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RESPOSTA:

A forma de "Trabalho Intermitente" se caracterizaria pela natureza do


trabalho a ser executado, embora não haja a continuidade do serviço, é um
trabalho que gera uma expectativa de ocorrência frequente, ainda que não
rotineira, dentro das nas atividades habituais do empregador. A inserção do
trabalho intermitente na condição de trabalho sob vínculo empregatício traz a
necessidade de ampliar os conceitos de "Vínculo de Emprego", assim como um
novo entendimento sobre a Habitualidade e dos poderes disciplinares e
diretivos do empregador. A contratação de empregado para prestação de
serviços de conteúdo intermitente também rompe com o paradigma de
obrigações contratuais no âmbito do Direito do Trabalho. Não estando
obrigado a contraprestação de um salário e somente ao pagamento de horas
requisitadas e trabalhadas, o empregado é dono do seu tempo e pode recusar a
prestação do trabalho, sem gerar ato de subornação.
O requisito da "Não Eventualidade", ou mesmo Habitualidade,
estampado no artigo 3º da CLT é condição para a caracterização do vínculo
empregatício. Embora haja na doutrina e jurisprudência uma discussão sobre o
que se entende por não eventual, não se confunde com o conceito de
continuidade, usado para empregados domésticos. Ocorre que, para que o
requisito da "habitualidade" esteja presente, não há exigência concreta de dias
de trabalho, contudo é imprescindível que haja expectativa de trabalho.
Diante disso não há como se excluir totalmente a Habitualidade desse
conceito. Outrossim, a Habitualidade em conceito amplo é usado para a
caracterização do vínculo Empregatício por trabalho comum, estando o
trabalho intermitente condicionado a requisitos diferentes desse. Para a
condição de Vinculo de Emprego tradicional o requisito de Habitualidade
continua a ser exigido da mesma forma.
Ainda, segundo Maurício Godinho Delgado e Vólia Bomfim, pode-se
entender algumas teorias sobre a controvérsia:
- Teoria da Descontinuidade: que prega que se deve analisar se o labor não se
configura de forma esporádica ou descontínua, no ponto de vista do
empregador.
- Teoria do evento: que entende por habitual o trabalho não exercido apenas
para um determinado evento, como uma colheita para exemplo, havendo,
portanto, repetição indiscriminada da atividade;
- Teoria da fixação jurídica ao Tomador de serviço: segundo a qual a
Eventualidade é o que não se fixa a uma determinada fonte de trabalho, sendo
a Habitualidade a atividade fixada ao labor para um mesmo tomador. Esta
doutrina, muito embora, não seja aceita pela doutrina majoritária, pois
exclusividade não seria requisito para formação de vínculo citando por exemplo
trabalho prestado por médicos e professores.
- Teoria dos fins do empreendimento; por fim e não menos importante, na
visão do já citado doutrinador Maurício Godinho Delgado, esta seria a
formulação mais privilegiada entre as teorias, já que:
“Informa tal teorização que eventual será o trabalhador
chamado a realizar tarefa não inserida nos fins normais
da empresa — tarefas que, por essa mesma razão, serão
esporádicas e de estreita duração. Délio Maranhão adere
a tal teoria, sustentando que: “Circunstâncias transitórias,
porém, exigirão algumas vezes admita‑se o trabalho de
alguém que se destina a atender a uma necessidade, que
se apresenta com caráter de exceção dentro do quadro
das necessidades normais do empreendimento. Os
serviços prestados serão de natureza eventual e aquele
que os prestar — trabalhador eventual — não será
empregado” MARANHÃO, Délio. Direito do trabalho.
14. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987.
p. 49‑50.) Completa o autor que a “...aferição da natureza
eventual dos serviços prestados há de ser feita tendo em
vista os fins normais da empresa”(MARANHÃO, D.,
ob. cit., p. 50)” (Curso de direito do trabalho / Mauricio
Godinho Delgado. — 16. ed. rev. e ampl..— São Paulo :
LTr, 2017. pág 318.).”
Assim sendo, a Doutrina atual e a Jurisprudência majoritária têm
caminhado na ideia da caracterização de um novo tipo de vínculo empregatício,
ainda que "sui generis". Ficando claro que se configurado a Habitualidade do
labor, ainda que na modalidade intermitente, estaria caracterizado o vínculo
empregatício pelos os demais requisitos e função social, uma vez que se entende
por “não eventual a atividade laboral exercida de forma contínua ao mesmo
empregador, tendo caráter de continuidade, ainda que em breve lapso
temporal”.

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