Fake News é uma expressão utilizada em inglês desde o fim do século
XIX. No português, pode ser traduzida, em sua literalidade, como “notícia falsa". A expressão se popularizou no Brasil no atual século, alavancada pela constante produção de informações manipuladas nas redes sociais. As Fake News são, regra geral, apelativas, sensacionalistas e de fácil acesso e leitura, trazendo não raramente um formato mais atraente que as notícias ditas reais. Podem ser utilizadas com um fim lucrativo ou ideológico. Para alcançar lucro, muitos publicitários utilizam títulos e manchetes chamativos, com claro recurso ao interesse popular, de modo que possam obter mais acessos a sua página da internet e com isso maior rentabilidade em seus sites. Na dimensão ideológica, as notícias Fake são criadas com o intuito de passar informações que beneficiem ou prejudiquem posicionamentos, de maneira propositadamente direcionada para um lado. O termo foi maciçamente utilizado durante as últimas eleições presidenciais norte-americano, que elegeram Donald Trump em 2016. Ali, empresas especializadas na criação de notícias fake foram criadas para que pudessem interferir na opinião do eleitor. Após verificar a existência dessas firmas, o Departamento de Justiça americano denunciou três empresas russas que estavam criando e disseminando informações falsas acerca dos dois principais candidatos. Importante destacar que a saída do Reino Unido da União Europeia também sofreu direta influência das fake. No Brasil, a vitória de Jair Bolsonaro, em 2018, teve o mesmo tom. O cenário de crise política e de polarização ideológica deram à disputa um tom de hostilidade sem precedentes. Nesse cenário as Fake News encontraram solo fértil. Há uma direta relação entre o alcance das Fake News e aquilo que pode ser chamado de bolhas narrativas. O pesquisador do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), Nicholas Negroponte, desenvolveu em 1994 uma pesquisa acerca dos algoritmos voltados à localização do máximo de informações possível sobre as pessoas que navegam na Internet, captando conteúdos que interessem aquele usuário. Pois bem, as bolhas narrativas são uma espécie de algoritmo elevado a outro nível. Ameaçam a democracia por se voltarem à formação de opinião política. A detecção desse tipo dessa atividade é bastante difícil. Muitos dos criadores de notícias fake utilizam a Deep Web – parte da internet na qual se pode navegar anonimamente – para a publicação inicial da "notícia" e, após essa primeira etapa, um robô é utilizado para realizar a disseminação das informações pelos meios públicos de informação. Após a análise de 126 mil notícias, o MIT constatou que a chance de uma Fake News ser compartilhada é 70% maior que uma notícia jornalisticamente autêntica. Produzir e compartilhar notícias fake, sobretudo no período de eleições, traz para nossa democracia graves consequências políticas. Dentre outros elementos, falsas promessas e atributos fantasiosos dos candidatos nos são apresentados como verdade. Mais do que isso, passam a ser creditados pela população. Embora já existem agências especializadas em analisar a veracidade das notícias, tais como a Agência Lupa, Aos Fatos, UOL Confere, E-Farsas e Boatos.org., no Brasil ainda não há lei que criminalize as notícias fake. É necessário, por isso mesmo, que cada cidadão e cidadã verifique a origem da notícia antes de compartilhar as informações. Emilly da Luz Yuri Costa (artigo de opinião do Novos Caminhos, Núcleo de Pesquisa e Extensão para a Educação em Direitos da UEMA)