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Sistema - Conjunto de partes coordenadas entre si; conjunto de meios para atingir um

fim; combinação de elementos para obter um resultado.


Integrado - Que se completou; que faz parte de…
Emergência - Situação de gravidade excecional. Que ocorre
subitamente/inesperadamente.
Emergência Médica - Atividade da área da saúde que abrange tudo o que se passa
desde o local onde ocorre uma situação de emergência, até ao momento em que se
inicia no estabelecimento de saúde adequado, o tratamento que a situação exige.

1. Sistema integrado de emergência médico (SIEM)


Portugal tem, desde 1981, um Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM).
O SIEM trata-se de um conjunto de entidades que cooperam com um objetivo: prestar
assistência às vítimas de acidente ou doença súbita. Essas entidades são a PSP, a
GNR, o INEM, os Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa e os Hospitais e Centros de
Saúde.

FASES DO SIEM
Deteção - Corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência de uma
ou mais vítimas de doença súbita ou acidente.
Alerta - É a fase em que se contactam os serviços de emergência, utilizando o Número
Europeu de Emergência – 112
Pré-socorro - Conjunto de gestos simples que podem e devem ser efetuados até à
chegada do socorro.
Socorro - Corresponde aos cuidados de emergência iniciais efetuados às vítimas de
doença súbita ou de acidente, com o objetivo de as estabilizar, diminuindo assim a
morbilidade e a mortalidade.
Transporte - Consiste no transporte assistido da vítima numa ambulância com
características, tripulação e carga bem definidas, desde o local da ocorrência até à
unidade de saúde adequada, garantindo a continuação dos cuidados de emergência
necessários.
Tratamento na Unidade de Saúde - Esta fase corresponde ao tratamento no serviço
de saúde mais adequado ao estado clínico da vítima. Em alguns casos excecionais,
pode ser necessária a intervenção inicial de um estabelecimento de saúde onde são
prestados cuidados imprescindíveis para a estabilização da vítima, com o objetivo de
garantir um transporte mais seguro para um hospital mais diferenciado e/ou mais
adequado à situação.

INTERVENIENTES DO SIEM

Quem intervém no SIEM?

• Público; • Médicos;
• Operadores de Central; • Enfermeiros;
• Agentes de Autoridade; • Técnicos dos hospitais;
• Bombeiros; • Técnicos de Telecomunicações;
• Tripulantes Ambulância; • Etc.

2. Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)


É o organismo do Ministério da Saúde ao qual cabe assegurar o funcionamento
no território de Portugal Continental, de um sistema integrado de emergência médica,
de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a pronta e correta
prestação de cuidados de saúde. A prestação de socorros no local da ocorrência, o
transporte assistido das vítimas para o hospital adequado e a articulação entre os vários
estabelecimentos hospitalares, são as principais tarefas do INEM.
O INEM, através do Número Europeu de Emergência - 112, dispõe de vários
meios para responder com eficácia, a qualquer hora, a situações de emergência médica.
As chamadas de emergência efetuadas através do número 112 são atendidas em
Centrais de Emergência da PSP. Atualmente, no território de Portugal Continental, as
chamadas que dizem respeito a situações de saúde são encaminhadas para os CODU
do INEM em funcionamento em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro.

Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)


Compete aos CODU atender e avaliar no mais curto espaço de tempo os pedidos
de socorro recebidos, com o objetivo de determinar os recursos necessários e
adequados a cada caso. O funcionamento dos CODU é assegurado em permanência
por médicos e técnicos, com formação específica para efetuar:
- O atendimento e triagem dos pedidos de socorro;
- O aconselhamento de pré-socorro, sempre que indicado;
- A seleção e acionamento dos meios de socorro adequados;
- O acompanhamento das equipas de socorro no terreno;
- O contacto com as unidades de saúde, preparando a receção hospitalar dos
doentes.

OS CODU coordenam:

- Ambulâncias de socorro dos Bombeiros e da CVP;


- Ambulâncias SBV (Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa) e SIV
(há possibilidade de administração de fármacos e realização de atos terapêuticos
invasivos) do INEM;
- Motociclos de Emergência;
- Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência (UMIPE)
- Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER);
- Helicópteros.

Centro de Orientação de Doentes Urgentes Mar (CODU Mar)


Tem por missão prestar aconselhamento médico a situações de emergência que
se verifiquem a bordo de embarcações. É constituído por uma equipa de médicos que
garantem apoio 24 horas por dia, com a cooperação das estações Radionavais,
estações Costeiras, Centros Navais de Busca e Salvamento e com a Autoridade
Marítima Local (Capitanias de Portos).
Uma equipa de médicos garante os cuidados a prestar, procedimentos e
terapêutica a administrar à vítima, podendo também acionar a evacuação do doente,
organizar o acolhimento em terra, e encaminhá-lo para o serviço hospitalar adequado.

Centro de Informação Antivenenos (CIAV)


É um centro médico de informação toxicológica. Presta informações referentes
ao diagnóstico, quadro clínico, toxicidade, terapêutica e prognóstico da exposição a
tóxicos em intoxicações agudas ou crónicas. O CIAV presta um serviço nacional,
cobrindo a totalidade do país. Tem disponíveis médicos especializados, 24 horas por
dia, que atendem consultas de médicos, outros profissionais de saúde e do público em
geral. Em caso de intoxicação ligue - 808 250 143

O Transporte Inter-hospitalar Pediátrico (TIP)


É um serviço que se dedica ao transporte de recém-nascidos e doentes
pediátricos em estado crítico entre Unidades de Saúde. As ambulâncias que asseguram
este serviço dispõem de uma tripulação constituída por um médico, um enfermeiro e um
técnico de ambulância de emergência. Estão equipadas com todo o material necessário
à estabilização de doentes dos 0 aos 18 anos de idade, permitindo o seu transporte para
hospitais onde existam unidades diferenciadas com capacidade para o seu tratamento.
As ambulâncias do TIP são um meio ligeiramente diferente dos restantes, pois
não realizam transportes primários (do local da ocorrência para o hospital), mas sim
transportes secundários (entre hospitais).

Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC)


Foi criado pelo INEM em 2004 para atender às necessidades psicossociais da
população e dos profissionais. É formado por uma equipa de psicólogos clínicos com
formação específica em intervenção psicológica em crise, emergências psicológicas e
intervenção psicossocial em catástrofe.
As suas funções são:
- Teleassistência; - Apoio aos profissionais do
- Unidade móvel de Intervenção INEM;
Psicológica de Emergência; - Formação aos profissionais do
- Situações de exceção; INEM;
- Investigação Científica.
Centro de Intervenção para Situações de Exceção (CIPSE)
Planeamento e coordenação estratégica de operações de emergência médica
em cenários de exceção; - Planeamento e coordenação de eventos de alto risco que
contem com a participação do Instituto bem como por planear e coordenar as equipas
do INEM destacadas em missões internacionais. - Proceder à elaboração de planos de
emergência no âmbito da realização de exercícios vários em que o INEM participa, com
vista a garantir a prontidão e a eficácia das equipas de emergência.

Tópico 2
Prevenção

- Primária: Conjunto de ações a realizar antes que ocorra o


acidente, tendentes a diminuir ou mesmo anular a probabilidade
de ocorrência do mesmo.
- Secundária: Conjunto de ações a realizar após a ocorrência do acidente de modo a
que este não se agrave. A forma de atuação depende do tipo de acidente devendo-se
prever também os riscos decorrentes do mesmo.

Primeiro Socorro
Prestar Primeiro Socorro é saber aplicar um conjunto de conhecimentos que
permitem, perante uma situação de acidente ou doença súbita, estabelecer prioridades
e desenvolver ações adequadas como fim de estabilizar ou, se possível, melhorar a
situação da(s) vítima(s).

