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Universidade de São Paulo

Instituto de Física de São Carlos


Leticia Cristina Chiavini do Couto Pradella

Fatores que interferem na escolha profissional e o conceito de


vocação

São Carlos
2015
Fatores que interferem na escolha profissional e o conceito de vocação

Introdução

Buscando avaliar quais fatores interferem no processo de escolhas de carreiras, este trabalho
apresenta um estudo, primeiramente, sobre o stress sofrido por adolescentes em fase de escolha
profissional, seguido de um breve estudo sobre o conceito de vocação e a influência deste
conceito neste processo. É importante também se estudar quais são os jovens que "escolhem",
levando em conta que a população de mais baixa renda por vezes tem de trabalhar no que lhe for
oferecido para ajudar suas famílias.
O presente estudo também levou em consideração como se dá o processo de escolha dos seres
humanos, e como diferentes gerações enfrentam a visão de carreira.
Analisou-se também o processo de escolha de uma profissão frente aos professores do segundo
grau, que possui importante papel fornecendo acesso à informação.
Em busca de validar as informações aqui contidas, foi realizada também uma pesquisa, que
através de um questionário online consultou alunos do ensino médio de escolas públicas e
privadas de diferentes idades, classes sociais e convicções sobre o futuro de vida.

Desenvolvimento

Sabemos que a adolescência é um período de muitas escolhas, e por isso, é comum ser também
uma fase de grande stress. Esse período se torna conflituoso não só pela pressão de uma escolha
profissional, mas também por ser acompanhado de mudanças psicofisiológicos inerentes á
adolescência.

Influências externas e o stress no processo de decisão de profissão


Inúmeras variáveis podem influencias e a gravar o estado de stress de um adolescente que se
encontra na fase de escolhas, tais como influência familiar, amizades, escolares, midiáticas, a
preocupação com o mercado de trabalho, com a dificuldade dos vestibulares, entre tantos outros
fatores. O afunilamento de tantas variáveis irá definir nossa trajetória profissional, assumidos
por interesses e habilidades profissionais.

Dentre as variáveis que interferem no processo de escolha de um jovem, a família é apontada


em primeiro lugar (Santos, 2005) o que pode lhe ajudar a encontrar suas aptidões ou atrapalhar,
quando tenta escolher a profissão do mesmo. Ao mesmo tempo em que o jovem deposita nos
pais e familiares confiança de solução deste conflito interno, os pais também podem possuir
anseios e expectativas que acarretam em conflitos decisórios. Segundo Andrade (1997), muitas
vezes o jovem não percebe as influências que sofre de seus familiares, pois por vezes, essa
influência esta implícita em ideais familiares, valores e conceitos que internalizou.

A interferência da família faz com que o jovem se sinta cobrado, e até mesmo obrigado a seguir
um determinado caminho, porém, se este mesmo jovem esta sujeito ao excesso de liberdade,
pode se sentir abandonado e sem apoio para tomar a decisão de sua profissão.
O papel dos pais diante da construção dos planos de carreira de seus filhos, segundo carvalho
(2009), esta descrita na figura 1.
Outro grupo que pode gerar influências neste processo de decisão também é o de amizades, que
pode ser negativa para o jovem quando seus valores e os valores dos familiares são contrarias,
atrapalhando ate mesmo a construção da própria identidade do jovem. Porém pode ser benéfica,
quando há integração, respeito e harmonia (Neiva, 2007).

A escola em seu contexto institucional também pode influenciar na construção do sujeito, e


consequentemente em suas escolhas profissionais, já que o jovem passa grande parte de seu
tempo neste ambiente. É papel da escola capacitar seus professores para trabalharem como
facilitadores neste processo de escolha, sanando duvidas e auxiliando quanto as expectativas do
adolescente.

É fato de que a adolescência é uma fase suscetível ao stress, mas a forma como o jovem irá lidar
com essa situação e com as influencias externas é que irão definir sua trajetória na escolha da
profissão.

