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VIVENDO PELA FÉ

SUMÁRIO

Prefácio
Instruções para o Estudo
Introdução às Cartas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas
Paulo e os Santos (Gálatas 1.1 – 2.21)
(Romanos 1.1 – 17)
O Homem sem Fe (Romanos 1.18 – 3.20)
A Justiça que Procede da Fe (Romanos 3.21 – 4.25)
A Lei e a Graça (Gálatas 3.1 – 4.31)
As Bênçãos do Dom de Deus (Romanos 5.1 – 21)
A Nova Vida e a Lei (Romanos 6.1 – 7.25)
Vivendo no Espírito (Gálatas 5.1 – 22)
(Romanos 8.1 – 39)
O Lugar de Israel no Plano de Deus (Romanos 9.1 – 11.36)
A Conduta Cristã (Romanos 12.1 – 21)
A Cidadania Cristã e Liberdade (Romanos 13.1 – 15.13)
A Conclusão das Epístolas (Romanos 15.14 – 16.27)
(Gálatas 6.11 – 18)
Bibliografia Selecionada

PREFÁCIO

Nenhum livro superior a Epístola de Paulo aos Romanos jamais foi escrito. Sempre que a Igreja
tem se desviado, o estudo e a pregação de Romanos a tem guiado de volta à graça de Deus.
Agostinho, da África do Norte, converteu-se através da leitura desta Epístola e tornou-se um dos
teólogos mais profundos da Igreja.
Martinho Lutero, (um monge Agostiniano e professor de teologia sacra na Universidade de
Wittenberg), converteu-se, em 1515, em consequência da leitura de Romanos, e foi induzido à
Reforma.
A vida de João Wesley foi mudada em 1738, quando ele ouviu a leitura do prefácio de Lutero
concernente á Epístola aos Romanos. Quando os teólogos estavam tendo dificuldades no inicio do
século 20, Karl Barth publicou um comentário a respeito do livro de Romanos, o qual conduziu a uma
verdadeira mudança das tendências teológicas com reflexos até os nossos dias.
A Epístola aos Romanos torna-se difícil de compreender, a menos que a cosmovisão de Paulo
seja compreendida. Paulo não viveu numa era científica, em que o materialismo predomina. Anders
Nygren tem enfatizado um importante aspecto de Romanos no conceito das duas eras. Estas eras são
espirituais em natureza, porém elas controlam a, e são expressas através da realidade material.
Na opinião de Paulo, foi Deus quem tornou a existência material proveitosa. O pecado do
homem rompeu a harmonia da natureza e fez com que o homem, como resultado, ficasse com o
desconforto e trabalho insano. O pecado que Adão e Eva introduziram no mundo trouxe a morte
como companheira.
Satanás usa suas potestades malignas para alienar o homem de Deus, trazendo-o em cativeiro.
O homem é incapaz de libertar-se do velho domínio do pecado e morte. Em Cristo, Deus expressa sua
graça e poder, libertando o homem do reino do mal. A vida santa, a morte e a ressurreição de Jesus
foram elementos essenciais no estabelecimento do Reino de Deus, na derrota das potestades
malignas e na vitória do homem.
Paulo, que era fariseu, achou que a Lei é boa, porém impotente rara libertar o homem dos
poderes malignos espirituais. Em sua experiência com Cristo, ele descobriu uma nova justiça, um
novo poder e uma nova paz com Deus. Por meio desta Epístola mais profunda, a experiência de Paulo
tem sido compartilhada com milhões, que o têm seguido, encontrando vitória através da fé em
Cristo. Aqueles que vivem pela fé experimentam o poder de Deus em suas vidas por intermédio de
Jesus Cristo.
VIVENDO PELA FE é o guia de estudo para as riquezas das cartas aos Romanos e Gálatas. É
designado especificamente para um programa de treinamento ministerial, no qual o próprio
estudante é responsável pelo domínio da matéria, O guia de estudo é valioso para os leigos que
também estão interessados numa compreensão mais profunda da natureza do pecado, da salvação e
da vida eterna vitoriosa.
O guia de estudo não visa substituir a Bíblia ou ser estudado sem leitura paralela da Escritura
Sagrada As questões do lado direito da pagina ajudam o estudante, focalizando os pontos chaves de
cada parágrafo. As questões no fim de cada lição capacitam o estudante a avaliar o grau de seu
domínio do conteúdo da lição.
O Guia de estudo pode ser usado efetivamente sem livros suplementares. A leitura paralela é
sugerida apenas para estudantes que desejam fazer um estudo mais extenso de Romanos e Gálatas.
O estudo de Gálatas é incluído ao de Romanos. Gálatas é muito semelhante em conteúdo
doutrinal à Epístola aos Romanos, e as duas Epístolas podem ser Estudadas em conjunto, tirando-se
proveito de ambas. Algumas partes de Gálatas dão importante discernimento à matéria de Romanos;
outras partes contém os mesmos conceitos em redação levemente diferente.
Como em outros guias de estudo, valiosa assistência tem sido prestada na preparação do
manuscrito e da programação adjunta. Em adição à assistência secretarial, o trabalho da Sra. Gladys e
minha esposa Joyce foi essencial para o complemento deste livro.
Espero que os estudantes que usem VIVENDO PELA FE como uma introdução a Romanos e
Gálatas encontrem bênçãos similares, no estudo destas duas grandes Epistolas, às que experimentei
na preparação do guia de estudo.

INSTRUÇÕES PARA O ESTUDO

O preparo Ministerial através dos Estudos Programados consiste em apresentar a Bíblia e áreas
correlatas a alunos de vários níveis acadêmicos. O Estudo Programado não é um Curso por
Correspondência, nem tampouco segue o sistema tradicional de aulas em classes, mas é um novo
método em Educação. O objetivo desse novo tipo de estudo e o de possibilitar a qualquer aluno um
preparo teológico de boa qualidade. A falta de pré-requisitos acadêmicos, bem como problemas
financeiros, família, responsabilidades nas igrejas tem impedido a muitos homens e mulheres
chamados por Deus de se prepararem melhor para o desempenho de seu ministério. Esses
impedimentos deixam de existir neste caso, quando é aplicado o método do estudo particular em
casa e um encontro semanal para discussões em grupo. Assim é que os Estudos Programados
consistem em dar Oportunidade a alunos dos três níveis de escolaridade:
1. Alunos com o Primeiro Grau;
2. Alunos com o Segundo Grau;
3. Alunos com Cursos de Nível Superior.

Apesar de o Estudo Programado se destinar primariamente a pastores e candidatos ao


ministério que não tiveram oportunidade de cursar um seminário, os chamados leigos podem se
utilizar dos benefícios oferecidos por este método. Pastores que já tenham o grau de Bacharel em
Teologia poderão utilizar este material para cursos de reciclagem, especialmente se atuarem como
líderes de grupo de estudo ou como supervisores dos encontros semanais.
Usam-se os Estudos Programados para orientar as atividades particulares ou em grupo, na
apropriação do conteúdo de determinada matéria. Eles contêm os elementos básicos para cada
matéria e as recomendações para o uso de fontes suplementares mais avançadas de estudo. As
perguntas são incluídas para chamar a atenção do aluno para os pontos mais importantes contidos
nas lições e conduzi-los a respostas com correções imediatas sobre a matéria lida. Encontros
semanais de, aproximadamente, uma hora para cada matéria, darão oportunidade de discussão
sobre os assuntos estudados e suas aplicações práticas na vida diária.
Um professor ou supervisor orienta as discussões, mas os alunos dos três níveis apresentam e
discutem as suas ideias. Quando os alunos comparecem ao encontro com boa base na m0teria a ser
discutida, a discussão ou "Seminário" pode contribuir grandemente para o enriquecimento do
assunto e a discussão de ordem prática pode oferecer material abundante para a utilização na vida
da igreja.

O texto e as atividades discentes

O Guia de Estudos destina-se principalmente ao estudo particular em casa. Quando se abre o


Guia, o texto aparece do lado esquerdo da pagina, ao mesmo tempo em que as perguntas sobre cada
parágrafo estudado e o espaço destinado às respostas imediatas estão do lado direito. O aluno
deverá ler cuidadosamente todo um parágrafo antes de ler e responder à ou às perguntas do mesmo.
Se algum parágrafo não contiver perguntas, prossiga-se ao seguinte. O espaço das perguntas deverá
ser coberto com um pedaço de papel (cursor) ate que o parágrafo tenha sido lido e o aluno se sinta
em condições de responder a qualquer pergunta que surja. O papel deverá ser deslocado, em cada
parágrafo, somente o bastante para deixar a descoberto o espaço da pergunta e resposta equivalente
ao parágrafo lido. Depois de ter dado a sua resposta, o aluno conferirá com a resposta impressa logo
no final do espaço. Se as duas não coincidirem, o texto parágrafo deverá ser reexaminado. Será de
profundo valor para o aluno se fizer anotações próprias nos parágrafos que não se encontrem
acompanhados das respectivas perguntas.

Avaliação da aprendizagem dos estudos particulares

Ao final de cada lição aparece uma oportunidade de verificação do rendimento escolar. O Guia
de Estudos contem a matéria básica para cada lição e as perguntas sobre essa mesma matéria, as
quais deverão ser respondidas pelos alunos dos três níveis Depois de ter lido o texto e completado a
atividade discente correspondente, o aluno estará em condições de responder à maior parte das
questões da avaliação final de cada lição sem consultar o texto. Essas questões servem como
exercícios de auto-avaliação da aprendizagem.
Se um aluno não estiver seguro da resposta certa, é sinal de que não está suficientemente
senhor da matéria abordada naquela parte do estudo e deverá reexaminá-la até que se encontre
seguro do conteúdo da mesma. Algumas perguntas exigirão respostas mais extensas e,
consequentemente, um esforço maior para expressá-las. As questões completadas servirão de
sumario da lição estudada e auxiliarão na revisão da matéria.
Os alunos dos níveis 2 e 3 terão tarefas suplementares a realizar. As mesmas incluem a leitura
cuidadosa de algum outro livro com perguntas a responder.
Dos alunos do nível 3 serão requeridos um estudo bem mais profundo. Esse estudo variará em
conformidade com os recursos bibliográficos existentes. Às vezes haverá perguntas a respeito de
leituras paralelas em determinado livro indicado. Outras vezes, haverá perguntas que demandarão
alguma pesquisa individual.
Dicionários bíblicos, enciclopédias e livros sobre a matéria contida no Guia são fontes que
deverão ser consultadas. A bibliografia, no final deste Guia, indica onde esse material suplementar
poderá ser encontrado.

Seminário
Sugere-se que os alunos dos três níveis, de uma determinada área geográfica, tenham um
encontro de uma hora semanal com um professor ou supervisor, a fim de discutir a lição, levando-se
em conta:
1. Dificuldades encontradas no estudo particular em casa, problemas encontrados nas respostas
às perguntas constantes da matéria, ou ainda dificuldades na compreensão do texto
apresentado;
2. Aplicação prática da lição a atividades do ministério cristão e da conduta;
3. A significação global da lição e o seu lugar no conjunto do programa do preparo ministerial;

É possível que aconteça poderem ser respondidas isoladamente perguntas que acompanham o
texto sem que haja uma visão global da lição. É igualmente possível aprender os fatos a respeito do
cristianismo sem a visão de sua aplicação atual na vida da igreja. O aluno é responsável pela fixação
detalhada das informações contidas na lição, em seus estudos particulares, em casa. Compreender a
lição no seu aspecto mais amplo e sua aplicação prática seria então o alvo do Seminário.
Algumas perguntas a serem respondidas nos Seminários foram incluídas no final de cada lição.
Os seus propósitos são:
1. Despertar o interesse (algumas são questões de controvérsia ainda não resolvidas pelos
eruditos);
2. Dirigir o início da discussão no Seminário;
3. Dirigir a atenção para problemas relacionados com a matéria estudada;
4. Incrementar a criação de idéias originais que conduzam a sugestões de aplicação prática da
matéria.

Professor ou supervisar

O professor ou supervisor poderá apresentar perguntas que sejam mais importantes para
determinada situação. Ele poderá determinar os aspectos a serem abordados durante a discussão da
matéria. Caberá a ele evitar que o Seminário se desvie para o aspecto de menos importância.
O professor poderá iniciar o encontro com um pequeno teste. Isto motivará os alunos a um
melhor estudo particular, em casa, e servirá para avaliar o progresso de cada um. Duas ou três
perguntas de matéria básica são suficientes. Aos alunos que tiverem maior dificuldade, deverá o
professor dar uma assistência especial a fim de que acompanhem os estudos. Não deverão ser
abandonados:

INTRODUÇÃO ÀS CARTAS DE PAULO AOS ROMANOS E AOS GÁLATAS

A Importância dos Escritos de Paulo

A Epístola aos Romanos é considerada, pela maioria das pessoas, como um dos mais
importantes escritos já produzidos. E o trabalho mais significativo no campo da teologia bíblica.
Considerando que os Evangelhos Sinópticos apresentam os ensinamentos e descrevem as atividades
de Cristo, Romanos interpreta as implicações desses ensinamentos e atividades para a vida diária do
homem e sua eternidade.
A Epístola aos Gálatas é estudada em conjunto com Romanos por causa de suas semelhanças
quanto ao conteúdo, Ambas as Epístolas apresentam a doutrina da redenção. Também a do cristão
vivendo pela fé. Gálatas foi escrita para solucionar o problema que surgiu referente aos
requerimentos para salvação.
Seu conteúdo é, antes de tudo, limitado a esta doutrina e a um aspecto particular, que se
refere ã expressão pratica da salvação na maneira cristã de viver.
Romanos é mais sistemática, inclusive em sua apresentação destas doutrinas.
A revelação ultima de Deus em seu Filho foi dada no contexto de costumes nacionais e crenças
judaicas.
Quando o Evangelho de Cristo foi apresentado aos gentios, foi necessário achar novos termos e
expressões para comunicar os conceitos revelatórios.
Os gentios prosélitos ao judaísmo entenderam algumas esperanças judaicas baseadas no Velho
Testamento, mas a maioria dos gentios não foi informada dos requerimentos morais do Velho
Testamento nem das esperanças referentes ao Messias e ao Reino de Deus. Para o ato de redenção
de Deus em Jesus Cristo fazer sentido para eles, foi necessário falar do evento em termos de fé em
Cristo e da nova vida que resulta da morada do Espírito Santo no coração. A teologia da igreja gentia
era formada, primariamente, pelas Epístolas aos Romanos e aos Gálatas. Durante a Reforma, uma
ênfase sobre as doutrinas destas Epístolas foi renovada de tal forma que elas se tornaram o
fundamento do protestantismo.

Fontes de Compreensão de Paulo a respeito de Cristo

Hã mais de um século atrás, Ferdinand Christian Baur (1792 – 1860) declarou que Paulo
transformou um Mestre judeu puramente humano no Cristo sobrenatural.
Ele acreditava que, aparte das escrituras de Paulo, Jesus teria sido nada mais que um Rabi
Galileu.
Ernest Renan, da mesma época, declarou: "As escrituras de Paulo têm sido um perigo e uma
pedra de tropeço, a causa dos principais defeitos da teologia cristã; Paulo é o pai do sutil Agostinho,
do árido Aquinas, do Calvinista sombrio, do picante Jansenista e da teologia feroz que predestina a
condenação.
Renan predisse que o domínio de Paulo terminaria em nossos dias. Ele depreciou a verdadeira
magnitude de Paulo e falhou por não perceber que, enquanto o cristianismo existir, a carta de Paulo
aos Romanos permanecer uma fonte primária da doutrina da Igreja.
Karl Barth diferiu de Renan em sua apreciação de Paulo: "Paulo, como uma criança de sua
idade, dirigia-se a seus contemporâneos. Como profeta e apóstolo do Reino de Deus, ele
verdadeiramente fala a todos os homens de todas as idades... Se nós perfeitamente compreendemos
a nós mesmos... nossos problemas são os problemas de Paulo; e se nós somos esclarecidos pelo
esplendor de suas respostas, essas respostas devem ser as nossas.
Quais foram os pontos principais da experiência de Paulo e as fontes de sua compreensão a
respeito de Cristo? Hã no mínimo 6 fontes ou influências que devem ser consideradas a fim de
compreendermos sua doutrina do Cristo vivo.

Um conhecimento dos ditos e atividades de Jesus

Embora Paulo tenha declarado que não foi a Jerusalém para consultar "carne e sangue", a
declaração não nega seu conhecimento da "doutrina dos apóstolos" (cf. Gl. 1.16 e ss.; Atos 2.41 e
ss.). Os requisitos para o apostolado foram dois:
1. Ter estado presente com os discípulos "todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós,
começando desde o batismo de João ate o dia que dentre nós foi levado" (Atos 1.21, 22).
2. Ter sido uma testemunha do Senhor ressurreto (Atos 1.22).

É evidente destes requisitos que a doutrina dos apóstolos (ensinamentos ou DIDACHE) incluía
os ensinamentos e atividades de Jesus e a verificação de sua ressurreição.
O tempo dos apóstolos era devotado á oração e ao "ministério (serviço) da palavra" (Atos 6.4).
Somente eles tinham o conhecimento de primeira mão a respeito dos ensinamentos de Jesus, e seu
tempo era gasto na instrução de outros. Lucas recebeu uma narrativa precisa das atividades e ditos
de Jesus de "testemunhas oculares e de ministros (servos) da palavra" (Lucas 1.2), e as registrou em
seu Evangelho.
Somente os apóstolos puderam qualificar-se como "testemunhas oculares", mas aqueles
instruídos por eles tornaram-se "ministros da palavra". A mesma frase "ministros da palavra" é
empregada em relação a João Marcos, que acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem
missionária (cf. Atos 13.5). O que se pode entender é que a tarefa de Marcos era exercitar os novos
convertidos na doutrina dos apóstolos "Começando desde o batismo de João até o dia em que dentre
nós foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua ressurreição" (Atos 1.22).
Ambos, Marcos e Lucas, foram companheiros de Paulo nas viagens missionárias. Da parte deles,
se não já antes, Paulo teria conhecido bem os eventos de Cristo.
Visto que as viagens missionárias começaram mais de dez anos após a conversão de Paulo, é
provável que ele tenha conhecido os ensinamentos de Jesus muito tempo antes da primeira viagem.
Após sua conversão, ele "demorou-se alguns dias com os discípulos em Damasco, e logo nas
sinagogas pregava a Jesus, que este é o Filho de Deus... Saulo, porém, se fortalecia cada vez mais e
confundia os judeus... provando que Jesus era o Cristo" (Atos 9.19 – 22). Provavelmente Paulo
aprendeu a doutrina dos apóstolos com os "ministros da palavra" (discípulos) em Damasco.
Pelo tempo da primeira viagem missionária, no mínimo, Paulo teve um conhecimento completo
do conteúdo dos Evangelhos: "Mai s bem-aventurado é dar do que receber" (Atos 20.35). A primeira
viagem missionária ocorreu, no mínimo, dez anos antes de Paulo escrever a carta aos Romanos. Os
ditos e atividades de Jesus constituíram a fonte primária para a doutrina de Paulo acerca do Cristo
ressurreto.
Paulo participou da atitude de Jesus concernente ao judaísmo legalístico. A observância
meticulosa da Lei (costumes dos anciãos) não estabeleceria uma perfeita comunhão com Deus. As
cerimônias judaicas não purificavam dos pecados. Somente a fé em Jesus como o Messias (Cristo) e
Senhor poderia outorgar ao indivíduo a nova vida no Reino de Deus.
Paulo não discordou da ênfase de Jesus sobre o Reino; ele simplesmente achou necessário
expressar o conceito em termos diferentes, para os gentios que se converteram. Ele deu ênfase à
importância de "andar no Espírito". Ele agarrou-se firmemente à convicção de que Jesus voltaria para
ressuscitar os mortos e julgar toda a humanidade. Estas doutrinas são vitais às narrativas sinópticas
dos ensinamentos de Jesus. Paulo não inventou doutrinas que Jesus não tivesse ensinado ou dado a
entender. Ele interpretou os ensinamentos de Jesus para as igrejas do mundo gentio.

Seu encontro com o Cristo vivo na estrada a Damasco

Embora Paulo houvesse sido um estudante do judaísmo e do Velho Testamento, seus anos de
estudo não o tinham capacitado a encontrar a verdade. O testemunho de Estevão, na hora de sua
morte, pode ter sacudido a confiança de Paulo de que o judaísmo farisaico fosse o modo de obter-se
vida. A experiência decisiva da mudança de vida ocorreu na estrada de Damasco, quando uma luz
brilhou do céu e a voz do Senhor foi ouvida. A vida e a teologia de Paulo foram completamente
transformadas. Os cristãos que tinham sido seus inimigos tornaram-se seus irmãos. As ambições e
doutrinas que dominavam sua vida tornaram-se sem significado (cf. Gl. 1.13 e ss.; Fil. 3.4 – 11).
Em Cristo, Paulo experimentou um novo poder, que lhe deu vitória sobre "o príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Ef. 2.2). O Cristo
ressurreto, vivendo nele, deu-lhe a vitória sobre o pecado e a segurança da ressurreição. O
conhecimento de Paulo através da experiência transformou sua teologia.

Revelação divina especial

Paulo declarou que Deus, segundo sua própria a vontade, revelou "seu Filho em mim" (Gl. 1.16)
para o propósito de levar as boas-novas aos gentios. Paulo não recebeu da parte de homens seu
entendimento a respeito de Cristo; ele foi a Arábia, talvez, para estudar os ensinamentos do Velho
Testamento e correlacioná-los com sua nova experiência em Cristo. Enquanto na solidão da Arábia, o
Espírito Santo o orientou na reinterpretação das Escrituras do Velho Testamento, para uma nova
compreensão do Reino de Deus, e um novo conceito de justiça alcançável através da fé. Paulo deu a
entender que a revelação divina especial veio a ele na Arábia (cf. Gl. 1.16 – 18).

Seu conhecimento do Velho Testamento

Paulo foi um fariseu típico, que esperava que o Reino de Deus fosse a restauração de Israel ao
poder como uma nação. Como um fariseu, ele era rigoroso em guardar a Lei ou os costumes dos
anciãos, e zeloso por suas crenças religiosas a ponto de perseguir a Igreja (Fil. 3.5, 6). Os fariseus
acreditavam que se a Lei fosse guardada por um dia o Reino de Deus viria.
Como um fariseu, Paulo deu uma interpretação exclusiva e nacionalista as Escrituras do Velho
Testamento, com uma ênfase aquelas que falavam da exaltação de Israel e da derrota de seus
inimigos.
Israel esperava as bênçãos de Deus para exaltá-lo acima das nações circunvizinhas, e para trazê-
las em submissão dependente, porque era o escolhido de Deus.
Sião foi descrita como a base da dinastia davídica, e a semente de Davi dominaria as outras
nações (cf. Is. 32.1 – 5; Jer. 33.14 – 17; Mq. 5.2 – 4).
Outras escrituras falavam do lugar dos gentios no Israel restaurado. Os "filhos do estrangeiro"
se chegariam ao Senhor para servi-lo e amar o nome do Senhor (Is. 56.6). O templo seria chamado
"casa de oração para todos os povos" (Is. 56.7). Isaías assegurou que quando Israel fosse reunido de
seu cativeiro, os gentios também se reuniriam. Provavelmente Paulo tinha ponderado a escritura
frequentemente: "E nações encaminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora" (Is.
60.3). Tais escrituras e a reputação de Estevão começaram a fazer sentido para Paulo, depois que o
Senhor lhe revelou que ele era "... um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e
os reis, e os filhos de Israel" (Atos 9.15). O estreito nacionalismo de Paulo foi mudado para um
universalismo em que ele viu o Deus de Israel como o Deus de todo o universo. Portanto, a
responsabilidade dos servos de Deus era fazer Seu nome conhecido por todos os povos. O Reino de
Deus não era para ser limitado aos judeus, mas para abranger o povo de cada nação gentia.
O Rei no de Deus e a presença do Deus de poder para governar o seu povo. Paulo descobriu
que o Reino não e um poder terrestre ou organização centralizando-se em algum grande líder
humano, mas o poder de Deus nas vidas de seus filhos que andam no espírito.
A compreensão do conceito do Velho Testamento para o Reino de Deus como presença divina
assumiu novo significado à luz da experiência de que Cristo habita dentro de nossos corações.

Seu treinamento como um fariseu

Paulo reivindicou que foi um fariseu rigoroso que guardava a Lei. Por causa do seu zelo
religioso, ele tentou aperfeiçoar-se para com Deus; todavia, sua alma não estava à vontade enquanto
reconhecia que o pecado controlava sua vida. Em sua experiência pré-cristã, ele foi muito zeloso para
manter a Lei judaica. Sua compreensão posterior de liberdade em Cristo estava baseada em suas
previas tentativas de guardar a Lei e na descoberta de sua insuficiência. Deus em Cristo pode fazer o
que a Lei não podia fazer.
O treinamento de Paulo estava sob a responsabilidade de Gamaliel; que era um professor
reconhecido entre os fariseus. Provavelmente ele foi neto de Hillel, à qual seguiu uma interpretação
mais liberal da Lei do que seus professores rivais. De acordo com Atos 5, Gamaliel não poderia ter
sido tão radical em sua atitude para com os gentios quanto os outros fariseus.

Seu ambiente gentio

Paulo foi criado em Tarso da Cilícia, onde ficou exposto á uma sociedade dominada pelos
gentios. Embora seu treinamento rabínico tendesse a separá-lo dos gentios, seu ambiente de infância
o expusera forçosamente ã cultura gentia. Indubitavelmente, esta sua exposição prematura o levou a
uma maior compreensão dos gentios do que muitos outros possuíam.
Acompanhando os ensinamentos de Jesus concernentes à futilidade de rituais e cerimônias,
Paulo reconheceu que o legalismo judeu não salvava, e que nem os costumes práticos judaicos eram
para serem observados pelos gentios. Mesmo Pedro admitiu que os judeus que nasceram como
judeus não podiam guardar todas as regras estipuladas pelos fariseus (cf. Atos 15.10). Por que devem
os gentios, que não tinham nascido como judeus, viver pelas regras judaicas a fim de obter salvação?
Pedro sustentou o argumento de Paulo para que os gentios fossem salvos pela fé, aparte de guardar
os costumes judeus dos rituais da circuncisão e purificação. Ele referiu-se a Cornélio, que recebeu o
dom do Espírito Santo de Deus sem observa r os rituais judeus. "A medida que Paulo trabalhava entre
os gentios, ele experimentava o poder de Deus e via evidencias de salvação entre eles na proporção
que respondiam, pela fé, ao evangelho.
Estas experiências o levaram ã sua convicção de que a salvação e pela fé, e não pelo guardar da
Lei, conforme os fariseus reivindicavam.

A Ocasião e o Propósito de Gálatas

O livro de Atos dá alguma indicação das lutas que Paulo passou por pregar o evangelho entre os
gentios. Os judeus consideravam que eles tinham privilegias especiais como o povo escolhido de
Deus.
Sua comunhão com Deus estava baseada na promessa divina, que foi expressa pela circuncisão.
A promessa divina elevou a responsabilidade dos judeus no sentido de guardar a Lei de Moises. Para
assegurar que a
Lei mosaica fosse propriamente observada, os escribas elaboraram muitas regras que definiam
ações proibidas e permissíveis com respeito ao cumprimento de itens específicos da Lei sob diversas
circunstâncias.
Por exemplo, a fim de guardar o sábado, abstendo-se do trabalho, foram estabeleci das regras
que definiam o trabalho. A uma pessoa não era permitido caminhar mais de uma jornada do dia de
sábado (cerca de 1.200 metros) nem realizar colheita (os discípulos colhiam espigas de trigo).
A comunhão com Deus foi imaginada como dependente da circuncisão e da observância das
regras ou costumes dos anciãos. O orgulho espiritual caracterizou os fariseus, que reivindicavam por
andar de acordo com a Lei e tradições dos anciãos. Jesus tinha visto suas inconsistências e os acusava
de serem meticulosos em seguir regras cerimoniais, enquanto grosseiramente violavam a lei moral.
Enquanto os fariseus eram cuidadosos em dar ate mesmo o dízimo de produtos não dispendiosos
como a hortelã, o endro e o caminho, eles enganavam as viúvas e os órfãos, e negligenciavam os mais
idosos de suas famílias (cf. Mat. 23.14, 23; Marcos 7.11).
Paulo seguiu Jesus rejeitando o legalismo ("as obras da lei" - Gl. 3.16) como um meio para
alcançar justiça e uma afinidade real com Deus. Ele chegou ate a negar a necessidade dos gentios
serem circuncidados, o que significava uma afinidade legalística com Deus. Ele ensinou que a
purificação do pecado e a reconciliação com Deus ocorreram por intermédio da morte de Cristo, e
não através de símbolos cerimoniais de sacrifícios de sangue no Templo em Jerusalém. O Templo
simbolizava a presença de Deus com seu povo, porem Paulo encontrou em Cristo a realidade da
presença de Deus; portanto, ele ensinou que não era necessário que os gentios viajassem até
Jerusalém para encontrar Deus. Mesmo se eles tivessem visitado a área do Templo, teriam sido
prevenidos para não entrarem na corte interna dos israelitas.
A recusa da parte de Paulo no sentido da necessidade de os gentios serem circuncidados,
guardarem as regras dos escribas, oferecerem sacrifícios em Jerusalém e observarem os rituais de
purificação conduziu ã oposição da parte dos judeus.
Na conferência de Jerusalém (Atos 15), foi estabelecido um acordo pelo qual os gentios não
precisariam guardar as "Leis de Moises" (costumes ritualísticos judaicos), visto que foram salvos pela
fé.
Também foi posto em acordo que os judeus, mesmo em cidades predominantemente gentias,
seriam estimulados a guardar os costumes judaicos relativos à Lei mosaica. Aparentemente, os
problemas surgiram dentro das igrejas que eram compostas de ambos os elementos, judeus e
gentios. Se os judeus rigorosos não estivessem presentes, o problema poderia ser solucionado pelos
judeus cristãos, negligenciando-se certos costumes, especialmente o costume de um judeu não
entrar na casa de um gentio. O relacionamento das congregações cristãs que se compunham de
ambos, judeus e gentios, teria sido grandemente impedido pela recusa dos judeus rigorosos de se
relacionarem com os gentios e de os aceitarem como iguais.
Certos fariseus que se converteram (cf. Atos 15.5) insistiram na necessidade de circuncidar os
gentios e de instruí-los a guardarem a Lei de Moisés a fim de serem salvos. Ou estes judaizantes
(cristãos judeus rigorosos) de Jerusalém ou judeus da Galácia seguiram Paulo a várias cidades gentias
e causaram problemas. Mesmo o acordo em contrario, junto ã Igreja, no Concilio em Jerusalém, não
resolveu o conflito. As decisões adotadas pelos apóstolos e anciãos, em Jerusalém, foram
compartilhadas com as igrejas da Galácia (Atos 16.4, 5), porem, após a partida de Paulo, parece que
os judaizantes arribaram e contradisseram as decisões e os ensinamentos de Paulo.
Paulo escreveu a Epistola aos Gálatas para refutar a heresia que surgiu na Igreja como um
resultado do ensinamento dos judaizantes. Ele insistiu que uma afinidade real ê estabelecida com
Deus através da fé, e não por seguir as regras e regulamentos dos escribas. Ele usou as escrituras do
Velho Testamento para sustentar seu argumento de que Cristo é a promessa de Deus, por meio da
qual, a justiça é recebida pela fé. Em Cristo, a discriminação de gentios pelos judeus foi removida e
todos se tornaram um. Para refutar o erro de que a negligência de regras legalísticas resulta em
pecado, Paulo enfatizou a importância de andar no Espírito, que dá ao homem orientação e poder
para viver uma vida de vitória.
A Epístola aos Gálatas manifesta a nova afinidade com Deus, estabelecida pela fé em Cristo. Os
ensinamentos desta Epístola são similares aos da Carta aos Romanos; portanto, as duas Epístolas são
estudadas em conjunto.

Os Destinatários da Epístola aos Gálatas

A Epístola declara que os leitores foram chamados gálatas (veja 3.1) e foram agrupados no que e
descrito como "as igrejas da Galácia" (v. 1.2).

A Teoria Gálata do Norte

Existem duas teorias referentes a área designada por Lucas como Galácia. Até o século XIX, a
maioria dos estudiosos concluiu que a Epistola era endereçada às igrejas na Galácia do Norte. Lucas
menciona em Atos 16.6 que "percorrendo a região frígio gálata", eles foram proibidos, pelo Espírito
Santo, de pregar a Palavra na Ásia (cf. Atos 18.23). Os estudiosos concluíram que Paulo e Silas
voltaram, naquele tempo, para uma região ao sul da Bitinia e Ponto, onde estabeleceram igrejas nas
cidades de Pessino, Ancira e Távio. Se igrejas foram estabelecidas naquela região, o livro de Atos não
faz nenhuma menção a respeito delas.
Os limites geográficos da Frigia variaram continuamente, a região nordeste foi tomada pelos
gauleses no século III A.C. A Frigia do sul estendeu-se em direção a Pisídia, na qual estava localizada a
Antioquia. Icônio também foi chamada, frequentemente, de Frigia pelos escritores da antiguidade.
Nos tempos romanos, Frigia abrangia as cidades de Colosso, Hierápolis e Laodicéia. Uma parte da
Frigia tornou-se parte da província romana da Galácia. A maior porção fez parte da província
chamada Ásia.
A confusão surge na área indicada como "Galácia", porque o termo era empregado em dois
sentidos diferentes durante o século I. No século 3, os celtas ou gauleses invadiram a maior parte da
Ásia Menor do oeste e foram -1 imitados a um distrito com fronteiras marcadas por eles. Este distrito
estava localizado ao sul da região montanhosa central de Bitinia e Ponto, e ao longo do curso
mediano do rio Halis.
Anteriormente, esta região tinha sido frigia. As cidades da região – Pessino e Ancira –
permaneceram, predominantemente, frigias em caráter. Os gauleses não se tornaram urbanizados,
porém eles viveram em lugares abertos, batendo em retirada para fortalezas na montanha em tempo
de perigo militar. Todavia, eles deram seu nome à área que habitavam, daí o termo "Gálatas".

