UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO E

TELECOMUNICAÇÕES

SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA DE
MODULAÇÃO QPSK

Disciplina: Teoria das Comunicações

Aluno: Jacivaldo Nascimento de Carvalho - 201006840058

Junho
2018
 Resumo
Este trabalho tem por objetivo simular um sistema digital QPSK, que é uma técnica
de modulação digital que usa o chaveamento por deslocamento de fase em quadratura.
Esta se utilizada de variação de fase a cada 90o podendo representar dois bits, o dobro,
por exemplo, da modulação BPSK. Assim, aumentando a velocidade de transmissão dos
dados, com o dobro da eficiência de banda. Nossas simulações são feitas no software
MATLAB, não estamos considerando o ruı́do 1 em nosso estudo, salientando a modulação
e demodulação de uma entrada de bits pré-definidos e o comportamento do mesmo nesta
modulação.

1
São sinais elétricos não desejados que interferem num sistema de telecomunicações.
Conteúdo
1 Introdução 3

2 Sistema de Comunicação Digital 3

3 Modulações M-árias 4

4 Modulação QPSK 5
4.1 Transmissor QPSK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2 Receptor QPSK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

5 Simulação de um sistema de Modulação QPSK 7

6 Considerações Finais 10

Bibliografia 11

Anexo I 12
1 Introdução
Os Sistemas de Comunicações funcionam de maneira a transferir dados de um emissor
a um receptor; isso é feito através de um meio fı́sico que pode ser um fio ou pelo ar.
De qualquer maneira; temos que modular o sinal de banda base para torná-lo adequado
para a transmissão no meio. Este procedimento é chamado de Modulação que pode ser
analógico ou digital.
Nos últimos anos, uma transição significativa das técnicas de modulação analógica para
digital ocorreu e pode ser vista em todas as áreas de sistemas de comunicações via satélite,
celulares e sem fio.
A modulação digital é um processo que aplica um sı́mbolo digital em um sinal adequado
para transmissão através de um meio com ou sem fio, a fim de receber esse sinal na ex-
tremidade de recepção corretamente, sem qualquer perda de informação legı́vel.
O QPSK (Quadrature Phase Shift Keying) ou chaveamento de mudança de fase em qua-
dratura é uma das mais populares técnicas de modulação digital usada para comunicação
via satélite, videoconferência, sistemas de telefonia e outras formas de comunicação digital
através de uma portadora de radiofrequência (RF).
O presente trabalho tratará da modulação QPSK que é uma das modulações digitais mais
utilizadas, devido à sua simplicidade, excelente potência e eficiência de largura de banda.
Esta modulação permite que o sinal carregue o dobro de informações que o PSK comum
ou BPSK utilizando a mesma largura de banda.

2 Sistema de Comunicação Digital

A transmissão de dados através de um sistema de comunicação digital pode ser feita
por transmissão em banda base ou passa-faixa. Na primeira, os dados são codificados
através de códigos de linha NRZ (Non-Return-to-Zero), AMI (Alternate Mark Inversion),
Manchester ou 2B1Q e enviados por um canal de transmissão. No segundo caso, os
dados enviados passam por um processo de modulação que desloca o espectro do sinal
em banda base e centraliza numa dada frequência. Logo torna-se possı́vel, ao contrário
da transmissão em banda base, mandar dados de diversas fontes distintas ao mesmo
tempo, conseguindo-se uma técnica de multiplexagem. Outro fator pela qual usa-se a
modulação tem a ver com o comportamento em frequência do canal de transmissão que
não é constante em todo espectro. Assim o projeto do modulador e consequentemente
do demodulador, deve ser em função desse canal de transmissão. Por exemplo, um cabo
UTP (Unshielded twisted Pair ) tem um comportamento em frequência passa-baixa, logo é
possı́vel transmitir sinais codificados com valor médio não nulo (com componente espectral
de frequência zero). Se o canal de transmissão for o espaço livre, cujo comportamento em
frequência é passa-faixa, torna-se necessário proceder à modulação do sinal a emitir por
forma a deslocar o espectro para uma banda de frequência onde a atenuação do canal seja
aceitável.
Um sistema de comunicação digital pode ser descrito segundo a figura 1. Nesta ilustração
estão representados o emissor, canal de transmissão e receptor.

