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Sumário
A inflação era elevada e a emigração levava muitas dezenas de milhares para o exterior;
contudo, as remessas dos emigrantes alimentavam as contas externas do país e
permitiam gastos militares que sorviam cerca de 40% das receitas públicas;
A guerra colonial, sacralizada pelo regime, como uma agressão do terrorismo, aliado ao
“comunismo internacional”, promovia o isolamento político e comercial, sobretudo após
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a declaração de independência da Guiné-Bissau em 1973; e a despeito do discreto apoio
dos EUA, de potências europeias e do regime de apartheid na África do Sul;
Politicamente havia divisões dentro da classe política reinante. No centro estava Caetano,
com os seus fiéis, na realidade com uma política conservadora de evitar danos maiores;
mais à direita, os falcões do fascismo, Tenreiro, Kaúlza e Casal Ribeiro, fiéis na defesa
intransigente das colónias e de um modelo político mais repressivo; menos à direita
situava-se a dita “ala liberal” chefiada por Sá Carneiro, empenhada numa descompressão
política que favorecesse alguns sorrisos na CEE mas, sem colocar a questão da guerra
colonial;
1. pela impossibilidade de gerar uma evolução que conciliasse a ligação económica à CEE
com a manutenção das colónias;
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4. na inviabilidade, com o fim dos “30 gloriosos anos” de pós-guerra, de construir uma
estratégia económica alternativa ao modelo exportador ancorado na metalurgia, na
química ou na saída de emigrantes para França e Alemanha, com o devido retorno em
divisas.
1. o recém-criado PS, tendo como chefe de fila Mário Soares, com bons contactos com a
social-democracia europeia;
2. a “ala liberal” protagonizada por Sá Carneiro para fazer as devidas ligações com a
direita e o poder económico tradicional;
Todo este processo foi acompanhado ou orientado na Europa, com particular pelos
partidos da Internacional Socialista (o SPD foi o criador e o grande financiador do PS); e,
mais discretamente, pelo embaixador dos EUA, Carlucci, no âmbito da rivalidade com a
URSS, pela hegemonia nas colónias portuguesas;
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Este período de transição encerra-se com um golpe militar em 25 de Novembro,
encabeçado por Eanes que, no seguimento, se tornaria o primeiro PR eleito e que iria
protagonizar uma luta contra Mário Soares, pela hegemonia política, durante alguns anos.
Esse golpe visou eliminar a presença, não tanto da suserania dos militares no poder mas,
o expurgo dos mais radicais. Tudo isto, perante o total alheamento do PCP, uma vez que a
URSS se afirmava como a grande potência influente em Angola, independente desde 12
do mesmo mês; e, porque a repressão sobre a esquerda civil ou militar dotava o PCP de
uma total supremacia enquanto esquerda do regime;
Através do tempo muitos desses radicais esquerdistas, sem projeto político, logo
procuraram o conforto dentro do PS, convertendo-se às virtudes de uma social-
democracia em erosão programática mas com acesso ao pote e distribuidora de
mordomias. Outros, adiaram essa transição até ao surgimento do BE, mais atrasado nesse
processo de integração na social-democracia. O PC é um bunker; o seu afinado aparelho
entrelaça-se com autarquias e sindicatos e tem gerido a sua decadência política e eleitoral
também no sentido de um programa social-democracia mas, com um pendor fortemente
nacionalista.
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2. Até 1977 observa-se um crescimento dos rendimentos do trabalho acima do PIB e
dos rendimentos do capital, a par de uma inflação que chega a ultrapassar 26%;
O alto empresariato luso, tão ignorante como cúpido, historicamente alapado ao subsídio,
aos baixos salários, ao favor público e à desnatação da Segurança Social (aceite
tacitamente por governos e sindicatos), vem-se dedicando ao imobiliário, ao comércio e
ao turismo, com vultuosos fluxos de capital registados em offshores. Com a crise
financeira iniciada em 2008, o sistema financeiro ficou detido por capitais estrangeiros,
exceptuando a CGD, um poço de malparado, de burlas e negócios ruinosos, colmatado
com a massiva entrada de dinheiro público, perante a total impunidade dos responsáveis,
em regra empresários do regime e membros da classe política;
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mal pagos, para benefício de senhorios, de “industriais” de hotelaria e restauração, sem
esquecer a criatividade tributária do Estado e das autarquias;
Observem-se, em seguida, alguns indicadores (tendo como base o ano de 2010) que
espelham o caráter cleptocrático do actual regime, pós-fascista:
IRS +44%
IVA +44%
ISP +51%
juros de mora e
+85%
compensatórios
taxas e multas +100%
Imp. tabaco -6%
IMI 31%
Portugal tem uma população muito envelhecida e grande parte do território encontra-se
em constante perda de autóctones, numa reprodução do vivido nos últimos anos do
fascismo. Mesmo entre os recentes fluxos de refugiados que procuram a Europa, poucos
são os que decidem vir para Portugal e, entre os que chegam, na sua maioria, procuram,
logo que podem, partir para outros destinos europeus;
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financeiro, com indicadores muito elevados de dívida (pública e privada), um comércio
externo muito polarizado e presente em lugares cimeiros no âmbito da corrupção. É
também um frequente fornecedor de pelotões para as guerras da NATO, mostra-se cada
vez mais como uma periferia europeia e ibérica e vem sendo ultrapassado em indicadores
essenciais pelos países do Leste europeu;
Tal como no tempo do fascismo, petrificou-se uma classe política articulada com camadas
sociais próximas - o alto funcionalismo, as castas da toga e do aparelho ideológico,
centrado nas universidades e na imprensa. Em conjunto, formatam com mansidão as
consciências de um povo portador de um lastro 200 anos de Inquisição e 48 de fascismo;
também resultante do afastamento geográfico e cultural face à Europa desenvolvida;
ligado a um atraso económico e de instrução, seculares, por vontade do poder político e
com a bênção das hierarquias religiosa e universitária; e, mais recentemente, também
com a descolagem face às regiões mais desenvolvidas de Espanha;
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4 – Como sair do atoleiro empobrecedor e fascizante
Temos defendido uma União dos Povos Europeus, democrática e solidária, com a
anulação dos exclusivismos nacionalistas inerentes aos estados-nação e vincados pelas
classes politicas; Temos defendido a superação do modelo capitalista, produtivista,
centrado na acumulação de capital, na apropriação privada, no insano consumismo,
gerador de desigualdades, danos ambientais e desequilíbrios psicológicos. Esse modelo
alternativo beneficiará, particularmente as regiões mais pobres do continente, em nome
da referida solidariedade, na qual a contabilidade não favorecerá a acumulação de
riqueza nuns, em detrimento de outros, discriminados e pobres; um modelo alternativo
focado na satisfação das necessidades coletivas, sem existência de forças armadas, com a
afirmação do não envolvimento em conflitos armados;
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