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CATARINA — Anda! Sai daqui, traidor! CATARINA — Anda! Sai daqui traidor!

(Bate me Grúmio.) Tu só me alimentas com (Bate em Grúmio) eu vou chutar o seu


o nome dos pratos! Desgraça para ti e para traseiro se não me trazer algo para comer
toda a malta que triunfa assim de minha agora mesmo!
desgraça! Vamos, vai andando, estou
(Entra Petruchio e Hortênsio trazendo um
dizendo! (Entram Petruchio e Hortênsio
prato de carne).
trazendo um prato de carne).
PETRUCHIO — Como vai minha Doce
PETRUCHIO — Como está, minha Catita?
Catarina? Está muito triste?
Como, minha querida, muito abatida?
HORTÊNSIO — Como vai minha senhora?
HORTÊNSIO — Como estais passando,
CATARINA — Juro que com tanto frio
minha senhora?
quanto seja possível.
CATARINA — Juro que com tanto frio
PETRUCHIO — Cria ânimo olhe
quanto seja possível.
alegremente. Toma, meu amor. Está vendo
PETRUCHIO — Cria ânimo e olha-me como sou cuidadoso com ti. Eu mesmo
alegremente. Toma, meu amor. Estás vendo preparei tua comida e estou aqui com ela.
como estou cheio de atenções. Eu mesmo Estou certo, meu amor, de que tanta
preparei tua comida e estou aqui com ela. bondade merece agradecimento. Como!
Estou certo, querida Catita, de que tanta Nem uma palavra? Ah! Estou vendo então
bondade merece agradecimento. Como! que não gostas disto e tive tanto trabalho
Nem uma palavra? Ah! Estou vendo então para fazer. Vou tirar o prato daqui.
que não gostas disto e tive tanto trabalho em
CATARINA — Por favor, pode deixar.
pura perda. Levai este prato daqui!
PETRUCHIO — O serviço mais
CATARINA — Por favor, deixai-o ficar.
insignificante merece um agradecimento.
PETRUCHIO — O serviço mais
Só vai comer a comida quando me
insignificante merece um agradecimento.
agradecer.
Por conseguinte, só tocareis no prato se me
agradecerdes. CATARINA — Muito CATARINA — Muito obrigada, senhor.

obrigada, senhor. HORTÊNSIO — Signior HORTÊNSIO — Senhor Petruchio, que é

Petruchio, que isto? Isto não se faz. Vou fazer companhia


a senhora.
é isto? Isto não se faz! Vinde, Senhora PETRUCHIO — (À parte.) Come tudo,
Catarina, eu vos farei companhia. Hortênsio, se gostas de mim. O que está
PETRUCHIO — (À parte.) Come tudo, nesse prato possa fazer muito bem a teu
Hortênsio, se gostas de mim. Que este prato gentil coração! amor, come depressa... E
possa fazer muito bem a teu gentil coração! depois, voltaremos para a casa de teu pai.
Catita, come depressa... E depois, meu Vai se arrumar adequadamente. Então, já
querido amor, voltaremos para a casa de teu acabou? O alfaiate está à tua disposição para
pai. Vais vestir-te elegantemente com te deixar linda.
vestidos de seda, chapéus, anéis de ouro,
Entra alfaiate mostra o que você trouxe,
golas de folhos, punhos, anquinhas, e outras
mostrai o vestido.
coisas mais, junto com charpas, leques,
guarnições sobressalentes, bem como (Entra o modista.) quais as novidades

braceletes de âmbar, colares e outras senhor?

bagatelas mais. Então, já jantaste? O MODISTA — Trouxe a toca que a Senhoria

alfaiate está à tua disposição para adornar encomendou.

teu corpo com o tesouro PETRUCHIO — Como! Isto foi feito! Um

https://sanderlei.com.br/ prato de veludo! Tira daqui! É horrível!

https://sanderley.com/ Parece uma concha ou uma casca de noz,

https://sanderleisilveira.com.br/ um brinquedo, uma touca de criança. Tira


daqui traga um maior
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CATARINA — Não quero maior. Este está
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na moda e assim estão usando as damas
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elegantes.
de suas mais ricas fazendas. (Entra um
PETRUCHIO – Quando você for uma
Alfaiate.) Aproximai-vos, alfaiate, e deixai-
pessoa delicada terás um desses enquanto
nos ver estes enfeites. Mostrai o vestido.
isso não
(Entra um Mascate.) Que trazeis de novo,
senhor? MASCATE — Trouxe o gorro que HORTÊNSIO — (À parte.) Não será tão

Vossa Senhoria encomendou. cedo.

