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SUMÁRIO
Prefácio
Instruções para o Estudo
Introdução às Cartas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas
Paulo e os Santos (Gálatas 1.1 – 2.21)
(Romanos 1.1 – 17)
O Homem sem Fe (Romanos 1.18 – 3.20)
A Justiça que Procede da Fe (Romanos 3.21 – 4.25)
A Lei e a Graça (Gálatas 3.1 – 4.31)
As Bênçãos do Dom de Deus (Romanos 5.1 – 21)
A Nova Vida e a Lei (Romanos 6.1 – 7.25)
Vivendo no Espírito (Gálatas 5.1 – 22)
(Romanos 8.1 – 39)
O Lugar de Israel no Plano de Deus (Romanos 9.1 – 11.36)
A Conduta Cristã (Romanos 12.1 – 21)
A Cidadania Cristã e Liberdade (Romanos 13.1 – 15.13)
A Conclusão das Epístolas (Romanos 15.14 – 16.27)
(Gálatas 6.11 – 18)
Bibliografia Selecionada
PREFÁCIO
Nenhum livro superior a Epístola de Paulo aos Romanos jamais foi escrito. Sempre que a Igreja
tem se desviado, o estudo e a pregação de Romanos a tem guiado de volta à graça de Deus.
Agostinho, da África do Norte, converteu-se através da leitura desta Epístola e tornou-se um dos
teólogos mais profundos da Igreja.
Martinho Lutero, (um monge Agostiniano e professor de teologia sacra na Universidade de
Wittenberg), converteu-se, em 1515, em consequência da leitura de Romanos, e foi induzido à
Reforma.
A vida de João Wesley foi mudada em 1738, quando ele ouviu a leitura do prefácio de Lutero
concernente á Epístola aos Romanos. Quando os teólogos estavam tendo dificuldades no inicio do
século 20, Karl Barth publicou um comentário a respeito do livro de Romanos, o qual conduziu a uma
verdadeira mudança das tendências teológicas com reflexos até os nossos dias.
A Epístola aos Romanos torna-se difícil de compreender, a menos que a cosmovisão de Paulo
seja compreendida. Paulo não viveu numa era científica, em que o materialismo predomina. Anders
Nygren tem enfatizado um importante aspecto de Romanos no conceito das duas eras. Estas eras são
espirituais em natureza, porém elas controlam a, e são expressas através da realidade material.
Na opinião de Paulo, foi Deus quem tornou a existência material proveitosa. O pecado do
homem rompeu a harmonia da natureza e fez com que o homem, como resultado, ficasse com o
desconforto e trabalho insano. O pecado que Adão e Eva introduziram no mundo trouxe a morte
como companheira.
Satanás usa suas potestades malignas para alienar o homem de Deus, trazendo-o em cativeiro.
O homem é incapaz de libertar-se do velho domínio do pecado e morte. Em Cristo, Deus expressa sua
graça e poder, libertando o homem do reino do mal. A vida santa, a morte e a ressurreição de Jesus
foram elementos essenciais no estabelecimento do Reino de Deus, na derrota das potestades
malignas e na vitória do homem.
Paulo, que era fariseu, achou que a Lei é boa, porém impotente rara libertar o homem dos
poderes malignos espirituais. Em sua experiência com Cristo, ele descobriu uma nova justiça, um
novo poder e uma nova paz com Deus. Por meio desta Epístola mais profunda, a experiência de Paulo
tem sido compartilhada com milhões, que o têm seguido, encontrando vitória através da fé em
Cristo. Aqueles que vivem pela fé experimentam o poder de Deus em suas vidas por intermédio de
Jesus Cristo.
VIVENDO PELA FE é o guia de estudo para as riquezas das cartas aos Romanos e Gálatas. É
designado especificamente para um programa de treinamento ministerial, no qual o próprio
estudante é responsável pelo domínio da matéria, O guia de estudo é valioso para os leigos que
também estão interessados numa compreensão mais profunda da natureza do pecado, da salvação e
da vida eterna vitoriosa.
O guia de estudo não visa substituir a Bíblia ou ser estudado sem leitura paralela da Escritura
Sagrada As questões do lado direito da pagina ajudam o estudante, focalizando os pontos chaves de
cada parágrafo. As questões no fim de cada lição capacitam o estudante a avaliar o grau de seu
domínio do conteúdo da lição.
O Guia de estudo pode ser usado efetivamente sem livros suplementares. A leitura paralela é
sugerida apenas para estudantes que desejam fazer um estudo mais extenso de Romanos e Gálatas.
O estudo de Gálatas é incluído ao de Romanos. Gálatas é muito semelhante em conteúdo
doutrinal à Epístola aos Romanos, e as duas Epístolas podem ser Estudadas em conjunto, tirando-se
proveito de ambas. Algumas partes de Gálatas dão importante discernimento à matéria de Romanos;
outras partes contém os mesmos conceitos em redação levemente diferente.
Como em outros guias de estudo, valiosa assistência tem sido prestada na preparação do
manuscrito e da programação adjunta. Em adição à assistência secretarial, o trabalho da Sra. Gladys e
minha esposa Joyce foi essencial para o complemento deste livro.
Espero que os estudantes que usem VIVENDO PELA FE como uma introdução a Romanos e
Gálatas encontrem bênçãos similares, no estudo destas duas grandes Epistolas, às que experimentei
na preparação do guia de estudo.
O preparo Ministerial através dos Estudos Programados consiste em apresentar a Bíblia e áreas
correlatas a alunos de vários níveis acadêmicos. O Estudo Programado não é um Curso por
Correspondência, nem tampouco segue o sistema tradicional de aulas em classes, mas é um novo
método em Educação. O objetivo desse novo tipo de estudo e o de possibilitar a qualquer aluno um
preparo teológico de boa qualidade. A falta de pré-requisitos acadêmicos, bem como problemas
financeiros, família, responsabilidades nas igrejas tem impedido a muitos homens e mulheres
chamados por Deus de se prepararem melhor para o desempenho de seu ministério. Esses
impedimentos deixam de existir neste caso, quando é aplicado o método do estudo particular em
casa e um encontro semanal para discussões em grupo. Assim é que os Estudos Programados
consistem em dar Oportunidade a alunos dos três níveis de escolaridade:
1. Alunos com o Primeiro Grau;
2. Alunos com o Segundo Grau;
3. Alunos com Cursos de Nível Superior.
Ao final de cada lição aparece uma oportunidade de verificação do rendimento escolar. O Guia
de Estudos contem a matéria básica para cada lição e as perguntas sobre essa mesma matéria, as
quais deverão ser respondidas pelos alunos dos três níveis Depois de ter lido o texto e completado a
atividade discente correspondente, o aluno estará em condições de responder à maior parte das
questões da avaliação final de cada lição sem consultar o texto. Essas questões servem como
exercícios de auto-avaliação da aprendizagem.
Se um aluno não estiver seguro da resposta certa, é sinal de que não está suficientemente
senhor da matéria abordada naquela parte do estudo e deverá reexaminá-la até que se encontre
seguro do conteúdo da mesma. Algumas perguntas exigirão respostas mais extensas e,
consequentemente, um esforço maior para expressá-las. As questões completadas servirão de
sumario da lição estudada e auxiliarão na revisão da matéria.
Os alunos dos níveis 2 e 3 terão tarefas suplementares a realizar. As mesmas incluem a leitura
cuidadosa de algum outro livro com perguntas a responder.
Dos alunos do nível 3 serão requeridos um estudo bem mais profundo. Esse estudo variará em
conformidade com os recursos bibliográficos existentes. Às vezes haverá perguntas a respeito de
leituras paralelas em determinado livro indicado. Outras vezes, haverá perguntas que demandarão
alguma pesquisa individual.
Dicionários bíblicos, enciclopédias e livros sobre a matéria contida no Guia são fontes que
deverão ser consultadas. A bibliografia, no final deste Guia, indica onde esse material suplementar
poderá ser encontrado.
Seminário
Sugere-se que os alunos dos três níveis, de uma determinada área geográfica, tenham um
encontro de uma hora semanal com um professor ou supervisor, a fim de discutir a lição, levando-se
em conta:
1. Dificuldades encontradas no estudo particular em casa, problemas encontrados nas respostas
às perguntas constantes da matéria, ou ainda dificuldades na compreensão do texto
apresentado;
2. Aplicação prática da lição a atividades do ministério cristão e da conduta;
3. A significação global da lição e o seu lugar no conjunto do programa do preparo ministerial;
É possível que aconteça poderem ser respondidas isoladamente perguntas que acompanham o
texto sem que haja uma visão global da lição. É igualmente possível aprender os fatos a respeito do
cristianismo sem a visão de sua aplicação atual na vida da igreja. O aluno é responsável pela fixação
detalhada das informações contidas na lição, em seus estudos particulares, em casa. Compreender a
lição no seu aspecto mais amplo e sua aplicação prática seria então o alvo do Seminário.
Algumas perguntas a serem respondidas nos Seminários foram incluídas no final de cada lição.
Os seus propósitos são:
1. Despertar o interesse (algumas são questões de controvérsia ainda não resolvidas pelos
eruditos);
2. Dirigir o início da discussão no Seminário;
3. Dirigir a atenção para problemas relacionados com a matéria estudada;
4. Incrementar a criação de idéias originais que conduzam a sugestões de aplicação prática da
matéria.
Professor ou supervisar
O professor ou supervisor poderá apresentar perguntas que sejam mais importantes para
determinada situação. Ele poderá determinar os aspectos a serem abordados durante a discussão da
matéria. Caberá a ele evitar que o Seminário se desvie para o aspecto de menos importância.
O professor poderá iniciar o encontro com um pequeno teste. Isto motivará os alunos a um
melhor estudo particular, em casa, e servirá para avaliar o progresso de cada um. Duas ou três
perguntas de matéria básica são suficientes. Aos alunos que tiverem maior dificuldade, deverá o
professor dar uma assistência especial a fim de que acompanhem os estudos. Não deverão ser
abandonados:
A Epístola aos Romanos é considerada, pela maioria das pessoas, como um dos mais
importantes escritos já produzidos. E o trabalho mais significativo no campo da teologia bíblica.
Considerando que os Evangelhos Sinópticos apresentam os ensinamentos e descrevem as atividades
de Cristo, Romanos interpreta as implicações desses ensinamentos e atividades para a vida diária do
homem e sua eternidade.
A Epístola aos Gálatas é estudada em conjunto com Romanos por causa de suas semelhanças
quanto ao conteúdo, Ambas as Epístolas apresentam a doutrina da redenção. Também a do cristão
vivendo pela fé. Gálatas foi escrita para solucionar o problema que surgiu referente aos
requerimentos para salvação.
Seu conteúdo é, antes de tudo, limitado a esta doutrina e a um aspecto particular, que se
refere ã expressão pratica da salvação na maneira cristã de viver.
Romanos é mais sistemática, inclusive em sua apresentação destas doutrinas.
A revelação ultima de Deus em seu Filho foi dada no contexto de costumes nacionais e crenças
judaicas.
Quando o Evangelho de Cristo foi apresentado aos gentios, foi necessário achar novos termos e
expressões para comunicar os conceitos revelatórios.
Os gentios prosélitos ao judaísmo entenderam algumas esperanças judaicas baseadas no Velho
Testamento, mas a maioria dos gentios não foi informada dos requerimentos morais do Velho
Testamento nem das esperanças referentes ao Messias e ao Reino de Deus. Para o ato de redenção
de Deus em Jesus Cristo fazer sentido para eles, foi necessário falar do evento em termos de fé em
Cristo e da nova vida que resulta da morada do Espírito Santo no coração. A teologia da igreja gentia
era formada, primariamente, pelas Epístolas aos Romanos e aos Gálatas. Durante a Reforma, uma
ênfase sobre as doutrinas destas Epístolas foi renovada de tal forma que elas se tornaram o
fundamento do protestantismo.
Hã mais de um século atrás, Ferdinand Christian Baur (1792 – 1860) declarou que Paulo
transformou um Mestre judeu puramente humano no Cristo sobrenatural.
Ele acreditava que, aparte das escrituras de Paulo, Jesus teria sido nada mais que um Rabi
Galileu.
Ernest Renan, da mesma época, declarou: "As escrituras de Paulo têm sido um perigo e uma
pedra de tropeço, a causa dos principais defeitos da teologia cristã; Paulo é o pai do sutil Agostinho,
do árido Aquinas, do Calvinista sombrio, do picante Jansenista e da teologia feroz que predestina a
condenação.
Renan predisse que o domínio de Paulo terminaria em nossos dias. Ele depreciou a verdadeira
magnitude de Paulo e falhou por não perceber que, enquanto o cristianismo existir, a carta de Paulo
aos Romanos permanecer uma fonte primária da doutrina da Igreja.
Karl Barth diferiu de Renan em sua apreciação de Paulo: "Paulo, como uma criança de sua
idade, dirigia-se a seus contemporâneos. Como profeta e apóstolo do Reino de Deus, ele
verdadeiramente fala a todos os homens de todas as idades... Se nós perfeitamente compreendemos
a nós mesmos... nossos problemas são os problemas de Paulo; e se nós somos esclarecidos pelo
esplendor de suas respostas, essas respostas devem ser as nossas.
Quais foram os pontos principais da experiência de Paulo e as fontes de sua compreensão a
respeito de Cristo? Hã no mínimo 6 fontes ou influências que devem ser consideradas a fim de
compreendermos sua doutrina do Cristo vivo.
Embora Paulo tenha declarado que não foi a Jerusalém para consultar "carne e sangue", a
declaração não nega seu conhecimento da "doutrina dos apóstolos" (cf. Gl. 1.16 e ss.; Atos 2.41 e
ss.). Os requisitos para o apostolado foram dois:
1. Ter estado presente com os discípulos "todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós,
começando desde o batismo de João ate o dia que dentre nós foi levado" (Atos 1.21, 22).
2. Ter sido uma testemunha do Senhor ressurreto (Atos 1.22).
É evidente destes requisitos que a doutrina dos apóstolos (ensinamentos ou DIDACHE) incluía
os ensinamentos e atividades de Jesus e a verificação de sua ressurreição.
O tempo dos apóstolos era devotado á oração e ao "ministério (serviço) da palavra" (Atos 6.4).
Somente eles tinham o conhecimento de primeira mão a respeito dos ensinamentos de Jesus, e seu
tempo era gasto na instrução de outros. Lucas recebeu uma narrativa precisa das atividades e ditos
de Jesus de "testemunhas oculares e de ministros (servos) da palavra" (Lucas 1.2), e as registrou em
seu Evangelho.
Somente os apóstolos puderam qualificar-se como "testemunhas oculares", mas aqueles
instruídos por eles tornaram-se "ministros da palavra". A mesma frase "ministros da palavra" é
empregada em relação a João Marcos, que acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem
missionária (cf. Atos 13.5). O que se pode entender é que a tarefa de Marcos era exercitar os novos
convertidos na doutrina dos apóstolos "Começando desde o batismo de João até o dia em que dentre
nós foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua ressurreição" (Atos 1.22).
Ambos, Marcos e Lucas, foram companheiros de Paulo nas viagens missionárias. Da parte deles,
se não já antes, Paulo teria conhecido bem os eventos de Cristo.
Visto que as viagens missionárias começaram mais de dez anos após a conversão de Paulo, é
provável que ele tenha conhecido os ensinamentos de Jesus muito tempo antes da primeira viagem.
Após sua conversão, ele "demorou-se alguns dias com os discípulos em Damasco, e logo nas
sinagogas pregava a Jesus, que este é o Filho de Deus... Saulo, porém, se fortalecia cada vez mais e
confundia os judeus... provando que Jesus era o Cristo" (Atos 9.19 – 22). Provavelmente Paulo
aprendeu a doutrina dos apóstolos com os "ministros da palavra" (discípulos) em Damasco.
Pelo tempo da primeira viagem missionária, no mínimo, Paulo teve um conhecimento completo
do conteúdo dos Evangelhos: "Mai s bem-aventurado é dar do que receber" (Atos 20.35). A primeira
viagem missionária ocorreu, no mínimo, dez anos antes de Paulo escrever a carta aos Romanos. Os
ditos e atividades de Jesus constituíram a fonte primária para a doutrina de Paulo acerca do Cristo
ressurreto.
Paulo participou da atitude de Jesus concernente ao judaísmo legalístico. A observância
meticulosa da Lei (costumes dos anciãos) não estabeleceria uma perfeita comunhão com Deus. As
cerimônias judaicas não purificavam dos pecados. Somente a fé em Jesus como o Messias (Cristo) e
Senhor poderia outorgar ao indivíduo a nova vida no Reino de Deus.
