You are on page 1of 44

DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

EMPUXOS, MUROS E CORTINAS

TEORIA
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

1. Empuxos e estruturas de contenção

1.1. Definição de Empuxo

As pressões de solo que atuam sobre as estruturas enterradas dependem do estado de


deformações. Desta forma, como a relação entre deformações e tensões não é linear, a
solução de problemas não é simples.

Para facilitar essa análise, costuma-se enquadrar o problema em um dos três estados
a seguir descritos:

1.2. Estado geostático ou de repouso

É a situação onde as deformações entre o solo e a estrutura são praticamente


nulas.Costuma-se admitir que as pressões que atuam em galerias, túneis e o fuste de
fundações profundas estão nessa condição.

As pressões laterais são calculadas a partir das pressões verticais de solo (tensões
efetivas).

′ ′

Onde:

 σ′ é a pressão lateral efetiva;

 σ′ é a pressão vertical efetiva;

 k é o coeficiente de empuxo no repouso.

O coeficiente de empuxo no repouso pode ser avaliado a partir da teoria da


elasticidade, mas a expressão mais utilizada é devido a JAKY:

1 ∅

Onde:

 ∅ é o ângulo de atrito interno.


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

1.3. Estado ativo

É a situação em que o solo se movimenta contra a estrutura. Nesses casos a massa de


solo se plastifica por expansão lateral, mobilizando a máxima resistência ao cisalhamento.
Por isso é denominado de estado “crítico” ativo.

Costuma-se admitir que as pressões que atuam no tardoz de um muro de arrimo são
dessa natureza.

Uma das teorias mais empregadas para determinar o empuxo ativo (resultante das
pressões laterais) é a proposta por Rankine que admite a inexistência de atritos entre o solo
e o tardoz do muro.

Com o empuxo ortogonal à face do muro, pode-se calculá-lo a partir do equilíbrio de


forças:

45° 2 45° onde:

1
45°
2 2
Por analogia, as pressões laterais ativas podem ser calculadas por:

′ ′ 2 45° ou ′ ′ 2 √

onde é o coeficiente de empuxo ativo, podendo ser calculado a partir da expressão:

45° ou
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Nos solos arenosos admite-se que c ≈ 0 e as pressões laterais são nulas para pressões
verticais efetivas nulas.

Nos solos argilosos, as pressões laterais são negativas quando as pressões verticais
são baixas. Como o solo não aceita pressões negativas (de tração), forma-se uma trinca de
tração no topo do tardoz.

A profundidade de uma trinca de tração corresponde à extensão do tardoz onde


atuam pressões laterais efetivas negativas e pode ser calculada, na ausência de sobrecargas
acidentais no terreno como:

2


45°

É considerado prudente que, no caso de solos argilosos, considere-se a possibilidade


da trinca de tração resultar saturada com água e ali atuarem pressões hidrostáticas.

 
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

1.4. Estado passivo

É a situação em que a estrutura se movimenta contra o solo. A máxima resistência


que o solo pode oferecer a esse movimento se dá quando a massa de solo se plastifica. Por
tal razão, denomina-se de estado “crítico” passivo.

De forma análoga ao estado ativo, as pressões passivas podem ser avaliadas a partir
da formulação de Rankine, considerando que o atrito entre o solo e o muro são
negligenciáveis.

′ ′ 2 45° ou ′ ′ 2

Onde k é o coeficiente de empuxo passivo e pode ser assim expresso:

45° ou ou

Nos solos arenosos a pressão lateral passiva é nula para pressões verticais efetivas
nulas. Já nos solos coesivos, existem pressões laterais passivas disponíveis mesmo na
superfície do terreno.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

2. Deformações associadas aos estados críticos


Pressões ativas e passivas são condições de plastificação do solo, isto é, situações
onde as deformações se desenvolvem sem o aumento de tensões.

A condição de plastificação no estado ativo se configura com deformações pequenas.


Em um muro de contenção essa condição geralmente se manifesta com deslocamento da
ordem de 0,2% da altura da contenção:

δA≈ 0,2% x H

Já o empuxo passivo máximo só atinge esse valor com grandes deformações, algo da
ordem de 4% da altura da contenção:

δP ≈ 4% x H

Daí conclui-se que o empuxo ativo se constitui com pequenas deformações. Com
essa mesma deformação, o empuxo passivo seria apenas metade da máxima resistência
disponível.

Também é importante observar que os empuxos ativos e passivos habitam


simultaneamente as estruturas:

Muro tombando:
Muro deslizando:
Pontos 1 com máximo empuxo passivo
Pontos 1 e 2 com máximo empuxo passivo
Pontos 2 com empuxo próximo ao repouso

No dimensionamento das estruturas de contenção onde existem restrições às


deformações, as pressões passivas devem ser consideradas com muita cautela.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

3. Estados críticos e os círculos de Mohr


Os estados críticos podem ser entendidos com o auxílio dos círculos de Mohr.
Observa-se que, com progressivos alívios de pressão lateral por deslocamentos da
contenção, os cículos ampliam-se do repouso para a condição crítica (tangente à envoltória
de Mohr-Coulomb).