Expectativas quanto à ideia de vocação

É frequente ouvirmos jovens em fase de decisão profissional afirmar que devemos descobrir
nossa "vocação" e segui-la, como um dom natural que nos é dado.

Essa concepção de "vocação" exclui a ideia de que cada sujeito se constrói a partir de suas
histórias e vivências, anulando de cada um a condição de sujeito ativo e cria a ilusão de que
estamos destinados a alguma função ideal. Como colocam Emmanuele e Cappelletti:

[...] a crença na existência tangível de uma vocação oferece resguardo ante a insegurança que
gera a busca de um lugar e uma posição a ocupar no futuro, em um mundo supostamente adulto,
cuja cultura regula a produção de bens mediante a aparência de uma eficiente distribuição do
trabalho. (2001, p. 48)

Quem escolhe uma profissão?


Os profissionais que trabalham com orientação vocacional no Brasil centram-se no indivíduo
que escolhe, e este trabalho se dá a partir do auxilio no processo de escolha de um jovem,
conciliando seus desejos pessoais e anseios quanto a profissão/mercado de trabalho. O jovem
que "escolhe" uma carreira advêm de regiões urbanas, de classe média e aspiram a uma
profissão que tem formação superior, representando uma fração pequena da sociedade
brasileira, pois sabemos de outros tantos jovens que não possuem a mesma chance de escolha,
diante de uma realidade onde muitas vezes não chegam ao menos a concluir o segundo grau,
tendo de trabalhar naquilo que lhes for oferecido para ajudar suas famílias a sobreviver.

De acordo com dados do PNAD -Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2006,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - em todo o território
nacional, os ingressantes de Ensino superior estão, em sua maioria, na faixa etária entre 18 e 24
anos, se limitam aos brancos de classe média a alta e negros de alta classe. Os dados são
apresentados a seguir na tabela 1.

Relação entre as diferentes gerações e a percepção de crescimento profissional

Com relação às diferentes visões de carreiras, podemos afirmar que cada geração tem seu perfil
próprio, o que interfere diretamente nas escolhas profissionais.

Primeiramente é preciso definir de que se trata o termo "geração".


Segundo (WESTERMAN; YAMAMURA, 2007) o termo refere-se a um conjunto de pessoas que
nasceram em uma mesma época, e por este motivo vivenciou os mesmos eventos históricos e
sociais que influenciaram a construção de seus valores e crenças. O que nos leva a considerar
que pessoas de uma mesma geração possuem semelhantes expectativas e desejos.

Iremos nos limitar aqui as gerações tidas como Baby boomers, X e Y. Sendo a primeira
representada por sujeitos nascidos entre 1946 e 1967, possuem valores mais tradicionais
quando se trata do cumprimento de obrigações em relação à carreira, são mais leais quanto
aos processos organizacionais, e estão mais preocupados com a educação e criação dos filhos
juntamente com seu casamento, além de buscarem ser cooperativos e participativos no
trabalho.

A geração X, caracterizada por quem nasceu entre os anos 1968 a 1979, são mais descrentes
e desconfiadas em relação às empresas onde trabalham, por isso não são tão
compromissados, valorizando muito mais a independência, preferem trabalhar sozinhos e
estão sempre buscando o empreendedorismo.

Por fim, a geração Y trata de nascidos entre 1980 e 1991. São caracterizados por não lidarem
bem com hierarquias, procuram flexibilidade em suas carreiras e autonomia. Possuem a
vantagem de lidarem facilmente com as novas tecnologias e estar sempre compartilhando e
recebendo novas informações. No entanto, desejam acordos claros e apoio das organizações
de trabalho. São também considerados difíceis de serem geridos.

