No “Século das Luzes”, verifica-se uma acentuação das correntes iniciadas
durante a Renascença, Reforma e Revolução Científica.
Em relação ao processo educativo, podemos dizer que até esta altura, apesar
dos progressos, não havia um plano global, nem sequer uma teoria educacional
adequada. No entanto, neste período, o governo começa a participar no processo
educativo e inicia-se a formulação de novos conhecimentos, acerca do Homem e da
sociedade. Assim, abriam-se as portas para o futuro.
O Iluminismo assenta em que a razão humana pode alcançar a verdade sem o
apoio da Teologia. Ou seja, é deixada de parte a religião e com ela todos os seu
valores morais, éticos e políticos.
O que se pretendia era uma reforma inovadora e uma reacção que fosse contra
o autoritarismo, a religião e a política, as desigualdades e distinções de estatuto, o
feudalismo presente na Idade Média e contra qualquer forma de fraqueza do ser
humano.

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Deste modo, o Iluminismo possui três bases fundamentais: a “natureza”, a
“razão” e o “progresso”.
Para a “natureza” contribuiu Newton com a sua lei de causa e efeito. A
“natureza” é tudo aquilo considerado bom e que vai de acordo com a ordem natural
das coisas. E tudo o que representa a economia, o privilégio, e a desigualdade social
é anti-natura. É um conceito que se aplica à realidade do ser humano.
Por outro lado, é a “razão” que faz com que seja possível o emprego do
princípio de “natureza”. Do ponto de vista do Iluminismo, a razão estabelece com a
realidade uma relação, capaz de fazer surgir todas as discordâncias relacionadas com
a tradição e o preconceito. Segundo Giles (1987) “quando o Homem segue a razão,
ele descobre as relações, as instituições e princípios naturais e, é só seguindo este
caminho que alcançará a felicidade” (p.171).
Por fim, o “progresso” simplifica os objectivos do Iluminismo, afirmando que
este poderia “substituir o céu e como objectivo e alvo da acção humana” (Giles,
1987:172). Quando o Homem aprende a aplicar as ciências naturais à sociedade e,
consequentemente, à educação, então surgirá ao seu alcance a utopia.
Dá-se, assim, uma guerra aberta entre a Ciência e a Teologia. A Teologia, nesta
época, passou a ser vista como um alvo de impostura e como uma maneira de manter
o controlo da sociedade pelos tiranos. No entanto, com a evolução, Deus passou a ter
um papel inferior na dominação do Universo e a ciência e as ideias do Homem eram
meios imprescindíveis para desvendar toda a verdade.

1.3.1. Rousseau

A principal tarefa de Rousseau foi dedicar-se à crítica social, atacando as


instituições conservadoras. O Homem, ao criar más instituições, deforma a sua
natureza e, consequentemente, a sua sociedade e só o estudo desta natureza, fará
desvendar os objectivos da vida.
Para Rousseau, o processo educativo seguido até então demonstrava uma visão
nobre do bem, mas prejudicava o aluno, logo, opôs-se claramente ao método
tradicional de educar as crianças. Deste modo, este iluminista propõe um processo
educativo capaz de fazer parte de uma reforma social completamente nova e baseada