A Província Romana da Galácia

Em 25 a.C., os romanos estabeleceram uma província conhecida como Galácia. Esta província
incluía a própria Galácia (a região desde Pessino, no oeste, até Távio, no este), com maiores
extensões: Licaônia, Isáuria e Pisídia. Licaônia abrangia as cidades de Icônio, Listra e Derbe. Pisídia.
Licaônia as cidades de Apolônia e Antioquia. Estas cidades são conhecidas por causa da visita de
Paulo a elas, durante sua primeira viagem missionária. Elas eram parte da grande província romana
da Galácia, mas não da região geográfica original conhecida pelo mesmo nome. No século I, o termo
"Galácia" foi empregado geograficamente para designar o país na parte norte do platô central da Ásia
Menor, porém politicamente designou uma grande província do Império Romano, que foi
estabelecida para fins administrativos.

A Teoria Gálata do Sul

Até o século XIX, os estudiosos geralmente acreditavam que "Galácia" referia-se à região
geográfica do norte. Sir William Ramsay desafiou esta concepção, sugerindo que a Epístola aos
Gálatas foi escrita às igrejas da parte sul da Galácia política.
Ele sugeriu que Atos 16:6 refere-se à região frígio gálata, com o que ele quis dizer tratar-se de
parte da província romana da Galácia, a qual era habitada pelos frigios e era conhecida
geograficamente como Frigia. Esta região ficava ao sul do velho reino da Galácia, que é comumente
chamada de Galácia do Norte.
Ele assinalou que Atos não contém nenhuma referência à visita de Paulo a Galácia do Norte,
mas Lucas dá considerável atenção aos estágios mais primitivos da atividade missionária de Paulo
para com as igrejas na Galácia do Sul. Kirsopp Lake tem sugerido que Atos 16.6 é uma frase descritiva
da região cujo povo era, em parte, de idioma frígio e em parte de idioma gálata. Sua sugestão não
fixa a questão da localização das igrejas às quais a Epístola foi endereçada.
O fato de que Barnabé e mencionado na Epístola aos Gálatas (2.1, 9, 13), sugere fortemente
que as igrejas estavam familiarizadas com Barnabé. Visto que Barnabé esteve com Paulo na primeira
viagem missionária, mas não na segunda, as igrejas de Listra, Derbe, Icônio e Antioquia o teriam
conhecido. A declaração de Paulo de que "mesmo Barnabé" (2.13) foi levado pela insinceridade de
Pedro e outros judeus dá a entender que isto foi inesperado, em vista do que era conhecido a
respeito do caráter de Barnabé; portanto, Barnabé parece ter sido bem conhecido pelas igrejas.
Provavelmente, as igrejas gálatas eram compostas de ambos os cristãos – judeus e gentios.
Os ensinamentos dos judeus que podem não ter sido membros da igreja comprometeram
seriamente a comunhão.

A Época da Epístola aos Gálatas

Os estudiosos sugerem datas de 49 A.D. a 56 A. D., dependendo da preferência deles pela


Teoria Gálata do Norte ou pela Teoria Gálata do Sul. A.M. Hunter sugere que o silêncio completo das
cartas a respeito dos decretos apostólicos, descritos em Atos 15, confirma fortemente uma data
anterior ao Concílio de Jerusalém em 49 A.D. "Se Paulo tivesse escrito após o Concílio de Jerusalém,
ele certamente teria citado o decreto e encerrado o assunto." Hunter sugere que Paulo escreveu a
Epístola cerca de 49 A. D., ou em Antioquia ou em seu caminho ate Jerusalém para o Concílio.
Se a carta foi escrita às igrejas na Galácia do Norte, a data deve ser marcada tarde o bastante
para permitir a visita de Paulo à área norte em sua segunda viagem e provavelmente depois da
segunda visita ã região (Gálatas 4.13 – "Vós sabeis que... anunciei-vos o evangelho a primeira vez..." –
dá a entender duas visitas). Se a declaração dá a entender duas visitas por Paulo antes da escritura da
Epístola, a segunda visita necessitaria ser identificada com Atos 18.23. A data da Epístola seria
subsequente á segunda visita, provavelmente, enquanto Paulo estivesse em Éfeso cerca de 55 A.D.
Por causa da semelhança do conteúdo de Gálatas com o da Epístola aos Romanos, muitos
estudiosos colocam a escritura de Gálatas antes de Romanos. Provavelmente, Paulo escreveu duas
cartas aos Coríntios – uma carta perdida e I Coríntios – enquanto esteve em Éfeso por três anos,
durante a sua terceira viagem missionária. De acordo com o ponto de vista da maioria dos
estudiosos, Paulo escreveu II Coríntios enquanto esteve na Macedônia, após deixar Éfeso (Atos 20.1).
Ele passou três meses na Grécia, talvez em Corinto, antes de voltar através da Macedônia, fazendo
sua ultima viagem a Jerusalém. Muitos estudiosos sugerem que Gálatas e Romanos foram escritos
durante os três meses que Paulo passou em Corinto, no final de 56 A.D. ou início de 57 A.D. Outros
estudiosos creem que a Carta aos Gálatas foi escrita no início do ministério de três anos de Paulo em
Éfeso.
Um conhecimento do lugar, data e recipientes da Epístola não é necessário para se
compreender sua mensagem. Estas matérias introdutórias especiais fazem alusão ã reconstrução das
jornadas de Paulo a Jerusalém, as quais são mencionadas na Epístola.

A Igreja em Roma

A Epístola de Paulo aos Romanos foi endereçada a uma igreja que ele não iniciou; todavia, ele
foi informado a respeito por muitos cristãos que estiveram em Roma. Visto que ele tornou-se um
apóstolo aos gentios, sentiu alguma responsabilidade pelo povo daquele lugar.
Nem Paulo nem Pedro foram fundadores da Igreja em Roma. Judeus e gentios prosélitos de
Roma, estiveram presentes em Jerusalém no Dia de Pentecostes (Atos 2.10). Eles podem ter estado
entre os três mil que foram batizados e que "perseveraram na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações" (Atos 2.41, 42).
O fato de que alguns discípulos venderam suas propriedades a fim de prover aos outros
"segundo a necessidade de cada um" dá a entender que os convertidos de outras províncias podem
ter continuado em Jerusalém por um período de tempo, para aprender o evangelho, fazendo-se
necessário para os cristãos de Jerusalém ajudarem, provendo comida para eles. Os convertidos
podem ter voltado a Roma e estabelecido a igreja. Eles teriam conhecido os ensinos e atividades de
Jesus, o significado de sua ressurreição e a vinda do Espírito Santo. Ambos, judeus e gentios
prosélitos, estavam representados no grupo inicial.
Não há nenhuma certeza histórica de que os convertidos por ocasião do pentecostes
estabeleceram a igreja em Roma, nem existe qualquer informação sobre o desenvolvimento da
igreja. Um período de 25 anos separou o Pentecostes da escritura da Carta aos Romanos. Talvez o
testemunho cristão tenha se estendido em Roma durante este período. A Igreja Católica Romana diz
que Pedro fundou a igreja em Roma, mas Pedro ainda estava em Jerusalém no tempo do Concílio,
cerca de 49 A.D. Suetônio recorda que Cláudio baniu os judeus de Roma em 49 A. D., porque tinha
havido tumulto pela instigação de um chamado Cresto. Embora a referência não possa ser dirigida a
Cristo, há uma possibilidade de que os cristãos estivessem, de qualquer forma, envolvidos neste
assunto.
Paulo declarou que ele não edificou sobre fundamento alheio (Rom. 15.20); todavia, ele não
demonstrou nenhuma hesitação em escrever ã igreja em Roma, expressando um desejo de ter parte
em seu ministério.
O fato da liberdade de Paulo relacionar-se com a igreja é outra indicação de que Pedra
provavelmente não foi o fundador da igreja em Roma.
É provável que a igreja tenha existido no tempo que Cláudio baniu os judeus de Roma em 49
A.D. Originalmente, o rol de membros pode ter sido primariamente formado por judeus, porem o
decreto de Cláudio deixou somente cristãos gentios na igreja.
Áquila e Priscila parecem ter sido cristãos quando deixaram Roma. Paulo uniu-se a eles em
Corinto cerca de 50 A.D. Eles tinham voltado a Roma pelo tempo da composição da Carta aos
Romanos (Rom. 16.3). Paulo pede tê-los estimulado a retornarem a Roma para ajudarem a igreja
predominantemente gentia (cf. Rom. 16.4). Eles eram, provavelmente, líderes de uma igreja que se
reunia na casa deles (Rom. 16.5).
Alguns estudiosos têm sustentado a teoria de que a igreja era judaica. Outros têm sugerido que
era antes de tudo gentia ou uma mistura de ambos. William Manson acreditava que a maior porção
da igreja era judaica, porque os argumentos da Epístola são mais aplicáveis a judeus do que a gentios.
Outros têm assinalado que em Romanos 1.5 e ss., Paulo incluiu os leitores entre os gentios, a quem
ele foi comissionado como apostolo. Ele os comparou com "outros gentios" (1.12 – 14). Paulo
declarou: "dirijo-me a vós outros, que sois gentios", numa passagem que enfatiza que os leitores
obtiveram misericórdia através da descrença por parte dos judeus (11.13, 28 – 31).
Embora Áquila e Priscila fossem judeus (cf. Atos 18.2), eles trabalhavam nas igrejas gentias e
tinham uma igreja que se reunia na casa deles (Rom. 16.4, 5),
C. H. Dodd (The Epistle of Paul to the Romans) e Sanday Headlam (The Epistle to the Romans)
sugerem que a congregação era uma mistura de romanos e judeus. O elemento judeu pode ter
predominado antes da sua expulsão por Cláudio em 49 A.D., após a qual o elemento gentio
prevaleceu. Quando Paulo chegou a Roma, os membros da Igreja foram ao seu encontro, à Três
Vendas, porem o numero de membros não é identificado (Atos 28.15).
Paulo foi grandemente estimulado pelo encontro, o qual pôde indicar que existia harmonia
entre os judeus e gentios dentro da igreja. Após sua chegada, ele encontrou-se com os líderes dos
judeus para explicar as circunstâncias de sua experiência.
Aparentemente, estes líderes judeus não eram membros da igreja, porem estavam
interessados em ouvir algo "a respeito desta seita, que por toda parte e impugnada" (Atos 28.22).
Depois que Paulo ensinou-lhes, referindo-se a Jesus, muitos creram, porem outros não. Depois que
os judeus incrédulos partiram, Paulo voltou-se para os gentios com o evangelho.

A Ocasião e a Época da Epístola aos Romanos

A Epístola aos Romanos difere das outras epístolas paulinas, por não endereçar um problema
específico dentro da igreja. Embora o conteúdo doutrinário de Gálatas e Romanos seja similar,
Gálatas se dirige a um problema específico dentro das igrejas.
Romanos e uma dissertação doutrinal, que lida com a questão de se a salvação requer a
observância da Lei judaica ou se e obtida pela fé somente. Se a salvação não e obtida pelo guardar a
Lei, o que faz com que os cristãos vivam uma vida justa?
Provavelmente Áquila e Priscila tinham comunicado a doutrina de salvação e justiça pela fé,
mas as questões ainda ficaram sem respostas. Se uma perfeita comunhão com Deus não e
dependente do cerimonialismo e legalismo judaicos, como alguém e purificado do pecado e impelido
a viver justamente? O requerimento de guardar a Lei para ganhar salvação estabelece o motivo para
a pessoa empenhar-se em viver justamente, porem a salvação só pela fé aparentemente não
apresenta tal incentivo. Como podem novos cristãos, vindos do paganismo, encontrar vitoria vivendo
uma vida justa? Se a Lei do Velho Testamento não traz salvação, que propósito tinha Deus em seus
procedimentos para com a nação judaica? Estas foram questões urgentes para a nova igreja em
expansão. Cada questão tinha um vinculo ao problema do relacionamento de judeus e gentios dentro
da igreja. Os judeus, que tinham aprendido que não era para eles terem ligações com os gentios,
tinham que resolver a questão do cerimonialismo e legalismo judaicos em relação ao novo
movimento cristão. Se o Velho Testamento, que tinha sido interpretado no sentido de excluir a
relação de judeus e gentios, era seguido no que tange a esse ensino como uma igreja composta de
ambos, judeus e gentios, podia experimentar comunhão?
Paulo mostra o fundamento teológico para uma vida cristã vitoriosa por meio da fé. Seu
sistema doutrinário não excluiu os gentios da igreja nem os escusou por feitos imorais. Antes
mostrou a ambos, judeus e gentios, como se tornarem justos, purificando-se dos pecados passados e
como obterem vitoria sobre as tentações presentes.
A ocasião imediata da Carta parece ter sido a de fortalecer o relacionamento de Paulo com a
Igreja, a fim de que, quando ele visitasse Roma, pudesse ministrar no meio deles. Também ele
planejou visitar a Espanha (cf. Rom. 15.24, 28). Talvez ele esperasse que a igreja em Roma tomasse
parte em seu ministério espanhol, sustentando-o.
Provavelmente houvesse alguma tensão entre os elementos judeus e gentios na igreja. Esta
tensão seria natural na maioria das igrejas, por causa do orgulho nacional. A melhor maneira para
solucionar o distúrbio era apresentar uma posição doutrinária que enfatizasse a reconciliação
universal. Também os membros necessitavam de uma compreensão mais extensa da doutrina de
salvação pela graça através da fé.
A maioria dos estudiosos crê que Paulo escreveu a Epistola aos Romanos depois que ele deixou
Éfeso, cerca de 56 A.D. Ele foi primeiro à Macedônia e então passou 3 meses na Grécia, talvez em
Corinto (Atos 20.1 – 3). Enquanto em Corinto, ele concluiu que seu ministério naquela área estava
completo; portanto, escreveu a Carta aos Romanos a fim de prepará-los para sua visita, depois que
ele tivesse levado a oferta das igrejas gentias aos santos em Jerusalém.
Corinto e sugerido como o lugar para a composição da Epistola aos Romanos por que:
1. Paulo tinha acabado de completar sua coleta para os crentes pobres em Jerusalém (Rom. 15.22
e ss.).
2. Paulo tinha pregado o evangelho através da região, desde Jerusalém ate a Ilíria (Rom. 15.19).
3. Paulo recomendou Febe, a qual pertencia à igreja em Cencréia, aos Romanos (Rom. 16.1).
Cencréia era o porto da cidade de Corinto.
4. Paulo era hóspede de Caio no tempo que a Epístola foi escrita (cf. Rom. 16.23). Caio pode ter
sido a mesma pessoa que foi batizada em Corinto (I Cor. 1.14).

O Estilo de Romanos

Anteriormente, este livro foi chamado de Epistola, porem a descoberta e publicação do antigo
papiro egípcio mudou a visão dos estudiosos quanto a ele. O estilo de Romanos concorda com o das
antigas cartas. As cartas típicas começavam com um cumprimento seguido de oração, ação de graças,
apresentando-se então o assunto principal. Eram concluídas com saudações especiais e
cumprimentos pessoais. Romanos segue este padrão. Um secretario especial, chamado Tércio,
escreveu a carta para Paulo, porem provavelmente contribuiu com nada mais do que seus
cumprimentos e de seu irmão mais jovem, no fim da nota especial para Febe (16.22, 23).

Introdução aos Gálatas

Provavelmente, Paulo visitou as igrejas da Galácia, em sua jornada de Antioquia até Éfeso,
cerca de 53 A.D. (veja Atos 18.23). Não muito tempo depois de sua visita, os cristãos judeus de
Jerusalém, ou talvez os judeus de Antioquia e Icônio (veja Atos 14.19) foram às igrejas e refutaram os
ensinamentos de Paulo (cf. Gl. 1.7; 5.7 – 10). Antecipadamente, Paulo tinha entregado aos cristãos
gentios as decisões da conferência de Jerusalém (Atos 16.4 – 6). A instrução de que cristãos gentios
não necessitavam de ser circuncidados e de guardar as leis cerimoniais judaicas causou uma forte
reação da parte de alguns cristãos judeus.
Alguns estudiosos argumentam que a Epístola aos Gálatas foi escrita antes da Conferência de
Jerusalém em 49 A.D., doutro modo, Paulo teria usado as quatro decisões tomadas em Jerusalém,
para sustentar seus argumentos. E provável que as decisões já tivessem sido apresentadas às igrejas,
a referência suplementar a elas tendo que levar um pouco de consideração no debate. A negação de
Paulo de ter recebido, dos apóstolos de Jerusalém, "o evangelho que era pregado por mim" pode
indicar que eles também estavam sendo desacreditados.
Os acordos em Jerusalém de que os gentios eram salvos pela fé e que não teriam aplicados a
eles qualquer "encargo alem destas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas a
ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e dessas coisas fareis bem de vos guardar.
Bem vos vá" (Atos 15.28, 29), não adicionaram nada aos ensinamentos de Paulo. A conferência de
Jerusalém foi convocada porque, "tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não
pequena discussão com eles... Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam
crido" (Atos 15.2, 5). O concílio tinha concordado com a posição de Paulo.
Provavelmente, os judeus farisaicos que creram apelaram para as ações de Pedro e Barnabé em
Antioquia (cf. Gl. 2.11 – 13) para rebater os argumentos de Paulo e as decisões do Concílio de
Jerusalém.
As decisões do Concílio tinham fixado a questão dos requerimentos de salvação para os
gentios, mas não os problemas de comunhão que surgiram quando judeus e gentios estavam na
mesma igreja.
Os fariseus crentes consideravam Pedro como uma autoridade superior a Paulo. Paulo
respondeu, explicando que a autoridade de seu evangelho não era baseada sobre si mesmo e nem
nas ações de Pedro, mas foi dada por revelação. Ele procedeu para mostrar que Pedro não tinha
nenhuma autoridade especial, opondo-se a Pedro pessoalmente em Antioquia, porque sua conduta o
condenava.
Aparentemente os judaizantes tentaram rebaixar a autoridade de Paulo, atacando sua pessoa.
Suas credenciais apostólicas eram questionadas tanto quanto sua integridade pessoal. Depois de uma
introdução muito breve, Paulo passou imediatamente ã defesa de seu apostolado.
Os judeus crentes farisaicos (judaizantes) criam que Jesus, o homem, era o Messias (Cristo);
portanto, o tempo tinha chegado quando Deus, o Pai, libertaria seus filhos do pecado, trazendo-os
para o seu Reino. O povo de Deus incluía tanto gentios quanto judeus. A questão era: O que e
requerido dos gentios para serem libertos do pecado (salvos) e trazidos ao Reino de Deus? A resposta
que Paulo deu foi que era a "fé". A resposta que os judaizantes deram foi que era a "crença em Jesus
como o Messias" e a circuncisão e guardar a Lei de Moises. Os judaizantes contendiam que os
estrangeiros deviam adotar os costumes nacionais judaicos, para serem salvos. Paulo argumentou
que os costumes nacionais não tinham nada a ver com a salvação. Salvação e uma afinidade com
Deus, estabelecida pela atitude de fé.
A controvérsia de como o homem e justificado perante Deus continua em nossos dias. Há
aqueles que pensam que a libertação da penalidade do pecado está baseada na apresentação de
bons feitos. O homem recebe uma reputação reta diante de Deus, refreando-se em relações imorais.
Por outro lado, muitos insistem que as boas obras de um homem não o justificam. O homem culpado
torna-se justo perante Deus somente se aceitar a justiça de Deus provida através de Jesus Cristo.

Cumprimentos e Apologia de Paulo Gálatas 1.1 – 2. 21

Saudação (1.1 – 5)

Paulo usou seu nome gentio ao escrever à igreja (v.1). Enquanto ele era um "judeu entre
judeus" era conhecido por seu nome hebraico "Saulo". Lucas, em Atos 13.9, começou a referir-se a
ele por seu nome romano, Paulo. Naquele tempo Paulo superou Barnabé em liderança e seu principal
trabalho era entre os gentios.
E possível que Paulo tivesse sido rebaixado a um apóstolo de segunda categoria que tivesse
aprendido tudo de Pedro e Tiago. No primeiro versículo, Paulo afirma a origem divina de seu
apostolado. Sua comissão veio "não da parte dos homens, nem por intermédio de homem algum,
mas sim por Jesus Cristo e por Deus Pai..." Talvez os judaizantes tenham sugerido que Paulo não era
um apóstolo genuíno porque ele não era um dos doze. Paulo respondeu que a chamada de Deus
constitui alguém um apóstolo, e não o compromisso de homens. Os doze eram comissionados
especialmente para levar o ensinamento de Jesus relativo à chegada do Reino de Deus, e para
afirmar o fato da Sua ressurreição. Paulo recebeu o mandato especial de levar as Boas-Novas aos
gentios. Apostolo é aquele que é enviado numa missão específica, com a mensagem de Cristo.
Paulo geralmente citava os amigos especiais que estavam com ele, quando escrevia as epístolas
(por exemplo, Silvano e Timóteo, nas Cartas aos Tessalonicenses, e Sóstenes, em I Coríntios). Todavia,
em Gálatas, ele se refere a amigos especiais, como "todos os irmãos" (v.2). A Epístola é endereçada a
diversas igrejas na Galácia (v.2). Paulo abriu mão do cumprimento grego chairein e escolheu a palavra
charis, ou graça (v. 3). Graça denota o favor imerecido de Deus para com o homem pecador, e é a
base para uma afinidade real com Deus. A graça descreve a dádiva divina de justiça mais do que
realização humana. A paz inclui mais do que o hebraico shalom, que era comum em saudação (v.3).
Cristo dá uma paz interior que supera todo entendimento.
A graça e a paz vêm de Deus através de "nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si
mesmo pelos nossos pecados" (vv. 4 e 5). "Jesus" é o Salvador que foi oferecido em sacrifício pelos
nossos pecados e "Cristo" e o Ungido de Deus que dá vitória sobre as forças do mal.
Era necessário o homem ser purificado de seus pecados, antes que ele pudesse experimentar a
presença e o poder de Deus que o libertasse do mundo perverso (v.4). A sociedade do mundo atual
está sob o poder de Satanás, e o Reino de Deus está invadindo e destruindo o domínio de Satanás,
libertando o homem do seu cativeiro. O atual mundo perverso e caracterizado pelo pecado e a
morte. O amanhecer do Reino de Deus e caracterizado pela justiça e a vida. Quando o Reino de Deus
vier em abundância, sujeito ao Seu Escolhido, todo o mal será vencido. A morte de Cristo para o
pecado e a nossa libertação do presente mundo perverso estão de acordo com a vontade de Deus. A
esperança e o gozo do evangelho trazem uma doxologia (v. 5).
O Dr. John W. MacGorman aponta para o fato de que não consta nenhuma expressão de
agradecimento dirigida aos gálatas na saudação de Paulo l. Visto que isto não se dá em nenhuma
outra parte, revela a agitação e mágoa que Paulo sentiu por causa da falta dos gálatas.

A Ocasião para a Escritura (1.6 – 10)

A Epístola foi ocasionada pelo aparecimento de falsos mestres, que pregavam um evangelho
diferente (heteron) (v.6). O que eles pregavam era uma perversão do Evangelho de Cristo. Eles
tinham posto de lado o evangelho da graça de Deus (favor imerecido) em Cristo, proclamando uma
justiça baseada no esforço humano. A perversão do Evangelho não era realmente outra versão do
evangelho que Paulo pregava; estava em oposição ao evangelho da graça (v.7). Um evangelho
depende do homem e outro depende de Deus.
Um origina-se no orgulho e o outro na fé. Um conduz à derrota e outro à vitória. Paulo
surpreendeu-se de como os gálatas haviam se voltado tão rapidamente de um evangelho que
oferecia vitória para um legalismo que escravizava.
Paulo pronunciou sentença incondicional contra aqueles que pregavam um evangelho
pervertido (vv. 8 e 9). A linguagem de Paulo e impetuosa, ao pronunciar a maldição irrecuperável,
contudo, ele reconheceu que a perversão do evangelho é seria, porque traz destruição para aqueles
que o ouvem tanto quanto para aqueles que o pregam. O homem não pode efetuar sua própria
salvação, dependendo dos códigos morais e cerimoniais de Moisés. Ele não guarda os códigos morais
perfeitamente, e as cerimônias são somente sombras de realidade.
As qualificações da pessoa que proclama a doutrina legalista não podem torná-la correta (v. 8).
Mesmo se um anjo do céu proclamasse que, guardando os rituais judaicos e os costumes dos anciãos
os homens seriam salvos, a proclamação não seria verdadeira.
Paulo assegurou aos gálatas que ele não imaginou o evangelho para agradar aos homens, mas
que o recebeu de Deus (v.10). Visto que o evangelho foi divinamente dado, ele foi obrigado a
proclamá-lo fielmente.
Sua fidelidade ao evangelho não agradou aos homens, somente trouxe prisão. Não obstante,
ele o proclamou porque era um servo de Jesus Cristo. O Evangelho de Cristo, que removeu a
distinção entre judeus e gentios, estava contra o nacionalismo judaico de Paulo tanto quanto de
outros judeus, especialmente os fariseus.
A linguagem impetuosa de Paulo revela que ele não era uma pessoa que gostasse de agradar a
homens. Aparentemente, seus oponentes na Galácia o tinham atacado com isto (v.10). Tivesse ele
atentado para obter o favor dos homens, ele não teria falado tão ousadamente. Visto que ele foi um
ousado servo de Cristo, sua tarefa não era agradar a homens, falando o que eles queriam ouvir (v.10).

A Defesa Pessoal de Paulo (1.11 – 2.21)

A fonte divina de seus ensinamentos (1.11, 12)

Paulo defendeu sua autoridade apostólica, tendo como base que a mensagem que ele pregava
era divinamente inspirada (v. 11). Aparentemente, os judaizantes reivindicavam que o apostolado de
Paulo repousava mais sobre autoridade humana do que divina.
Eles, provavelmente, sugeriram que ele era dependente dos apóstolos de Jerusalém para sua
mensagem e reconhecimento oficial como apóstolo.
Paulo não satisfez os requisitos apostólicos de ter estado com Jesus, desde o tempo de Seu
batismo até Sua morte, e de ter-se encontrado com o Cristo ressurreto como os outros apóstolos.
Todavia, ele recebeu seus ensinamentos e testemunhos de Cristo, não da parte de homens. O
evangelho da graça, que não requeria que os gentios fossem circuncidados ou guardassem os
costumes dos anciãos, não era uma invenção humana. Seu apostolado era divinamente inspirado,
porque a mensagem que lhe foi comissionada para levar aos gentios era divinamente revelada.
A declaração de Paulo de que Jesus Cristo é o Revelador não quer dizer que ele não recebeu
nada das testemunhas oculares e seguidores de Jesus Cristo. Paulo recebeu uma narrativa dos
ensinamentos e atividades de Jesus de testemunhas oculares, porém o significado e a interpretação
da parte de Cristo.
Também, ele tinha ouvido uma voz do céu, que comunicava uma mensagem divina no tempo
de sua conversão. As palavras e ações de Jesus tinham que ser interpretadas e aplicadas aos gentios.
Qual era o significado, para os gentios, da mensagem de que o Reino tem chegado em Cristo? Como
eles poderiam entrar para o Reino? Paulo foi capaz de responder a estas questões por revelação
divina.

Refutação dos Oponentes (1.13, 14)

Os judaizantes reivindicavam que sua religião se baseava na Escritura (A Lei de Moisés e dos
Profetas). Eles consideraram a rejeição da parte de Paulo, das "tradições dos pais" (v. 14), e sua
aceitação dos gentios na igreja como iguais serem inovações de seu ambiente gentio. Embora o judeu
de Tarso houvesse estado exposto aos gentios em sua mocidade, suas primeiras ações provaram que
ele permaneceu um judeu conservador.
Ele tinha estabelecido uma reputação para defender a religião judaica ao ponto de perseguir a
Igreja de Deus, devastando-a (v.13). Anteriormente ele tinha concordado com os fariseus de que a
religião cristã era uma perversão do judaísmo. Suas ações revelaram que ele não tinha rejeitado o
judaísmo, nem tinha se tornado simpático aos gentios por causa de seu ambiente anterior. Ele era
extremamente zeloso pelas tradições dos ancestrais até sua conversão (v. 14).

A Influência Dominante na Vida de Paulo (1.15 – 17)


Os judaizantes parecem ter dito também que Paulo recebeu suas interpretações da parte de
homens. Paulo lembrou, seus oponentes, da crença judaica na providência de Deus. Mesmo antes de
Paulo nascer, já tinha o plano para a sua vida (v.15).
A chamada divina de Paulo era baseada na graça de Deus mais do que no seu próprio mérito.
Paulo considerou-se indigno de ministrar aos gentios, uma tarefa que os judaizantes depreciaram.
Paulo julgou o plano de Deus, "para revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os
gentios" (v.16), ser uma nobre chamada. Os gentios também foram escolhidos para fazer parte do
Reino.
Como um estudioso do Velho Testamento, Paulo estava familiarizado com a mensagem dos
profetas, especialmente Isaías. Isaías enfatizou o lugar dos gentios no Reino de Deus. Os judaizantes
esperavam um vitorioso Messias nacionalista, que desse a nação judaica, vitória sobre os gentios. A
rejeição do Messias de Deus por parte dos judeus e Sua crucificação pelos gentios eram mistérios do
plano de Deus, que "desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou" (Ef. 3.9). A morte do
Messias proveu:
1. A expiação do pecado através do derramamento de sangue;
2. A revelação da rejeição divina de um Messias vitorioso, nacionalista e político, e a afirmação de
um Messias universal e sofredor.

Se Jesus era o Messias e foi posto à morte, era óbvio que o plano de Deus não foi enviar um
Messias para a nação israelita, mas um servo sofredor para derramar seu sangue por todos. A morte
de Jesus revelou a Paulo que Jesus é o Messias universal, e que os gentios estão incluídos no Reino.
Paulo não recebeu um conhecimento do misterioso plano de Deus da parte dos apóstolos em
Jerusalém, mas através da revelação de Jesus Cristo (v. 12). Ao invés de ir a Jerusalém para conversar
com os apóstolos após sua conversão, ele foi ã Arábia, uma região a este de Damasco (v.17). Não
sabemos quão longe ele foi, o que fez e nem quanto tempo ficou. Tanto Jesus foi compelido, pelo
Espírito, a ir ao deserto por 40 dias e noites após Sua revelação divina em seu batismo, quanto Paulo
precisou de um período de solidão depois de sua conversão. A interpretação de Paulo acerca do
Velho Testamento tinha sido um erro; portanto, ele precisou pensar novamente a respeito de sua
posição e correlacionar as Escrituras dos profetas com seu encontro com o Senhor vivo e sua
comissão para ser um apóstolo aos gentios. Da Arábia, ele retornou a Damasco.
Paulo foi influenciado pelas tradições judaicas, porem ele foi transformado pela graça de Deus
em sua experiência de conversão. Na hora de sua conversão, Paulo "ouviu uma voz que lhe dizia:
Saulo, Saulo, por que me persegues?" (Atos 9.4). Por intermédio de Ananias, o Senhor revelou a
Paulo que ele era um vaso escolhido para trabalhar entre os gentios. O único encontro com o Senhor
ressurreto no tempo da conversão de Paulo e a divina revelação através de Ananias foram fatores
predominantes na mudança da vida de Paulo. As influências dos pontos principais de sua experiência
judaica, sua prévia compreensão do Velho Testamento e as conversações com os apóstolos de
Jerusalém foram influências secundárias.

A Visita de Paulo a Jerusalém (1.18 – 24)

Paulo declarou que foi a Jerusalém depois de três anos (v.18). Não se sabe se os três anos são
datados desde sua conversão e chamada (v.15) ou se desde o tempo de sua volta da Arábia para
Damasco (v.17). Durante a primeira visita de Paulo a Jerusalém (cf. Atos 9.26 – 30), ele passou quinze
dias com Pedro (v.18).
Este breve período não teria sido suficiente para Paulo ter recebido seu evangelho dos
apóstolos; nem Pedro teria dado a Paulo a interpretação que aplicava o evangelho aos gentios. O
suplemento desta informação prova o argumento de Paulo de que ele recebeu o evangelho que
pregava por revelação divina, mais do que de homens, desse modo qualificando-o como um
apóstolo.
A alusão de Paulo com vista a "Tiago, o irmão do Senhor" (v.19), dá a entender que Tiago tinha
se tornado proeminente na igreja em Jerusalém. Ele o mencionou juntamente com Cefas (nome
aramaico de Pedro) e João como "colunas" da igreja (Gl. 2.9). Sua conversão pode ter seguido a
ressurreição de Jesus. Paulo refere-se a um aparecimento do Jesus ressurreto a Tiago (cf. I Cor. 15.7).
Depois que Paulo declarou, sob juramento solene, que suas afirmações eram verdadeiras (v.
20), ele deu um resumo de suas atividades durante os anos seguintes (vv. 21 e ss.). Seu juramento
talvez fosse em resposta a uma acusação que ele recebeu a respeito de suas visitas com os outros
apóstolos.
Visto que Paulo trabalhou nas regiões da síria e Cilícia (v. 21), não é provável que ele tenha
estado sob a direção dos Doze que permaneceram em Jerusalém. Antioquia, a terceira cidade do
Império Romano, ficava na Síria, e Tarso, a cidade natal de Paulo, estava localizada na Cilícia.
Estas eram áreas predominantemente gentias, onde Paulo trabalhou pelos onze (ou talvez
catorze) anos seguintes. No livro de Atos lemos que quando Paulo deixou Jerusalém, ele foi a Tarso
(9.30). Pouco se sabe acerca da resposta ao evangelho naquela região, porem em Atos e indicado que
o trabalho desenvolveu-se em Antioquia, na Síria, ao ponto de a igreja tornar-se o centro de
atividades missionárias aos gentios (cf. Atos 13 e ss.).
Paulo estava tão ocupado com seu ministério na Síria e Cilícia, que ele não dedicou tempo às
igrejas da Judéia, onde os apóstolos eram influentes (v.22). Embora ele fosse pessoalmente
conhecido por Pedro e Tiago, não era conhecido pessoalmente pelas igrejas da Judeia. A palavra a
respeito da conversão do perseguidor fez com que as igrejas da Judeia glorificassem a Deus (vv. 23 e
24).

