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Política

PT assume risco
extra ao
aprofundar
ligação Marta-
Lula

Por Maurício Hashizume

01/10/2004 00:00

São Paulo - A cúpula do PT decidiu assumir

de "corpo e alma" uma estratégia de risco

para vencer as eleições de São Paulo. A

candidata à reeleição Marta Suplicy apostou

pesado na sua ligação com o presidente

Lula em debate realizado, na noite desta

quinta-feira (30), transmitido ao vivo pela

TV Globo. Nas principais e mais recentes

pesquisas de intenção de voto, Marta segue

tecnicamente empatada, a três dias do

primeiro turno, com o candidato José Serra

(PSDB) na preferência dos eleitores


paulistanos.

Sempre que pôde, Marta lembrou a

"situação calamitosa" arremessada pelo ex-

presidente Fernado Henrique Cardoso,

também do PSDB, ao colo do presidente

petista quando assumiu o governo federal.

Com isso, tentou "colar" a imagem de Serra

a FHC. Por outro lado, ela insistiu na

tentativa de "federalizar" a disputa eleitoral.

Nas suas considerações finais, a prefeita

chegou até a dar ênfase à "oportunidade

única" da "parceira com o governo federal"

colocada aos votantes. "Há 18 anos, São

Paulo não tem prefeito e presidente do

mesmo partido", sublinhou. Marta disse

também que ela e Lula têm as "mesmas

idéias" para "ajudar o povo sofrido".

Serra, por sua vez, tentou, a despeito dos

ataques dirigidos à Marta durante o

debate, passar ao eleitor uma imagem "do

bem". Ele disse ter visto a "esperança nos

olhos" das pessoas durante a campanha e

prometeu "mudar para melhor". Para

realçar a campanha autoproclamada

"serena", o tucano se valeu dessas duas

referências cruciais que marcaram a sua


história política recente: "esperança" e

"mudança", idéias utilizadas à exaustão pelo

então candidato Lula durante a eleição

presidencial de 2002, pleito em que o

próprio Serra foi derrotado pelo ex-

metalúrgico no segundo turno. "Com

planejamento, amizade e competência",

Serra declarou que pretende "ganhar e

governar junto" com os eleitores.

A estratégia de associar a eleição de São

Paulo ao chefe do Executivo é arriscada.

Primeiro, por deixar ainda mais exposto,

numa metrópole como São Paulo, o

prestígio conquistado pelo presidente Lula

durante esses primeiros 18 meses de

governo. Se Marta vencer, contudo, quem

acumulará ganhos políticos será ela própria

e sua administração. Com o envolvimento

de Lula, uma possível derrota passa a ter

um potencial muito mais negativo para a

imagem do projeto do partido em âmbito

nacional. Ao enveredar para a

"supervalorização" da batalha paulistana

pelos votos a ponto de colocar em risco o

prestígio do governo federal, o PT pode

inclusive servir de escora para uma

"escada" de recuperação ainda mais


consistente do PSDB de São Paulo, cujo

maior expoente é o governador Gerlado

Alckmin.

Pré-candidato à candidatura para o governo

do Estado em 2006, um dos maiores

entusiastas da estratégia escolhida pelo

partido em São Paulo é o senador Aloizio

Mercadante (PT-SP). "Do nosso ponto de

vista, federalizar nos interessa. Se há uma

coisa que nós queremos é fazer o confronto

entre um ano e oito meses do governo Lula

e 96 meses do governo Fernando Henrique

Cardoso", afirmou o senador após o término

do debate na TV. "Temos tentado criar em

todos os momentos oportunidades para

mostrar a importância que tem a sintonia

entre o governo federal e o governo da

Prefeitura de São Paulo. Todas as pesquisas

mostram a força que o presidente Lula tem

hoje como referência, como apoio eleitoral a

qualquer candidato: 41% dos eleitores

estão dispostos a considerar o seu voto a

partir do apoio do Lula".

"A eleição é municipal. Vai ser definida

pelas condições de cada cidade. Mas há

uma dimensão nacional, especialmente nos


grandes centros. É evidente que a política

macroeconômica tem incidência em uma

cidade como São Paulo, que tem dez

milhões de habitantes", sustentou

Mercadante. Para ele, houve uma evolução

positiva da economia brasileira. "Nós

estamos hoje com um país mais estável,

com superávit comercial de US$ 31 bilhões.

O país não está aumentando o seu

endividamento, a sua vulnerabilidade. Ao

contrário, o país tem mais liberdade na

política econômica. E o mais importante:

tem crescimento e emprego".

Na opinião do senador, é importante

mostrar o peso que tem o governo federal

em uma cidade como São Paulo. "Hoje, o

ente da Federação que tem capacidade de

repassar recursos, alavancar investimentos

e realizar projetos estruturantes para a

Prefeitura é o governo federal. O governo

estadual tem uma participação marginal no

Orçamento da prefeitura, absolutamente

secundário. Enquanto que o governo federal

tem uma participação na capacidade de

investimento e de elaboração em políticas

públicas. Essa discussão da relação entre

governo municipal e o governo federal é


muito importante para o futuro de São

Paulo".

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