1
′ ′
2

1
1

Já na progressiva compressão lateral, os círculos ampliam-se do repouso para a


condição crítica de forma oposta ao estado passivo:

 
1
′ ′
2

1
1

A dedução das expressões postuladas por Rankine podem ser obtidas a partir de
relações trigonométricas:

No estado ativo:

No estado passivo:
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

4. Pressões ativas no repouso devido às sobrecargas acidentais


Cargas com aplicação em áreas restritas devem ser avaliadas com cautela,
preferencialmente apoiando-se em modelos computacionais.

Para situação de obras correntes, costuma-se adotar uma simplificação,


transformando-se cargas acidentais concentradas em distribuídas equivalentes:

10 â í  

SITUAÇÃO 20  
PERMANENTE
 
10  

 
Guindaste

30,0 10tf

60,0 30tf

SITUAÇÃO PROVISÓRIA 90,0 50tf

120,0 70tf

O efeito da sobrecarga é estimado como:

Isto é: a carga distribuída atua como um aumento do peso próprio do solo e a carga
de equipamentos é incidente sobre a crista do muro.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

5. Efeitos da compactação
O efeito da compactação é considerado quando as restrições a deformações da
contenção são severas.

Durante a passagem de um rolo compactador, as pressões verticais são elevadíssimas


e as pressões laterais são limitadas pelas pressões passivas. A influência da pressão do rolo
é limitada e definida como aparece no diagrama a seguir; aplicável em condição temporária.

Onde:


, e p é a carga dinâmica do equipamento de compactação.

′ 2 , ou:

Sugestões de p:
′ 2
Rolo CA-25 p = 100 KN/m
Rolo CA-15 p = 75 KN/m
, ou:
Rolo CG-11 p = 40 KN/m

1 2 2 1 Placa CV400 p = 30 KN/m


1 Comp. CP70 p = 20 KN/m

Se , então:

′ 2
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

6. Escavações temporárias verticais


Por necessidades construtivas, por vezes é necessário realizar escavações verticais
sem contenções. Essa prática só é possível em taludes não saturados, sem sobrecargas e em
solos coesivos.

A máxima altura de escavação, para respeitar o equilíbrio de pressões na direção


horizontal, corresponderia ao dobro da profundidade da trinca de tração. Entretanto, aplica-
se um fator de redução de 1,5 como ponderação.

2 2,67
1,5

7. Pressões ativas em terrenos inclinados


A formulação de Rankine pode ser deduzida para terrenos inclinados, desde que o
talude seja longo (maior que a cunha ativa) e o ângulo (β) inferior ao do atrito interno.

Dessa forma têm-se:

′ ′ 2 45°
2
Onde:

Destaca-se que a resultante das pressões (empuxo ativo ) possui direção paralela
ao talude. No caso de solos não-coesivos, têm-se:

1
′ ²
2
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

8. Pressões passivas em terrenos inclinados e bermas de escavação parcial


Em determinadas condições, o pé de uma contenção pode estar em geometrias
desfavoráveis, o que é motivo sempre de análise prudente.

45°

No caso das bermas, o empuxo passivo só poderá ser considerado na análise se a


largura da berma “ bf ” for ampla o suficiente para conter a cunha passiva.

′ ′ 2 45°
2

No caso de terrenos com declividade contínua no pé da contenção, as pressões


passivas podem ser estimadas pela formulação de Rankine, desde que “ β ” seja menor do
que o ângulo de atrito interno “ Ø ”. Assim como nas pressões ativas, as pressões passivas
atuam na direção paralela à superfície (β).
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

9. Formulação de Coulomb para pressões ativas


Coulomb propôs formulações para o empuxo no estado crítico antes mesmo de
Rankine. Pela teoria de Coulomb, o atrito entre o solo e o tardoz do muro não é
negligenciado, mas considerado na análise com um valor igual ou menor do que “ Ø ”.

Assim, a análise de equilíbrio da cunha ativa fica a seguir demonstrada:

Como o ângulo “ρ” da cunha ativa é dependente do atrito interno no tardoz do muro,
a expressão do empuxo ativo pode ser escrita:



O valor máximo de Ea é definido para o ângulo “ρcrítico”, ou seja:

Para o caso geral de terreno inclinado e muro com tardoz também inclinado, tem-se:

, com 0,


′ ′ 2 45°
2
1

2

² 1

Obs.: A expressão original de Coulomb foi restrita a solos não-coesivos. A expressão acima
é uma aproximação aceitável para solos com coesão.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

O ângulo de atrito de interface entre o tardoz da contenção e o solo (δ) depende da


rugosidade do muro e da granulometria do solo. Uma sugestão de valores é apresentada a
seguir:

Característica da face Solo δ

Fino 0,6 Ø
Concreto pré-fabricado
Grosso 0,5 Ø

Fino 0,7 Ø
Concreto moldado no local
Grosso 0,6 Ø

Fino 0,8 Ø
Gabiões e alvenarias
Grosso 0,7 Ø

Fino Ø
Crib-wall, solo reforçado
Grosso 0,9 Ø

Solos finos são aqueles com predomínio de siltes ou argilas, enquanto que os solos
grossos são aqueles com predomínio de areias e cascalhos.