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na natureza. A sua obra, Emílio, mostra-nos a sua ideologia do sistema educativo,
levando a educação na direcção do Iluminismo.
Para Rousseau, a educação e formação tem origem e sequência na natureza, nas
coisas e nos homens.
Para Rousseau, a educação é um processo contínuo, que se inicia no
nascimento, numa ordem natural.
Em Emílio, Rousseau propõe uma educação dividida em três fases.
Na primeira fase, na infância, a criança deve ser supervisionada principalmente
pela mãe e com o pai a acompanhar, mas apenas de longe. Deve-se deixar a criança o
mais livre possível orientada apenas pelas “forças do prazer e da dor”.
Rousseau era, sem dúvida, considerado o filósofo do sentimento. No entanto,
procurava eliminar, da educação, qualquer forma de afectividade, para que a criança
fosse mais preceptiva à razão. Ainda nesta fase, a criança não deveria criar nenhum
hábito, mas apenas adquirir experiências sensoriais, durante encontros directos, e
explorar o ambiente, de modo a ganhar conhecimentos e faculdades mentais.
Numa segunda fase, pré-racional, a criança começa a entrar em contacto com
as coisas, operando em conjunto com os objectos do meio ambiente, evitando-se,
ainda, qualquer forma de pressão por parte dos adultos. Nesta fase o adolescente,
ainda não é capaz de raciocinar ou entender raciocínios lógicos, apenas responde a
pressões da força, da necessidade e dominação. É nesta fase que se encontra a
educação negativa. Começa-se a dar importância à razão, que se manifesta através
da curiosidade e da tendência para estender os horizontes físicos e morais.
Na adolescência, a sensação e a memória começam a alimentar as faculdades
da razão e do juízo.
Rousseau, citado por Giles (1987) diz-nos que “nascemos duas vezes: na
primeira vez para ser e na segunda para existir. Na primeira, nascemos para
pertencermos a uma espécie; na segunda vez, para sermos humanos” (p.172). Ao nos
tornarmos humanos, implica o desenvolvimento social, mas, também, a participação
activa numa sociedade.
Já na idade adulta, o indivíduo deverá adquirir juízo e gosto e deve aprender a
ser realmente social. Se até agora não havia contacto com as outras pessoas, a partir
daqui começa-se a privilegiar as relações humanas.

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Aos dezoito anos o jovem entra no campo da moral. A justiça e a bondade são
genuínas afeições da alma, esclarecidas pela razão.
Quanto à religião, Rousseau propõe ignorá-la.
O caminho para uma autonomia moral e o principal objectivo do processo
educativo consistem em formar uma pessoa boa e estabelecer uma sociedade,
igualmente, boa.

1.3.2. Kant

Kant foi um dos grandes filósofos do Iluminismo, especialmente, do Idealismo


alemão.
Para Kant, a educação compreende, fundamentalmente, dois momentos, a saber
e a disciplina e a instrução. Diferente dos animais, cuja finalidade da existência está
previamente estabelecida pela natureza, o  Homem deve estabelecer o próprio
projecto da sua existência. Deste modo, não pode abrir mão da racionalidade. Como
ele não consegue fazer isso por si próprio e de modo imediato, torna-se necessário a
presença do outro. Sendo assim, uma geração educa a outra, com o objectivo de
desenvolver as ordens naturais existentes no ser humano, tendo como finalidade a
procura do bem. No entanto, estas só podem ser desenvolvidas no seu pleno sentido
no conjunto da espécie humana, e não apenas centrada no indivíduo.
A educação prática, tem como sentido realizar no ser humano a perspectiva de
formação descrita acima. O aspecto mais importante na filosofia da educação de
Kant é a moralidade e está pressuposto nesta concepção o ensino da virtude. Kant
concebe a educação prática como sinónimo de educação moral. O factor central a
partir do qual Kant estrutura a reflexão é a formação do carácter. Na educação
prática, formar o carácter envolve essencialmente o desenvolvimento da virtude, isto
é, a capacidade que o indivíduo desenvolve em si de agir conforme o dever que, por
meio da razão, ele estabelece para si mesmo. Verifica-se, então, que o elemento
central é a acção, daí a definição de educação prática.
Existe uma lei moral que nos obriga a cumprir os deveres da nossa
humanidade, sobretudo o respeito pela humanidade na própria pessoa, mas nunca
utilizando ou permitindo que os outros nos utilizem para qualquer fim.