Paulo não discordou da ênfase de Jesus sobre o Reino; ele simplesmente achou necessário
expressar o conceito em termos diferentes, para os gentios que se converteram. Ele deu ênfase à
importância de "andar no Espírito". Ele agarrou-se firmemente à convicção de que Jesus voltaria para
ressuscitar os mortos e julgar toda a humanidade. Estas doutrinas são vitais às narrativas sinópticas
dos ensinamentos de Jesus. Paulo não inventou doutrinas que Jesus não tivesse ensinado ou dado a
entender. Ele interpretou os ensinamentos de Jesus para as igrejas do mundo gentio.
Embora Paulo houvesse sido um estudante do judaísmo e do Velho Testamento, seus anos de
estudo não o tinham capacitado a encontrar a verdade. O testemunho de Estevão, na hora de sua
morte, pode ter sacudido a confiança de Paulo de que o judaísmo farisaico fosse o modo de obter-se
vida. A experiência decisiva da mudança de vida ocorreu na estrada de Damasco, quando uma luz
brilhou do céu e a voz do Senhor foi ouvida. A vida e a teologia de Paulo foram completamente
transformadas. Os cristãos que tinham sido seus inimigos tornaram-se seus irmãos. As ambições e
doutrinas que dominavam sua vida tornaram-se sem significado (cf. Gl. 1.13 e ss.; Fil. 3.4 – 11).
Em Cristo, Paulo experimentou um novo poder, que lhe deu vitória sobre "o príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Ef. 2.2). O Cristo
ressurreto, vivendo nele, deu-lhe a vitória sobre o pecado e a segurança da ressurreição. O
conhecimento de Paulo através da experiência transformou sua teologia.
Paulo declarou que Deus, segundo sua própria a vontade, revelou "seu Filho em mim" (Gl. 1.16)
para o propósito de levar as boas-novas aos gentios. Paulo não recebeu da parte de homens seu
entendimento a respeito de Cristo; ele foi a Arábia, talvez, para estudar os ensinamentos do Velho
Testamento e correlacioná-los com sua nova experiência em Cristo. Enquanto na solidão da Arábia, o
Espírito Santo o orientou na reinterpretação das Escrituras do Velho Testamento, para uma nova
compreensão do Reino de Deus, e um novo conceito de justiça alcançável através da fé. Paulo deu a
entender que a revelação divina especial veio a ele na Arábia (cf. Gl. 1.16 – 18).
Paulo foi um fariseu típico, que esperava que o Reino de Deus fosse a restauração de Israel ao
poder como uma nação. Como um fariseu, ele era rigoroso em guardar a Lei ou os costumes dos
anciãos, e zeloso por suas crenças religiosas a ponto de perseguir a Igreja (Fil. 3.5, 6). Os fariseus
acreditavam que se a Lei fosse guardada por um dia o Reino de Deus viria.
Como um fariseu, Paulo deu uma interpretação exclusiva e nacionalista as Escrituras do Velho
Testamento, com uma ênfase aquelas que falavam da exaltação de Israel e da derrota de seus
inimigos.
Israel esperava as bênçãos de Deus para exaltá-lo acima das nações circunvizinhas, e para trazê-
las em submissão dependente, porque era o escolhido de Deus.
Sião foi descrita como a base da dinastia davídica, e a semente de Davi dominaria as outras
nações (cf. Is. 32.1 – 5; Jer. 33.14 – 17; Mq. 5.2 – 4).
Outras escrituras falavam do lugar dos gentios no Israel restaurado. Os "filhos do estrangeiro"
se chegariam ao Senhor para servi-lo e amar o nome do Senhor (Is. 56.6). O templo seria chamado
"casa de oração para todos os povos" (Is. 56.7). Isaías assegurou que quando Israel fosse reunido de
seu cativeiro, os gentios também se reuniriam. Provavelmente Paulo tinha ponderado a escritura
frequentemente: "E nações encaminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora" (Is.
60.3). Tais escrituras e a reputação de Estevão começaram a fazer sentido para Paulo, depois que o
Senhor lhe revelou que ele era "... um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e
os reis, e os filhos de Israel" (Atos 9.15). O estreito nacionalismo de Paulo foi mudado para um
universalismo em que ele viu o Deus de Israel como o Deus de todo o universo. Portanto, a
responsabilidade dos servos de Deus era fazer Seu nome conhecido por todos os povos. O Reino de
Deus não era para ser limitado aos judeus, mas para abranger o povo de cada nação gentia.
O Rei no de Deus e a presença do Deus de poder para governar o seu povo. Paulo descobriu
que o Reino não e um poder terrestre ou organização centralizando-se em algum grande líder
humano, mas o poder de Deus nas vidas de seus filhos que andam no espírito.
A compreensão do conceito do Velho Testamento para o Reino de Deus como presença divina
assumiu novo significado à luz da experiência de que Cristo habita dentro de nossos corações.
Paulo reivindicou que foi um fariseu rigoroso que guardava a Lei. Por causa do seu zelo
religioso, ele tentou aperfeiçoar-se para com Deus; todavia, sua alma não estava à vontade enquanto
reconhecia que o pecado controlava sua vida. Em sua experiência pré-cristã, ele foi muito zeloso para
manter a Lei judaica. Sua compreensão posterior de liberdade em Cristo estava baseada em suas
previas tentativas de guardar a Lei e na descoberta de sua insuficiência. Deus em Cristo pode fazer o
que a Lei não podia fazer.
O treinamento de Paulo estava sob a responsabilidade de Gamaliel; que era um professor
reconhecido entre os fariseus. Provavelmente ele foi neto de Hillel, à qual seguiu uma interpretação
mais liberal da Lei do que seus professores rivais. De acordo com Atos 5, Gamaliel não poderia ter
sido tão radical em sua atitude para com os gentios quanto os outros fariseus.
Paulo foi criado em Tarso da Cilícia, onde ficou exposto á uma sociedade dominada pelos
gentios. Embora seu treinamento rabínico tendesse a separá-lo dos gentios, seu ambiente de infância
o expusera forçosamente ã cultura gentia. Indubitavelmente, esta sua exposição prematura o levou a
uma maior compreensão dos gentios do que muitos outros possuíam.
Acompanhando os ensinamentos de Jesus concernentes à futilidade de rituais e cerimônias,
Paulo reconheceu que o legalismo judeu não salvava, e que nem os costumes práticos judaicos eram
para serem observados pelos gentios. Mesmo Pedro admitiu que os judeus que nasceram como
judeus não podiam guardar todas as regras estipuladas pelos fariseus (cf. Atos 15.10). Por que devem
os gentios, que não tinham nascido como judeus, viver pelas regras judaicas a fim de obter salvação?
Pedro sustentou o argumento de Paulo para que os gentios fossem salvos pela fé, aparte de guardar
os costumes judeus dos rituais da circuncisão e purificação. Ele referiu-se a Cornélio, que recebeu o
dom do Espírito Santo de Deus sem observa r os rituais judeus. "A medida que Paulo trabalhava entre
os gentios, ele experimentava o poder de Deus e via evidencias de salvação entre eles na proporção
que respondiam, pela fé, ao evangelho.
Estas experiências o levaram ã sua convicção de que a salvação e pela fé, e não pelo guardar da
Lei, conforme os fariseus reivindicavam.
O livro de Atos dá alguma indicação das lutas que Paulo passou por pregar o evangelho entre os
gentios. Os judeus consideravam que eles tinham privilegias especiais como o povo escolhido de
Deus.
Sua comunhão com Deus estava baseada na promessa divina, que foi expressa pela circuncisão.
A promessa divina elevou a responsabilidade dos judeus no sentido de guardar a Lei de Moises. Para
assegurar que a
Lei mosaica fosse propriamente observada, os escribas elaboraram muitas regras que definiam
ações proibidas e permissíveis com respeito ao cumprimento de itens específicos da Lei sob diversas
circunstâncias.
Por exemplo, a fim de guardar o sábado, abstendo-se do trabalho, foram estabeleci das regras
que definiam o trabalho. A uma pessoa não era permitido caminhar mais de uma jornada do dia de
sábado (cerca de 1.200 metros) nem realizar colheita (os discípulos colhiam espigas de trigo).
A comunhão com Deus foi imaginada como dependente da circuncisão e da observância das
regras ou costumes dos anciãos. O orgulho espiritual caracterizou os fariseus, que reivindicavam por
andar de acordo com a Lei e tradições dos anciãos. Jesus tinha visto suas inconsistências e os acusava
de serem meticulosos em seguir regras cerimoniais, enquanto grosseiramente violavam a lei moral.
Enquanto os fariseus eram cuidadosos em dar ate mesmo o dízimo de produtos não dispendiosos
como a hortelã, o endro e o caminho, eles enganavam as viúvas e os órfãos, e negligenciavam os mais
idosos de suas famílias (cf. Mat. 23.14, 23; Marcos 7.11).
Paulo seguiu Jesus rejeitando o legalismo ("as obras da lei" - Gl. 3.16) como um meio para
alcançar justiça e uma afinidade real com Deus. Ele chegou ate a negar a necessidade dos gentios
serem circuncidados, o que significava uma afinidade legalística com Deus. Ele ensinou que a
purificação do pecado e a reconciliação com Deus ocorreram por intermédio da morte de Cristo, e
não através de símbolos cerimoniais de sacrifícios de sangue no Templo em Jerusalém. O Templo
simbolizava a presença de Deus com seu povo, porem Paulo encontrou em Cristo a realidade da
presença de Deus; portanto, ele ensinou que não era necessário que os gentios viajassem até
Jerusalém para encontrar Deus. Mesmo se eles tivessem visitado a área do Templo, teriam sido
prevenidos para não entrarem na corte interna dos israelitas.
A recusa da parte de Paulo no sentido da necessidade de os gentios serem circuncidados,
guardarem as regras dos escribas, oferecerem sacrifícios em Jerusalém e observarem os rituais de
purificação conduziu ã oposição da parte dos judeus.
Na conferência de Jerusalém (Atos 15), foi estabelecido um acordo pelo qual os gentios não
precisariam guardar as "Leis de Moises" (costumes ritualísticos judaicos), visto que foram salvos pela
fé.
Também foi posto em acordo que os judeus, mesmo em cidades predominantemente gentias,
seriam estimulados a guardar os costumes judaicos relativos à Lei mosaica. Aparentemente, os
problemas surgiram dentro das igrejas que eram compostas de ambos os elementos, judeus e
gentios. Se os judeus rigorosos não estivessem presentes, o problema poderia ser solucionado pelos
judeus cristãos, negligenciando-se certos costumes, especialmente o costume de um judeu não
entrar na casa de um gentio. O relacionamento das congregações cristãs que se compunham de
ambos, judeus e gentios, teria sido grandemente impedido pela recusa dos judeus rigorosos de se
relacionarem com os gentios e de os aceitarem como iguais.
Certos fariseus que se converteram (cf. Atos 15.5) insistiram na necessidade de circuncidar os
gentios e de instruí-los a guardarem a Lei de Moisés a fim de serem salvos. Ou estes judaizantes
(cristãos judeus rigorosos) de Jerusalém ou judeus da Galácia seguiram Paulo a várias cidades gentias
e causaram problemas. Mesmo o acordo em contrario, junto ã Igreja, no Concilio em Jerusalém, não
resolveu o conflito. As decisões adotadas pelos apóstolos e anciãos, em Jerusalém, foram
compartilhadas com as igrejas da Galácia (Atos 16.4, 5), porem, após a partida de Paulo, parece que
os judaizantes arribaram e contradisseram as decisões e os ensinamentos de Paulo.
Paulo escreveu a Epistola aos Gálatas para refutar a heresia que surgiu na Igreja como um
resultado do ensinamento dos judaizantes. Ele insistiu que uma afinidade real ê estabelecida com
Deus através da fé, e não por seguir as regras e regulamentos dos escribas. Ele usou as escrituras do
Velho Testamento para sustentar seu argumento de que Cristo é a promessa de Deus, por meio da
qual, a justiça é recebida pela fé. Em Cristo, a discriminação de gentios pelos judeus foi removida e
todos se tornaram um. Para refutar o erro de que a negligência de regras legalísticas resulta em
pecado, Paulo enfatizou a importância de andar no Espírito, que dá ao homem orientação e poder
para viver uma vida de vitória.
A Epístola aos Gálatas manifesta a nova afinidade com Deus, estabelecida pela fé em Cristo. Os
ensinamentos desta Epístola são similares aos da Carta aos Romanos; portanto, as duas Epístolas são
estudadas em conjunto.
A Epístola declara que os leitores foram chamados gálatas (veja 3.1) e foram agrupados no que e
descrito como "as igrejas da Galácia" (v. 1.2).
Existem duas teorias referentes a área designada por Lucas como Galácia. Até o século XIX, a
maioria dos estudiosos concluiu que a Epistola era endereçada às igrejas na Galácia do Norte. Lucas
menciona em Atos 16.6 que "percorrendo a região frígio gálata", eles foram proibidos, pelo Espírito
Santo, de pregar a Palavra na Ásia (cf. Atos 18.23). Os estudiosos concluíram que Paulo e Silas
voltaram, naquele tempo, para uma região ao sul da Bitinia e Ponto, onde estabeleceram igrejas nas
cidades de Pessino, Ancira e Távio. Se igrejas foram estabelecidas naquela região, o livro de Atos não
faz nenhuma menção a respeito delas.
Os limites geográficos da Frigia variaram continuamente, a região nordeste foi tomada pelos
gauleses no século III A.C. A Frigia do sul estendeu-se em direção a Pisídia, na qual estava localizada a
Antioquia. Icônio também foi chamada, frequentemente, de Frigia pelos escritores da antiguidade.
Nos tempos romanos, Frigia abrangia as cidades de Colosso, Hierápolis e Laodicéia. Uma parte da
Frigia tornou-se parte da província romana da Galácia. A maior porção fez parte da província
chamada Ásia.
A confusão surge na área indicada como "Galácia", porque o termo era empregado em dois
sentidos diferentes durante o século I. No século 3, os celtas ou gauleses invadiram a maior parte da
Ásia Menor do oeste e foram -1 imitados a um distrito com fronteiras marcadas por eles. Este distrito
estava localizado ao sul da região montanhosa central de Bitinia e Ponto, e ao longo do curso
mediano do rio Halis.
Anteriormente, esta região tinha sido frigia. As cidades da região – Pessino e Ancira –
permaneceram, predominantemente, frigias em caráter. Os gauleses não se tornaram urbanizados,
porém eles viveram em lugares abertos, batendo em retirada para fortalezas na montanha em tempo
de perigo militar. Todavia, eles deram seu nome à área que habitavam, daí o termo "Gálatas".
Em 25 a.C., os romanos estabeleceram uma província conhecida como Galácia. Esta província
incluía a própria Galácia (a região desde Pessino, no oeste, até Távio, no este), com maiores
extensões: Licaônia, Isáuria e Pisídia. Licaônia abrangia as cidades de Icônio, Listra e Derbe. Pisídia.
Licaônia as cidades de Apolônia e Antioquia. Estas cidades são conhecidas por causa da visita de
Paulo a elas, durante sua primeira viagem missionária. Elas eram parte da grande província romana
da Galácia, mas não da região geográfica original conhecida pelo mesmo nome. No século I, o termo
"Galácia" foi empregado geograficamente para designar o país na parte norte do platô central da Ásia
Menor, porém politicamente designou uma grande província do Império Romano, que foi
estabelecida para fins administrativos.
Até o século XIX, os estudiosos geralmente acreditavam que "Galácia" referia-se à região
geográfica do norte. Sir William Ramsay desafiou esta concepção, sugerindo que a Epístola aos
Gálatas foi escrita às igrejas da parte sul da Galácia política.
Ele sugeriu que Atos 16:6 refere-se à região frígio gálata, com o que ele quis dizer tratar-se de
parte da província romana da Galácia, a qual era habitada pelos frigios e era conhecida
geograficamente como Frigia. Esta região ficava ao sul do velho reino da Galácia, que é comumente
chamada de Galácia do Norte.
Ele assinalou que Atos não contém nenhuma referência à visita de Paulo a Galácia do Norte,
mas Lucas dá considerável atenção aos estágios mais primitivos da atividade missionária de Paulo
para com as igrejas na Galácia do Sul. Kirsopp Lake tem sugerido que Atos 16.6 é uma frase descritiva
da região cujo povo era, em parte, de idioma frígio e em parte de idioma gálata. Sua sugestão não
fixa a questão da localização das igrejas às quais a Epístola foi endereçada.
