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MINICURSO KARL MARX

André Cressoni (PNPD –UFG)

TÍTULO: A DIALÉTICA DE KARL MARX

RESUMO: Na trajetória histórica da tradição dialética, Karl Marx é


certamente um nome de destaque. Dois motivos principais asseguram à obra de Marx
seu lugar nesta tradição: primeiro, pela arquitetônica de sua proposta dialética,
especialmente como é exposta em O Capital; segundo, pelo seu enfrentamento de um
dos maiores nomes do pensamento dialético, o alemão G.W.F. Hegel. Em nossa
exposição, buscaremos explorar ambos aspectos do pensamento de Marx. Exploraremos
o duplo sentido do título apresentado: tanto a dialética feita por Marx quanto a dialética
de seu pensamento da juventude à maturidade. Desta forma, em primeiro lugar,
analisaremos alguns aspectos da dialética do trabalho no texto Manuscritos Econômico-
Filosóficos, e com para a noção de ser genérico (Gattungswesen). Buscaremos
identificar alguns aspectos hegelianos presentes neste paradigma, para então
recuperarmos a crítica que Marx realiza em O Idealismo Alemão contra estes aspectos
hegelianos presentes no conceito de ser genérico. A autocrítica de Marx surge, assim,
como um sinal de um rompimento ainda maior com a dialética hegeliana, e que na obra
de maturidade incorrerá em duas frentes: um rompimento ontológico e um rompimento
metodológico, prometendo, com isso, uma formulação mais antitética do que
especulativa em O Capital. Como sequência, em segundo lugar, exploraremos a
dialética madura de Marx, tendo por foco O Capital. Através de uma abordagem da obra
a partir das noções de método de abstração e método de exposição, esclareceremos o
rompimento com a dialética ontológica de juventude. Estas análise nos levarão a um
rico arcabouço conceitual, como as diferenças conceituais entre essência e aparência,
possibilidade e efetividade, mecanismo e organismo. Este mapeamento conceitual
permitirá expandir a análise do método dialético de O Capital com o intuito de
identificar o rompimento metodológico. O foco, neste âmbito, incorrerá na
ressignificação da inversão (ümstulpen) da dialética hegeliana. Esse mote já bem
conhecido pela tradição marxista será interpretada pela via metodológica da
negatividade, realizando-se uma inversão da relação entre identidade e negação. Desta
forma, ao passo que a dialética hegeliana propõe uma metodologia da negatividade na
qual os momentos antitéticos coadunam-se paulatinamente na direção da constituição da
identidade especulativa da Ideia absoluta, o que se vê em O Capital, pelo contrário,
consiste em uma negatividade que depara-se com a identidade e a desconstrói ao trazer
à tona suas relações antitéticas internas constutivas (é assim com a noção de mercadoria,
valor, mais-valia, preço, etc.). A noção de capital em sua conceitualidade dialética será
um caso especial a ser explorado. A identidade do conceito de capital é constituída
através das relações antitéticas, o que o aproxima da noção de Ideia absoluta hegeliana.
Porém, continuando sua inversão, Marx demonstrará derradeiramente que a própria
identidade do conceito de capital é dissolvida lógica e históricamente no conceito de
luta de classes. Desta forma, concluiremos com a tese segundo a qual a possibilidade
lógica da conceitualidade especulativa do capital consiste, em si mesmo, em um
processo de efetivação da luta de classes como resultado e princípio das relações
antitéticas aparentemente (ao nível lógico) e temporariamente (ao nível histórico)
subsumidas pelo capital. Em outras palavras, o capital existe, logica e historicamente,
no interior da região antitética da luta de classes e, por isso mesmo, será
derradeiramente submetida ao tribunal da razão dialética.

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