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O GLOBO G PROSA & VERSO G PÁGINA 1 - Edição: 1/10/2005 - Impresso: 30/09/2005 — 01: 55 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Sartre: A vida Especial: O


do pensador e
de Simone de
Beauvoir G 3 PROSA&VERSO SÁBADO, 1 DE OUTUBRO DE 2005
brilho das festas
populares de
Nova Orleans G 6

Editoria de arte a partir de mapa de J. E. Harris

ROTAS DA ESCRAVIDÃO Árabe Europeu Destinos


As cores identificam os responsáveis pelo comércio de escravos saídos da
África, do início do século XVII até 1873. A maior parte dos negros Árabe e europeu No interior ou pontos
escravizados foi vendida por europeus no continente americano. Houve da África de trânsito
Liverpool Rota de trabalhadores
africanos que deixaram espontaneamente o seu continente, mas o de escravos
Londres condenados
número não é grande nesse período. Esse movimento não foi incluído Bristol
no mapa, publicado em 1990 pelo pesquisador Joseph E. Harris. Paris
Bordeaux
Quebec Gênova Veneza
Montreal Marselha Roma
Barcelona Toulon Istambul
Nova York Lisboa Nápoles
Granada Anatólia
Richmond Sevilha
Charleston Bagdá
Nova Basra Shiraz Nagasaki
Orleans Mobile Alexandria Hangzhou
Cairo Bandar Abbas
Ormuz Karachi Gujarat Cantão
Cidade Jedda Meca Diu Bengala Calcutá Macau
Arguín Mascate
do México Suakin BombaimHyderabad
Veracruz Cartum Hodeida
Massava Mocha
Aden Goa
Cartagena Zeila Cochin
Adada Barbena
Quidab Lagos
Elmina Bonny Málaca
Mombas Sarawak
Calabar
Mombasa
Cabinda
Pernambuco Luanda Kuwa
Callao Lima Salvador
Ibo
c ar
a gas
Quelimane
Mad

Rio de Janeiro

Cidade
Montevidéu
Valparaíso do Cabo
Santiago
Buenos
Aires TASMÂNIA
Hobart

Diáspora africana
Conferência internacional no Rio reúne negros que discutirão sua cultura e desafios
AP/11-04-2001
Rachel Bertol classe social nos EUA. Mesma convergência
que há em outros lugares, como o Brasil, daí a
swad significa negro em árabe. obrigação, afirma Harris, que virá ao Rio, de

A
É também o nome de uma ban- um congresso como este propor soluções.
da inglesa de reggae criada nos O coordenador geral dessa III Conferência In-
anos 70 e, ultimamente, a pala- ternacional da Diáspora Africana, o antropólo-
vra tem se tornado conhecida go Julio César de Tavares, professor da Univer-
como a sigla em inglês da As- sidade Federal Fluminense, destaca que ne-
sociação para o Estudo da nhum tipo de conhecimento se fortalece sem
Diáspora Africana no Mundo, “a radicalidade da experiência”. E a própria
criada há cinco anos em Nova York. A partir idéia de diáspora, inspirada na tradição judai-
da próxima quarta-feira, a Aswad realiza no ca, ainda não seria suficientemente difundida,
Rio, no Hotel Sofitel, até sexta-feira, seu tercei- notadamente entre pesquisadores brasileiros
ro encontro internacional, depois dos con- — embora o Brasil tenha a segunda maior po-
gressos de Nova York (2001) e Chicago (2003). pulação de negros no mundo (cerca de 80 mi-
Serão apresentados 330 trabalhos, cerca de lhões), depois da Nigéria (120 milhões).
70% produzidos em universidades america- — O evento permite essa experiência, cria
nas, boa parte por pesquisadores negros. É um espaço alternativo de reflexão. É uma arena
uma espécie de Fórum Social da Diáspora, política que se fortalece — diz Tavares, que fez
com perfil marcadamente acadêmico: a partir circular no meio acadêmico, entre janeiro e
de discussões sobre temas variados — das ar- maio, um chamado para participação no con-
tes visuais à Aids, da literatura à economia, do gresso (só Joseph E. Harris foi oficialmente con-
hip hop à religião etc — não se descarta a pro- vidado). — A pesada presença americana se
posição de idéias para a melhora das condi- deve à tradição na temática, afinal são mais de
ções de vida de negros em todo o mundo. cem anos de produção intelectual sobre o te-
Como lembra o americano Joseph E. Harris, ma. No fim do século XIX já havia teses de dou-
pesquisador que em 1990 publicou o ainda torado sobre a presença africana fora da África
pouco conhecido no Brasil mapa da diáspora e as relações raciais, escritas por negros ame-
— com o qual, pela primeira vez, visualizaram- ricanos. Aqui entre nós, são poucos os que se
se os caminhos da dispersão africana no trá- interessam pelo assunto: por quê? Bem, você
fico de escravos — a tragédia em Nova Or- sabe que a produção de conhecimento tem re-
leans, devastada pelo Katrina, mostrou mais lação com duas coisas no mundo das institui-
uma vez a profunda convergência entre etnia e PROTESTO EM Cincinnati, nos EUA, contra policiais que haviam matado um adolescente negro ções: dinheiro e poder. Continua na página 2

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