O fato de que Barnabé e mencionado na Epístola aos Gálatas (2.1, 9, 13), sugere fortemente
que as igrejas estavam familiarizadas com Barnabé. Visto que Barnabé esteve com Paulo na primeira
viagem missionária, mas não na segunda, as igrejas de Listra, Derbe, Icônio e Antioquia o teriam
conhecido. A declaração de Paulo de que "mesmo Barnabé" (2.13) foi levado pela insinceridade de
Pedro e outros judeus dá a entender que isto foi inesperado, em vista do que era conhecido a
respeito do caráter de Barnabé; portanto, Barnabé parece ter sido bem conhecido pelas igrejas.
Provavelmente, as igrejas gálatas eram compostas de ambos os cristãos – judeus e gentios.
Os ensinamentos dos judeus que podem não ter sido membros da igreja comprometeram
seriamente a comunhão.
A Igreja em Roma
A Epístola de Paulo aos Romanos foi endereçada a uma igreja que ele não iniciou; todavia, ele
foi informado a respeito por muitos cristãos que estiveram em Roma. Visto que ele tornou-se um
apóstolo aos gentios, sentiu alguma responsabilidade pelo povo daquele lugar.
Nem Paulo nem Pedro foram fundadores da Igreja em Roma. Judeus e gentios prosélitos de
Roma, estiveram presentes em Jerusalém no Dia de Pentecostes (Atos 2.10). Eles podem ter estado
entre os três mil que foram batizados e que "perseveraram na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações" (Atos 2.41, 42).
O fato de que alguns discípulos venderam suas propriedades a fim de prover aos outros
"segundo a necessidade de cada um" dá a entender que os convertidos de outras províncias podem
ter continuado em Jerusalém por um período de tempo, para aprender o evangelho, fazendo-se
necessário para os cristãos de Jerusalém ajudarem, provendo comida para eles. Os convertidos
podem ter voltado a Roma e estabelecido a igreja. Eles teriam conhecido os ensinos e atividades de
Jesus, o significado de sua ressurreição e a vinda do Espírito Santo. Ambos, judeus e gentios
prosélitos, estavam representados no grupo inicial.
Não há nenhuma certeza histórica de que os convertidos por ocasião do pentecostes
estabeleceram a igreja em Roma, nem existe qualquer informação sobre o desenvolvimento da
igreja. Um período de 25 anos separou o Pentecostes da escritura da Carta aos Romanos. Talvez o
testemunho cristão tenha se estendido em Roma durante este período. A Igreja Católica Romana diz
que Pedro fundou a igreja em Roma, mas Pedro ainda estava em Jerusalém no tempo do Concílio,
cerca de 49 A.D. Suetônio recorda que Cláudio baniu os judeus de Roma em 49 A. D., porque tinha
havido tumulto pela instigação de um chamado Cresto. Embora a referência não possa ser dirigida a
Cristo, há uma possibilidade de que os cristãos estivessem, de qualquer forma, envolvidos neste
assunto.
Paulo declarou que ele não edificou sobre fundamento alheio (Rom. 15.20); todavia, ele não
demonstrou nenhuma hesitação em escrever ã igreja em Roma, expressando um desejo de ter parte
em seu ministério.
O fato da liberdade de Paulo relacionar-se com a igreja é outra indicação de que Pedra
provavelmente não foi o fundador da igreja em Roma.
É provável que a igreja tenha existido no tempo que Cláudio baniu os judeus de Roma em 49
A.D. Originalmente, o rol de membros pode ter sido primariamente formado por judeus, porem o
decreto de Cláudio deixou somente cristãos gentios na igreja.
Áquila e Priscila parecem ter sido cristãos quando deixaram Roma. Paulo uniu-se a eles em
Corinto cerca de 50 A.D. Eles tinham voltado a Roma pelo tempo da composição da Carta aos
Romanos (Rom. 16.3). Paulo pede tê-los estimulado a retornarem a Roma para ajudarem a igreja
predominantemente gentia (cf. Rom. 16.4). Eles eram, provavelmente, líderes de uma igreja que se
reunia na casa deles (Rom. 16.5).
Alguns estudiosos têm sustentado a teoria de que a igreja era judaica. Outros têm sugerido que
era antes de tudo gentia ou uma mistura de ambos. William Manson acreditava que a maior porção
da igreja era judaica, porque os argumentos da Epístola são mais aplicáveis a judeus do que a gentios.
Outros têm assinalado que em Romanos 1.5 e ss., Paulo incluiu os leitores entre os gentios, a quem
ele foi comissionado como apostolo. Ele os comparou com "outros gentios" (1.12 – 14). Paulo
declarou: "dirijo-me a vós outros, que sois gentios", numa passagem que enfatiza que os leitores
obtiveram misericórdia através da descrença por parte dos judeus (11.13, 28 – 31).
Embora Áquila e Priscila fossem judeus (cf. Atos 18.2), eles trabalhavam nas igrejas gentias e
tinham uma igreja que se reunia na casa deles (Rom. 16.4, 5),
C. H. Dodd (The Epistle of Paul to the Romans) e Sanday Headlam (The Epistle to the Romans)
sugerem que a congregação era uma mistura de romanos e judeus. O elemento judeu pode ter
predominado antes da sua expulsão por Cláudio em 49 A.D., após a qual o elemento gentio
prevaleceu. Quando Paulo chegou a Roma, os membros da Igreja foram ao seu encontro, à Três
Vendas, porem o numero de membros não é identificado (Atos 28.15).
Paulo foi grandemente estimulado pelo encontro, o qual pôde indicar que existia harmonia
entre os judeus e gentios dentro da igreja. Após sua chegada, ele encontrou-se com os líderes dos
judeus para explicar as circunstâncias de sua experiência.
Aparentemente, estes líderes judeus não eram membros da igreja, porem estavam
interessados em ouvir algo "a respeito desta seita, que por toda parte e impugnada" (Atos 28.22).
Depois que Paulo ensinou-lhes, referindo-se a Jesus, muitos creram, porem outros não. Depois que
os judeus incrédulos partiram, Paulo voltou-se para os gentios com o evangelho.
A Epístola aos Romanos difere das outras epístolas paulinas, por não endereçar um problema
específico dentro da igreja. Embora o conteúdo doutrinário de Gálatas e Romanos seja similar,
Gálatas se dirige a um problema específico dentro das igrejas.
Romanos e uma dissertação doutrinal, que lida com a questão de se a salvação requer a
observância da Lei judaica ou se e obtida pela fé somente. Se a salvação não e obtida pelo guardar a
Lei, o que faz com que os cristãos vivam uma vida justa?
Provavelmente Áquila e Priscila tinham comunicado a doutrina de salvação e justiça pela fé,
mas as questões ainda ficaram sem respostas. Se uma perfeita comunhão com Deus não e
dependente do cerimonialismo e legalismo judaicos, como alguém e purificado do pecado e impelido
a viver justamente? O requerimento de guardar a Lei para ganhar salvação estabelece o motivo para
a pessoa empenhar-se em viver justamente, porem a salvação só pela fé aparentemente não
apresenta tal incentivo. Como podem novos cristãos, vindos do paganismo, encontrar vitoria vivendo
uma vida justa? Se a Lei do Velho Testamento não traz salvação, que propósito tinha Deus em seus
procedimentos para com a nação judaica? Estas foram questões urgentes para a nova igreja em
expansão. Cada questão tinha um vinculo ao problema do relacionamento de judeus e gentios dentro
da igreja. Os judeus, que tinham aprendido que não era para eles terem ligações com os gentios,
tinham que resolver a questão do cerimonialismo e legalismo judaicos em relação ao novo
movimento cristão. Se o Velho Testamento, que tinha sido interpretado no sentido de excluir a
relação de judeus e gentios, era seguido no que tange a esse ensino como uma igreja composta de
ambos, judeus e gentios, podia experimentar comunhão?
Paulo mostra o fundamento teológico para uma vida cristã vitoriosa por meio da fé. Seu
sistema doutrinário não excluiu os gentios da igreja nem os escusou por feitos imorais. Antes
mostrou a ambos, judeus e gentios, como se tornarem justos, purificando-se dos pecados passados e
como obterem vitoria sobre as tentações presentes.
A ocasião imediata da Carta parece ter sido a de fortalecer o relacionamento de Paulo com a
Igreja, a fim de que, quando ele visitasse Roma, pudesse ministrar no meio deles. Também ele
planejou visitar a Espanha (cf. Rom. 15.24, 28). Talvez ele esperasse que a igreja em Roma tomasse
parte em seu ministério espanhol, sustentando-o.
Provavelmente houvesse alguma tensão entre os elementos judeus e gentios na igreja. Esta
tensão seria natural na maioria das igrejas, por causa do orgulho nacional. A melhor maneira para
solucionar o distúrbio era apresentar uma posição doutrinária que enfatizasse a reconciliação
universal. Também os membros necessitavam de uma compreensão mais extensa da doutrina de
salvação pela graça através da fé.
A maioria dos estudiosos crê que Paulo escreveu a Epistola aos Romanos depois que ele deixou
Éfeso, cerca de 56 A.D. Ele foi primeiro à Macedônia e então passou 3 meses na Grécia, talvez em
Corinto (Atos 20.1 – 3). Enquanto em Corinto, ele concluiu que seu ministério naquela área estava
completo; portanto, escreveu a Carta aos Romanos a fim de prepará-los para sua visita, depois que
ele tivesse levado a oferta das igrejas gentias aos santos em Jerusalém.
Corinto e sugerido como o lugar para a composição da Epistola aos Romanos por que:
1. Paulo tinha acabado de completar sua coleta para os crentes pobres em Jerusalém (Rom. 15.22
e ss.).
2. Paulo tinha pregado o evangelho através da região, desde Jerusalém ate a Ilíria (Rom. 15.19).
3. Paulo recomendou Febe, a qual pertencia à igreja em Cencréia, aos Romanos (Rom. 16.1).
Cencréia era o porto da cidade de Corinto.
4. Paulo era hóspede de Caio no tempo que a Epístola foi escrita (cf. Rom. 16.23). Caio pode ter
sido a mesma pessoa que foi batizada em Corinto (I Cor. 1.14).
O Estilo de Romanos
Anteriormente, este livro foi chamado de Epistola, porem a descoberta e publicação do antigo
papiro egípcio mudou a visão dos estudiosos quanto a ele. O estilo de Romanos concorda com o das
antigas cartas. As cartas típicas começavam com um cumprimento seguido de oração, ação de graças,
apresentando-se então o assunto principal. Eram concluídas com saudações especiais e
cumprimentos pessoais. Romanos segue este padrão. Um secretario especial, chamado Tércio,
escreveu a carta para Paulo, porem provavelmente contribuiu com nada mais do que seus
cumprimentos e de seu irmão mais jovem, no fim da nota especial para Febe (16.22, 23).
Provavelmente, Paulo visitou as igrejas da Galácia, em sua jornada de Antioquia até Éfeso,
cerca de 53 A.D. (veja Atos 18.23). Não muito tempo depois de sua visita, os cristãos judeus de
Jerusalém, ou talvez os judeus de Antioquia e Icônio (veja Atos 14.19) foram às igrejas e refutaram os
ensinamentos de Paulo (cf. Gl. 1.7; 5.7 – 10). Antecipadamente, Paulo tinha entregado aos cristãos
gentios as decisões da conferência de Jerusalém (Atos 16.4 – 6). A instrução de que cristãos gentios
não necessitavam de ser circuncidados e de guardar as leis cerimoniais judaicas causou uma forte
reação da parte de alguns cristãos judeus.
Alguns estudiosos argumentam que a Epístola aos Gálatas foi escrita antes da Conferência de
Jerusalém em 49 A.D., doutro modo, Paulo teria usado as quatro decisões tomadas em Jerusalém,
para sustentar seus argumentos. E provável que as decisões já tivessem sido apresentadas às igrejas,
a referência suplementar a elas tendo que levar um pouco de consideração no debate. A negação de
Paulo de ter recebido, dos apóstolos de Jerusalém, "o evangelho que era pregado por mim" pode
indicar que eles também estavam sendo desacreditados.
Os acordos em Jerusalém de que os gentios eram salvos pela fé e que não teriam aplicados a
eles qualquer "encargo alem destas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas a
ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e dessas coisas fareis bem de vos guardar.
Bem vos vá" (Atos 15.28, 29), não adicionaram nada aos ensinamentos de Paulo. A conferência de
Jerusalém foi convocada porque, "tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não
pequena discussão com eles... Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam
crido" (Atos 15.2, 5). O concílio tinha concordado com a posição de Paulo.
Provavelmente, os judeus farisaicos que creram apelaram para as ações de Pedro e Barnabé em
Antioquia (cf. Gl. 2.11 – 13) para rebater os argumentos de Paulo e as decisões do Concílio de
Jerusalém.
As decisões do Concílio tinham fixado a questão dos requerimentos de salvação para os
gentios, mas não os problemas de comunhão que surgiram quando judeus e gentios estavam na
mesma igreja.
Os fariseus crentes consideravam Pedro como uma autoridade superior a Paulo. Paulo
respondeu, explicando que a autoridade de seu evangelho não era baseada sobre si mesmo e nem
nas ações de Pedro, mas foi dada por revelação. Ele procedeu para mostrar que Pedro não tinha
nenhuma autoridade especial, opondo-se a Pedro pessoalmente em Antioquia, porque sua conduta o
condenava.
Aparentemente os judaizantes tentaram rebaixar a autoridade de Paulo, atacando sua pessoa.
Suas credenciais apostólicas eram questionadas tanto quanto sua integridade pessoal. Depois de uma
introdução muito breve, Paulo passou imediatamente ã defesa de seu apostolado.
Os judeus crentes farisaicos (judaizantes) criam que Jesus, o homem, era o Messias (Cristo);
portanto, o tempo tinha chegado quando Deus, o Pai, libertaria seus filhos do pecado, trazendo-os
para o seu Reino. O povo de Deus incluía tanto gentios quanto judeus. A questão era: O que e
requerido dos gentios para serem libertos do pecado (salvos) e trazidos ao Reino de Deus? A resposta
que Paulo deu foi que era a "fé". A resposta que os judaizantes deram foi que era a "crença em Jesus
como o Messias" e a circuncisão e guardar a Lei de Moises. Os judaizantes contendiam que os
estrangeiros deviam adotar os costumes nacionais judaicos, para serem salvos. Paulo argumentou
que os costumes nacionais não tinham nada a ver com a salvação. Salvação e uma afinidade com
Deus, estabelecida pela atitude de fé.
A controvérsia de como o homem e justificado perante Deus continua em nossos dias. Há
aqueles que pensam que a libertação da penalidade do pecado está baseada na apresentação de
bons feitos. O homem recebe uma reputação reta diante de Deus, refreando-se em relações imorais.
Por outro lado, muitos insistem que as boas obras de um homem não o justificam. O homem culpado
torna-se justo perante Deus somente se aceitar a justiça de Deus provida através de Jesus Cristo.
Saudação (1.1 – 5)
Paulo usou seu nome gentio ao escrever à igreja (v.1). Enquanto ele era um "judeu entre
judeus" era conhecido por seu nome hebraico "Saulo". Lucas, em Atos 13.9, começou a referir-se a
ele por seu nome romano, Paulo. Naquele tempo Paulo superou Barnabé em liderança e seu principal
trabalho era entre os gentios.
E possível que Paulo tivesse sido rebaixado a um apóstolo de segunda categoria que tivesse
aprendido tudo de Pedro e Tiago. No primeiro versículo, Paulo afirma a origem divina de seu
apostolado. Sua comissão veio "não da parte dos homens, nem por intermédio de homem algum,
mas sim por Jesus Cristo e por Deus Pai..." Talvez os judaizantes tenham sugerido que Paulo não era
um apóstolo genuíno porque ele não era um dos doze. Paulo respondeu que a chamada de Deus
constitui alguém um apóstolo, e não o compromisso de homens. Os doze eram comissionados
especialmente para levar o ensinamento de Jesus relativo à chegada do Reino de Deus, e para
afirmar o fato da Sua ressurreição. Paulo recebeu o mandato especial de levar as Boas-Novas aos
gentios. Apostolo é aquele que é enviado numa missão específica, com a mensagem de Cristo.
