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Educação na Idade
Moderna
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“O Homem não é outra coisa
senão o que a educação faz dele…”
Immanuel Kant
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………….3
2. A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA…………..…………….………4
1.1. Renascimento……………………………………..…………..….....4
1.1.1. Humanismo ………………..………..………………………4
1.1.2. Reforma protestante e Reforma católica………………….....6
1.2. Racionalismo e Empirismo ……….……………...…….……...…8
1.2.1. Galileu ……………………..………………….….…….......8
1.2.2. Descartes ………………………..…………..……….……..9
1.2.3. Bacon ……………………………..………..………….…..10
1.2.4. Locke …………………………………………………...….11
1.3. Iluminismo ……………………….……………………………............…..13
1.3.1. Rousseau……………………..…………………............…..14
1.3.2. Kant ……………………...…….……………………....…..16
2. CONCLUSÃO ………………… ……………….……………………...….18
3. BIBLIOGRAFIA.…………………………………….………….….……..19
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1. INTRODUÇÃO
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2. IDADE MODERNA
1.1. Renascimento
1.1.1. Humanismo
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ordinária” patente na Idade Média, de modo a que a instrução humana seja um
exemplo absoluto. A imposição filosófica, e o recente saber histórico, são
particulares da conduta humanística.
O Humanismo é algo de um acontecimento mais abrangente, denominado
Renascimento. Esta palavra, é de indício religioso e alcança uma designação terrena,
no período renascentista. No Renascimento, ocorre o regresso do homem ao seu
passado histórico, não podendo este ser copiado, pois a imitação é um facto
inadequado no Renascimento, embora tenha existido. Este regresso, trata-se de voltar
a possuir aquelas oportunidades que eram concebidas ao homem no mundo clássico e
que na Idade Média eram desprezadas.
Para os homens do Renascimento, a antiguidade clássica é algo a seguir, pois
nela vigora um ideal de regeneração. Em suma, no Renascimento, há a necessidade
dos homens modernos verem para além dos homens antigos através do ideal de
verdade.
O culminar do humanismo, foi na cidade de Itália. Em Petrarca, os humanistas
assinaram um acordo que estabelecia a liberdade de todos, valorizando o homem. Há
uma necessidade de desenvolver o homem, como ser autónomo, diante o mundo e
Deus.
O humanismo não se fez sentir só em Itália, mas também pelo resto da Europa,
evidenciando-se em França, Inglaterra, nalgumas zonas altas da Alemanha e
principalmente nos países baixos. Em relação ao humanismo italiano, o humanismo
da restante Europa, era mais prudente e mais edificado.
A educação humanística possui diversas características, uma delas era, segundo
Abbagnano (1957) “formar o homem enquanto homem” (p.252), outra delas é ser
integral, ou seja, a personalidade, o aspecto físico, intelectual, estético e religioso de
cada humano deveria ser, também, desenvolvido. Esta educação integral do
humanismo, concorda com o ideal grego da Paideia, devido ao facto de trabalhar as
faculdades do homem. Outra das características, é que esta educação é aristocrática.
Embora, muitos humanistas, tenham considerado uma única aristocracia, a do
talento.
As escolas humanísticas, eram frequentadas pela burguesia e pela pequena
nobreza mas não por membros do povo. Muitos humanistas, instruíram-se como
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professores, podendo leccionar a nível universitário e médio, sendo um exemplo de
nível médio, as escolas-internatos. Em relação ao ensino universitário, os humanistas
não tinham complicações em aplicar os seus ensinamentos. Em seguida, apareceram
algumas escolas privadas, designadas de academias, que caracterizavam a laicização
da alta cultura. As academias não apareceram a fim de substituir as universidades,
mas ultrapassam a deficiência existente nestas, no diz respeito à execução de uma
alta cultura.
Erasmo foi considerado no século XVI, a figura mais prestigiosa na reforma
do processo educativo e foi o humanista mais famoso do seu tempo.
Impôs reformas sob a sua intervenção directa, pois durante a sua infância
sentiu incompatibilidade pelo processo educativo. Ele é contra o método escolástico,
patente naquele tempo nas escolas da Europa e também opõe-se à disciplina
coercitiva.
No ano 1500, elaborou o seu primeiro trabalho pedagógico de teor prático. Para
a execução deste projecto Erasmo quis delinear os seus saberes em relação à língua
grega, tornando-se deste modo um dos mais influentes da Renascença.
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Martinho Lutero (1483-1546) defende as fontes cristãs, como o caminho da
restauração da consciência religiosa. Ele rejeita a tradição cristã e valoriza o
Evangelho.