3
 Figura 1: Modelo genérico de um sistema de comunicação digital

3 Modulações M-árias
Em modulações binárias dado que os bits 0 e 1 são modulados, em sequência de pulsos
sinusoidais com amplitude (ASK), frequência (FSK) e fase (PSK) variáveis, associadas
ao bit a transmitir. No entanto este tipo de modulação não é eficaz quando se pretende
alcançar um número elevado de bits. Vem a necessidade de codificar mais do que um bit
ao mesmo tempo.
Com base no espaço de sinais, usa-se o método geométrico para traduzir o processo de
modulação. Como exemplo, o espaço cartesiano, onde um vetor pode ser descrito pela
combinação linear do par de vetores , (1,0) e (0,1), que são ortogonais entre si. Admitindo
como base este método, pode-se descrever dois canais cujos sinais que os modelam se
encontram em quadratura (defasadas em 90o e ortogonais como consequência), podendo
ser ilustrado graficamente na figura 2.

Figura 2: decomposição de um sinal nas componentes I e Q

A partir deste conceito é possı́vel definir, no que é usado recorrentemente em telecomu-

nicações, os canais I e Q (In-Phase e Quadrature). Estes sinais são funções trigonométricas
em quadratura: o seno e co-seno.
Nas modulações M-árias codificam-se k bits que irão dar origem a M sı́mbolos diferentes.

M = 2k (1)
Cada sı́mbolo é representado por um pulso sinusoidal e com duração correspondente
ao respectivo sı́mbolo. Deste modo pode-se definir o valor de tempo de sı́mbolo Ts , em
função do tempo de bit Tb .

Ts = Tb .k (2)

4
 A frequência de transmissão, ou ritmo binário, da transmissão digital é dado pela
fórmula 3, em que a taxa de sı́mbolos transmitidos é designada por baud rate [sı́mbolos/s].

Rb = Rs .log2 (M ) = Rs .k (3)
Todas as modulações binárias podem modular mais do que um bit, dando origem a
modulações como 4-ASK, 4-PSK e 4-FSK. A modulação M-PSK é mais utilizada com
amplitude constante, e com amplitude variável designado QAM (Quadrature Amplitude
Modulation).

4 Modulação QPSK
Em um sistema com modulação QPSK, um dos quatro possı́veis sinais é transmitido
durante cada intervalo de sinalização T, com cada sinal unicamente relacionado a pares
de bits. Por exemplo, podemos representar os quatro pares de bits possı́veis 00, 01, 10,
11 da seguinte maneira:

Tabela 1: Expressões de cada sı́mbolo para a modulação QPSK

Bits s(t) Fase

√ π
11 s(t) = ) 45 ◦
2Ac cos(2πfc +
4
√ 3π
01 s(t) = 2Ac cos(2πfc + ) 135 ◦
4
√ 5π
00 s(t) = 2Ac cos(2πfc + ) 225 ◦
4
√ 7π
10 s(t) = 2Ac cos(2πfc + ) 315 ◦
4

em que 0 ≤ t ≤ T. Logo, a portadora é transmitida com um dos quatro possı́veis

valores de fase (45 ◦ , 135 ◦ , 225 ◦ e 315 ◦ ), com cada fase correspondendo a um único par
de bits, como ilustra a figura 3.

5
Figura 3: Figura dos quatros possı́veis valores de fase, com cada um correspondente a
um único par de bits.

4.1 Transmissor QPSK

Na figura 4 temos o diagrama de blocos de um transmissor QPSK, que consiste em
um conversor serial-paralelo, um par de moduladores multiplicadores, um oscilador e um
deslocador de fase para gerar as duas ondas portadoras em quadratura e um somador.

Figura 4: Transmissor QPSK

A função do conversor serial-paralelo é representar cada par de bits sucessivo do fluxo

de dados binários de entrada m(t) em uma forma paralela. É evidente que o intervalo de
sinalização T em um sistema QPSK é duas vezes maior que a duração de bit Tb do fluxo
de dados binários de entrada m(t). Logo, para uma taxa de bits 1/Tb um sistema QPSK

6
exige metade da largura de banda de transmissão do sistema PSK binário correspondente.
De forma semelhante, um sistema QPSK transporta o dobro de bits de informação em
relação ao sistema PSK.

4.2 Receptor QPSK

O receptor QPSK consiste em dois detectores binários ou correlacionadores conectados
em paralelo como na figura 5.