Paulo geralmente citava os amigos especiais que estavam com ele, quando escrevia as epístolas
(por exemplo, Silvano e Timóteo, nas Cartas aos Tessalonicenses, e Sóstenes, em I Coríntios). Todavia,
em Gálatas, ele se refere a amigos especiais, como "todos os irmãos" (v.2). A Epístola é endereçada a
diversas igrejas na Galácia (v.2). Paulo abriu mão do cumprimento grego chairein e escolheu a palavra
charis, ou graça (v. 3). Graça denota o favor imerecido de Deus para com o homem pecador, e é a
base para uma afinidade real com Deus. A graça descreve a dádiva divina de justiça mais do que
realização humana. A paz inclui mais do que o hebraico shalom, que era comum em saudação (v.3).
Cristo dá uma paz interior que supera todo entendimento.
A graça e a paz vêm de Deus através de "nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si
mesmo pelos nossos pecados" (vv. 4 e 5). "Jesus" é o Salvador que foi oferecido em sacrifício pelos
nossos pecados e "Cristo" e o Ungido de Deus que dá vitória sobre as forças do mal.
Era necessário o homem ser purificado de seus pecados, antes que ele pudesse experimentar a
presença e o poder de Deus que o libertasse do mundo perverso (v.4). A sociedade do mundo atual
está sob o poder de Satanás, e o Reino de Deus está invadindo e destruindo o domínio de Satanás,
libertando o homem do seu cativeiro. O atual mundo perverso e caracterizado pelo pecado e a
morte. O amanhecer do Reino de Deus e caracterizado pela justiça e a vida. Quando o Reino de Deus
vier em abundância, sujeito ao Seu Escolhido, todo o mal será vencido. A morte de Cristo para o
pecado e a nossa libertação do presente mundo perverso estão de acordo com a vontade de Deus. A
esperança e o gozo do evangelho trazem uma doxologia (v. 5).
O Dr. John W. MacGorman aponta para o fato de que não consta nenhuma expressão de
agradecimento dirigida aos gálatas na saudação de Paulo l. Visto que isto não se dá em nenhuma
outra parte, revela a agitação e mágoa que Paulo sentiu por causa da falta dos gálatas.
A Epístola foi ocasionada pelo aparecimento de falsos mestres, que pregavam um evangelho
diferente (heteron) (v.6). O que eles pregavam era uma perversão do Evangelho de Cristo. Eles
tinham posto de lado o evangelho da graça de Deus (favor imerecido) em Cristo, proclamando uma
justiça baseada no esforço humano. A perversão do Evangelho não era realmente outra versão do
evangelho que Paulo pregava; estava em oposição ao evangelho da graça (v.7). Um evangelho
depende do homem e outro depende de Deus.
Um origina-se no orgulho e o outro na fé. Um conduz à derrota e outro à vitória. Paulo
surpreendeu-se de como os gálatas haviam se voltado tão rapidamente de um evangelho que
oferecia vitória para um legalismo que escravizava.
Paulo pronunciou sentença incondicional contra aqueles que pregavam um evangelho
pervertido (vv. 8 e 9). A linguagem de Paulo e impetuosa, ao pronunciar a maldição irrecuperável,
contudo, ele reconheceu que a perversão do evangelho é seria, porque traz destruição para aqueles
que o ouvem tanto quanto para aqueles que o pregam. O homem não pode efetuar sua própria
salvação, dependendo dos códigos morais e cerimoniais de Moisés. Ele não guarda os códigos morais
perfeitamente, e as cerimônias são somente sombras de realidade.
As qualificações da pessoa que proclama a doutrina legalista não podem torná-la correta (v. 8).
Mesmo se um anjo do céu proclamasse que, guardando os rituais judaicos e os costumes dos anciãos
os homens seriam salvos, a proclamação não seria verdadeira.
Paulo assegurou aos gálatas que ele não imaginou o evangelho para agradar aos homens, mas
que o recebeu de Deus (v.10). Visto que o evangelho foi divinamente dado, ele foi obrigado a
proclamá-lo fielmente.
Sua fidelidade ao evangelho não agradou aos homens, somente trouxe prisão. Não obstante,
ele o proclamou porque era um servo de Jesus Cristo. O Evangelho de Cristo, que removeu a
distinção entre judeus e gentios, estava contra o nacionalismo judaico de Paulo tanto quanto de
outros judeus, especialmente os fariseus.
A linguagem impetuosa de Paulo revela que ele não era uma pessoa que gostasse de agradar a
homens. Aparentemente, seus oponentes na Galácia o tinham atacado com isto (v.10). Tivesse ele
atentado para obter o favor dos homens, ele não teria falado tão ousadamente. Visto que ele foi um
ousado servo de Cristo, sua tarefa não era agradar a homens, falando o que eles queriam ouvir (v.10).
Paulo defendeu sua autoridade apostólica, tendo como base que a mensagem que ele pregava
era divinamente inspirada (v. 11). Aparentemente, os judaizantes reivindicavam que o apostolado de
Paulo repousava mais sobre autoridade humana do que divina.
Eles, provavelmente, sugeriram que ele era dependente dos apóstolos de Jerusalém para sua
mensagem e reconhecimento oficial como apóstolo.
Paulo não satisfez os requisitos apostólicos de ter estado com Jesus, desde o tempo de Seu
batismo até Sua morte, e de ter-se encontrado com o Cristo ressurreto como os outros apóstolos.
Todavia, ele recebeu seus ensinamentos e testemunhos de Cristo, não da parte de homens. O
evangelho da graça, que não requeria que os gentios fossem circuncidados ou guardassem os
costumes dos anciãos, não era uma invenção humana. Seu apostolado era divinamente inspirado,
porque a mensagem que lhe foi comissionada para levar aos gentios era divinamente revelada.
A declaração de Paulo de que Jesus Cristo é o Revelador não quer dizer que ele não recebeu
nada das testemunhas oculares e seguidores de Jesus Cristo. Paulo recebeu uma narrativa dos
ensinamentos e atividades de Jesus de testemunhas oculares, porém o significado e a interpretação
da parte de Cristo.
Também, ele tinha ouvido uma voz do céu, que comunicava uma mensagem divina no tempo
de sua conversão. As palavras e ações de Jesus tinham que ser interpretadas e aplicadas aos gentios.
Qual era o significado, para os gentios, da mensagem de que o Reino tem chegado em Cristo? Como
eles poderiam entrar para o Reino? Paulo foi capaz de responder a estas questões por revelação
divina.
Os judaizantes reivindicavam que sua religião se baseava na Escritura (A Lei de Moisés e dos
Profetas). Eles consideraram a rejeição da parte de Paulo, das "tradições dos pais" (v. 14), e sua
aceitação dos gentios na igreja como iguais serem inovações de seu ambiente gentio. Embora o judeu
de Tarso houvesse estado exposto aos gentios em sua mocidade, suas primeiras ações provaram que
ele permaneceu um judeu conservador.
Ele tinha estabelecido uma reputação para defender a religião judaica ao ponto de perseguir a
Igreja de Deus, devastando-a (v.13). Anteriormente ele tinha concordado com os fariseus de que a
religião cristã era uma perversão do judaísmo. Suas ações revelaram que ele não tinha rejeitado o
judaísmo, nem tinha se tornado simpático aos gentios por causa de seu ambiente anterior. Ele era
extremamente zeloso pelas tradições dos ancestrais até sua conversão (v. 14).
Se Jesus era o Messias e foi posto à morte, era óbvio que o plano de Deus não foi enviar um
Messias para a nação israelita, mas um servo sofredor para derramar seu sangue por todos. A morte
de Jesus revelou a Paulo que Jesus é o Messias universal, e que os gentios estão incluídos no Reino.
Paulo não recebeu um conhecimento do misterioso plano de Deus da parte dos apóstolos em
Jerusalém, mas através da revelação de Jesus Cristo (v. 12). Ao invés de ir a Jerusalém para conversar
com os apóstolos após sua conversão, ele foi ã Arábia, uma região a este de Damasco (v.17). Não
sabemos quão longe ele foi, o que fez e nem quanto tempo ficou. Tanto Jesus foi compelido, pelo
Espírito, a ir ao deserto por 40 dias e noites após Sua revelação divina em seu batismo, quanto Paulo
precisou de um período de solidão depois de sua conversão. A interpretação de Paulo acerca do
Velho Testamento tinha sido um erro; portanto, ele precisou pensar novamente a respeito de sua
posição e correlacionar as Escrituras dos profetas com seu encontro com o Senhor vivo e sua
comissão para ser um apóstolo aos gentios. Da Arábia, ele retornou a Damasco.
Paulo foi influenciado pelas tradições judaicas, porem ele foi transformado pela graça de Deus
em sua experiência de conversão. Na hora de sua conversão, Paulo "ouviu uma voz que lhe dizia:
Saulo, Saulo, por que me persegues?" (Atos 9.4). Por intermédio de Ananias, o Senhor revelou a
Paulo que ele era um vaso escolhido para trabalhar entre os gentios. O único encontro com o Senhor
ressurreto no tempo da conversão de Paulo e a divina revelação através de Ananias foram fatores
predominantes na mudança da vida de Paulo. As influências dos pontos principais de sua experiência
judaica, sua prévia compreensão do Velho Testamento e as conversações com os apóstolos de
Jerusalém foram influências secundárias.
Paulo declarou que foi a Jerusalém depois de três anos (v.18). Não se sabe se os três anos são
datados desde sua conversão e chamada (v.15) ou se desde o tempo de sua volta da Arábia para
Damasco (v.17). Durante a primeira visita de Paulo a Jerusalém (cf. Atos 9.26 – 30), ele passou quinze
dias com Pedro (v.18).
Este breve período não teria sido suficiente para Paulo ter recebido seu evangelho dos
apóstolos; nem Pedro teria dado a Paulo a interpretação que aplicava o evangelho aos gentios. O
suplemento desta informação prova o argumento de Paulo de que ele recebeu o evangelho que
pregava por revelação divina, mais do que de homens, desse modo qualificando-o como um
apóstolo.
A alusão de Paulo com vista a "Tiago, o irmão do Senhor" (v.19), dá a entender que Tiago tinha
se tornado proeminente na igreja em Jerusalém. Ele o mencionou juntamente com Cefas (nome
aramaico de Pedro) e João como "colunas" da igreja (Gl. 2.9). Sua conversão pode ter seguido a
ressurreição de Jesus. Paulo refere-se a um aparecimento do Jesus ressurreto a Tiago (cf. I Cor. 15.7).
Depois que Paulo declarou, sob juramento solene, que suas afirmações eram verdadeiras (v.
20), ele deu um resumo de suas atividades durante os anos seguintes (vv. 21 e ss.). Seu juramento
talvez fosse em resposta a uma acusação que ele recebeu a respeito de suas visitas com os outros
apóstolos.
Visto que Paulo trabalhou nas regiões da síria e Cilícia (v. 21), não é provável que ele tenha
estado sob a direção dos Doze que permaneceram em Jerusalém. Antioquia, a terceira cidade do
Império Romano, ficava na Síria, e Tarso, a cidade natal de Paulo, estava localizada na Cilícia.
Estas eram áreas predominantemente gentias, onde Paulo trabalhou pelos onze (ou talvez
catorze) anos seguintes. No livro de Atos lemos que quando Paulo deixou Jerusalém, ele foi a Tarso
(9.30). Pouco se sabe acerca da resposta ao evangelho naquela região, porem em Atos e indicado que
o trabalho desenvolveu-se em Antioquia, na Síria, ao ponto de a igreja tornar-se o centro de
atividades missionárias aos gentios (cf. Atos 13 e ss.).
Paulo estava tão ocupado com seu ministério na Síria e Cilícia, que ele não dedicou tempo às
igrejas da Judéia, onde os apóstolos eram influentes (v.22). Embora ele fosse pessoalmente
conhecido por Pedro e Tiago, não era conhecido pessoalmente pelas igrejas da Judeia. A palavra a
respeito da conversão do perseguidor fez com que as igrejas da Judeia glorificassem a Deus (vv. 23 e
24).
O livro de Atos indica que Paulo fez duas visitas a Jerusalém antes da Conferencia em 49 A.D.
(veja Atos 9.26 e ss.; 11.30; 12.25). Em Atos 9.26 e ss., Paulo foi apresentado aos apóstolos por
intermédio de Barnabé. Ele ocupou seu tempo em Jerusalém, proclamando o nome do Senhor Jesus
e debatendo com os helenistas. Atos não indica que Paulo foi a Jerusalém para se instruir a respeito
do evangelho. Ele e Barnabé foram escolhidos para levar a oferta a Jerusalém durante o período de
fome (Atos 11.30; 12.25), contudo eles não podem ter visto os apóstolos. Josefo um historiador
judeu, menciona fome em Jerusalém, cerca de 44 – 48 A.D. Alguns estudiosos identificam o levar as
ofertas por Paulo a Jerusalém com os eventos descritos em Gálatas 2. Paulo jurou aos gálatas que ele
tinha feito somente duas viagens a Jerusalém, durante as quais viu os apóstolos.
É provável que Paulo não tenha considerado que sua viagem, que tinha a finalidade de levar as
ofertas para aliviar a fome em Jerusalém, fosse envolvida em sua defesa na Galácia. Naquela viagem,
Paulo viu os anciãos da igreja em Jerusalém (Atos 11.30), mas provavelmente não conversou com os
Doze quanto ao que se refere ao evangelho. Gálatas 2, provavelmente, refere-se a viagem a
Jerusalém para a Conferência em 49 A.D. Esta viagem teria sido a segunda em que Paulo poderia ter
recebido seu evangelho da parte dos apóstolos.
Paulo levou consigo Barnabé e Tito na segunda viagem a Jerusalém (v.1). Barnabé tinha
apoiado Paulo diante dos discípulos, mesmo quando eles o evitaram por causa do medo (Atos 9.26 e
ss.); ele trouxe Paulo de Tarso para ajudá-lo no trabalho frutífero em Antioquia (Atos 11.25 e ss.).
Barnabé também tinha acompanhado Paulo na primeira viagem missionária (Atos 13.2 e ss.). As
últimas duas referências indicam o interesse de Barnabé pela missão gentia. Tito era um cristão
gentio que não foi circuncidado, apesar da insistência dos cristãos de Jerusalém. O fato de Tito não
ser circuncidado, não foi obstáculo para que ele não fosse aceito na igreja. Paulo tinha circuncidado
Timóteo, cujo pai era grego, a fim de que Timóteo não tivesse barreiras em seu ministério com os
judeus.
Paulo recusou circuncidar Tito por causa de sua convicção de que os gentios não precisavam
guardar os rituais judaicos (v.3). Paulo declarou que sua viagem foi o resultado da divina revelação
(v.2). Quando ele chegou a Jerusalém, primeiro visitou os apóstolos e os anciãos (Atos 15.4), para
comunicar-lhes "o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que eram de
destaque" (v.2). Depois, toda a igreja uniu-se para considerar o manifesto, levantado pelos fariseus
crentes, referente ã necessidade de os gentios guardarem os rituais judaicos.
Embora ele não tivesse recorrido aos apóstolos para a estruturação de sua mensagem, era
importante que a harmonia e a compreensão mútua prevalecessem entre eles. Tecnicamente, a
finalidade da Conferência de Jerusalém não era autorizar, oficialmente, o evangelho de Paulo aos
gentios. Era trazer compreensão entre gentios e judeus, a fim de que a comunhão pudesse ser
mantida na igreja. O fato de que os líderes de Jerusalém falharam no sentido de fazer prevalecer a
necessidade de Tito ser circuncidado cortou o argumento dos judaizantes para que os gálatas se
submetessem ao ritual da circuncisão.
Havia "falsos irmãos" em Jerusalém, que insistiam na imposição dos rituais judaicos sobre os
gentios que se converteram (v.4). Lucas refere-se a eles como "alguns da seita dos fariseus; que
tinham crido" (Atos 15.5). Aprender e seguir tudo das regras dos fariseus restringia as atividades de
uma pessoa ao ponto de ela não ter liberdade para servir a Cristo (v.4). Os costumes farisaicos
restringiam a associação com certas pessoas e conduziam a justiça própria.
Estas ações e atitudes tornaram impossível compartilhar efetivamente o evangelho de Cristo
com os incrédulos. Os rituais do judaísmo eram, aproximadamente, relativos aos costumes
nacionalistas judaicos; portanto, requerer que os gentios aderissem às tradições dos antigos era
impor requisitos desprezíveis a eles. Paulo recusou comprometer-se com os fariseus crentes ou em
Antioquia (Atos 15.2) ou durante a Conferência de Jerusalém (cf. Atos 15.6 e ss.; Gl. 2.5). A posição
que ele assumiu prevaleceu.
