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4.1.1. Generalidades
Pela sua forma de trabalho, as estacas podem-se classificar em estacas coluna, em que a ponta
se apoia em terreno firme (areia compacta, gravilha, argila dura, rocha, etc.) e trabalham
predominantemente por ponta, e estacas flutuantes, que são as que se apoiam em lamas ou
argilas fluidas e trabalham predominantemente por fricção lateral do fuste. Em geral, a
capacidade de carga de uma estaca é a soma da sua resistência de ponta e a sua resistência por
fricção.
Para a estrutura de uma obra é frequente adoptar-se um determinado tipo de estaca com uma
carga admissível dada. É necessário projectar a disposição das estacas por baixo das diversas
sapatas ou maciços que devem sustentar os muros e pilares da obra, e depois proceder ao
dimensionamento
O número de estacas de cada maciço é fixado por critérios de resistência. Como número
mínimo de estacas deve adoptar-se três para maciços de encabeçamento isolados que
suportem um pilar; se estão suportados transversalmente pode-se reduzir para duas estacas.
Para um maciço com uma estaca, só para o caso em que este suporta um pilar, pouco
importante na estrutura submetido a cargas reduzidas. Analogamente, um maciço contínuo
deverá apoiar-se em duas filas de estacas.
Quando, além das cargas verticais existam cargas horizontais que actuem no maciço, deve-se
colocar estacas inclinadas capazes de resistir ás cargas horizontal (Fig. IV/4). Não é
necessário tomar esta precaução, se as cargas horizontais forem exclusivamente produzias
pela acção do vento e não ultrapassem 3% das cargas verticais. Para o cálculo estrutural do
maciço prescinde-se do seu peso próprio sempre que se betone directamente sobre o terreno.
A carga total que actua sobre uma estaca obtém-se, somando, à cara que lhe transmite o
maciço, o peso próprio da estaca e a fricção negativa, caso exista.
Para o cálculo dos esforços axiais, que o maciço transmite a cada estaca, costuma-se admitir,
na prática, que as estacas estão biarticuladas, e que o maciço é infinitamente rígido, o que
simplifica o cálculo como se verá mais à frente. As hipóteses de maciço rígido produz
pequenos erros não obstante no caso de maciços flexíveis, isso pode ser evitado como será
visto mais tarde neste mesmo ponto.
No caso de maciços de encabeçamento isostáticos, (Fig. IV/2), os esforços axiais nas estacas
obtém-se simplesmente, decompondo a carga F em vectores que actuam segundo os eixos das
estacas. Várias estacas próximas e paralelas, podem substituir-se pela sua resultante (Fig.
IV/2c).
1 e .x e . y
Riz = Fz + x i + y i
n Iy I x
em que:
ex , e y = excentricidades da carga Fz
n
I x = ∑ yi 2 = momento de inércia do maciço em relação ao eixo OX, que passa pelo centro de
i =1
gravidade;
n
I y = ∑ xi 2 = momento de inércia do maciço em relação ao eixo OY;
i =1
No caso em que seja necessário resistir, além da carga vertical Fz , a uma força horizontal Fα ,
bastará inclinar algumas estacas, com um ângulo β i , em relação à carga vertical, para que se
cumpra:
∑ R .tgβ
i =1
iz i = Fα
Supondo que o maciço como sólido rígido, as estacas inclinadas terão os esforços axiais dados
por:
Riz
Riβ =
cos β i
compreende facilmente, para cargas horizontais com sinal variável devem dispor-se grupos de
estacas com inclinações opostas.
Para o cálculo dos esforços secundários (flectores e transversos) que o maciço transmite a
cada estaca, é necessário uma análise mais rigorosa que tenha em conta o comportamento das
estacas e da flexibilidade do maciço, podendo usar-se para ele um programa de análise
matricial em computador, que permitirá obter de cada vez os esforços principais nas estacas e
os esforços secundários.