Os 4 passos dos primeiros socorros

1. Garantir a segurança

- Não correr riscos; - Manter uma distância


- Identificar a existência de potenciais de segurança;
perigos (por exemplo: trânsito, incêndio, - Ajudar na evacuação.
eletricidade);
- Criar condições de segurança;

NOTA: Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos parece estar em perigo de vida
pode levar-nos a ignorar os riscos que podemos correr. Se não forem garantidas as
condições de segurança, antes de se abordar uma vítima poderá, em casos extremos,
ocorrer a morte da vítima e do reanimador.
a) Garantir a segurança (acidente rodoviário)
- Cumpra o código da estrada em todas as situações;
- Reduza a velocidade sem travar bruscamente;
- Estacione num local seguro;
- Coloque o colete refletor;
- Utilize sinais de aviso para alertar o tráfego;
- Procure desligar a ignição de todos os veículos.

b) Garantir a segurança (incêndios)

- Nunca entre numa casa em chamas;


- Afaste-se do local de incêndio (mantenha uma distância de
segurança) / se estiver no edifício saia imediatamente e ajude
as outras pessoas a evacuar o edifício, desde que o consiga
fazer em segurança.

c) Garantir a segurança (acidentes elétricos)

- Presuma que todos os cabos elétricos e eletrodomésticos


têm corrente elétrica ativa (até se provar que estão
desligados);
- Não toque numa vítima enquanto esta estiver em contato
com uma fonte de corrente elétrica (lembre-se que os líquidos
e objetos em contato com a vítima também conduzem a
eletricidade);
- Desligue a corrente elétrica / deve isolar-se do solo pisando material não
condutor/utilizar um objeto não condutor para afastar a fonte de energia da vítima.

d) Garantir a segurança (Remoção de emergência de uma vítima)

- A regra geral é não mover a vítima do local do acidente;


- Só deve mover-se uma vítima se esta estiver exposta a perigo incontrolável, se a
estabilidade da situação não puder ser assegurada e se puder agir sem risco para si
próprio.
2. Examinar a vítima

- Apresentar-se; estão diminuídos


- Verificar se responde/reage; representam risco de
- Verificar se ventila (situações em que vida);
o estado de consciência ou ventilação - Pesquisar sinais e
sintomas.
3. Dar o alerta (Ligar 112):

• O tipo de situação (doença, acidente, etc.);


• O número de telefone do qual se está a ligar;
• A localização exata do acidente e, sempre que possível, pontos de referência;
• O número de vítimas e o seu estado (com base nas queixas principais e as
alterações observadas);
• O sexo e idade aparente da(s) vítima(s);
• A existência de fatores agravantes que exijam outros meios para o local (perigo
de explosão, de incêndio, vítimas encarceradas, acidentes elétricos,
afogamento, etc.)

4. Prestar os 1º Socorros

- Os primeiros socorros são apenas a primeira ajuda a ser dada ao


ferido;
- Os primeiros socorros servem para aliviar a dor e estabilizar o
estado da pessoa, mas não servem como tratamento ou cura;
- O sucesso dos primeiros socorros está, na maioria dos casos,
diretamente relacionado com a rapidez, destreza e qualidade das
técnicas aplicadas.

a) Prestar os 1º Socorros - Socorros essenciais

São situações consideradas prioritárias em relação a todas as outras, quer na


prestação do Primeiro Socorro, quer na evacuação para um centro hospitalar, uma vez
que comprometem rapidamente a vida da(s) vítima(s).
São 4 situações cujas iniciais formam o acrónimo:
A - Asfixia/alterações cárdio-respiratórias
C - Choque
H - Hemorragia
E – Envenenamento
b) Prestar os 1º Socorros - Socorros secundários

São todas as situações não contempladas anteriormente, as quais devem ser


socorridas depois das situações de socorro essencial estarem estabilizadas, uma vez
que não põem diretamente em risco a vida da(s) vítima(s).
Ex: queimaduras, fraturas…

Tópico 3

POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)

Exame da vítima:

Se a vítima se encontra consciente...


Exame secundário:
1º Observação da Pele

- Avaliação da temperatura (normal; quente ou fria);


- Avaliação do grau de humidade (normal, seca ou húmida – suores, …);
- Avaliação da coloração (normal, congestionada, pálida ou cianosada).

2º Observação das pupilas

- Avaliação do diâmetro (normais ou intermédias, dilatadas ou midriáticas, contraídas


ou mióticas);
- Avaliação da simetria (comparação dos diâmetros);
- Avaliação da reação à luz (presente ou ausente).

3º Pesquisa de hemorragias nos orifícios naturais

- Pesquisa de libertação de sangue na boca, ouvidos nariz, etc.

4º Observação do corpo

- Tem como objetivo encontrar outras situações como: feridas, fraturas ou outros
traumatismos.
- A observação e palpação deve ser feita sempre no sentido céfalo-caudal (cabeça-
membros inferiores).

Interrogatório à vítima e possíveis testemunhas

- Questionar a vítima (se consciente) e possíveis testemunhas sobre dados da vítima,


sintomas e desenvolvimento do acidente.
Se a vítima não se encontra consciente...

1. Desobstrução das vias aéreas

Pelo facto da vítima se encontrar inconsciente, o relaxamento do palato mole e


do epiglote pode causar obstrução da via aérea (OVA). Este mecanismo é a causa mais
frequente de obstrução da via aérea num adulto inconsciente. A OVA pode acontecer
também por corpos estranhos (vómito, sangue, dentes partidos ou próteses dentárias
soltas podem estar na origem da obstrução).

Adulto
Extensão da cabeça e elevação do queixo

- Coloque a sua mão na testa da vítima e cuidadosamente incline a cabeça


desta para trás;
- Mantenha os seus dedos, polegar e indicador livres, para poder
comprimir as narinas, caso tenha que executar insuflações
- Coloque as pontas dos dedos da sua outra mão sob a ponta do queixo
da vítima;
- Eleve o queixo para abrir as vias áreas;
- Não pressione a zona mole sobre o queixo. Isso pode dificultar a ventilação.
Se existir a suspeita de traumatismo da coluna cervical não deve ser feita
a extensão da cabeça.
Várias situações podem causar traumatismo da coluna cervical, nomeadamente:
acidentes de viação, quedas, acidentes de mergulho ou agressão por arma de fogo.
Nestes casos a permeabilização da via aérea deve ser feita através da
técnica de elevação da mandíbula/maxilar inferior.
Bébe / Criança
- A extensão da cabeça é muito ligeira porque o bebé ventila quase e só
pelo nariz e a posição da sua cabeça é mais anterior relativamente ao
corpo do que no adulto.
- Além disso, a traqueia é mais frágil e tem tendência a angular, não
arqueando

Verificação da ventilação
- Ver se o tórax se move para cima e para baixo
- Ouvir sons da ventilação na boca da vítima
- Sentir a ventilação da vítima na sua face

Enquanto mantém as vias áreas desobstruídas 10 segundos


Nos primeiros minutos após a paragem cardio-respiratória, parece
frequentemente que a vítima está a tentar ventilar. Pode parecer que a sua ventilação é
fraca ou que faz ligeiros ruídos irregulares.
O socorrista às vezes interpreta estes movimentos como ventilação normal. Na
verdade, são as últimas tentativas de ventilação espontânea - conhecidos por ‘gasping’
ou ‘respiração agónica’ que não devem ser confundidos com respiração normal. Estes
movimentos correspondem a uma fase transitória e precedem a PCR.
Se não consegue determinar, com certeza, se a vítima ventila normalmente,
deve proceder como se esta não esteja a ventilar.

Frequência – o nº de ciclos ventilatórios por minuto (num adulto é de 12 a 18


ciclos/minuto);
Amplitude – a forma como a caixa torácica se expande em cada ciclo ventilatório;
Consoante a expansão do tórax, teremos 3 tipos de amplitude ventilatória: Normal;
Superficial ou Profunda
Ritmo – indica se os ciclos ventilatórios se processam a intervalos regulares, isto é, se
o espaço de tempo que decorre entre cada ciclo é sempre igual ou não. Assim, teremos
ritmo: Regular / Irregular
Se está inconsciente, mas ventila...
2. PLS (Posição Lateral de Segurança)

• Quando uma vítima se encontra inconsciente em decúbito dorsal, mesmo que respire
espontaneamente, pode desenvolver um quadro de obstrução da via aérea e deixar de
respirar, devido ao relaxamento do palato mole e do epiglote.
• A via aérea pode também ficar obstruída por regurgitação do conteúdo gástrico,
secreções ou sangue.
• Nestes casos a vítima deve ser colocada numa posição que mantenha a
permeabilidade da via aérea, garantindo a não obstrução por relaxamento do palato
mole e epiglote, permitindo a livre drenagem de um qualquer líquido da cavidade oral,
evitando a entrada do mesmo nas vias respiratórias, nomeadamente no caso de a vítima
vomitar.

A Posição Lateral de Segurança deve respeitar os seguintes princípios:

• Ser uma posição o mais ‘lateral’ possível para que a cabeça fique numa posição em
que a drenagem da cavidade oral se faça livremente;
• Ser uma posição estável;
• Não causar pressão no tórax que impeça a respiração normal;
• Possibilitar a observação e acesso fácil à via aérea;
• Ser possível voltar a colocar a vítima em decúbito dorsal de forma fácil e rápida;
• Não causar nenhuma lesão à vítima.
É particularmente importante não causar nenhuma lesão adicional à vítima com
a colocação em PLS, por este motivo, no caso de existir suspeita de traumatismo da
coluna cervical, não está indicada a colocação da vítima em PLS.
Se há suspeita de trauma a vítima só deve ser mobilizada se for impossível
manter a permeabilidade da via aérea de outro modo, e neste caso, deve ser sempre
respeitado simultaneamente o alinhamento da coluna cervical.

