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ABMA Associacao Brasileira de Medicina Antroposofica Rudolf Steiner Doencga e Cura Erro e Loucura Duas palestras proferidas em 28 de abril de 1910 Direitos de Publicagao: Associagao Brasileira de Medicina Antroposéfica ‘S40 Paulo - Novembro/98 Doenga e Cura Das palestras que neste inverno pude dar aqui (metamorfoses da vida animica), aqueles que so ouvintes mais ou menos constantes certamente vo depreender com nitidez que, neste ciclo de palestras, estamos tratando de uma série de perguntas incisivas sobre a alma. Hoje, a exposi¢ao também deveré ser dada do ponto de vista de uma pergunta at a exposig&o sobre a esséncia da doenga e sobre a esséncia da cura. Aquilo que se pode dizer do ponto de vista da Ciéncia Espiritual sobre os correspondentes fatos da vida, na medida em que so somente expressdio fisica de causas espirituais, j4 foi abordado ‘em palestras anteriores, por exemplo, na palestra “Como Entender Doenga e Morte" (aparecera na série da Segao Médica do Goetheanum), o “Delirio da Doenca" e a “Febre da Saiide’, (vide revista 3 da série de escritos da Seg&o Médica no Goetheanum). Hoje trataremos de perguntas bem mais profundas, no que se refere ao conhecimento de doenga e satide. ‘A doenga, a cura, como também o éxito letal desta ou daquela doenga interferem profundamente na vida humana. E se nds nos perguntarmos continuamente sobre todas as pré- condigdes, sobre as profundezas e bases espirituais das coisas que fundamentam as nossas observagoes, entdo poderemos também perguntar aqui, frente a estes fatos t&o decisivos da vida, ‘sobre as suas origens espirituais. Com outras palavras, poderemos levantar a questo: O que tem a Ciencia Espiritual a dizer sobre tais vivencias? Por certo, ai temos que olhar profundamente, mais uma vez, para dentro de todo o sentido do desenvolvimento desta vida humana, para que nos fique claro como, no decurso normal do desenvolvimento do homem, se podem colocar doenga, sade, morte, cura. Pois na realidade vemos esses fendmenos se colocarem dentro do desenvolvimento sadio do homem. Sera que colaboram, de alguma forma, para 0 nosso desenvolvimento? Com outras palavras: eles nos favorecem no nosso desenvolvimento ou nos atrapalham, colocando-nos para tras? Somente chegaremos a um conceito claro desses fendmenos, se, também neste caso, levarmos em consideragdo a natureza global do ser humano. Essa natureza global, jé descrita aqui por nés com freqliéncia, compée-se dos quatro membros reais da esséncia humana: em primeiro lugar, do corpo fisico, que © homem tem em ‘comum com todos os seres minerais da sua redondeza, que tem suas formas das forcas ‘cosmofisicas e quimicas que the so inerentes; 0 segundo membro da esséncia do homem é ‘chamado sempre de corpo etérico ou vital, @ dissemos que o homem o possui, da forma como nés falamos dele, em comum com tudo 0 que é vivo, ou seja, em comum com os seres vegelais animais da sua redondeza; em seguida fizemos referéncias a0 corpo astral que © homem possui como terceiro membro da sua natureza, sendo ele 0 portador de prazer e sofrimento, de alegria © dor, de todas as sensacdes, representagSes, pensamentos que flutuam dentro de nés desde a manha até a noite. Esse corpo astral, 0 homem somente 0 tem em comum com o mundo animal ao seu redor; e entéo observamos sempre o membro superior do ser humano, aquele que o toma a coroa da criagdo terrestre, 0 portador do seu Eu, da sua autoconsciéncia. Focalizando esses quatro membros, podemos por enquanto dizer o seguinte: uma determinada diferenga entre estes quatro membros & evidente para nds, mesmo numa observago mais superficial. Temos o corpo fisico frente a nés, 