Quanto a percepção sobre crescimento profissional, considerando as distintas preferências e


visões de mundo das gerações Baby boomers, X e Y, respectivamente, podemos afirmar que o
primeiro atribui maior valor as relações políticas nas organizações de trabalho, e da mais
importância à quem esta se relacionando neste âmbito. As gerações X e Y, por outro lado, por
serem mais questionadoras, atribuem maior importância sobre a percepção do por que estão
realizando determinadas atividades.

Posto isso, podemos nos perguntar o que quer a geração Z ?
Nascidos após o ano de 1995, esta é a geração da tecnologia e informação.
Caracterizada por serem filhos da geração X e Y, é um desafio aos pais, educadores e
orientadores profissionais auxiliarem o jovem a organizar, selecionar, hierarquizar e dar
sentido a toda esta informação, que recebem durante todo o tempo, para que ela se
transforme em conhecimento.

Já que vivem em um mundo globalizado, possuem uma visão ampla do seu trabalho. Uma
vantagem surge a partir dai, pois tendem a enxergar as organizações trabalhistas como um todo,
podendo identificar quais pontos precisam de melhorias.

Os jovens dessa geração são conectados com o mundo digital, logo anseiam por um mercado de
trabalho que condiz com isso. Esperam por um ambiente conectado, rápido, flexível, aberto ao
dialogo e sem horários rígidos.
Como se dá o processo de escolha

Para a compreensão do processo de escolha é necessário considerarmos a relevância da esfera


motivacional. Vygotski (2001) é um dos autores que afirma que o pensamento é a revelação das
necessidades e dos motivos do ser humano. Assim, não podemos separar o momento de escolha
de um individuo sem levarmos em conta suas necessidades.

Segundo Aguiar (2006), o indivíduo, ao necessitar de algo, esta levando em conta todos os
fatores históricos, sociais e políticos que presenciou, e mesmo sem saber, são estes fatores que
irão definir seus desejos. Sendo assim, as necessidades jamais podem ser compreendidas como
naturais e a-históricas, mas sendo um processo único e subjetivo para cada individuo.

Evidencia-se a complexidade do processo do ser que deseja, pois é marcado por uma série de
registros emocionais que irão criar experiências, servindo como base para as futuras decisões
em momentos de tensão ou não.

A Partir do trabalho de acompanhamento de jovens e orientação vocacional, Aguiar verificou


que por vezes tais jovens expressavam através de suas falas conteúdos reveladores de
necessidades de afeto, de atenção, de reconhecimento, de conhecimento, etc. Explicitavam essas
necessidades mesmo sem perceber, em falas por vezes confusas.

Sabemos que cada indivíduo vive de forma subjetiva, e assimila os conteúdos ao seu redor de
mesmo modo, mas são essas experiências e as estratégias de desenvolvidas para enfrenta-las que
iniciam o processo de significação, elegendo objetos, situações e atividades como aqueles que
podem satisfazer suas necessidades e desejos, sendo neste momento que nascem os motivos de
um individuo. Por tanto, necessidades que eram históricas, subjetivas, fluídas, genéricas e sem
conteúdo específico, configuram-se em motivos para a ação, impulsionam e orientam o sujeito
para determinadas escolhas.

Utilizo aqui um exemplo citado por Aguiar (2006) em seu artigo sobre as contribuições da
psicologia sócio histórica na construção da orientação profissional.

“Como um exemplo, apontamos um jovem que expressa, de maneira intensa, a necessidade de


cuidar do outro e de fazer o bem... Esse jovem aponta a atividade de advogado como uma de
suas possibilidades de escolha... Podemos levantar como hipótese que necessidades como
"cuidar do outro" é justificada através da escolha da profissão de advogado e encontra nela a
possibilidade de sua satisfação”.

O que o Autor propõe é que se faz necessário levar os jovens a refletirem sobre os porquês de
suas preferencias de profissões, pois segundo ele próprio:

“Frequentemente, ouvimos respostas como: porque gosto, porque é legal, porque me realizo,
porque gosto de ajudar os outros. No entanto, desejamos que ele vá além dessa impressão
imediata, dessa justificativa, muitas vezes sem maior reflexão ou fundamento. Esperamos que
ele entre num processo de múltiplas indagações, questionando-se por que gosta, por que quer
ajudar o outro e por que acredita que seguindo esta ou aquela profissão satisfaz tal necessidade.”