10. Métodos Gráficos


Em taludes com geometrias complexas, a avaliação do empuxo ativo pode ser feita
com o equilíbrio de forças, variando-se o ângulo da cunha e pesquisando-se iterativamente o
máximo empuxo.

Observação:

Embora exista formulação de


Coulomb e gráficos para pressões passivas,
elas não são empregadas na prática.

Por conservadorismo, admite-se =0°


para a face passiva da contenção recaindo-
se na formulação de Rankine.

 
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

11. Muros de Contenção


Os muros são estruturas que sustentam desníveis no terreno, equilibrando as pressões
ativas pelo efeito dos seus pesos. Por essa razão são denominadas de “estruturas de
gravidade”. Os principais modelos construtivos de muros são os seguintes:

 Muros de alvenaria:
o Blocos de cantaria;
o Taipas de pedras irregulares
o Blocos intertravados.

 Muros de concreto:
o Concreto ciclópico;
o Concreto massa;
o Concreto armado.

 Muros celulares:
o Gabiões;
o Crib-wall (manjedoura).

 Muros de solo reforçado:


o Terra armada;
o Microancoragem;
o Terramesh®;
o Com georreforços.

 Muros de solo estabilizado:


o Solo-cimento compactado;
o Colunas injetadas (CCP, Jet Grouting)

Essas técnicas de muros serão discutidas caso a caso em capítulo específico,


destacando-se em que condições cada tipologia construtiva melhor se apresenta técnica e
economicamente.

Independentemente da técnica, os muros de diferenciam pelo peso específico e pela


sua geometria e isso repercute na forma da análise estática.

O dimensionamento dos muros é realizado interna e externamente. O


dimensionamento externo determina o equilíbrio entre muros e empuxos de solo. Já o
dimensionamento interno determina as propriedades e a distribuição dos materiais que
constituem o muro. Neste capítulo serão discutidos apenas os aspectos do dimensionamento
externo.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

11.1. Dimensionamento Externo de Muros

Os muros são dimensionados ou verificados para que atendam os seguintes quesitos


simultaneamente:

 Verificação ao tombamento;

 Verificação ao deslizamento;

 Verificação da capacidade de carga da fundação;

 Verificação de estabilidade global.

a) Verificação ao tombamento:

Mi E y

Mr W x ψ E y

Mr FSt Mi

ψ → Fator de compatibilidade de
deformações

Mi → Momentos instabilizantes

r → Momentos resistentes

Na verificação ao tombamento, satisfaz-se o equilíbrio à rotação e torno do eixo “O”


mais afastado do tardoz, agregando um controlador probabilístico das incertezas, isto é, um
fator de segurança .

No início do possível movimento, o muro está apoiado na aresta externa e a reação


da base (N’) é concorrente ao eixo de giro.

Como o empuxo passivo máximo só é mobilizado com grandes deformações,


costuma-se ponderar a sua participação com um “fator de compatibilidade de
deformações”().

Situação

Temporária 1/2

Permanente 0
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

O fator de segurança é admitido, minimamente, como:

Situação

Não crítica 2,0

Crítica 3,0

Entende-se como situação crítica aquela em que a eventual instabilidade do muro


acarreta perdas econômicas desproporcionais ou riscos significativos de perdas de vidas
humanas. Essas situações correspondem a muros que contêm platôs com estruturas de ponte,
tubovias, redes de alta tensão ou vias de grande circulação, por exemplo.

b) Verificação ao deslizamento

Na verificação ao deslizamento, satisfaz-se o equilíbrio à translação, segundo uma


direção paralela ao plano da base do muro, agregando um controlador probabilístico das
incertezas, isto é, um fator de segurança .

A resistência ao cisalhamento na base do muro ( ) é dependente do ângulo de atrito


da interface solo-muro ( ), da coesão da interface ( ) e da reação da fundação normal ao
plano da base ( ′).

N’ pode ser calculada pelo equilíbrio de forças normais ao plano da base.

Os valores de cb devem ser considerados com cautela, sugerindo-se:

 cb = ½ C para situações temporárias

 cb = 0 para situações permanentes

O fator de segurança ao deslizamento é admitido minimamente como:

Situação

Não crítica 1,5

Crítica 2,0
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

c) Verificação da capacidade de carga da fundação;

Nesta verificação, procura-se avaliar se o terreno possui condições de oferecer a


reação N’ ao muro. Esse mecanismo é complexo e semelhante à análise de estabilidade de
fundações.