PETRUCHIO — Como! Isto foi moldado CATARINA —Senhor posso falar do jeito

numa gamela! Um prato de veludo! Tira que eu quero não sou nenhuma criança; e se

daqui! Tira daqui! É inconveniente e não quiser escuta, é melhor que tampe os

escandaloso! Parece ouvidos. E outra a boca e


uma concha ou uma casca de noz, uma minha e eu falo o que quiser.
bagatela, um brinquedo, um logro, uma
PETRUCHIO — Como! Você disse, é
touca de criança. Tirai-o daqui, vamos, e
verdade. Esta toca é horrível, uma casca de
trazei-me um maior. CATARINA — Não
noz. Gosto tanto de você que não posso ver
quero maior. Este está na moda e assim
você usando isso.
estão usando as damas elegantes.
PETRUCHIO — Quando fordes delicada, CATARINA —Goste ou não de mim, eu

tereis um igual; mas, não antes48. gostei da toca e ficarei com ela.

HORTÊNSIO — (À parte.) Não será tão (Sai o Mascate.)


cedo. CATARINA — Sabei, senhor, se
PETRUCHIO — Teu vestido? Mostre ele
posso ter a liberdade de falar e quero falar,
alfaiate: Misericórdia, meu Deus! Que
que não sou criança, nem bebê. Pessoas
palhaçada é esta? Que é isto! Cortado de
melhores que vós aguentaram minha
cima para baixo como uma torta de maçãs?
franqueza; e se não quiserdes suportá-la, é
Ela parece está todo cheio de furo, em nome
melhor que fecheis os ouvidos. Minha
do diabo como você chama isso alfaiate?
língua exprimirá o ressentimento de meu
coração ou, se a prendesse, meu peito HORTÊNSIO — (À parte.) Estou vendo
arrebentaria e, antes que isto suceda, quero que não vai ter nem a touca nem vestido.
ser livre e falar como quiser. PETRUCHIO ALFAIATE — Você me mandou
— Como! Estás dizendo a verdade. Este encomendar a roupa que está na moda.
gorro é horrível, uma crosta de creme, uma
PETRUCHIO — Sim, é verdade! Mas, se
quinquilharia, uma torta de seda. Gosto
estou lembrado você, disse que combinaria
tanto de ti que não posso ver-te com isto.
com a moda do dia. Vamos voltar logo para
CATARINA — Gostes ou não de mim, eu
casa, porque freguês eu não sou mais seu e
gosto do gorro e ficarei com este ou com
faça o que quiser com isto.
nenhum outro. (Sai o Mascate.)
CATARINA — Nunca vi um vestido tão
PETRUCHIO — Teu vestido? Ah! Sim.
perfeito e elegante, você que me fazer uma
Vinde, alfaiate; deixai-nos vê-lo.
boneca?
Misericórdia, meu Deus! Que fantasia é
esta? Que é isto? Uma manga? Parece uma PETRUCHIO — Essa é a verdade. Ele
bombarda. Como! Cortado de cima para queria fazer de você vira uma boneca.
baixo como uma torta de maçãs? Aqui está ALFAIATE — Ela diz que queria fazer dela
cortado e uma boneca.
recortado, novamente cortado, talhado, e PETRUCHIO — Ó seu arrogante! mentira
retalhado. Parece estufa de barbearia! Vai seu tonto, pateta, besta! Que me intimidar
para o diabo, alfaiate! Que nome dás a isto? em minha própria casa? Para trás, farrapo,
HORTÊNSIO — (À parte.) Estou vendo retalho, sobra, ou vou bater em você de um
que não terá nem gorro nem vestido. jeito que não vai se esquecer! Repito você
ALFAIATE — Vós me encomendastes que estragou o vestido.
o fizesse cuidadosamente na moda.
ALFAIATE -Você está enganado foi feito
PETRUCHIO — Sim, é verdade! Mas, se
do jeito que me chefe pediu. Grúmio deu a
vos lembrais, não vos disse que o estragasse
ordem de como deveria ser feito.
de acordo com a moda do dia. Vamos,
GRÚMIO —eu não dei nenhuma ordem,
saltai- me todos os regatos, para que não
dei o pano.
seja obrigado a fazer-vos pular, senhor,
corno costumo. Não quero nada disto. Fora ALFAIATE — Mas como queria que ele

daqui! Fazei o que melhor vos pareça. fosse feito?

CATARINA — Nunca vi vestido mais GRÚMIO — Ora, senhor, com agulha e


bem-feito, mais elegante, mais agradável, linha.
nem mais perfeito. Parece que quereis fazer ALFAIATE — Mas, não pediu que ele
de mim uma boneca. fosse Cortado.

PETRUCHIO — Essa é a verdade. Ele GRÚMIO — Mediste muitas coisas


queria fazer de ti uma boneca. ALFAIATE — É verdade.