Esse processo de entendimento de si e de suas necessidades pode contribuir com o processo de


decisão, de modo que desconstrói concepções fantasiosas de si e de uma determinada profissão.
Podendo trazer ao adolescente um maior conhecimento de si e de o que realmente quer para seu
futuro.

Esses momentos de configuração de sentidos e de motivos para a ação constituem-se numa


síntese integradora, num momento novo, numa nova configuração; quando uma subjetividade
(com suas necessidades historicamente constituídas) depara-se, na atividade, com uma situação
particular, com toda sua riqueza ou não de informações e decide por um caminho.

Temos aqui demonstrado fatores determinantes no processo de decisão, e de enorme


importância, uma vez que modifica o sujeito, mas que ao mesmo tempo, são invisíveis aos
nossos olhos. Além disso, para Vygotski (1991) a luta dos motivos é intensa e começa muito
antes da ação de escolha. Muitas vezes, quando a dificuldade de escolher é grande, quando os
objetos significados como motivadores têm, para o sujeito, o mesmo peso, ele pode, por
exemplo, confiar na "sorte", que seria um motivo auxiliar.

Professores frente à orientação profissional

Os professores do Ensino Médio muitas vezes sem saber, exercem fundamental papel na
determinação da escolha profissional do jovem.

Segundo Torres (2001, p.52) “O professor é mais que transmissor de conteúdos teóricos, pois
ele passa aos seus alunos uma visão do que são e como são os cursos e profissões”.

Por isso, é importante que o docente promova à seus alunos conhecimento sobre as
possibilidades diante ao ensino superior, incentivando que conheçam instituições, entrem em
contato com alunos e profissionais já formados nos cursos de interesse, pesquisem sobre as
diversas áreas de atuação.

Diante dos dados apontados por diversas pesquisas, a até mesmo através dos apresentados neste
texto, é fato de que estudantes de ensino médio passam por um período de grande stress ao ter
que escolher os caminhos que irão traçar a partir da conclusão do segundo grau. Mas sabe-se
também que estes mesmo jovens não tem conhecimento sobre o acesso ao ensino superior,
principalmente quando se tratam de alunos advindos de escolas públicas, se agravando ainda
mais em locais de periferias onde a população sofre com a falta de acesso à informação.

Podemos citar como exemplo a cidade de São Carlos, onde é ministrado o curso de Licenciatura
em Ciências Exatas, pois muitos alunos da rede pública de ensino da cidade nunca sequer
conheceram as dependências de uma universidade pública, apesar do município contar com
duas das maiores universidades do país- USP e UFSCar.

É preciso oferecer a esses jovens oportunidade para sanar o déficit de informações que os
permeia, tanto sobre o que se diz quanto aos vestibulares, carreiras, meios de acesso às
universidades públicas e estimular a continuidade aos estudos após o término do colegial.
Oferecendo-lhes informações quanto às centenas de cursos oferecidos nas diversas instituições
do país de forma gratuita, mostrando a importância e o impacto causado na sociedade a partir da
educação.

Quantos alunos não poderão se dar ao luxo de escolher uma profissão, frente ao
desconhecimento dos programas de acesso e permanência estudantil dentro de nossas
universidades?

O professor tem a responsabilidade e o papel de promotor ao acesso à informação. É preciso


plantar a semente do Ensino Superior em nossos jovens, e ainda mais, é preciso desmistificar o
acesso às universidades públicas de nosso país.