Passos para colocar a vítima em PLS:

- Ajoelhe-se ao lado da vítima com um dos joelhos ao nível da linha


intermamilar e o outro ao nível da linha umbilical. Assegure-se de que
ambas as suas pernas estão esticadas.
- Coloque o membro superior da vítima (do seu lado) em ângulo reto, em
relação ao corpo da mesma. Dobre o antebraço para cima com a palma
da mão virada para cima;

- Coloque o outro braço da vítima atravessado sobre o tórax da mesma.


Segure as costas da mão da vítima contra a bochecha (do seu lado).
Mantenha a mão da vítima no lugar;

- Com a sua mão livre, agarre pelo joelho a perna da vítima que fica oposta
a si. Eleve perna da vítima, mas deixe o pé no chão;
- Puxe a perna elevada na sua direção. Entretanto, continue a pressionar as
costas da mão da vítima contra a bochecha. Vire a vítima na sua direção para
a colocar de lado.

- Posicione a perna que está por cima de tal forma que a anca e o joelho estejam em
ângulos retos;
- Incline novamente a cabeça para trás para manter as vias aéreas desobstruídas;
- Certifique-se de que a boca da vítima está inclinada com relação ao solo. Isto evita
que esta se engasgue com sangue ou vómito;
- Ajuste a mão da vítima sob a bochecha, para manter a cabeça inclinada;
- Verifique regularmente a ventilação da vítima.

NOTA: Apenas para vítimas inconscientes em que exista ventilação espontânea (e em


vítimas em que não exista suspeita de traumatismo vertebro-medula)
Desfazer a PLS (apenas se a vítima deixar de respirar):

- Ajoelhe-se por trás da vítima;


- Apoie com uma mão a anca da vítima e estenda a perna que está por
cima com a outra alinhando-a;

- Sem deixar de apoiar a anca retirar a mão que se encontra sob a face da
vítima e coloque o braço sobre o tórax, ao longo do corpo;
- Mantendo uma mão a segurar a anca da vítima, apoie com a outra a cabeça;

- Com um movimento seguro e firme puxe ao nível da coxa, rolando a vítima


sobre as suas coxas, mantendo simultaneamente outra mão a apoiar a
cabeça;

Bebé / Criança

A mesma técnica pode ser utilizada para colocar um bebé na posição lateral de
segurança.
Se necessário, pode colocar uma pequena almofada ou cobertor enrolado por detrás
das costas do bebé. Isto mantê-lo-á mais estável.
Tópico 3.1

REANIMAÇÃO/SUPORTE BÁSICO DE VIDA


O objetivo da reanimação cardio-respiratória (RCP) é recuperar vítimas de
paragem cardio-respiratória, para uma vida comparável à que tinham previamente ao
acontecimento.
O sucesso das manobras de RCP está condicionado pelo tempo, pelo que
quanto mais precocemente se iniciar o SBV maior a probabilidade de sucesso.
Se a falência circulatória durar mais de 3 - 4 minutos vão surgir lesões cerebrais,
que poderão ser irreversíveis. Qualquer atraso no início de SBV reduz as hipóteses de
sucesso.

O Suporte Básico de Vida é um conjunto de procedimentos bem definidos e com


metodologias padronizadas, que tem como objetivo:
- Reconhecer as situações de perigo de vida iminente,
- Saber como e quando pedir ajuda;
- Saber iniciar de imediato, sem recurso a qualquer dispositivo, manobras que
contribuam para a preservação da ventilação e da circulação de modo a manter a vítima
viável até que possa ser instituído o tratamento médico adequado e, eventualmente, se
restabeleça o normal funcionamento respiratório e cardíaco;
- Destina-se a ganhar tempo, mantendo parte das funções vitais até à chegada do
Suporte Avançado de Vida.

Em algumas situações em que a falência respiratória foi a causa primária da


paragem cardio-respiratória, o SBV poderá reverter a causa e conseguir uma
recuperação total.
O Suporte Avançado de Vida (SAV), executado por equipas médicas
diferenciadas, implica a utilização de fármacos, ventilação por entubação traqueal,
monitorização cardíaca e desfibrilhação elétrica.
Nos adultos (quando não ventila - paragem cardio-respiratória):
Posicionamento da vítima e do reanimador

• As manobras de SBV devem ser executadas com a vítima em decúbito dorsal, no chão
ou num plano duro.
• Se a vítima se encontrar, por exemplo, numa cama, as manobras de SBV,
principalmente as compressões torácicas, não serão eficazes uma vez que a força
exercida será absorvida pelas molas ou espuma do próprio colchão.
• Se a vítima se encontrar em decúbito ventral, se possível, deve ser rodada em bloco,
isto é, mantendo o linhamento da cabeça, pescoço e tronco.
• O reanimador deve posicionar-se junto da vítima para que, se for necessário, possa
fazer insuflações e compressões sem ter que fazer grandes deslocações.
Iniciar as compressões torácicas:

• Ajoelhe-se junto à vítima;


• Localize o ponto para as compressões torácicas:
Palpe o bordo inferior da grelha costal e deslize os dedos indicador e médio ao
longo deste até localizar o ponto de junção da grelha costal esquerda com a direita.
Nesse ponto encontra-se o apêndice xifoide, que corresponde à extremidade inferior do
esterno; coloque os dois dedos, indicador e médio, sobre o apêndice xifoide.

•Deslize a base da outra mão pelo esterno, até junto do dedo indicador. Este é o local
correto para se efetuarem as compressões torácicas: a porção média da metade inferior
do esterno;
• Certifique-se que mantém o bordo da mão no mesmo eixo que o eixo longitudinal do
esterno;
• Coloque a base da outra mão sobre a primeira, mantendo as mãos paralelas (não
cruzar);
• Entrelace os dedos e levante-os, de forma a não exercer qualquer pressão sobre as
costelas, apenas a base de uma mão deve ficar em contato com o esterno.
• Mantenha os braços esticados e, sem fletir os cotovelos, posicione-se de forma que
os seus ombros fiquem perpendiculares ao esterno da vítima;
• Pressione verticalmente sobre o esterno, de modo a que este baixe pelo menos 5 cm
(no máximo 6 cm);
• Alivie a pressão, de forma que o tórax possa descomprimir totalmente, mas sem perder
o contacto da mão com o esterno;
• Repita o movimento de compressão e descompressão de forma a obter uma
frequência de pelo menos 100/min (no máximo 120/min);
• Recomenda-se que comprima ‘com força e rapidez’.

• O gesto de compressão deve ser firme, controlado e executado na vertical.


• Os períodos de compressão e descompressão devem ter a mesma duração.
• É útil contar em voz alta ‘1 e 2 e 3 e 4 e 5 e... e 29 e 1’ de forma a conseguir manter
um ritmo adequado, ter a noção do número de ciclos (logo do tempo decorrido desde o
início) bem como a coordenação com o outro reanimador (quando estiver presente).

Para iniciar a sincronização das compressões com insuflações:

• Ao fim de 30 compressões, permeabilize a via aérea (extensão da cabeça e elevação do


mento);
• Colocar a palma da mão na testa da vítima e com o indicador e polegar pinçar e ocluir o nariz
• Manter o queixo elevado e a boca aberta
• Fazer uma inspiração normal, selar bem os lábios em torno da boca da vítima
• Soprar progressivamente para dentro da boca da vítima, durante 1 segundo como numa
respiração normal, verificando se o tórax se eleva; o que no seu conjunto constitui uma
respiração eficaz
• Manter a inclinação da cabeça e o queixo elevado, afastar a boca da vítima e verificar o tórax
a retrair à medida que o ar sai.
• Fazer outra inspiração normal e voltar a soprar para dentro da boca da vítima para fazer duas
ventilações eficazes. As duas ventilações não devem demorar, no total, mais de 5 segundos.
• Recolocar, sem demora, as mãos na posição correta sobre o esterno e fazer mais 30
compressões torácicas.
• Manter compressões torácicas e ventilações eficazes numa relação de 30/2.
Se a insuflação de ar não fez subir o tórax como numa inspiração normal, antes de voltar
a tentar:
• Ver se há algum obstáculo na boca da vítima e removê-lo
• Reconfirmar a inclinação da cabeça e a tração do queixo
• Não fazer mais de duas tentativas de ventilação antes de retomar as compressões
torácicas
• Se há mais do que um reanimador, devem trocar de posições no SBV cada 2min, para
prevenir o cansaço
• Assegurar que o tempo de interrupção para a troca de reanimadores é mínimo.