Por último, a carga devida à fricção negativa que está presente nas estacas coluna situadas em
terrenos compressíveis, pode-se obter mediante a fórmula:
l2
R = 0,25.u. qo + γ
2
em que:
u = perímetro da estaca
qo = sobrecarga unitária na superfície do terreno;
l = comprimento da estaca
γ = peso específico do terreno
A carga de solicitação de um maciço, não é igual a soma das cargas de solicitação das estacas
isoladas, devido às interacções entre as diversas estacas. Não obstante, como carga admissível
do maciço pode-se admitir a soma das cargas admissíveis das várias estacas, sempre que a sua
separação mínima seja duas vezes o seu diâmetro (1,75 vezes a sua diagonal para as estacas
de secção quadrada).
A carga admissível para uma estaca isolada é função da sua carga de solicitação, da
deformabilidade do terreno e da capacidade de deformação da estrutura cimentada.
O cálculo geotécnico da estaca consiste em comprovar que a sua carga total (esforço principal
ou axial) não supera a carga admissível.
O cálculo estrutural da estaca consiste na sua comprovação como elemento de betão armado.
Se, como é normal, se desprezam os esforços secundários (momentos e transversos)
transmitidos pelo maciço, o cálculo das estacas efectua-se como os pilares com carga
centrada. Em relação ao possível varejamento, só é necessário ter em conta nas estacas que
trabalham por ponta. Por outra parte, o terreno constitui um apoio elástico ao longo da estaca,
e corta, pelo menos parcialmente, as suas deformações laterais, limitando os efeitos de
segunda ordem. Em terrenos de boa consistência admite-se como varejamento 1/3 do
comprimento enterrado da estaca. Como excentricidade acidental devem tomar-se, valores
superiores aos do pilar.
A armadura longitudinal das estacas, normalmente será constituída pelo menos de seis ferros
para as estacas de secção circular, e de quatro ferros, para as estacas de secção quadrada; a sua
quantidade geométrica deve ser ρ=0,005. A armadura transversal deve ser formada por
espirais ou estribos dimensionados com os mesmos critérios e limitações para os suportes.
A forma e dimensões em planta dos maciços dependem do número de estacas, das dimensões
destas e da sua separação. A separação mínima entre os eixos das estacas deve ser duas vezes
o diâmetro das estacas (a 1,75 vezes a diagonal no caso de estacas de secção quadrada) e não
inferior a 75 cm. Esta separação deve manter-se em todas as direcções da estaca. O qual deve
ter-se em conta se existem estacas inclinadas: em qualquer caso, para evitar problemas de
alienação, convém que a separação das estacas não seja inferior a 1/15 do comprimento das
estacas. Se não se conseguir que a resultante das cargas passe pelo centro de gravidade do
maciço, convém aumentar a separação das estacas para diminuir a carga nas estacas devida ao
momento produzido pela excentricidade.
A altura do maciço é fixada, por razões económicas, de modo que não seja necessário
armadura de corte. Como altura útil, que permite evitar a comprovação de corte, adopta-se a
altura obtida pela expressão:
Nd
d= − 0,14 < 0,34
500b
válida para o caso mais frequente de um maciço de encabeçamento de duas a seis estacas
situadas simetricamente à volta de um pilar quadrado, em que:
Na figura IV/4 indica-se algumas limitações que convém ter em conta para o desenho dos
maciços de encabeçamento de estacas.
Denominam-se maciços rígidos, aqueles em que o valor v, em qualquer direcção, não supera o
Fundações Profundas / Maciços de Encabeçamentos de Estacas Cap.IV / 7
Estruturas Betão Armado
dobro da altura total (v = 2 h)(Fig. IV/5). Por outro lado, consideram-se maciços flexíveis, os
que apresentam um valor superior a 2h em qualquer direcção.
Como no caso das sapatas, os maciços rígidos devem calcular-se aplicando um modelo de
bielas e tirantes, enquanto que os flexíveis podem calcular-se pela teoria normal da flexão
Aos maciços rígidos sobre duas estacas, aplica-se o modelo de bielas e tirantes, conforme a
figura IV/6.