Como simplificação, admiti-se que essa verificação está cumprida quando as tensões
de contato entre a base do muro e o solo não ultrapassam a tensão admissível do terreno
para uma determinada geometria de muro.

Solo perfeitamente elástico:

6
á 1
í

4
á
3

í 0

Solo perfeitamente plástico:

A tensão admissível depende dos parâmetros do solo (, c, ) e da interface solo-base


(, Cd), além das dimensões do embutimento e da própria base (f, B, e). A tensão admissível
já contempla um FS=3,0.

Existem duas formas comumente aceitas para a verificação da capacidade de carga


da fundação: uma que considera o solo um material linear-elástico (módulo de elasticidade
constante) e outra que considera o solo um material perfeitamente plástico (deforma-se sem
variar a tensão).

Os solos não são nem elásticos nem plásticos, de forma que tem sido adotada a
primeira hipótese para muros apoiados em rochas ou solos muito compactos, enquanto que
a segunda tem sido empregada para os demais casos.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Observa-se que todas as formulações são relacionadas com a excentricidade “e” que
pode ser obtida pelo equilíbrio à rotação em torno do eixo central da base do muro. No
desenho indicado tem-se:

U y E y ψ E y W 0
2

Mr W x ψ E y

Com o fator de compatibilidade de deformações (ψ) já discutido anteriormente.

O conceito de equilíbrio limite é válido para excentricidades positivas. Se a


excentricidade for negativa, a análise do problema deve ser refeita, pois os empuxos no
tardoz do muro não são mais ativos, mas superiores aos geostáticos.

Para excentricidades negativas modestas, recomenda-se o seguinte procedimento:

Quando e > 0 adotar ψ = 0

Adotar e = 0 se continuar e < 0

Esse procedimento é válido para excentricidades modestas onde:

| | │

*OBS 1.: Outra forma de determinar a excentricidade é:

0
2

2 ′
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

11.2. Muros com tardozes inclinados ou escalonados

A análise de muros com tardozes inclinados ou escalonados é distinta para as


formulações de Rankine e de Coulomb.

A formulação de Rankine pressupõe sempre o tardoz vertical. Assim, nos casos onde
essa condição não se apresenta, deve-se criar um “tardoz virtual” projetado verticalmente a
partir da base do muro.

Observa-se que os muros passam a ser


constituídos por dois materiais: o próprio
material do muro e o solo agregado pelo
tardoz virtual.

Já no caso da formulação de Coulomb, o tardoz é o plano reto mais provável e


tangente ao muro.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

11.3. Muros com fundação inclinada ou com chaves

Em algumas situações pode ser vantajoso que o plano da base seja preparado com
inclinação mergulhante para o tardoz do muro.

Nesses casos, o equilíbrio ao deslizamento e a verificação da capacidade de carga da


fundação são efetuadas segundo um plano inclinado

Os desenhos acima indicados mostram arranjos de empuxos para bases inclinadas


pela formulação de Rankine (com tardoz virtual).

Observe que N’ não é vertical e o valor desta resultante pode ser obtido pelo
equilíbrio de forças normais ao plano da base.

Um caso particular de base inclinada decorre do emprego de chaves.

Nesses casos, deve-se realizar a análise de duas formas: uma que cria um plano
inclinado entre a chave e a borda do muro (I) e outra em que a chave agrega uma massa de
solo sobre a base (II).

As duas análises devem proporcionar condições satisfatórias para que o muro seja
estável.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

11.4. Considerações especiais sobre a sobrecarga

As sobrecargas variáveis (acidentais) devem ser computadas de forma a gerar o pior


efeito (mais instabilizante). Dessa forma, muros com escalonamento ou inclinação pelo lado
do tardoz merecem ser investigados quanto aos efeitos da sobrecarga em diferentes posições
de aplicação.

Caso 1: - Deslizamento
Caso 2: - Capacidade de carga
- Tombamento
-Dimensionamento da
- Capacidade de carga estrutura interna

Embora não se tenha demonstrado, a estabilidade do muro deve ser verificada de


forma análoga para a condição de carregamento provisório de fases construtivas, quando for
o caso (cargas do tipo ).

Outra sobrecarga especial sobre muros são as cargas de impacto em defensas


(quando estas estão associadas à contenção) ou de guarda-corpo (quando o muro contém
passeio público).

Nesses casos, a verificação dispensa efeitos dinâmicos (amplificação) desde que


atendidos os fatores de segurança globais.

Guarda-roda isolado: Guarda-roda vinculado:


(carga de impacto no topo da (carga de impacto no topo na defensa)
contenção)
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Obs.: A carga de impacto de um veículo é considerada como equivalente a de uma das


rodas.