Visto que alguns manuscritos primitivos omitem as palavras gregas que são traduzidas como "a
quem" e "não, de maneira alguma", alguns estudiosos concluem que Tito foi circuncidado. Eles leram
o versículo 5: "por uma hora cedemos em sujeição". Eles interpretam o versículo 3 como querendo
dizer que Tito foi circuncidado, porém a ação veio por causa da compulsão.
Aqueles que assumem esta posição dizem que Paulo concordou com o gesto ritualístico, mas
não o considerou como compromisso a um princípio. Alguns homens foram determinados para
circuncidar Tito. Paulo os chamou de "falsos irmãos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar
a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar" (v.4). Paulo declarou que ele
recusou a comprometer-se, por um momento, com estes legalistas farisaicos, que foram
determinados para reduzir os gentios à escravidão.
Paulo voltou sua atenção para "os que eram de destaque" (a saber, companheiros de Jesus
durante o Seu ministério terreno). Visto que Deus não tem favoritos, aqueles de reputação não
fizeram diferença para Paulo (v.6). Durante a Conferência de Jerusalém, eles não adicionaram nada â
doutrina de salvação de Paulo para os gentios. Sua declaração concordou com a descrição de Atos 15.
Depois que Paulo apresentou aos apóstolos e anciãos o evangelho que ele pregava aos gentios, Pedro
sustentou sua posição, notando que o fato de os gentios receberem o Espírito Santo demonstrou que
Deus purificou seus corações pela fé e que os judeus foram salvos "do mesmo modo que eles
também" (Atos 15.8 – 11). A Conferência terminou em acordo com o entendimento de que Paulo foi
divinamente escolhido para levar o evangelho da incircuncisão, e Pedro o da circuncisão. Não havia
dois Evangelhos, mas somente um que pregava a salvação pela fé; todavia, os judeus e os gentios
tinham costumes nacionais diferentes e maneiras diferentes de expressar sua fé. O mesmo Deus que
abençoava o ministério de Pedro para com os judeus, abençoava o ministério de Paulo para com os
gentios (v.8).
A Conferência de Jerusalém realmente definiu como os judeus eram salvos mais do que como
os gentios o eram. Paulo foi â Conferência com a convicção de que a salvação é pela fé. Pedro
concluiu que os judeus também eram salvos pela fé, e que nem mesmo eles eram capazes de guardar
a Lei de Moisés. A reunião terminou em acordo, estendendo-se as "destras de comunhão" (v.9). Foi
concordado que Paulo e Barnabé se dirigiriam aos gentios e Pedro aos judeus. Foi sugerido que Paulo
e a igreja gentia deveriam se lembrar dos cristãos pobres de Jerusalém (v. 10). Isto Paulo estava
ansioso por fazer.
A Falta de Pedro em Antioquia (2.11 – 15) – Aqueles que atenderam a Conferencia de
Jerusalém concordaram que a salvação é pela fé, porem o acordo não eliminou a lealdade, de raiz
profunda, as tradições nacionais ou ao orgulho racial. A Conferência parece ter favorecido a
observância de costumes judaicos pelos cristãos judeus; todavia, os atos legalistas não eram
necessários para a salvação de um dos dois, judeu ou grego. Nem todo judeu cristão farisaico estava
disposto a ater-se ã decisão do Concílio.
Paulo não indicou quando Pedro chegou a Antioquia. Nesta terceira cidade do Império
Romano, Pedro encontrou conversos judeus e gentios compartilhando nas refeições. A lei judaica
proibia esta ação e enfatizava o separatismo (cf. Nem. 13). Houve períodos históricos quando a
sobrevivência do judaísmo requereu a sua separação de estrangeiros; doutro modo, as crenças
religiosas judaicas teriam sido comprometidas e os judeus forçosamente teriam que aderir â
idolatria.
Alguns judeus cristãos rigorosos continuaram a perpetuar a Lei. Por outro lado, os gentios que
eram membros desta mesma igreja sentiram a discriminação quando os judeus se recusaram a
compartilhar, em comunhão nas refeições.
Pedro tinha aprendido, da visão em Jope, que as carnes não eram impuras e nem era errado
entrar na casa de um gentio. Ele foi sensato o bastante para levar seis testemunhas consigo ao entrar
na casa de Cornélio (Atos 10). Ele foi chamado pelos cristãos de Jerusalém a prestar contas por esta
ação (Atos 11). A prova de que suas ações eram baseadas na revelação de Deus os satisfez, mas não
mudou suas atitudes de nacionalismo.
Parece que a experiência não trouxe mudanças significativas para Pedro. Na conferência de
Jerusalém, ele referiu-se ã experiência na casa de Cornélio, em palavras que dão a entender que a
visão especial teve um pouco de influência em suas atividades normais. A visão fez com que Pedro
fosse mais franco para com os gentios, porém ele não tinha uma forte convicção referente à
igualdade de judeus e gentios.
Ele estava se associando com os gentios em Antioquia, quando os cristãos judeus rigorosos, da
igreja em Jerusalém, que Tiago pastoreava, chegaram a Antioquia. A chegada deles, ele cessou a
comunhão com os gentios (v.12). Suas ações influenciaram outros cristãos judeus, mesmo Barnabé,
que tinha servido muitos anos entre os gentios (v.13). Talvez os crentes farisaicos tenham convencido
Barnabé de que o fato de Pedro ter estado com Jesus atribuiu-lhe autoridade maior do que a Paulo,
que procedeu a integração das igrejas gentias e judaicas. Embora Jesus tivesse se oposto aos fariseus,
ele tinha continuado a observar as práticas religiosas judaicas. Seu ministério tinha sido quase
completamente entre os judeus; por isso, a vida de Cristo ofereceu apenas um pequeno precedente,
para exemplo, quanto ao relacionamento com os gentios.
Se Paulo não tivesse permanecido firme o cristianismo poderia ter-se tornado subordinado ao
judaísmo. O argumento de Paulo lembra a confissão de Pedro na Conferência de Jerusalém: "Agora,
pois, porque tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem
nós pudemos suportar?" (Atos 15.10). Pedra admitiu que os judeus eram salvos pela fé no Senhor
Jesus Cristo assim como os gentios. Paulo assinalou que, se alguém nascido judeu não podia guardar
as leis e os costumes judaicos, mas era como os gentios na vida prática, por que os judeus deveriam
compelir os gentios cristãos a viverem pela Lei judaica? (v.14). Os gentios não tinham grandes
experiências nem interesse no sentido de guardar os costumes nacionalistas judaicos; portanto, por
que os cristãos judeus deviam insistir em colocar este jugo, que eles mesmos não podiam suportar,
sobre os cristãos, coríntios? (v. 15). A Crise era tão séria que
Paulo, publicamente repreendeu Pedro. A questão de religião espiritual foi ameaçada pelo
legalismo; o amor e o respeito cristãos foram ameaçados pelo racismo e estreito nacionalismo.
O Evangelho Verdadeiro (2.16 – 21) – Paulo referiu-se aos "pecadores dentre os gentios", em
contraste com "judeus por natureza" (v.15). Os judeus rigorosos, que observavam a Lei
detalhadamente (fariseus), consideravam que os gentios, que não obedeciam à Lei, estavam numa
categoria diferente de pecadores.
Mas, se os judeus "viviam como gentios" (v.14), a Lei não oferecia esperança de salvação:
"Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei" (v. 16). Justificação significa ser
julgado ou declarado justo para com Deus. Nem mesmo os judeus são considerados justos para com
Deus pelos seus costumes, regras, e leis, se eles não os guardam perfeitamente.
Previamente, Pedro tinha admitido que mesmo os judeus que nasceram sob os costumes da Lei
eram incapazes de guardá-la. A única esperança para judeus e gentios, era a expiação pela fé em
Jesus Cristo. Desde que ambos, judeus e gentios, têm quebrado a Lei, ela os condena, ao invés de
salvá-los. A morte de Cristo na cruz proveu expiação dos pecados do homem; portanto, se judeus e
gentios crerem em Jesus Cristo, seus pecados serão removidos pelo sangue de Cristo e, então se
tornarão justos diante de Deus. A cruz e o ato de Deus em seu Filho: Deus não somente declarou o
pecador justo, mas o torna justo, removendo o seu pecado quando ele volta-se para Cristo em fé. As
obras da Lei – circuncisão, separação dos gentios, sacrifícios, pretensões á integridade moral - não
justificarão o indivíduo que transgredir a Lei moral (v.16).
Os fariseus ensinavam que, se os homens se tornassem justos por guardar a Lei, a presença e o
poder de Deus voltariam em Seu Reino. Paulo argumentou que nem mesmo os judeus eram
obedientes; portanto, a salvação não poderia vir pela Lei. A fé em Cristo era o meio para ambos os
pecadores, gentios e judeus, serem considerados justos diante de Deus (v.17).
O evangelho de Cristo não advogava o pecado e nem Cristo era um agente do pecado, mesmo
ainda ele oferecendo salvação aos pecadores (v.17). A conclusão normal e que o pecar e estimulado,
se os pecadores podem ser salvos pela fé em Cristo.
Os legalistas alegavam que a tentativa de guardar a Lei encorajava o homem a ser justo, e não
um pecador, mas o Evangelho de Cristo estimulava os homens a serem pecadores. Na realidade, o
oposto e verdadeiro. Aqueles que vivem pelas obras da Lei dizem ser justos, porem não guardam
partes dela.
A fim de esconderem seus fracassos, os legalistas negam seus pecados e fingem ser justos. Esta
vida de engano e hipocrisia conduz ao orgulho espiritual, e é destituída de amor ou compaixão pela
pessoa honesta, que admite seu pecado. A atitude e ações dos legalistas estão bem distantes das de
Cristo. Eles se tornaram juízes de justiça própria, que dizem fazer justiça, mas, na realidade, vivem
enganosamente a esconder suas práticas erradas.
Paulo estimulou ambos, judeus e gentios ia abandonarem a dependência da Lei para salvação
(v.18). Se ele se tivesse submetido ã pressão dos judaizantes para requerer que os gentios
guardassem as tradições judaicas, teria sido um transgressor, porque ele os tinha ensinado a fazer o
oposto (v.18).
Visto que a salvação não e por práticas cerimoniais e legais, Paulo parou de ser escravizado por
essas práticas (a Lei), a fim de ser libertado para fazer a vontade de Deus, conforme revelado pelo
Seu Espírito. Paulo sinceramente cria que a revelação que ele teve de Jesus Cristo (veja 1:2), revelou
a vontade de Deus mais completamente do que a Lei, que os fariseus advogavam.
O versículo 19 é difícil de ser interpretado. Talvez Paulo tenha usado a palavra "lei" em duas
diferentes maneiras. Poderia referir-se aos cinco primeiros livros do Velho Testamento (a lei de
Moises) ao Velho Testamento inteiro; aos requerimentos morais e cerimoniais contidos no livro de
Moises; ou às regras e interpretações legalistas das leis do Velho Testamento.
Os escribas tinham definido cada uma com numerosas regras e ações legalistas. Talvez Paulo
quisesse dizer, no versículo 19, que ele, "mediante a própria lei" (as escrituras do Velho Testamento
que falam de Cristo), estava "morto para a lei" – as regras farisaicas legalistas não o controlavam
mais.
Através de sua nova liberdade, ele podia viver de acordo com a vontade de Deus, ao invés de
ser escravizado pelo legalismo.
O versículo 20, vividamente expressa a nova atitude do cristão. Paulo tinha já confessado seu
zelo na religião judaica, e sua ambição de ultrapassar os de sua própria idade (1.13, 14). Após sua
experiência cristã, ele se tornou ciente de que tinha vivido por si próprio, ao invés de por Deus. Ele
tinha se empenhado para adiantar-se na religião judaica. Em contraste a Paulo, Cristo tinha morrido
pelos outros.
Ele tinha instruído Seus discípulos, dizendo: "negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e
siga- me" (Lucas 9.23). Paulo conhecia a declaração de Jesus: "Pois quem quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará" (Lucas 9.24). O "eu" deve
ser posto a morte, a fim de que não controle a nossa vida para fins egoístas. Cristo morreu por
outros. Os cristãos têm por dever viver para os outros, porem isto e impossível enquanto o "eu" não
perder seu poder sobre nossa vida.
Após crucificar o "eu", o cristão continua a viver, mas não e ó seu ego ("eu") que exerce o
controle sobre sua vida; antes e Cristo, que habita dentro de quem tem o controle sobre si. O cristão
continua a viver "na carne" (uma vida inclinada para o pecado), porem ele não e dominado pelo
pecado, porque ele vive "pela fé no Filho de Deus" (v.20). O cristão crê que o Cristo que controla sua
vida pode dar-lhe vitória sobre as tentações e sobre as inclinações para o pecado (vida na carne).
O seguir as regras legalistas é o esforço do homem para obter justiça. A salvação pela graça e
realização de Deus, através de Cristo, a qual e oferecida ao homem. O homem não pode depender de
ambos, de sua própria realização e da provisão de Deus para si. Se ele depende de seus próprios
esforços, então a morte de Cristo não tem valor para ele (v.21).
Paulo seguiu o modelo da típica carta grega, que começava com muitas referências ao
remetente e continha um cumprimento aos recipientes. Ele identificou-se como um escravo de Jesus
Cristo (v. 1). Ele não era um escravo pertencente ao homem, porem tinha sido "comprado por preço"
(I Cor. 6.20; 7.23).
Como "apóstolo chamado", Paulo foi divinamente comissionado e autorizado a ir em frente
com uma mensagem. Ele não era um dos Doze originais que tinham estado com Jesus e tinham
testemunhado Sua ressurreição, mas a autoridade de Paulo não era menos válida por causa de sua
chamada divina para ir aos gentios. Ele foi tirado de outras ocupações, para levar o evangelho aos
gentios.
A promessa de que Deus enviaria um descendente de Davi para estabelecer o Reino foi feita
através dos profetas (vv. 2 e 3). Jesus satisfez os requerimentos messiânicos como um descendente
de Davi "segundo a carne" (v.3). Davi tinha sido chamado de "filho de Deus", porem Jesus foi
designado Filho de Deus num sentido especial. Ele era mais do que um mortal descendente humano
de Davi.
Sua ressurreição, pelo poder do Espírito de Deus, declarou sua natureza divina (v.4). Jesus era
divino, tanto quanto humano, antes de sua ressurreição, porém sua ressurreição manifestou sua
natureza divina e senhorio (v.5).
Não foram os apóstolos em Jerusalém que deram a Paulo autoridade para ensinar o evangelho.
Foi pela autoridade do Senhor ressurreto que Paulo foi comissionado para difundir obediência por
meio da fé entre os gentios (v.5). Paulo não merecia a nobre responsabilidade de levar as Boas-
Novas, mas a graça de Deus expressa mediante Cristo o qualificou para a tarefa.
As atividades de Paulo não foram para exaltar a ele mesmo, mas para honrar o nome de Cristo
(v.5). Os cristãos romanos também eram divinamente chamados a Cristo, e foram os filhos amados
de Deus (v.6). Por causa da chamada e da graça de Deus, eles tinham uma afinidade especial com
Deus. Os cristãos romanos foram separados para serem possessão de Deus para o serviço e
adoração.
O cumprimento de Paulo incluía a bênção costumeira da graça e da paz. Graça é o favor
imerecido de Deus, e paz é a ausência de perturbação e mal. O favor especial e a proteção vêm de
Deus, que é o nosso Pai e também o Pai do Senhor Jesus Cristo (v.7).
Normalmente, os filhos esperam bênçãos, provisões e proteção da parte de seus pais. Os
cristãos podem esperá-las da parte de seu Pai Celestial.
Paulo seguiu o estilo grego, expressando ações de graças a Deus após o sobrescrito e
cumprimento. Um soldado escreveu da Itália a seu pai no Egito: "Apion para Epimachus, seu pai e
senhor, cumprimentos. Antes de tudo, rogo que esteja com saúde e continuamente próspero e que
tudo esteja correndo bem com minha irmã e sua filha e meu irmão. Agradeço ao Senhor Serápis que,
quando eu estava em perigo no mar, salvou-me de..." Paulo estava agradecido de que a fé da
comunidade romana era conhecida em todo o mundo.
Sem duvida, os cristãos sentiram um orgulho legitimo em saber que o cristianismo era bem
representado na capital do Império.
Paulo aproximou a hora da tomada de juramento, ao pronunciar Deus como sua testemunha
para comprovar suas declarações. Somente Deus podia conhecer o espírito intimo e as orações
particulares de suplica de Paulo, a favor dos cristãos romanos e seu forte desejo de visitar Roma (vv.