A armadura principal inferior será dimensionada para resistir à tracção de cálculo Td , (figura
Rd (v + 0,25ao )
Td = = As . f yd
0,85d
com f yd > 400N/mm2 e onde Rd é o esforço axial do cálculo da estaca mais carregada. A
armadura principal assim calculada se colocará sem reduzir a sua secção em todo o
comprimento do maciço, e se ancorará pelo prolongamento recto, com ângulo recto ou
mediante a colocação de barras transversais soldadas. A partir de planos verticais que passem
pelo eixo de cada estaca (Fig. IV/6). O efeito benéfico na ancoragem da compressão vertical
da estaca permite reduzir uns 20%, o comprimento de ancoragem.
Fig. IV/7 – Armadura secundária em Fig. IV/8 – Reforço das zonas de ancoragem.
maciço de duas estacas.
Td = 0,68
Rd
(0,58l − 0,25ao ) = As . f yd
d
com f yd > 400N/mm2 e onde Rd é o esforço axial do cálculo da estaca mais carregada e da
T1d =
Rd
(0,50l1 − 0,25a1 ) = As . f yd
0,85d
T2 d =
Rd
(0,50l2 − 0,25a 2 ) = As . f yd
0,85d
com f yd > 400N/mm2 e onde Rd é o esforço axial do cálculo da estaca mais carregada e da
A armadura principal deve dispor-se em bandas sobre as estacas (Fig. IV/11). Define-se como
banda ou faixa, uma zona cujo eixo é a linha que une os centros das estacas e cuja largura é
igual ao diâmetro da estaca acrescida duas vezes da distância entre a face superior da estaca e
o centro de gravidade da armadura do tirante (Fig. IV/12). A armadura principal deve ancorar-
se a partir de um plano vertical que passe pelo eixo de cada estaca.
Fig. IV/11 – Disposição das armaduras em maciços rígidos sobre várias estacas.
Deve dispor-se uma armadura secundária horizontal reticulada, cuja capacidade mecânica em
cada sentido não seja menor que ¼ da capacidade mecânica da armadura colocada nas bandas
ou faixas, e uma armadura vertical formada por estribos amarrados à armadura principal das
bandas (Fig. IV/11).
O cálculo à flexão de maciços flexíveis faz-se de forma análoga ao das sapatas flexíveis. A
secção de referência 1-1 é vertical e paralela à face do pilar ou muro e situa-se dentro desta a
uma distância de 0,15ao, em que ao é a dimensão do pilar ou muro normal à secção
considerada (Fig. IV/13). Nesta secção obter-se-á o momento flector que servirá para
dimensionar a armadura principal do maciço do mesmo modo que se faz para as sapatas.
A armadura principal será disposta nas bandas que unem as estacas, seguindo as mesmas
indicações dadas para o caso dos maciços rígidos.
Faz-se como nas sapatas flexíveis. A secção de referência 2-2 (Figura IV/15a e b) é vertical,
paralela à face do pilar ou muro situada a uma distância da mesma, igual à altura útil do
maciço. Esta comprovação normalmente não é necessária para os maciços cuja altura útil
tenha sido pré-dimensionada utilizando a fórmula descrita em 4.2.2.1.
Tanto nos maciços rígidos como nos maciços flexíveis é necessário dispor armaduras de
reforço, para sobrepor com as do pilar, devendo comprovar-se tanto o comprimento de
ancoragem como o comprimento de sobreposição.
Estas vigas empregam-se para travar sapatas ou maciços isolados, e não tem como função
primária a de resistir a esforços de flexão. Este travamento é sempre muito conveniente, e
obrigatório quando a obra está situada em zonas sísmicas de segundo e terceiro grau.
Estas vigas podem ser de secção quadrada, a×a, com armadura simétrica respeitando as
limitações:
l
a≥ , no mínimo 25cm (por varejamento)
20
em que l - o comprimento da viga, Nd - a carga de cálculo do pilar mais carregado dos que
unem a viga, e A - secção total de armadura. Devem colocar-se estribos com uma separação
constante que cumpra a separação de estribos mínimas.