A Segunda Visita de Paulo a Jerusalém (2.1 – 10)

O livro de Atos indica que Paulo fez duas visitas a Jerusalém antes da Conferencia em 49 A.D.
(veja Atos 9.26 e ss.; 11.30; 12.25). Em Atos 9.26 e ss., Paulo foi apresentado aos apóstolos por
intermédio de Barnabé. Ele ocupou seu tempo em Jerusalém, proclamando o nome do Senhor Jesus
e debatendo com os helenistas. Atos não indica que Paulo foi a Jerusalém para se instruir a respeito
do evangelho. Ele e Barnabé foram escolhidos para levar a oferta a Jerusalém durante o período de
fome (Atos 11.30; 12.25), contudo eles não podem ter visto os apóstolos. Josefo um historiador
judeu, menciona fome em Jerusalém, cerca de 44 – 48 A.D. Alguns estudiosos identificam o levar as
ofertas por Paulo a Jerusalém com os eventos descritos em Gálatas 2. Paulo jurou aos gálatas que ele
tinha feito somente duas viagens a Jerusalém, durante as quais viu os apóstolos.
É provável que Paulo não tenha considerado que sua viagem, que tinha a finalidade de levar as
ofertas para aliviar a fome em Jerusalém, fosse envolvida em sua defesa na Galácia. Naquela viagem,
Paulo viu os anciãos da igreja em Jerusalém (Atos 11.30), mas provavelmente não conversou com os
Doze quanto ao que se refere ao evangelho. Gálatas 2, provavelmente, refere-se a viagem a
Jerusalém para a Conferência em 49 A.D. Esta viagem teria sido a segunda em que Paulo poderia ter
recebido seu evangelho da parte dos apóstolos.
Paulo levou consigo Barnabé e Tito na segunda viagem a Jerusalém (v.1). Barnabé tinha
apoiado Paulo diante dos discípulos, mesmo quando eles o evitaram por causa do medo (Atos 9.26 e
ss.); ele trouxe Paulo de Tarso para ajudá-lo no trabalho frutífero em Antioquia (Atos 11.25 e ss.).
Barnabé também tinha acompanhado Paulo na primeira viagem missionária (Atos 13.2 e ss.). As
últimas duas referências indicam o interesse de Barnabé pela missão gentia. Tito era um cristão
gentio que não foi circuncidado, apesar da insistência dos cristãos de Jerusalém. O fato de Tito não
ser circuncidado, não foi obstáculo para que ele não fosse aceito na igreja. Paulo tinha circuncidado
Timóteo, cujo pai era grego, a fim de que Timóteo não tivesse barreiras em seu ministério com os
judeus.
Paulo recusou circuncidar Tito por causa de sua convicção de que os gentios não precisavam
guardar os rituais judaicos (v.3). Paulo declarou que sua viagem foi o resultado da divina revelação
(v.2). Quando ele chegou a Jerusalém, primeiro visitou os apóstolos e os anciãos (Atos 15.4), para
comunicar-lhes "o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que eram de
destaque" (v.2). Depois, toda a igreja uniu-se para considerar o manifesto, levantado pelos fariseus
crentes, referente ã necessidade de os gentios guardarem os rituais judaicos.
Embora ele não tivesse recorrido aos apóstolos para a estruturação de sua mensagem, era
importante que a harmonia e a compreensão mútua prevalecessem entre eles. Tecnicamente, a
finalidade da Conferência de Jerusalém não era autorizar, oficialmente, o evangelho de Paulo aos
gentios. Era trazer compreensão entre gentios e judeus, a fim de que a comunhão pudesse ser
mantida na igreja. O fato de que os líderes de Jerusalém falharam no sentido de fazer prevalecer a
necessidade de Tito ser circuncidado cortou o argumento dos judaizantes para que os gálatas se
submetessem ao ritual da circuncisão.
Havia "falsos irmãos" em Jerusalém, que insistiam na imposição dos rituais judaicos sobre os
gentios que se converteram (v.4). Lucas refere-se a eles como "alguns da seita dos fariseus; que
tinham crido" (Atos 15.5). Aprender e seguir tudo das regras dos fariseus restringia as atividades de
uma pessoa ao ponto de ela não ter liberdade para servir a Cristo (v.4). Os costumes farisaicos
restringiam a associação com certas pessoas e conduziam a justiça própria.
Estas ações e atitudes tornaram impossível compartilhar efetivamente o evangelho de Cristo
com os incrédulos. Os rituais do judaísmo eram, aproximadamente, relativos aos costumes
nacionalistas judaicos; portanto, requerer que os gentios aderissem às tradições dos antigos era
impor requisitos desprezíveis a eles. Paulo recusou comprometer-se com os fariseus crentes ou em
Antioquia (Atos 15.2) ou durante a Conferência de Jerusalém (cf. Atos 15.6 e ss.; Gl. 2.5). A posição
que ele assumiu prevaleceu.
Visto que alguns manuscritos primitivos omitem as palavras gregas que são traduzidas como "a
quem" e "não, de maneira alguma", alguns estudiosos concluem que Tito foi circuncidado. Eles leram
o versículo 5: "por uma hora cedemos em sujeição". Eles interpretam o versículo 3 como querendo
dizer que Tito foi circuncidado, porém a ação veio por causa da compulsão.
Aqueles que assumem esta posição dizem que Paulo concordou com o gesto ritualístico, mas
não o considerou como compromisso a um princípio. Alguns homens foram determinados para
circuncidar Tito. Paulo os chamou de "falsos irmãos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar
a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar" (v.4). Paulo declarou que ele
recusou a comprometer-se, por um momento, com estes legalistas farisaicos, que foram
determinados para reduzir os gentios à escravidão.
Paulo voltou sua atenção para "os que eram de destaque" (a saber, companheiros de Jesus
durante o Seu ministério terreno). Visto que Deus não tem favoritos, aqueles de reputação não
fizeram diferença para Paulo (v.6). Durante a Conferência de Jerusalém, eles não adicionaram nada â
doutrina de salvação de Paulo para os gentios. Sua declaração concordou com a descrição de Atos 15.
Depois que Paulo apresentou aos apóstolos e anciãos o evangelho que ele pregava aos gentios, Pedro
sustentou sua posição, notando que o fato de os gentios receberem o Espírito Santo demonstrou que
Deus purificou seus corações pela fé e que os judeus foram salvos "do mesmo modo que eles
também" (Atos 15.8 – 11). A Conferência terminou em acordo com o entendimento de que Paulo foi
divinamente escolhido para levar o evangelho da incircuncisão, e Pedro o da circuncisão. Não havia
dois Evangelhos, mas somente um que pregava a salvação pela fé; todavia, os judeus e os gentios
tinham costumes nacionais diferentes e maneiras diferentes de expressar sua fé. O mesmo Deus que
abençoava o ministério de Pedro para com os judeus, abençoava o ministério de Paulo para com os
gentios (v.8).
A Conferência de Jerusalém realmente definiu como os judeus eram salvos mais do que como
os gentios o eram. Paulo foi â Conferência com a convicção de que a salvação é pela fé. Pedro
concluiu que os judeus também eram salvos pela fé, e que nem mesmo eles eram capazes de guardar
a Lei de Moisés. A reunião terminou em acordo, estendendo-se as "destras de comunhão" (v.9). Foi
concordado que Paulo e Barnabé se dirigiriam aos gentios e Pedro aos judeus. Foi sugerido que Paulo
e a igreja gentia deveriam se lembrar dos cristãos pobres de Jerusalém (v. 10). Isto Paulo estava
ansioso por fazer.
A Falta de Pedro em Antioquia (2.11 – 15) – Aqueles que atenderam a Conferencia de
Jerusalém concordaram que a salvação é pela fé, porem o acordo não eliminou a lealdade, de raiz
profunda, as tradições nacionais ou ao orgulho racial. A Conferência parece ter favorecido a
observância de costumes judaicos pelos cristãos judeus; todavia, os atos legalistas não eram
necessários para a salvação de um dos dois, judeu ou grego. Nem todo judeu cristão farisaico estava
disposto a ater-se ã decisão do Concílio.
Paulo não indicou quando Pedro chegou a Antioquia. Nesta terceira cidade do Império
Romano, Pedro encontrou conversos judeus e gentios compartilhando nas refeições. A lei judaica
proibia esta ação e enfatizava o separatismo (cf. Nem. 13). Houve períodos históricos quando a
sobrevivência do judaísmo requereu a sua separação de estrangeiros; doutro modo, as crenças
religiosas judaicas teriam sido comprometidas e os judeus forçosamente teriam que aderir â
idolatria.
Alguns judeus cristãos rigorosos continuaram a perpetuar a Lei. Por outro lado, os gentios que
eram membros desta mesma igreja sentiram a discriminação quando os judeus se recusaram a
compartilhar, em comunhão nas refeições.
Pedro tinha aprendido, da visão em Jope, que as carnes não eram impuras e nem era errado
entrar na casa de um gentio. Ele foi sensato o bastante para levar seis testemunhas consigo ao entrar
na casa de Cornélio (Atos 10). Ele foi chamado pelos cristãos de Jerusalém a prestar contas por esta
ação (Atos 11). A prova de que suas ações eram baseadas na revelação de Deus os satisfez, mas não
mudou suas atitudes de nacionalismo.
Parece que a experiência não trouxe mudanças significativas para Pedro. Na conferência de
Jerusalém, ele referiu-se ã experiência na casa de Cornélio, em palavras que dão a entender que a
visão especial teve um pouco de influência em suas atividades normais. A visão fez com que Pedro
fosse mais franco para com os gentios, porém ele não tinha uma forte convicção referente à
igualdade de judeus e gentios.
Ele estava se associando com os gentios em Antioquia, quando os cristãos judeus rigorosos, da
igreja em Jerusalém, que Tiago pastoreava, chegaram a Antioquia. A chegada deles, ele cessou a
comunhão com os gentios (v.12). Suas ações influenciaram outros cristãos judeus, mesmo Barnabé,
que tinha servido muitos anos entre os gentios (v.13). Talvez os crentes farisaicos tenham convencido
Barnabé de que o fato de Pedro ter estado com Jesus atribuiu-lhe autoridade maior do que a Paulo,
que procedeu a integração das igrejas gentias e judaicas. Embora Jesus tivesse se oposto aos fariseus,
ele tinha continuado a observar as práticas religiosas judaicas. Seu ministério tinha sido quase
completamente entre os judeus; por isso, a vida de Cristo ofereceu apenas um pequeno precedente,
para exemplo, quanto ao relacionamento com os gentios.
Se Paulo não tivesse permanecido firme o cristianismo poderia ter-se tornado subordinado ao
judaísmo. O argumento de Paulo lembra a confissão de Pedro na Conferência de Jerusalém: "Agora,
pois, porque tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem
nós pudemos suportar?" (Atos 15.10). Pedra admitiu que os judeus eram salvos pela fé no Senhor
Jesus Cristo assim como os gentios. Paulo assinalou que, se alguém nascido judeu não podia guardar
as leis e os costumes judaicos, mas era como os gentios na vida prática, por que os judeus deveriam
compelir os gentios cristãos a viverem pela Lei judaica? (v.14). Os gentios não tinham grandes
experiências nem interesse no sentido de guardar os costumes nacionalistas judaicos; portanto, por
que os cristãos judeus deviam insistir em colocar este jugo, que eles mesmos não podiam suportar,
sobre os cristãos, coríntios? (v. 15). A Crise era tão séria que
Paulo, publicamente repreendeu Pedro. A questão de religião espiritual foi ameaçada pelo
legalismo; o amor e o respeito cristãos foram ameaçados pelo racismo e estreito nacionalismo.
O Evangelho Verdadeiro (2.16 – 21) – Paulo referiu-se aos "pecadores dentre os gentios", em
contraste com "judeus por natureza" (v.15). Os judeus rigorosos, que observavam a Lei
detalhadamente (fariseus), consideravam que os gentios, que não obedeciam à Lei, estavam numa
categoria diferente de pecadores.
Mas, se os judeus "viviam como gentios" (v.14), a Lei não oferecia esperança de salvação:
"Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei" (v. 16). Justificação significa ser
julgado ou declarado justo para com Deus. Nem mesmo os judeus são considerados justos para com
Deus pelos seus costumes, regras, e leis, se eles não os guardam perfeitamente.
Previamente, Pedro tinha admitido que mesmo os judeus que nasceram sob os costumes da Lei
eram incapazes de guardá-la. A única esperança para judeus e gentios, era a expiação pela fé em
Jesus Cristo. Desde que ambos, judeus e gentios, têm quebrado a Lei, ela os condena, ao invés de
salvá-los. A morte de Cristo na cruz proveu expiação dos pecados do homem; portanto, se judeus e
gentios crerem em Jesus Cristo, seus pecados serão removidos pelo sangue de Cristo e, então se
tornarão justos diante de Deus. A cruz e o ato de Deus em seu Filho: Deus não somente declarou o
pecador justo, mas o torna justo, removendo o seu pecado quando ele volta-se para Cristo em fé. As
obras da Lei – circuncisão, separação dos gentios, sacrifícios, pretensões á integridade moral - não
justificarão o indivíduo que transgredir a Lei moral (v.16).
Os fariseus ensinavam que, se os homens se tornassem justos por guardar a Lei, a presença e o
poder de Deus voltariam em Seu Reino. Paulo argumentou que nem mesmo os judeus eram
obedientes; portanto, a salvação não poderia vir pela Lei. A fé em Cristo era o meio para ambos os
pecadores, gentios e judeus, serem considerados justos diante de Deus (v.17).
O evangelho de Cristo não advogava o pecado e nem Cristo era um agente do pecado, mesmo
ainda ele oferecendo salvação aos pecadores (v.17). A conclusão normal e que o pecar e estimulado,
se os pecadores podem ser salvos pela fé em Cristo.
Os legalistas alegavam que a tentativa de guardar a Lei encorajava o homem a ser justo, e não
um pecador, mas o Evangelho de Cristo estimulava os homens a serem pecadores. Na realidade, o
oposto e verdadeiro. Aqueles que vivem pelas obras da Lei dizem ser justos, porem não guardam
partes dela.
A fim de esconderem seus fracassos, os legalistas negam seus pecados e fingem ser justos. Esta
vida de engano e hipocrisia conduz ao orgulho espiritual, e é destituída de amor ou compaixão pela
pessoa honesta, que admite seu pecado. A atitude e ações dos legalistas estão bem distantes das de
Cristo. Eles se tornaram juízes de justiça própria, que dizem fazer justiça, mas, na realidade, vivem
enganosamente a esconder suas práticas erradas.
Paulo estimulou ambos, judeus e gentios ia abandonarem a dependência da Lei para salvação
(v.18). Se ele se tivesse submetido ã pressão dos judaizantes para requerer que os gentios
guardassem as tradições judaicas, teria sido um transgressor, porque ele os tinha ensinado a fazer o
oposto (v.18).
Visto que a salvação não e por práticas cerimoniais e legais, Paulo parou de ser escravizado por
essas práticas (a Lei), a fim de ser libertado para fazer a vontade de Deus, conforme revelado pelo
Seu Espírito. Paulo sinceramente cria que a revelação que ele teve de Jesus Cristo (veja 1:2), revelou
a vontade de Deus mais completamente do que a Lei, que os fariseus advogavam.
O versículo 19 é difícil de ser interpretado. Talvez Paulo tenha usado a palavra "lei" em duas
diferentes maneiras. Poderia referir-se aos cinco primeiros livros do Velho Testamento (a lei de
Moises) ao Velho Testamento inteiro; aos requerimentos morais e cerimoniais contidos no livro de
Moises; ou às regras e interpretações legalistas das leis do Velho Testamento.
Os escribas tinham definido cada uma com numerosas regras e ações legalistas. Talvez Paulo
quisesse dizer, no versículo 19, que ele, "mediante a própria lei" (as escrituras do Velho Testamento
que falam de Cristo), estava "morto para a lei" – as regras farisaicas legalistas não o controlavam
mais.
Através de sua nova liberdade, ele podia viver de acordo com a vontade de Deus, ao invés de
ser escravizado pelo legalismo.
O versículo 20, vividamente expressa a nova atitude do cristão. Paulo tinha já confessado seu
zelo na religião judaica, e sua ambição de ultrapassar os de sua própria idade (1.13, 14). Após sua
experiência cristã, ele se tornou ciente de que tinha vivido por si próprio, ao invés de por Deus. Ele
tinha se empenhado para adiantar-se na religião judaica. Em contraste a Paulo, Cristo tinha morrido
pelos outros.
Ele tinha instruído Seus discípulos, dizendo: "negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e
siga- me" (Lucas 9.23). Paulo conhecia a declaração de Jesus: "Pois quem quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará" (Lucas 9.24). O "eu" deve
ser posto a morte, a fim de que não controle a nossa vida para fins egoístas. Cristo morreu por
outros. Os cristãos têm por dever viver para os outros, porem isto e impossível enquanto o "eu" não
perder seu poder sobre nossa vida.
Após crucificar o "eu", o cristão continua a viver, mas não e ó seu ego ("eu") que exerce o
controle sobre sua vida; antes e Cristo, que habita dentro de quem tem o controle sobre si. O cristão
continua a viver "na carne" (uma vida inclinada para o pecado), porem ele não e dominado pelo
pecado, porque ele vive "pela fé no Filho de Deus" (v.20). O cristão crê que o Cristo que controla sua
vida pode dar-lhe vitória sobre as tentações e sobre as inclinações para o pecado (vida na carne).
O seguir as regras legalistas é o esforço do homem para obter justiça. A salvação pela graça e
realização de Deus, através de Cristo, a qual e oferecida ao homem. O homem não pode depender de
ambos, de sua própria realização e da provisão de Deus para si. Se ele depende de seus próprios
esforços, então a morte de Cristo não tem valor para ele (v.21).

Introdução Pessoal de Paulo aos Romanos 1.1 – 17

Sua Identidade e Cumprimentos (1.1 – 7)

Paulo seguiu o modelo da típica carta grega, que começava com muitas referências ao
remetente e continha um cumprimento aos recipientes. Ele identificou-se como um escravo de Jesus
Cristo (v. 1). Ele não era um escravo pertencente ao homem, porem tinha sido "comprado por preço"
(I Cor. 6.20; 7.23).
Como "apóstolo chamado", Paulo foi divinamente comissionado e autorizado a ir em frente
com uma mensagem. Ele não era um dos Doze originais que tinham estado com Jesus e tinham
testemunhado Sua ressurreição, mas a autoridade de Paulo não era menos válida por causa de sua
chamada divina para ir aos gentios. Ele foi tirado de outras ocupações, para levar o evangelho aos
gentios.
A promessa de que Deus enviaria um descendente de Davi para estabelecer o Reino foi feita
através dos profetas (vv. 2 e 3). Jesus satisfez os requerimentos messiânicos como um descendente
de Davi "segundo a carne" (v.3). Davi tinha sido chamado de "filho de Deus", porem Jesus foi
designado Filho de Deus num sentido especial. Ele era mais do que um mortal descendente humano
de Davi.
Sua ressurreição, pelo poder do Espírito de Deus, declarou sua natureza divina (v.4). Jesus era
divino, tanto quanto humano, antes de sua ressurreição, porém sua ressurreição manifestou sua
natureza divina e senhorio (v.5).
Não foram os apóstolos em Jerusalém que deram a Paulo autoridade para ensinar o evangelho.
Foi pela autoridade do Senhor ressurreto que Paulo foi comissionado para difundir obediência por
meio da fé entre os gentios (v.5). Paulo não merecia a nobre responsabilidade de levar as Boas-
Novas, mas a graça de Deus expressa mediante Cristo o qualificou para a tarefa.
As atividades de Paulo não foram para exaltar a ele mesmo, mas para honrar o nome de Cristo
(v.5). Os cristãos romanos também eram divinamente chamados a Cristo, e foram os filhos amados
de Deus (v.6). Por causa da chamada e da graça de Deus, eles tinham uma afinidade especial com
Deus. Os cristãos romanos foram separados para serem possessão de Deus para o serviço e
adoração.
O cumprimento de Paulo incluía a bênção costumeira da graça e da paz. Graça é o favor
imerecido de Deus, e paz é a ausência de perturbação e mal. O favor especial e a proteção vêm de
Deus, que é o nosso Pai e também o Pai do Senhor Jesus Cristo (v.7).
Normalmente, os filhos esperam bênçãos, provisões e proteção da parte de seus pais. Os
cristãos podem esperá-las da parte de seu Pai Celestial.

A Gratidão de Paulo (1.8 – 15)

Paulo seguiu o estilo grego, expressando ações de graças a Deus após o sobrescrito e
cumprimento. Um soldado escreveu da Itália a seu pai no Egito: "Apion para Epimachus, seu pai e
senhor, cumprimentos. Antes de tudo, rogo que esteja com saúde e continuamente próspero e que
tudo esteja correndo bem com minha irmã e sua filha e meu irmão. Agradeço ao Senhor Serápis que,
quando eu estava em perigo no mar, salvou-me de..." Paulo estava agradecido de que a fé da
comunidade romana era conhecida em todo o mundo.
Sem duvida, os cristãos sentiram um orgulho legitimo em saber que o cristianismo era bem
representado na capital do Império.
Paulo aproximou a hora da tomada de juramento, ao pronunciar Deus como sua testemunha
para comprovar suas declarações. Somente Deus podia conhecer o espírito intimo e as orações
particulares de suplica de Paulo, a favor dos cristãos romanos e seu forte desejo de visitar Roma (vv.
9 e 10).
Paulo desejou compartilhar "algum dom espiritual" que fortalecesse os cristãos romanos como
servos (v. 11). Ele cria que a vida cristã estava sob o controle e o poder do Espírito Santo, que
capacita os cristãos a profetizar, ministros assim como servos, a ensinar, etc. (12.6 – 8).
Paulo tomou parte no concedimento de dons espirituais, comunicando o evangelho, que é o
conteúdo e a base do serviço cristão. Seu ensinamento doutrinário fortaleceria e estabilizaria os
cristãos romanos.
Um segundo propósito de visita de Paulo aos romanos foi para obter estimulo pessoal,
inspiração da fé deles e cometimento ao Senhor (v. 12). Ele sentiu-se obrigado a ministrar aos
cristãos romanos, visto que eles eram predominantemente gentios (v.14), porem tinha sido
impedido, previamente, de ir a Roma. Ele também desejou partilhar da colheita que Deus tinha
preparado.
Os judeus classificavam as pessoas de outras nações como gentios; os gregos os classificavam
como bárbaros (v.14). Para os gregos, bárbaros eram pessoas que não sabiam o grego, incluindo
ambos, judeus e gentios. Os gregos eram os sábios, e os bárbaros, os ignorantes. Os versículos 13-16
dão a entender que a igreja em Roma era predominantemente gentia no tempo que Paulo escreveu a
Epistola.

O Tema (1.16, 17)

O tema de Paulo para a Epístola e declarado no versículo 16: O Evangelho de Cristo "é o poder
de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego". Paulo estava
ansioso para pregar o evangelho em Roma, porque ele não se envergonhava do evangelho (vv. 15 e
16).
Ele não se envergonhava e do evangelho; porque é o poder de Deus para a salvação (v.16). O
Evangelho e o poder de Deus para a salvação, porque a justiça de Deus e revelada nele.
O judaísmo oferecia salvação aos judeus, mas não aos gentios, a menos que estes se
submetessem aos costumes judaicos. O Evangelho de Cristo oferece salvação a todos, não
importando a identidade nacional.
Salvação significa experimentar a presença benigna de Deus e o seu poder. Somente quando o
homem e justo, ele pode confrontar a presença de um Deus justo e viver. As Boas-Novas significam
que o homem pecaminoso pode tornar-se justo através da fé; portanto, ele pode viver. A justiça não
é realização humana, mas é provisão de Deus, e é obtida através da fé. "O justo viverá da fé" (v.17).
A justiça é "de Fé em fé" (v.17) – a salvação e obtida pela fé do início ao fim. O homem que crê
que Jesus é o Messias, em quem o Reino tem chegado, encontra poder, mediante a fé, para viver
uma vida justa, requerida dos cidadãos do Reino.
Ele não é deixado aos seus próprios recursos para guardar a Lei. A vida real, provem mais em
consequência da fé do que do desempenho humano e realização pessoal.

Introdução

Fé é a resposta do indivíduo total a Deus em Jesus Cristo. Ela inclui os seguintes conceitos,
atitudes e ações:
1. Acreditar nas promessas de um Deus digno de confiança;
2. Crer com convicção que Jesus e o Messias e Salvador;
3. Submeter sua vida a ele, baseando-se em que Jesus e o Senhor;
4. Viver com confiança íntima em Deus.

A fé exclui a autoconfiança e o auto interesse, que são colocados aparte da confiança em Deus,
e do amor para com Deus e para com o homem. Responder propriamente á crença de que Jesus e o
Senhor ou Rei requer obediência e autonegação. Fé no Senhor ressurreto significa que o homem
entregou o controle de sua vida ao Mestre, o qual habita em seu coração.
Na língua portuguesa não hã nenhuma forma verbal do substantivo fé; portanto, o verbo grego
para fé deve ser traduzido como crer. O conceito hebraico, expresso pela fé, envolve mais do que um
assentimento intelectual. Inclui atitude e ação – a vida total do indivíduo. O homem pode realizar
justiça somente pela confiança total da graça de Deus (o que Deus faz por ele), mais do que pelo
depender de sua própria realização.
Em Romanos 1.18 – 3.20, Paulo mostrou o que acontece ao homem que confia em sua própria
força e que controla sua própria vida. Mesmo ainda que o homem pretendesse viver justamente, ele
não deixaria de cometer pecado. O pecado o deixa espiritualmente falido e sem a vida nova. O
homem não pode realizar justiça pelas obras da Lei. Quando ele quebra a Lei, ela o traz sob
condenação e o priva da vida eterna.
Paulo deu início ã dissertação doutrinal, mostrando a necessidade da parte do homem de
justificação pela fé. Primeiro, ele assinalou a injustiça dos gentios e justa condenação. Depois, ele
assinalou a iniquidade dos judeus, que fingem guardar a Lei; portanto eles também precisam de
justiça pela fé.

A Iniquidade dos Gentios - Romanos 1.18 – 32

A merecida ira de Deus (vv. 18 – 25)

A ira de Deus e a cólera de um Deus santo contra o pecado. A cólera de Deus e revelada tanto
na ordem criada quanto na ordem social do mundo natural e através de revelação especial na
história de Israel (o Velho Testamento). E expressa contra a impiedade (irreligião ou carência de
reverência para com Deus) e contra a injustiça (injustiça para com os homens).
Estas duas palavras correspondem às duas tábuas dos Dez Mandamentos. O resto do capítulo e
uma implicação destas duas espécies de pecado. Os atos injustos dos homens detêm a verdade
revelada por Deus (v. 18).
Impiedade e o homem rejeitar ou ignorar seu Criador. Deus, que e invisível, tem expresso
elementos de sua natureza em sua obra da criação. A magnitude do mundo; seu desígnio intricado e
sua natureza tolerante refletem a eternidade, o poder e a sabedoria da divindade. O conhecimento
do homem a respeito de Deus mediante a natureza e limitado, porem é suficiente para torná-lo
responsável pela adoração ao seu Criador (v.20). Embora Deus faça seu poder, majestade e sabedoria
conhecidos através de sua obra da criação, os gentios falharam em prestar o respeito e reverência
devidos a ele. Como criatura, o homem deve responder a Deus em gratidão por suas bênçãos (v.21).
A condenação dos gentios foi justificada, porque eles falharam em fazer o que sabiam que era reto. O
raciocínio deles era insensível e vazio – eles careciam de compreensão (v.21). O coração, o centro de
controle das ações, estava mais escurecido do que iluminado. O fracasso em usar apropriadamente o
conhecimento que eles receberam proscreveu a revelação adicional. A revelação que eles receberam
através da natureza era ininteligível, por causa de seu raciocínio vazio. Eles dependiam de seu próprio
raciocínio para obter conhecimento, mais do que de buscar a revelação de Deus; portanto, eles se
tornaram, deste modo, alienados de Deus e ignorantes da verdade.
Por causa da iniquidade do homem, sua mente está inclinada para o interesse próprio, e ele é
incapaz de chegar à verdade. Uma mente com preconceitos conduz à perversão da verdade. Sua
compreensão a respeito da natureza de Deus como revelada através da criação está distorcida, e a
glória e a adoração devidos ao Justo Criador, frequentemente, é dada aos ídolos que o homem tem
feito. A mente confusa do homem reconhece sua dependência do e responsabilidade para com seu
Criador, mas em sua iniquidade ele o substitui pela obra de suas próprias mãos. Os ídolos
representando pássaros, bestas, quadrúpedes e criaturas rastejantes são exaltados como objetos de
adoração e reverência. Visto que o homem criou os ídolos, sua adoração a tais ídolos realmente
significa que ele está exaltando a si próprio no papel do Criador.
A afinidade distorcida dos gentios para com Deus conduziu a uma afinidade corrupta para com
seus semelhantes (v.24). Visto que sua razão estava subvertida, mediante o orgulho na adoração de
ídolos, sua razão foi também afetada por seus desejos luxuriosos para com seu próximo (v.24). A
substituição de um ídolo, que e indefeso e desprezível pelo Deus vivo e que e poderoso e justo,
revela o pensamento culpável que resulta em más ações (v. 25).

A Degradação Gentia (26 – 32)

Porque os gentios dependiam da razão humana distorcida, ao invés da revelação divina, Deus
desistiu deles, e deixou que se entregassem à idolatria, à imoralidade (v.26) e a uma maneira de
pensar que não funcionava mais com uma percepção apropriada de Deus. Deus não usou a força para
refreá-los de suas ações imorais; nem os isentou das consequências e julgamento por aquelas ações
(v.32).
A mente do homem e capaz de justificar quase qualquer ação procedente de seu desejo
luxurioso. Os pecados sensuais abrangiam a homossexualidade (vv.26 e 27), que estava difundida no
mundo pagão, e era o resultado de terem sido deixados entregues à "concupiscência de seus
próprios corações" (v.24).
Em adição aos pecados de idolatria e indulgência sexual pervertida que os gentios cometiam,
Paulo mencionou pecados do espírito. Os primeiros quatro eram injúrias contra a sociedade: toda
espécie de maldade, depravação, voracidade e vicio. Os próximos cincos eram contra as pessoas:
inveja, homicídio, contenda, dolo e falta de afeição natural. Seis males relativos ao orgulho eram:
murmuração, calúnia, aborrecer a Deus, insolência, soberba e presunção (v.30). Seis pecados
revelando o caráter do homem: inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos,
sem ternura (desumanos) e cruéis (desapiedados).
A ira de Deus contra os pagãos e justificada, por causa de seus pecados. Os pagãos que não dão
ouvidos ao evangelho da graça justamente merecem o salário do pecado, que e a morte. Embora eles
não tenham o abundante evangelho de salvação pela graça, têm conhecimento suficiente da vontade
de Deus para orientá-los.
O problema não e a ignorância, mas a aversão para viver do modo que eles sabem ser certo
(v.32). Não somente aqueles que cometem atos pecaminosos, mas também que aprovam os atos
errôneos são dignos de morte.
A ira de Deus e justificada, porque aqueles que conhecem as ordenações de Deus não as
Guardam. Os pagãos que nunca ouviram o evangelho ou que não tem a revelação do Velho
Testamento, tem códigos morais para sua sociedade. Esses códigos, que podem ser inferiores aos Dez
Mandamentos, estabelecem um padrão do que e direito e indicam um conhecimento do certo e do
errado.
As limitações do padrão não condenam, porem o fracasso em viver segundo o mesmo padrão
limitado condena. O fato de aqueles sem um conhecimento da Bíblia adorarem ídolos prova que eles
têm algum conhecimento de Deus, porem se recusam a adorá-lo.

A Pecaminosidade dos Judeus – Romanos 2.1 – 29

A culpa dos judeus (vv. 1-11)

Os judeus gabavam-se de sua lei moral e julgavam os gentios por não viverem justamente. O
julgamento deles provou que eles sabiam quais ações eram erradas; portanto, eles não podiam
reivindicar a ignorância para desculpar.suas ações errôneas semelhantes (v.1). A crítica judaica e o
pronunciamento do julgamento contra os atos errôneos dos gentios deram a entender o seu
conhecimento de que Deus condenou retamente aqueles que erraram (v.2). Paulo, categoricamente,
perguntou como os judeus esperavam escapar ao julgamento de Deus, visto que eles praticavam os
mesmos erros pelos quais eles condenavam os gentios (v.3). Paulo faz três perguntas que expõe a
atitude dos judaizantes:
1. Pensam eles que escaparão do castigo de Deus, quanto ao pecado, porque são os favoritos de
Deus?
2. Estão eles se aproveitando da bondade e tolerância de Deus (v.4)?
3. Não estão eles cientes de que a benevolência de Deus tem retardado o castigo, a fim de que
eles pudessem vir a arrepende-se?

Deus não tem pressa de demonstrar sua ira contra o pecado, Este retardamento não significa
que Deus cessará de ser severo em seu julgamento (v.5). Sua bondade está comprometida a levar ao
arrependimento, porém o abuso dessa bondade a transforma em ira. As tentativas de aproveitar-se
de Deus somente conduzem ã acumulação da ira de Deus para o Dia do Juízo (v.5). Um coração
obstinado e impenitente remove o homem do reino da bondade e graça divinas para o da ira. Ser
judeu por nascimento não isenta ninguém do castigo, porque Deus retribui a cada homem segundo
as suas obras (v.6).
O efetuar, ao invés do professar, é importante no que diz respeito ã justiça (v.7). Este versicu10
não nega que a única esperança para justiça é pela fé, mas expõe a idéia errada dos judeus em
reivindicar justiça por obediência ã Lei, quando na verdade eles estavam quebrando a Lei. Deve ser
tomado cuidado para se evitar o conceito de que a justificação pela fé anula a necessidade de
obediência e obras justas.
O viver justamente não está em contradição com a justificação pela fé. O viver justo e as boas
obras são realizados somente pela fé e não por pretensão. A vida eterna, como um resultado da
justiça, é contrastada com a morte ou a ira de Deus sobre aqueles que são desobedientes e injustos
(vv. 7 e 8). Ao contrário da crença dos judeus de que eles receberiam o bem e os gentios receberiam
o mal, sua realização de maus feitos os traria sob a mesma condenação que os gentios. O homem é
condenado com base em suas más obras, porém ele não pode ser justificado pelas boas obras,
simplesmente, porque não as apresenta sempre.
A única esperança para o homem pecador, quer ele seja judeu ou gentio, está no dom da graça
de Deus de que se pode apropriar mediante a fé.
Glória, honra e paz são as recompensas de cada homem que vive justamente, independente de
sua nacionalidade (v.10). Estes versículos mostram a resposta de Paulo à questão referente à divina
isenção dos judeus do castigo por causa do favoritismo. Suas necessidades diante de Deus são as
mesmas que as dos gentios. Deus não favorece uma nação mais que a outra (v.11).