9 e 10).
Paulo desejou compartilhar "algum dom espiritual" que fortalecesse os cristãos romanos como
servos (v. 11). Ele cria que a vida cristã estava sob o controle e o poder do Espírito Santo, que
capacita os cristãos a profetizar, ministros assim como servos, a ensinar, etc. (12.6 – 8).
Paulo tomou parte no concedimento de dons espirituais, comunicando o evangelho, que é o
conteúdo e a base do serviço cristão. Seu ensinamento doutrinário fortaleceria e estabilizaria os
cristãos romanos.
Um segundo propósito de visita de Paulo aos romanos foi para obter estimulo pessoal,
inspiração da fé deles e cometimento ao Senhor (v. 12). Ele sentiu-se obrigado a ministrar aos
cristãos romanos, visto que eles eram predominantemente gentios (v.14), porem tinha sido
impedido, previamente, de ir a Roma. Ele também desejou partilhar da colheita que Deus tinha
preparado.
Os judeus classificavam as pessoas de outras nações como gentios; os gregos os classificavam
como bárbaros (v.14). Para os gregos, bárbaros eram pessoas que não sabiam o grego, incluindo
ambos, judeus e gentios. Os gregos eram os sábios, e os bárbaros, os ignorantes. Os versículos 13-16
dão a entender que a igreja em Roma era predominantemente gentia no tempo que Paulo escreveu a
Epistola.
O tema de Paulo para a Epístola e declarado no versículo 16: O Evangelho de Cristo "é o poder
de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego". Paulo estava
ansioso para pregar o evangelho em Roma, porque ele não se envergonhava do evangelho (vv. 15 e
16).
Ele não se envergonhava e do evangelho; porque é o poder de Deus para a salvação (v.16). O
Evangelho e o poder de Deus para a salvação, porque a justiça de Deus e revelada nele.
O judaísmo oferecia salvação aos judeus, mas não aos gentios, a menos que estes se
submetessem aos costumes judaicos. O Evangelho de Cristo oferece salvação a todos, não
importando a identidade nacional.
Salvação significa experimentar a presença benigna de Deus e o seu poder. Somente quando o
homem e justo, ele pode confrontar a presença de um Deus justo e viver. As Boas-Novas significam
que o homem pecaminoso pode tornar-se justo através da fé; portanto, ele pode viver. A justiça não
é realização humana, mas é provisão de Deus, e é obtida através da fé. "O justo viverá da fé" (v.17).
A justiça é "de Fé em fé" (v.17) – a salvação e obtida pela fé do início ao fim. O homem que crê
que Jesus é o Messias, em quem o Reino tem chegado, encontra poder, mediante a fé, para viver
uma vida justa, requerida dos cidadãos do Reino.
Ele não é deixado aos seus próprios recursos para guardar a Lei. A vida real, provem mais em
consequência da fé do que do desempenho humano e realização pessoal.
Introdução
Fé é a resposta do indivíduo total a Deus em Jesus Cristo. Ela inclui os seguintes conceitos,
atitudes e ações:
1. Acreditar nas promessas de um Deus digno de confiança;
2. Crer com convicção que Jesus e o Messias e Salvador;
3. Submeter sua vida a ele, baseando-se em que Jesus e o Senhor;
4. Viver com confiança íntima em Deus.
A fé exclui a autoconfiança e o auto interesse, que são colocados aparte da confiança em Deus,
e do amor para com Deus e para com o homem. Responder propriamente á crença de que Jesus e o
Senhor ou Rei requer obediência e autonegação. Fé no Senhor ressurreto significa que o homem
entregou o controle de sua vida ao Mestre, o qual habita em seu coração.
Na língua portuguesa não hã nenhuma forma verbal do substantivo fé; portanto, o verbo grego
para fé deve ser traduzido como crer. O conceito hebraico, expresso pela fé, envolve mais do que um
assentimento intelectual. Inclui atitude e ação – a vida total do indivíduo. O homem pode realizar
justiça somente pela confiança total da graça de Deus (o que Deus faz por ele), mais do que pelo
depender de sua própria realização.
Em Romanos 1.18 – 3.20, Paulo mostrou o que acontece ao homem que confia em sua própria
força e que controla sua própria vida. Mesmo ainda que o homem pretendesse viver justamente, ele
não deixaria de cometer pecado. O pecado o deixa espiritualmente falido e sem a vida nova. O
homem não pode realizar justiça pelas obras da Lei. Quando ele quebra a Lei, ela o traz sob
condenação e o priva da vida eterna.
Paulo deu início ã dissertação doutrinal, mostrando a necessidade da parte do homem de
justificação pela fé. Primeiro, ele assinalou a injustiça dos gentios e justa condenação. Depois, ele
assinalou a iniquidade dos judeus, que fingem guardar a Lei; portanto eles também precisam de
justiça pela fé.
A ira de Deus e a cólera de um Deus santo contra o pecado. A cólera de Deus e revelada tanto
na ordem criada quanto na ordem social do mundo natural e através de revelação especial na
história de Israel (o Velho Testamento). E expressa contra a impiedade (irreligião ou carência de
reverência para com Deus) e contra a injustiça (injustiça para com os homens).
Estas duas palavras correspondem às duas tábuas dos Dez Mandamentos. O resto do capítulo e
uma implicação destas duas espécies de pecado. Os atos injustos dos homens detêm a verdade
revelada por Deus (v. 18).
Impiedade e o homem rejeitar ou ignorar seu Criador. Deus, que e invisível, tem expresso
elementos de sua natureza em sua obra da criação. A magnitude do mundo; seu desígnio intricado e
sua natureza tolerante refletem a eternidade, o poder e a sabedoria da divindade. O conhecimento
do homem a respeito de Deus mediante a natureza e limitado, porem é suficiente para torná-lo
responsável pela adoração ao seu Criador (v.20). Embora Deus faça seu poder, majestade e sabedoria
conhecidos através de sua obra da criação, os gentios falharam em prestar o respeito e reverência
devidos a ele. Como criatura, o homem deve responder a Deus em gratidão por suas bênçãos (v.21).
A condenação dos gentios foi justificada, porque eles falharam em fazer o que sabiam que era reto. O
raciocínio deles era insensível e vazio – eles careciam de compreensão (v.21). O coração, o centro de
controle das ações, estava mais escurecido do que iluminado. O fracasso em usar apropriadamente o
conhecimento que eles receberam proscreveu a revelação adicional. A revelação que eles receberam
através da natureza era ininteligível, por causa de seu raciocínio vazio. Eles dependiam de seu próprio
raciocínio para obter conhecimento, mais do que de buscar a revelação de Deus; portanto, eles se
tornaram, deste modo, alienados de Deus e ignorantes da verdade.
Por causa da iniquidade do homem, sua mente está inclinada para o interesse próprio, e ele é
incapaz de chegar à verdade. Uma mente com preconceitos conduz à perversão da verdade. Sua
compreensão a respeito da natureza de Deus como revelada através da criação está distorcida, e a
glória e a adoração devidos ao Justo Criador, frequentemente, é dada aos ídolos que o homem tem
feito. A mente confusa do homem reconhece sua dependência do e responsabilidade para com seu
Criador, mas em sua iniquidade ele o substitui pela obra de suas próprias mãos. Os ídolos
representando pássaros, bestas, quadrúpedes e criaturas rastejantes são exaltados como objetos de
adoração e reverência. Visto que o homem criou os ídolos, sua adoração a tais ídolos realmente
significa que ele está exaltando a si próprio no papel do Criador.
A afinidade distorcida dos gentios para com Deus conduziu a uma afinidade corrupta para com
seus semelhantes (v.24). Visto que sua razão estava subvertida, mediante o orgulho na adoração de
ídolos, sua razão foi também afetada por seus desejos luxuriosos para com seu próximo (v.24). A
substituição de um ídolo, que e indefeso e desprezível pelo Deus vivo e que e poderoso e justo,
revela o pensamento culpável que resulta em más ações (v. 25).
Porque os gentios dependiam da razão humana distorcida, ao invés da revelação divina, Deus
desistiu deles, e deixou que se entregassem à idolatria, à imoralidade (v.26) e a uma maneira de
pensar que não funcionava mais com uma percepção apropriada de Deus. Deus não usou a força para
refreá-los de suas ações imorais; nem os isentou das consequências e julgamento por aquelas ações
(v.32).
A mente do homem e capaz de justificar quase qualquer ação procedente de seu desejo
luxurioso. Os pecados sensuais abrangiam a homossexualidade (vv.26 e 27), que estava difundida no
mundo pagão, e era o resultado de terem sido deixados entregues à "concupiscência de seus
próprios corações" (v.24).
Em adição aos pecados de idolatria e indulgência sexual pervertida que os gentios cometiam,
Paulo mencionou pecados do espírito. Os primeiros quatro eram injúrias contra a sociedade: toda
espécie de maldade, depravação, voracidade e vicio. Os próximos cincos eram contra as pessoas:
inveja, homicídio, contenda, dolo e falta de afeição natural. Seis males relativos ao orgulho eram:
murmuração, calúnia, aborrecer a Deus, insolência, soberba e presunção (v.30). Seis pecados
revelando o caráter do homem: inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos,
sem ternura (desumanos) e cruéis (desapiedados).
A ira de Deus contra os pagãos e justificada, por causa de seus pecados. Os pagãos que não dão
ouvidos ao evangelho da graça justamente merecem o salário do pecado, que e a morte. Embora eles
não tenham o abundante evangelho de salvação pela graça, têm conhecimento suficiente da vontade
de Deus para orientá-los.
O problema não e a ignorância, mas a aversão para viver do modo que eles sabem ser certo
(v.32). Não somente aqueles que cometem atos pecaminosos, mas também que aprovam os atos
errôneos são dignos de morte.
A ira de Deus e justificada, porque aqueles que conhecem as ordenações de Deus não as
Guardam. Os pagãos que nunca ouviram o evangelho ou que não tem a revelação do Velho
Testamento, tem códigos morais para sua sociedade. Esses códigos, que podem ser inferiores aos Dez
Mandamentos, estabelecem um padrão do que e direito e indicam um conhecimento do certo e do
errado.
As limitações do padrão não condenam, porem o fracasso em viver segundo o mesmo padrão
limitado condena. O fato de aqueles sem um conhecimento da Bíblia adorarem ídolos prova que eles
têm algum conhecimento de Deus, porem se recusam a adorá-lo.
Os judeus gabavam-se de sua lei moral e julgavam os gentios por não viverem justamente. O
julgamento deles provou que eles sabiam quais ações eram erradas; portanto, eles não podiam
reivindicar a ignorância para desculpar.suas ações errôneas semelhantes (v.1). A crítica judaica e o
pronunciamento do julgamento contra os atos errôneos dos gentios deram a entender o seu
conhecimento de que Deus condenou retamente aqueles que erraram (v.2). Paulo, categoricamente,
perguntou como os judeus esperavam escapar ao julgamento de Deus, visto que eles praticavam os
mesmos erros pelos quais eles condenavam os gentios (v.3). Paulo faz três perguntas que expõe a
atitude dos judaizantes:
1. Pensam eles que escaparão do castigo de Deus, quanto ao pecado, porque são os favoritos de
Deus?
2. Estão eles se aproveitando da bondade e tolerância de Deus (v.4)?
3. Não estão eles cientes de que a benevolência de Deus tem retardado o castigo, a fim de que
eles pudessem vir a arrepende-se?
Deus não tem pressa de demonstrar sua ira contra o pecado, Este retardamento não significa
que Deus cessará de ser severo em seu julgamento (v.5). Sua bondade está comprometida a levar ao
arrependimento, porém o abuso dessa bondade a transforma em ira. As tentativas de aproveitar-se
de Deus somente conduzem ã acumulação da ira de Deus para o Dia do Juízo (v.5). Um coração
obstinado e impenitente remove o homem do reino da bondade e graça divinas para o da ira. Ser
judeu por nascimento não isenta ninguém do castigo, porque Deus retribui a cada homem segundo
as suas obras (v.6).
O efetuar, ao invés do professar, é importante no que diz respeito ã justiça (v.7). Este versicu10
não nega que a única esperança para justiça é pela fé, mas expõe a idéia errada dos judeus em
reivindicar justiça por obediência ã Lei, quando na verdade eles estavam quebrando a Lei. Deve ser
tomado cuidado para se evitar o conceito de que a justificação pela fé anula a necessidade de
obediência e obras justas.
O viver justamente não está em contradição com a justificação pela fé. O viver justo e as boas
obras são realizados somente pela fé e não por pretensão. A vida eterna, como um resultado da
justiça, é contrastada com a morte ou a ira de Deus sobre aqueles que são desobedientes e injustos
(vv. 7 e 8). Ao contrário da crença dos judeus de que eles receberiam o bem e os gentios receberiam
o mal, sua realização de maus feitos os traria sob a mesma condenação que os gentios. O homem é
condenado com base em suas más obras, porém ele não pode ser justificado pelas boas obras,
simplesmente, porque não as apresenta sempre.
A única esperança para o homem pecador, quer ele seja judeu ou gentio, está no dom da graça
de Deus de que se pode apropriar mediante a fé.
Glória, honra e paz são as recompensas de cada homem que vive justamente, independente de
sua nacionalidade (v.10). Estes versículos mostram a resposta de Paulo à questão referente à divina
isenção dos judeus do castigo por causa do favoritismo. Suas necessidades diante de Deus são as
mesmas que as dos gentios. Deus não favorece uma nação mais que a outra (v.11).
A nação judaica tinha recebido a Lei da parte de Deus. Os Rabis tinham definido 613 leis na
Bíblia; todavia, a essência da Lei está contida nos Dez Mandamentos. Cada Lei tinha ligado a ela
muitas regras que definiam sua aplicação a situações específicas.
Estas regras foram passadas de uma geração para outra por transmissão oral. Os fariseus eram
zelosos em guardá-las perfeitamente. Quando uma lei particular interferia com o interesse próprio
dos fariseus, eles davam um jeito de contorná-la.
Os fariseus criam que a aceitação por Deus dependia de eles guardarem a Lei perfeitamente.
Porque eles a possuíam, consideravam-se mais justos do que as outras nações. Esta atitude resultou
em orgulho espiritual. Eles criam que Deus os favorecia acima de outras nações, por causa de seus
esforços em guardar mesmo as menores regras que definem a Lei: "mas se tu, és chamado judeu, e
repousas na lei, e te glorias em Deus" (v.17).
A lei manifestou a vontade de Deus referente à conduta moral e ã adoração (v.18). O fato de
possuir a lei deu aos judeus uma vantagem sobre os gentios em saber o que era reto e essencial, mas
também trouxe grande responsabilidade para com o justo modo de viver. Eles estavam convencidos
de que eram guias ou instrutores dos gentios, que não tinham a Lei e andavam em cegueira ou trevas
(v.19). A revelação de Deus no Monte Sinai fez os judeus, autoridades em assuntos do certo e errado.
Eles corrigiam aqueles que viviam tolamente e ensinavam os ignorantes (v.20). As palavras "cego",
"trevas", "tolo" e "crianças" aplicavam-se aos gentios e davam a entender a superioridade dos
judeus, que eram "guias", "luz", "corretores" e "mestres".
Paulo não negou que os judeus receberam privilégios especiais. No judaísmo, ele tinha sido um
fariseu zeloso pela lei. Paulo não negou o valor da Lei, nem rebaixou os esforços para guardá-la. Ele
estava ciente das pretensões e hipocrisias dos fariseus, que reivindicavam por guardá-la. O problema
existiu não em justiça estabelecida por guardar a Lei, mas em injustiça por fracassar em guardá-la.
Paulo assinalou que, os mestres judaicos eram culpados de roubar (v.2l) Condenando outros por
transgredir a Lei; enquanto somente pretendendo guardá-la, eles mesmos acharam-se destituídos da
glória de Deus. Quando os judeus se misturavam com os gentios, se tornaram culpados de adultério,
embora ensinassem o contrário.
Eles vigorosamente condenavam a idolatria, porém eram culpados por roubarem os templos
(v.22). O gloriarem-se na Lei não era consistente com suas ações; portanto, eles desonravam a Deus
(v.23). Os ensinamentos judaicos fizeram com que os gentios se associassem ã religião judaica e à
adoração de Yahweh, de altos padrões morais. Os fracassos judaicos relativos a viver por sua Lei se
refletiram não somente em seu próprio caráter, mas em seu Deus e religião. Suas ações injustas e
imorais fizeram com que o nome de Deus fosse blasfemado e criticado (v.24).