M ld =
k1
(M d + N d .e )
k1 + k2
sendo k1 – A rigidez da viga em estudo, k2 – A rigidez da viga do outro lado do maciço (se
não existir k2=0), Md - o momento na base do pilar nessa direcção, e – excentricidade
acidental para a qual pode adoptar-se e=0,10 m, nos casos normais. Para prevenir uma
eventual fissuração recomenda-se respeitar a limitação da quantidade mínima de armadura:
A. f yd ≥ 0,15.b.h. f yd , onde A é a secção total de armadura.
Devem dispor-se estribos com uma separação constante, calculados para o transverso:
M ld
Vd =
l
Devem colocar-se estribos com uma separação constante que cumpra a separação de estribos
mínimas.
Este sub-capítulo foi essencialmente baseado nos textos do Curso de Fundações da FEUP,
sendo o mesmo introduzido de forma quase inalterada já que pela sua simplicidade julga-se
espúria qualquer alteração significativa.
As estacas, que de um modo geral são utilizadas agrupadas, recebem as acções que lhe são
transmitidas pela super estrutura por intermédio de Maciços de Betão Armado. Destacam-se
dois problemas fundamentais a resolver, a saber:
Assim se a resultante das cargas estiver centrada com as estacas e o maciço se puder
considerar rígido, a acção distribuir-se-á uniformemente ficando todas as estacas com igual
carga.
Pelo contrário, para um maciço flexível, a deformação em serviço levará a uma distribuição
desigual de cargas pelas estacas. O cálculo da distribuição é complexo sendo muitas vezes
contornado por hipóteses simplificadoras que se situam do lado da segurança. De preferência
adapta-se altura para os maciços que permitam esperar um comportamento próximo da
rigidez infinita, - no que se segue admite-se desde já que foi essa a opção tomada.
Seja 0 o centro de gravidade das estacas, N a força global vertical actuando com
excentricidade (x0,y0) relativamente ao cento de gravidade das estacas (Fig. IV/14).
Se Ac, for a área total das N estacas a fórmula da flexão desviada permite obter:
N M x yi M y xi
σ= ± ±
Ac Ix Iy
n
Ac 2
Ix = ∑ . yi
M x = N .y0 i =1 n
n
Ac 2
Iy = ∑ . xi
M x = N .y0 i =1 n
N M x yi M y xi
A
Ni = σ i c Ni = ± ±
n n ∑ y i 2 ∑ xi 2
ou
Exemplo da aplicação:
Existindo apenas My, e atendendo à disposição das estacas podemos concluir que:
N1 = N2 ; N4 = N5 ; N7 = N8
Mx = 0.0
5000 2000.3,0
N1 = N 2 = + = 773KN
8 40,5
5000 2000.3,0
N7 = N8 = − = 477 KN
8 40,5
5000
N 4 = N5 = = 625KN
8
5000 2000.1,5
N3 = + = 699 KN
8 40,5
5000 2000.1,5
N6 = − = 550 KN
8 40,5
Com ∑N i = 5000KN
a) Geometria
A≥4D+0,30m
B≥D+0,30m
e 2
H ≥ ≥ 1,5D ≅ e
2 3
ex.:
D = 50cm
A ≥ 2,30m
B ≥ 0,80m
H ≥ 0.75m
e ≥ 1,50m
e a
−
N N 2 4
N t = tgα =
2 2 d
N ( 2e − a )
Nt = ( N = N sd )
8d
Nt
As = (σ s = f syd )
σs
N
- Junto ao Pilar: σc =
a.b. cos 2 α
N
- Junto à Estaca: σc =
n. Ac . cos 2 α
fictícia centrada), sendo Nimáx o esforço na estaca mais esforçada do total das existentes e n o
número de estacas:
n. N imáx
- Junto ao Pilar: σc =
a.b. cos 2 α
n. N imáx N imáx
- Junto à Estaca: σc = =
n. Ac . cos α Ac . cos 2 α
2
πφ 2
Sendo Ac = a área de uma estaca de secção transversal circular de diâmetro φ
4
1,3
σc ≤ f ck 8
1,5
N M
Admitindo, como é normal, ≥ ,o acréscimo de
2 e
armadura devido ao momento ocorre para o equilíbrio
em (B) e vale:
M
AS ' =
2dσ s
Nota: A altura “d” que é importantíssima para garantia do funcionamento das armaduras é
muito influenciada pela existência de compressões fortes e boa confinação do betão.