A reanimação feita só com compressões torácicas:

• O socorrista não treinado ou que não quer fazer ventilação à vítima faz só compressões
torácicas;
• Quando se fazem só compressões, estas devem ser contínuas, com uma frequência
de 100min-1 (sem exceder as 120min-1)
• É fundamental garantir que o SBV é executado de forma ininterrupta e com qualidade
• Para isso devem minimizar-se as pausas (planear as ações seguintes com
antecipação) e comprimir o tórax ‘com força e rapidez’ (deprimir o tórax 5 a 6 cm a um
ritmo de 100 a 120/min).
Manter a reanimação sem interrupções até:

• Chegarem profissionais que tomem conta da ocorrência;


• A vítima mostre sinais de estar a despertar: mexer, abrir os olhos e respirar
normalmente (Nesse caso o reanimador deve confirmar a presença de respiração
normal, efetuando o VOS);
• O reanimador ficar exausto.
Em síntese:
• Garantir Condições de Segurança
• Inconsciente?
➢ Gritar por Ajuda
➢ Permeabilizar a Via Aérea
• Não Respira normalmente? Gasping?
➢ Ligar 112
➢ 30 compressões torácicas
▪ Continuar até
o A vítima recuperar
❖ Movimento
❖ Abertura dos olhos
❖ Respiração normal
o Chegada de ajuda diferenciada
o Exaustão
A ventilação inicial

No adulto a necessitar de reanimação o mais provável é que PCR seja de causa


cardíaca pelo que a reanimação deve iniciar-se pelas compressões torácicas e não
pelas ventilações. Não se deve perder tempo a verificar se há corpos estranhos na boca
a menos que a insuflação não faça o tórax elevar-se.

Ventilação

Durante a reanimação, consegue-se manter uma relação ventilação perfusão


adequada com volume corrente e frequência respiratória inferiores ao normal.
A hiperventilação é perigosa porque aumenta a pressão intra-torácica, diminui o
retorno venoso ao coração e reduz o débito cardíaco.
As interrupções nas compressões torácicas reduzem a sobrevida.
A insuflação deve demorar um segundo e ter volume suficiente para fazer o tórax
expandir, evitando insuflações rápidas e forçadas.
As duas ventilações devem demorar menos de cinco segundos.
Estas recomendações aplicam-se a todas as formas de ventilação durante a
reanimação, incluindo a boca a boca, com máscara e insuflador, com e sem oxigénio
suplementar.

Tópico 4

REANIMAÇÃO/SBV PEDIÁTRICO

As orientações de Suporte Básico de Vida estabelecem a seguinte distinção:

– Bebé: menos de 1 ano de idade


– Criança: entre 1 ano de idade e o início da puberdade

Os reanimadores treinados em SBV de adulto e que não têm conhecimentos


específicos de reanimação pediátrica podem usar a sequência utilizada no adulto, visto
que o resultado será pior se não fizerem nada.
Aos profissionais não diferenciados que querem aprender reanimação pediátrica
por terem responsabilidades com crianças (p. ex. professores, enfermeiras escolares,
nadadores-salvadores), é preferível modificar o SBV de adulto e efetuar cinco
insuflações iniciais, seguidas de cerca de um minuto de RCP, antes de procurar ajuda.
EXECUTAR 5 INSUFLAÇÕES – Criança

-Incline a cabeça da vítima para trás e eleve-lhe o queixo.


-Deixe ficar uma mão na testa da vítima. Comprima as narinas da
vítima com o seu polegar e indicador. Com a outra mão, mantenha o
queixo elevado e deixe que a boca se abra;
- Inspire normalmente, incline-se para a frente e coloque a sua boca
completamente sobre a boca da vítima.
-Insufle ar para dentro da boca da vítima de forma homogénea e ao mesmo tempo
verifique se o tórax se eleva. Deixe que cada insuflação dure um segundo.
- Mantenha a cabeça da vítima em extensão com elevação do queixo. Eleve a sua
cabeça para verificar se o tórax baixa;
- Inspire normalmente e faça uma segunda insuflação

EXECUTAR 5 INSUFLAÇÕES – Bebé

- Faça uma ligeira extensão da cabeça, garantindo uma posição neutra


da cabeça;
- Coloque a sua cabeça na boca e nariz do bebé;
- Insufle ar para dentro da boca e nariz do bebé de forma homogénea e
ao mesmo tempo verifique se o tórax se eleva. Obviamente, nos bebés
atinge-se um nível de ventilação adequado com um menor volume de
ar.

Se após as primeiras 5 insuflações, não ocorrer sinais de vida: 15 compressões


seguidas de 2 insuflações
Compressões do bebé

Um socorrista: Comprimir o terço inferior do esterno com a ponta dos

dedos da mesma mão

Dois socorristas: O socorrista responsável pelas compressões torácicas


deve fazer a compressão com os polegares, um ao lado do outro, sobre
o terço inferior do esterno, envolvendo o tronco com as mãos e apoiando
os restantes dedos sob a coluna dorsal.

Compressões na criança

Recomendações

- Se o socorrista estiver sozinho, fazer as manobras de SBV durante um minuto e só


depois efetuar o alerta. Constitui exceção a esta regra o colapso súbito de origem
cardíaca, em que se faz primeiro o alerta e só depois se inicia a RCP.
- Se existirem 2 socorristas, um inicia as manobras de SBV enquanto o outro faz o alerta.

Em suma (Algoritmo do suporte básico de vida pediátrico p/pessoas com dever de


resposta):
1. Não responde
a. Chamar ajuda
b. Permeabilizar via aérea
2. Não respira normalmente?
a. 5 insuflações
3. Sem sinais de vida?
a. 15 compressões torácicas
b. 2 insuflações + 15 compressões
4. Chamar equipa de suporte avançado de vida pediátrico
Tópico 4.1

ASFIXIA
Prestar os 1º Socorros - Socorros essenciais

São situações consideradas prioritárias em relação a todas as outras, quer na prestação


do Primeiro Socorro, quer na evacuação para um centro hospitalar, uma vez que
comprometem rapidamente a vida da(s) vítima(s).

São 4 quatro situações cujas iniciais formam o acrónimo:


A – Asfixia / alterações cárdio-respiratórias
C - Choque
H - Hemorragia
E – Envenenamento

Bebés e crianças podem obstruir facilmente a via aérea se colocarem na boca


corpos estranhos, tais como moedas e pequenos brinquedos.

A partir do momento que ocorre obstrução total da via aérea:


2 minutos – permanentes danos cerebrais
3 minutos – morte!!

1. Obstrução parcial
O que observa:
- A criança/adulto ainda consegue falar, tossir e ventilar
- O bebé ainda consegue chorar

O que fazer:
- Se a vítima está a tossir eficazmente, encorajá-la a continuar a tossir;
- Não fazer mais nada para além disto;
- Permanecer com a vítima até ela retomar o ritmo normal de ventilação.

2. Obstrução total
O que observa: O que fazer:
- A criança/adulto acena com a cabeça; - Até 5 pancadas intercostais
- A vítima não consegue tossir ou - Se não resolvida – até 5 compressões
ventilar. abdominais
CRIANÇA/ADULTO:

O que fazer: pancadas intercostais

1. Coloque-se de pé, ao lado e um pouco atrás da vítima.


2. Apoie o tórax da vítima com uma mão e dobre-a para a frente (assim o objeto
sairá sozinho se deslocado e não se moverá mais para dentro da traqueia.
3. Execute até 5 pancadas firmes entre as omoplatas da vítima (o objetivo de
cada pancada é a deslocação do objeto que está a obstruir a via aérea).
4. Após cada pancada verifique se a obstrução ainda se mantém. Se resolvida,
não há necessidade de pancadas adicionais.

Se não resolvida...
O que fazer: compressões abdominais

1. Coloque-se atrás da vítima e com os braços em redor da parte superior do


abdómen.
2. Dobre a vítima para a frente.
3. Cerre o punho e coloque-o entre o umbigo e a ponta inferior do esterno.
4. Segure o punho cerrado com a sua outra mão. Puxe o punho com força
para dentro e para cima. Repita até 5 vezes

BEBÉ (menos de 1 ano):

O que fazer: pancadas intercostais

1. Coloque o bebé de barriga para baixo apoiado no seu antebraço


ou sobre as suas pernas.
2. Apoie o queixo com uma mão entre o polegar e os dedos
indicador e médio.
3. Execute até 5 pancadas entre as omoplatas.