ALFAIATE — Ela diz que Vossa Senhoria GRÚMIO — Não me testa. Fizeste muitos
pretende fazer dela uma boneca. homens de besta não te faças de besta

PETRUCHIO — Ó monstruosa arrogância! comigo. Não quero que me testem nem que

Mentes, linha, dedal, jarda, três quartos, me enfrentem. Eu disse ao seu chefe para

metade, quarto de jarda, Deixar-me-ei cortasse o vestido mais não picasse ele em

intimidar em minha própria casa por uma pedaços

meada de linha? Para trás, farrapo, retalho, ALFAIATE —Para confirma o que eu disse

sobra, ou vou medir-te com tua jarda, de aqui está a nota da encomenda.

maneira que não esqueças jamais em tua PETRUCHIO — Lê-a.

vida teus unha49, pulga, lêndea, grilo do


inverno!
GRÚMIO —Enfiarei essa nota pela ALFAIATE — (Lê.) “imprimis, um vestido
garganta se ele continuar a afirmar que falei bem folgado.”
coisas semelhantes mexericos! Repito-te
GRÚMIO — Chefe, se algum dia eu disse
que tu estragaste o vestido.
um vestido bem folgado, pode me espancar
ALFAIATE — Vossa Senhoria está até a morte. Eu disse um vestido.
enganado. O vestido foi feito exatamente
PETRUCHIO — Continua.
como ordenou meu patrão. Grúmio deu a
ordem de como deveria ser feito. GRÚMIO ALFAIATE — (Lê.) “Com uma gola

— Eu não lhe dei ordem; eu lhe dei o pano. pequena e arredondada.”

ALFAIATE — Mas, como desejáveis que GRÚMIO-- A gola eu confesso.

ele fosse feito? ALFAIATE — (Lê.) “Com um manga

GRÚMIO — Ora, senhor, com agulha e larga.”

linha. GRÚMIO — Confesso duas mangas.

ALFAIATE — Mas, não pedistes que ele ALFAIATE — (Lê.) “As mangas

fosse cortado? cuidadosamente cortadas.”

GRÚMIO — Mediste muitas coisas. PETRUCHIO — Sim, aí está o errado

ALFAIATE — É verdade. GRÚMIO — O erra é da nota, senhor; o


erro é da nota. Eu mandei que as mangas
GRÚMIO — Não me meças. Fizeste
fossem cortadas e logo costurar. Eu te
muitos homens soberbos; não te faças de
provarei.
soberbo comigo. Não quero que me meçam,
ALFAIATE — É verdade o que estou
nem que me enfrentem. Digo-te na cara.
dizendo e se estivesses em outro lugar, tu
Encarreguei teu patrão de cortar o vestido,
mas não que o cortasse em peças. Ergo, tu já te recordarias

mentes. GRÚMIO — Estou à tua disposição.

ALFAIATE — Ora, aqui está a nota do Apanha a nota, dá-me tua medida e não me

feitio. Ela servirá de testemunha. poupem.

PETRUCHIO — Lê-a. HORTÊNSIO — Deus vos proteja,

GRÚMIO — A nota mente pela boca dele, Grúmio! Assim, ele não terá vantagem.

se ela disser que eu disse isso. PETRUCHIO — Bem, senhor, em


ALFAIATE — (Lê.) “imprimis, um vestido poucas palavras: o vestido não é para mim.
com blusa larga.”
GRÚMIO — Tendes razão, senhor; é para
GRÚMIO — Patrão, se algum dia eu disse minha patroa.
um vestido com blusa larga que me cosam
PETRUCHIO —Vamos leve ele logo para
nas saias e que me batam até a morte com
seu chefe usar como ele quiser
uma meada de linha marrom. Eu disse um
GRÚMIO — Toma cuidado se tem amor a
vestido.
sua vida, leva o vestido da patroa para o
PETRUCHIO — Continua. chefe usa como ele quer

ALFAIATE — (Lê.) “Com um pequeno PETRUCHIO —O que quer me dizer com


cabeção arredondado.” isso?

GRÚMIO — Confesso o cabeção. GRÚMIO — Ó senhor, deve levar o vestido


ALFAIATE — (Lê.) “Com uma manga de minha patroa para uso de meu patrão!
larga.” Oh! Fora, fora, fora!

GRÚMIO — Confesso duas mangas. PETRUCHIO — (À parte.) Hortênsio, fala


ALFAIATE — (Lê.) “As mangas que pagarás ao alfaiate. Sai daqui, anda e
cuidadosamente cortadas.” nem uma palavra mais.
HORTÊNSIO — Alfaiate, vou te pagar o
PETRUCHIO — Sim, aí está a vilania
vestido amanhã agora vá embora cuida!
GRÚMIO — O erra é da nota, senhor; o
erro é da nota. Eu mandei que as mangas PETRUCHIO — Bem, vinde minha
fossem cortadas e logo cosidas. Eu te Catarina, vamos para a casa de seu pai com
provarei, embora teu dedo mínimo esteja estas roupas simples e decentes. Vamos
armado com um dedal. partir para se diverti na casa de teu pai. Vai,
chama meus criados e vamos
ALFAIATE — É verdade o que estou
imediatamente; levem nossos cavalos para
dizendo e se estivesses em outro lugar, tu já
a estrada. Lá montaremos e daremos um
te recordarias.
passeio a pé. Vejamos. Creio
GRÚMIO — Estou à tua disposição.
Apanha a nota, dá-me tua jarda e não me
poupem.