Exemplo de Cálculo
Ng = 2400 KN
Acções: Nq = 1000 KN
Mq =1200KN.m
Estacas: D = 0,80 m, tensão admissível 5 MPa (em serviço) contando com a resistência
total: ponta e/ou atrito lateral
em EL Utilização
Dimensões adoptadas:
e
H≥ = 1,25m H = 1,40m
2
N sd
g
M
q
2400 + 1000 1200
+ sd +
2 2,5 = 4,34 MPa < 5MPa ,
σ= n e óσ =
Aestaca 0,5026.1000
4740 1800 N M
N sd .est = + = 3090 KN = +
2 2,5 n e
Junto ao Pilar:
e a
−
α = arctg( 2 4)
d
Junto à Estaca:
n. N imáx N imáx
σc = =
n. Ac . cos α Ac . cos 2 α
2
3,090
σc = = 16,35 MPa
0,5026. cos 2 39,59
- Armaduras:
9,3cm2 5Ø16
Quantidades:
Betão: 5,544 m3
(Inclui sobreposições)
Armaduras de montagem.
e ≥ 3D
e 2
H ≥ (H ≅ e )
2 3
3
a1 = ( D + 0,30)
3
3
a 2 = e + ( D + 0,30)
3
3
a 3 = e + ( D + 0,30 )2
3
3
Distância do Eixo do Pilar ao eixo das estacas: e
3
As Armaduras necessárias ao equilíbrio dos esforços de tracção podem ser dispostas de duas
formas:
Por varões dirigidos na direcção do esforço de
tracção Nt, (Fig. IV/21)
e 3 a 2
−
tgα = 3 6
d
2e 3 − a 2
tg α =
6d
e o esforço de tracção valerá
N N 2e 3 − a 2
Nt = tgα =
3 3 6d
Nt N
e: As = ou As = t , sd
σs f syd
Fig. IV/21 – Disposição da armadura.
a) b)
Fig. IV/22 – Disposição de armaduras: a) Três conjuntos horizontais ligando três estacas; b) Armadura ao longo
do perímetro em camadas sobrepostas.
O esforço a absorver valerá:
Nt Nt N
Nt ' = = = t
2 cos 30º 2 3 3
2
A solução adoptada em a) exige uma área de armadura 3 vezes superior à solução em b);
vejamos o volume de armadura envolvido:
e 3 3 3
Solução a) As .3. = As .e
2 2
As
Solução b) .3.e = As .e 3
3
Uma solução usual na prática consiste na associação de dois tipos de armaduras (Fig. IV/24),
resultando:
Ne 3 a2
A1 = 1 − 2
36dσ s 3e
A2 = A1 3
O controle das tensões de compressão nas bielas de betão poderá ser feito pela
expressão:
N
σ biela =
a cos2 α
2
Fig. IV/25 – Aplicação de um tipo de arranjo de armadura num maciço de três estacas.
Calcula-se o esforço axial máximo nas estacas (ou estaca) pela expressão de flexão composta:
N total M x M
Ni = + yi + y xi
n Ix Iy
O cálculo do maciço será realizado para uma carga fictícia centrada de valor:
Como conclusão referimos ainda que os 3 tipos de armadura permitem atingir sensivelmente a
mesma carga de rotura, mas com melhor comportamento para a solução de armaduras
perimetrais, aparecendo fissuração para valores de carga mais elevados.