O Juízo Imparcial de Deus (vv. 12 – 16)


Paulo continuou a dar ênfase ao fato de que os gentios estão no mesmo nível que os judeus
diante de Deus. Embora os judeus tenham sido privilegiados em receber a revelação especial de
Deus, a Lei, eles não estão isentos do julgamento. Eles serão julgados de acordo com o padrão que foi
dado a eles. Visto que receberam a Lei, deles e requerido o viver segundo os preceitos da Lei. Se eles
rejeitarem ou quebrarem os mandamentos, serão condenados por esses mandamentos (v.12). O
padrão pelo qual os gentios serão julgados não é tão alto quanto o dos judeus (v.12). Aquilo que eles
têm conhecido através da natureza, estabelece o padrão de justiça requerido para suas vidas. O fato
de eles fracassarem quanto ao viver de acordo com esse padrão resulta no seu perecimento, apesar
de não terem a Lei.
A justiça requer procedimento de acordo com o padrão moral revelado (v.13). Se um individuo
vive de acordo com o que é requerido, ele será declarado reto ou justo quando estiver diante de
Deus em juízo (v. 13).
Embora os gentios não tenham recebido revelação especial, eles demonstraram, pelas suas leis
nacionais e tribais, que Deus tinha estampado seus requerimentos morais dentro de suas naturezas
(v.14).
Visto que não tinham os Dez Mandamentos, o código moral adotado por sua tribo tornou-se o
padrão para a sua conduta moral (v.14). Esse código revelou que Deus colocou dentro da natureza do
homem, em seu coração e em sua consciência, uma estrutura moral para guiá-lo no justo modo de
viver. Consciência significa co-conhecimento ao lado do conhecimento original, que conduz à ação. A
consciência do homem reage quando ele cessa de fazer o que ele sabe que é certo. Este segundo
conhecimento é descrito como confronto ao conhecimento original, "quer acusando-os, quer
defendendo-os" (v. 15).
Por que as pessoas, em algumas culturas, fazem ídolos de madeira ou pedra e adoram o
trabalho de suas próprias mãos? Deveria ser óbvio a elas que os objetos que criam são menos do que
elas mesmas, e, portanto, indignos de adoração. Por que os lideres tribais prescrevem leis e regras,
para regulamentar a conduta do povo; e, no entanto, eles mesmos infligem essas leis ou regras? As
respostas a estas questões são as mesmas que dizem respeito àquelas relativas à nossa própria
sociedade. Quando é obvio que um grande Deus é o criador do mundo e de nós mesmos. por que a
maioria dos homens se recusa a adorá-lo e a servi-lo? Por que os que tem contato com os
ensinamentos cristãos condenam os outros por não seguirem esses ensinamentos, e, no entanto,
também cometem o mesmo erro?
Paulo respondeu que o coração néscio do homem pecador é obscurecido. O pecado se constitui
basicamente de atitudes e ações egoístas por parte do homem. O homem e tanto racional como
irracional. Ele erra porque assim deseja, e, então, usa sua racionalidade para justificar sua falta. A
consciência do homem lhe lembra de suas inconsistências, porem e sufocada por seu desejo de
pecar. O homem racionaliza para justificar seus desejos e ações. Paulo avisou que as inconsistências e
pretensões dos homens serão dadas a conhecer no Dia do Juízo (v.16). Os segredos íntimos do
coração do homem, seus motivos e desejos, serão trazidos ã luz. Ele pode enganar o seu próximo
com ações inconsistentes e racionalizações, porem não a Deus.
A consciência não estabelece o padrão de justiça, mas chama a atenção do homem quando ele
transgride esse padrão. A consciência e aguçada na proporção do nível moral do meio ambiente do
indivíduo. Um indivíduo de uma sociedade pode não ver nada de errado num ato fortemente
condenado em outra; portanto, sua consciência não o condenará por cometer esse ato particular. O
Espírito de Deus usa a consciência do cristão para guiá-lo no reto modo de viver. A medida que a
Bíblia e lida, o Espírito convence o cristão de atitudes e ações errôneas.

O Fracasso do Modo Judaico de Justiça (vv. 17 – 29)

A nação judaica tinha recebido a Lei da parte de Deus. Os Rabis tinham definido 613 leis na
Bíblia; todavia, a essência da Lei está contida nos Dez Mandamentos. Cada Lei tinha ligado a ela
muitas regras que definiam sua aplicação a situações específicas.
Estas regras foram passadas de uma geração para outra por transmissão oral. Os fariseus eram
zelosos em guardá-las perfeitamente. Quando uma lei particular interferia com o interesse próprio
dos fariseus, eles davam um jeito de contorná-la.
Os fariseus criam que a aceitação por Deus dependia de eles guardarem a Lei perfeitamente.
Porque eles a possuíam, consideravam-se mais justos do que as outras nações. Esta atitude resultou
em orgulho espiritual. Eles criam que Deus os favorecia acima de outras nações, por causa de seus
esforços em guardar mesmo as menores regras que definem a Lei: "mas se tu, és chamado judeu, e
repousas na lei, e te glorias em Deus" (v.17).
A lei manifestou a vontade de Deus referente à conduta moral e ã adoração (v.18). O fato de
possuir a lei deu aos judeus uma vantagem sobre os gentios em saber o que era reto e essencial, mas
também trouxe grande responsabilidade para com o justo modo de viver. Eles estavam convencidos
de que eram guias ou instrutores dos gentios, que não tinham a Lei e andavam em cegueira ou trevas
(v.19). A revelação de Deus no Monte Sinai fez os judeus, autoridades em assuntos do certo e errado.
Eles corrigiam aqueles que viviam tolamente e ensinavam os ignorantes (v.20). As palavras "cego",
"trevas", "tolo" e "crianças" aplicavam-se aos gentios e davam a entender a superioridade dos
judeus, que eram "guias", "luz", "corretores" e "mestres".
Paulo não negou que os judeus receberam privilégios especiais. No judaísmo, ele tinha sido um
fariseu zeloso pela lei. Paulo não negou o valor da Lei, nem rebaixou os esforços para guardá-la. Ele
estava ciente das pretensões e hipocrisias dos fariseus, que reivindicavam por guardá-la. O problema
existiu não em justiça estabelecida por guardar a Lei, mas em injustiça por fracassar em guardá-la.
Paulo assinalou que, os mestres judaicos eram culpados de roubar (v.2l) Condenando outros por
transgredir a Lei; enquanto somente pretendendo guardá-la, eles mesmos acharam-se destituídos da
glória de Deus. Quando os judeus se misturavam com os gentios, se tornaram culpados de adultério,
embora ensinassem o contrário.
Eles vigorosamente condenavam a idolatria, porém eram culpados por roubarem os templos
(v.22). O gloriarem-se na Lei não era consistente com suas ações; portanto, eles desonravam a Deus
(v.23). Os ensinamentos judaicos fizeram com que os gentios se associassem ã religião judaica e à
adoração de Yahweh, de altos padrões morais. Os fracassos judaicos relativos a viver por sua Lei se
refletiram não somente em seu próprio caráter, mas em seu Deus e religião. Suas ações injustas e
imorais fizeram com que o nome de Deus fosse blasfemado e criticado (v.24).
Pode ser argumentado que as fraquezas e fracassos dos aderentes de uma religião, não devem
ser considerados como um reflexo da qualidade e padrão dessa dada religião, nem da natureza de
seu deus. Não obstante, os que estão do lado de fora da fé religiosa julgam o valor e o caráter de
Deus pelas vidas dos seus devotos. O conceito de Deus dos não crentes é formado pelas impressões
que recebem através das vidas dos crentes.
Os judaizantes tinham insistido que os gentios devem ser circuncidados a fim de serem salvos.
Circuncisão era o símbolo da aliança entre Deus e Israel. A responsabilidade da promessa de Deus era
abençoar Israel e ser seu Deus. A responsabilidade de Israel era adorar somente a Yahweh e viver de
acordo com Sua vontade. A vontade de Deus foi expressa nos Mandamentos. Paulo insistiu que a
observância do ritual da circuncisão, que simbolizava a aliança, não a estabeleceu. Cada indivíduo
envolvido na promessa divina deve levar a cabo sua responsabilidade. Se os judeus transgrediram a
Lei, eles não estavam mantendo sua parte da promessa divina; portanto, a circuncisão que
simbolizava seu estabelecimento, não tinha nenhum significado (v.25). Paulo argumentou que um
indivíduo que realmente guardava os requerimentos da promessa divina, observando a Lei, estava
firmado numa Aliança com Deus, mesmo ainda que ele não tivesse sido circuncidado (v.26). Uma
aliança é realmente efetiva somente se cada indivíduo cumprir sua responsabilidade. O viver justo, ao
invés de cerimônias simbólicas ou pretensões, e requerido do homem.
Paulo novamente atacou o orgulho dos judeus que procedia de seu privilegio especial de
possuir a Lei (v.2?). Possuí-la era sem significado, se não fosse observada e obedecida. Ser um judeu
não dava privilégios especiais ao quebrar os Mandamentos, nem méritos ou isenções no Dia do Juízo.
Os gentios incircuncisos, cujas vidas estavam em harmonia com seu código moral, seriam usados
como um exemplo para justificar a condenação dos judeus que transgrediam sua Lei (v.27).
Porque eles eram escolhidos de Deus e tinham recebido a revelação especial, o orgulho judaico
resultou na conclusão de que eram aceitos por Deus, visto que outras nacionalidades eram
rejeitadas. Embora Deus tivesse entrado em aliança com Abraão e seus descendentes (a nação
judaica), o ser um descendente genuíno de Abraão não garantia salvação (v.28). Nem era a
circuncisão, um símbolo externo na carne, suficiente para tornar o homem aceito por Deus (v.28). O
verdadeiro descendente de Abraão era aquele que seguia o seu exemplo na justiça, através da fé
(v.29). Os rituais externos não são suficientes para assegurar, a alguém, a aceitação por Deus. Deus
olha o coração e a atitude mais do que o comportamento religioso superficial.

Objeções Judaicas – Romanos 3.1 – 8.

Os Judeus Não Têm Vantagens? (vv. 1 e 2)

Paulo tinha enfatizado que a salvação não e pela Lei (2.17 – 24). Os judeus consideravam que
sua afinidade com Deus era estabelecida através da promessa? Que requeria o guardar da Lei. Se a
Lei e a circuncisão não traziam salvação, quais eram os seus propósitos?
Nega a teologia de Paulo que os judeus são o povo especialmente escolhido de Deus?
Paulo respondeu que ser incumbido dos oráculos de Deus (o Velho Testamento) era uma vantagem
definida (v.2). As Escrituras do Velho Testamento deram a oportunidade de conhecer a vontade e a
natureza de Deus. Embora a posse da Escritura seja uma vantagem, ela não torna um individuo
superior aos outros.

Nem Todos São Infiéis (vv. 3 e 4)

Possivelmente, alguns judeus admitiam que o que Paulo tinha dito acerca de quebrar a Lei era
verdade em relação a alguns, mas não a todos. Alguns judeus, por sua descrença, estavam perdendo
o direito na promessa de Deus. Sua infidelidade anularia a fidelidade de Deus? Mesmo ainda que
somente um remanescente cresse, isto não cancelaria a fidelidade de Deus.
Ele permanecerá fiel à sua promessa, mesmo ainda que todos os homens se tornem
mentirosos. Paulo apelou para a Escritura (Salmos 51.4) para sustentar sua declaração de que Deus é
fiel, mesmo quando confrontado com o pecado do homem.

Nossa Maldade Mostra a Justiça de Deus (vv. 5-8).

A terceira objeção judaica sugere que a teologia de Paulo tornou a ira de Deus injusta. Se o
pecado do homem torna a justiça de Deus mais clara, Deus é beneficiado pelo pecado do homem e é
injusto em impor castigo (v.5). Não é o pecado bom se ele magnífica a Deus? Paulo tinha ouvido os
Rabis apresentarem tais argumentos nas sinagogas. Ele assinalou que esta linha de argumento era
um ponto de vista humano e estava longe da verdade (vv. 5 e 6). Os rabis aceitaram a doutrina de
que Deus é o Juiz do mundo. Se esta linha humana de argumento está correta, Deus não tem o
direito de julgar o mundo (v.6). O julgamento deve ser baseado na justiça, ou deixa de ser
julgamento: "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn. 18.25). A justificação pela graça de Deus,
apropriada pelo homem mediante a fé, não e inconsistente com a justiça de Deus.
A segunda pergunta de Paulo focaliza o homem como pecador, ao invés de Deus como Juiz. A
questão é essencialmente a mesma que a previa. Os judaizantes tinham acusado Paulo de ser um
pecador digno de condenação.
A lógica deles sugeriria que a glória de Deus abundou como um resultado do pecado de Paulo.
Se sua vida magnificava a verdade de Deus, a teologia judaica defendia que ele seria abençoado por
Deus, ao invés de julgado. Entretanto, os judeus concluíram que Paulo continuava a ser julgado como
um pecador (v.7).
Segundo a própria teologia deles, não seria lógico Paulo, como um pecador digno de
condenação, trazer glória ã veracidade de Deus. Paulo tinha sido acusado de advogar o mal a fim de
que dele o bem pudesse advir (v.5). Este ataque era uma incompreensão de seu ensinamento de que
a justiça não pode ser realizada através das obras da Lei, e, sim, ser recebida por meio da fé. Aquele
que toma a posição de fazer o mal para que dele o bem possa advir e justamente condenado por seu
mal.
A Universalidade do Pecado – Romanos 3.9 – 20.

Paulo empregou seis citações, dos Salmos e Isaias, para sustentar seus ensinamentos. Os judeus
reconheceram a escritura do Velho Testamento como autoridade. Paulo usou as citações sem
consideração a seu contexto, a fim de fortalecer sua doutrina de que o homem se encontra
moralmente falido e culpado diante de Deus.
Paulo tinha mostrado, nos capítulos 1 e 2, que tanto os judeus como os gentios estavam sob o
pecado. Os judeus não superavam os gentios em justiça. Paulo citou o Salmo 14.1 – 3 para sustentar
sua tese de que ninguém é justo. Estes versículos foram escritos aos judeus, e não podiam ser
interpretados de modo a se aplicarem somente aos gentios. Através da Escritura (Lei) os judeus
tinham vantagem sobre os gentios em saber o que e certo, porem sua conduta nao era melhor.
Paulo falou do pecado no singular como um poder que controla o homem (v.9). Os judeus
tinham a Lei para apontar-lhes a justiça, porem o poder do pecado resultava em não fazerem o bem.
Seus órgãos da fala eram usados para destruir a reputação de outros (v.13). A falsidade e a calunia
são mortais. Ao invés de amar seus vizinhos, eles estavam dispostos a assassinar à menor provocação
(v.15). Eles não buscavam a paz, e, sim, traziam destruição e miséria para aqueles que cruzavam seus
caminhos (vv. 16 e 17). Eles não tinham temor de Deus (v.18). Os judeus não podiam negar que estas
escrituras aplicavam-se a eles, visto que eles estavam sob a Lei (v.19). A Lei provava a maldade dos
judeus e sustentava o argumento de Paulo de que eles, juntos com os gentios, seriam trazidos sob o
juízo de Deus. O Velho Testamento continha não somente leis que apontavam a justiça ao homem,
mas também ensinamentos que mostravam que ninguém é justificado diante de Deus, porque
ninguém é justo por guardar a Lei. A Lei serve para tornar o homem ciente de seu pecado (v.20).

Sumário

A doutrina de Paulo a respeito do pecado é manifestada em Romanos 1.18 – 3.20. Seus


ensinamentos importantes são:
1. Todos os gentios são pecadores. Sua pecaminosidade é revelada por sua idolatria e relações
imorais;
2. Apesar de os gentios não terem recebido revelação especial de Deus, eles são responsáveis por
fazerem injustiça porque transgridem o padrão moral que conhecem. Eles não podem ter
perfeito conhecimento de Deus aparte da revelação do Velho Testamento, porém podem saber
alguma coisa a respeito Dele através da natureza. A revelação natural não é adequada para
salvação, mas é suficiente para deixar o homem responsável por seus pecados;
3. Os judeus têm pecado tanto quanto os gentios. Jactar-se da justiça, sem a praticar não torna
ninguém justo diante de Deus;
4. A evidência da pecaminosidade dos judeus está baseada em suas ações, que contradizem seus
ensinamentos do Velho Testamento;
5. A Lei diz ao homem o que fazer para ser justo; portanto, ninguém é justificado pelas obras da
Lei. O poder do pecado sobre a vida do homem resulta na pecaminosidade de todos.
Entretanto, o homem é responsável por seu pecado diante de Deus;
6. Todos os homens são condenados justamente, quer tenham conhecimento do cristianismo e do
Velho Testamento ou não. Eles têm algum conhecimento de Deus, quer através da natureza
(Rom. 1.18 e 55.), do Velho Testamento (Rom. 2.1 e ss.), quer através da consciência (Rom. 2.14
e ss.). Todos são condenados, porque ninguém vive de acordo com o conhecimento que tem:
"Não há quem entenda; não hã quem busque a Deus" (3.11);
7. A justiça não é realização do homem através do guardar a Lei, porque todos pecam, mas é
realização de Deus mediante um ato de sua misericórdia.

A JUSTIÇA QUE PROCEDE DA FÉ (Rom. 3.21 – 4.25)

Introdução

Ao apresentar a tendência ao pecado de toda a raça humana, Paulo afirmou que o fato de os
judeus possuírem a Lei não tinha resultado em justiça. Ele admitiu que a posse dos oráculos de Deus
deu alguma vantagem ao judeu. O propósito completo da Lei e discutido em Gálatas 3 e 4.
Os Rabis ensinavam que o guardar a Lei perfeitamente resultaria na restauração do Reino a
Israel. Deus tinha se afastado de seu povo por causa do pecado deste. A justiça seria estabelecida
quando os israelitas guardassem a Lei, a presença e o poder de Deus voltariam no Reino restaurado.
Os fariseus zelosamente observavam a Lei em cada detalhe (cf. Mat. 23). Muitos regulamentos,
referentes a como guardá-la em circunstâncias particulares, tinham-se acumulado.
Jesus mostrou que alguns destes regulamentos realmente fugiam da ou transgrediam a Lei,
mais do que a estabeleciam.
Quando foi levantada a questão acerca da salvação dos gentios, os apóstolos e os anciãos em
Jerusalém concluíram que a salvação tanto para os judeus como para os gentios e obtida pela fé
(Atos 15.8 – 11).
Nem todos os judeus estavam convencidos de que a fé e a chave para a salvação. O propósito
de Paulo, no livro de Romanos, foi mostrar como a nova vida vem por meio da fé. Ele primeiro
apresentou as razões por que os judeus tanto quanto os gentios precisavam de uma justiça provida
por Deus, mais do que realizada por leis e cerimônias religiosas. Em seu debate a respeito da doutrina
do pecado, Paulo assinalou que o fracasso dos judeus em guardar a Lei a tornou insuficiente para se
realizar a justiça. A única esperança do homem pecador está na justiça provida por Deus.

A Provisão da Justiça por Parte de Deus – Romanos 3.21 – 31.

Visto que o homem não pode realizar justiça através de obras legalistas, ele deve procurar
alguma outra fonte. Paulo assegurou aos romanos que uma justiça divina realizada por meio de obras
legalistas estava sendo manifestada (v.2l). Esta justiça não e realizada nem se obtém por guardar a
Lei, porem "a lei e os profetas" (o Velho Testamento) falam dela.
Paulo reivindicou apoio do Velho Testamento para sua doutrina de que Deus prove justiça
através de Jesus Cristo. O homem recebe ou se apropria dessa justiça pela fé, em vez de mediante
obras (v.22). A justiça e eficaz para todos, incluindo os gentios, que seriam excluídos se fosse obtida
por guardar a Lei.
Os judeus precisavam da justiça divinamente provida tanto quanto os gentios, "Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (v.23). Os judeus eram tão incapazes de realizar
justiça quanto os gentios; portanto, ambos devem depender do dom gratuito da graça de Deus para
justiça (v.24).
Dale Moody declara que o velho debate sobre se o significada e "declarar justo" ou "tornar
justo" tem separado o que Deus ajuntou. 1 Ele sugere que justiça de Deus é aquilo que o crente
"chega a ser" (cf. II Cor. 5.21). Mediante duas obras de Cristo o crente se torna justo:
1. Por meio da morte de Cristo ele é redimido (perdoado, purificado) de seus pecados (v. 24);
2. Mediante o controle de Cristo, na pessoa do Espírito. Santo (santificação), ele é induzido a atos
e atitudes justos.
Redenção e o ato da graça de Cristo, através do qual o pecador escravizado é libertado do
cativeiro do pecado. A palavra "redenção" é usada na Septuaginta para descrever a libertação do
povo de Deus do cativeiro egípcio e do cativeiro babilônico. A libertação do pecado está em Cristo
Jesus (v.24).
A palavra "propiciação", no versículo 25, tem causado muita discussão. Três interpretações
semelhantes, mas levemente diferentes, têm sido propostas:
1. Deus manifesta para si mesmo uma propiciação – um meio de pacificação;
2. Na morte de Cristo um ato é realizado por meio do qual a culpa ou a profanação é removida;
3. Hilasterion deve ser traduzido por "lugar de misericórdia", ao invés de "propiciação",
significando que o lugar onde Deus se encontra com o homem e no Cristo crucificada.

Cristo, em sua morte, substitui e assume o lugar de misericórdia como o lugar onde o homem
se encontra com Deus.
No Velho Testamento, o sangue dos animais era derramado no Lugar de Misericórdia no Dia de
Expiação. Mediante este ritual, o Sumo-Sacerdote representava todo o Israel ao aproximar-se de
Deus. O Concerto representado pelos Dez Mandamentos, estava incluído na Arca como o Lugar de
Misericórdia. Visto que o homem tinha transgredido os Mandamentos e quebrado o Concerto, sua
única esperança de ser aceito por Deus era a misericórdia divina. A cerimônia descrevia a admissão
do homem como pecador que devia pagar uma penalidade ou oferecer um sacrifício. Todavia, o
próprio sacrifício era insuficiente para remover o pecado do homem. Era necessário que dependesse
da misericórdia de Deus. A cerimônia combinava a morte substitucional do animal e a misericórdia de
Deus, a fim de o homem ser restaurado a uma afinidade com o Deus justo.
Deus publicamente expôs (manifestou) Jesus Cristo, cujo sangue foi derramado como um "meio
de perdão" (propiciação – v. 25). Pode-se ser alvo do ato de redenção da graça de Deus mediante a
fé, e não por obras. No sistema sacrificial, era requerido do israelita selecionar um animal sem
mancha de seu rebanho, e oferecê-lo como sacrifício a Deus. Cristo não é propriedade de um
pecador, mas através da fé o pecador apropria-se de Cristo como seu sacrifício.
O sangue representava vida: portanto, o derramamento de sangue é sacrifício de vida (Lev.
17.11).
A penalidade do pecado é a morte. O sangue derramado de Cristo é a experiência da morte
pelo pecado. Em sua misericórdia Deus aceita a morte de Cristo como a substituta pelo homem, que
deve morrer por seus pecados.
Por meio da cruz, Deus mantém sua justiça sem comprometer-se com o pecado; entretanto, ele
é capaz de tornar o pecador justo para Consigo mesmo (justificar – v. 26). Visto que o pecado tem
recebido o julgamento de morte, Deus não seria justo se ele falhasse em manter a penalidade que
manteve através de seu Filho.
Ao mesmo tempo, Ele e capaz de restaurar o pecador à justiça. Para o homem pecador, o
debito do pecado é perdoado (tolerado sem ser punido), porque Cristo tem feito emendas (expiado)
por seus pecados. (v. 25).
Deus tem sido paciente e indulgente para com pecados que foram cometidos anteriormente
(v.25). O fato de que Deus não pune cada pessoa imediatamente por seus pecados não é o resultado
de descuido, frouxidão ou injustiça da parte de Deus. Através dos tempos, a Cruz tem sido o plano de
Deus para colocar o homem pecador na forma devida, sem comprometer-se com o pecado. O dom
de Deus para fazer emendas para o pecado (propiciação) foi demonstrado no derramamento do
sangue de Cristo na cruz.
A justiça mediante a morte de Cristo não deixa fundamento para a presunção do homem.
Realmente, a presunção humana entre judeus e gentios era rejeitada pela demonstração da
universalidade do pecado (Rom. 1.18 – 3.20). O estabelecer a justiça mediante obras, se isto fosse
possível, poderia conduzir ã presunção (v.27). Visto que o pecador não pode estabelecer sua própria
justiça, ele não tem a seu favor nenhuma realização pessoal pela qual gabar-se. Deve humildemente
aceitar o dom de Deus pela fé, porque ele se torna justo pelo ato da graça de Deus (v.27).A atitude
cristã própria e humildade, um elemento da fé.
O argumento de Paulo e decisivo. Nem o judeu nem o gentio tornam-se aceitáveis ao Deus
Santo mediante seus próprios esforços ou realizações (v.28). Suas cerimônias religiosas legalistas não
os tornam justos para com Deus.
Os gentios seriam excluídos da salvação se a aceitação por Deus dependesse do guardar a Lei
judaica. Através da justiça pela fé, eles têm igual oportunidade com os judeus para serem salvos
(vv.29 e 30). Ambos, o judeu circunciso que transgride a Lei e o gentio incircunciso, são justificados
pela fé (v.30).
Paulo não mostrou em seu argumento a relação de Lei e fé. Esta relação será apresentada
numa escritura posterior. Ele demonstrou que a Lei não e estabelecida mediante esforços legalistas
do homem pecador porque ele a transgride. Paulo reivindicou que a fé estabelece a Lei, ao invés de
destruí-la (v.31). Uma explicação de como isto acontece será dado numa próxima oportunidade.

O Apoio da Escritura para a Doutrina de Paulo – Romanos 4.1 – 25.

Abraão tornou-se justo pela fé (4:1-8)

Na Epístola aos Gálatas, Paulo argumentou que não recebeu seu evangelho da parte dos apóstolos
em Jerusalém. Possivelmente, ele não o quis dizer para negar que recebeu os fatos básicos da vida de
Cristo e os ensinamentos da parte deles. Todavia, ele não recebeu a interpretação de justificação
pela fé da parte dos apóstolos. Esta doutrina foi revelada por Deus a Paulo à medida que este
estudava o Velho Testamento.
Aparte da salvação pela fé em Cristo, não há nenhuma salvação para os gentios; portanto, a
missão de Paulo teria sido em vão, na opinião deles. O fato de Paulo tomar Abraão como exemplo foi
importante, por duas razões:
1. O apoio da Escritura teria tornado a doutrina aceitável aos judeus;
2. A referência às Escrituras do VT revelou uma das fontes da doutrina de Paulo.

É óbvio que o apoio da Escritura não era limitado ao exemplo de Abraão, visto que Paulo tinha
já interpretado a morte de Cristo na cruz à luz do Dia de Expiação.
Abraão foi o ancestral segundo a carne ou o antepassado do povo judeu. O judaísmo ensinava
que Abraão foi justificado pelas obras, o que lhe deu fundamentos para jactar-se (v.2). Paulo refutou
este ensinamento, referindo-se à escritura do VT: "Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como
justiça" (v.3; cf. Gên. 15:6). Paulo usou o mesmo exemplo que seus oponentes, porem chegou à
conclusão oposta. A justiça e a aceitação de Abraão por Deus foram avaliados (creditados em sua
conta) baseando-se na fé, e não como salário ganho por seu trabalho (vv. 4 – 5).
Se Abraão tivesse estabelecido sua justiça através da realização, ela teria sido creditada como
salário e não dom. Uma vez que a justiça é obtida como dom da graça de Deus através da fé, ela é
disponível àqueles que não a ganham, mas creem naquele que justifica o ímpio (v.5).
Paulo, além disso, fortaleceu seu argumento, referindo-se ã experiência de Davi, cujas obras de
pecado o tornaram injusto. Todavia, Deus não creditou (imputou) injustiça em sua conta, mas o
creditou com justiça sem obras (v.6). Embora Davi fosse culpado de luxúria, adultério, engano e
homicídio, é um exemplo inicial dos injustos que são justificados pela fé.
Abraão e Davi, em companhia de Moises, foram figuras-chaves na história judaica. Abraão era o
pai da nação e Davi era o rei que tinha tornado a nação uma realidade. Visto que eles tinham sido
escolhidos por Deus para os maiores papéis na história do povo escolhido de Deus, não havia
nenhuma dúvida de que fossem aceitos por Deus. Paulo assinalou que sua justiça e aceitação divina
não poderiam ter sido baseadas no modo perfeito de viver, visto que seus pecados eram bem
conhecidos mediante a Escritura.
A Justificação de Abraão Precedeu a Circuncisão (4.9 – 12).

Os judeus tinham enfatizado que a circuncisão era essencial para salvação. A circuncisão era
importante, visto que simbolizava o ingresso na aliança com Deus; todavia, as bênçãos e a promessa
de Deus que foram incorporadas na Aliança não eram dependentes da circuncisão. Abraão foi aceito
de Deus e recebeu sua promessa antes que o ritual tivesse sido estabelecido.
A conclusão aparente e que as bênçãos e a promessa de Deus não são dependentes do ritual,
nem a justiça é estabelecida por ele. Abraão tornou-se justo pela fé antes que recebesse a
circuncisão como um sinal ou selo (v.11; cf. Gn. 15.6 e 17.11). Um sinal é um símbolo exterior de uma
experiência interior. A circuncisão é descrita como um sinal da Aliança entre Deus e Abraão, em
Gênesis 17.11.
O batismo é descrito como circuncisão cristã em Col. 2.11 – 13; é um sinal do relacionamento
entre o homem e Deus, estabelecido pela fé, e não o meio para tornar o homem justo para com
Deus. A fé sempre tem sido o meio pelo qual o homem entra numa relação correta com Deus.
Paulo também declarou que a circuncisão foi um "... selo da justiça da fé..." (v.11). Selo indica
uma experiência interior, enquanto sinal indica sua expressão externa. Aqueles que entraram numa
aliança com Deus através da fé, confirmaram ou selaram essa decisão interior por um sinal ou
expressão externa.
Visto que a promessa de Deus, incorporada na Aliança, precedeu o sinal da circuncisão e foi
baseada na fé. Abraão é o pai de todos os que creem, quer sejam judeus, quer sejam gentios. O
judaísmo ensinava que Abraão era pai somente dos judeus. Paulo assinalou que os crentes
incircuncisos estavam entre os filhos de Abraão (v.12). Os filhos de Abraão são aqueles que andam
"nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão antes de ser circuncidado" (v.12).

A Promessa Foi Assegurada pela Fé (4.13 – 15)

A relação inicial de Abraão com Yahweh é declarada em termos de promessa mais do que de
aliança. Yahweh prometeu fazer de Abraão uma grande nação para tornar seu nome grande e
abençoá-lo (Gn. 12.2). Deu a entender na promessa que a condição era que Abraão adorasse e
servisse a Yahweh, ao invés de aos deuses e ídolos adorados por seus compatriotas. A promessa,
eventualmente desenvolvida numa aliança, com as responsabilidades de Abraão adorar e servir a
Deus, foi descrita com mais detalhes nos Mandamentos. Os Mandamentos ou Leis foram dados,
centenas de anos mais tarde, a Moisés no Monte Sinai. Obviamente, a afinidade de Abraão com Deus
não foi estabeleci da através da Lei, mas por meio da justiça da fé (v.13). A promessa foi renovada
muito tempo antes que a Lei fosse dada através de Moises. Se as promessas de Deus e a aliança entre
Deus e Abraão dependessem da Lei, a fé teria sido excluída e a promessa baseada na fé teria sido
sem valor (v.14).
As leis são usadas para condenar aqueles que as infringem. A legislação passada por um Estado
estabelece ações legais e ilegais. Outrossim, sabendo o que e legal, um indivíduo é pouco afetado
pela Lei ate que ele a viole. Quando ele a transgride, a lei e usada para condená-lo: "Porque a lei
opera a ira" (v.15). Se a lei não existe em atenção a um modo particular de ação, uma pessoa não
sabe se ela está transgredindo ou fazendo justiça (v.15). Sem saber que ações são erradas, uma
pessoa não é tida responsável por violações.

A Fé Que Abraão Demonstrou é um Exemplo para Todos que são Justificados (4.16 – 25).