HORTÊNSIO — Deus vos proteja,


Grúmio! Assim, ele não terá vantagem.
PETRUCHIO — Bem, senhor, em poucas que já devem ser sete horas e bem
palavras: o vestido não é para mim. poderemos chegar na hora do jantar
CATARINA — Ouso dizer, de que são
GRÚMIO — Tendes razão, senhor; é para
quase duas horas. Não chegaremos a tempo
minha patroa.
para o jantar
PETRUCHIO — Vamos, e guarda-o para
PETRUCHIO — Serão sete horas antes de
uso de teu patrão.
montarmos, preste bem atenção quando eu
GRÚMIO — Vilão, de maneira alguma! digo, faço ou do ideia de fazer algo você
Por tua vida! Levar o vestido de minha sempre me contraria. A partir de hoje
patroa para uso de teu patrão! PETRUCHIO quando formos sair a hora que eu disse vai
— Que é isto, senhor? Que pretendes dizer estar certa.
com isso?
HORTÊNSIO — Ora, esse homem que
GRÚMIO — Ó senhor, a opinião é mais mandar até no tempo (Saem.)
profunda do que supondes. Levar o vestido
de minha patroa para uso de meu patrão!
Oh! Fora, fora, fora! CENA IV

PETRUCHIO — (À parte.) Hortênsio, fala Diante da casa de Batista, em Pádua.


que pagarás ao alfaiate. Sai daqui, anda e Entram Trânio e o Pedagogo vestido como
nem uma palavra mais. Vicêncio.

HORTÊNSIO — Alfaiate, eu te pagarei o TRÂNIO : Senhor, essa e a casa. Quer eu


vestido amanhã. Não leves a mal estas toque?
palavras impetuosas. Vai-te, estou
PROFESSOR: E por que não? Se não me
mandando! Meus cumprimentos a teu
engano conheci o Batista a vinte anos na
patrão. (Sai o Alfaiate.)
Gênova acho que ele lembra de mim,
PETRUCHIO — Bem, vinde minha estávamos hospedados na estalagem do
Catarina, iremos para casa de vosso pai com Pégaso.
estes trajes simples e decentes. Nossas TRÂNIO: Isso mesmo. Em qualquer
bolsas estão cheias, pobres, nossas roupas. circunstância você deve falar com seu pai
É a alma que enriquece o corpo. Assim,
PROFESSOR: Eu garanto... (Entra
como o sol rompe através das nuvens mais
Biondello.) Mas, senhor, está chegando
escuras, assim a honra assoma através da
roupa mais pobre. Por acaso, o gaio é mais
precioso do que a cotovia, porque suas o mordomo. Seria bom se déssemos uma
penas são mais belas? Ou a víbora vale mais lição.
do que a enguia, porque as cores de sua pele
TRÂNIO — Pode ficar tranquilo. Olá
agradam à vista? Oh! não, boa Catita! Nem
Biondello, chegou o momento de cumprir o
tu perderás nada de teu valor só porque
seu dever, estou chamando sua atenção.
tenhas estes pobres aprestos e um traje
Imagino que seja o verdadeiro Vicêncio.
simples. Se te sentes envergonhada, atira a
BIONDELLO —Ora! não tenha medo de
culpa em mim. E, assim, mostra-te alegre.
mim.
Vamos partir para festejarmos e divertir-nos
em casa de teu pai. Vai, chama meus criados TRÂNIO — Deu o recado a Batista?

e partamos imediatamente; levem nossos BIONDELLO — Disse que nosso pai

cavalos para a extremidade do beco largo. estava em Veneza, e que nós vamos esperar,

Lá montaremos e até lá daremos um passeio hoje, em Pádua.

a pé. Vejamos. Creio que já devem ser sete (Pádua diante da casa de Batista. Entram
horas e bem poderemos chegar na hora do Trânio , Biondello e o professor ,vestido
jantar. como Vicêncio.)

CATARINA — Ouso garantir-vos, senhor, TRÂNIO: — Agora e a hora. Vejo Batista


de que são quase duas horas. Não chegando. Todos em suas posições!
chegaremos a tempo para a ceia. (Entram Batista e Lucêncio.)
PETRUCHIO — Serão sete horas antes que
TRÂNIO: — Senhor Batista, que feliz
monte a cavalo. Vede, aquilo que falo, faço
encontro. Este meu pai, o senhor Vicêncio .
ou penso fazer, estais sempre me
Agora, pode cumprir sua parte do acordo.
contradizendo. Senhores, deixai-nos sós.
Não partirei hoje e, quando partir, será na PROFESSOR: — Aqui estou eu pronto pra
hora que houver dito. dar minha beça e o dote prometido
BATISTA: Se e assim, fico feliz em firma o
HORTÊNSIO — Ora, este galanteador quer
compromisso entre seu filho e minha filha.
mandar até no sol. (Saem.)
Em que lugar firmaremos o contrato e o
noivado