e ≥ 3D
e 2
h ≥ (h ≅ e )
2 3
d = h – 0,10m
O equilíbrio dos esforços de tracção poderá ser realizado por três tipos diferentes de
armaduras:
a) segundo as diagonais:
e 2 a 2
−
tgα = 2 4 , e N = N tg = N 2 (2e − a ) , A = N t
α
σs
t s
d 4 16d
a) b)
Fig. IV/28 – Disposição de armaduras: a) Armadura ao longo do perímetro em camadas sobrepostas; b) Quatro
conjuntos horizontais ligando quatro estacas
Nt = Nt / Nt / 2
'
N ( 2e − a )
Nt ' =
16d
c) Em malha quadrada
N
N t = tgα '
'
e a
−
tgα =
' 2 4
d
P ( 2e − a )
Nt =
'
8d e
'
N valor global da área de armadura
As = t
'
Se a distância entre estacas for superior a 3 D, parte da armadura do tirante deverá ser
colocada entre estacas, mas complementada com uma armadura de suspensão (Fig. IV/31).
Esta deve ser dimensionada para uma força total igual a N/(l,5.n), sendo n o n.º. de estacas.
Na prática utiliza-se muitas vezes como solução a associação de armaduras dispostas segundo
o perímetro com uma malha quadrada uniformemente distribuída, conforme se exemplifica no
desenho seguinte (Fig.IV/32):
Fig. IV/32 – Associação de armadura disposta segundo o perímetro e armadura de malha quadrada.
Uma forma económica de executar este maciço é ainda a quadrada situando a quinta estaca na
zona central (Fig. IV/33).
No cálculo das armaduras deverá para o caso a) e b) substituir-se N/4 por N/5. No caso c)
uma solução aproximada consiste em utilizar 2N/5 em vez de N/2 nas expressões atrás
deduzidas.
No caso de um maciço com várias estacas, como poderá acontecer num pilar fortemente
solicitado (P.e. pilar de uma ponte) ou, no caso de edifícios, nas caixas de escadas e/ou
elevadores, podemos usar o seguinte critério:
Considerar duas linhas de rotura ortogonais passando pelo eixo do Pilar e calcular, o esforço
de tracção perpendicular a cada uma das secções de rotura.
Seja n, o nº. total de estacas e m o nº. de estacas de cada lado do eixo de simetria considerado.
N a1 N a2 N a3 N am
Nt = + + + .... +
n d n d n d n d
N m
ou seja Nt = ∑ ai
nd i =1
N máx = 9000KN
N
= 900KN
10
d = 1,30 m
N t1 =
9000
(3.2,0) = 4153KN Nt 2 =
9000
(1,5 + 2.3,0 + 4,5) = 8308 KN
10.1,3 10.1,3
Resultando por ml
4153
N t1 / m ≅ = 461KN e A1 / m = 10,6cm2 ( A500 NR )
9
8308
Nt 2 / m ≅ = 1661,6 KN e A2 / m = 38,0cm2
5
Esta armadura é distribuída como uma malha rectangular na base do maciço, ao exemplo das
sapatas, podendo-se para os restantes tipos de armaduras seguir os critérios atrás expostos
(armadura de superior, transversal e de pele).
a.1) Pilares
A acção dos pilares é transmitida directamente ao maciço de 3 estacas referido anteriormente e
dimensionado de acordo com as regras já enunciadas.
b) Acções horizontais
Considerou-se o coeficiente de impulso em repouso (k0). Não existia água à cota da escavação
O muro é considerado apoiado a nível das lajes e articulado na viga horizontal de fundação.
As armaduras verticais do muro deverão satisfazer o trabalho de flexão (ver Fig. IV/38).
A reacção R3, expressa por metro linear é a acção horizontal de dimensionamento à flexão da
viga de fundo.
As vigas de travamento são comprimidas por um esforço de cerca de 8xR3 para o qual deverão
ser dimensionadas (não esquecer o trabalho de flexão para acções verticais nem eventuais
problemas de encurvadura).
A acção vertical permanente nos maciços interiores deverá ser suficiente para permitir
contrariar a acção horizontal R3, ou seja a possibilidade de deslizamento, se bem que, se as
vigas tiverem continuidade até à outra empena com igual impulso, este efeito é auto-
equilibrado.