 Caminhões pesados 25 75
²

 Caminhões médios 20 60
²

 Caminhões pesados 10 40
²

A carga de debruçamento é tomada como 1kN/m aplicada a 1m acima do nível do


passeio. Se houver trânsito exclusivamente de pedestres, a carga pode ser reduzida para
5kN/m².
* Nota: A carga de impacto é, por natureza,
concentrada. Na avaliação do equilíbrio no estado
plano (muros muito longos), essa ação pode ser
distribuída em uma extensão equivalente a três
vezes a espessura da parede, isto é:

3
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

11.5. Drenagem de muros

As drenagens dos muros possuem duas finalidades: diminuir a umidade na parede da


contenção e eliminar a influência das pressões neutras nos empuxos.

Para diminuir a umidade na parede, os drenos devem ser instalados continuamente no


tardoz do muro.

Já para eliminar a influência das pressões neutras, os drenos devem interceptar as


águas de percolação antes de invadirem a cunha ativa.

Os drenos devem atender os quesitos de vazão (capacidade de descarga) e de


filtração (retenção de finos).
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

12. Cortinas de Contenção


Cortinas são estruturas de contenção esbeltas, onde o peso próprio possui
contribuição negligenciável na estabilidade.

Sendo assim, a estabilidade dessas contenções é garantida pelo embutimento


(empuxo passivo) e/ou por vínculos externos (ancoragens ou estroncas).

A participação relativa entre o embutimento e os vínculos define os modelos


estruturais das cortinas, a saber:

 Cortinas em balanço ou “livres”;

 Cortinas com um nível de vínculos;

 Cortinas com múltiplos níveis de vínculos.

12.1. Cortina em balanço

São cortinas que dependem exclusivamente


do embutimento para sua estabilidade.

Desta forma, a mobilização do estado crítico


(empuxos ativos e passivos) é necessária,
implicando em deformações excessivas na crista.

A extensão da bacia de deformação ( )


pode ser superior a 1,5H.

Por essas razões, cortinas dessa natureza


costumam ser utilizadas apenas em obras
temporárias, com controle das cargas acidentais na
crista e, ainda assim, com afastamento confortável
de construções vizinhas e alturas de contenção
modestas (H ).

Estruturalmente, essas cortinas exibem um eixo de giro no interior do embutimento.


Desta forma, as pressões ativas atuam sobre o tardoz da cortina apenas acima do eixo de
giro, condição que se inverte abaixo desse eixo.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Nesses sistemas, a análise do equilíbrio é realizada com o diagrama resultante das


pressões, ou seja, a diferença entre pressões ativas e passivas, como indicado na figura.

Um dos métodos simplificados para dimensionamento é conhecido como método de


Blum e admite, conservadoramente, que o empuxo mobilizado abaixo do eixo de giro pode
ser considerado concorrente ao ponto “O”. Ou se já, considera-se que “ ”.

Com isso tem-se:

Os fatores de segurança recomendados são:

Situação

Não crítica e temporária 1,5

Crítica ou permanente 2,0

Para completar a estabilidade à translação, assume-se que:

Conservadoramente, recomenda-se que esse critério seja:

12.2. Cortina com um nível de vínculos

São cortinas que dependem


simultaneamente do embutimento e da ação do
vínculo para sua estabilidade.

Admitindo-se que os vínculos são


indeformáveis, é neste eixo que os giros ocorrem.
Assim, esse tipo de cortina gira pela base,
conforme representado na figura.

A extensão da deformação da bacia de


deformação é dada por:

, e:

, ou seja:
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Embora com deslocamentos menores do que aqueles associados às cortinas livres,


este modelo é pouco recomendável como contenção permanente, embora ela seja recorrente
em obras portuárias.

O comportamento da cortina depende da rigidez relativa entre o solo e a cortina. No


caso de solos homogêneos e cortinas relativamente rígidas, o arranjo estrutural pode ser
representado como a seguir representado:
 

Acima do eixo de giro (vínculos) a cortina tende a comprimir lateralmente o terreno,


portanto ali se desenvolvem pressões passivas.

Entretanto essas pressões são admitidas, por conservadorismo, como ativas. Quando
a linha de vínculos é posicionada próxima à superfície ( ) é aceitável desconsiderar
a participação estabilizadora (

Com tal simplificação é possível determinar a ficha (f) pelo equilíbrio à rotação,
conforme a distribuição de pressões da “hipótese II” e com os fatores de segurança já
apresentados para o modelo de cortinas livres.

Já para determinar a reação nos vínculos, é necessário abandonar as margens de


segurança e hipóteses conservadoras que superdimensionam o embutimento.

Assim, para a verificação do equilíbrio à translação, admite-se o diagrama de


pressões da “hipótese I”:

Com a ficha crítica definida, os empuxos são calculados, de forma que:


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Os fatores de segurança recomendados são:

Situação

Não crítica e temporária 1,5

Crítica ou permanente 2,0

12.3. Cortinas com múltiplos níveis de vínculos

São cortinas que dependem


exclusivamente dos vínculos para garantir sua
estabilidade. Assim, a ficha “f” possui
participação secundária.

Se os vínculos forem eficientes, as


deformações são pequenas. Por isso esse
modelo de cortina é aconselhado para
contenções críticas ou permanentes.