CENA IV TRÂNIO: — Em meus alojamentos, nesse

Diante da casa de Batista, em Pádua. caso. Meu pai vai ficar lá; e ainda

Entram Trânio e o Pedagogo vestido como


Vicêncio.
TRÂNIO — Senhor, aqui está a casa. esta noite poderemos concluir nosso
Quereis que eu toque? negócio com bastante sigilo e segurança
BATISTA: Estou de acordo. Câmbio, vá
PEDAGOGO — Sim, que mais? A não ser
chamar Bianca.
que me engane, o Signior Batista deve
recordarse haver-me visto há perto de vinte BATISTA — A proposta que me fez, a
anos atrás em Gênova, onde estávamos mim me agrada. Biondello, ide rapidamente
alojados na estalagem do Pégaso. a minha casa e fale a Bianca que se prepare
rapidamente. E se quiser conta o que
TRÂNIO — Está bem; guardai, em todo
aconteceu, diga que o pai de Lucêncio
caso, aquela gravidade que convém a um
chegou a Pádua e que, provavelmente, será
pai.
a esposa de Lucêncio.
PEDAGOGO — Eu vos garanto... (Entra BIONDELLO — Imploro aos deuses de
Biondello.) Mas, senhor, está chegando todo o meu coração que ela o seja.
vosso pajem. Seria bom que lhe déssemos a TRÂNIO — Não perca tempo com os
lição. deuses; corre logo e não demore, parte

TRÂNIO — Não vos preocupeis com ele. Senhor Batista, pode dizer o caminho? seja

Biondello, chegou o momento de cumprir bem-vindo, entre senhor vamos resolver

vosso dever, estou vos advertindo. Imaginai melhor as coisas

que seja o verdadeiro Vicêncio. BATISTA —Estou indo.

BIONDELLO — Basta! Não temais por (Saem Trânio, o Pedagogo e Batista. Volta
mim. Biondello.)

TRÂNIO — Deste o recado a Batista? BIONDELLO — Câmbio!


BIONDELLO — Disse-lhe que vosso pai
LUCÊNCIO —o que disse, Biondello?
estava em Veneza, e que vós o esperáveis,
BIONDELLO — Viu meu patrão piscar o
hoje, em Pádua.
olho e rir para você?
TRÂNIO — És um ótimo rapaz! Toma isto
LUCÊNCIO — O que quis dizer com isso,
para tomar uma bebida. Está chegando
Biondello?
Batista. Prestai atenção à vossa fisionomia,
senhor. (Entram Batista e Lucêncio.) BIONDELLO — Nada, juro; Mas deixo-
Signior Batista, que prazer me a entender o seus gestos e
encontrar-vos! (Ao Pedagogo.) Senhor, este sinais.
do cavalheiro de quem vos falei. LUCÊNCIO —Então explica a moral do
Suplicovos, mostrai-vos agora bom pai para caso.
mim, dai- me Bianca por matrimônio. BIONDELLO — Ei-la. Batista está em
lugar seguro, conversando com o pai falso
PEDAGOGO — Calma, meu filho! Senhor,
de um filho falso.
com vossa permissão. Tendo vindo a Pádua
LUCÊNCIO — E depois?
para cobrar algumas dividas, meu filho
BIONDELLO — A filha dele vai ser levada
Lucêncio me pôs ao corrente de um caso
ao jantar.
importante de amor entre vossa filha e ele
mesmo. Assim (em virtude das boas LUCÊNCIO — E então?
informações que de vós me deram e do
BIONDELLO — O velho padre da igreja de
amor que sente por vossa filha e ela por ele),
São Lucas está a vosso serviço em todas as
a fim de não o fazer esperar muito tempo,
horas.
ficaria encantado, devido à minha solicitude
paternal, se pudera vê-lo casado. E se vós LUCÊNCIO — E o fim de tudo isto?

não encontrais mais impedimentos do que BIONDELLO — Não posso dizer mais
eu, senhor, depois de havermos combinado, nada, a não ser que estejam agora ocupados
acharme-eis voluntariamente disposto a escrevendo um contrato falso, com o
aceitar este enlace; porque, Signior Batista, privilégio de solum50 impressão. Vamos
não posso ser escrupuloso convosco, de para a igreja! Pegai um padre, um sacristão
quem tão bem ouvi falar. e algumas testemunhas suficientemente

BATISTA — Senhor, perdoai-me pelo que honestas. Se não é esta a ocasião que você

vou dizer-vos. Vossa franqueza e vossa deseja, não tenho mas nada a dizer a não ser

concisão muito me agradam. É aconselhar a dar adeus a Bianca para a

perfeitamente verdade que vosso filho eternidade e um dia.