Pode ser argumentado que as fraquezas e fracassos dos aderentes de uma religião, não devem
ser considerados como um reflexo da qualidade e padrão dessa dada religião, nem da natureza de
seu deus. Não obstante, os que estão do lado de fora da fé religiosa julgam o valor e o caráter de
Deus pelas vidas dos seus devotos. O conceito de Deus dos não crentes é formado pelas impressões
que recebem através das vidas dos crentes.
Os judaizantes tinham insistido que os gentios devem ser circuncidados a fim de serem salvos.
Circuncisão era o símbolo da aliança entre Deus e Israel. A responsabilidade da promessa de Deus era
abençoar Israel e ser seu Deus. A responsabilidade de Israel era adorar somente a Yahweh e viver de
acordo com Sua vontade. A vontade de Deus foi expressa nos Mandamentos. Paulo insistiu que a
observância do ritual da circuncisão, que simbolizava a aliança, não a estabeleceu. Cada indivíduo
envolvido na promessa divina deve levar a cabo sua responsabilidade. Se os judeus transgrediram a
Lei, eles não estavam mantendo sua parte da promessa divina; portanto, a circuncisão que
simbolizava seu estabelecimento, não tinha nenhum significado (v.25). Paulo argumentou que um
indivíduo que realmente guardava os requerimentos da promessa divina, observando a Lei, estava
firmado numa Aliança com Deus, mesmo ainda que ele não tivesse sido circuncidado (v.26). Uma
aliança é realmente efetiva somente se cada indivíduo cumprir sua responsabilidade. O viver justo, ao
invés de cerimônias simbólicas ou pretensões, e requerido do homem.
Paulo novamente atacou o orgulho dos judeus que procedia de seu privilegio especial de
possuir a Lei (v.2?). Possuí-la era sem significado, se não fosse observada e obedecida. Ser um judeu
não dava privilégios especiais ao quebrar os Mandamentos, nem méritos ou isenções no Dia do Juízo.
Os gentios incircuncisos, cujas vidas estavam em harmonia com seu código moral, seriam usados
como um exemplo para justificar a condenação dos judeus que transgrediam sua Lei (v.27).
Porque eles eram escolhidos de Deus e tinham recebido a revelação especial, o orgulho judaico
resultou na conclusão de que eram aceitos por Deus, visto que outras nacionalidades eram
rejeitadas. Embora Deus tivesse entrado em aliança com Abraão e seus descendentes (a nação
judaica), o ser um descendente genuíno de Abraão não garantia salvação (v.28). Nem era a
circuncisão, um símbolo externo na carne, suficiente para tornar o homem aceito por Deus (v.28). O
verdadeiro descendente de Abraão era aquele que seguia o seu exemplo na justiça, através da fé
(v.29). Os rituais externos não são suficientes para assegurar, a alguém, a aceitação por Deus. Deus
olha o coração e a atitude mais do que o comportamento religioso superficial.
Paulo tinha enfatizado que a salvação não e pela Lei (2.17 – 24). Os judeus consideravam que
sua afinidade com Deus era estabelecida através da promessa? Que requeria o guardar da Lei. Se a
Lei e a circuncisão não traziam salvação, quais eram os seus propósitos?
Nega a teologia de Paulo que os judeus são o povo especialmente escolhido de Deus?
Paulo respondeu que ser incumbido dos oráculos de Deus (o Velho Testamento) era uma vantagem
definida (v.2). As Escrituras do Velho Testamento deram a oportunidade de conhecer a vontade e a
natureza de Deus. Embora a posse da Escritura seja uma vantagem, ela não torna um individuo
superior aos outros.
Possivelmente, alguns judeus admitiam que o que Paulo tinha dito acerca de quebrar a Lei era
verdade em relação a alguns, mas não a todos. Alguns judeus, por sua descrença, estavam perdendo
o direito na promessa de Deus. Sua infidelidade anularia a fidelidade de Deus? Mesmo ainda que
somente um remanescente cresse, isto não cancelaria a fidelidade de Deus.
Ele permanecerá fiel à sua promessa, mesmo ainda que todos os homens se tornem
mentirosos. Paulo apelou para a Escritura (Salmos 51.4) para sustentar sua declaração de que Deus é
fiel, mesmo quando confrontado com o pecado do homem.
A terceira objeção judaica sugere que a teologia de Paulo tornou a ira de Deus injusta. Se o
pecado do homem torna a justiça de Deus mais clara, Deus é beneficiado pelo pecado do homem e é
injusto em impor castigo (v.5). Não é o pecado bom se ele magnífica a Deus? Paulo tinha ouvido os
Rabis apresentarem tais argumentos nas sinagogas. Ele assinalou que esta linha de argumento era
um ponto de vista humano e estava longe da verdade (vv. 5 e 6). Os rabis aceitaram a doutrina de
que Deus é o Juiz do mundo. Se esta linha humana de argumento está correta, Deus não tem o
direito de julgar o mundo (v.6). O julgamento deve ser baseado na justiça, ou deixa de ser
julgamento: "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn. 18.25). A justificação pela graça de Deus,
apropriada pelo homem mediante a fé, não e inconsistente com a justiça de Deus.
A segunda pergunta de Paulo focaliza o homem como pecador, ao invés de Deus como Juiz. A
questão é essencialmente a mesma que a previa. Os judaizantes tinham acusado Paulo de ser um
pecador digno de condenação.
A lógica deles sugeriria que a glória de Deus abundou como um resultado do pecado de Paulo.
Se sua vida magnificava a verdade de Deus, a teologia judaica defendia que ele seria abençoado por
Deus, ao invés de julgado. Entretanto, os judeus concluíram que Paulo continuava a ser julgado como
um pecador (v.7).
Segundo a própria teologia deles, não seria lógico Paulo, como um pecador digno de
condenação, trazer glória ã veracidade de Deus. Paulo tinha sido acusado de advogar o mal a fim de
que dele o bem pudesse advir (v.5). Este ataque era uma incompreensão de seu ensinamento de que
a justiça não pode ser realizada através das obras da Lei, e, sim, ser recebida por meio da fé. Aquele
que toma a posição de fazer o mal para que dele o bem possa advir e justamente condenado por seu
mal.
A Universalidade do Pecado – Romanos 3.9 – 20.
Paulo empregou seis citações, dos Salmos e Isaias, para sustentar seus ensinamentos. Os judeus
reconheceram a escritura do Velho Testamento como autoridade. Paulo usou as citações sem
consideração a seu contexto, a fim de fortalecer sua doutrina de que o homem se encontra
moralmente falido e culpado diante de Deus.
Paulo tinha mostrado, nos capítulos 1 e 2, que tanto os judeus como os gentios estavam sob o
pecado. Os judeus não superavam os gentios em justiça. Paulo citou o Salmo 14.1 – 3 para sustentar
sua tese de que ninguém é justo. Estes versículos foram escritos aos judeus, e não podiam ser
interpretados de modo a se aplicarem somente aos gentios. Através da Escritura (Lei) os judeus
tinham vantagem sobre os gentios em saber o que e certo, porem sua conduta nao era melhor.
Paulo falou do pecado no singular como um poder que controla o homem (v.9). Os judeus
tinham a Lei para apontar-lhes a justiça, porem o poder do pecado resultava em não fazerem o bem.
Seus órgãos da fala eram usados para destruir a reputação de outros (v.13). A falsidade e a calunia
são mortais. Ao invés de amar seus vizinhos, eles estavam dispostos a assassinar à menor provocação
(v.15). Eles não buscavam a paz, e, sim, traziam destruição e miséria para aqueles que cruzavam seus
caminhos (vv. 16 e 17). Eles não tinham temor de Deus (v.18). Os judeus não podiam negar que estas
escrituras aplicavam-se a eles, visto que eles estavam sob a Lei (v.19). A Lei provava a maldade dos
judeus e sustentava o argumento de Paulo de que eles, juntos com os gentios, seriam trazidos sob o
juízo de Deus. O Velho Testamento continha não somente leis que apontavam a justiça ao homem,
mas também ensinamentos que mostravam que ninguém é justificado diante de Deus, porque
ninguém é justo por guardar a Lei. A Lei serve para tornar o homem ciente de seu pecado (v.20).
Sumário
Introdução
Ao apresentar a tendência ao pecado de toda a raça humana, Paulo afirmou que o fato de os
judeus possuírem a Lei não tinha resultado em justiça. Ele admitiu que a posse dos oráculos de Deus
deu alguma vantagem ao judeu. O propósito completo da Lei e discutido em Gálatas 3 e 4.
Os Rabis ensinavam que o guardar a Lei perfeitamente resultaria na restauração do Reino a
Israel. Deus tinha se afastado de seu povo por causa do pecado deste. A justiça seria estabelecida
quando os israelitas guardassem a Lei, a presença e o poder de Deus voltariam no Reino restaurado.
Os fariseus zelosamente observavam a Lei em cada detalhe (cf. Mat. 23). Muitos regulamentos,
referentes a como guardá-la em circunstâncias particulares, tinham-se acumulado.
Jesus mostrou que alguns destes regulamentos realmente fugiam da ou transgrediam a Lei,
mais do que a estabeleciam.
Quando foi levantada a questão acerca da salvação dos gentios, os apóstolos e os anciãos em
Jerusalém concluíram que a salvação tanto para os judeus como para os gentios e obtida pela fé
(Atos 15.8 – 11).
Nem todos os judeus estavam convencidos de que a fé e a chave para a salvação. O propósito
de Paulo, no livro de Romanos, foi mostrar como a nova vida vem por meio da fé. Ele primeiro
apresentou as razões por que os judeus tanto quanto os gentios precisavam de uma justiça provida
por Deus, mais do que realizada por leis e cerimônias religiosas. Em seu debate a respeito da doutrina
do pecado, Paulo assinalou que o fracasso dos judeus em guardar a Lei a tornou insuficiente para se
realizar a justiça. A única esperança do homem pecador está na justiça provida por Deus.
Visto que o homem não pode realizar justiça através de obras legalistas, ele deve procurar
alguma outra fonte. Paulo assegurou aos romanos que uma justiça divina realizada por meio de obras
legalistas estava sendo manifestada (v.2l). Esta justiça não e realizada nem se obtém por guardar a
Lei, porem "a lei e os profetas" (o Velho Testamento) falam dela.
Paulo reivindicou apoio do Velho Testamento para sua doutrina de que Deus prove justiça
através de Jesus Cristo. O homem recebe ou se apropria dessa justiça pela fé, em vez de mediante
obras (v.22). A justiça e eficaz para todos, incluindo os gentios, que seriam excluídos se fosse obtida
por guardar a Lei.
Os judeus precisavam da justiça divinamente provida tanto quanto os gentios, "Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (v.23). Os judeus eram tão incapazes de realizar
justiça quanto os gentios; portanto, ambos devem depender do dom gratuito da graça de Deus para
justiça (v.24).
Dale Moody declara que o velho debate sobre se o significada e "declarar justo" ou "tornar
justo" tem separado o que Deus ajuntou. 1 Ele sugere que justiça de Deus é aquilo que o crente
"chega a ser" (cf. II Cor. 5.21). Mediante duas obras de Cristo o crente se torna justo:
1. Por meio da morte de Cristo ele é redimido (perdoado, purificado) de seus pecados (v. 24);
2. Mediante o controle de Cristo, na pessoa do Espírito. Santo (santificação), ele é induzido a atos
e atitudes justos.
Redenção e o ato da graça de Cristo, através do qual o pecador escravizado é libertado do
cativeiro do pecado. A palavra "redenção" é usada na Septuaginta para descrever a libertação do
povo de Deus do cativeiro egípcio e do cativeiro babilônico. A libertação do pecado está em Cristo
Jesus (v.24).
A palavra "propiciação", no versículo 25, tem causado muita discussão. Três interpretações
semelhantes, mas levemente diferentes, têm sido propostas:
1. Deus manifesta para si mesmo uma propiciação – um meio de pacificação;
2. Na morte de Cristo um ato é realizado por meio do qual a culpa ou a profanação é removida;
3. Hilasterion deve ser traduzido por "lugar de misericórdia", ao invés de "propiciação",
significando que o lugar onde Deus se encontra com o homem e no Cristo crucificada.
Cristo, em sua morte, substitui e assume o lugar de misericórdia como o lugar onde o homem
se encontra com Deus.
No Velho Testamento, o sangue dos animais era derramado no Lugar de Misericórdia no Dia de
Expiação. Mediante este ritual, o Sumo-Sacerdote representava todo o Israel ao aproximar-se de
Deus. O Concerto representado pelos Dez Mandamentos, estava incluído na Arca como o Lugar de
Misericórdia. Visto que o homem tinha transgredido os Mandamentos e quebrado o Concerto, sua
única esperança de ser aceito por Deus era a misericórdia divina. A cerimônia descrevia a admissão
do homem como pecador que devia pagar uma penalidade ou oferecer um sacrifício. Todavia, o
próprio sacrifício era insuficiente para remover o pecado do homem. Era necessário que dependesse
da misericórdia de Deus. A cerimônia combinava a morte substitucional do animal e a misericórdia de
Deus, a fim de o homem ser restaurado a uma afinidade com o Deus justo.
Deus publicamente expôs (manifestou) Jesus Cristo, cujo sangue foi derramado como um "meio
de perdão" (propiciação – v. 25). Pode-se ser alvo do ato de redenção da graça de Deus mediante a
fé, e não por obras. No sistema sacrificial, era requerido do israelita selecionar um animal sem
mancha de seu rebanho, e oferecê-lo como sacrifício a Deus. Cristo não é propriedade de um
pecador, mas através da fé o pecador apropria-se de Cristo como seu sacrifício.
O sangue representava vida: portanto, o derramamento de sangue é sacrifício de vida (Lev.
17.11).
A penalidade do pecado é a morte. O sangue derramado de Cristo é a experiência da morte
pelo pecado. Em sua misericórdia Deus aceita a morte de Cristo como a substituta pelo homem, que
deve morrer por seus pecados.
Por meio da cruz, Deus mantém sua justiça sem comprometer-se com o pecado; entretanto, ele
é capaz de tornar o pecador justo para Consigo mesmo (justificar – v. 26). Visto que o pecado tem
recebido o julgamento de morte, Deus não seria justo se ele falhasse em manter a penalidade que
manteve através de seu Filho.
Ao mesmo tempo, Ele e capaz de restaurar o pecador à justiça. Para o homem pecador, o
debito do pecado é perdoado (tolerado sem ser punido), porque Cristo tem feito emendas (expiado)
por seus pecados. (v. 25).
Deus tem sido paciente e indulgente para com pecados que foram cometidos anteriormente
(v.25). O fato de que Deus não pune cada pessoa imediatamente por seus pecados não é o resultado
de descuido, frouxidão ou injustiça da parte de Deus. Através dos tempos, a Cruz tem sido o plano de
Deus para colocar o homem pecador na forma devida, sem comprometer-se com o pecado. O dom
de Deus para fazer emendas para o pecado (propiciação) foi demonstrado no derramamento do
sangue de Cristo na cruz.
A justiça mediante a morte de Cristo não deixa fundamento para a presunção do homem.
Realmente, a presunção humana entre judeus e gentios era rejeitada pela demonstração da
universalidade do pecado (Rom. 1.18 – 3.20). O estabelecer a justiça mediante obras, se isto fosse
possível, poderia conduzir ã presunção (v.27). Visto que o pecador não pode estabelecer sua própria
justiça, ele não tem a seu favor nenhuma realização pessoal pela qual gabar-se. Deve humildemente
aceitar o dom de Deus pela fé, porque ele se torna justo pelo ato da graça de Deus (v.27).A atitude
cristã própria e humildade, um elemento da fé.
O argumento de Paulo e decisivo. Nem o judeu nem o gentio tornam-se aceitáveis ao Deus
Santo mediante seus próprios esforços ou realizações (v.28). Suas cerimônias religiosas legalistas não
os tornam justos para com Deus.
Os gentios seriam excluídos da salvação se a aceitação por Deus dependesse do guardar a Lei
judaica. Através da justiça pela fé, eles têm igual oportunidade com os judeus para serem salvos
(vv.29 e 30). Ambos, o judeu circunciso que transgride a Lei e o gentio incircunciso, são justificados
pela fé (v.30).
Paulo não mostrou em seu argumento a relação de Lei e fé. Esta relação será apresentada
numa escritura posterior. Ele demonstrou que a Lei não e estabelecida mediante esforços legalistas
do homem pecador porque ele a transgride. Paulo reivindicou que a fé estabelece a Lei, ao invés de
destruí-la (v.31). Uma explicação de como isto acontece será dado numa próxima oportunidade.