Pesquisa de campo com diferentes jovens em idade de escolha profissional

Para tentar entender quais fatores interferem nesta difícil etapa de grandes escolhas, foi
realizada uma pesquisa online com 30 jovens, de diferentes cidades, idades, escolaridade e
classes sociais.
É importante destacar que a participação destes jovens foi voluntária e anônima, explicitando
que o público alvo foram alunos do segundo grau (Colegial), mas aberto a outros públicos que
quisessem colaborar com a pesquisa.

A seguir, as perguntas apresentadas aos alunos e os dados obtidos:

1. Qual a sua idade?


Figura 2: apresentação do questionário/ Pergunta 1. Fonte: autor

Dados obtidos: As idades variaram de 13 a 22 anos

2. Qual seu grau de escolaridade?

Figura 3: Pergunta 2. Fonte: autor

Dados obtidos: Dos alunos consultados, 52,4% apresentam-se cursando o ensino médio, 19%
cursam ensino médio e algum tipo de cursinho pré-vestibular, 9,5 % já terminaram os estudos e
frequentam cursinho pré-vestibular, enquanto outros 19% assinalaram "outros" (como por
exemplo médio profissionalizante).

3. Modalidade de estudo?

Figura 4: Pergunta 2. Fonte: autor

Dados obtidos: Ensino médio apenas em escola pública 68.2%, Ensino médio parcialmente em
escola pública 9.1%, Ensino fundamental apenas em escola pública 40.9%, Ensino fundamental
parcialmente em escola pública 18.2% , Cursinho particular 18.2%, Cursinho popular 9.1%,
Ensino médio apenas em escola privada 8 %, Ensino fundamental apenas em escola privada 4%.

4. Você planeja ingressar no Ensino Superior ?

Dados obtidos: 100% dos alunos consultados responderam que pretendem ingressar no ensino
superior.

5. Você já decidiu qual carreira pretende seguir?


Figura 5: Pergunta 2. Fonte: autor

Dados obtidos: 45.5% sim , não 4.5%, Estou em dúvida entre 2 ou mais cursos 50%

6. Quando pensa em uma carreira, qual o grau de importância quanto: Orgulhar seus
pais/ familiares.

Figura 6: Pergunta 6. Fonte: autor

Dados obtidos: Os jovens atribuíram importância máxima (5) na maioria das respostas, 31,8%.
Atribuem importância mínima (1) em 22,7% das respostas. A média de importância atribuída
ao orgulho da família é de 3,38% .

7. Quando pensa em uma carreira, qual o grau de importância quanto: Ser feliz no que
faz.

Figura 7: Pergunta 7. Fonte: autor

Dados obtidos: Os jovens atribuíram importância máxima (5) na maioria das respostas, 76,2%.
Atribuem importância mínima (1) em 0% das respostas. A média de importância atribuída ser
feliz no que faz é de 4,7% .

8. Quando pensa em uma carreira, qual o grau de importância quanto: Seguir meus
valores e crenças.

Figura 8: Pergunta 8. Fonte: autor


Dados obtidos: Os jovens atribuíram importância máxima (5) 50%. Atribuem importância
mínima (1) em 13,6% das respostas. A média de importância atribuída seguir meus valores e
crenças 3,76%

9. Quando pensa em uma carreira, qual o grau de importância quanto: Trabalhar minhas
habilidades e hobbies.

Figura 9: Pergunta 9. Fonte: autor

Dados obtidos: Os jovens atribuíram importância máxima (5) 45,5%. Atribuem importância
mínima (1) em 0% das respostas. A média de importância atribuída a trabalhar minhas
habilidades é de 4,2%

10. Quando pensa em uma carreira, qual o grau de importância quanto: Remuneração.

Figura 10: Pergunta 10. Fonte: autor

Dados obtidos: Os jovens atribuíram importância máxima (5) 18%. Atribuem importância
mínima (1) em 9,1% das respostas. A média de importância atribuída a remuneração é de 3,5%.

