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a) Sujeitos
Como sujeito ativo do crime de perigo de contágio venéreo o Código Penal inclui
qualquer pessoa contaminada por moléstia venérea. Como sujeito passivo, também pode ser
qualquer pessoa, inclusive indivíduo que exerça a prostituição.
Prado, Carvalho & Carvalho (2015, p. 711) alertam ainda para o fato de que: “É
irrelevante o consentimento da vítima quanto ao contágio, já que o interesse na proteção de
sua incolumidade pessoal é indisponível”.
Porém, daí também resulta que, caso não haja consentimento da vítima do perigo
de contágio venéreo para a prática da relação sexual ou ato libidinoso configura-se a conduta
do agente, o sujeito ativo, como delito contra a dignidade sexual. “Se o delito decorre de
estrupo, por exemplo, há concurso formal” (PRADO, CARVALHO & CARVALHO (2015,
p. 711).
Já a tipicidade subjetiva de que trata o caput do artigo 130 diz respeito ao dolo,
que pode ser direto ou eventual.
No direto, abordado na primeira parte do dispositivo – Expor alguém, por meio
de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe,
o agente atua com consciência e vontade de provocar uma situação de perigo, posto que sabe
que está efetivamente contaminado pela doença venérea. Na segunda parte, ou deve saber,
ainda que não ciente da contaminação, e que desta forma não queira diretamente expor a
vítima a perigo de contágio, preferindo arriscar-se a produzir o resultado, a renunciar à ação,
o que caracteriza a ação com dolo eventual.
Prado, Carvalho & Carvalho (2015) atentam para o fato de que tanto o dolo quanto a
culpa serão afastados nos casos em que o agente, presumindo cura por afirmação médica,
expõe alguém por meio de relação sexual ao contágio, uma vez da incidência de um erro de
tipo inevitável, tema constante no caput do art. 20 do Código Penal (BRASIL, 1940).
Diz-se consumado o crime de perigo de contágio venéreo pelo contato sexual,
independente do efetivo contágio. A ocorrência ou não deste será uma das variáveis
observadas no momento da fixação da pena-base, como determina o artigo 59 do Código
Penal (BRASIL, 1940).
A tentativa também é admissível para esse crime, uma vez que os atos sexuais ou
libidinosos só não se consumaram por fatores alheios à vontade do agente.
As consequências do contágio para a vítima também podem ser imputadas ao agente.
Para lesões resultantes da moléstia, este poderá responder por lesão corporal de natureza
grave dolosa (art. 129, §§ l º e 2º CP) quando agiu com dolo ou, por lesão corporal culposa
(art. 129, § 6, CP) se agiu culposamente.
Para os casos de morte da vítima após o contágio, Prado, Carvalho & Carvalho (2015,
p. 713) alertam para o fato de que o perigo de contágio venéreo (norma consumida) é fase
de realização de outro (norma consuntiva), o que implica que o tipo penal mais amplo
absorve o de menor abrangência:
Se a moléstia venérea transmitida causa a morte da vítima, perfaz-se o
delito de lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, CP) , se o agente
atuou com consciência e vontade de ofender a integridade pessoal da
vítima (com a transmissão da moléstia) ou assumiu o risco da produção do
resultado lesivo (contágio); todavia, se agiu com animus necandi , há
homicídio doloso consumado (art. 12 , CP) ; responde o sujeito ativo por
homicídio culposo (art. 121,§ 3°, CP), se o contágio resultou da
inobservância d o cuidado objetivamente devido. Em todas essas hipóteses,
o delito de perigo de contágio venéreo (norma consumida) é fase de
realização de outro (norma consuntiva). Ou seja, o conteúdo do tipo penal
mais amplo (art. 129, §§ 1 .0, 2.0 e 3.0, ou art. 121, CP), pelo critério de
consunção, absorve o de menor abrangência (art. 130, CP), que constitui
uma etapa daquele.
a) Sujeitos
Como sujeitos do crime de contágio de moléstia grave assume o posto de ativo
a pessoa contaminada por moléstia grave contagiosa. O passivo, o que é vítima. Prado,
Carvalho & Carvalho (2015) alertam para a possibilidade de crime impossível pela ineficácia
do meio quando o agente, supondo que está infectado, tenta transmitir a suposta moléstia e,
para os casos em que o sujeito passivo já está infectado pela mesma moléstia, havendo nesse
caso o crime impossível pela impropriedade do objeto.
A forma culposa não foi prevista explicitamente pela lei. Se o agente, por
inobservância do cuidado objetivamente devido, pratica ato capaz de
produzir o contágio, não há delito algum, ante a regra da excepcionalidade
do delito culposo (art. 18, parágrafo único, CP). Porém, se do contágio
resulta moléstia grave, responde o agente por lesão corporal culposa (art.
129, § 6.0, CP); se provoca a morte da vítima, por homicídio culposo (art.
121, § 3.0, CP). (PRADO, CARVALHO & CARVALHO, 2015, p. 717)
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal 2: parte especial, dos crimes
contra a pessoa. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012.