Lucêncio, aqui presente, ama minha filha e LUCÊNCIO — Está me escutando,

que é amado por ela, ou ambos dissimulam Biondello?

perfeitamente seus sentimentos. Sendo BIONDELLO — Não tenho mais tempo a

assim, se prometerdes portar-vos como um perder. Conheci uma jovem que se casou

pai numa tarde, quando foi à horta apanhar


salsa para rechear um coelho. O mesmo
você pode fazer Senhor. E com
com vosso filho e assegurar a minha filha isto, adeus. Meu patrão me mandou ir a São
uma pensão suficiente quando ficar viúva, o Lucas dizer ao padre que esteja pronto para
casamento está resolvido e tudo concluído. vir, assim que chegues com vosso
Vosso filho terá minha filha com meu complemento. (Sai.)
consentimento.
LUCÊNCIO — Posso e quero tudo isso, se
TRÂNIO — Muito obrigado, senhor. Onde ela aceitar. Ela ficará seduzida; por que
desejais, então, que se verifiquem os então supor o contrário? Aconteça o que
esponsais e que o contrato seja redigido de acontecer, vou abordá-la resolutamente. As
acordo com as convenções de ambas as coisas irão mal, se Câmbio voltar sem ela.
partes? (Sai.)

BATISTA — Não em minha casa, CENA V


Lucêncio, pois, como sabeis, as paredes têm
Urna estrada. Entram Petruchio, Catarina,
ouvidos, e tenho muitos criados. Além
Hortênsio e Criados.
disto, o velho Grêmio continua sempre de
alcateia e poderia ser que fôssemos PETRUCHIO — Vamos, em nome de

interrompidos. Deus! Botemos novamente a caminho da


casa de nosso pai... Como a lua brilha clara
TRÂNIO— Então, será em meu
e tranquila!
alojamento, se bem vos parecer. Lá mora
meu pai e lá esta noite terminaremos o CATARINA — A lua! É o sol. Não há luar

assunto particular e comodamente. Mandai agora.

buscar vossa filha pelo servidor que vos PETRUCHIO — Estou dizendo que é a lua
acompanha. Meu pajem irá imediatamente que está brilhando tão claro. CATARINA
à cata do escrivão. O único inconveniente é — Eu sei que é o sol que está brilhando tão
que, não estando ninguém prevenido, ides claro.
ter pitança pobre e pouco abundante.
PETRUCHIO — Ah! Pelo filho de minha
BATISTA — Vossa proposta me agrada. mãe, ou seja, eu mesmo, será a lua ou uma
Biondello, correi a minha casa e dizei a estrela ou o que resolver, antes que continue
Bianca que se prepare rapidamente. E, se minha viagem para casa de vosso pai.
quiserdes, contai-lhe o que aconteceu, isto Vamos! Levem nossos cavalos de volta!
é, que o pai de Lucêncio chegou a Sempre contradizendo e contradizendo!
Não faz outra coisa senão contradizer!
Pádua e que, provavelmente, será a esposa HORTÊNSIO — Concorde com Ele, ou
de Lucêncio. nunca sairemos daqui.

BIONDELLO — Imploro aos deuses de CATARINA — Continuemos nosso


todo o meu coração que ela o seja. TRÂNIO caminho, por favor, já que viemos de tão
— Não brinques com os deuses e parte. (Sai longe. Que seja a lua ou o sol, ou o que
Biondello.) Signior Batista, posso mostrar- desejares. Se quiserdes chamar uma vela,
vos o caminho. Sois bem-vindo, mas um só juro que não será outra coisa para mim.
prato será sem dúvida vosso ágape. Vamos,
PETRUCHIO — Estou dizendo que é a lua.
senhor. As coisas serão melhores em Pisa.
BATISTA — Estou-vos seguindo. (Saem CATARINA — Reconheço que seja a lua.

Trânio, o Pedagogo e Batista. Volta PETRUCHIO — Então, mentes! É o sol


Biondello.) bendito!

BIONDELLO — Câmbio! CATARINA — Então, bendito seja Deus!


É o bendito sol! E não será o sol se
LUCÊNCIO — Que dizes, Biondello?
pronunciardes que não seja, e a lua mudará
BIONDELLO — Vistes meu patrão piscar
ao sabor de sua vontade. É, portanto, o que
o olho e rir para vós?
quiserdes que seja, assim será para Catarina.
LUCÊNCIO — Que quis dizer com isso,
HORTÊNSIO — Petruchio, segue teu
Biondello?
caminho. Conquistaste o campo de batalha.
BIONDELLO — Nada, juro; mas, deixou- PETRUCHIO — Bem, adiante! Adiante!
me aqui para interpretar o sentido e a moral Assim a bola deve rolar, sem se deixar
de seus sinais e gestos. LUCÊNCIO — Por infortunadamente ir de encontro ao
favor, vejamos a moralidade deles. obstáculo! Mas, atenção! Aproxima-se
alguém. (Entra Vicêncio. Dirigindo-se a
BIONDELLO — Ei-la. Batista está em
Vicêncio.) Bom dia, gentil senhora. Para
lugar seguro, conversando com o pai falso
onde estais indo? Dize-me, doce Catarina,
de um filho falso.
dize-me francamente, viste alguma dama
LUCÊNCIO — E depois? mais viçosa? Que batalha de branco e

BIONDELLO — A filha dele deve ser por vermelho se trava em suas

vós levada à ceia.