Se o homem fosse capaz de estabelecer justiça por obras, ele teria direito aos benefícios de
Deus e eles não seriam dados pela graça (v.16). Visto que aqueles que têm a lei a transgridem, por
causa de suas naturezas pecaminosas, são incapazes de realizar justiça por obras e não merecem os
benefícios de Deus.
As promessas de Deus não poderiam ser dadas pela graça (favor imerecido) se o homem
adquirisse por si mesmo as bênçãos de Deus. A natureza pecaminosa do homem o impede de ganhar
a promessa de Deus como um salário, mas é oferecida a cada um que se relaciona com ele pela fé. A
fé assegura a promessa de Deus não somente para aqueles que têm a Lei, mas também para aqueles
que não a têm (v.16). A fé capacitou Abraão a ser o pai não somente de judeus, mas também dos
gentios que creem: "Por pai de muitas nações te constituí" (v.17).
A promessa de Deus era importante para Paulo por causa do Doador da promessa. O homem é
fraco e inconsistente, e suas promessas e feitos são inseguros.
Pode-se confiar que Deus cumpre o que promete. Ele prometeu um herdeiro a Abraão em sua velha
idade. Parecia impossível a Abraão e a Sara, que tinha passado da idade de conceber, que eles
pudessem ter um filho.
Mas o Deus de Abraão, "... vivifica os mortos e chama as coisas que não são, como se fossem"
(v.l7). Abraão agarrou-se à promessa de Deus de que ele se tornaria pai de muitas nações (v.18).
Quando Abraão tinha 100 anos, o Senhor apareceu a ele e prometeu que Sara, que tinha 90 anos,
daria à luz um filho. Ele creu na promessa de Deus mesmo ainda que "... considerou o seu próprio
corpo amortecido, (pois tinha quase 100 anos) e o amortecimento do ventre de Sara" (v.19).
Embora a possibilidade do nascimento de uma criança a Abraão não fosse muito provável, Deus
tinha feito a promessa e Abraão não duvidou de Deus (v.20). Sua confiança em Deus fortaleceu-se, e
ele reconheceu que, se uma criança nascesse, seria pelo poder de Deus. Pela fé, Abraão estava
convicto de que tudo o que Deus prometeu Ele era capaz de cumprir (v.21).
Sua afinidade com Deus não era estabelecida por uma vida perfeita e sem pecado, mas por sua
confiança e crença ou fé em Deus, que o chamou e fez-lhe uma promessa. Yahweh considerou
Abraão justo por causa de sua fé (v.22). Sua fé o qualificou para a aceitação por parte de um Deus
santo e justo.
Paulo usou Isaque como um tipo de Cristo que Deus levantou dentre os mortos. Consciente de
sua própria impotência total, Abraão confiou no poder todo suficiente de Deus, que deu vida a Isaque
apesar do "amortecimento do ventre de Sara" (cf. v.19). A fé de Abraão torna-se um exemplo para
nós, que devemos crer no poder de Deus para ressuscitar Jesus, nosso Senhor, dentre os mortos
(v.24). Assim como o nascimento de Isaque pareceu impossível, do ponto de vista humano, a Abraão,
assim a ressurreição de Cristo parece impossível para nós. O impossível para o homem não o é para
Deus; portanto, o homem que, pela fé, aceita as promessas de Deus é considerado justo e é aceito
por ele. Embora a fé seja uma expressão de confiança em Deus para ressuscitar Cristo dentre os
mortos, sua morte foi causada por nossa injustiça: "o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões..." (v.5).
Cristo morreu e ressuscitou novamente a fim de que pudéssemos ser libertos da culpa de
nossos pecados através dele (v.25). A ressurreição é a prova das qualificações de Cristo para morrer
por nossos pecados, e o Senhor vivo e ressurreto que habita em nossos corações conduz o homem a
um modo de viver justo.
A declaração de que Cristo "foi ressuscitado para a nossa justificação" (v.25) refere-se ao
renovar de nossas naturezas morais pelo Senhor vivo e ressurreto. A justificação pela fé é mais do
que o pecador sem merecimento "ser declarado justo" por um Deus benigno e misericordioso. t a
justiça de Deus tornando-se viva e operativa no coração do individuo que põe a justiça divina em
efeito, controlando e delegando poder ao crente. O homem torna-se justo através da fé e ele não é
apenas "declarado" justo.

A LEI E A GRAÇA – 3.1 – 4.31

Introdução
O fato de Paulo ter usado o termo "lei" de diversas maneiras, foi mencionado anteriormente.
Visto que sua mais completa discussão a respeito da lei esta contida em Gálatas 3 e 4, é prático
alistar os usos variados do termo.
Paulo geralmente empregava a expressão "Lei de Deus" para referir-se a alguma parte ou ao
todo do Velho Testamento. às vezes, o termo inclui a interpretação rabínica do VT Os Rabis
deduziram, de cada Lei, números as regras para sua aplicação; desse modo, eles legalizavam a
observância da lei em termos de múltiplas regras específicas. O termo, muitas vezes, inclui sua
aplicação farisaica em adição às escrituras do Velho Testamento.
Os diversos significados de Lei em Romanos e Gálatas são:
1. O VT inteiro – "lei" (Rom. 3.19);
2. O VT inteiro – "a lei e os profetas" (Rom. 3.21 );
3. A lei como equivalente à religião judaica (Rom. 2.15; Gl. 3.12 e s., 17, 19, 21, etc.);
4. Um princípio de ação que obriga o homem a guardar a lei moral (Rom. 7.21, 23);
5. "Outra lei nos meus membros", que e confrontada com a lei (princípio) da mente a lei ou o
princípio do pecado que controla os membros físicos do homem (Rom. 723, 8.2);
6. "A lei de Cristo" – o cristianismo uma nova lei (Gl. 6.2);
7. "A lei do Espírito da vida" – o princípio que controla e caracteriza a nova vida dos cidadãos do
Reino (Rom. 8.2).

Paulo não fez distinção entre a Escritura e sua interpretação em seu uso do termo "lei".
Frequentemente, seu uso de lei tem sido confundido e tem conduzido ao antinomianismo
(negligência da lei moral). Paulo não aceitou a religião legalista dos fariseus como um caminho válido
de ganhar aceitação diante de Deus. Ele não rejeitou os preceitos ou os mandamentos do VT que são
revelação de Deus ao seu povo. Todavia, o guardar os mandamentos e ineficaz em efetuar justiça por
causa da condição pecaminosa do homem. Quando Paulo usou a lei para se referir à escritura do VT,
ele certamente não degradou sua autoridade ou seu valor, visto que ele usou a Escritura para dar
autoridade ã sua doutrina.
Sua própria experiência como fariseu e sua conversão lhe ensinaram que a religião legalista
depende da atuação da própria pessoa, que e destinada ao fracasso. Quando Paulo se converteu, ele
achou em Cristo um poder que habitou dentro de seu coração e trouxe seus desejos pecaminosos
sob controle. Ele reconheceu que os desejos pecaminosos do homem fazem com que a Lei seja um
meio inútil de se realizar justiça.
A Lei, em si, não é má, porem ela não tem poder para ajudar o homem pecador. O homem em
pecado não pode controlar seus desejos malignos e evitar aquilo que e errado, mesmo ainda que ele
seja ameaçado por castigo. Paulo achou que a graça de Deus, expressa através de Jesus Cristo, é
superior ã justiça pela Lei, porque a graça de Deus obtida mediante a fé proveu um poder para mudar
a vida pecaminosa.

O Erro dos Gálatas - Gálatas 3.1 – 5.

Paulo não incluiu em Gálatas uma discussão a respeito da regeneração que acontece através da
fé. Ele mencionou isso como um resultado da fé, "Cristo vive em mim..." (Gl. 2.20). A fé como
submissão e crença no Filho de Deus deixa Cristo controlar a vida do crente. Visto que os gálatas
tinham experimentado a regeneração, Paulo presumiu que eles haviam compreendido o papel do
Espírito e de Cristo na vida do crente. Esta importante doutrina não e compreendida por muitos
membros da igreja contemporânea.
Paulo tinha proclamado Jesus Cristo, aos gálatas, como crucificado (v. 1); portanto, ele
aparentemente os tinha instruído a crucificar a carne, a fim de que o Cristo ressurreto ou o Espírito
pudessem estar no controle. Paulo perguntou se eles haviam recebido o Espírito por seus próprios
esforços de guardar a Lei ou se o haviam recebido pela fé (v.2).
Ele os fez lembrar que tinham começado suas vidas cristãs pela fé, em que dependiam do
poder de Deus para habitar em seus corações e para orientá-los, porem eles retornaram orgulhosos a
uma dependência de sua própria carne ou recursos (v.3). Paulo os censurou por terem retornado à
dependência de si mesmos para guardarem a Lei perfeitamente, após terem experimentado a vitória
por intermédio do poder do Espírito.
Os gálatas tinham começado sua nova vida por um nascimento espiritual, porem mais tarde
voltaram à velha vida da carne (v.3). Carne não se refere basicamente aos elementos materiais do
corpo do homem, mas ã sua vida em seu estado de pecado. O pecado tem invadido sua vida e a tem
controlado. A vida na carne e uma vida de luxuria, avidez, fraqueza e derrota. A vida no Espírito é
vivida no poder e sob o controle do Espírito de Deus, resultando em vitória e justiça.
Depois de ter começado a vida cristã com a experiência de vitória, os gálatas tinham voltado à
dependência da carne (de seu próprio esforço para viver justamente e servir a Deus – v.4). Sua
experiência de vitória no Espírito pareceu ter sido em vão.
Paulo introduziu outro aspecto de salvação pela fé, sem explicá-lo. Aparentemente, a
justificação pela fé inclui não somente o perdão dos pecados cometidos, mas também o poder para
vencer a vida pecaminosa.
Pela fé o homem e feito justo, tendo sua própria injustiça removida mediante o perdão e por
ser capacitado a viver justamente através da atuação do poder de Deus. O poder do Espírito foi
evidenciado pelos milagres que foram operados entre eles. Os milagres não foram o resultado do
esforço dos gálatas para guardar a lei por meio da sua própria força, porem da experiência de
regeneração mediante a fé (v.5).

A Superioridade da Fe – Gálatas 3.6 – 14.

Conforme em Romanos 4, Paulo interpretou e aplicou os ensinamentos referentes ã Abraão


registrados em Gênesis 12 e 17. Abraão tinha sido chamado por Yahweh para separar-se de seus
parentes e sua idolatria.
Yahweh prometeu tornar grande o nome de Abraão e fazê-lo uma benção para outras nações,
se ele se voltasse da idolatria: "anda em minha presença, e sê perfeito" (Gn. 17.1). Abraão creu nas
promessas do Senhor, que "imputou-lhe isto como justiça" (Gn. 15.6). Paulo usou o exemplo de
Abraão para argumentar que a parentela de Abraão, através de quem as promessas foram
perpetuadas, deviam ser também homens de fé (v.7). Os judaizantes interpretaram a parentela de
Abraão como sendo descendentes de sangue, ao invés de descendentes de fé.
Em Gênesis 17, Deus mandou Abraão andar inocentemente diante dele (v.1). Seu nome foi
mudado de Abrão (pai exaltado) para Abraão (pai de uma multidão – v.5). A aliança foi repetida a ele
e seus descendentes e ele e sua casa foram circuncidados como um sinal da Aliança (vv. 10 e 11). A
Aliança incluiu "tanto o nascido em casa, como o comprado por dinheiro e qualquer estrangeiro, que
não for da tua linhagem" (v. 12).
Os judeus interpretaram a perfeição requerida de Abraão em Gênesis 17.1 ter sido efetuada
por guardar a Lei; todavia ela não tinha sido dada naquele tempo. A perfeição requerida era
provavelmente perfeita lealdade a Yahweh. Os judeus admitiam que todos das nações da Terra
seriam abençoados em Abraão (Gn. 12.3), porem os gentios deviam submeter-se a circuncisão como
o selo da Aliança (Gn. 17.10 – 14). Talvez os judeus tenham dito aos gálatas que eles precisavam da
circuncisão a fim de tornarem perfeita a sua fé.
Ao refutar os ensinamentos dos judaizantes, Paulo assinalou que Abraão foi considerado justo
antes que ele e sua casa fossem circuncidados (Gên. 15:6). Que os filhos de Abraão não eram seus
descendentes físicos, os judeus, mas homens de fé, os gentios, e mostrado em Gênesis 12.3 (cf. Gl.
3.8), pela Comissão de Deus a Abraão para ser uma bênção para as nações.
Paulo assinalou que uma maldição repousa sobre todo aquele que fiar-se na obediência a uma
lei. Os judeus fundamentaram seu di rei to às bênçãos de Abraão pelo fato de guardarem a Lei e em
ser seus descendentes (parentela). Referindo-se a Deuteronômio 22.26, Paulo fê-los lembrar que a
Lei pronuncia uma maldição sobre todo aquele que não cumpre tudo aquilo que ela requer.
Em Romanos 2 e 3, Paulo mostrou que não hã ninguém que perfeitamente a obedece. Estes
fatos conduzem a conclusão obvia de que ninguém é justificado pela Lei diante de Deus (v.11). Se a
justiça não e obtida pela fé, não hã nenhuma esperança para o homem pecador.
Paulo disse que a Lei não está baseada na fé. Fé e a expressão da necessidade do homem e
crença em
Deus. A justificação pela Lei é baseada no procedimento
do homem - dependência de si proprio (v.12).
Embora a Lei justamente condena (coloca uma
maldição sobre) aqueles que pecam (a transgridem),
Cristo redime de sua maldição (v.13). Paulo citou Habacuque
2:4 para sustentar seu ensinamento de que
" ...pela lei ninguêm ê justificado diante de Deus ... "
(v.11). Por meio da redenfão que estã em Cristo,
" ••. 0 justo viverã pela fe" (vv. 13 e 11). Israel encarou
a ameaça da invasão babi1ônica, e o profeta Habacuque
procurou a razão por que ã nação lmpi a foi
permitido derrotar o povo de Deus. Yahweh respondeu
que "o justo viverã por sua fê" (por sua lealdade ou
fidelidade). Viver pela fê significa crer na fidelidade
de Yahweh. O homem pecador pode depender da redenção
de Cristo da maldição da Lei, visto que Ele tornou-
se uma maldição em nosso lugar (v.13).
A palavra "redimir" significa "resgatar". A
metãfora de pagamento funde-se na de libertação. Cristo
emacipou-nos de alguma forma de escravidão, descrita
como a maldição da Lei. Ele assegurou nossa liberdade
por um alto preço, tornando-se uma maldição por
nos (v. 13) .
Deuteronomio 21:22-23 declara que, se um
homem cometeu um crime de morte. " ... e o tiveres pendurado
num madeiro; o seu cadãver não permanece rã toda
a noite no madeiro (porquanto o que for pendurado
no madeiro e maldito de Deus). Assim não contaminarãs
a tua terra ... " Visto que Cristo foi colocado
num madeiro (madeira) construldo em forma de cruz,
Paulo achou apoio nesta escritura para o ensinamento
de que Cristo tornou-se "uma maldição" no sentido de
que ele deu a si proprio para vir sob uma maldição. O
mesmo concei to ê expresso em II Corinti os 5 :21: "Aquele
que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por
nos ... " Cristo não era pecador nem era realmente amaldiçoado,
porem foi feito pecado e tornou-se uma maldição
por nos. A maldição ou castigo pelo pecado caiu
sobre ele, ao inves de sobre nos. Assim ele nos resgatou
da maldição, e nos estamos livres dela. Em levar
o cas ti 90 que os pecadores mereci am sob a Lei, Cri s to
Jesus tornou disponlvel aos gentios as bênçãos de Abraão
(v.14).
"Em Cristo Jesus" e uma expressão importante
nos escritos de Paulo. As promessas de Deus a Abraão
são incorporadas em Cristo e sua obra. Quando um
individuo recebe Cristo e Sua expiação atraves da fe,
ele recebe as promessas ou bênçãos de Abraão. Na experiência
de redenção mediante a fe, Cristo vem habitar
espiritualmente dentro do crente, "a fim de que
nós recebêssemos pela fe a promessa do Espirito" (v.
14). Antes, Paulo tinha perguntado aos gãlatas se eles
tinham recebido o Espirito pela fe, ou atraves
das obras da Lei. Ele tinha mostrado que a promessa
de Deus a Abraão foi recebida pela fe. Semelhantemente,
a promessa do Espirito ao cristão, como um dom, e
recebida pela fe.
o Propósito da Lei
Gãlatas 3:15-19
Por que a Lei e importante
Os dois importantes mandamentos do Decãlogo
(Os Dez Mandamentos) são:
1. "Não te rãs outros deuses diante de mim"
(txodo 20:3).
2. "Lembra-te do dia de sãbado, para o santificar"
(txodo 20:8).
Os Dez Mandamentos manifestam a essência da
responsabilidade do homem para viver justamente em
sua aliança com Vahweh. De acordo com os profetas, os
judeus tinham quebrado a Aliança e tinham perdido o
direito às bênçãos de Deus. Primeiro Israel e depois
Judã tornaram-se culpados de idolatria e de negligenciar
a adoração de Vahw~h no sãbado. Eles foram levados
em cativeiro. Na volta dos judeus do cativeiro babilônico,
Esdras deu ênfase a que guardassem estes
mandamentos para assegurar que fosse evitado outro cativeiro
da nação. O guardar a Lei tornou-se o caminho
judaico para tornar-se justo e ser aceitãvel a Deus.
Paulo descobriu que a justiça não e posslvel atraves
da Lei, porque nenhum homem a guarda perfeitamente.
Deve haver outro caminho para ser aceito por Deus. Ele
voltou à promessa de Deus a Abraão, que foi feita
antes que a Lei fosse d8da. Sua tarefa era mostrar a
superioridade da promessa em comparação com a Lei,
e, alem disso, explicar o propósito da Lei.
A Lei não anula a promessa (3:15-18)
Paulo escolheu um exemplo humano para ilustrar
a permanência das promessas de Vahweh a Abraão
(v.15). Ele assinalou que, depois que um acordo humano
fosse devidamente y'atificado, ninguem o COdel"ía anular
ou mudã-lo. A promessa de Deus ~ muito mais segura
do que a do homem. Visto que Deus tinha dado sua
promessa a Abraão e à sua parentela, baseando-se na
fe, o recebimento das bênçãos de Deus e o cumprimento.
de sua promessa continuaram a ser pela fe. Paulo assinalou
que, segundo a fraseologia da Escritura, a promessa
foi dada a uma unica pessoa, não a muitos - à
linhagem de Abraão (singular), não a suas linhagens
(plural). Esta foi realmente cumprida ate a vinda de
Cristo.
A promessa que Deus fez a Abraão foi a de fazer
dele uma grande nação e de tornar seu nome grande.
Ele seria uma bênção para todas as familias da Terra.
66
A Aliança, incorporando a promessa de Deus, foi estabelecida
com a parentela de Abraão depois dele (Gên.
17:7). A promessa tinha se cumprido em parte antes da
vinda de Cristo. Paulo interpretou a promessa de uma
grande nação como se referindo ao Reino que Deus estabeleceu.
A promessa de que Abraão e sua parentela seriam
uma bênção para todas as nações foi interpretada
por Paulo como significando que o Evangelho de Cristo
seria levado aos gentios. A promessa não foi anulada
nem mudada pela Lei, que veio 430 anos mais tarde (v.
17). A herança de Israel não estava baseada no guardar
a Lei, mas na fidelidade de Deus em conservar sua
promessa (v.18).
A Lei define os erros (3:19,20)
Paulo tinha explicado previamente o que a
Lei não estava comprometida a fazer. Ela nunca teve
em vista ser um meio para se obter justiça pela qual
a promessa de Deus seria recebida. Os escribas e os
fariseus ensinavam que o estabelecimento do Reino de
Deus dependia da perfeita obediência ã Lei. Se a promessa
de Deus é dada pela graça mais do que por mérito
realizado por guardar a Lei, qual é o propósito dela?
Ao inves de ser a expressão fundamental da vontade
de Deus para com seu povo, Paulo declarou que é uma
mera adição ao plano fundamental de Deus (v.19).
Paulo, em seu uso variado do termo "lei", sugere
diversos significados possiveis para a declaração
d~ que a Lei foi adicionada por causa das transgressoes:
1. A lei moral proveu um padrão reconhecido,
por onde o pecado cometido em ignorância
tornou-se transgressão especifica quando
os mandamentos de Deus foram conhecidos.
Até que um individuo saiba que uma a~ão
ou atitude e errada, ele peca em ignorancia,
porem o pecado não torna-se transgressão
com culpa até que um padrão reconhecido
do que seja certo ou um mandamento
especifico seja rejeitado. Depois que
Cristo veio (a parentela), Ele tornou-se
o padrão de justiça.
2. A lei cerimonial foi dada para o beneficio
daqueles que reconheceram suas transgressões.
A consciência culpada, resultante
de pecado responsãvel, precisava de
ser purificada mediante um sacrificio de
sangue. Os sacrificios eram somente sombras
do Cristo, que ofereceu sua vida para
tornar os homens justos para o Reino
de Deus.
A lei moral não pode tornar os homens justos,
porque os homens p'ecadores fracassam em guardã-la. A
lei cerimonial dependia de sacrificios inferiores que
precisavam de ser oferecidos repetidamente. A Lei,
que foi dada através de um mediador, era inferior ã
promessa de Deus a Abraão, que foi dada diretamente.
A lei não podia produzir vida como a promessa. Ela,
meramente, transmitia as ordens e regulamentos de
Deus, mas não a promessa viva e o poder de Deus, que
foram expressos em seu Filho.
A Septuaginta preserva a tradição de que os
anjos estavam presentes no ato da doação da Lei
(Deut. 33:2; Heb. 2:2; Atos 7:38,53). Os judeus criam
que os anjos atendentes, como o trovão e o relâmpago,
manifestavam a glória da. Presença Divina. Paulo
interpretou a presença de tais elementos como um
substituto de Deus, que não estava presente em pessoa.
l A Lei foi dada através de um mediador, porque
ela envolvia duas partes contratantes: Deus e a nação
judaica. O contrato poderia ser anulado pela falha
de um dos indivíduos envolvidos. Uma promessa
não é condicionada sobre as ações de um segundo indivíduo
(v.20). Quando Deus fez uma promessa a Abraão
e S;Ja parentela, a promessa não seria anulada pelo
fracasso do homem.
A Lei não é contraditória ou oposta as promessas
de Deus (v.21). Paulo expôs uma falsa promessa
- " ... porque, se fosse dada uma lei que pudesse
vivificar ... " . que conduz a uma conclusão errônea "...
a justiça, na verdade, teria sido pela lei". Segundo
a Escritura, a promessa e falsa, porque nenhum
homem tem guardado a Lei e obtido justiça, porem todos
tem pecado (v.22). Todavia, a promessa permanece,
visto que Deus a dã para aqueles que creem, mesmo
que não tenham obedecido ã Lei perfeitamente.
A Lei e como uma Custódia (3:23-29)
Paulo declarou que antes que a fe viesse (a
fe tornou-se possível pela histórica vinda de Cristo,
o Redentor), a Lei foi .uma guardi ã que nos conservou
confinados (v.23). Os homens tinham fé em Deus antes
da vinda de. Cristo, mas a fe foi expandida para abranger
mais do que confiança na fidelidade de Deus.
"A feIO abrange tudo que e proclamado como evangelho
e vivamente distingue a nova esperança em Cristo da
velha religião da Lei.
A Lei tinha sido determinada ao homem como
um tutor para refreio moral. Ela servia ao duplo propósito
de instruir o homem com relação ã injustiça e
de disciplinã-lo por fazer injustiça. A Lei e comparada
a uma custódia (governanta rigorosa, mestre, tutora).
Ela não e tanto um professor quanto um supervisor
moral da vida do homem. A palavra traduzida
"custódia", descreve uma pessoa a quem foi confiada
a supervisão moral de uma criança. Ela possuía o
direito de exercitar disciplina e era geralmente representada
em vasos antigos com uma vara em sua mão.2
Espiritualmente, a responsabilidade da Lei, como custódia
moral sobre o imaturo, terminou quando Cristo
vei o.
Antes de tudo, a Lei operou para fazer os
homens perceberem seu cativeiro de pecado. Era um estágio
no processo de redenção, porem tem sido superado
pelo Cristo, que liberta. Paulo declarou que a
Lei conduz a Cristo não por educar um homem, mas por
disciplinã-lo e mostrar a ele sua necessidade de re-
George S. Duncan, The Epistle of Paul to the Galatians,
Vol. IX, The Moffatt New Testament Commentary
(London: Hodder and stoughton, 1934), p. 114.
2 John W. MacGorman, Galatians, 1.103.
68
dencão.
Aparentemente, o versículo 24 desenvolveuse
a partir da experiência previa de Paulo. Como um
fariseu, ele desejou realizar justiça atraves da Lei.
Embora seus esforços fossem sinceros, ele reconheceu
que seus fracassos o trouxeram sob justa condenação.
Seu zelo em guardar a Lei fez com que ele pecasse. Ele
cri a que os cristãos transgredi am os precei tos de
~10ises, porque eles falavam contra a necessidade de
cerimônias no templo para purificação e ofereciam a
fe cristã a outros povos alem dos judeus. Para parar
a heresi a cristã e proteger a re ligião da Lei, Paulo
transgrediu os mandamentos de Deus, participando no
homicídio de Estêvão. A condenação da Lei por homicídio
não deixou-lhe nenhuma alternativa, exceto a de
aceitar o divino dom gracioso, de redenção em Cristo
pela fe. A justificação pela fe trouxe a purificação,
o perdão e um sentido de libertação da condenação
por suas falhas. Tudo que a Lei tinha sido capaz de
fazer, era dizer-lhe quando tinha cometido erro e pronunciar
a condenação sobre ele. A fe em Cristo trouxe
a libertação do pecado e a libertação da disciplina
repressiva.
Mediante a fé em Cristo, Paulo experimentou
uma vida positiva como um filho de Deus, e foi capaz
de pôr de lado a vida sob um disciplinador repressivo
(vv. 25 e 26). O clímax para seu argumento se encontra
no versículo 26. Por meio da fé, os judeus e os
gentios tornam-se filhos de Deus. E uma experiência
regenerativa que revoluciona a vida do crente. Pela
fé, o crente torna-se uma possessão de Cristo. Esta
experiência interior precisa ser expressa exteriomente.
O batismo e a expressão exterior da nova e íntima
afinidade do crente com Cristo. O batismo não constitui
alguem um filho de Deus; essa transação e aperfeiçoada
atraves da fe (v.26). O batismo e descrito como
revestir-se de Cristo (v.27). Esta metáfora representa
vestir um uniforme para se identificar no serviço
de Cristo. O batismo é a profissão publica e a identificação
de alguem com Cristo.
Mediante a fe em Cristo, todos os crentes
são filhos de Deus, sem distincão entre judeu e gentio,
escravo e livre. ou macho e fêmea. Os judaizantes
mantiveram distinções entre raças, classes sociais
e sexos. A segregação e a discriminação não têm
lugar na Igreja. A raça, o status social e o gênero
do homem não o recomendam nem tampouco ) desacreditam
diante de Deus. Se ele pertence a Cristo, ele e contado
como descendente de Abraão, que e herdeiro da promessa
(v .29).
A Liberdade como Filhos
sãlatas 4:1-7
Paulo aludiu a sua crença numa escatologia
(ulti~as coisas) que pode ter parecido estranha aos
cristaos contemporâneos. Ele cria que o mundo está dividido
em dua esferas espirituais, eras, ou domínios.
A presente era e má e está sob a influência do "príncipe
da potestade do ar, do espírito que agora opera
nos filhos da desobediência" (Ef. 2:2). O Reino de
Deus, sendo estabelecido sob seu Messias, derrotará