Para garantir um bom equilíbrio dessas


estruturas, recomendam-se os seguintes
critérios:

 Os vãos entre os níveis de vínculos não devem diferir entre si mais do que 30%;
 Os vãos de extremidade ( e na figura) não devem ser maiores do que a
metade dos vãos entre os vínculos, nem superiores a um quarto da altura H;
 A ficha “f” não deve ser inferior a 1m.

O dimensionamento desse modelo de cortina se baseia em diagrama semiempírico de


pressões. Uma dessas teorias de distribuição de pressões é apresentada a seguir:
     
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Os diagramas apresentados consideram as pressões devidas ao peso próprio (sem


sobrecarga). Quando existe sobrecarga variável, ela promove um diagrama complementar,
conforme já apresentado anteriormente.

Para o cálculo das reações nos vínculos (e solicitações na cortina), trata-se como uma
estrutura hiperestática. Mas, para uma aproximação, as reações podem ser calculadas por
área de influência das cargas.

12.4. Efeitos da Pressão Neutra

Independentemente do modelo estrutural da cortina, as pressões ativas ou passivas


são sempre efetivas, ou seja, as pressões neutras são tratadas separadamente.

A distribuição das pressões neutras, para cálculo das pressões efetivas, é apresentada
na hipótese I. A análise de estabilidade, no entanto, utiliza-se da hipótese II que significa o
diagrama resultante.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

É importante destacar que a existência de fluxo sob a ficha aumenta as pressões


neutras do lado passivo, reduzindo as pressões efetivas e, daí, os empuxos resistentes. Já no
lado ativo, as pressões neutras são reduzidas, aumentando os empuxos ativos
(instabilizantes).

No caso das cortinas que perpassam múltiplos aquíferos, a distribuição das pressões
neutras pode ser mais complexa:

12.5. Ruptura Hidráulica do fundo

Existem duas condições em que as


cortinas podem apresentar problemas de
instabilidade do fundo da escavação devido às
pressões neutras:

 Embutidas totalmente em solos


permeáveis;

 Embutidas em materiais
estratificados.

No caso de cortinas vulneráveis à


formação de piping (areia movediça), o
embutimento deve ser suficientemente longo
para que o fluxo perca carga hidráulica e seja
incapaz de “bombear” solos arenosos no fundo
da escavação. Uma aproximação aceitável para
esta análise é dada por:
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

No caso de escavações
onde exista uma camada
permeável abaixo de uma
impermeável, deve-se observar o
risco de ruptura pelo alívio de
confinamento gerado pela
escavação.

Nesses casos, pode-se


analisar o equilíbrio de tensões
verticais na base da camada
impermeável que está no fundo da
escavação.

12.6. Cortinas em solos argilosos plásticos e moles

Cortinas para contenção de solos


moles saturados são frequentes para
situações temporárias. Esses solos podem,
por possuírem resistência muito baixa,
apresentar uma ruptura generalizada da cava.

Onde:

Válido para D>f+0,8B


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

13. Ancoragens

13.1. Ancoragens passivas

Uma das alternativas para


configurar vínculos é empregar cabos e
vergalhões metálicos ancorados em
outras estruturas embutidas no terreno e
fora da cunha ativa.

Entre essas estruturas, destacam-


se os mortos de ancoragem.

  Nos mortos de ancoragem, uma


viga, ou placas, são dispostas afastadas
do tardoz de forma que possam mobilizar
empuxo passivo sem interferir na cunha
de empuxo ativo:

A condição de equilíbrio é dada por:

Onde é o espaçamento das


ancoragens.

 
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

13.2. Ancoragens injetadas

Vínculos dessa natureza transferem a reação nos tirantes por atrito na massa de solo
suficientemente afastada da cunha de mobilização dos empuxos.

Uma ancoragem injetada possui três componentes básicos:

 Cabeça de ancoragem – peça que liga o tirante à estrutura e permite que a


ancoragem seja tracionada por dispositivos hidráulicos;

 Trecho livre – segmento do tirante onde não é permitido o atrito com o solo,
geralmente dispondo-se de uma ou mais bainhas lisas e lubrificantes ( ;

 Trecho ancorado – segmento do tirante onde se proporciona o atrito com o solo, o


que geralmente é feito pela injeção (em um ou mais estágios) de aglutinante de
cimento Portland ou resinas ( .

As ancoragens injetadas são inclinadas e introduzem componentes transversais e


paralelas à face da cortina.

Condições:

O segmento ancorado é dimensionado em função da carga de ensaio do tirante (todos


são protendidos individualmente).

Onde:

 FS=1,75 (permanente) e 1,50 (temporária)

 é a carga de trabalho na ancoragem (sem FS)


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Assim a extensão é definida como:

Onde:

 é o diâmetro da perfuração do tirante;

 é a aderência entre o grout e o terreno. O valor de pode ser estimado:

o em rocha:
°
o em solo arenoso: ou

°
o em solo argiloso: ou

Onde é o efeito de injeção tomado como

 para ancoragens de cortinas.