LUCÊNCIO — E então? faces! Linda e encantadora senhorita, mais
uma vez bom dia! Doce Catarina, abraça-a
BIONDELLO — O velho sacerdote da
em consideração a tanta beleza.
igreja de São Lucas está a vosso serviço em
todas as horas. HORTÊNSIO — Vai fazer o homem ficar
louco, querendo transformá-lo em mulher.
LUCÊNCIO — E o fim de tudo isto?
BIONDELLO — Não posso dizer mais CATARINA — Jovem virgem em botão,
nada, a não ser que estejam agora ocupados bela, viçosa e doce rosa, aonde vais? Ou
redigindo um contrato falso. Assegurai-vos onde resides? Felizes pais que têm como
dela, cum privilegio ad imprimendum filha tão bela jovem! Mais feliz o homem a
solum50. Vamos para a igreja! Pegai um quem as estrelas propícias te destinam para
sacerdote, um sacristão e algumas terna companheira de leito!
testemunhas suficientemente honestas. Se
PETRUCHIO — Então, que é isto,
não é esta a ocasião que desejais, nada mais
Ratinha? Espero que não estejas louca. É
tenho a dizer-vos que vos aconselhar a dar
um homem, ancião, enrugado, definhado,
adeus a Bianca para a eternidade e um dia.
descarnado, e não uma donzela como dizes.
LUCÊNCIO — Estás me escutando,
CATARINA — Perdoa-me, velho pai, o
Biondello?
engano de meus olhos. De tal maneira o sol
BIONDELLO — Não tenho mais tempo a os deslumbrou que tudo aquilo que vejo me
perder. Conheci uma jovem que se casou parece verde. Percebo, agora, que és um
numa tarde, quando foi à horta apanhar respeitável idoso. Perdoa- me, peço-te, meu
salsa para rechear um coelho. Vós podeis louco engano.
fazer outro tanto. E com isto, adeus, senhor.
PETRUCHIO — Perdoa-a, bondoso avô, e
Meu patrão me mandou ir a São Lucas dizer
dize-nos que caminho segues; se é o mesmo
ao padre que esteja pronto para vir, assim
que o nosso, gostaremos muito de ir em tua
que chegueis com vosso apêndice. (Sai.)
companhia.
LUCÊNCIO — Posso e quero tudo isso, se
ela aceitar. Ela ficará encantada; por que VICÊNCIO — Bom senhor e vós, minha

então supor o contrário? Suceda o que alegre dama, cujo estranho encontro tanto

suceder, vou abordá-la resolutamente. As me surpreendeu, meu nome é Vicêncio.

coisas irão mal, se Câmbio voltar sem ela. Minha residência é em Pisa e estou me

(Sai.) dirigindo a Pádua, para visitar


CENA V um filho meu, de quem há tempos não tenho
notícias.
Urna estrada. Entram Petruchio, Catarina,
Hortênsio e Criados. PETRUCHIO — Como se chama ele?
VICÊNCIO — Lucêncio, gentil senhor.
PETRUCHIO — Vamos, em nome de
PETRUCHIO — O encontro é feliz,
Deus! Coloquemo-nos novamente a
principalmente para teu filho. A lei, bem
caminho da casa de nosso pai... Bom Deus!
como tua idade venerável, me permitem
Como a lua brilha clara e serena!
chamar-te de pai bem-amado. Teu filho se
CATARINA — A lua! É o sol. Não há luar
casou com a irmã de minha mulher, esta
agora.
dama que aqui vês. Não fiques assombrado
PETRUCHIO — Estou dizendo que é a lua nem triste; ela é de boa reputação, ricamente
que está brilhando tão claro. CATARINA dotada, e de nascimento digno; além do
— Eu sei que é o sol que está brilhando tão mais, possuidora de tais qualidades que
claro. seria merecedora do mais nobre gentil-

PETRUCHIO — Ah! Pelo filho de minha homem. Abracemo-nos, velho Vicêncio, e

mãe, ou seja, eu mesmo, será a lua ou uma continuemos juntos a viagem para vermos

estrela ou o que resolver, antes que continue teu honesto filho; tua chegada vai enchê-lo

minha viagem para casa de vosso pai. de alegria.