2 © corpo etérico indica em diregdo ao interior do homem, ao corpo astral, a0 passo que, de outro lado, 0 Eu do homem leva de encontro ao mundo exterior, em direg&o ao mundo fisico que nos circunda, ‘Também ja salientamos repetidas vezes que o homem leva uma vida altemante. Podemos observar essa altemancia todos os dias. Vemos na alma do homem, a partir do momento em que acorda de manna, todas as experiéncias do corpo astral, que flutuam para cima e para baixo, e dor, prazer e softimento, sensagbes e representagbes, etc.. Vemos como a noite essas submergem em uma escuridéo indefinida, como o corpo astral e 0 Eu entram no estado de inconsciéncia ou, melhor dizendo, no estado de subconsciéncia. Também salientamos as razées elas quais o homem passa, dia apés dia, por esses estados de altemancia. Quando focalizamos 0 homem no estado de vigilia, assim como ele nos parece de manha até a noite, esto entrelagados, ‘os seus efeitos, os corpos fisico, etérico, astral e Eu. Quando o homem adormece a noite, revela-se Aconsciéneia oculta, que na cama permanecem deitados 0 corpo fisico € 0 etérico; 0 corpo astral © Eu, que se retiram do corpo fisico e etérico, retornam a sua propria patria, ao mundo espiritual. Num certo sentido, podemos ainda arranjar uma outra nomenclatura, que permitira nos entendermos adequadamente sobre as questdes que apresentarei hoje. Podemos dizer: 0 que denominamos de corpo fisico e o que tivemos que descrever como sendo 0 corpo que 86 nos mostra seu lado extemo, vai como homem extemo, durante 0 sono, para fora, para dentro do mundo fisico e carrega consigo 0 corpo etérico, o mediador entre o externo © 0 interno. Por isso 6 que no homem adormecido ndo pode existir uma mediago entre o extemo ¢ 0 intemo, visto que 0 corpo etérico, 0 mediador, foi junto com o fisico para o mundo exterior. Assim, ‘num certo sentido, poderemos dizer: no homem que dorme, os corpos fisico e etérico so, na ‘ealidade, apenas homem extemo; podemos, de certa forma, descrever 0 corpo fisico eo etérico como *homem exterior’, mesmo que 0 corpo etérico seja o mediador do homem externo para o intemo. Em contraste, podemos descrever 0 corpo astral e o Eu, no homem que dorme, como *o homem interior’. E podemos dizer isto também quanto ao homem acordado, pela razo de que todas as experiéncias do corpo s4o vivenciadas no estado normal, de uma forma intema, porque também aquilo que 0 Eu pode reconhecer no estado acordado do mundo extemo é recebido pelo mundo interior do homem, para Ié ser elaborado em cognig&o. O que é extemo se toma algo intemo, através do Eu. Isto tudo mostra que podemos falar de um homem ‘extemno™ e de um homem “interno”, 0, homem externo constituido de corpo fisico e etérico, o homem interno sendo formado pelo Eu e pelo corpo astral. Procuremos, pois, entender agora a assim chamada vida humana normal, observando seu sentido dentro do seu desenvolvimento. Podemos, entéo, perguntar-nos: por que seré que na realidade © homem volta todas as noites com o seu corpo astral e 0 seu Eu ao mundo espiritual? Isto tem um determinado sentido? © mergulho dentro do estado de sono tem um sentido para 0 homem? Tais coisas ja foram focalizadas aqui, mas precisamos delas decisivamente para 0 nosso questionamento hoje. Temos que conhecer o desenvolvimento normal para podermos compreender as leis aparentemente anormais da natureza, que se manifestam em sade e cura. Por que today ‘noite 0 homem volta a entrar em um estado de sono? Compreenderemos isto somente quando visualizarmos toda aquela correlagéo existente entre nosso corpo astral e 0 Eu com aquilo que chamamos de “homem extemno". Consideramos 0

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