Figura 5: Receptor QPSK

Um correlacionador calcula o cosseno e o seno da fase das portadoras. Calculando-se

os sinais algébricos das duas saı́das dos correlacionadores, uma resolução única acerca de
um dos ângulos de fase transmitidos é tomada. Dessa forma, podemos ver um sistema
QPSK como dois sistemas PSK binários operando em paralelo, com as duas portadoras
em quadratura e fase.

5 Simulação de um sistema de Modulação QPSK

Para elucidar este trabalho, vamos demonstrar uma simulação no Software Matlab 2 ,
com o código que se encontra no ANEXO 1.
A simulação entra com uma sequência de 8 bits [1 0 1 0 0 1 0 1] ilustrado na figura 6, onde
são convertidos para código de linha NRZ (non-return-to-zero) representado na figura 7.
2
O MATLAB, abreviação para MATrix LABoratory, é um software com linguagem simples e direta,
que realiza cálculos de engenharia,possui uma ampla biblioteca de funções matemáticas pré-definidas.
Essas funções permitem que problemas de programação sejam resolvidos de maneira simples.

7
 Figura 6: Sequência de bits para simulação

Figura 7: Representação NRZ para sequência em questão

A taxa de bits usada será de 1Mbit/s com uma frequência mı́ninma de portadora de
1Mhz, com uma duração de bit de 1 µs. Para o modulador é criado dois vetores, um para

8
componente de fase e outra em quadratura, onde são acomodados os bits para transmissão
de forma paralela, as duas componentes são somadas formando o vetor do sinal modulado,
as componentes junto com o sinal modulado estão ilustrado na figura 8.

Figura 8: Componentes em Fase e Quadratura e o sinal modulado

No demodulador o sinal precisa ser reconstruı́do, para isso, usamos o método de de-
tecção coerente em fase e quadratura, onde há o reconhecimento do sinal, e a integração
dos dados recebidos através da regra numérica trapezoidal, assim, reconstruindo os bits
que foram enviados, o resultado segue na figura 9.

9
 Figura 9: Resultado da simulação correspondente à modulação QPSK

6 Considerações Finais
Esta apresentação foi seguida por uma breve discussão sobre a técnica de modulação
QPSK, que é uma das modulações M-ários utilizadas em sistemas de comunicações di-
gitais. Com base destes conceitos, introduzimos em código um modelo que simulou
essa técnica, assim demonstrando o comportamento dada uma cadeia de bits, onde essa
sequência passa por uma modulação e posteriormente a demodulação, recuperando os
bits enviados. Chegamos a conclusão que no sistema QPSK é transmitido em uma dada
largura de banda, o dobro de bits de informação em relação, por exemplo, de uma sistema
BPSK coerente convencional com o mesmo desempenho de taxa de erro.

10
 Referências Bibliográficas
[1] HAYKIN, Simon; MOHER, Michael. Sistemas de comunicação. Porto Alegre: Bookman, 2011.
512 p. ISBN 9788577807253 (broch.).
[2] RAPPAPORT, Theodore S. Comunicações sem fio: princı́pios e práticas. 2. ed. São Paulo: Pear-
son Prentice Hall, c2009. xix, 409 p. ISBN 9788576051985 (broch.).
[3] FIALHO, Vitor Manuel de Oliveira. Modulações digitais. Lisboa: Instituto Superior de Engenha-
ria de Lisboa, 2011.
 Anexo I
1 % Modulador e Demodulador QPSK
2 % Este s c r i p t e n t r a com uma c a d e i a de b i t s , e s t e s passam a s e r
3 % r e p r e s e n t a d o s p e l o formato NRZ. Modulado e t r a n s m i t i d o
4 % para o r e c e p t o r onde p a s s a por um d e t e c t o r c o e r e n t e , r e c u p e r a n d o
5 % o sinal transmitido .
6
7 % Copyright ( c ) 2018 J a c i v a l d o Carvalho <j a c i v a l d o c a r v a l h o @ g m a i l . com>
8

9 clc ;
10 clear all ;
11 close all ;
12
13 dados =[1 0 1 0 0 1 0 1 ] ; % b i t s a t r a n s m i t i r
14