O princípio da reforma protestante é a fé cristã, ou seja, é o suporte da
salvação.
A reforma protestante trouxe algumas consequências, nomeadamente, o
surgimento de escolas populares para o povo, início da formação universal, controlo
da formação, pelas autoridades laicas e a implantação do modelo educativo nacional
em diversos países.
Lutero citado por Abbagnano (1957) apelava a “que as crianças encontrem no
estudo o mesmo ou ainda maior prazer que nos jogos” (p.310) e que não devíamos
usar formas violentas ou até mesmo coercitivas para ensinar.
Em contra-senso com a reforma protestante, surgiu a reforma católica que, de
um modo geral, consistiu num conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica
com o intuito de por fim às ideias das religiões protestantes. Longe de promover
mudanças estruturais nas doutrinas e práticas do catolicismo, a reforma católica
estabeleceu um conjunto de medidas que actuou em duas vias: contra outras
denominações religiosas e promovendo meios de expansão da fé católica.
Uma das principais medidas tomadas foi a criação da Companhia de Jesus.
Designados como um braço da Igreja, os jesuítas deveriam expandir o catolicismo ao
redor do mundo. Nas escolas dos Jesuítas naquela época também se liam clássicos,
mas sintetizados e reduzidos a armas de defesa e de ataque, com intuito de fazer-se
cumprir a política da Igreja. A Companhia de Jesus tinha como objectivo a
divulgação da fé, a luta contra os infiéis e os heréticos e a preocupação com a
educação dos jovens.
Neste período, o poder político tinha como função promover a organização
eclesiástica e a educação ao povo.
Neste período ainda podemos constatar que tentaram por fim a educação
apenas das classes superiores e tentaram implantar a educação as classes mais
desfavorecidas.
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1.2. Racionalismo e Empirismo
1.2.1. Galileu
Galileu viveu numa época complicada, pois a, Igreja Católica fazia frente à
Reforma Protestante. O heliocentrismo obrigava a Igreja a reflectir e a modificar
certas passagens da Bíblia, coisa que na época era impensável. Galileu acabou por
ser condenado pela doutrina da Igreja.
1.2.2. Descartes
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Razão e de Procurar a Verdade nas Ciências, revelou-se decisivo no que concerne à
revolução científica, colocando, como princípio fundamental, a dúvida, ou seja, não
deveríamos aceitar o que não fosse evidente ou claro. Para ele a razão era o caminho
para se chegar à verdade, expressa no seu pensamento “Penso, logo existo”. Isto
leva-nos a considerar que o próprio acto de pensar, por si só, já nos leva à ideia de
existência de um indivíduo, ou algo que pensa, provando-se, assim, a existência do
Eu ou do Homem. No entanto, primeiramente, terá que haver a existência de uma
primeira causa: Deus. Para Descartes, Deus dotou o Homem de sentidos e o objecto
adequado para que esses sentidos funcionassem, ou seja, o mundo material, conjunto
de substâncias extensas. No entanto, é a razão que surge em primeira instância, pois é
ela que diferencia o Homem dentro da ordem natural e que permite dominá-la.
1.2.3. Bacon
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Bacon teve algumas dificuldades em introduzir na sua enciclopédia a
matemática, pois tinha duvidas se a mesma era um ramo da metafísica ou da física.
Segundo Abbagnano (1957), “se se observar que a ciência moderna nasceu no
pressuposto da natureza matemática, imediatamente se dará conta de que a doutrina
baconiana, não podia ter, como não teve, real influência no desenvolvimento efectivo
da ciência” (p.343)
A pouca participação de Bacon na evolução científica, não faz com que o seu
conhecimento cultural fosse pouco importante, mas sim muito importante. O mesmo
conseguiu ligar a ciência e a técnica, contribuindo para que a finalidade da ciência,
ou seja, fazer com que o homem se torne o dono da natureza, utilizando as aplicações
práticas de si própria.
Bacon conseguiu deixar marcas na pedagogia, através das suas indicações
educativas. Bacon, também referiu, segundo Abbagnano (1957) que o “método
inventivo” é um dos melhores métodos de aprendizagem, “com o mesmo método
com que foi inicialmente encontrada, que a ciência seja, se possível, introduzida na
alma dos outros” (p.343). Com a sua ideia, na qual refere que o homem tem domínio
sobre a natureza e não sobre os outros homens, consegue-se estabelecer fraternidade
entre os homens.
1.2.5. Locke
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Filosofia Natural, onde encontramos uma justificação triunfante da visão
mecanicista do universo.