Se não resolvida...
O que fazer: compressões torácicas

1. As técnicas de compressões abdominais devem ser substituídas


por compressões torácicas. Utilizar a mesma técnica usada para as
compressões torácicas durante a RCP. As compressões devem ser
executadas com mais força, mas a um ritmo mais lento.
Em síntese:
Tópico 5
CHOQUE
É a incapacidade do sistema cardiocirculatório fazer chegar aos órgãos
principais a quantidade necessária de oxigénio e nutrientes.
O choque ocorre devido a uma inadequada perfusão (irrigação de sangue) dos
tecidos do organismo provocada por alterações graves do aparelho circulatório.

Independentemente do mecanismo que desencadeia o choque, existe uma


reação em cadeia que leva:
- A uma diminuição da função cardíaca;
- Insuficiente distribuição de sangue pelos tecidos;
- Associado ainda a uma deficiente ventilação;
-Levando, por consequência, a alterações mais ou menos graves, do
funcionamento do Sistema Nervoso Central.
Estas mesmas reações continuarão em ciclo vicioso até surgirem lesões
irreversíveis.
Todo este mecanismo instala-se, normalmente, de forma súbita e o agravamento
da função dos principais órgãos é rápida podendo conduzir a vítima, em pouco tempo,
à paragem cárdio-pulmonar.
Assim, quanto mais prontamente se quebrar a cadeia de reações, ou seja, se
efetuar um rápido e eficiente socorro, menos lesões resultarão para a pessoa em causa.

Fatores desencadeantes:

- Lesões primárias no coração - Este como não está a trabalhar bem não consegue
bombear o sangue por todo o organismo e desencadeia o choque - choque
cardiogénico.
- Entrada de substâncias estranhas ao organismo contra as quais ele reage por ser-lhes
sensível - choque anafiláctico. Este tipo de choque aparece em pessoas alérgicas a
determinadas substâncias/medicamentos como, por exemplo, a penicilina.
- Diminuição do volume de líquidos circulantes e, por consequência da diminuição do
volume de sangue - choque hipovolémico.
- Se a quantidade de sangue existente em circulação diminui, o coração consegue
bombear o sangue mas este não é suficiente; há redução de toda a circulação
sanguínea o que implica um baixo teor de oxigénio no sangue para ser libertado nos
tecidos e uma deficiente captação dos produtos tóxicos a eliminar das células, por parte
do mesmo sangue.
Assim, instala-se o choque. Pode acontecer por:
- hemorragia interna ou externa;
- perda de plasma por infiltração nos tecidos no local das queimaduras;
- perda de líquidos por vómitos de repetição, diarreias, ou outras perturbações
intestinais sobretudo nas crianças;
- processos febris elevados e constantes.
- Dilatação acentuada dos vasos sanguíneos, por falta de estímulo neurológico -
choque neurogénico. A quantidade de sangue existente não chega para manter os
vasos cheios à mesma pressão surgindo, assim, o choque.
- Pode ser o caso de uma boa ou má notícia recebida sem preparação psicológica.

Fatores predisponentes:

Fatores predisponentes, indiretos ou secundários (causas que sozinhas não são


capazes de provocar o aparecimento do estado de choque, mas que facilitam o seu
aparecimento):
• Debilidade física,
• Fadiga acentuada;
• Idade avançada.

Sinais e sintomas:

- Palidez, a pele pode estar pálida ou cianosada, essencialmente a nível das


extremidades (dedos das mãos, pés);
- Diminuição da temperatura corporal;
- Pele húmida e, muitas vezes, viscosa;
- Pulso rápido e fraco;
- Ventilação superficial, rápida ou irregular e ofegante;
- Os olhos podem estar baços, sem brilho;
- Pode existir dilatação pupilar;
- A vítima pode ter náuseas, vómitos e secura da boca, lábios e língua;
- Inicialmente a vítima poderá apresentar-se lúcida, começando em seguida, e de uma
forma progressiva (ou súbita) a apresentar alterações do estado de consciência, com
manifestações de desorientação, alterações do comportamento, agitação, apatia e, por
fim, inconsciência.
Como proceder:

- Animar e acalmar a vítima; - Combater a causa (ex: controlar as


- Desapertar as roupas no pescoço, hemorragias; cobrir as feridas após
peito e cintura; limpeza cuidada; …);
- Verificar se está consciente, se ventila; - Manter a temperatura corporal (ex:
- Deitar a vítima em decúbito dorsal com colocando um cobertor/jornais/ cartão,
os membros inferiores elevados a 30° por baixo e por cima do corpo);
(há casos em que não se pode; deve-se - Vigiar as funções vitais;
usar o bom senso); - Não dar nada a beber.

Se a vítima estiver inconsciente:

- Colocá-la em PLS; - Combater a causa;


- Vigiar as funções vitais; - Manter a temperatura corporal.

Tópico 5.1

HEMORRAGIAS
É toda e qualquer perda de sangue, para o meio externo ou interno, por rutura
ou laceração de vasos sanguíneos.
Origem das hemorragias:
Arteriais – o sangue sai em jatos intermitentes, (correspondendo às
contrações do coração). É uma hemorragia muito abundante e de
difícil controle.

Capilares – o sangue sai lentamente, em toalha. São de fácil controle,


podendo parar espontaneamente.

Venosas – o sangue sai de forma regular, em jato contínuo. Embora


também abundantes são mais fáceis de controlar.

Tipos de hemorragias:

Hemorragias externas – o sangue sai por uma ferida existente na pele devido ao
rompimento de um vaso sanguíneo, por isso são sempre visíveis e facilmente
reconhecidas.
Hemorragias internas - são ocasionadas por ruturas internas, decorrentes de traumas
ou doenças, nos órgãos em seus respetivos sistemas.
Podem ser:
• Visíveis – se o sangue sai por um orifício natural do corpo;
• Invisíveis – se só se conhecem pelos seus sinais e sintomas.

Sinais e sintomas:

- Saída evidente de sangue (hemorragias - Pupilas progressivamente dilatadas;


externas ou internas visíveis); - Sede;
- Respiração progressivamente mais rápida, - Zumbidos;
mais superficial e mais fraca; - Gradual dificuldade de visão;
- Pulso progressivamente mais rápido e - Outros sinais e sintomas de choque.
mais fraco;
Como proceder:

1. No caso de Hemorragia Externa (Compressão manual direta)

- Comprimir fortemente o local da hemorragia com uma compressa esterilizada ou um


penso improvisado (pano limpo, seco e sem pêlos);
- Se o penso se ensopar de sangue, colocar outro por cima (sem retirar o primeiro) e
fazer uma compressão manual mais forte;
- Se o 2º penso ficar também ensopado, tirar este e colocar um terceiro, mas sem retirar
o primeiro;

Prender o(s) penso(s) com uma ligadura firme, mas que permita a circulação sanguínea;
Se o sangramento persistir através da compressão, colocar novas ligaduras, sem retirar
as anteriores, evitando a remoção de eventuais coágulos.

1. No caso de Hemorragia Externa (Compressão manual indireta)

Quando se faz:
- Se a ferida continuar a sangrar com abundância;
- Se houver fratura no local;
- Se houver um corpo estranho na ferida (vidros, objetos espetados, etc.).

Comprimir o vaso sanguíneo (artéria) responsável pela irrigação da zona ferida que
sangra, de encontro ao osso que lhe seja próximo, num ponto entre o coração e o local
da hemorragia.

Umeral (para hemorragia no membro superior) – segura-se o braço com


uma mão e com a ponta dos dedos da outra mão comprimimos o
músculo bicípede contra o úmero.
Femoral (para hemorragia no membro inferior) – Deita-se a vítima e
comprimimos com o punho, na parte interna da coxa logo abaixo da
virilha, deixando cair o peso do nosso corpo sobre o músculo que vai
comprimir a artéria contra o fémur.

2. No caso de Hemorragia Interna Visível

EPISTAXIS (hemorragia nasal provocada pela rutura de vasos sanguíneos da mucosa

nasal).

- Colocar a cabeça da pessoa direita no alinhamento do corpo;


- Comprimir com os dedos polegar e indicador em pinça, as
extremidades das narinas, durante cerca de 10 minutos;
- Aplicar gelo no local (exteriormente e não diretamente sobre a
pele);
- Soltar o nariz vagarosamente;
- Se a hemorragia não parar, pode-se fazer o tamponamento das duas narinas, usando
uma tira de pano ou gaze, com cerca de 30cm de comprimento e 1 de largura, com o
auxílio de uma pinça, em pequenas porções de cada vez, tal como um harmónio.

