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Aluno: Paulo Roberto Vieira de Castro

Curso: Engenharia Bioquímica

Resenha 1 – Bio hydrogen production by extracted


fermentation from sugar beet – SerkanEker, BurcuErkul.

Publicado em: InternationalJournalofHydrogen Energy, 2018

O hidrogênio molecular é um composto gasoso em temperatura e pressão


ambiente. Reage fortemente com o oxigênio molecular, gerando como produto
moléculas de água e alta carga de energia. Por essas razões, o interesse em
desenvolver técnicas de produção desse componente e, também, formas de
aproveitamento deste, como combustível. Além da grande geração de energia
por mol, é um combustível limpo, pois, tem como produto final, apenas água.
No Brasil, o gás hidrogênio é produzido em grande parte, a partir de
combustíveis fósseis. Uma forma alternativa de produção se dá pela eletrólise
da água. Porém, o hidrogênio ainda é de elevado custo de produção e as
tecnologias que permitem seu aproveitamento enquanto combustível, são de
elevado custo.

Desenvolvem-se rotas biológicas de produção de H2, pois, via de regra, são


processos realizados com substratos de baixo custo, ou mesmo, resíduos de
outros processos. O H2 é usualmente um produto do metabolismo anaeróbio de
certos gêneros microbianos, como o Clostridium.Tais gêneros microbianos
fermentam carboidratos, gerando gás hidrogênio, ácidos graxos leves e dióxido
de carbono. Um passo relevante para otimização de processos de geração de
biohidrogênio é a escolha do substrato. A escolha do substrato deve levar em
conta o custo de processamento, transporte, oferta, tempo para metabolização
pelo microrganismo, rendimento do processo e possíveis subprodutos gerados.
Os substratos mais usuais para tal processo são: açúcar de beterraba, polpa
de cenoura e certos tipos de semente. Para o artigo, usou-se o açúcar de
beterraba como substrato para fermentação, devido ao menor custo e maior
biodisponibilidade. Essa última característica decorre do grande teor de
sacarose na beterraba, que é disponível para fermentação bacteriana. Outros
materiais ricos em celulose e hemicelulose, como aveia e trigo, requerem um
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tratamento prévio de hidrólise para serem disponibilizados para fermentação, o
que torna indesejável por requerer mais uma etapa no processo.

O tratamento mais usual da polpa de beterraba, descrito na literatura, é por


extração com água quente, gerando rendimentos de 1,7 mol de H 2 por mol de
açúcar. Porém, sabe-se que ainda exista um teor elevado de açúcares
biodisponíveis na polpa, o que poderia representar maiores rendimentos de
produção de hidrogênio. O objetivo do artigo é descrever uma metodologia
capaz de tornar disponível o açúcar da polpa para a fermentação, sem a
adoção de processo de pré-tratamento, que numa possível escala industrial,
representaria redução de custo com utilidade (água quente) e redução de uma
etapa do processo de separação, além de menor geração de resíduo, uma vez
que a polpa seria mais bem aproveitada, conforme o esperado pelo estudo em
questão.

Realizou-se o experimento com beterraba fresca, que foi processada em cortes


cúbicos, de dimensões previamente determinadas. Os resultados tem como
base de cálculo o peso seco de açúcar. Preparou-se um meio adequado para
as razões C/N/P do crescimento desse gênero bacteriano, além de acrescentar
fontes de magnésio, ferro e cloretos. O experimento foi realizado em batelada,
usual em trabalhos de pesquisa em escala laboratorial e em condições
mesofílicas. Os processos fermentativos que geram biohidrogênio são, via de
regra, realizados em ausência de luz. Dessa forma, são também conhecidos
como processos de fermentação escura. Avaliou-se o rendimento, em
condições de diferentes teores de biomassa (microrganismo), teores de açúcar
na polpa e de tamanho de partícula de substrato. O controle foi realizado em
condições de ausência de açúcar.

Essa metodologia alternativa se baseia em se aproveitar de elevadas áreas de


superfície disponíveis, facilitando a reação biológica por aumento da taxa de
transferência de massa. Em escala industrial, tal procedimento poderia ser
realizado com biorreatores com leito fixo, de modo que o tamanho da partícula
seja controlado e fixo para consumo microbiano.

Avaliou-se a formação de H2 comparando diferentes concentrações de massa


de açúcar no substrato. Espera-se que maiores teores favoreçam maior

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formação de hidrogênio, porém, até certo limite, devido a uma possível
repressão enzimática por inibição pelo substrato. De fato, os resultados
demonstraram que o aumento da concentração de massa seca de açúcar levou
a um aumento da produção do hidrogênio no regime permanente e não foi
observado o efeito de repressão, indicando que sob essas condições
experimentais, é possível o uso desse teor de açúcar. Conforme o gráfico que
relaciona a produção de hidrogênio e tempo, de acordo com cada
concentração adotada de açúcar, observou-se que o regime permanente foi
alcançado mais tardiamente nas três maiores concentrações, porém, entre
estas, o tempo final foi o mesmo, o que indica que maiores cargas podem ser
usadas. Observou-se que ocorreu aumento do teor de açúcar no meio, devido
à dissolução em fase líquida. Porém, também ocorreu à formação de biofilme
na fase sólida, o que possibilita o aumento do consumo do glicídio mesmo em
fase sólida, favorecendo o rendimento do processo.

A concentração inicial de biomassa foi avaliada dentro da faixa de 0,25g/L até 2


g/L. Observou-se que uma concentração de 1 g/L gerou os melhores
rendimentos de hidrogênio gasoso. Em concentrações iniciais elevadas de
biomassa ocorre o aproveitamento do hidrogênio gerado para realização de
outras vias metabólicas como a de síntese de ácido acético por bactérias
homoacetogênicas. Portanto, num processo em escala industrial, deve-se
controlar a carga inicial de biomassa para um ponto ótimo, de modo a gerar
maiores rendimentos.

Por último, avaliou-se o tamanho de partícula de substrato, e, conforme o


esperado, e descrito previamente, os maiores rendimentos de produção de
hidrogênio ocorreram com menores tamanhos de partícula, que implicam em
maiores áreas superficiais disponíveis.

Conclui-se que essa metodologia apresentou-se adequada, em escala


laboratorial para produção microbiológica de hidrogênio, utilizando polpa de
beterraba em fase sólida. Para uso dessa tecnologia no Brasil deveria ser
avaliados outros substrato ricos em glicídios simples e altamente disponíveis
em solo nacional a baixo custo, como a cana-de-açúcar.

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