as potestades malignas, que serão destruídas para sempre.
Satã não mais será capaz de manter a presente era
maligna em seu poder. A intervenção de Deus na
história com Seu Messias escolhido vencerá os exercitas
de Satã. Os "filhos das trevas" farão um ultimo
esforço desesperado para subjugar os "filhos da luz",
mas Deus e suas forças triunfarão. Paulo cria que a
nova era tinha chegado com a vinda de Cristo.
Na velha era, os herdeiros do Reino são como
crianças que devem ser guardadas pela Lei. Eles
não têm maturidade, inteligência nem o poder do Espírito
De Deus, para resistir às forças do mal. Antes
da vinda de Cisto, o tempo não tinha chegado para
Deus realizar o plano para seu Reino. Embora os eleitos
fossem herdeiros e, eventualmente, se tornariam
donos de tudo, durant~ o tempo de imaturidade, mesmo
os herdeiros estavam limitados sob tutores e regentes
- a Lei.
De acordo com o próprio tempo de Deus, o
Reino viria em maturidade e plenitude (v.2). Ate aquele
tempo, os herdeiros tinham que viver segundo
os princípios fundamentais deste mundo (v.3). Paulo
os comparou a crianças que estavam sob tutores e regerites
nomeados pe 10 Pai, ate o tempo de sua maturidade'
quando eles receberiam liberdade. Ate que Cristo
veio e iniciou a nova era, Paulo declarou que o
homem estava sob a tutela da Lei, porem era controlado
pelos poderes deste mundo. Com a vinda de Cristo,
o herdeiro ingressou em sua herança plena no Reino
de Deus.
Cristo nasceu ~e uma mulher, isso e, ele assumiu
a humanidade, com todas as suas limitações e
fraquezas (v.4). Cristo nasceu na velha era em que
a Lei, como tutora, limitava e restringia o homem.
Embora Cristo tenha nascido sob a Lei (uma tutora
restrita), como Filho de Deus Ele não era controlado
(mantido em cativeiro sob as coisas elementares do
mundo) pelos legisladores espirituais malignos deste
mundo. Embora a Lei dissesse ao homem, na velha era,
o que fazer, os legisladores malignos deste mundo
levavam o homem a infringi-la, o que resultava em
sua condenação.
As potestades malignas da velha era eram
capazes de usar a Lei como um instrumento de condenação.
Quando Cristo, como o Messias, iniciou a nova
era, como Servo Sofredor, ele redimiu o homem da condenação
da Lei e, como Senhor ressurrecto que habita
nos corações, ele trouxe os herdeiros para uma nova
aliança com Deus. O espírito do mal não pode mais
controlar a vida do homem, e fazer com que ele entre
na condenação da Lei, porque "De,,:;envi ou aos nossos
corações o-Esplrito de seu Filho" (v.6). A transação
tem estabelecido uma aliança madura com Deus, em que
o herdeiro e adotado como filho e chama Deus de "meu
Pai ". O homem não e mais deixado à tutela da Lei,
que disciplina e subjuga, tornando-Q um escravo; ele
e um filho que vive pelo poder de Deus e na liberdade
de filho deum Rei (v. 7).
A Vantagem da Nova Vida atraves da Fe
Gã1atas 4:8-31
Aviso Contra a Reincidência (4:8-11)
A Lei foi recebida de Deus e e boa. Seu propósito
era mostrar ao homem o que e certo, porem os
legisladores daquela era (cf. I Cor. 2:6) a usavam como
um instrumento pelo qual manter os homens sob cativeiro.
Estes legisladores malignos, que "serviam
aos que por natureza não são deuses" (v. 8), eram capazes
de escravizar os homens que seguiam a Lei. Deus
tinha colocado os homens como crianças sob tutores, a-o
te que eles se tornassem de idade para serem tratados
como filhos e companheiros. Agora que os gã1atas vieram
a conhecer a Deus, "ou antes a serem conheci dos
por Deus", atraves da fe em Cristo, por que haveriam
eles de querer deixar a relação íntima com o Pai e
voltar ã vida de escravos sob um tutor? (v.9).
Antes de o libertador chegar, o mundo inteiro,
judeu e gentio, do mesmo modo, estava sob o domínio
das "potestades da presente era". Qual caminho de
vida os gã1atas desejavam? Mais do que avançar em sua
nova fe, desejavam eles voltar e servir a espíritos elementares,
dos quais Cristo os tinha libertado? A adoração
e o serviço destes espíritos mundanos, que
não são deuses, são representados pela observância de
dias, meses, estações e anos (v.10). A volta dos gãlatas
ã escravidão de viver pela Lei e comparada com
a volta do gentio ã sujeição às milícias celestiais
(cf. Atos 7:42). Paulo temeu que, entre eles, seu labor
tinha sido gasto em vão (v.ll).
O apelo pessoal de Paulo (4:12-20)
A referência de Paulo a seus labores entre
os gãlatas, no verslculo 11, sugere sua volta, aparte
do argumento sobre a superioridade da fé para com a
Lei. Numa passagem intensamente pessoal, ele apelou
aos gãlatas para que recomeçassem sua velha afinidade
para com ele. Paulo sentiu profundamente, o fato de
os gãlatas alienarem-se de si mesmos e de Deus. No inlcio
do capítulo 3, ele usou palavras ãsperas, não
para ajudar a alienã-los, mas para ganhã-los de volta
ao evangelho.
Paulo exortou os gãlatas a prosseguirem, tornando-
se como ele era (v.12). Talvez ele estivesse sugerindo
que eles adotassem suas atitudes para com as
exigências da Lei judaica. Paulo fez-lhes o apelo baseando-
se no fato de ter-se identificado com os gentios.
Mesmo ainda que os gãlatas tivessem sido influenciados
a rejeitar a doutrina de Paulo e aceitar a dos
judaizantes, Paulo lhes assegurou que ele não carregava
sentimento de injustiça com respeito às ações de-
1es (v. 12) .
A referência de Paulo a uma doença corpõrea,
que fez com que ele fosse à Galãcia, ao inves de ir a
alguma outra região, tem sido a fonte de muita especulação.
Alguns estudiosos ligam esta doença com a aflição
crônica citada em Il COrlntios 12:7 como "um espinho
nacarne". As sugestões referentes ã natureza da
doença têm incluldo malãria, epilepsia e uma mblêstia
dos olhos. Alguns têm sugerido que ele foi às regiões
montanhosas da Galãcia por causa de sua necessidade
de maiores altitudes. A referência de Paulo
à boa vontade dos gãlatas, de que "terleis arrancado
os vossos olhos, e mos terleis dado" (v.15), tem causado
freqüente identificação de sua doença como doença
dos olhos. .
Paulo deu a entender que a doença era um
mal que podia ter evocado desprezo e mesmo repulsa
entre os gãlatas. Embora sua doença "aquilo que na
minha carne era para vós uma tentação" (v. 14), eles
não o repeliram. A.T. Robertson menciona o hãbito de
"cuspir" eara demonstl;'ar aversão como um costume profilãtico
a vista de invãlidos, especialmente epiléticos;
mas Plutarco empregou a palavra para referir-se
à mera rejeição.3 Apesar da sua aparência repulsiva,
Paulo havia sido recebido como um mensageiro especial,
como um verdadeiro anjo, mesmo como Cristo Jesus
(v.14). O gozo dos gãlatas por tê-lo em seu meio havia
sido expresso numa disposição de fazer um grande
sacrifício por suas necessidades físicas (v.15). Paulo
perguntou por que as atitudes dos gãlatas tinham
mudado. Estavam eles dispostos a ouvir a verdade que
ele partilhava, concernente aos judaizantes? (v.16).
Paulo pode ter tide receio de que sua linguagem forte,
em sua epístola, poderia ser usada para voltar
os gãlatas contra ele.
Os judaizantes zelosamente procuravam ganhar
os gãlatas para o lado deles (v.17). Paulo avisou
que os motivos deles eram desonestos. Os judaizantes
desejavam afastar os gãlatas de Paulo, a fim
de que fossem dependentes deles. Se os judaizantes
pudessem cortar a afinidade de Paulo com os gãlatas,
eles obteriam mais honra e atenção para si mesmos.
Paulo declarou que a amizade verdadeira deve ser
,honrosa e imutãvel (v.18). O fato de sua presença ou
~usência não devia ter mudado a amizade deles.
O versículo 19 expressa a mais terna afeição
de Paulo aos gãlatas. Ele comparou-se a uma mãe
nos trabalhos de parto, que deve sofrer primeiro, para
ter alegria. Sua experiência, no tempo da escritura,
foi de profunda tristeza e sofrimento, mas ele olhava
para diante, para o tempo de gozo, quando Cristo
fosse formado neles (vv. 19-20).
A interpretação alegórica das Esposas de Abraão (4:
21 :31 )
Paul voltou nO seu arauniento Y'ef~('ente
ã superioridade da vida mediante a fe em Cristo, em
relacao com aquela de estar sob a Lei. Ele levantou
mais uma vez a questão: Quem são os verdadeiros filhos
de Abraão? Ele "OU o método alegórico de interpretação
para aplic a Lei (os cinco livros de Moisés)
ao seu argume'
A interp "cão alegórica deduz aplicações
espirituais de c ]cteres e eventos bíblicos. Eles
3 A. T. Robert' ,The Epistles of Paul, Vol. 4 de
Word Picturé in the New Testamenr-TNashville:
Broadman PresJ' 1931), p.304.
72
se tornam, essencialmente, tipos de realidades esplrltuais.
Atualmente, o metodo tem caído em descredito,
por causa de seu uso desenfreado. Todavia, os contemporâneos
versados de Paulo respeitavam este metodo de
basear as verdades religiosas na Escritura.
o desejo de Paulo era mostrar aos gãlatas o
que eles perderiam se voltassem a uma vida religiosa
controlada pela Lei. Para confundir os entusiastas pela
Lei, ele usou a prõpria Lei (v.21).
Paulo presumiu que seus leitores gentios estivessem
familiarizados co~ a histõria de Abraão, Hagar
e Sara do Velho Testamento. Hagar era a serva egípcia
de Sara (Gên. 16). Visto que Sara era estéril,
segundo os costumes da época, sua serva podia gerar
um filho para ela. Abraao gerou um filho a Hagar
"... segundo a carne ... " (v.23). Eventualmente, Sara
gerou um filho a Abraão, cujo nome foi IsaC]ue. Por
causa da idade de Sara, o nascimento de Isaque não ocorreu
"segundo a carne". O nascimento de Isaque efetuou-
se por um ato especial da graça divina, a fim de
que se cumprisse a promessa que Deus tinha feito a Abraao.
Paulo notou que a aplicação da histõria para
seu argumento não foi pela interpretação usual da Escritura,
mas pelo uso de alegoria (v.24). Ele deu um
significado secundãrio ã narrativa. Ele não negou o
significado histõrico do evento, mas o usou como um
tipo de verdade espiritual. Hagar, a escrava, representou
o Monte Sinai, onde a Lei foi dada a Jerusalem
e ali observada, especialmente a lei cerimonial. O filho
de Hagar, Ismael, representou os judeus que estavam
sob o cativeiro da Lei. Isaque, o filho da livre
(a Jerusalém celestial), era um tipo de cristão que
tinha sido libertado da custõdia da Lei.
Os judeus orgulhavam-se de sua descendência
natural de Abraão, porém esta sua descendência naturalos
escravizava sob a Lei. Sara, como um tipo da
Jerusalém espiritual, e a mãe dos filhos da promessa.
A interpretação alegórica permitiu a Paulo ir alem do
significado histórico, em sua aplicação espiritual de
identificar os judeus orgulhosos como descendentes de
Ismael. Eles nasceram sob a Aliança da Lei e foram
destinados ã servidão, ao inves de ã liberdade. Suas
atitudes espirituais os identificavam como descendentes
de Ismael. Doutra maneira, a resposta da fé dos
gãlatas convertidos os identificava como os filhos da
Aliança da promessa. Sua atitude espiritual de fé os
tornou os verdadeiros descendentes de Sara, os filhos
da promessa (v.28). A promessa tinha relação com a fé
de Abraao.
A aplicação espiritual ê levada mais adiante
pela referência ao desdem de Ismael com respeito a 1saque
(v.29 - cf. Gên. 21:9). Esta perseguição foi um
tipo de perseguição dos cristãos pelos judeus. Todavia,
a história não acabou com a perseguição do filho
da promes sa pe 10 es cravo. fi.sordens de Sara, Ab raão
lançou fora Hagar e seu filho. Os judeus serão julgados
e deserdados por Deus. Eles não herdarão a Aliança
da promessa juntamente com os cristãos (vv. 30 e
31) .
Introdução
A promessa de Deus a Abraão inclula:
1. Uma extensão de terra desde o rio do Egito
até o rio Eufrates (Gên. 15:18);
2. Uma grande nação, composta de multiplos
descendentes através de Isaque, o filho
da promessa (Gên. 12:2; 13:16; 15:4; 17:
2); e,
3. Uma bênção para todas as nações da Terra
(Gên. 12:3).
A promessa de Deus era baseada na fidelidade
de Abraão em adorar somente a Yahweh e em seu não
regresso aos ldolos. A medida que a promessa era mais
completamente expandida para uma aliança, Yahweh
requereu de Abrão: "anda na minha presença, e sê perfeito"
(Gên. 17: 1), e "es tabe 1ecere i o meu pacto contigo
e com a tua descedência depois de ti em suas gerações,
como pacto perpétuo, para te ser por Deus a
tie ã tua descendência depois de ti" (Gên. 17:7).
Paulo tinha mostrado que a necessidade de Abraão
ser inocente ou perfeito diante de Yahweh era
considerada com base em sua fé mais do que em suas
realizações. O Velho Testamento mostra a maneira de
Deus para justificar os pecadores através da fé. A
pessoa que é considerada justa recebe as bênçãos da
promessa de Deus. A fé continua a ser a atitude requerida
do homem para tornar-se justo. A declaração
foi que Abraão foi justificado pela fe: "ora, não e
so por causa dele que estã escrito que lhe foi imputado,
mas também por causa de nos a quem hã de ser
imputado, a nos os que cremos naquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus nosso Senhor" (Rom. 4:23,24). As
bênçãos de Deus, prometidas a nos, são eficazes, baseando-
se na morte e ressurreição de Cristo (Rom. 4:
25). Seguir o exemplo da crença de Abraão em Deus,
que faz promessas inacreditaveis, resulta em grandes
bênçãos. Paulo enumerou essas bênçãos em Romanos 5.
O dom de Deus dado ã pessoa que tornou-se
justa pela fé é a salvação. Paulo debateu esta matéria
nos capltulos 5-8. Nygren sugere que estes quatro
capltulos poderiam ser descritos como salvação
de quatro poderes hostis: ira (cap. 5), pecado (cap.
6), lei (cap. 7) e morte (cap. 8).1 Dale Moody prefere
falar dos aspectos de salvação mostrados nestes
capitulos como reconciliação, santificação, libertação,
e filiação ou adoção.2 O pecado estabelece uma
barreira entre o homem e Deus. Sendo considerado justo
pela fe, remove-se essa barreira e permite-se a
reconciliação. A salvação abrange ambos os aspectos,
o negativo e o positivo: redenção dos pecados e restauração
ã comunhão com Deus. Ele estã sob a ira de
Deus.
O Estabelecimento da Paz
Romanos 5: 1-5
O pecador não estã em paz com Deus, e, sim,
alienado e pertur~ado. Mesmo ainda que um indivíduo
pratique as cerimonias religiosas, ele sabe interiormente
que sua vida não tem satisfeito os requisitos
de Deus; portanto, ele não tem sido aceito por Deus.
A paz somente tem lugar quando o homem estã assegurado
de sua aceitação pelo seu Criador. Ele nunca estã
seguramente em paz, enquanto depender de seus próprios
feitos, ao inves do dom de Deus mediante a fe.
Quando uma pessoa e justificada pela fe, ela estã segura
da sua aceitação por Deus e experimenta a paz
em sua alma atribulada. Sua aceitação torna-se possível
atraves do Senhor Jesus Cristo (v.l). Enquanto
o homem tentar ganhar a aceitação de Deus atraves de
suas próprias realizações, ele nunca estarã seguro
de que sua justiça e suficiente para agradar a Deus.
Ele continuarã a viver com a inquietação de que sua
justiça é inadequada; portanto, ele não tem segurança
da promessa divina de vida eterna.
E pela obra de Cristo, de sua morte e ressurreição,
que nós temos recebido acesso ã graça de
Deus (favor imerecido). Pela fe, o homem e removido
do domínio da ira de Deus para dentro da nova vida
provida por Sua graça. A salvação significa a passagem
da velha vida para a nova; da ira de Deus para a
paz com Deus.
Assim como Abraão não duvidou da promessa
de Deus mediante incredulidade, mas ficou firme na
fe (4:20), tambem o cristão que vive pela fe não fica
em duvida acerca de sua afinidade com Deus. Pela
fe, ele e estabelecido na graça de Deus (v.2). Sua
nova segurança traz regozijo, na esperança da glória
de Deus (v.2). O homem em pecado carece da glória de
Deus(3:23), porem o homem na graça de Deus tomarã
parte nela na era vindoura. A glória de Deus ê a vida
divina, e o cristão é feito para compartilhar dela
atraves da fe. A nova vida no Reino abrangerã sua
plenitude na consumação do Reino; portanto, a glória
abundante da vida atraves de Cristo e futura e e possuída
na esperança, que repousa na confiança ou fe
em Deus, o qual faz as promessas. A glória de Deus e
o fim para o qual Ele criou o homem. Este fim serã
realizado atraves da obra redentora de Cristo.
Anders Nygren, Commentary on Romans (Philadelphia:
Fortress Pl'ess, 1949), p. 191 e ss.
2 Dale Moody, Romans, p. 191.
78
Mediante a fê, o crente ê estabelecido pela
graça de Deus atê o ponto em que o sofrimento ou tribulação
não mais o derrotarão (v.3). As aflições são
vistas como a experiência normal dos cristãos. A aflição
e a tribulação não são consideradas como um
fracasso da fê cristã, mas como uma caracteristica
dela. Visto que a tribulação produz paciência e firmeza
de carãte~, ela ajuda o crente na preEaração para
a futura gloria de Deus. O sofrimento nao derrota
e destrói, mas conduz à grande fe em Deus, em lugar
de confiança na carne.
Os cristãos devem passar pela tribulação na
presente epoca como filhos de Deus. As tribulações
estão derrotando aqueles que vivem somente na carne
e não nasceram para o Reino. Eles preparam os cidadãos
do Reino para glória mais abundante e fazem com
que os cristãos creiam pacientemente em Deus. As tribulações
testam a fe do homem e amadurecem seu carãter
(experiência significa "prova" ou "a calma do veterano
curtido"). A pessoa testada e temperada põe
mais ênfase na esperança futura do que em lutas presentes.
A vida passa a focalizar mais o que Deus tem
prometido do que_o que o homem ~ode realizar. As açoes
presentes sao controladas a luz da esperança da
glória de Deus (v.4).
O homem não serã desapontado por víver sua
vida baseada na esperança. Os cristãos têm sido acusados
de darem ênfase à esperança futura mais do que
a enfrentar a tristeza e fracasso presentes. Tal mudança
no encarar a vida parece tolice à pessoa que
não tem experimentado a fidelidade de Deus e seu amor
(v.5). Paulo não compartilhou do pessimismo de
muitos existencialistas modernos, que crêem que o
significado da vida centraliza-se na experiência imediata
de alegria e tristeza. Ele cria que as experiências
devem ser compreendidas ã luz da esperança futura
que um Deus fiel tem prometido. Parece tolice
ao homem natural que os cristãos possam estar certos
do futuro. Para o individuo que jã tem experimentado
o Espirito dado a ele no novo nascimento, a esperança
futura não e uma fantasia irreal, mas uma realidade
prometida por Deus e possuida pela fe.
Nygren assinala que, se não houvesse sofrimento,
a esperança nunca teria oportunidade para obter
sua força plena. A esperança e testada e fortalecida
pelo sofrimento. A finalidade do sofrimento do
cri s tão e desenvolver a perseverança, "e a perseverança
produz a experiência, e a experiência a esperança".
j
A Fonte de Bênçãos
Romanos 5: 6-11
Como e possivel àqueles que eram lnlmlgos
de Deus e estavam sob sua ira, virem pela fe a uma
nova vida, em que são recipientes de suas bênçãos? A
menção de Paulo do amor de Deus, que e a base da esperança
para os pecadores, o levou a dar uma explicação
mais completa do divino ato de amor em Cristo.
3 Anders Nigren, Comentary on Romans, p. 196.
a amor de Deus não pode ser compreendido em
termos do amor humano. a amor humano contém um elemento
de egoísmo. Ele deseja possuir o objeto do amor
para auto-satisfação. Quando muito, o amor humano
responde somente ao amãvel num relacionamento de
dar e receber mutuos. a amor de Deus não possui o
seu objeto para auto-satisfação, nem é reservado para
aqueles que respondem favoravelmente ou que o mereçam.
a amor terreno requer um objeto digno de ser
amado. a grau de amor dado ao objeto, pelo indivíduo,
depende do valor desse objeto. a valor de Deus não
depende do valor do obj~to, e, sim, focaliza-se no
ser amado, em vez de no seu mérito. Deus ama porque
Deus é amor, e não porque o homem mereça ser amado.
a homem amado é descrito como desamparado
("fraco" - v.6), ;mpio (v.6), pecador (v.8) e inimigo
(v.la). Estas descrições enfatizam que o amor de
Deus não depende do valor de seu objeto. Seu amor
busca o bem-estar e o contentamento de seu objeto,
lndiferente para com sua indignidade. O amor de Deus
não limita o sacrifício feito para satisfazer ã necessidade
do objeto: "Pois... Criste morreu a seu
tempo pelos impios" (v.6). No tempo assinalado na
história Cristo morreu. Sua morte marcou o ponto culminante
da história. Até a morte de Cristo, o homem
estava sujeito ao poder da velha era ou domínio, e
sem esperança, por causa do poder do pecado. A morte
de Cristo iniciou a nova era do Reino. Através da fé
no Senhor crucificado e ressurrectó, o homem pecador
é redimido da velha era da ira de Deus e transferido
para a nova era de seu amor e graça. Por causa de
sua impiedade, o homem mereceu a condena~ão de Deus,
a qual é a morte. Cristo morreu em beneflcio do ímpio,
o que explica como Deus justifica o pecador.
a amor divino é dificilmente comparãvel ao
amor humano. Mesmo a expressão mais nobre do amor humano
dificilmente farã alguém morrer por um homem
justo (v.7). Um homem justo poderia parecer ser digno
de tal sacrifício, por causa de sua justiça na lida
com os outros. Um homem bom adiciona feitos de
bondade e misericórdia ã justiça. Somente sob raras
circunstâncias alguém seria motivado a morrer por uma
pessoa que parece digna. O amor de Deus é inadequadamente
descrito por uma ilustração do amor humano,
porque Deus enviou Seu Filho para morrer pelo
que não tem mérito e indigno, não pelo merecedor e
digno. O amor de Deus não é ganho ou merecido, mas
brota espontaneamente de Sua natureza. Não é chamado
ã ação por um carãter bom ou feitos dignos do homem. t recomendado ou expresso para conosco
como pecadores
sem merito (v.S). O amor de Deus ê expresso e~
resposta ã necessidade e ao desamparo humanos; o amor
de Deus apresenta-se num sacrifício do mais alto
valor: "Cristo morreu por nós" (v.8).
A compreensão de Paulo sobre justificação
pela fé era baseada na natureza do amor de Deus, ao
invés de nas realizações e méritos do homem. Com orgulho,
o homem continua a crer de algum modo que ele
merece realmente a divina expressão de amor em Cristo.
A salvação pela graça, através da fé, se baseia
na compreensão de que o homem pecador de nenhum modo
merece a redenção, nem Deus de qualquer maneira é obrigado
a perdoã-lo. A graça é o dom imerecido de
Deus ao homem sem mérito e pecador.
80
Este tipo de amor e graça parece inacreditãve1.
Se o homem nada reivindica para a salvação, como
pode ele ter certeza de rece~er a esperança da glória
que Deus tem prometido? Paulo assinalou que se o homem
pecador tem se tornado justo ã custa do sofrimento
e morte do Filho de Deus, e lógico concluir que o
homem redimido estará exposto ao perigo da futura ira
de Deus (v.9). O homem que se torna justo atraves da
fe e aprovado e aceito por Deus, e não mais e o objeto
de Sua ira. Se a natureza de Deus fez com que Ele
sacrificasse Seu Filho por Seus inimigos que merecem
Sua ira, não pode haver ameaça para a esperança futura
daqueles que foram reconciliados como filhos de
Deus (v.10). A ira de Deus repousa sobre o homem por
causa dos seus pecados. O amor de Deus apresentou-se
em pecado e tornou-se provisão para seu castigo. O homem
perdoado e redimido não está mais sob a ira de
Deus, porem ele e reconciliado para comunhão com Deus
pela morte de Seu Filho (v.10).
A ira de Deus e uma realidade. Paulo falou
dela como o "dia da ira". Esse dia revelarã que Deus
e um Juiz Justo, que dará a cada homem segundo suas obras.
Visto que todo homem tem pecado, suas obras provocaram
a ira de Deus. Embora a ira de Deus seja, presentemente,
revelada contra toda a impiedade e injustiça,
um dia virá quando atingirá sua mais completa
expressão contra o pecado e consumirá tudo que e mau.
Quando esse dia do jUlzo chegar, todos estarão em esperança,
exceto aqueles que são "por ele salvos da ira"
(v. 9).
Por causa do futuro dia do juizo, Paulo falou
da salvação como futura (vv.9-l0). A salvação e
tanto uma ~xperiência do passado como um evento futuro.
O evento de redenção da parte de Deus, que começou
com a morte de Jesus Cristo na cruz, estende-se
para o futuro com o Juízo. Os pecadores que receberam
a salvação atraves da fe e foram reconciliados com
Deus não terão receio da condenação quando estiverem
diante dele naquele dia. Esta esperança e referida novamente
no primeiro versicu10, o qual declara que,
visto que fomos justificados pela fe, temos paz com
Deus.
a versicu10 10 declara por que ambos, a morte
e a ressurreição de Jesus, são importantes para a
salvação. Nós fomos reconciliados com Deus pela morte
de se.u Filho. a derramamento de seu sangue, ou suamorte,
foi necessãrio para prover a remoção de nossos
pecados. A pessoa cujos pecados são perdoados e reconci
1iada com Deus: "es tando j ã reconci 1iados , seremos
salvos pela sua vida" (v.la). O Senhor vivo e que ascendeu
aos ceus faz contlnua intercessão pelos pecadores
redimidos. a Senhor ressurrecto, vivo e que habita
nos corações traz a nova vida do Reino ao crente.
Esta união com Cristo, o Filho de Deus, significa estar
livre da ira de Deus. Tambem significa estar liberto
do poder do mal.
a que Deus fez por nós em Cristo dã aqueles
que receberam a expiação (reconciliação), razão
para se jactarem. a amor que proveu a Cruz para a nossa
redenção nos manterá a salvo no julzo. Se a crucificação
de Cristo por nós, como inimigos de Deus,
nos fez amigos de Deus ,quanto mais o Cristo vivo, o
Filho de Deus, não nos salvarã, como amigos de Deus,
de sua ira?
Uma Recapitulação da Salvação pela Fê
Romanos 5:12-19
Introdução
Os primeiros cinco capítulos de Romanos, exceto
a saudação de Paulo, referem-se ã doutrina de
justificação pela fê. Primeiro, Paulo apresentou as
necessidades, tanto dos judeus como dos gentios, de
serem justificados (1:18 - 3:20). Segundo, Paulo apresentou
a provisão de Deus para a justificação atraves
de Cristo (3:21-31). Terceiro, Paulo sustentou
sua doutrina com as Escrituras do Velho Testamento
e exemplos (4:1-25). Quarto, Paulo falou das bênçãos
do dom divino da salvação atraves da fe (5:111)