Vamos! Levem nossos cavalos de volta! VICÊNCIO — Mas, isto é verdade? Ou


Sempre contradizendo e contradizendo! estais brincando, como fazem certos
Não faz outra coisa senão contradizer! viajantes engraçados, quando encontram

HORTÊNSIO — Dizei o que ele diz, ou outros caminhantes?

nunca sairemos daqui. HORTÊNSIO — Garanto-te, ancião, que é

CATARINA — Prossigamos nosso perfeitamente verdade. PETRUCHIO —

caminho, por favor, já que viemos de tão Vamos, vem conosco para fazer a cabeça

longe. Que seja a lua ou o sol, ou o que por ti mesmo. Nossa primeira brincadeira

desejardes. Se quiserdes chamar uma fez com que ficasses desconfiado. (Saem

lamparina de sol, juro que não será outra todos, menos Hortênsia)

coisa para mim. HORTÊNSIO — Bem, Petruchio! Isso me


PETRUCHIO — Estou dizendo que é a lua. infundiu ânimo! Vou atrás de minha
CATARINA — Reconheço que seja a lua. viúva; e se estiver intratável, tu ensinaste a
Hortênsio a não deixar-se dominar. (Sai.)
PETRUCHIO — Então, estais mentindo! É
o sol bendito!

CATARINA — Então, bendito seja Deus!


É o bendito sol! E não será o sol se disserdes
que não seja, e a lua mudará ao sabor de
vossa vontade. É, portanto, o que quiserdes
que seja, assim será para Catarina.

HORTÊNSIO — Petruchio, segue teu


caminho. Conquistaste o campo de batalha.

PETRUCHIO — Bem, adiante! Adiante!


Assim a bola deve rolar, sem se deixar
infortunadamente ir de encontro ao
obstáculo! Mas, atenção! Aproxima-se
alguém. (Entra Vicêncio. Dirigindo-se a
Vicêncio.) Bom dia, gentil senhora. Para
onde estais indo? Dize-me, doce Catarina,
dize-me francamente, viste alguma dama
mais viçosa? Que batalha de branco e
vermelho se trava em suas faces! Que
estrelas brilham no céu com tanta beleza,
como esses dois olhos enfeitam essa face
celestial? Linda e encantadora donzela,
mais uma vez bom dia! Suave Catarina,
abraça-a em consideração a tanta beleza.
HORTÊNSIO — Vai fazer o homem ficar
louco, querendo transformá-lo em mulher.
CATARINA — Jovem virgem em botão,
bela, viçosa e doce rosa, aonde vais? Ou
onde resides? Felizes pais que têm como
filha tão bela jovem! Mais feliz o homem a
quem as estrelas propícias te destinam para
terna companheira de leito!

PETRUCHIO — Então, que é isto, Catita?


Espero que não estejas louca. É um homem,
ancião, enrugado, definhado, descarnado, e
não uma donzela como dizes.

CATARINA — Perdoa-me, velho pai, o


engano de meus olhos. De tal maneira o sol
os deslumbrou que tudo aquilo que vejo me
parece verde. Percebo, agora, que és um
venerável ancião. Perdoa- me, peço-te, meu
louco engano. PETRUCHIO — Perdoa-a,
bondoso avô, e dize-nos que caminho
segues; se é o mesmo que o nosso,
gostaremos muito de ir em tua companhia.

VICÊNCIO — Bom senhor e vós, minha


alegre dama, cujo estranho encontro tanto
me surpreendeu, meu nome é Vicêncio.
Minha residência é em Pisa e estou me
dirigindo a Pádua, para visitar um filho
meu, de quem há tempos não possuo
notícias.

PETRUCHIO — Como se chama ele?


VICÊNCIO — Lucêncio, gentil senhor.
PETRUCHIO — O encontro é feliz,
principalmente para teu filho. A lei, bem
como tua idade venerável, me permitem
chamar-te de pai bem-amado. Teu filho se
casou com a irmã de minha mulher, esta
dama que aqui vês. Não fiques assombrado
nem triste; ela é de boa reputação, ricamente
dotada, e de nascimento digno; além do
mais, possuidora de tais qualidades que
seria merecedora do mais nobre gentil-
homem. Abracemo-nos, velho Vicêncio, e
prossigamos juntos a viagem para vermos
teu honrado filho; tua chegada vai enchê-lo
de alegria.

VICÊNCIO — Mas, isto é verdade? Ou


estais brincando, como fazem certos
viajantes engraçados, quando encontram
outros caminhantes?

HORTÊNSIO — Garanto-te, ancião, que é


perfeitamente verdade. PETRUCHIO —
Vamos, vem conosco para convencer-te por
ti mesmo. Nossa primeira brincadeira fez
com que ficasses desconfiado. (Saem todos,
menos Hortênsia)

HORTÊNSIO — Bem, Petruchio! Isso me


infundiu ânimo! Vou atrás de minha viúva;
e se estiver intratável, tu ensinaste a
Hortênsio a não deixar-se dominar. (Sai.)

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