O dimensionamento deve levar em conta que as ancoragens injetadas introduzem


forças paralelas ao plano da cortina. Estas devem ser suportadas pelo atrito no tardoz e na
ficha, ou por dispositivos complementares de fundação.

Onde e são os parâmetros de


interface:

W é o peso da cortina cada “Sh”


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

14. Solo reforçado, terra armada e Terramesh

14.1. Introdução

São técnicas de construção de muros de gravidade em que se utiliza o solo como


material de construção, armando-o com reforços flexíveis e resistentes à tração.

Enquanto que as geogrelhas constituem os principais reforços nos muros de solo


reforçado, as fitas metálicas são os reforços da Terra Armada e as telas metálicas, do sistema
Terramesh.

O dimensionamento de muros desse tipo é realizado à semelhança dos demais


sistemas de muros, exceto pelo fato que segue:

 Como é um muro de solo, o tardoz do muro é capaz de mobilizar atrito de


interface, ou seja:

 Como é um muro de solo, o dimensionamento interno pode ser realizado a partir


das mesmas teorias sobre empuxos.

Entre essas três técnicas, o que existe de distinto são os faceamentos e a rigidez dos
reforços.

 
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

14.2. Dimensionamento externo

No dimensionamento externo considera-se o contorno dos reforços como geometria


do muro, dimensionando-se os empuxos e procedendo-se a verificação do muro em sua
altura total e frações de sua altura.
 

Os fatores de segurança para todas as verificações (deslizamento, tombamento e


capacidade de carga das fundações) são os mesmos adotados para muros convencionais de
gravidade.

Embora os muros de solo reforçado e seus afins possuam atrito plenamente


desenvolvido no tardoz virtual, tem sido empregada com mais frequência a formulação de
Rankine para a determinação dos empuxos ativos e desconsiderada a participação dos
empuxos passivos.

Como são obras incrementais, isto é, o muro é construído em camadas juntamente


com o retroaterro, o efeito da compactação pouco interfere na estabilidade externa.

O peso próprio do muro, embora possa ser influenciado pelos elementos de face, é
admitido como exclusivamente constituído por solo, o que acaba conduzindo a bases
maiores do que nos muros de concreto, por exemplo.

14.3. Dimensionamento interno

O dimensionamento interno do muro consiste


em organizar os reforços para que mantenham
equilibrado o solo no interior do muro. Para tanto,
admite-se a seguinte hipótese:

Na massa de solo reforçado é mobilizada uma


cunha ativa de solo que deve ser mantida estática pela
ação dos reforços. Assim têm-se que
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Onde:

 FS é o fator de segurança;

 é a componente horizontal do empuxo;

 é a resistência de cálculo dos reforços por unidade de comprimento de muro,


tomados na direção horizontal (kN/m).

Na maioria dos sistemas, os reforços são contínuos. Mas, naqueles em que os


reforços são descontínuos, deve-se tomar em consideração o espaçamento longitudinal ( ):

Como a pressão ativa cresce com a profundidade, a análise do equilíbrio local tem
sido preferida no dimensionamento desses reforços. Para tanto, verifica-se o equilíbrio de
cada camada de reforço em sua área de influência:

Simplificando o problema, pode-se admitir se as espessuras entre reforços não forem


grandes, o que segue:

Onde:

 é o ângulo do talude;

 é a pressão vertical efetiva na posição do reforço analisando e no limite da


cunha ativa;

 é o coeficiente de empuxo ativo pela formulação de Rankine.

Então, a verificação de cada reforço fica:


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Os fatores de segurança utilizados tipicamente para esses reforços são os seguintes:

 Condições temporárias e não críticas FS = 1,3;

 Condições permanentes e/ou críticas FS = 1,5.

A resistência de cálculo dos reforços é determinada pela aplicação de fatores de


ponderação sobre a resistência característica:

Onde:

 = é a resistência característica para um tempo de carregamento da estrutura;

 = é o fator de dano mecânico;

 = é o fator de degradação química;

 = é o fator de degradação biológica;

 = é o fator de variabilidade.

Fatores de degradação química ( ):


Material de aterro
Tipo de reforço
Pedregulhoso Arenoso Argiloso

Vergalhões 1,10 1,05 1,00

Fitas metálicas 1,10 1,05 1,00

Tela metálica 1,25 1,10 1,05

Tela metálica
1,20 1,05 1,00
revestida

Geogrelha leve 1,50 1,20 1,10

Geogrelha pesada 1,25 1,10 1,05

Geotêxtil 2,00 1,30 1,15


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Fatores de degradação química ( ):


Condição ambiental
Tipo de reforço
Oxidante/ácida Redutora/alcalina Neutra

Aço galvanizado 1,10 1,00 1,05

Aço pintado 1,15 1,05 1,10

Poliéster 1,05 1,25 1,05

Poliaramida e PVA 1,03 1,04 1,00

Polipropileno e PEAD 1,02 1,02 1,00

Fatores de degradação biológica ( ):

 Clima tropical ( ) = 1,03

 Clima temperado ( ) = 1,01

Fatores de variabilidade ( ):

 Reforços metálicos ( )= 1,10

 Reforços sintéticos ( )= 1,05

A resistência característica para um determinado tempo de carregamento ( ) é


avaliada de acordo com a sensibilidade do reforço a fluência.