Romanos 5:12-19 apresenta uma recapitulação
do que foi antes. Paulo confronta a queda de Adão no
pecado, o que criou a necessidade da salvação por
meio da redenção provida em Cristo. De Adão veio o
pecado ea morte para seus descendentes; deCristovem
a justiça e a vida atraves da fe. Os homens devem
viver pela fe: Atraves de um homem o pecado entrou
no mundo e a morte passou a todos os homens, porque
"todos têm pecado". Atraves do segundo homem, a justiça
entrou no mundo e a vida através da justiça.
A Necessidade Humana do Dom de Deus (5:12-14)
Paulo continuou a sustentar sua doutrina de
viver pela fe, apelando para o Velho Testamento. Em
Gênesis 2:16,17, Deus deu a Adão um mandamento especifico:
"De toda árvore do jardim podes comer livremente;
mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás ~" O argumento de Paulo
estava baseado na distinção entre o pecado, o poder
do mal que faz o homem pecar, e a transgressão específica.
Deus deu a Adão um mandamento específico, e
ele o quebrou. Não havia mais atos específicos de
transgressão desde Adão ate Moises, visto que Deus
não tinha dado nenhuma outra lei específica; todavia,
o poder do pecado entrou no mundo atraves de Adão e
causou muitos malfeitos, com desastre conseqüente.
Paulo pensou a respeito do pecado quase em
termos pessoais. A palavra significa literalmente
"ultrapassar a demarcação", mas Paulo, às vezes, falou
dele como um poaer dominador. O pecado:
entrou no mundo (Rom. 5:12);
reina (Rom. 5:21);
tem submetido todas as coisas (Gãl. 3:22);
tem escravizado os homens (Rom. 6:6, 17,
20);
tem aprisionado os homens (Rom. 6:22);
e um princípio que controla a vida (Rom. 7:
23; 8:2);
habita no homem como um princípio pessoal
(Rom. 7:17, 20).
82
o corpo terrestre e o reino da operaçio do
pecado. 'Quando o corpo estã sob o controle do pecado
e em oposição ã vontade de Deus, o homem e descrito
como estando na carne ou sendo carnal.
O pecado tambem se refere a atos errôneos.
Estã transgredindo os mandamentos específicos de
Deus (Rom. 5:14). Paulo tinha jã mostrado que os gentios
eram culpados de cometerem pecados (ações errôneas),
tanto quanto os judeus que ensinavam a Lei,
porem não a guardavam.
Com referência. a Gênesis 3, Paulo assinalou
que o pecado trouxe a morte, e o pecado universal
trouxe a morte universal. O poder de ação do pecado
entrou no mundo através de Adão quando ele cometeu o
ato específico de transgredir o mandamento especial
de Deus (v.12). O poder de ação do pecado tem trazido
morte a todos os homens, porque ele tem feito cada
homem cometer atos específicos de pecado.
Romanos 5:12-14 tem sido erroneamente interpretado,
com o fim de ensinar que o pecado é herdado.
A_Igreja Catõlica ensina que o pecado original de Adao
foi transmitido a seus descendentes; portanto, toda
criança jã estã condenada, ao nascer, por causa do
pecado de Adão. Recorre-se a Romanos 5:12-14 para
sustentar esta doutrina.
Paulo ligou o reino universal de pecado e
morte com a transgressão de Adão. Ele, todavia declarou
que todas os homens são condenados ã morte por
causa da culpa herdada do pecado de Adão. Deus tinha
instruído Adão que, se ele transgredisse o mandamento,
certamente morreria (Gên. 2:17). Paulo assinalou,
portanto, que a morte veio através do pecado (Rom. 5:
12). A morte espalhou-se a todos os homens não porque
todos herdaram a culpa do pecado de Adão, mas
" ... porque todos pecaram" (v.12). A razão por que todos
têm pecado e chegado ã condenação da morte é o poder
do pecado que entrou no mundo através do pecado
de Adão. O argumento de Paulo, no versículo 12, era
que o fato de todo homem morrer revela que todo homem
tem pecado.
O raciocínio de Paulo nos versículos 13 e
14 não e fãcil de se seguir. Seu proeõsito era mostrar
que os homens foram condenados a morte por causa
do pecado antes da Lei recebida através de Moises.
Muitos séculos separaram o tempo de Adão e sua transgressão
de um mandamento especifico e o tempo de Moises,
que recebeu os Dez Mandamentos. Paulo provou ser
evidente que o pecado estava no mundo antes da doação
da Lei a Moises (v.13). Sua lógica para concluir que
o pecado estava no mundo e que o castigo do pecado,
a morte, passou a todos os homens. Mesmo ainda que o
pecado não seja imputado quando não haja Lei, o fato
da morte universal, desde Adão a Moises, indica que
os homens eram culpados do pecado (vv. 13 e 14).
Paulo reconheceu o fato de que, embora um
indivíduo cometa um determinado erro, ele não serã
responsãvel por esse erro se não houver regra ou lei
para mostrar que o ato é errôneo. Visto que Deus e
justo, ele não condenaria os homens por pecado se eles
não tivessem lei para capacitã-los a saber que eles
estavam pecando. O versículo 14 argumenta que o
fato de os homens terem sido condenados ã morte revela
que eles são culpados de pecado, mesmo ainda que
o corpo terrestre e o reino da operaçio do
pecado. 'Quando o corpo estã sob o controle do pecado
e em oposição ã vontade de Deus, o homem e descrito
como estando na carne ou sendo carnal.
O pecado tambem se refere a atos errôneos.
Estã transgredindo os mandamentos específicos de
Deus (Rom. 5:14). Paulo tinha jã mostrado que os gentios
eram culpados de cometerem pecados (ações errôneas),
tanto quanto os judeus que ensinavam a Lei,
porem não a guardavam.
Com referência. a Gênesis 3, Paulo assinalou
que o pecado trouxe a morte, e o pecado universal
trouxe a morte universal. O poder de ação do pecado
entrou no mundo atraves de Adão quando ele cometeu o
ato específico de transgredir o mandamento especial
de Deus (v.12). O poder de ação do pecado tem trazido
morte a todos os homens, porque ele tem feito cada
homem cometer atos específicos de pecado.
Romanos 5:12-14 tem sido erroneamente interpretado,
com o fim de ensinar que o pecado e herdado.
A_Igreja Catõ1ica ensina que o pecado original de Adao
foi transmitido a seus descendentes; portanto, toda
criança jã estã condenada, ao nascer, por causa do
pecado de Adão. Recorre-se a Romanos 5:12-14 para
sustentar esta doutrina.
Paulo ligou o reino universal de pecado e
morte com a transgressão de Adão. Ele, todavia declarou
que todas os homens são condenados ã morte por
causa da culpa herdada do pecado de Adão. Deus tinha
instruido Adão que, se ele transgredisse o mandamento,
certamente morreria (Gên. 2:17). Paulo assinalou,
portanto, que a morte veio através do pecado (Rom. 5:
12). A morte espalhou-se a todos os homens não porque
todos herdaram a culpa do pecado de Adão, mas
" ... porque todos pecaram" (v.12). A razão por que todos
têm pecado e chegado ã condenação da morte é o poder
do pecado que entrou no mundo através do pecado
de Adão. O argumento de Paulo, no versiculo 12, era
que o fato de todo homem morrer revela que todo homem
tem pecado.
O raciocínio de Paulo nos versículos 13 e
14 não é fãcil de se seguir. Seu proeõsito era mostrar
que os homens foram condenados a morte por causa
do pecado antes da Lei recebida atraves de Moises.
Muitos séculos separaram o tempo de Adão e sua transgressão
de um mandamento especifico e o tempo de Moisés,
que recebeu os Dez Mandamentos. Paulo provou ser
evidente que o pecado estava no mundo antes da doação
da Lei a Moisés (v.13). Sua lógica para concluir que
o pecado estava no mundo e que o castigo do pecado,
a morte, passou a todos os homens. Mesmo ainda que o
pecado não seja imputado quando não haja Lei, o fato
da morte universal, desde Adão a Moises, indica que
os homens eram culpados do pecado (vv. 13 e 14).
Paulo reconheceu o fato de que, embora um
indivíduo cometa um determinado erro, ele não serã
responsãvel por esse erro se não houver regra ou lei
para mostrar que o ato é errôneo. Visto que Deus é
justo, ele não condenaria os homens por pecado se eles
não tivessem lei para capacitã-los a saber que eles
estavam pecando. O versiculo 14 argumenta que o
fato de os homens terem sido condenados ã morte revela
que eles são culpados de pecado, mesmo ainda que
seu pecado não seja transgressão de um mandamento esaeacdiafiaco,
Moisceosm,o efoiapaortdee Addoãom.andAanmteensto queespaecLiea,l refcoesbsiedo
por Adão, os homens conheciam o certo e o errado atraves
da natureza e da consciência. Eles tinham uma
especie de lei que os capacitava a conhecer o certo e
o errado, mesmo ainda que não fosse um mandamento especialmente
dado, como o recebido por Adão: "No entanto,
a morte reinou desde Adão ate Moisés, mesmo sobre
aqueles que não pecaram ã semelhança da transgressão
de Adão" (v.14). Abraão viveu numa terra de idolatria.
Paulo tinha jã declarado, no capitulo 1, que os homens
Eoderiam conhecer o Deus invisivel através da
criaçao, mas eles preferiram ignorar a Deus e mudar
"a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem
de homem corruptível" (1:20-23). "Eles, embora não
tendo lei, para si mesmos são lei" (2:14).
O propósito de Paulo em 5:12-14 não foi manifestar
sua doutrina de pecado. Ele tinha jã declarado
essã doutrina nos três primeiros capítulos. Seu propósito
foi o de manifestar Adão como um tipo, em confronto
com Cristo como um tipo. O interesse de Paulo,
em Romanos 5:12-14, estava em mostrar que através de
um Homem, o dom da graça de Deus entrou no mundo, pelo
qual todo homem, tanto o judeu como o gentio, pode
ser redimi do.
A compreensão de Paulo a respeito da morte
como um resultado do pecado não deve ser limitada ã
morte espiritual. A morte física e a morte espiritual
não estão estritamente separadas; todavia, alguma
distinção é feita. A morte espiritual ê uma separação
entre a pessoa e Deus, e a morte física é uma separação
do espírito e o corpo. As duas se relacionam em
que ambas, a morte física e a espiritual, são resultados
do pecado e da separação de Deus. Paulo falou de
ambas, daque 1es de que, e 1e di z: "es tando vós mortos
nos vossos delitos e pecados" (Ef. 2:1), e da morte
passando a todos os homens, porque todos pecaram (Rom.
5:12). A redenção de Deus em Cristo inverte a direção
estabelecida por Adão: (1) Através de Adão, o homem
transgredi u. Em Cristo os homens são perdoados. ('~)
Através de Adão, o homem foi condenado ã morte. Em
Cristo os homens são vivificados mediante a regeneração
e a ressurrei ção.
A Grandeza do Dom de Deus (5:15-19)
Dale Moody assinala que Adão tem a seu credito
o pecado (transgressão, violação, desobediência),
a condenação e a morte; enquanto os dons de Cristo
são descritos em termos de abundância, justificação e
vida.' Adão colocou-se ã frente da velha raca e foi a
fonte de sua característica primãria - o pecado que
causou a morte. Cristo e o cabeça da nova era e a fontê
de sua característica primãria - o dom da graça de
Deus. Através de um ato de desobediência, Adão introduziu
o pecado e a condenação a todos na velha era. O
dom gratuito através de Cristo não é como a transgressão
através de Adão, porem deve ser confrontado com ela
(v.15). Em confronto a uma transgressão que trouxe
destruição a muitos, a graça de Deus e o dom pela
graça através de um Homem, Jesus Cristo, superabundou
para muitos (v.15). Aparentemente, "muitos" significa
todos os homens.
1 bale Moody, Romans, p. 196.
84
Em seguida, Paulo confrontou a condenação
como um resultado do ato de Adão, e a justiflca ao
como um resultado do ato justo de Deus em rlsto v.
16). A condenação veio por causa de uma transgressão,
mas um dom gratuito de Deus e adequado para cobrir
muitas ofensas ate a justifica~ão. O dom gratuito de
Deus e adeguado para superar nao somente a unica
transgressao de Adão, mas as muitas transgressões daqueles
que repetem o pecado de Adão. Os condenados
são absolvidos atraves do justo ato em Cristo. Um
terceiro confronto estã entre a morte e a vida (v.17).
A morte reinou na era de Adão como um resultado de
sua-õTensa, mas a vida reina na nova era de justiça
através de Jesus Cristo.
No versiculo 18, Paulo colheu o pensamento
da sentença inacabada do versicu10 12. O contraste
estã entre a morte e a condenação de todos como um
resultado do pecado de um homem, e a absolvição de
todos da morte para a vida, por causa do ato de justiça
de um Homem (v.18). O versicu10 19 repete a declaração
paralela ã desobediencia de um homem, resultando
em muitos sendo feitos pecadores e a obediencia
de um outro homem, Jesus, resultando em muitos sendo
feitos justos. O pecado como transgressão da Lei existiu
antes da Lei de Moisés, mas, quando a Lei de Moises
foi dada, as transgressões aumentaram (v.20). Mas
onde o pecado como transgressão aumentou, a graça foi
muito maior do que a Lei -e abundou, suficientemente,
para perdoar mesmo o pecado de maior amplitude (v.20).
Conclusão
Romanos 5:21
Paulo resumiu os argumentos prévios na declaração:
"para que, assim como o pecado veio a reinar
na morte, assim também viesse a reinar a graça
pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo
nosso Senhor." Se o dominio do pecado, que traz a
morte, era poderoso sobre a raça de Adão, o dominio
da graça, que traz a vida, sera muito maior para aqueles
que pertencem a Cristo. A estirpe de Adão e
caracterizada pelo pecado e morte; a descendência de
Cristo e caracterizada pela justiça e vida eterna. A
Lei e designada para a era de Adão; portanto, resulta
em condenação e morte mais do que em justiça e
vida eterna. A nova vida e obtida pela justiça, atraves
da f~, e não por justiça auto-obtida atraves das
obras da Lei.
Introdução
Paulo mostra que a aceitação por Deus não pode
ser efetuada através de uma vida de cerimonialismo
e legalismo. Ele enfatiza a insuficiência dos feitos
e do esforço do homem, e a suficiência do dom de Deus
pela graça: Visto que a graça significa que o dom é
imerecido e não adquirlvel, qual é a relação dos esforços
morais humanos para a salvação? O homem pode
ser passivo e depender completamente da graça de Deus
sem esforços humanos? Pode o homem ser negativo e indulgente
no pecado, e ainda esperar a graça de Deus abundar?
A Lei dã orientação ao homem no cumprimento
moral. Hã, na doutrina de Paulo, quanto a salvação pela
graça, lugar para esforços humanos? Os católicos
respondem que a salvação requer uma combinação de mérito
humano e graça divina. Os calvinistas crêem que
a salvação é totalmente pela graça; contudo, hã um lugar
para boas obras no cristianismo, porém elas não
propiciam a salvação.
A Justiça como uma Dãdiva Não Estimula o Pecado
Romanos 6:1-11
O Significado do Batismo (6:1-7)
Paulo antecipou a objeção para sua declaraçao
em 5:20 de que, onde o pecado tem abundado, o
dom da graça tem superabundado, para superã-lo. O mais
leve mal-entendido de sua doutrina poderia conduzir
ã posição de que, se a graça de Deus assim abundou
sobre o pecado, por que não continuar pecando, de
modo a dar ã Sua graça a oportunidade de abundar sobre
tudo o mais? Esta conclusão é mais comum do que
com freqUência se percebe. As denominações, que continuam
a requerer o mêrito e realização humanos para a
salvação, baseiam seus argumentos nessa linha de racioclnio.
Rasputim, o monge russo, ensinou e exemplificou
a doutrina da salvação através de repetidas experiências
de pecado e arrependimento. Ele disse que aqueles
que pecam mais reauerem mais perdão.
Um pecador que continua a pecar com abandonamento goza,
cada vez que se arrepende, mais da generosa graça
de Deus do que qualquer pecador comum. 1
O conceito de que um salvo pode fazer moralmente
o que ele gosta é heresia. Esta doutrina pervertida
e conhecida como antinomianismo. Algumas vezes,
ela é racionalizada em argumentos expllcitos que justificam
ações imorais. Em outras ocasiões, os cristãos
falam de Cristo na maneira mais gloriosa e na
justiça, mas indulgem na imoralidade. Porque o problema
e tão prevalecente, muitas almas conscienciosas
procuram uma solução. Parece superficialmente que inculcar
leis estritas resolveria o problema. Infelizmente,
as leis podem ser pervertidas e mal-interpretadas.
Muitas vezes, aqueles que mais falam numa pureza
legal de vida são falazes e evasivos em suas vidas
pessoais.
Paulo tinha outra solução para o problema.
As observâncias legais farisaicas não tinham conduzido
ã ausência de pecado. A justificação pela fe não e
o esquecimento da moralidade cristã prãtica, mas na
verdade, é o prâprio fundamento para ela. Paulo apresentou
a justificação pela fê, porem ele não explicou,
para nosso beneflcio, tudo que a fe abrange .
.IJ. fê é melhor definida como o voltar para
Cristo em rendição confiante. Através da fé, o pecador
submete o controle de sua vida a seu Senhor. O
pecado é o resultado da tentativa do homem para controlar
sua prõpria vida, mas, na realidade, estã sendo
governado pelo poder do pecado. Um indivlduo deve
renunciar a vida sob o controle do pecado e receber a
Cristo, que controlarã sua vida. O renunciar a velha
vida de pecado é descrito como uma morte para o pecado
(v.Z). Se uma pessoa renunciou o pecado e morreu
para ele, como pode sua vida continuar a ser controlada
pelo pecado? (v.Z). Sua morte para o pecado e ilustrada
pelo batismo, que é o sepultamento numa cova de
ãgua (v.3).
O batismo é descrito como uma imersão em
Cristo, visto que a experiência da fé traz o indivlduo
ã união com seu Senhor (v.3). A justificação pela
fê é mais do que ser declarado justo; ela envolve o
tornar-se justo. O homem torna-se justo, sendo purificado
de seu pecado através do perdão e por uma união
espiritual com Cristo. A imersão em ãgua descreve
diversas verdades relativas ã experiência da salvação.
Sabendo-se que a ãgua é o agente purificador,
o batismo por imersão comunica o conceito de purificocão.
A ãgua lavarã a imundlcie da nele, mas não a
do coraçao. O sangue derramado por Cristo, aplicado
ao coração do homem pelo arrependimento e fe, limpa
o coraçao, e o batismo expressa a experiência.
A imersão em ãgua também descreve o sepultamento
numa cova de ãgua (v.4). Não somente a confissao
e o perdão são requeridos na experiência da conversao,
mas o renunciar ou o morrer para a vida de pe-
F.F. Bruce, The Epistle of Paul to the Romans, Vol.
6 de The Tyndale New Testament Commentaries (London:
The Tynda1e Press, 1963), p. 134.
90
cado é necessãrio também (cf. v.2). O batismo ilustra
o sepultamento da velha vida que era controlada pelo
1 pecado (v. 4) .
O batismo retrata também uma identidade e unidade
com Cristo (v.5); Cristo morreu pelos pecados;
o crente morre para o pecado. Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos e libertado da cova, para viver uma
nova especie de vida. O crente é erguido da cova de
âgua do batismo para andar em uniio com Cristo na nova
vida. A expressão de ser batizado em Jesus Cristo
(v.3) expressa uma união com Cristo, em que o Senhor
ressurrecto e vivo habita dentro do coração do crente.
Aqueles que estio " ... unidos a ele na semelhança de
sua morte ... ", estão tambem unidos com Ele na semelhança
de sua vida ressurrecta (v.5). Cristo foi levantado
dentre os mortos pela glória do Pai; ao crente
é dada a nova vida pelo poder do Espírito de Deus.
Por causa do novo poder habitando dentro do coração,
o crente pode viver ou andar segundo um novo modelo
de vi da (v. 4) .
A justificação pela fe envolve mais do que
uma transação legal objetiva por Deus. Subjetivamente,
requer uma renuncia da velha vida, em que o homem era
controlado pelo poder do pecado (v.6). Tambem significa
um encontro pessoal e união com o Cristo ressurrecto.
A vida torna-se nova em sua caminhada, porque o
homem não depende mais de sua própria força e feitos,
porem e controlado e nutrido pelo Espírito. Paulo apresentou
este aspecto de redenção mais completamente
no capítulo 8.
No versículo 6, Paulo especificamente declarou
que o velho homem, ou o "eu", que controlava a vida
foi .posto ã morte com Cristo; portanto, o velho eu
não estava mais vivo para controlar a vida do crente.
O pecado, como um poder personalizado, tinha uma esfera
de ação no velho eu. Depois que o velho homem foi
banido ou feito impotente, por não lhe ser mais permitido
controlar a vida da pessoa, o crente não e mais
escravizado ao princípio ou poder do pecado (v.6).
Enquanto uma pessoa tentar viver pela Lei, ela
serã derrotada, porque seu orgulho pessoal e egoísmo
são os fatores controladores de sua vida. O orgulho
faz a pessoa jactar-se das poucas coisas boas que
ela fez na vida e negar a multidão de coisas ruins
das quais e culpada. Recusa-se a admitir fracassos e
a necessidade de dependência de Deus. A humildade deve
substituir o orgulho antes que a conversio seja
possíve). Reconhecer e renunciar a velha vida de orgulho
e auto-interesse e morrer para seu controle e o
unico caminho para ser livre do pecado (v.7). E o orgulho
da pessoa que a faz depender de sua habilidade
para representar perfeitamente as obras da Lei.
E tambem o orgulho e o auto-interesse que fazem
a pessoa ceder a seus desejos de buscar uma vida
abundante. A pessoa deve abandonar esta velha maneira
de pensar e viver, antes que ela volte para a graça
de Deus a fim de que este o ajude. Ela deve tanto renunciar
a si mesma como incapaz e mã quanto confiar
a si mesma ã misericórdia de Deus pela fe. Somente
por rendição a Deus alguem pode tornar-se livre do pecado.
o Exemplo de Cristo (6:8-11)
Em contradição a muitos, que crêem que a moralidade
auto-efetuada é o caminho para uma vida religiosa,
Paulo mostrou uma visão muito diferente e
freqUentemente mal-entendida. Crê-se, muitas vezes,
que a Lei prepara para a graça e conduz a ela, porque
somente aquele que tenta cumprir os mandamentos da
Lei pode contar em receber a graça e o favor de Deus.
Esta atitude leva ao esforço para obter sucesso. Paulo
falou do posto: auto-abandono e renuncia, que é
descrita como morte (v.S). O homem criado por Deus
não pode ser bem sucedido espiritualmente através de
poder humano. Ele deve pedir ao seu Criador o poder
necessario para viver a nova vida. Seu maior empecilho
é sua recusa de morrer para o "eu" com Cristo, a
fim de ser capaz de viver com ele através do poder de
Deus (v. 8).
Embora Cristo fosse posto ã morte, ele nao
permaneceu na morte, porque o poder de Deus o levantou
dentre os mortos, para não morrer mais (v.9). Moody
explica este verslculopara dizer que a morte de
Cristo O tirou do velho domlnio do pecado e morte, e
que a sua ressurreição O trouxe ao novo domlnio da vida.
Antes de sua ressurreição, a morte podia "tornarse
senhora sobre ele", mas agora ele e o Senhor da vida.
l Enquanto Cristo vi.via na velha era, controlada
pelo pecado e morte, ele estava sujeito ã morte flsica
juntamente com a raça humana, com a qual ele foi
identificado. Esta condição existiu apesar de ele não
ter cometido pecado. Cristo tinha entrado na velha era
para identificar-se com o homem e salva-lo. Depois
que ele morreu para o pecado e foi levantado dentre
os mortos, tornou-se o primeiro da nova era em que a
morte não e o senhor. Atraves de sua morte e ressurreição,
Cristo tornou-se a cabeça de uma nova humanidade.
A fim de enfatizar a participação e união de
seu povo com ele, Cristo ê descrito como a cabeça, e
os redimidos, como seu corpo.
A luz da nova vida, que se tornou eficaz atraves
da morte e ressurreição de Cristo, o crente e
chamado a considerar ou avaliar que esta morto para o
pecado, porem vivo para com Deus em Cristo Jesus (v.
11). A palav.ra "considerar" ou "avaliar" é a mesma usada
em conexão com a fê de Abraão (4:3). Pela fe, o
crente aceita-se como morto para o pecado e vivo para
com Deus. Ser morto para o pecado significa que sua
vida não e mais que uma vida sob o domlnio de Deus no
novo Reino.
A Vontade Humana e a Graça
Romanos 6: 12-23
Em~ora o homem nao tenha o poder de guardar
a Lei, e C' d aceitar a justiça pela fe, ele tem a liberdade
d .scolher seu caminho de vida. A fé inclui
a atitud J homem que seleciona o objeto com que ele
compt :e sua vida. Deus não força o homem a ser
Dale MGody, Romans, p. 200
92
justificado pela fé, mas ele o convida a receber a
dádiva de justiça pela fé. O homem pode rejeitar a
dádiva de Deus e preferir continuar na velha era sob
o reino do pecado. O pecado como um poder de ação opera
no corpo mortal do homem (v.12). Mesmo ainda
que o corpo esteja sujeito ã velha era, ele sera ressuscitado
ã vida por Cristo na nova era. O corpo tem
paixões fortes, e se ao pecado é permitido controlar
o corpo, seus desejos serão entregues ao pecado e erros
serão cometidos.
Embora um indivlduo não tenha o poder para
viver perfeitamente segundo a Lei, por causa do pecado,
ele é capaz de escolher o controlador de sua vida.
Ele pode ceder ~s membros de seu corpo ao poder
do pecado, que os usara como instrumentos para cometer
injustiça, ou ele pode apresentar os membros de
seu corpo a Deus (v.13). Se uma pessoa reserva suas
habilidades e seu corpo flsico para si mesma, o pecado
assumira o controle e guiara a ações de injustiça.
Se apresenta suas habilidades e o seu corpo a Deus,
ela sera guiada em atitudes e ações justas.
O pecado pode tomar posse do homem ou controla-
lo, quando ele tentar guardar a Lei com sua
propria força (v.14). Quando uma pessoa esta sob a
graça, o pecado não pode controla-la. Pela fé, o homem
recebe a dadi va da graça de Deus, is to é, a dadiva
do perdão dos pecados através da morte de Cristo,
e a dadiva do Esplrito, que é o Senhor ressurrecto e
vivo. O Esplrito assume o controle de sua vida e da
orientação, produz desejos justos e força para fazer
a vontade de Deus e viver justamente. A pessoa que
realiza justiça pela graça de Deus, através da fé,
não vivera em pecado (v.15). A vida da pessoa sob a
graça não é auto-controlada nem controlada pelo pecado,
mas controlada por Cristo. A vida da pessoa que
tenta realizar justiça pela Lei, é auto-controlada e
torna-se controlada pelo pecado; portanto, ele falha
em apresentar o que a Lei ordena.
No verslculo 16, Paulo falou de o homem sob
a graça ser semelhante a um escravo que estã comprometidopara
a obediência.Emboranão tenha ele definido
a fé, explicitamente, como submissão ao Senhor, ele
o da a entender neste verslculo. Aparentemente,
Paulo não observou o homem como tendo liberdade fundamental.
Como uma criatura, o homem ou é submisso
ao seu Criador ou ao poder maligno do pecado, que invade
sua vida. O domlnio do pecado é mais poderoso
do que o do homem. Assim, ele se torna um escravo do
poder do pecado, que o recompensa com a morte, ou ele
voluntariamente submete-se como um servo ao Senhor,
o que resulta em justiça (v.16). Ser submetido
pela fé em Cristo resulta em obediência para justiça.
O homem sempre tem um senhor. Ele tem a escolha
de ser um escravo do pecado, um servo de Deus,
ou de liberdade individual. Jesus disse que todo aquele
que comete pecado é escravo do pecado (João 8:
34). Tambem Jesus deu a entender que o homem tem um
senhor: "Ninguém pode servir a dois senhores" (Hat.
6:24). O homem contemporâneo que reivindica liberdade
para si é desiludido e vive uma vida enganosa no
pecado. Declarar a independência de alguém da autoridade
e mandamentos de Deus não traz liberdade, mas
"scravidão.
A nova vida pela fe requer obediência do coração
a um padrão de ensino, a uma crença ou a uma
regra de conduta (v.17). A regra de conduta não se
torna uma Lei que o crente tenta realizar com sua própria
força, e, sim, um guia, que e seguido no poder
do Esplrito Santo. Quando aqueles escravizados no pecado
são libertos de seu cativeiro atraves da redenção,
eles se submetem, como servos, ã justiça (v.18).
Paulo admitiu que o padrão de justiça foi necessãrio
por causa da fraqueza da carne deles (v.19). "A libertação
do pecado não deixa alguem a seus próprios caprichRs
e pa~x?es; ela o ind~z a um~ nova obediência".
L Um COdlg0 de conduta nao exclul o coraçao.
Tal código pode somente ser realizado atravês da fê,
pela qual o Cristo que habita em nossos corações orienta
o cristão a viver de acordo com as êticas compatlveis
com a vida do Reino.
Muitos cristãos fracassam em viver de acordo
com a etica cristã, porque eles dependem da velha
vida, que estã sujeita ao controle do pecado. Quando
o cristão segue um novo padrão de ética pela fé, ele
recebe a graça divina e a força para viver por esse
padrão. A impureza e a ilegalidade resultam da fraqueza
da carne humana, mas a santificação é o resultado
de viver a nova vida no poder de Deus (v.19). Santificação
é o processo em direção ã perfeição, que elimina-
os pecados tanto da carne humana como do esplrito
humano. E o processo de ser separado do mundo para o
serviço de Deus.
Paulo continuou a analogia dos escravos, ilustrando
a vida da fê. Antes de receberem a nova vida
mediante a fe, os romanos eram escravos do poder
do pecado, pois eles não estavam sob o controle do poder
de Deus. Ate que a justiça, oferecida por Cristo,
foi recebida, eles não estavam no novo domlnio do Reino
de Deus; portanto, eles não estavam sob Sua regra
(v.20). Uma vez libertos da velha era ou velho domlnio,
eles foram trazidos para o novo domínio ou nova
era, sob o poder da justiça de Deus. Depois de experimentarem
as bênçãos da nova era, os romanos tinham-se
tornado cientes de que as realizações e empreendimentos
nos quais se tinham previamente empenhado não eram
de nenhum beneflcio para eles (v.21). Aquilo que
era procurado na velha vida conduzia ã morte. Os prazeres
do pecado e as atividades de auto-interesse,
fundamentalmente, não beneficiam a pessoa, mas a destroem.
As atividades e metas da nova vida sob o Esplrito
de Deus resultam no fruto de santidade, e a vida
eterna e o resultado final (v.22).
Paulo deu um sumário que é familiar a muitas
oessoas no versTculo 27. A velilJ vida de falsa liberdade
e pecado paga o salário da morte. O homem que
peca merece e ganha o salãrio do pecado, em contraste
com o dom gratuito de vida eterna, que vem como um resultado
de fé em Deus. O pecado e um pagador de morte;
Deus e doador da vida eterna (v.23). O dom gratuito
da vida eterna resulta da participação em Cristo nosso
Senhor.
2 Dale Moody, Romans, p. 202.
94
~..
(
í(
Romanós 7:1-6
A principio. parece estranho que Paulo argumentasse
que o cristão obtem a libertação da Lei. visto
que ela é uma expressão da vontade de Deus. Três
fatores devem ser lembrados. para se compreender a atitude
de.Paulo para com a Lei:
1. Para os fariseus. a Lei era mais do que
simples mandamentos. Ela tinha-se tornado
um sistema legalista e incômodo para se aproximar
de Deus.
2. Aqueles que reivindicavam o guardar a Lei.
realmente não a guardavam. mas. em sua auto-
justiça. se tornavam severos criticos
dos outros. especialmente dos gentios.
3. A Lei foi manifestada como um meio de salvação.
Era reivindicada para ser o caminho
a estabelecer justiça e ganhar aceitação
por Deus.
Paulo usou a analogia de morte para ilustrar
a anulação da Lei para o cristão. Ele introduziu a analogia
com a questão: "Ou ignorais. irmãos (pois falo
aos que conhecem a Lei). que a lei tem prejuizo sobre
o homem por todo o tempo que ele viver?" (v.l).
Paulo empregou o termo carinhoso "irmãos" e fez referência
a uma Lei de Moises que eles deviam conhecer.
Os Rabis ensinavam que a morte dã fim às obrigações
legais. De acordo com a interpretação deles. da Lei.
uma mulher divorciada que se casasse novamemte enquanto.
seu primeiro marido estivesse vivo cometeria
adulterio. Se. porem seu primeiro marido houvesse morrido,
ela estaria livre para se casar novamente sem
ser culpada de adulterio. A morte seria o meio pelo
qual ela obteria a libertação da Lei. A menos que seu
marido morresse, ela seria obrigada, pela Lei, a ser
fie1 a e1e.
O objetivo de Paulo era que, pela morte, uma
pessoa obtem a libertação da jurisdição da Lei. Com
relação aos cristãos, a morte com Cristo cuncede a libertação
da Lei (v.4). Ap 1icou-se a ana1ogia por causa
do conceito de duas eras de Paulo: a velha era.
com a qual a Lei estava relacionada e a nova era da
vida em Cristo. A pessoa deve morrer a fim de ser libertada
da antiga era da Lei e do pecado. Ela e levantada
dentre os mortos com Cristo, para participar da
nova humanidade da nova era. A Lei permanece tendo domínio
sobre aqueles da antiga era, mas aqueles que
morreram e ressuscitaram com Cristo foram removidos
do domínio da Lei, do pecado, da morte e da ira de
Deus para o Reino do dominio da nova humanidade em
Cristo. O novo reino e caracterizado. pela graça, pela
vida, pelo Espírito de Deus e pela união com Cristo.
A antiga era é caracterizada pela carne, pelas paixões
pacaminosas, pela Lei e pela morte (v.5).
Paulo fazia ideia de um poder maligno, o pecado,
trabalhando dentro do corpo e da mente do homem,
para influenciã-lo a fazer o mal. A influência
e tão forte que o homem, realmente, é controlado por
ela. Este poder controlador do pecado o influencia para
atividades que são condenadas pela Lei. e, desse
modo, produz o fruto da morte (v.5).
V-"'-"::'"~';'Navelha vida';'opecadoestã intimalllénte li,
gado ã lei. embora a lei não seja pecaminosq.ehJ ,si
prôpri q. O poder de ação do pecado usa a Lei tanto
quanto 'O corpo e instintos do homem. que são normalmente
bons. Por causa do poder do pecado. o homem acha
a lei repressiva e condenatória, ao invés de doadora
de vida. E necessãrio que ele morra para,a velha
vida, a fim de se descartar de sua derrotá pelo
pecado, ã medida que ele tentar obter justiça atraves
de guardar a lei (v.6). Depois que ele morre para
o velho caminho da vida (um renunciar, como futeis,
seus esforços para fazer justiça), ele é ressuscitado
para um novo mundo ou domínio do Espírito. Aquilo
que ele não pode fazer através de seus prâprios
esforços, torna-se possível na nova vida através
do Espírito de Deus.
Por que a Lei Fracassa
Romanos 7:7-23
Embora o pecado use a Lei no velho domínio,
a própria Lei não é pecaminosa nem errada. Ela expressa
a vontade de Deus; portanto, expressa o que é
certo e o que é errado, ou o que é justo e o que é
pecaminoso. A Lei claramente declara que o cobiçar,
segundo a Lei no reino do espírito, é errôneo (v.7).
Uma pessoa poderia cobiçar sem saber que a cobiça é
um erro, se ele não tivesse a Lei. Depois que ela e
instruída pela Lei de que a cobiça constitui um erro,
o cobiçar torna-se mais do que pecado. Torna-se
transgressão da Lei, que significa que a culpa e a
responsabilidade são acrescentadas ao pecado do homem.
O conhecimento da Lei adiciona culpa ao pecado;
portanto, o homem é justamente condenado pela Lei
quando ele a transgride. O cobiçar ê pecaminoso mesmo
ainda que o homem não saiba que é errado. O man,
damento que lhe diz que é errado torna-se a base pa;
ra a condenação ã morte (v.9).
No verslculo 8, Paulo falou do pecado como
um poder maligno que deseja destruir o homem. O pecado
não pode causar a condenação ã morte, enquanto ele
não perceber que estã fazendo injustiça: "porquanto
onde não hã Lei estã morto o pecado" (v.S). O pecado
exerce a sua maior eficãcia quando os mandamentos,
proi bi ndo ações, tornam-se conheci dos: "mas, as':
sim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu
morri" (v.9). O conhecimento do mandamento adiciona
culpa e responsabilidade, e deixa o homem inexcusãvelo
O mandamento faz com que o homem pecador mereça
justamente a condenação ã morte.
A Lei nao cria a natureza carnal do homem
ou paixões pecaminosas, mas a velha natureza pecaminosa
toma nova energia quando confrontada pela Lei.
Desde Adão, o homem herdou inclinações pecaminosas.
Ele tem fortes desejos para fazer aquilo que ê proibido
pelos mandamentos de Deus. Seus instintos têm
bons propósitos e são necessãrios para a perpetuação
do plano de Deus para a sua criação. Todavia, os instintos
e paixões carnais podem ser abusados e mal usados.
A Lei dã informação ao homem com referência
ao uso certo de suas paixões corpôreas. Nenhum problema
de pecado surge enquanto o homem expressa seus
instintos e paixões naturais dentro da esfera de a-
96
ção da Lei. O problema de tentação e pecado surge,
porque o pecado, como um governante poderoso, invade
o corpo e a vida do homem para estimular a expressão
de paixões alem de seus propósitos normais.
Aparentemente, Paulo tinha a teologia de Gênesis
3 como um segundo plano para suas observações
sobre o pecado, como um poder ou dominador que tenta
o homem. A serpente apareceu como o tentador de Eva,
para influenciã-la a desobedecer o mandamento especial
de Deus. O pecado e um poder maligno que trabalha
contra a Lei e influencia o homem a desobedecê-la.
Quanto mais o homem sabe a respeito da Lei, mais dissimulado,
astuto e poderoso se torna o desejo suscitado
pelo pecado para fazer aquilo que ê proibido pela
Lei. Paulo estava tentando explicar a razão por que o
homem racionaliza seus feitos, aquilo que ele deseja,
mesmo ainda que a Lei do V.T. o proíba. Embora a pessoa
saiba que o roubo, a mentira e a fornicação sejam
errados, ela raciocina com sua consciência: "Outras
pessoas o estão fazendo"; e, "Farã pouca diferença se
eu mentir, roubar, ou cometer adulterio apenas esta
vez: "
Os mandamentos ensinam ao homem o que e certo
e o que resultarã em vida (v.10). Os desejos e sentimentos
do homem são fatores mais fortes em controlã10
do qu~ seu conhecimento e raciocínio. O conhecimento
de um mandamento não o preserva de infrigi-lo, porque
suas paixões fortes o controlam. Paulo assinalou
que os desejos, intensificados pelo poder do pecado,
enganam o homem com respeito ao mandamento, e atraves
dele efetua sua morte (vv. 10 e 11). Atraves da racionalização,
o homem se engana, justificando seus desejos
de quebrar os mandamentos. Paulo atribui a errônea
perversão dos desejos, raciocínio e ações ao poder
do pecado.
A Lei em si mesma não e mã ou pecaminosa (v. E). "E o mandamento e santo, justo e bom" (v.12).
Par'ece
ilôgico que aquilo que e bom possa ser usadopara
perverter, derrotar e condenar ã morte (v.13). O próprio
mandamento não engana ou tenta destruir o homem;
ele aponta para a vida. Antes e o princípio do pecado
agindo dentro do homem que usa o mandamento para efetuar
a sua morte (v.13). O poder do pecado como a serpente
sutil e enganosa, usa o bem para efetuar seus
próprios fins - escravidão e morte. O pecado se apresenta
no fim como mortífero e destruidor (v.13). Deus
permitiu a Adão e Eva comer do fruto de cada ãrvore
do Jardim, exceto de uma. A serpente, astutamente, sugeriu
que, visto que Deus tinha permitido ao homem con"
2r do fruto das ãrvores. certamente haver"ia Douro
mal em comer do fruto de' todas as ãrvores. Usar aqui10
que Deus deu dentro de seu plano e benefico e deleitãvel,
mas não consiste somente em comer: Alem das
necessidades físicas do homem, e Deus quem dã os mandamentos
às suas criaturas. A vida não pode existir em
abundância separadamente de se reconhecer as ordens
de Deus tanto quanto as necessidades do corpo físico.
O pecado, constantemente, tenta influenciar o homem
para ignorar as ordens de Deus e para tentar satisfazer
à vida com aquilo que estã no âmbito daquilo que
foi cri ado.
A Lei indi ca o reino espi ritual. que\ e vital
ã existência e ao significado do homem. mas o principio
do pecado influencia o homem a buscar satisfação
no reino daquilo que foi criado (v.14). Por causa de
sua natureza carnal (seus instintos e desejos naturais
sob o controle do poder do pecado). o homem tornase
um escravo de suas próprias paixões (v.14). Estas
não são limitadas aos instintos ou paixões do corpo.
Os desejos. procedentes do orgulho. criam metas e ambições
egoístas. Em realizar estas ambições egoístas.
o homem pisa os direitos e os interesses dos outros.
Ele torna-se tão escravizado às suas próprias ambiç'oes
egoístas e preconcei tos de modo que pode até ainda
causar a morte de ovtrem. Esta foi a experiencia de