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Nos primeiros anos de infância, a criança encontra-se na fase pré-moral,
deve-se evitar qualquer esforço de incutir-lhe a moral, no entanto, a criança
amadurece, o processo de formação deve tornar-se mais formal, incluindo a
paciência, a disciplina e o cultivo das dimensões cognitivas e morais. É a partir dos
cinco ou seis anos de idade que se deve incutir a disciplina.
O desenvolvimento orgânico deve ser corrigido, o que se faz através da devida
aplicação da disciplina, que no entanto deve ser seguida pela transmissão de
informações e instrução.
Entretanto, o ponto mais importante é “o mais alto objectivo do processo
educativo, ou seja, a formação moral. Uma vez que não existe uma natureza moral a
priori, ou preestabelecida, a educação moral é uma necessidade absoluta” (Giles,
1987:187).
Para Kant, citado por Giles (1987) “o principal objectivo do processo educativo
é um mundo moral e socialmente regenerado” (p.188) e Kant afirma isso mesmo
quando realça que a boa educação é a fonte de todo o bem no mundo e levará à
renovação, ou seja, à perfectibilidade do Homem.
No processo educativo está implicado o segredo da perfeição da natureza
humana, onde a sociedade começa a julgar acertado e a entender claramente em que
consiste a boa educação, e é através desta que a natureza humana melhorará
continuamente e será levada à única condição digna da natureza do homem.
Kant não mostra nenhum interesse pela religião, pois para ele “é o próprio
homem quem carrega o peso da sua perfeição” (Giles, 1987:188). No entanto a
educação e a instrução não devem tornar-se mecanizadas, mas sim em princípios
pedagógicos sólidos, incluindo, também, a experimentação.
A única forma a salvação para a raça humana através das escolas. É preciso
reformá-las todas. Kant teve grande influência sobre o processo educativo e teve
como objectivo a saber, a moralidade e a virtude, que ocuparam a sua teoria
educacional.

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2. CONCLUSÃO

Após o término deste trabalho pudemos concluir que, na passagem da Idade


Média para a Idade Moderna, deu-se uma grande evolução na mentalidade e,
consequentemente, na educação do Homem.
A Idade Moderna foi marcada pelo Renascimento, de onde surgiram
movimentos como o Humanismo, criando-se uma atitude crítica e, também,
polémica, deitando por terra todo o obscurantismo do passado. Foi marcado,
também, pelas chamadas Reformas, tanto a protestante como a católica, que
procuravam defender as questões teológicas e o inabalável poder de Deus.
Ao longo dos séculos foram-se desenvolvendo teorias, principalmente
racionalistas e empíricas, defendias por pensadores como Galileu, conhecido pela
defesa do heliocentrismo; Descartes, com o seu interesse pela ciência e pelas
questões matemáticas, a partir do qual fomentou o método experimental; Bacon, com
o seu contributo na criação da Enciclopédia e Locke que contribuiu para o processo
educativo com o seu método empírico-indutivo. Estas teorias foram desenvolvidas
tendo sempre por base a razão. Acreditava-se que o Homem deveria ser guiado pela
razão e só esta o conduziria no caminho da verdade e da felicidade.
Numa fase posterior, surgiu um grande movimento denominado Iluminismo,
de onde brotaram grandes filósofos como Emmanuel Kant, que propôs uma educação
moral, defendendo que o homem devia reger-se de acordo a lei moral, de maneira a
cumprir os deveres da humanidade e o respeito por ela. Por outro lado, Jean-Jacques
Rousseau, pensador da mesma época, defendia uma educação naturalista, na qual a
criança devia basear-se nas experiências provindas da natureza e, só mais tarde, daria
relevância ao raciocínio e à razão.
Ao longo da efectivação deste trabalho deparámo-nos com alguns obstáculos,
nomeadamente, o excesso de dados acerca do tema, o que dificultou a tarefa de
selecção da informação. No entanto, tornou-se muito gratificante a abordagem a este
assunto, visto que nos deu a conhecer uma época da história do Homem, onde foram
dados gigantescos passos na procura de uma melhor educação, contribuindo de
forma essencial, para a nossa formação enquanto futuros profissionais da docência.

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3. BIBLIOGRAFIA

Referências Bibliográficas

 ABBAGNANO, N. & VISALBERGHI, A. (1957). História da Pedagogia,


(Vol. I, pp. 235 à 431 e Vol. II, pp. 444 à 515). Lisboa: Livros Horizonte.

 GILES, Thomas Ranson (1987). História da Educação. São Paulo: Editora


Pedagógica e Universitária LTDA.3

 LARROYO, Francisco (1974). História Geral da Pedagogia (Vol. I). São


Paulo: Editora Mestre Jou.

 Oceano – Liarte Editores (1997). Enciclopédia dos Conhecimentos Oceano


(Vol. III, pp. 424 à 425 e 444 à 445 e Vol. VI, pp. 948 à 972)

Referências electrónicas

 http://www.klickeducacao.com.br/2006/conteudo/pagina/0,6313,POR-
1375-,00.html (acedido a 19 de Dezembro de 2009, às 19:15)

 http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Moderna (acedido a 22 de Dezembro de


2009, às 14:16)

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