11. Quando pensa em uma carreira, qual o grau de importância quanto: Poder ajudar a
sociedade.

Figura 11: Pergunta 11. Fonte: autor

Dados obtidos: Os jovens atribuíram importância máxima (5) 31,8%. Atribuem importância
mínima (1) em 4,5% das respostas. A média de importância atribuída a ajudar a sociedade 3,9%
12.Você acha que mudar de ideia ao longo da vida é:

Figura 12: Pergunta 12. Fonte: autor

Dados obtidos: A maioria dos alunos que responderam a pesquisa acreditam que é normal
mudar de ideia ao longo da vida (86,4%), e 13,6% acredita que não pode acontecer.

13. Você irá prestar vestibular para faculdades privadas?

Figura 13: Pergunta 13. Fonte: autor

Dados obtidos: a tabulação das respostas apresenta um numero de respostas menor para
sim quando comparado ao não. Há apenas um talvez.

14. Você já pensou em prestar vestibular para faculdades públicas ? Se sim, quais ?

Figura 14: Pergunta 14. Fonte: autor

Dados obtidos: Dente as respostas obtidas, apesar de grande variabilidade de universidades, as


que prevaleceram foram USP, UFSCar (e outras federais), Unesp.

15. Quais seriam, para você, impedimentos para cursar uma Universidade Pública?
Figura 15: Pergunta 15. Fonte: autor

Dados obtidos: O maior impedimento apontado é a dificuldade dos vestibulares 68,4%, seguido
da ausência do curso de interesse na cidade de origem do aluno 26,3%. O que pode surpreender
é o fato de que nenhum aluno consultado assinalou que morar longe dos pais ser um
impedimento, assim como os pais não apoiarem o curso pretendido pelo jovem.

16. O que seus pais pensam sobre você prestar vestibular?

Figura 16: Pergunta 16. Fonte: autor

Dados Obtidos: Grande parte dos entrevistados acredita que seus pais lhe incentivem e apoiem
(81%) e apoiam independente da instituição que ingresse (19%).

17. Sobre o grau de escolaridade de sua mãe:

Figura 17: Pergunta 17. Fonte: autor

Dados obtidos: 38% dos jovens que responderam a pesquisa são filhos de mães que
completaram o ensino médio apenas, e em segundo lugar (19%) mães com ensino superior
completo.

18. Sobre o grau de escolaridade de seu pai:


Figura 18: Pergunta 18. Fonte: autor

Dados obtidos: Os pais dos alunos participantes, em sua maioria, possuem ensino médio
completo apenas (28,6%), em segundo lugar (19%) cursos de especialização e ensino superior
completo.

19. Você acredita que a escola onde cursa/cursou ensino médio lhe prepara para o
Ensino Superior?

Figura 19: Pergunta 19. Fonte: autor

Dados obtidos: grande parte dos jovens acredita que sua escola fornece as informações
necessárias para o ingresso ao ensino superior.

20. Sobre os meios de acesso às universidades públicas e privadas:

Figura 20: Pergunta 20. Fonte: autor

Dados obtidos: 66,7% dos alunos acredita que necessita de mais informações quanto aos meios
de acesso às universidades do país. 9,5% não acredita que seja um conhecimento relevante.

21. Sobre as bolsas de permanência estudantil oferecidos por universidades públicas:


Figura 21: Pergunta 21. Fonte: autor

Dados obtidos: 76,2% dos alunos acredita que necessita de mais informações quanto aos
programas de permanência estudantis de universidades públicas. 9,5% não acredita que seja um
conhecimento relevante.

22. Para você o que é ser alguém na vida?

Figura 22: Pergunta 22. Fonte: autor

Figura 23: Pergunta 22. Fonte: autor

Dados obtidos: Todas as respostas relacionam “ser alguém” com empregos, e por diversas
vezes implica em, como o próprio aluno colocou “ter uma boa conta no banco”.