Tópico 6

INTOXICAÇÕES

As intoxicações em crianças, constituem uma das emergências


pediátricas mais frequentes e estão relacionadas com a ausência de
atitude preventiva dos adultos.

Tipos de tóxicos:

• Produtos industriais – Ex: cloro, amoníaco, brometos;


• Produtos agrícolas – Ex: herbicidas, pesticidas;
• Alimentos – Ex: conservas, mariscos, ovos;
• Medicamentos – Ex: analgésicos, tranquilizantes, narcóticos;
• Produtos de uso doméstico – Ex: detergentes, produtos de higiene pessoal.
Prevenção:

Para evitar intoxicações:

• Explique às crianças o risco de tomar medicamentos de que não estão a precisar e o perigo de
provar ou mexer em produtos perigosos;
• Não tome, nem dê medicamentos às escuras;
• Guarde os medicamentos e quaisquer outros produtos potencialmente tóxicos (bebidas
alcoólicas, produtos de limpeza, pesticidas…) fora do alcance das crianças;
• Não aplique raticidas ou naftalinas em locais acessíveis às crianças;
• Não utilize embalagens vazias para guardar outros produtos. Mantenha-os nas suas
embalagens originais;
• Leia as instruções de aplicação com cuidado e utilize os produtos de acordo com as regras de
segurança referidas na embalagem;
• Não coloque produtos de uso doméstico junto de alimentos;
• Mantenha as instalações de gás em bom estado e, se possível, com dispositivos de segurança;
• Não tenha instalações de gás na casa de banho;
• Não tenha plantas tóxicas em casa ou no jardim, tendo crianças pequenas. Cuidado com as
bagas

NO CAMPO
• Não ande descalço nem com sandálias, use sapatos fechados, de preferência botas;
• Não coma bagas ou sementes de plantas desconhecidas;
• Não apanhe nem ingira cogumelos se não os distingue com toda a segurança;
• Use os pesticidas cumprindo todas as regras de preparação e aplicação e respeite os intervalos
de segurança;
• Não deixe abandonadas embalagens de pesticidas destapadas, vazias ou vasilhas com restos
de caldas;
• Não se aproxime das colmeias
NA PRAIA
• Se souber da existência de Peixe-Aranha, use sandálias;
• Evite tomar banho em locais com alforrecas;
• Não apanhe marisco em áreas poluídas

Vias de intoxicação:

Sinais e sintomas:
O universo de produtos tóxicos provoca sintomatologias muito diversas.
Assim, é fundamental para além do exame geral da vítima uma atenta observação dos
diversos cenários que se podem encontrar junto desta, tais como:
- Odor pouco habitual na atmosfera;
- Seringa ou caixa de medicamentos vazios,
- Grupo de pessoas com sintomas idênticos após uma refeição.

Como proceder:

Atuação geral
Exame geral do intoxicado

• Avaliação dos sinais vitais:


- estado de consciência; - pressão arterial;
- pulso; - temperatura corporal.
- ventilação;
• Pesquisa de lesões e sintomas:
- lesões na pele e mucosas - hálito;
(queimaduras); - vómito;
- lesões oculares; - convulsões; etc.

O QUÊ? – (qual o tóxico) – saber o nome do ou dos produtos, e se não os soubermos,

tentar indagar a utilidade, a cor, o cheiro, a forma, etc. pois estes dados podem ajudar

o diagnóstico;

COMO? – (qual a via)


QUANTO? – (qual a quantidade)
QUANDO? – (há quanto tempo)
QUEM? – (características do intoxicado) – idade, sexo, sintomatologia, gravidez,
doenças prévias (renal, cardíaco, diabético, epilético, doente psiquiátrico, etc.), hábitos
(toxicodependente, alcoólico).
Se a intoxicação for por:

• Via ocular
- Lavar abundantemente com água corrente ou soro fisiológico do
canto lacrimal (interno) para o canto temporal (externo), mantendo as
pálpebras afastadas. (cerca de 15 min)
- Não aplique quaisquer produtos

• Via cutânea
- Retirar roupas contaminadas;
- Lavar abundantemente com água corrente durante cerca de 15
a 20 minutos.
- Realizar as manobras descritas com cuidado e com luvas.

• Picada de animal (Abelha, Vespa, Lacrau, Víbora, Peixe-Aranha)


- Imobilize a zona atingida
- Aplique calor no caso do peixe-aranha e frio nos restantes casos

• Via inalatória
- Eliminar a fonte de tóxico (entrar na sala onde ocorreu o
acidente, contendo a respiração; abrir uma janela; voltar ao
exterior para respirar fundo);
- Remover a vítima do ambiente contaminado
- Retirar as roupas contaminadas;
- Manter a vítima aquecida;
- Se necessário fazer ventilação assistida.

• Via digestiva
- Não provoque o vómito;
- Dê a beber alguns golos de água ou leite.

• Via circulatória (parentérica)


- Arrefecer localmente;
- Manter a imobilidade (os movimentos aumentam a velocidade da absorção).
Tópico 6.1

FERIDAS: São lesões que ocorrem por traumatismo do revestimento cutâneo com solução
de continuidade da pele. Podem ser provocadas por queda, agressão, uso inadvertido de objetos
cortantes ou perfurantes como facas, armas, máquinas, entre outros.

Tipos de feridas:

É comum classificar as feridas em:


• Superficiais – quando a lesão não ultrapassa as camadas da pele, sendo, neste
caso, simples, se não necessitar de tratamento médico ou diferenciado;
• Profundas – quando a lesão atinge tecidos subcutâneos. São sempre lesões
complicadas necessitando sempre de tratamento médico ou de enfermagem.

Não sendo caso de socorro essencial, deve ter-se sempre o mesmo cuidado com
qualquer ferida, pois podem apresentar complicações:
– Choque; – Infeção (local ou sistémica) devido à
– Hemorragia; entrada de microorganismos;
– Lesões de nervos, tendões, músculos – Contaminação – doença (ex: tétano e
ou órgãos internos adjacentes à ferida; raiva)

Como proceder:

Atitudes gerais
- Lavar as mãos e unhas, com água e sabão antes e depois do
contacto com a vítima;
- Usar luvas;
- Acalmar a vítima falando com ela, averiguando se tem a vacina do
tétano atualizada;
- Expor o local da ferida para se poder observar cuidadosamente (tirar
a roupa, descoser ou mesmo cortar);
- Se necessário retirar adornos – anéis, fios relógios, etc.
O que não fazer:

- Falar, soprar, tossir ou espirrar para cima da ferida;


- Utilizar álcool ou líquidos corados (mercurocromo ou tintura de iodo);
- Utilizar algodão ou qualquer outro tipo de pano com pêlos;
- Compressão direta em locais onde haja suspeita de fraturas ou corpos estranhos
encravados ou, junto das articulações.
1. Feridas não requerendo tratamento médico ou diferenciado:

- Lavar primeiro a zona da pele intacta à volta da ferida, partindo


dos seus bordos para a região mais afastada, com soro fisiológico
usando uma compressa esterilizada;
- Lavar com cuidado a ferida do centro para os bordos com soro
fisiológico usando uma compressa esterilizada.

- Secar a ferida com uma compressa esterilizada em pequenos


toques para não destruir qualquer coágulo de sangue;
- Fazer a desinfeção da ferida, do centro para a periferia, utilizando
uma compressa esterilizada com um antisséptico (Betadine em
solução dérmica).

- Colocar um penso e fazer a sua fixação com uma cobertura:


Penso rápido (se a ferida for pequena);
- Penso improvisado, usando compressas esterilizada, fixando-as
depois com adesivo, ligaduras ou lenços triangulares.

2. Feridas requerendo tratamento médico ou diferenciado:

- Hemorragia de controlo difícil;


- Ferida de limpeza difícil;
- Maior do que metade do tamanho da palma da mão da vítima;
- Ferida profunda;
- Face, olhos ou órgãos genitais;
- Corpo estranho encravado.

- Controlar a hemorragia, se houver, e combater outras complicações;


- Fazer uma lavagem superficial com soro fisiológico, apenas para avaliar a extensão
da ferida;
- Colocar penso e fixar com uma cobertura;
- Promover o transporte para o hospital.
Feridas com corpos estranhos encravados (faca, punhal, vidros, etc.)

- Nunca retirar os corpos estranhos;


- Proteger o corpo estranho fixando-o;
- Combater complicações;
- Transportar a vítima para o hospital.