Quando o tempo de carregamento for curto e o fabricante do reforço dispuser de


funções da resistência em relação à duração de carga (isócronas), é possível avaliar o caso
especifico. Do contrário é prudente adotar a seguinte relação:

Onde:

 é a resistência característica de ensaio (curto-prazo);

 é o fator de fluência.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

Fatores de fluência ( ):
Vida útil da estrutura
Material do reforço

Aço carbono 1,01 1,00

Poliaramida 1,01 1,00

PVA 1,50 1,30

Poliéster 1,70 1,40

Polipropileno 2,50 2,00

PEAD 3,50 3,00

14.4. Ancoragem dos reforços

Para equilibrar as cunhas ativas internas, os reforços, além de resistirem à tração, não
podem ser arrancados do terreno, nem podem ser desconectadas do faceamento. Por isso, a
ancoragem dos reforços deve ser verificada, a partir da posição teórica das cunhas ativas
internas.

Nesse aspecto, há uma diferença entre a forma da cunha ativa interna nos reforços
rígidos (metálicos e poliaramida) e flexíveis (outros polímeros e telas metálicas de dupla
torção).

a) Reforço Flexível (Solo reforçado e Terramesh):

 
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

A solicitação máxima no reforço genérico “i” é calculada pela pressão vertical que é
calculada como:

Onde:


A ancoragem do reforço além da cunha ativa é verificada quando:

Onde:

 é o comprimento de ancoragem disponível;

 é o perímetro do reforço (tomado como = 2m para grelhas e geotêxteis).

 é a aderência que é determinada por:

 FS=1,5

O valor de é arbitrado como


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

b) Reforço rígido (Terra Armada):

Nesses casos, só é alterada a forma da cunha ativa em função da menor deformação


horizontal do terreno reforçado.

Assim sendo o comprimento de ancoragem disponível é determinado pelo seguinte:

Para

Para

Onde e são os coeficientes de empuxo de Rankine.

Todos os demais procedimentos são idênticos aos empregados para sistemas de solo
reforçado, exceto que:

Obs: A ancoragem da solicitação na face do sistema de contenção é mérito de


avaliação experimental e, por isso, deve ser realizada pelo fabricante do sistema.

Os parâmetros de aderência solo-reforço são calculados de forma a contemplar as


diferentes rugosidades dos reforços. Simplificando, sugere-se os valores da tabela a seguir:

Reforço

Geotêxteis 0,7 0,5


Geogrelhas e telas 1,0 0,7
Fitas e barras 0,9 0,5
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

15. Solo Grampeado (Soil Nailing)

É um sistema de contenção em solo reforçado com reforços rígidos (semelhante à


Terra Armada) que é construído de forma descensional, isto é, escavando-se o terreno em
estágios.

Os reforços, aqui denominados de “grampos” são introduzidos no terreno em


perfurações, sendo que a sua aderência com o solo obtida, geralmente, pela injeção de pasta
de cimento, à semelhança dos tirantes.

A sequência construtiva de um solo grampeado é a seguir representada:

Como os grampos são perfurados e injetados, ficam em certa inclinação em relação


ao plano horizontal.

Também por exigirem a perfuração e injeção, são reforços mais robustos do que os
da terra armada e, por isso, mais espaçados.

Os sistemas de solo grampeado são uma espécie de transição entre as cortinas e os


muros e a verificação é semelhante àquelas adotadas para muros de solo reforçado, adotando
conceitos de cortinas com múltiplos vínculos.
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

A estabilidade externa é verificada como se a região compreendida pelos grampos


configurasse um muro de gravidade. Nesses casos é costume empregar a formulação de
Coulomb para determinar o empuxo ativo.

A estabilidade interna é verificado como se a distribuição das pressões ativas


seguisse a hipótese do diagrama retificado para cortinas com múltiplos vínculos em solo
granulares. Assim, empregando a formulação de Rankine teríamos:

Onde é a resistência de cálculo do grampo.

A ancoragem de cada grampo é verificada com:

Onde é idêntico aos valores adotados em tirantes.


DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS II

16. Análise da estabilidade geral de muros e cortinas

A instabilidade geral é um fenômeno de movimentação de massas com geometria


além das cunhas ativas externas.

A rigor, esse fenômeno deve ser verificado para qualquer condição e para qualquer
tipo de contenção. Entretanto, é sabido que instabilidades gerais comandam o
dimensionamento nas seguintes situações:

A análise de instabilidade geral é mérito de discussão detalhada em capitulo


especifico dessa disciplina.

You might also like