Para Newton, a preocupação da ciência deverá ser com os “factos perceptíveis
e tem como finalidade calcular e dar expressão matemática às leis mecânicas” (Giles,
1987:174).
Para Locke, estas bases podem ser a experiência, baseada na observação dos
fenómenos. Esta experiência poderia ser utilizada, por exemplo, em cálculos
astronómicos, utilizando o método da analogia.
A experiência de que fala Locke, é na realidade, o mundo em que o Homem
vive e age e no qual deve radicar-se.
A atitude fundamental de Locke é o empirismo, pois coloca às pretensões da
razão humana uma certa moderação. O ideal educativo de Locke, segundo
Abbagnano (1957) tem como objectivo a “função social do homem e os deveres
concretos que o esperam na vida associada, é fruto da mesma atitude, de renúncia a
toda e qualquer pretensão metafísica, a toda a tentativa de proceder para além
daquela realidade em que o homem efectivamente vive e espera.” (p.403)
Na sua obra Ensaio, Locke procura a certeza e a extensão do conhecimento
humano. Pretende aplicar um método científico ao estado das operações mentais, ao
ponto de desenvolver uma psicologia empírica.
Para Locke, não há o conceito de ideias inatas, ele acredita que o homem é uma
tábua rasa e que tudo o que daí advém, é conhecimento apenas utilizando as suas
faculdades naturais. O homem chega à certeza, a partir da experiência, fundamentada
nos sentidos. No entanto, o conhecimento, também, pode surgir de operações da
mente, como a “sensação” e a “reflexão”, ou seja, as coisas materiais externas são
objecto da sensação e as operações internas objecto de reflexão, de onde poderão
resultar as ideias. Quando a mente recebe ideias simples, ela é passiva, mas quando a
utiliza para ideias mais complexas ela mostra-se activa. É aqui que entra o processo
de associação das ideias com a importância da linguagem em atribuir nomes
constantes a ideias complexas, mostrando que este processo está intimamente ligado
com a sociedade.
Para Locke, o processo educativo deve seguir o método empírico-indutivo.
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Diferente dos humanistas, Locke insiste em que a “virtude, principal objecto do
processo educativo, não depende apenas de um sistema de educação baseado em
conceitos religiosos, pois a virtude pode ser ensinada através de um sistema secular e
cívico” (Abbagnano, 1957:175).
Locke, também, defende que a disciplina deve ser forte, de modo a que o aluno
siga a razão, mesmo quando os desejos dizem o contrário. Em relação às matérias,
Locke, ainda, propõe a alfabetização, a História e Ciência e insiste no “valor do
vernáculo”.
1.3. Iluminismo
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Deste modo, o Iluminismo possui três bases fundamentais: a “natureza”, a
“razão” e o “progresso”.
Para a “natureza” contribuiu Newton com a sua lei de causa e efeito. A
“natureza” é tudo aquilo considerado bom e que vai de acordo com a ordem natural
das coisas. E tudo o que representa a economia, o privilégio, e a desigualdade social
é anti-natura. É um conceito que se aplica à realidade do ser humano.
Por outro lado, é a “razão” que faz com que seja possível o emprego do
princípio de “natureza”. Do ponto de vista do Iluminismo, a razão estabelece com a
realidade uma relação, capaz de fazer surgir todas as discordâncias relacionadas com
a tradição e o preconceito. Segundo Giles (1987) “quando o Homem segue a razão,
ele descobre as relações, as instituições e princípios naturais e, é só seguindo este
caminho que alcançará a felicidade” (p.171).
Por fim, o “progresso” simplifica os objectivos do Iluminismo, afirmando que
este poderia “substituir o céu e como objectivo e alvo da acção humana” (Giles,
1987:172). Quando o Homem aprende a aplicar as ciências naturais à sociedade e,
consequentemente, à educação, então surgirá ao seu alcance a utopia.
Dá-se, assim, uma guerra aberta entre a Ciência e a Teologia. A Teologia, nesta
época, passou a ser vista como um alvo de impostura e como uma maneira de manter
o controlo da sociedade pelos tiranos. No entanto, com a evolução, Deus passou a ter
um papel inferior na dominação do Universo e a ciência e as ideias do Homem eram
meios imprescindíveis para desvendar toda a verdade.
1.3.1. Rousseau
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na natureza. A sua obra, Emílio, mostra-nos a sua ideologia do sistema educativo,
levando a educação na direcção do Iluminismo.
Para Rousseau, a educação e formação tem origem e sequência na natureza, nas
coisas e nos homens.
Para Rousseau, a educação é um processo contínuo, que se inicia no
nascimento, numa ordem natural.