15 figure (1)
16 stem ( dados , ’ l i n e w i d t h ’ , 3 ) , g r i d on ;
17 t i t l e ( ’ b i t s a Transmitir ’ ) ;
18 axis ([ 0 8 0 1.5]) ;
19
20 dados NRZ=2∗dados −1; % Dados r e p r e s e n t a d o s no formato NRZ
21 s p d a d o s=r e s h a p e ( dados NRZ , 2 , l e n g t h ( dados ) / 2 ) ;
22
23
24 br =1000000; % Taxa de b i t s 1Mega
25 f=br ; % Freq . Minima da p o r t a d o r a
26 T=1/br ; % D u r a b i l i d a d e do b i t
27 t=T/ 9 9 :T/ 9 9 :T ; % Vetor de tempo para o b i t c o r r e n t e
28
29
30 % Modulador QPSK
31 y=[];
32 y in =[];
33 y qd = [ ] ;
34 f o r ( i =1: l e n g t h ( dados ) / 2 )
35 y1=s p d a d o s ( 1 , i ) ∗ c o s ( 2 ∗ p i ∗ f ∗ t ) ; % Componente em Fase
36 y2=s p d a d o s ( 2 , i ) ∗ s i n ( 2 ∗ p i ∗ f ∗ t ) ;% Componente em Quadratura
37 y i n =[ y i n y1 ] ; % Vetor do s i n a l em Fase
38 y qd =[ y qd y2 ] ; % Vetor do s i n a l em Quadratura
39 y=[y y1+y2 ] ; % Vetor do s i n a l Modulado
40 end
41
42 T x s i g=y ; % S i n a l a t r a n s m i t i r
43 t t=T/ 9 9 :T/ 9 9 : (T∗ l e n g t h ( dados ) ) / 2 ;
44
45
46 figure (2)
47
48 subplot (3 ,1 ,1) ;
49 p l o t ( t t , y i n , ’ l i n e w i d t h ’ , 3 ) , g r i d on ;
50 t i t l e ( ’ Componente em f a s e ’ ) ;
51
52 subplot (3 ,1 ,2) ;
53 p l o t ( t t , y qd , ’ l i n e w i d t h ’ , 3 ) , g r i d on ;
54 t i t l e ( ’ Componente em Quadratura ’ ) ;
55 y l a b e l ( ’ amplitude ( v o l t ) ’ ) ;
56
57
58 subplot (3 ,1 ,3) ;
59 p l o t ( t t , T x s i g , ’ r ’ , ’ l i n e w i d t h ’ , 3 ) , g r i d on ;
60 t i t l e ( ’ S i n a l modulado QPSK ’ ) ;
61 x l a b e l ( ’ tempo ( s ) ’ ) ;
62
63
64 % Demodulador QPSK
65 Rx dados = [ ] ;
66 R x s i g=T x s i g ; % S i n a l Recebido
67 f o r ( i = 1 : 1 : l e n g t h ( dados ) / 2 )
68
69 %% D e t e c t o r c o e r e n t e em f a s e
70 Z i n=R x s i g ( ( i −1)∗ l e n g t h ( t ) +1: i ∗ l e n g t h ( t ) ) . ∗ c o s ( 2 ∗ p i ∗ f ∗ t ) ;
71
72 Z i n i n t g =( t r a p z ( t , Z i n ) ) ∗ ( 2 /T) ;% i n t e g r a d o r usando r e g r a t r a p e z o i d a l
73 i f ( Z i n i n t g >0)
74 Rx in dado =1;
75 else
76 Rx in dado =0;
77 end
78
79 %% D e t e c t o r c o e r e n t e de q u a d r a t u r a
80 Z qd=R x s i g ( ( i −1)∗ l e n g t h ( t ) +1: i ∗ l e n g t h ( t ) ) . ∗ s i n ( 2 ∗ p i ∗ f ∗ t ) ;
81
82 Z q d i n t g =( t r a p z ( t , Z qd ) ) ∗ ( 2 /T) ;% i n t e g r a d o r usando r e g r a t r a p e z o i d a l
83 i f ( Z q d i n t g >0)
84 Rx qd dado =1;
85 else
86 Rx qd dado =0;
87 end
88
89
90 Rx dados =[ Rx dados Rx in dado Rx qd dado ] ; % Recebe o s dados
91 end
92
93 figure (3)
94 stem ( Rx dados , ’ l i n e w i d t h ’ , 3 )
95 t i t l e ( ’ b i t s Recebidos ’ ) ;
96 a x i s ( [ 0 8 0 1 . 5 ] ) , g r i d on ;
97

98 % Fim do Programa
qpsk.m