Feridas nos olhos

- Lavar com soro fisiológico, do canto interno para o canto externo, não tentando retirar
o que não sair com a lavagem;
- Se não sair: fazer um penso oclusivo e vendar os dois
olhos;
- Transportar a vítima para o hospital.

Tópico 7

QUEIMADURAS: São lesões na pele provocadas pelo calor, frio ou por outros
agentes físicos ou químicos, tais como:

- Fogo; - Vapores; - Produtos químicos


- Atrito; - Eletricidade; (ácidos e substâncias
- Fricção; - Radiações solares; alcalinas).
- Líquidos ferventes;

Estas lesões têm consequências graves no nosso organismo, desfigurando-o e


ocasionando perda de função ou movimentos, deformando ou lesando órgãos,
podendo, mesmo, causar a morte por desidratação, choque ou infeção.

A avaliação da gravidade de uma queimadura está dependente dos seguintes


fatores:
a) Profundidade
b) Extensão
c) Localização
d) Idade
a) Profundidade - pode-se classificar as queimaduras pela profundidade de
pele queimada (grau). Assim, consideram-se 3 graus:

1º Grau
A camada da pele atingida é a superfície exterior – epiderme.
A pele apresenta-se vermelha – eritema – quente, seca, dolorosa e sente-
se ardor/dor.

2º Grau
Para além da epiderme é também atingida a derme.
A pele apresenta-se vermelha, quente, seca com ardor e dor, aparecendo
flitenas (bolhas) que têm no seu interior um líquido – plasma.

3º Grau
Existe destruição de toda a espessura da pele e dos tecidos subjacentes,
podendo chegar à carbonização. Pode haver destruição das extremidades
de nervos sensitivos.
No entanto, à volta da queimadura podem existir terminações nervosas não
atingidas o que causará bastante dor (queimaduras de 1º e 2º grau).

b) Extensão - Tem em conta a quantidade de pele atingida. Se uma vítima tiver


um membro superior queimado ou uma área equivalente, deve ser
considerada, em termos de primeiro socorro, um grande queimado, situação
que é sempre muito grave.
c) Localização - Queimaduras na face, mãos, órgãos genitais e articulações
são sempre graves, independentemente do seu grau. Também as
queimaduras anteriores do toráx e do pescoço devem ser consideradas
graves.

d) Idade - As queimaduras são mais graves nas idades extremas (crianças e


idosos), sendo nestes casos, o risco de infeção maior (sepsis).

Complicações que podem decorrer das queimaduras

• Choque – devido à dor violenta e perda abundante de plasma quando esta se


verifica. É frequente nos grandes queimados.
• Infeção – frequente nas queimaduras do 2º e 3º grau pela destruição da pele.

Como proceder:

Para vítimas com queimaduras muito extensas:

- Não despir, nem arrancar a roupa;


- Cobrir a zona ou toda a vítima com um lençol limpo e sem pêlos levemente humedecido
e de seguida evitar a perda de calor tapando-a com um cobertor;
- Prevenir o choque;
- Vigiar as funções vitais;
- Promover o transporte para o hospital.

Para vítimas com queimaduras pouco extensas:

1º Grau
- Arrefecer o mais possível até a dor desaparecer completamente, colocando sobre a
zona atingida compressas ou panos limpos sem pêlos, molhados com soro fisiológico,
água fria ou gelo. Também se pode colocar a área lesada debaixo de água corrente,
fria, durante 10 minutos;
- Colocar creme hidratante neutro e sem corantes.

2º Grau
- Arrefecer com água o mais fria possível;
- Se necessário, promover a evacuação da vítima para o hospital.
3º Grau
- Cobrir com uma compressa esterilizada e fixar;
- Vigiar as funções vitais;
- Enviar rapidamente para o Hospital.

NUNCA:

- Aplicar gorduras, pomadas ou loções; X


- Aplicar pensos adesivos; X
- Tocar na queimadura; X
- Picar as flitenas; X
- Retirar quaisquer fragmentos de roupa que estejam colados à queimadura. X

Casos especiais

Queimaduras nos olhos:

- Lavar demoradamente com um fio de água corrente ou soro fisiológico, do canto


lacrimal (interno) para o temporal (externo);
- Deixar o globo ocular humedecido;
- Colocar a vítima num ambiente com pouca luz, a fim de evitar a colagem das
pálpebras;
- NÃO FAZER PENSO OCLUSIVO.

Queimaduras nas articulações e em zonas de contacto

- São locais onde a pele queimada pode ficar em contacto com pele também queimada.
Assim, em todos estes pontos deve-se: Interpor compressas ou panos limpos, sem
pêlos e molhados, para se evitar a colagem.

Queimaduras provocadas por produtos químicos

- Colocar a vítima rapidamente debaixo de água corrente (chuveiro) completamente


vestida;
- Retirar a roupa durante o duche, o qual deve demorar de 15 a 20 minutos;
- Cobrir a vítima e promover o seu transporte ao hospital.
Tópico 8

LESÕES ARTICULARES, MUSCULARES E ÓSSEAS

O esqueleto é constituído por cerca de 206 ossos divididos por 3 grandes regiões
anatómicas:
- Cabeça
- Tronco
- Membros

Articulações

- Estruturas responsáveis por todos os movimentos do corpo


humano.
- Zonas de união entre os vários segmentos presentes no
nosso esqueleto
- Funções principais:
- Dar mobilidade
- Garantir a estabilidade dos ossos durante qualquer
movimento

Adjacentes aos ossos e inseridos neles, existem músculos, estruturas anatómicas que
formam a parte ativa do sistema locomotor.

1. Entorse: Rotura de ligamentos, mas sem deslocação óssea.

Este acidente tem como origem, um grande esforço ou uma posição falseada.
Aparecem com frequência nos tornozelos, quando mal apoiados, nos pulsos e nos
joelhos.
Sinais e sintomas:

• Dor forte; • Equimose (“nódoa negra”), em alguns


• Edema (inchaço) na região articular; casos.
Como proceder:

• Instalar a vítima em posição confortável;


• Fazer aplicações frias para diminuir o edema;
• Conferir apoio à articulação, envolvendo-a em camada espessa de algodão que se fixa
com uma ligadura;
• Em caso de dúvida, imobilizar a articulação como se de uma fratura se tratasse e
promover o transporte para o hospital.

2. Luxação

Perda de contacto das superfícies articulares por deslocação dos ossos que formam
uma articulação, por rotura dos ligamentos e da cápsula.
As luxações surgem com maior frequência no ombro, na anca, no tornozelo, no cotovelo,
no polegar e na mandíbula.

Sinais e sintomas:

• Dor violenta, que aumenta com a tentativa de movimento;


• Impotência funcional;
• Deformação;
• Edema dos tecidos vizinhos.

Como proceder:

• Instalar a vítima em posição confortável;


• Fazer aplicações com compressas frias, para diminuir a dor;
• Imobilizar sem fazer qualquer redução; NUNCA tentar fazer a posição normal, porque
qualquer tentativa nesse sentido agrava a dor;
• Prevenir/combater o choque;
• Promover o transporte para o hospital.

Luxação no ombro:
3. Distenção

Rotura das fibras musculares, resultante de um grande esforço.

Sinais e sintomas:

• Dor local de instalação súbita que se agudiza com os movimentos;


• Rigidez muscular;
• Edema.

Como proceder:

• Instalar a vítima em posição confortável;


• Se o acidente for recente, fazer aplicações frias;
• Repouso absoluto do músculo;
Se houver dúvidas sobre o estado da vítima, promover o transporte ao hospital.

4. Cãibra

Contração involuntária e dolorosa de um músculo ou de um conjunto de músculos.


É provocada por situações de fadiga muscular, sudação abundante ou qualquer outra
situação que provoque desidratação. Assim, aparece com frequência em crises de
insolação, em nadadores ou quando há um esforço muscular acentuado.

Sinais e sintomas:

• Dor local de instalação súbita;


• Rigidez muscular;
• Edema.

Como proceder:

• Distender os músculos afetados forçando o seu relaxamento;


• Massajar suavemente o local;
• Aplicar de forma indireta calor (toalhas embebidas em água morna).
5. Fratura

É uma interrupção parcial (fratura parcial) ou total (fratura total) da continuidade


do tecido ósseo.
As fraturas podem apresentar-se como:
• Fechadas – quando não comunicam com o exterior
• Abertas – sempre que há ferimento e visualização do foco de fratura.
• Expostas – quando há ferimento aberto que exterioriza os topos.