Em Emílio, Rousseau propõe uma educação dividida em três fases.
Na primeira fase, na infância, a criança deve ser supervisionada principalmente
pela mãe e com o pai a acompanhar, mas apenas de longe. Deve-se deixar a criança o
mais livre possível orientada apenas pelas “forças do prazer e da dor”.
Rousseau era, sem dúvida, considerado o filósofo do sentimento. No entanto,
procurava eliminar, da educação, qualquer forma de afectividade, para que a criança
fosse mais preceptiva à razão. Ainda nesta fase, a criança não deveria criar nenhum
hábito, mas apenas adquirir experiências sensoriais, durante encontros directos, e
explorar o ambiente, de modo a ganhar conhecimentos e faculdades mentais.
Numa segunda fase, pré-racional, a criança começa a entrar em contacto com
as coisas, operando em conjunto com os objectos do meio ambiente, evitando-se,
ainda, qualquer forma de pressão por parte dos adultos. Nesta fase o adolescente,
ainda não é capaz de raciocinar ou entender raciocínios lógicos, apenas responde a
pressões da força, da necessidade e dominação. É nesta fase que se encontra a
educação negativa. Começa-se a dar importância à razão, que se manifesta através
da curiosidade e da tendência para estender os horizontes físicos e morais.
Na adolescência, a sensação e a memória começam a alimentar as faculdades
da razão e do juízo.
Rousseau, citado por Giles (1987) diz-nos que “nascemos duas vezes: na
primeira vez para ser e na segunda para existir. Na primeira, nascemos para
pertencermos a uma espécie; na segunda vez, para sermos humanos” (p.172). Ao nos
tornarmos humanos, implica o desenvolvimento social, mas, também, a participação
activa numa sociedade.
Já na idade adulta, o indivíduo deverá adquirir juízo e gosto e deve aprender a
ser realmente social. Se até agora não havia contacto com as outras pessoas, a partir
daqui começa-se a privilegiar as relações humanas.
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Aos dezoito anos o jovem entra no campo da moral. A justiça e a bondade são
genuínas afeições da alma, esclarecidas pela razão.
Quanto à religião, Rousseau propõe ignorá-la.
O caminho para uma autonomia moral e o principal objectivo do processo
educativo consistem em formar uma pessoa boa e estabelecer uma sociedade,
igualmente, boa.
1.3.2. Kant
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Nos primeiros anos de infância, a criança encontra-se na fase pré-moral,
deve-se evitar qualquer esforço de incutir-lhe a moral, no entanto, a criança
amadurece, o processo de formação deve tornar-se mais formal, incluindo a
paciência, a disciplina e o cultivo das dimensões cognitivas e morais. É a partir dos
cinco ou seis anos de idade que se deve incutir a disciplina.
O desenvolvimento orgânico deve ser corrigido, o que se faz através da devida
aplicação da disciplina, que no entanto deve ser seguida pela transmissão de
informações e instrução.
Entretanto, o ponto mais importante é “o mais alto objectivo do processo
educativo, ou seja, a formação moral. Uma vez que não existe uma natureza moral a
priori, ou preestabelecida, a educação moral é uma necessidade absoluta” (Giles,
1987:187).
Para Kant, citado por Giles (1987) “o principal objectivo do processo educativo
é um mundo moral e socialmente regenerado” (p.188) e Kant afirma isso mesmo
quando realça que a boa educação é a fonte de todo o bem no mundo e levará à
renovação, ou seja, à perfectibilidade do Homem.
No processo educativo está implicado o segredo da perfeição da natureza
humana, onde a sociedade começa a julgar acertado e a entender claramente em que
consiste a boa educação, e é através desta que a natureza humana melhorará
continuamente e será levada à única condição digna da natureza do homem.
Kant não mostra nenhum interesse pela religião, pois para ele “é o próprio
homem quem carrega o peso da sua perfeição” (Giles, 1987:188). No entanto a
educação e a instrução não devem tornar-se mecanizadas, mas sim em princípios
pedagógicos sólidos, incluindo, também, a experimentação.
A única forma a salvação para a raça humana através das escolas. É preciso
reformá-las todas. Kant teve grande influência sobre o processo educativo e teve
como objectivo a saber, a moralidade e a virtude, que ocuparam a sua teoria
educacional.
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2. CONCLUSÃO
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3. BIBLIOGRAFIA
Referências Bibliográficas
Referências electrónicas
http://www.klickeducacao.com.br/2006/conteudo/pagina/0,6313,POR-
1375-,00.html (acedido a 19 de Dezembro de 2009, às 19:15)
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