Análise dos dados

A partir dos dados coletados, podemos perceber alguns fatores de influência, um deles se
apresenta pelo fato de apesar de a maioria dos alunos estar em duvida entre 2 ou mais cursos,
50%, ou não ter ideia da carreira que pretende seguir (4,5%), muitos deles levam em conta
fatores como orgulhar a família no momento de escolha, e ter boa remuneração. O que pode
surpreender é o anseio por ser feliz na profissão que escolher, cujo gráfico, representado pela
figura 7, mostra que 76,2% dos jovens entrevistados atribuem importância máxima (5), ou logo
abaixo (grau 4 de importância), com 19% de atribuições.
Quando perguntados sobre a importância sobre valores e crenças quanto a escolha de uma
profissão, a atribuição foi mediana, enquanto a atribuição a valores de habilidades pessoais foi
de mediana a alta, assim como poder contribuir com a sociedade a partir de sua profissão.
É interessante mostrar que os jovens tem consciência de que estão em uma fase de crescimento
e mudança, e que a vida se constrói a cada dia, e por isso 86,4% acreditam que mudar de ideia
durante a vida é completamente normal.
Quanto ao que os alunos consideram impedimentos ao ingresso no ensino superior, quase 70%
afirma que a dificuldade do vestibular é o que mais lhes atrapalham, seguido da ausência de
curso nas universidades de sua cidade, e da dificuldade de se manter no ensino superior. Apesar
disso, se sentem apoiados pelos pais, em sua maioria (81%), apenas 4,8% dos alunos não se
sente apoiado pela família, ou são incentivados a prestarem cursos oferecidos apenas em sua
cidade de origem.

Um último ponto que considero importante de se abordar é a visão destes jovens, que mesmo
sendo de diferentes cidades, idades, famílias, escolaridade, renda financeira, acreditam que “ser
alguém na vida” esta relacionado com possuir um emprego que lhe garanta boa remuneração,
status social e a possibilidade sustentar uma família, o que demonstra os anseios e a pressão da
sociedade, depositados em um jovem sujeito ao stress da escolha de seu futuro.

Conclusão
O presente trabalho buscou compreender as diferentes interferências sofridas por um jovem
durante o período de escolhas profissionais. Percebeu-se que esta é uma fase naturalmente
estressante devido às inúmeras possibilidades de escolhas e o medo de fracasso, mas também
por este jovem estar submetido a pressões externas, como pressão familiar, interferência de
amigos e instituições de ensino. Além disso, a pressão interno deste jovem tende a aumentar a
medida que se crê no conceito de “vocação” como uma dádiva que cada ser humano possui,
pois se trata de uma ilusão que pode atrapalhar o processo de pesquisas de profissões e sua
escolha em si.
Observou-se também que, em nosso país, uma pequena parcela da sociedade se dá ao luxo de
“escolher”, já que a população de baixa renda não pode se dar a esse direito, tendo que trabalhar
para ajudar nos custos de sua família.
Quando se trata do jovem que “escolhe” uma profissão, nota-se que suas necessidades e anseios
advêm da absorção do contexto histórico e social que viveu, mesmo que este não perceba tal
influencia no processo de escolha.
A presente pesquisa procurou também interligar os conceitos aqui apresentados com as salas de
aula do ensino médio, apontando que o professor deve estimular seus alunos a buscarem o
ensino superior, levando o aluno a conhecer os meios de acesso às universidades públicas, aos
incentivos oferecidos por elas à população de baixa renda e alunos advindos de escolas públicas,
frisando que o papel do professor é de levar seus alunos a ter acesso à informação.
Finalmente, foi realizada uma pesquisa que buscou entender o que pensam os jovens que estão
em fase de escolha profissional, e quais são os fatores que interferem neste momento de decisão.
Tal pesquisa demonstra que diferentes jovens pensam de forma similar, e sofrem com os
mesmos anseios: medo de não orgulhar seus familiares, de não conquistar uma boa
remuneração, não estabelecer uma família e “não ser alguém na vida”.

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