Sinais e sintomas:

• Dor intensa no local; • Mobilidade anormal;


• Deformação; • Crepitação óssea (ruído produzido
• Impotência funcional ou mesmo perda pelo atrito entre as seções ósseas
de função; fraturadas);
• Encurtamento do membro; • Edema.
• Deformação;
Como proceder:

• Expor a zona de lesão (desapertar ou se necessário cortar a roupa, retirar os sapatos,


adornos);
• Verificar se existem ferimentos (se existirem, fazer penso e cobertura como se
houvesse um objeto estranho encravado);
• Prevenir o choque;
• Controlar hemorragias por compressão manual indireta;
• Imobilizar o local fraturado, tendo o cuidado de não modificar a posição; Imobilizar as
articulações que ficam acima e abaixo do foco de fratura.

O que não fazer:

• Tentar encaixar as extremidades do osso partido; X


• Provocar apertos ou compressões que dificultem a circulação do sangue; X
• Procurar, numa fratura exposta, meter para dentro as partes do osso que estejam
visíveis. X
Tópico 8.1

EPILEPSIA: Doença que resulta na geração e condução anómala e não


controlada de estímulos elétricos celulares numa ou mais zonas do cérebro.

O que se observa no pequeno mal epilético:

- Alheamento
- Desorientação espaço-temporal
- Olhar vago

Como proceder:

- Promover um ambiente tranquilo até que a criança retome vida de relação

O que se observa no grande mal epilético:

- Inconsciência súbita
- Contração generalizada e sustentada de todos os músculos – FASE TÓNICA
- Apneia
- Contração e relaxamento de grupos alternados e músculos (convulsões)- FASE
CLÓNICA
- Ventilação ruidosa
- Salivação abundante
- Perda de controlo de esfíncteres
- Eventuais feridas na boca por mordedura na fase tónica
Como proceder:

- Manter a calma
- Proteger a cabeça
- Desapertar roupas a nível do tronco
- Desviar objetos que possam magoar a vítima

Quando providenciar a ida ao hospital, ligando 112:


- Seja a primeira crise
- Reapareça apesar da medicação
- Duração da crise superior a 5 minutos
- A ventilação normal não começar após as convulsões
- As crises epiléticas se sucederem
- Traumatismo decorrente da crise

Tópico 9

PERDA DE CONSCIÊNCIA

DESMAIO OU LIPOTÍMIA: É a perda lenta da consciência, total ou quase total, com


recuperação relativamente rápida.

Causas:

• Perturbações emocionais (susto, más • Hipoglicémia;


notícias, etc.); • Estar de pé e imóvel durante largos
• A vítima encontra-se numa atmosfera períodos de tempo;
quente e abafada; • Dieta inadequada;
• Dor aguda (ex: cólicas abdominais) • Outras causas.

Ainda que raro, algumas destas situações, excluída a causa traumática, podem estar
associadas a:
• Causas cardíacas
• Diabetes infantil (coma inaugural)
• Epilepsia (crise inaugural)
Sinais e sintomas:

• Palidez; • Suores frios (pele fria e viscosa - gotas


• Bocejos frequentes o que pode indicar de suor no rosto, pescoço e mãos);
falta de O2; • Pulso fraco.
• Astenia (falta de forças);

Como proceder:

• Desapertar peças de vestuário no pescoço e na cintura;


• Deitar a vítima com a cabeça baixa e de lado;
• Elevar os membros inferiores para aumentar o fluxo sanguíneo em direção ao cérebro.

O que não fazer:

• Não dar de comer e de beber à vítima até recuperar totalmente a consciência e, nessa
altura dar apenas gotas de água;
• Não dar bebidas alcoólicas;

Verificar se existe lesão em caso de queda;


Encaminhar para os serviços de saúde se necessário.

Tópico 9.1

DIABETES
Resulta de mau funcionamento do pâncreas; este não consegue segregar insulina, que
tem por função ajudar o açúcar, em circulação, a entrar nas células.
A insulina também facilita a digestão e absorção de alimentos, facto que é contrariado
pela sua falta.
Sempre que é perdido o equilibro entre a quantidade de açúcar e insulina em circulação,
podem surgir dois casos:
a) Coma diabético (hiperglicémico);
b) Choque insulínico ou coma hipoglicémico.

a) Hiperglicemia:

Se consciente:
- Dê a beber água
- Promova a ida urgente da criança ao médico

Se inconsciente:
- Coloque a criança em PLS
- Não dê nada para beber
- Promova a ida ao hospital, ligando 112

b) Hipoglicemia: uma baixa de açúcar no sangue para níveis abaixo do limite


inferior normal 70/80/dl, dependendo da idade da pessoa e condição física geral.
As hipoglicemias podem ser moderadas ou graves.
Causas + frequentes de hipoglicemia:
• Atraso ou falha de uma refeição Massagem ou exercício da zona
• Refeição pobre em hidratos de muscular próxima)
carbono de absorção lenta • Ingestão alcoólica abundante
• Vomitos/Diarreia com pequena ingestão de
• Insulina/Comprimidos para a Hidratos de Carbono de
diabetes em excesso absorção lenta.
• Má técnica de administração de • Férias ou fim de semana em que
insulina a atividade física aumenta,
• Aumento da absorção local no stresse diminui e o horário de

sítio de injeção da insulina (Ex: refeição é alterado.

Como proceder:

Se a vítima estiver consciente e for capaz de engolir:


• Dar imediatamente açúcar ou qualquer outro alimento doce com o fim de elevar o nível
de açúcar no sangue;
• Vigiar as funções vitais;
• Promover o transporte para o hospital.

Se estiver inconsciente, mas ventilar normalmente:


• Colocar em PLS; • Vigiar as funções vitais;
• Colocar açúcar debaixo da língua; • Promover o transporte para o hospital.

Tópico 9.2

CORPOS ESTRANHOS: São corpos que penetram acidentalmente no organismo

através de qualquer orifício natural ou após uma lesão de causa variável. As perturbações que
poderão provocar são várias, sendo a mais grave a morte, que nestes casos ocorre, muitas
vezes, por asfixia. São mais frequentes nos olhos, ouvidos, nariz e vias respiratórias.
1. Nos olhos:

Corpos estranhos mais frequentes: grãos de areia, pequenos insetos e limalhas;

Sinais e sintomas:


Dor ou picada local; • Dificuldade em manter as pálpebras
• Lágrimas; abertas.

Como proceder:

• Piscar os olhos para que as lágrimas limpem os olhos;


• Abrir as pálpebras do olho lesionado com muito cuidado;
• Fazer correr água/soro fisiológico sobre o olho, do lado de dentro para fora;
• Repetir a operação 2 ou 3 vezes;
• Se não se obtiverem bons resultados, fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma
compressa e adesivo, e enviar ao hospital.

O que não se deve fazer:

• Esfregar o olho e tentar remover o corpo estranho com lenços, papel, algodão ou outro
objeto.

2. Nos ouvidos:

Corpos estranhos mais frequentes: insetos.


Sinais e sintomas:

• Surdez; • Dor.
• Zumbidos (se o inseto estiver vivo);

Como proceder:

• Se se tratar de um inseto deitar uma gota de azeite;


• Se for outro corpo estranho, enviar para o hospital.

O que não se deve fazer: Colocar objetos no ouvido para tentar remover o objeto
3. Nas vias respiratórias:

Corpos estranhos mais frequentes: feijões, botões e outros objetos de pequenas


dimensões, com que geralmente as crianças brincam e pedaços de alimentos mal
mastigados.

Sinais e sintomas:

• Ar de asfixia; • Por vezes dor no local.


• Vómitos;

O que fazer:

• Tentar retirar o corpo estranho usando o dedo indicador em gancho ou uma pinça, se
ainda estiver visível;
• Colocar-se de lado ligeiramente por detrás da vítima;
• Apoiar o peito da vítima com uma mão e incliná-la ligeiramente para a frente;
• Dar 5 pancadas intercostais entre as omoplatas, com a outra mão;
• Se não for suficiente, aplicar a manobra de Heimlich;
• Se não obtivermos bons resultados, transportar ao hospital, com urgência. (Relembrar
o que aprendeu sobre Asfixia).

4. No nariz:

Corpos estranhos mais frequentes: feijões, botões e outros objetos de pequenas


dimensões, com que geralmente as crianças brincam.

Sinais e sintomas: Na maioria dos casos apenas se percebem se a vítima se queixar.

O que fazer:

• Se for fácil, poderemos retirá-lo com uma pinça;


• Pedir para se assoar com força, comprimindo com o dedo a narina contrária, tentando
assim que o corpo seja expelido;
• Se não for possível a sua extração, transportar para o hospital.

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