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Trabalho sobre a música de Goa baseado no texto “Proud

to be a Goan: memórias coloniais, identidades pós


coloniais e música” (Susana Sardo)

Lucas Fixel Bastos


20131435002

Susana ressalta o papel da música erudita ocidental no


processo de colonização portuguesa em Goa, a música era utilizada
como um instrumento de mediação da comunicação que valorizava a
doutrina cristã.

A música nomeada como Goesa pela autora e pelos próprios


goeses é fruto da mistura da musica erudita e tradicional portuguesa
e a musica hindustânica. Essa soma foi elaborada pela elite
predominantemente formada por católicos de casta brâmane e
chardó, a música goesa é cantada em Konkani.

A música adquiriu grande importância no período pós colonial


como principal mantenedor da língua konkani e manutenção da
comunidade goesa, ganhando protagonismo e fortalecendo
identidade do povo de Goa. A língua Konkani praticamente deixou de
ser falada e a música parece ser o meio em que ela ainda
permanece viva. Mas também pode ser contatado que ela se altera
de acordo "a afiliação relidas, o estatuto social (a casta),
proveniência geográfica e o tipo de educação formal” (Sardo, 2010).

A autora também levanta a hipótese de Goa possuir uma


cultura híbrida por conta dos 451 anos de colonização portuguesa
“sobretudo no contexto católico, claramente representada por uma
relação de cumplicidade gerada entre colonizador e
colonizados”(Bhabha, 1994).
Foi implantado um sistema de educação católico com o objetivo
de privilegiar os convertidos, a escola paroquiais em Goa em 1545
dedicadas somente a alunos masculinos ensinava solfejo, canto e
instrumentos, na maioria dos casos violino. Infiltrando assim a
música ocidental em Goa com o intuito de dar suporte a doutrina
católica que estava sendo implementada.

“A música ocidental definida para os goeses um


universo sonoro “estranho”, sobretudo pelo seu
carácter polifônico. Ao invés da secular prática
monódico da tradição indiana, os goeses eram
agora convidados a ouvir outra música marcada
pela performance de várias vozes. (…) música
ocidental representava um universo
“exótico"porque era diferente em relação ao
ambiente musical conhecido e porque de algum
modo proporcionava um sentimento de
deslumbramento especialmente enfatizado pela
presença de grandes ensembles
instrumentais.”(Sardo, 2010)

Aos poucos e principalmente após o termino da Inquisição em


1836 é possível perceber o aparecimento de gêneros musicais
híbridos e ambivalentes, desenvolvidos principalmente pela elite rural
constituída por terratenentes. Foi aí que a música surgiu para
legitimar a diferença, se consolidou um grupo de novos gêneros que
progressivamente formou o que hoje os goeses chamam de “música
goesa”. Earlman discorre sobre a singularidade do mandó:

"O mandó é o mais paradigmático desta


categorização. Esta “nova música”, apesar de
baseada na polifonia ocidental é cantada em
Konkani e guarda um conjunto de ingredientes
locais polissémicos que nos permitem
diagnosticar diferentes narrativas aparentemente
exclusivas da goanidade (…) (Earlman, 1998)

Apesar da música goesa ser inócua era ambivalente pois era


cantada em konkani e viria ser usada como instrumento politico de
diferenciação e de autonomização. A música foi provavelmente o
processo mais eficaz de conciliação entre colonizadores e
colonizados apesar de possuir significados diferentes para cada um
deles
"Quando, em 1963 os goeses organizaram a
Opinion Poll que viria a decidir em 1967 a
autonomia estadual do território em alternativa à
sua inclusão no estado vizinho do Maharastra, a
música, e em particular o mandó, constituiu um
dos mais fortes instrumentos de reivindicação e
de exposição de Goa como um lugar “diferente”
no quadro dos outros territórios da Índia.” (Sardo,
2010)

Referencias

SARDO, Susana (2010), “Proud to be a Goan: memórias coloniais, identidades poscoloniais


e música”, in CÔRTE-REAL, Maria de São José (org.), Revista Migrações - Número Temático
Música e Migração, Outubro 2010, n.º 7, Lisboa: ACIDI, pp. 55-71

Bhabha, H.K. (1994), The Location of Culture, Londres: Routledge.

Erlmann, V. (1998), “How Beautiful is Small? Music, Globalization and the Aesthetics
of the Local”, Yearbook for Traditional Music, n.º30, pp.12-21.

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