Na Epístola aos Gálatas, Paulo argumentou que não recebeu seu evangelho da parte dos apóstolos
em Jerusalém. Possivelmente, ele não o quis dizer para negar que recebeu os fatos básicos da vida de
Cristo e os ensinamentos da parte deles. Todavia, ele não recebeu a interpretação de justificação
pela fé da parte dos apóstolos. Esta doutrina foi revelada por Deus a Paulo à medida que este
estudava o Velho Testamento.
Aparte da salvação pela fé em Cristo, não há nenhuma salvação para os gentios; portanto, a
missão de Paulo teria sido em vão, na opinião deles. O fato de Paulo tomar Abraão como exemplo foi
importante, por duas razões:
1. O apoio da Escritura teria tornado a doutrina aceitável aos judeus;
2. A referência às Escrituras do VT revelou uma das fontes da doutrina de Paulo.
É óbvio que o apoio da Escritura não era limitado ao exemplo de Abraão, visto que Paulo tinha
já interpretado a morte de Cristo na cruz à luz do Dia de Expiação.
Abraão foi o ancestral segundo a carne ou o antepassado do povo judeu. O judaísmo ensinava
que Abraão foi justificado pelas obras, o que lhe deu fundamentos para jactar-se (v.2). Paulo refutou
este ensinamento, referindo-se à escritura do VT: "Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como
justiça" (v.3; cf. Gên. 15:6). Paulo usou o mesmo exemplo que seus oponentes, porem chegou à
conclusão oposta. A justiça e a aceitação de Abraão por Deus foram avaliados (creditados em sua
conta) baseando-se na fé, e não como salário ganho por seu trabalho (vv. 4 – 5).
Se Abraão tivesse estabelecido sua justiça através da realização, ela teria sido creditada como
salário e não dom. Uma vez que a justiça é obtida como dom da graça de Deus através da fé, ela é
disponível àqueles que não a ganham, mas creem naquele que justifica o ímpio (v.5).
Paulo, além disso, fortaleceu seu argumento, referindo-se ã experiência de Davi, cujas obras de
pecado o tornaram injusto. Todavia, Deus não creditou (imputou) injustiça em sua conta, mas o
creditou com justiça sem obras (v.6). Embora Davi fosse culpado de luxúria, adultério, engano e
homicídio, é um exemplo inicial dos injustos que são justificados pela fé.
Abraão e Davi, em companhia de Moises, foram figuras-chaves na história judaica. Abraão era o
pai da nação e Davi era o rei que tinha tornado a nação uma realidade. Visto que eles tinham sido
escolhidos por Deus para os maiores papéis na história do povo escolhido de Deus, não havia
nenhuma dúvida de que fossem aceitos por Deus. Paulo assinalou que sua justiça e aceitação divina
não poderiam ter sido baseadas no modo perfeito de viver, visto que seus pecados eram bem
conhecidos mediante a Escritura.
A Justificação de Abraão Precedeu a Circuncisão (4.9 – 12).
Os judeus tinham enfatizado que a circuncisão era essencial para salvação. A circuncisão era
importante, visto que simbolizava o ingresso na aliança com Deus; todavia, as bênçãos e a promessa
de Deus que foram incorporadas na Aliança não eram dependentes da circuncisão. Abraão foi aceito
de Deus e recebeu sua promessa antes que o ritual tivesse sido estabelecido.
A conclusão aparente e que as bênçãos e a promessa de Deus não são dependentes do ritual,
nem a justiça é estabelecida por ele. Abraão tornou-se justo pela fé antes que recebesse a
circuncisão como um sinal ou selo (v.11; cf. Gn. 15.6 e 17.11). Um sinal é um símbolo exterior de uma
experiência interior. A circuncisão é descrita como um sinal da Aliança entre Deus e Abraão, em
Gênesis 17.11.
O batismo é descrito como circuncisão cristã em Col. 2.11 – 13; é um sinal do relacionamento
entre o homem e Deus, estabelecido pela fé, e não o meio para tornar o homem justo para com
Deus. A fé sempre tem sido o meio pelo qual o homem entra numa relação correta com Deus.
Paulo também declarou que a circuncisão foi um "... selo da justiça da fé..." (v.11). Selo indica
uma experiência interior, enquanto sinal indica sua expressão externa. Aqueles que entraram numa
aliança com Deus através da fé, confirmaram ou selaram essa decisão interior por um sinal ou
expressão externa.
Visto que a promessa de Deus, incorporada na Aliança, precedeu o sinal da circuncisão e foi
baseada na fé. Abraão é o pai de todos os que creem, quer sejam judeus, quer sejam gentios. O
judaísmo ensinava que Abraão era pai somente dos judeus. Paulo assinalou que os crentes
incircuncisos estavam entre os filhos de Abraão (v.12). Os filhos de Abraão são aqueles que andam
"nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão antes de ser circuncidado" (v.12).
A relação inicial de Abraão com Yahweh é declarada em termos de promessa mais do que de
aliança. Yahweh prometeu fazer de Abraão uma grande nação para tornar seu nome grande e
abençoá-lo (Gn. 12.2). Deu a entender na promessa que a condição era que Abraão adorasse e
servisse a Yahweh, ao invés de aos deuses e ídolos adorados por seus compatriotas. A promessa,
eventualmente desenvolvida numa aliança, com as responsabilidades de Abraão adorar e servir a
Deus, foi descrita com mais detalhes nos Mandamentos. Os Mandamentos ou Leis foram dados,
centenas de anos mais tarde, a Moisés no Monte Sinai. Obviamente, a afinidade de Abraão com Deus
não foi estabeleci da através da Lei, mas por meio da justiça da fé (v.13). A promessa foi renovada
muito tempo antes que a Lei fosse dada através de Moises. Se as promessas de Deus e a aliança entre
Deus e Abraão dependessem da Lei, a fé teria sido excluída e a promessa baseada na fé teria sido
sem valor (v.14).
As leis são usadas para condenar aqueles que as infringem. A legislação passada por um Estado
estabelece ações legais e ilegais. Outrossim, sabendo o que e legal, um indivíduo é pouco afetado
pela Lei ate que ele a viole. Quando ele a transgride, a lei e usada para condená-lo: "Porque a lei
opera a ira" (v.15). Se a lei não existe em atenção a um modo particular de ação, uma pessoa não
sabe se ela está transgredindo ou fazendo justiça (v.15). Sem saber que ações são erradas, uma
pessoa não é tida responsável por violações.
A Fé Que Abraão Demonstrou é um Exemplo para Todos que são Justificados (4.16 – 25).
Se o homem fosse capaz de estabelecer justiça por obras, ele teria direito aos benefícios de
Deus e eles não seriam dados pela graça (v.16). Visto que aqueles que têm a lei a transgridem, por
causa de suas naturezas pecaminosas, são incapazes de realizar justiça por obras e não merecem os
benefícios de Deus.
As promessas de Deus não poderiam ser dadas pela graça (favor imerecido) se o homem
adquirisse por si mesmo as bênçãos de Deus. A natureza pecaminosa do homem o impede de ganhar
a promessa de Deus como um salário, mas é oferecida a cada um que se relaciona com ele pela fé. A
fé assegura a promessa de Deus não somente para aqueles que têm a Lei, mas também para aqueles
que não a têm (v.16). A fé capacitou Abraão a ser o pai não somente de judeus, mas também dos
gentios que creem: "Por pai de muitas nações te constituí" (v.17).
A promessa de Deus era importante para Paulo por causa do Doador da promessa. O homem é
fraco e inconsistente, e suas promessas e feitos são inseguros.
Pode-se confiar que Deus cumpre o que promete. Ele prometeu um herdeiro a Abraão em sua velha
idade. Parecia impossível a Abraão e a Sara, que tinha passado da idade de conceber, que eles
pudessem ter um filho.
Mas o Deus de Abraão, "... vivifica os mortos e chama as coisas que não são, como se fossem"
(v.l7). Abraão agarrou-se à promessa de Deus de que ele se tornaria pai de muitas nações (v.18).
Quando Abraão tinha 100 anos, o Senhor apareceu a ele e prometeu que Sara, que tinha 90 anos,
daria à luz um filho. Ele creu na promessa de Deus mesmo ainda que "... considerou o seu próprio
corpo amortecido, (pois tinha quase 100 anos) e o amortecimento do ventre de Sara" (v.19).
Embora a possibilidade do nascimento de uma criança a Abraão não fosse muito provável, Deus
tinha feito a promessa e Abraão não duvidou de Deus (v.20). Sua confiança em Deus fortaleceu-se, e
ele reconheceu que, se uma criança nascesse, seria pelo poder de Deus. Pela fé, Abraão estava
convicto de que tudo o que Deus prometeu Ele era capaz de cumprir (v.21).
Sua afinidade com Deus não era estabelecida por uma vida perfeita e sem pecado, mas por sua
confiança e crença ou fé em Deus, que o chamou e fez-lhe uma promessa. Yahweh considerou
Abraão justo por causa de sua fé (v.22). Sua fé o qualificou para a aceitação por parte de um Deus
santo e justo.
Paulo usou Isaque como um tipo de Cristo que Deus levantou dentre os mortos. Consciente de
sua própria impotência total, Abraão confiou no poder todo suficiente de Deus, que deu vida a Isaque
apesar do "amortecimento do ventre de Sara" (cf. v.19). A fé de Abraão torna-se um exemplo para
nós, que devemos crer no poder de Deus para ressuscitar Jesus, nosso Senhor, dentre os mortos
(v.24). Assim como o nascimento de Isaque pareceu impossível, do ponto de vista humano, a Abraão,
assim a ressurreição de Cristo parece impossível para nós. O impossível para o homem não o é para
Deus; portanto, o homem que, pela fé, aceita as promessas de Deus é considerado justo e é aceito
por ele. Embora a fé seja uma expressão de confiança em Deus para ressuscitar Cristo dentre os
mortos, sua morte foi causada por nossa injustiça: "o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões..." (v.5).
Cristo morreu e ressuscitou novamente a fim de que pudéssemos ser libertos da culpa de
nossos pecados através dele (v.25). A ressurreição é a prova das qualificações de Cristo para morrer
por nossos pecados, e o Senhor vivo e ressurreto que habita em nossos corações conduz o homem a
um modo de viver justo.
A declaração de que Cristo "foi ressuscitado para a nossa justificação" (v.25) refere-se ao
renovar de nossas naturezas morais pelo Senhor vivo e ressurreto. A justificação pela fé é mais do
que o pecador sem merecimento "ser declarado justo" por um Deus benigno e misericordioso. t a
justiça de Deus tornando-se viva e operativa no coração do individuo que põe a justiça divina em
efeito, controlando e delegando poder ao crente. O homem torna-se justo através da fé e ele não é
apenas "declarado" justo.
Introdução
O fato de Paulo ter usado o termo "lei" de diversas maneiras, foi mencionado anteriormente.
Visto que sua mais completa discussão a respeito da lei esta contida em Gálatas 3 e 4, é prático
alistar os usos variados do termo.
Paulo geralmente empregava a expressão "Lei de Deus" para referir-se a alguma parte ou ao
todo do Velho Testamento. às vezes, o termo inclui a interpretação rabínica do VT Os Rabis
deduziram, de cada Lei, números as regras para sua aplicação; desse modo, eles legalizavam a
observância da lei em termos de múltiplas regras específicas. O termo, muitas vezes, inclui sua
aplicação farisaica em adição às escrituras do Velho Testamento.
Os diversos significados de Lei em Romanos e Gálatas são:
1. O VT inteiro – "lei" (Rom. 3.19);
2. O VT inteiro – "a lei e os profetas" (Rom. 3.21 );
3. A lei como equivalente à religião judaica (Rom. 2.15; Gl. 3.12 e s., 17, 19, 21, etc.);
4. Um princípio de ação que obriga o homem a guardar a lei moral (Rom. 7.21, 23);
5. "Outra lei nos meus membros", que e confrontada com a lei (princípio) da mente a lei ou o
princípio do pecado que controla os membros físicos do homem (Rom. 723, 8.2);
6. "A lei de Cristo" – o cristianismo uma nova lei (Gl. 6.2);
7. "A lei do Espírito da vida" – o princípio que controla e caracteriza a nova vida dos cidadãos do
Reino (Rom. 8.2).
Paulo não fez distinção entre a Escritura e sua interpretação em seu uso do termo "lei".
Frequentemente, seu uso de lei tem sido confundido e tem conduzido ao antinomianismo
(negligência da lei moral). Paulo não aceitou a religião legalista dos fariseus como um caminho válido
de ganhar aceitação diante de Deus. Ele não rejeitou os preceitos ou os mandamentos do VT que são
revelação de Deus ao seu povo. Todavia, o guardar os mandamentos e ineficaz em efetuar justiça por
causa da condição pecaminosa do homem. Quando Paulo usou a lei para se referir à escritura do VT,
ele certamente não degradou sua autoridade ou seu valor, visto que ele usou a Escritura para dar
autoridade ã sua doutrina.
Sua própria experiência como fariseu e sua conversão lhe ensinaram que a religião legalista
depende da atuação da própria pessoa, que e destinada ao fracasso. Quando Paulo se converteu, ele
achou em Cristo um poder que habitou dentro de seu coração e trouxe seus desejos pecaminosos
sob controle. Ele reconheceu que os desejos pecaminosos do homem fazem com que a Lei seja um
meio inútil de se realizar justiça.
A Lei, em si, não é má, porem ela não tem poder para ajudar o homem pecador. O homem em
pecado não pode controlar seus desejos malignos e evitar aquilo que e errado, mesmo ainda que ele
seja ameaçado por castigo. Paulo achou que a graça de Deus, expressa através de Jesus Cristo, é
superior ã justiça pela Lei, porque a graça de Deus obtida mediante a fé proveu um poder para mudar
a vida pecaminosa.
Paulo não incluiu em Gálatas uma discussão a respeito da regeneração que acontece através da
fé. Ele mencionou isso como um resultado da fé, "Cristo vive em mim..." (Gl. 2.20). A fé como
submissão e crença no Filho de Deus deixa Cristo controlar a vida do crente. Visto que os gálatas
tinham experimentado a regeneração, Paulo presumiu que eles haviam compreendido o papel do
Espírito e de Cristo na vida do crente. Esta importante doutrina não e compreendida por muitos
membros da igreja contemporânea.
Paulo tinha proclamado Jesus Cristo, aos gálatas, como crucificado (v. 1); portanto, ele
aparentemente os tinha instruído a crucificar a carne, a fim de que o Cristo ressurreto ou o Espírito
pudessem estar no controle. Paulo perguntou se eles haviam recebido o Espírito por seus próprios
esforços de guardar a Lei ou se o haviam recebido pela fé (v.2).
Ele os fez lembrar que tinham começado suas vidas cristãs pela fé, em que dependiam do
poder de Deus para habitar em seus corações e para orientá-los, porem eles retornaram orgulhosos a
uma dependência de sua própria carne ou recursos (v.3). Paulo os censurou por terem retornado à
dependência de si mesmos para guardarem a Lei perfeitamente, após terem experimentado a vitória
por intermédio do poder do Espírito.
Os gálatas tinham começado sua nova vida por um nascimento espiritual, porem mais tarde
voltaram à velha vida da carne (v.3). Carne não se refere basicamente aos elementos materiais do
corpo do homem, mas ã sua vida em seu estado de pecado. O pecado tem invadido sua vida e a tem
controlado. A vida na carne e uma vida de luxuria, avidez, fraqueza e derrota. A vida no Espírito é
vivida no poder e sob o controle do Espírito de Deus, resultando em vitória e justiça.
Depois de ter começado a vida cristã com a experiência de vitória, os gálatas tinham voltado à
dependência da carne (de seu próprio esforço para viver justamente e servir a Deus – v.4). Sua
experiência de vitória no Espírito pareceu ter sido em vão.
Paulo introduziu outro aspecto de salvação pela fé, sem explicá-lo. Aparentemente, a
justificação pela fé inclui não somente o perdão dos pecados cometidos, mas também o poder para
vencer a vida pecaminosa.
Pela fé o homem e feito justo, tendo sua própria injustiça removida mediante o perdão e por
ser capacitado a viver justamente através da atuação do poder de Deus. O poder do Espírito foi
evidenciado pelos milagres que foram operados entre eles. Os milagres não foram o resultado do
esforço dos gálatas para guardar a lei por meio da sua própria força, porem da experiência de
regeneração mediante a fé (v.5).