Paulo com referência a Estêvão. Paulo estava obsecado
pelo seu preconceito contra os gentios e pela sua ambição
egoísta de ser bem sucedido como fariseu. Aparentemente.
ele reconheceu que Estêvão realmente não
tinha blasfemado e não merecia a morte. mas a sua morte
foi o resultado do orgulho e preconceito do sinédrio.
Estêvão tinha-lhes contado que eles estavam errados.
mas o orgulho deles não lhes permitiu admiti10.
Paulo parece estar admitindo o estranho caminho
do homem no versículo 15. Ele assinala que o homem sabe
e tem o desejo de praticar a justiça. porém existem
dentro dele princípios que fazem com que ele não
faça o que ele sabe que é certo. Paulo desejou praticar
a justiça com respeito a Estêvão, mas ele acabou
fazendo a coisa que ele muito odiava - assassinando-o
(cf. v.15).
Dentro de sua própria mente. Paulo sabia que
o que a lei manda é bom e justo. Ele concordou que a
cobiça e o homicídio são errados. Contudo. ele admitiu
a culpa em cometer ambos (cf. Gãl. 1 :13.14; Atos
22:4). O homem interior, o vernadeiro eu, concorda
com a Lei. em que o que ela manda é bom (v.16); portanto.
nem o verdadeiro eu nem a Lei devem ser a fonte
das ações errôneas da pessoa. Visto que o verdadeiro
eu espiritual deseja fazer justiça, as ações errôneas
devem ser causadas por outro poder que habita no
homem (v.17). Este outro poder é o pecado, que atua
através da carne do homem (v.18).
O homem espiritual, criado à imagem de Deus.
deseja fazer o bem e guardar a Lei. Adão e Eva foram
tentados para conhecerem o mal pe 1a experi ênci a. Por
meio da desobediência, eles experimentaram o mal e receberam
um apetite para aquilo que é errado - a natureza
inferior ou o homem caído. A imagem de Deus ou a
natureza espiritual superior permanece no homem e deseja
o bem, mas a natureza carnal ou caída também es-
- pr~sente e torna-SE a esfera de operaçao para o
poder do pecado. O homem pecador é desintegrado
e frustrado. O pecado opera através de seus apetites
ou desejos para induzi-lo a conhecer o mal pela experiência,
e o pecado faz com que ele faça aquilo que
sua natureza. ã imagem de Deus, abomina (v.19). Então.
não é realmente o homem ã imagem de Deus que deseja o
erro, mas o homem caído, que tem uma natureza carnal
em que o pecado habita (v.20).
Paulo não declarou, explicitamente. que o homem
é composto de duas naturezas: o verdadeiro eu,
que deseja o bem, e o homem carnal. que deseja o mal.
Não obstante, existem, dentro de cada pessoa, os aspectos'
da natureza, ou esferas, que permi tem ou o
98
"..,.~<:,:--;,:;~:<.:.,.:~\
princípio do mal ou o Espírito de Deus operar.\O· con-
~ .ceito de Paulo a respeito do homem era diferente do
nosso,' tomando difícil, para nós, seguir sua linha..'"
de racipcínio. O homem contemporâneo vê a si mesmo como
independente e completo. Aparentemente, Paulo via
o-homem como uma criatura e, portanto, totalmente dependente
d~ poderes superiores. A vida do homem funciona
somente em relação a um poder superior; ele não
estã sozinho nem vive para si mesmo. Para o homem ser
completo e viver de acordo com o plano original, o poder
de Deus deve operar em sua vida. Visto que o homem
tem liberdade de escolha, há a possibilidade de
que o poder do mal possa operar em sua vida e influenciã-
lo a fazer o mal (v.21). O poder do mal tem seu
reino espiritual, no qual existe o homem enquanto ele
estã separado do poder de Deus. Contudo, permanece
dentro do homem interior o verdadeiro homem espiritual
(ã imagem de Deus) que alegremente coopera com a
Lei de Deus Cv.22).
No versículo 23, Paulo parece estar dizendo
que um poder estranho tinha invadido sua vida e lutado
contra sua natureza verdadeira, "... a lei do meu
entendimento". A "lei do meu entendimento" e o mesmo
que o "homem interior" (v.22), t o eu superior que
concorda que a Lei de Deus e boa (vv. 12,16,22). Um
diferente princípio guerreador e invasor empreeende uma
campanha contra o verdadeiro eu do homem. Como uma
criatura, o homem não tem dentro de si os recursos
para, com êxito, combater o poder invasor maligno.
Aparentemente, o capítulo 7 e a autobiografia
de Paulo. Na estrada para Damasco, ele achou a liberdade
do peso das tentativas legalistas para ganhar
justiça (vv. 1-6). t óbvio que os versículos 7-12 referem-
se ao período da inocência de Paulo, antes que
ele aprendesse a diferença entre o certo e o errado.
A doutrina protes tante, em que infantes e crianças
não são condenados ate que eles alcancem uma idade de
responsabilidade, é baseada nestes versículos. Esta idade
chega quando eles conhecem o erro, mas deliberadamente
o praticam.
Os estudiosos discordam quanto ao período da
vida de Paulo referido nos verslculos 13-20. Algu~s
crêem que ele estã falando de uma experiência precristã;
outros crêem que ele está descrevendo a vida
depois que ele se tornou um cristão. Provavelmente,
Paulo estava escrevendo as lutas e as tentações confrontadas
pelos cristãos. A natureza carnal não é erradicada
na conversão, mas deve ser posta ã morte diariamente.
O poder maligno continua a reinar e tenta
obter novamente o controle do cristão eor meio de sua
natureza carnal. Se o homem retornar a sua própria
força para guardar a Lei e obter justiça, ele passa a
ser controlado pelo princlpio do mal e se entrega a
seus desejos pecaminosos. Sua unica esperança, como
cristão, é viver pela fe; isto e, ele deve renunciar
a sua própria insuficiência e pecaminosidade, e
crer no Cristo que nele habita para que nutre e controle
sua vida.
Alguns cristãos crêem que, uma vez convertidos
e perdoados, eles estão livres da velha natureza
de pecado, e que se torna fãcil viver a vida cristã.
Eles tendem a voltar a uma dependência de sua própria
força e sabedoria, em vez de ao poder de Cristo que
neles habita. Paulo falou dos cristãos nesta condição
como sendo carnais, em contraste com os homens ~spirituais
(cf. I Cor. 2:15; 3:1-5). A luta com a natureza
mundana ou carnal e o poder do pecado não é limitada
ã experiência pré-cristã. O poder do pecado continua
seus esforços de invadir a vida do cristão a fim de
obter novamente o controle de sua vida.
A Esperança para o Homem Carnal
Romanos 7:24,25
Paulo considerou a vida cristã seriamente e
estava angustiado pelo fato de que ele freqUentemente
era derrotado por sua natureza carnal. Ele desejou
tornar-se um homem perfeito, segundo a imagem de Cristo,
porém foi honesto o bastante para reconhecer seus
desejos e motivos pecaminosos. Ao examinar sua própria
vida, ele se desesperou e exclamou: "miserâvel
homem que eu sou: quem me livrarâ do corpo desta morte?"
(v.24). A declaração expressa o reconhecimento
de sua própria insuficiência e incapacidade para agradar
a Deus. Ela revela que, se o homem é deixado entregue
a seus próprios recursos e capacidade para praticar
a justiça e guardar a Lei, ele estã sem esperança,
porque sua natureza carnal pode ser usada pelo
poder do pecado para produzir obras para morte.
A vida é sem esperança quando ela depende
do poder e feitos do homem em guardar a Lei para obter
justiça. Todavia, a vida não é sem esperança por
causa da graça de Deus em Jesus Cristo. Deus tem provido
uma salvação adequada através de Jesus nosso Senhor
(v.25). A salvação pela graça inclui não somente
o perdao de pecados, mas também um novo poder, que habita
o homem e orienta sua mente em cumprir a vontade
de Deus, expressa através da Lei. A velha natureza da
carne continua a estar sujeita ao poder do pecado, po-
'rém a vida da pessoa não é mais dominada pela velha
natureza ou velha soberania. O cristão morreu para o
velho homem e ressuscitou com Cristo, para participar
da nova humanidade sob seu reino ou controle. O cristão
desesperado pode, verdadeiramente, cantar a doxologia
quando ele compreende a plenitude da graça de
Deus em Jesus Cristo:
Introdução
Em Gãlatas 4, Paulo argumentou que aqueles
que estão sob a Lei estão realmente em escravidão,
mas aqueles que receberam a promessa pela fé estão
livres. Em Gãlatas, ele usou ilustrações diferentes
daquelas em Romanos, para assinalar a superioridade
da vida pela fé ã vida sob a Lei. Em Romanos 7, ele
chegou ã conclusão de que viver pela Lei é ser escravizado
pelo pecado e pelo velho modo de vida. No fim
de Gãlatas 4, ele concluiu que aderir ã antiga Aliança
é escolher a escr-avidão e perder a herança de
cristão. Ele continuou seu debate em ambas as Epistolas,
assinalando a superioridade da vida de fe ã
vida de legalismo. Pela fé, o homem vive uma vida de
vitória no Espirito. Sob a Lei, vive uma vida legalista,
que é escravizada pelo poder do pecado e é
caracterizada pela morte.
Um Apelo para Permanecer Livre
Gãlatas 5:1-12
Vantagens da justiça pela graça (5:1-6)
A religião sob a lei é completamente diferente
da religião pela graça. A justiça pela lei depende
dQs feitos e da bondade do homem. O poder do
pecado e a natureza carnal do homem o privam de realizar
a justiça. Por causa do orgulno, o homem não
quer admitir seu fracasso quanto a ter êxito em guardar
a Lei; portanto, ele se volta para uma vida de
dolo e hipocrisia. Inte:-iormeni:e, ele ê misETãvel e
estã condenado. Exteriormente, ele pretende ser justo.
A vista de Deus, ele estã condenado pela Lei,
que ele pretende guardar.
A justiça pela fé admite a indignidade, a
pecaminosidade, e a incapacidade do homem de ser justo.
Ele concorda com Deus (confissão) em que ê injusto
e indigno de salvação. Ele descobre a graça de
Deus a ele doada como uma dãdiva que é incapaz de ganhar
através de seus próprios feitos. Ele ê induzido
a depender do gue Deus faz e oferece, mais do gue daquilo
que ele e capaz de realizar. Sua dependencia,
104
procedendo de um reconhecimento de sua própria insuficiência
e pecaminosidade, e o que se chama fe. Essa
fe angaria a dãdiva de Deus para ele, a qual significa
que ele estã liberto da condenação e da luta
para obter a justiça por si mesmo, a qual ele não e
capaz de alcançar. Ele encontra liberdade e vitória
em Cri s to (v. 1).
Paulo apelou aos gãlatas para evitarem o retorno
ã escravidão sob a Lei. Ele avisou-lhes que,
se eles recebessem a circuncisão, Cristo não seria
de nenhu~ beneflcio para eles (v.2). Paulo disse aos
romanos que a circuncisão era um sinal (Rom. 4:11).
A declaração se baseia em Gênesis l7:l0·-e ss. A aliança
foi estabeleci~a e Abraão e seus filhos foram
circuncidados como "um sinal da aliança" entre Deus
e Abraão.
Impor a circuncisão aos gãlatas era tão serio,
ao ponto de significar que Cristo seria de nenhum
beneflcin para eles (v.2). O submeter-se ao ritual
queria dizer que eles estavam confiando na Aliança
para receber a promessa de Deus. Conforme previamente
notado, tal tipo de religião é incompatlvel
com a justiça através da fé em Cristo. Se um homem
se voltasse para a Aliança, simbolizada pela circuncisão,
ele estaria sob a obrigação de guardar a Lei
inteira com perfeição a fim de estabelecer uma justiça
que fosse aceitãvel a Deus (v.3). Voltando-se para
uma dependência de seus próprios esforços e habilidade
para realizar. a justiça, ele estaria fora da
justiça atraves da fé em Cristo; portanto, ele se
tornaria separado de Cristo (v.4). Ele abandonaria
a justiça de Deus provida pela graça e iria depender
de seus próprios feitos. Tornar da justiça como dãdiva
de Deus através da fé para uma justiça auto-realizada
através da Lei e "cair da graça" (v.4). A menos
que os gãlatas pudessem guardar a Lêi inteira, eles
não poderi am ser justifi cados pelo mei o da "Lei de
justiça". .
Paulo assinalou que, enquanto os gãlatas estavam
contemplando o estabelecimento da auto-justiça,
a justiça genulna tinha jã sido assegurada através
do Esplrito, pela fe, e eles estavam aguardando a esperança
que aco~panha a justiça {v.5). Aqueles que
buscam aceitaçao de Deus atraves de justiça legalista,
não estabelecem sua aceitação enquanto não tiverem
completado seu curso de vida. Através da graça,
Paulo tinha jã entrado na comunhão e aceitação
de Deus, e estava esperando para receber a plenitude
do que Deus tem prometido a seus filhos por adoção.
A justiça pela graça através da fé em Cristo
Jesus não depende da circuncisão nem da incircuncisão
(v.6). O judeu circunciso não é superior ao
gentio incircunciso. Embora a circuncisão não beneficie,
tambem não a incircuncisão. O gentio não tem
mais razão para acreditar em si mesmo do que o judeu.
A esperança de ambos, judeus e gentios, estã na fé
operando atraves do amor (v.6). O amor e o meio pelo
qual a fé se faz efetiva. O amor de Deus para com o
homem e a fonte da dãdiva divina de justiça que o homem
recebe atraves da fé.
, Paulo observou que os gãlatas estavam fazendo
excelente progresso em suas vidas cristãs, até que
eles foram impedidos (v.7). Ele deu a entender que o
empecilho veio de alguma fonte externa. Ele lhes assegurou
que não era Deus que queria que eles mudassem
do evangelho da graça para uma religião baseada na
Lei (v.8). Sua declaração acusou os judaizantes de irem
contra Deus, em persuadir os gãlatas a tornarem
de uma religião de fé em Cristo para uma justiça auto-
realizada e legalista. Sua declaração, "um pouco
de fermento leveda toda a massa" iv.9), dã a entender
que os judaizantes eram uma influencia para o mal. O
fermento geralmente simboliza o mal no N.T.
A declaração de Paulo, no versículo 10, indica
que os gãlatas ainda não tinham tornado da graxa
ã Lei, porém eles estavam sendo ensinados por alguém,
cujos ensinamentos os estavam perturbando. Ensinamentos
heréticos não estão limitados ao primeiro seculo.
Hã múltiplos ventos de doutrina hoje em dia, que desencaminham
os cristãos sinceros. O professor heretico
precisa lembrar-se de gue ele será julgado diante
de Deus por sua obra diabolica.
Aparentemente, Paulo foi acusado por alguns
de continuar a pregar a necessidade da circuncisão,
porem ele refutou a acusação, assinalando que ele não
teria sido perseguido se tivesse continuado a pregar
a necessidade da circuncisão (v.ll). Sua perseguição
veio dos judeus, que o acusaram de ser um traidor
e um reprobo (cf. Atos 21:28; 22:22 e ss.). E verdade
que Paulo concordou com a circuncisão dos cristãos judeus
como um costume nacional, juntamente com os outros
costumes judaicos. Não há evidência de que ele
nunca concordasse que mesmo os cristãos judeus devessem
ser circuncidados, como um sinal de entrada para
a Aliança, para realizar a salvação. A última é apar.
entemente,o que os judaizantes, na Galãcia, estavam
requerendo dos gentios. Evidentemente, estes judaizantes
aceitaram a Cristo como o Ungido de Deus, porem
eles criam que os requerimentos da Aliança eram essenciais
ã sua aceitação por Deus. A doutrina deles não
tinha lugar para a Cruz de Cristo como o meio de redenção.
A morte de Cristo (o Messias Ungido) era uma
pedra de tropeço para os judeus. Eles não esperavam
que o Messias de Deus fosse ser derrotado pela morte,
mas que fosse ser vitorioso. Na opinião de Paulo, a
Cruz era um meio de vitória sobre o pecado. Pelo derramamento
de seu sangue, Jesus tem expiado pelos pecados
dos homens. Os judaizantes criam que eles não precisavam
de exoiaçiio alem daouela orovida pelo sistema
cerimonial. E'les-estabeleceram sua justiça a'~raves de
guardar a Lei. Seus problemas consistiam numa incapacidade
de reconhecer seus pecados e ter um sacrifício
adequado para removê-los.
Paulo concluiu o apelo aos gãlatas com uma
declaração muito ousada (v.12). Ele sugeriu que aqueles
que estavam comprometidos com a incisão da circuncisão
deviam levar sua mutilação mais adiante - mesmo
ã castração, como procediam as religiões de mistério.
A iniciação ao sacerdócio do culto ã deusa CybeleAtis
envolvia um frenetico ritual de sacrifício, no
qual um homem eram emasculado.
106
Uma Posslvel Perversão da liberdade
Gãlatas 5:13-15
Na opinião de Paulo. não havia comparação entre
a nova vida de liberdade em Cristo e a velha vida
de cativeiro e escravidão sob a lei. A liberdade de
que Paulo falou não dã licença ao pecado ou ao libertinismo.
Paulo apresentou. em Romanos 6. os fatores
restringentes navida da graça. os quais são mais efetivos
do que as observâncias legalistas. Ele explicou
que a liberdade da nova "vida em Cristo não significa
que alguém pode abundar na pecaminosidade da carne.
porque ele morreu para a velha vida carnal. A graça
de Deus cria dentro do homem uma nova motivação. baseada
no amor (v.13). Paulo declarou que a nova vida
em Cristo capacita a lei inteira a ser cumprida na unica
palavra "amor". mas ele não fez ressalvas na declaração
(v.14).
A justiça legal faz com que alguém focalize
sua atenção sobre si mesmo e suas realizações. Isso
conduz ao modo egoísta de viver. que é oposto ã vida
de amor. A vida de amor é uma vida de interesse por
outra pessoa e uma disposição de sacrificar o auto-interesse
em benefício de outros. A unica maneira de uma
pessoa escapar da ênfase do eu. é a de receber a
justiça como uma dãdiva ~e Deus. em vez de depender
de si mesma para efetuã-la. Quando o homem é libertado
da necessidade de efetuar auto-justiça. ele tem a
liberdade para dar atenção aos outros e suas necessidades.
Ele não estã mais ligado ao requerimento de
servir aos seus próprios interesses. e. sim, tem a
liberdade para servir aos interesses de seu vizinho.
o que é a vida de amor. A pessoa que é forçada a efetuar
uma justiça legal, para ser aceita por Deus. luta
sob opressões e tensões. A pressão de sua vida conduz
a "morder" e "devorar" os outros (v. 15) .
o Espírito Dominando a Carne
Gãlatas 5:16-26
A luta entre a carne e o espírito (5:15-18)
A justiça pela Lei somente pode ser efetuada
se toda a Lei for guardada perfeitamente cf. 5:3).
Um segundo modo de realizar justiça é através da graça
de Deus. que envolve a vida no Espírito. Se os gãlatas
deixassem suas vidas serem reguladas pelo Espírito
de Deus, o que quer di zer "andar no Espírito", eles
não seriam controlados pelos seus desejos carnais
(v.16). Em Romanos 7, Paulo apresentou a natureza do
homem, ã imagem de Deus, que tem uma tendência para
fazer justiça e agradar a Deus. Ele também debateu o
aspecto da natureza humana que é a esfera da operação
do poder do pecado. Esta natureza carnal tende a perverter
os desejos retos e fazer com que os membros do
corpo venham a indulgir em atividades proibidas pela
vontade de Deus.
Os desejos do homem carnal sob a influência
do pecado, constantemente, lutam contra a verdadeira
natureza do homem, ã imagem de Deus. sob a influência
do Espírito Santo (v.l?). Paulo falou dos doisaspectos
da natureza do homem como sendo o espírito humano
(Rom. 1:9) ea carne. O espírito humano, que e b verdadeiro
homem interior, e dominado pelo Espírito de
Deus, é a carne, que e o aspecto da natureza do homem,
resultante da queda, e dominada pelo pecado. A
carne do homem abrange o orgulho, o auto-interesse e
um espírito de independência. O espirito do homem e
caracterizado pela humildade, dependência e um desejo
de fazer justiça. A natureza carnal do homem dominarã
sua vida, a menos que ele ande no Espírito pela fe.
A carne tem desejüs tão fortes: "para que não façais
o que quereis" (v.l7). O unico meio para o homem evitar
ser controlado por suas cobiças (desejos desordenados)
é ser conduzido pelo Espírito (v.18). Ser conduzido
pelo Espírito significa que o homem não estã
tentando a justiça auto-realizada sob a Lei.
A Vida na Carne (5:19-21)
Paulo apresentou os feitos da carne como
sendo de três categorias: erros sexuais, adoração
pervertida e relações sociais iníquas (vv. 19-21). Os
erros sexuais são as mais evidentes "obras da carne",
por causa das paixões e envolvimento do corpo. A "imoralidade"
abrange o adultério, a fornicação e a homosexualidade
- relações extra-maritais,relações prémaritais
e relações sexuais pervertidas. A "impureza"
também é associada com erros sexuais. A "libertinagem"
refere-se ao desenfreamento total das relações
sexuais. O vício sexual de toda espécie prevaleceu no
paganismo. Estes erros são serios porque eles são ofensas
contra a própria vida. Eles destroem o lar,
que é unidade social bãsica. Quando o lar deteriora,
as unidades mais amplas da sociedade são ameaçadas,
mesmo o governo.
John MacGorman faz diversas declarações relevantes
e significativas ã respeito da tendencia moderna
com relação ao sexo.
r inconceblvel que, em nossos dias,
existem lideres nas maiores denominações
... que parecem tender a redefinir
o adultério, a prostituição
e a homosexualidade como frutos do
Espírito: Com frases altivas sobre
o amor como o único estado permanente,
e de cada nova situação ser um
contexto em que se deva determinar
o certo ou errado da conduta sexual
pré ou extra-marital, eles parecem
determinados a obliterar a muita
consciência que no inicio o cristianismo
estabeleceu com tanta dificulOiC2.
Eticas de situação, muitas vezes,
também significam imoralidades
seletivas.l
A imoralidade e os relacionamentos SOClalS
degradados resultam de adoração pervertida. Quando o
homem negligencia ou torce a adoração de seu Criador,
ele se engrandece como sendo o seu próprio deus, que
aprova seus desejos pecaminosos. "Idolatria" é a substituição
do C~iador do homem por um deus, criado pelo
homem. Visto que o homem cria o idolo, ele é maior
do que o idolo e torna-se sua própria autoridade fun-
1 John W. MacGorman, Gal~tians, p.118
108
damental. o homem fazer-se a· autoridade fundamental
de suás ações resulta em justificar seus desejos e impulsos
imorais, "Bruxaria" é a prãtica de artes mãgicas
em·conexão com a idolatria.
Os relacionamentos sociais são prejudicados
pelos pecados do espírito. "Hostilidade" refere-se a
animosidade e rixas pessoais, e é o oposto do amor.
"Porfia" refere-se ã discõrdia, envolvendo o escolher
um dos lados. "Inveja" é o desejo sequioso de possuir
qualidades que trazem sucesso aos outros. Inclui ser
invejoso da atenção dada a outros e ser crítico das
faltas ou fracassos daqueles que são mais talentosos
do que si prõprio. "Iras" são ataques de raiva. "Egoísmo"
estã preocupado com o louvor pessoal e o autointeresse,
a ponto de ignorar as necessidades dos outros.
"Porfia", ou "dissensões", significa manobrar
os outros para o benefício do eu e representa um homem
contra outro para exaltar o eu. As divisões que
se cristalizam em indivíduos, ou "heresias".
A lista termina com dois pecados da carne
que afetam tanto ao indivíduo como aos outros. A embriaguez
é um pecado contra o prõprio corpo de alguém
e, freqUentemente, conduz a prazeres ou orgias. Paulo
avisou que aqueles que indulgissem em outros pecados
do espírito ou da carne não herdariam o Reino de Deus
(v.2l). A salvação pela graça não dã licença ã carne.
Esta lista de pecados e o aviso de que aqueles que os
cometem não podem entrar no Reino de Deus excluem uma
interpretação antinomiana dos ensinamentos de Paulo.
Uma justiça ~ela graça, ã parte do guardar a Lei, não
significa que um cristão pode viver imoralmente.
Fruto do Espírito (5:22-26)
As ações daqueles que andam no Espírito são,
acentuadamente diferentes das obras da carne. Paulo
tinha, previamente, perguntado aos gãlatas se eles haviam
recebido o Espírito pelas obras da Lei ou pela
fé (3:2,3). O Espírito que habita na vida do crente
produz fruto. O homem é a fonte do fruto de sua vida
quando ele procura estabelecer sua prõpria justiça
por guardar a Lei; porém o Espírito é a fonte do fruto
produzido na vida do cristão.
Jesus declarou que da pessoa é requerido amar
a Deus e a seu vizinho. Muitos cristãos tornam-se
angustiados por se sentirem incapazes de cumprir este
mandamento. Eles não descobriram que o amor é o fruto
do Espírito, e ndo uma virtude originada-3e seus próprios
esforços. Deus é amor, e seu Espírito é o amor
habitando dentro do coração do crente. Quando o Espírito
controla a vida do crente, as atividades do amor
são naturais, porque elas vem do Deus de amor que mora
dentro do coração do crente.
O amor é um interesse pelo bem-estar dos outros
mais do que pelo seu próprio. Aproximadamente reqluaetivgoraçaao.
amGoorzo é reoa fOznoa, viudmaa épaloavfrrautocomde asamcersimfaicarraiz
se para sofrer as necessidades dos outros. Paz também
é aproximadamente relativo a estas virtudes~ verdadeira
paz é obtida somente quando o homem e liberto
de sua carga de pecado, e experimenta o contentamento
em fazer a vontade de Deus. A paz e mais do que a ausência
de guerra ou porfia. Aos hebreus, ela denotou
\
a prosperidadecto homem todo e, particularmente, a
p~asperidade espiritual. O homem que estã alienado
de Deus pelo pecado não tem paz. A reconciliação restaura
a paz com Deus.
A longanimidade estã, pacientemente, suportando
sob a provaçao o constrangimento muito prolongado
da alma de ceder ã paixão. especialmente a paixão
da cólera. A benignidade significa salubridade e
benevolência. E uma dlsposiçao afãvel para com o próximo.
A bondade é uma virtude mais severa do que a
benignidade. Ela apresenta um zelo pela verdade, que
repreende, corrige e castiga.
A fé é uma confiança total em Deus. Através
da fé, o homem sabe que Deus estã disposto e que é
capaz de fazer o que Ele promete. Pela fé, o homem
depende do poder de Deus para obter vitória, mais do
que de sua própria força e feitos. A mansidão significa,
primariamente, ser compassivo e gentil. E o oposto
de impetuosidade. A mansidão cristã estã baseada
na humildade. Não é uma qualidade natural, mas uma
conseqtlência da natureza renovada. Implica submissão
e estã disposta a aceitar os procedimentos de
Deus sem murmurio ou resistência. A mansidão para
com o homem aceita oposição, insulto e provocação. A
pessoa mansa suporta pacientemente a contradição de
pecadores contra si próprio, perdoando e restaurando
a pessoa que erra. Temperança significa auto-controle
de paixões e desejos.
A Lei é totalmente incapaz de produzir estas
atitudes. Ela simplesmente aponta aquilo que é
certo e dissuade dos feitos errôneos, ameaçando castigo.
A pessoa habitada pelo Esplrito tem dentro de
si a lei espiritual e o poder do Esplrito, que produz
o fruto de justiça. Ela evita o que a Lei prolbe,
e faz o que Deus deseja. Sua atitude considera qualidades
que caracterizam a natureza divina, porque Deus
;habita nela e controla sua vida através do Esplrito.
O fruto de sua vida é o fruto que o divino Esplrito,
que controla sua vida, produz. A velha vida da carne
- paixões, desejos, auto-interesse e orgulho - foi
posta ã morte com Cristo, e não mais controla a vida
do cristão (v.24). Esta idéia é declarada mais completamente
em Romanos 6:2-7. A pessoa que encontrou
nova vida através do nascimento do Esplrito deve tambem
andar, ou viver, diariamente sob o controle do
Esplrito (v.25).
Andar no Esplrito, ou andar na linha (ordenadamente),
não e motivo para o homem se jactar, porque
não é realização do homem (v.26). A tentação de
ser cCf~:eituado, por causa de possuir UnlJ legrtima
reivindicação de honra, é substitulda por um reconhecimento
de que a honra pertence a Deus. A jactância
provoca os outros e causa-lhes inveja. Uma atitude
humilde, que dã glória a Deus por uma vida ordenada
e justa, evita o despertar da porfia.
Vitória Através do Esplrito
Romanos 8:1-17
Liberdade da Condenação (8:1-4)
Antes de Romanos 8, Paulo tinha usado a pa-
110
lav~a grega para Espírito quatro vezes. Neste capítu10,
a palavra é usada vinte vezes. Romanos 8 é; aprôximadamente,
relativo aos pensamentos de Galatas 5:
13 e ss.
Depois que Paulo começou a falar a respeito
da vida no Espírito, não ha mais conversa sobre derrota.
A guerra entre as duas naturezas continua; mas
onde o Espírito Santo controla, a velha natureza é
compe1ida a dar o fora. Romanos 7 enfatiza a vel~a natureza
na luta, mas Romanos 8 volta-se para uma enfase
na vitória que ocorre por viver no Espírito. Romanos
7 termina com a questão de Paulo, de como o velho
dominio do pecado e morte pode ser vencido, sabendose
que o homem não tem força dentro de si. Ele respondeu
ã sua questão, declarando que a vitória é possive1
através âe Jesus Cristo, nosso Senhor. A velha
natureza da carne permanece sujeita ã velha ordem dominada
"pela lei do pecado" (o poder contro1ador do
pecado). Embora sua carne permanecesse sujeita ã lei
do pecado, Paulo achou libertação da velha ordem porque
ele não andaria (viveria diariamente) na carne.
Visto que ele não vivia na carne, ele não seria condenado
(não continuaria na servidão do pecado), "Portanto,
nenhuma condenação hâ para os que estão em Cristo
Jesus" (v.l). Portanto, sua vitória sobre o corpo da
morte ocorreria por estar em Cristo.
Paulo assinalou que os requerimentos (lei)
do Espírito, que da vida (Espírito da vida) em Cristo
Jesus, o tinham libertado da Lei do pecado e da morte
- espécie de lei(v.2). A Lei de Moisés é relativa ao
pecado e ã morte, mas não tem o poder para dar vida.
Ela fracassa por causa da natureza carnal do hon~m
(v.3). Deus efetuou através de seu Filho o que a Lei
fracassou em fazer. Deus envi ou seu Fi 1ho, na "semelhança
de carne pecaminosa", como uma oferta pelo pecado.
Paulo não disse que Cristo veio na "carne de pecado",
porque isso O teria representado como participante
do pecado. Ele apareceu num corpo de carne caracterizado
pelo pecado. Ele veio para habitar na mesma
carne que o pecado controlava. Ele condenou o pecado
na carne, isso é, Jesus entrou no esconderijo do
pecado e o derrotou, não cedendo a ele, embora Ele habitasse
na mesma carne fraca em que o pecado veio a
habitar (v.3). "E por causa do pecado", freqUentemente,
é traduzido para significar sua obra de expiação,
pela qual Ele condenou o pecado "como uma oferta de
pecado". A frase também poderi a ser traduzi da: "E por
causa do pecado, na carne condenou o pecado." r Jesus provou que a carne não precisa ser
controlada
pelo poder de ação do pecado. Visto que Jesus
não cedeu ao pecado, a vida que ele controla pelo Espírito
cumpre os justos requerimentos da Lei (v.4).
Se o homem anda segundo a carne ou depende de sua força,
ao invés do poder do Espírito, Ele não cumprira
os requerimentos da Lei. O carater santo de Cristo
tem provado que o pecado pode ser destronado na carne,
mas deve ser pelo Seu poder.
O Contraste das Duas Maneiras de Viver (8:5-8)
"Pois os que são segundo a carne ... " - isso
é, aqueles que omitem Deus e dependem de sua própria
força - são carnais em seus pensamentos (v.5). "mas
os que são segundo o Espírito" - isso é, aqueles que
.,. . \
convidam a Cristo OÚ ao Espírito para controlã-·los são
espirituais em seus pensamentos (v.S). A maneira
de pensar caracterizada pela carne é a morte, mas a
maneira ae pensar caracterizada pelo Espírito traz
vida e paz (v.6). Não somente a maneira carnal de
pensar deixa Deus de fora, mas é hostil e oposto a
Deus (v.7). t a experiência de Eva, que rejeitou o
mandamento especial de Deus, a fim de controlar sua
própria vida e fazer as coisas de que ela se agradava.
Esta maneira carnal de pensar não se submete aos
mandamentos de Deus (lei). A submissão é uma oposição
ã natureza carnal; portanto, a maneira carnal de
pensar não e capaz de submeter-se aos mandamentos de
Deus (v.7). t evidente que a natureza carnal não pode
agradar a Deus (v.8).
O Habitar do Espírito (8:9-11)
Paulo tinha apresentado dois modos de viver:
uma vida caracterizada pela carne e uma vida caracterizada
pelo Espírito. Se era verdade que o Espírito
de Deus realmente habitava nos romanos, eles tinham
entrado para a nova ordem do Espírito. Eles não estavam
mais na velha ordem da carne, do pecado e da morte.
Eles ainda viviam num corpo de carne, porem não
eram controlados pela mente da carne (a maneira carnal
de pensar).
Paulo deu a entender a deidade de Cristo por
primeiro falar do Esplrito de Deus", e, então, referindo-
se ao Espírito como "o Esplrito de Cristo" (v.
9). O Espírito de Cristo passa a habitar no crente na
hora em que ele recebe a Cristo pela fe. João falou
da experiência como sendo nascido de novo (cf. João
3:3). A menos que o Espírito de Cristo habite dentro
do indivíduo, para controlã-lo, este indivíduo não
pertence a Cristo. A possessão do Espírito e essencial
e não algo extra para o cristão. O versículo 9 fa'
la do Espírito de Deus habitando no crente. A frase
seguinte refere-se a Ele como o Espírito de Cristo. O
verslculo 10 declara que ê Cristo que habita no homem.
Cristo não e, explicitamente, identificado como
o Espírito, mas as funções de um são atribuídas a ambos.
O corpo continua a estar sujeito ã morte (no
domínio da morte) por causa do pecado, mas ao espírito
do homem foi dada nova vida por causa da justiça
atraves da fe (v.10). O corpo não permanecerã na velha
ordem da morte, porque o Espírito de Deus, que
levantou Jesus dentre os mortos, darã vida aos "corpos
mortais" daqueles que são habitados pelo Espírito
(v.ll). O mesmo Espfrito que leVdlltoL Jesus dentre
os mortos habita no cristão. Cristo foi as primlcias
da ressurreição e os cristãos serão a colheita plena
(I Cor. 15:23). Paulo declarou que o corpo mortal se
revestirã de imortalidade (I Cor. 15:53). O corpo
mortal tem participação no corpo do pecado, mas não
se constitui do mesmo. Estã destinado a ser redimido,
e não destruldo.
O Significado da Vida no Espírito (8:12-17)
Visto que o cristão foi liberto do domínio
da morte, ele e obrigado a viver para Deus (v.12). Aqueles
que tentam efetuar justiça através da Lei es-
112
tão comprometidos com uma especie mundana de vida.
Porem omitir Deus e depender da carne conduz ã morte
(v.13). "Pois quando estãvamos na carne, as paixões
dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos
membros para darem fruto para a morte" (7:5). Os
cristãos não vivem segundo a carne, mas crucificam a
carne com suas paixões e desejos (Gãl. 5:24). Os feitos
pecaminosos do corpo são postos ã morte, por não
permitirem a natureza carnal estar no controle. Isto
pode ser feito somente atraves do Espírito (v.13).
Ser conduzido pelo Espírito de Deus significa
ser um filho de Deus .(v.14). Ser feito um fi lho
significa ser liberto da escravidão sob a Lei. Enquanto
servindo sob a Lei, o escravo vive no temor
de infrigí-la e ser condenado por seus erros (v.15).
Possuir o Espírito de Cristo significa pertencer a
Cristo (v.9). Possuir o Espirito de Deus significa
ser um filho de Deus (v. 14). O nascimento espiritual
como um filho de Deus não e pela carne ou descendência
~ísica, mas o Espírito coloca um determinado indivíduo
na posição de filho (adoção). A lei romana
declarava que, pelo processo de adoção legal, o herdeiro
escolhido tornava-se outorgado ã propriedade,
ao status civil, e aos direitos do adotante. Ser adotado
como um filho de Deus significa entrar para a
comunhão íntima com ele, e receber as bênçãos de sua
promessa. O crente recebe o Espírito de Deus e nasce
para seu Reino.
A afinidade íntima com Deus e expressa na
exc 1amação de profunda emoção: "Pai:" (v. 15) . Ambas
as palavras, o aramaico abba e o grego pater, são dadas
para pai. ---- -----
Os filhos adotivos recebem a segurança de
sua herança. Quando um indivíduo crê e nasce do Espírito
ele tem uma segurança interior de que foi aceito
por Deus (v.16). O Espírito Santo testifica, com
seu espírito (seu íntimo sendo de compreensão e emoção),
que ele é um filho de Deus. Um filho experimenta
a afinidade íntima com seu pai. O crente também é
um herdeiro (v.17). O herdeiro herda os bens do pai.
Cristo é herdei ro por natureza, mas a lei romana
fez os filhos adota dos iguais com os filhos naturais;
portanto, os filhos adotivos de Deus são co-herdeiros
com Cristo. Os co-herdeiros com Cristo devem partilhar
a vida com o herdeiro natural, que quer dizer
sofrer com ele tanto quanto s~r glorificados com ele
(v. 17).
A Gl~ria em Abund~ncia para os Herdeiros Adotado:
Romanos 8:18-30
A Criação terã parte na gl~ria (8:18-25)
Paulo continuou seu contraste entre a velha
era de cativeiro sob a Lei e a nova era de liberdade
sob Cristo. A velha era é caracterizada pela Lei,
pecado e morte. O pecado tem causado sofrimento e
morte.
A visão de Paulo de que toda a criacão tem
sido afligida por causa do pecado do homem, éstã baseada
em Gênesis 3. Uma maldição foi colocada sobre
a terra por causa do pecado de Adão (Gên. 3:17 e ss.).
,
o homem pecador deve 1utar contra as condi ções' adversas
na natureza para ganhar o pão: 10 ••• maldita é a
terra por tua causa; em fadiga comerãs dela todos os
dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos;
e comerãs das ervas do campo (Gen. 3:17,18). O
pecado de Adão também fez com que a morte entrasse
no mundo: " ... ate que tornes ã terra, porque dela
foste formado; porquanto és põ, e ao põ tornarás"
(Gen. 3: 19).
A redenção, que Deus provê através de Cristo,
tem invertido a aflição causada pelo pecado de
Adão. Os filhos que Deus adotou, os quals foram redimidos,
entraram para a nova era, mas não possuem a
plenitude de sua glõria (v.18). Eles continuam a sofrer
um pouco da aflição do "tempo presente", porque
a redenção de Deus não será completada até que Cristo
volte e ressuscite os mortos. A glória plena do
que Deus tem em abundância para seus filhos por adoção
será manifestada na volta de Cristo. As aflições
temporãrias sofridas pelos filhos de Deus durante a
época presente são incomparãveis com a glória que serã
deles na vinda de Cristo (v.18). "Glória" referese
ã majestade de Deus e ao esplendor da vida reservada
para seus filhos.
A criação não-racional foi envolvida no pecado
àe Adão, embora não seja culpada ou responsãvel
pelo pecado, de acordo com Genesis 3. A parte não-humana
da criação junta-se ao homem em desejar, ansiosamente,
a glória plena da restauração de Deus. Gênesis
declara que o mundo foi criado bom, mas o pecado
de Adão fez com que o mal entrasse. A excelencia
da criação de Deus serã restaurada no tempo da "revelação
dos filhos de Deus" (v.19).
A Authorized Version (Versão Autorizada)
traduz a palavra ktisis como "criatura" nos versos
19,20 e 21. A mesma palavra aparece no verslculo 22
e é traduzi da como "criação". A RSV* traduz todas as
quatro como "cri ação" e a NEB** vari a entre "uni verso
cri ado" e "uni verso". Hã uma pequena questão de
que Paulo estava se referindo ã existencia criada, alem
da de que o homem participarã da glória dos filhos
de Deus. O esplendor da Igreja como o meio de
comunhão do reconciliado jã teve seu inlcio, porem
" ... agora vemos como por espelho, em enigma, mas então
veremos -face a face; agora conheço em parte, mas
então conhecerei plenamente, como também sou conhecido"
(I Cor. 13:12). Toda a criação estã esperando ansiosamente
(observando com a cabeça erguida ou estendida;
por conseqüência, esperando em suspense), e esperando
pacientemente pela glória plena da redencão
uç ueus.
Quando a terra foi amaldiçoada pelo Criador
por causa do pecado do homem (cf. Gen. 3), a criação
cessou de cumprir seu propósito original e tornou-se
vã ou sem meta (v.20). A criação não foi responsãvel
pelos erros que provocaram a maldição e nem esta ocorreu
por sua vontade, " ...mas por causa daquele
que a sujeitou" (v.20). Deus sujeitou a criação ã
frustração e futilidade, a fim de fazer com que o homem
pecador reconhecesse sua dependência do Criador.
*-
** -
114
Revised Standard Version (Versão Padrão Revisada)
- N. T.
New English Bible (Nova Blblia Inglesa) - N.T.
Tudo ,;da natureza, que foi cri ado bom foi frustrado
pelo pecado, mas a derrota do pecado significará a redenção
da natureza. Esta restauração virã no tempo da
" ... liberdade da glõria dos filhos de Deus" (v.2l).
A atual condição da criação e descrita como
uma mãe experimentando a dor do parto. O homem e a natureza,
"conjuntamente, geme e estã em dores de parto
ate agora" (vv. 22 e 23). Embora o homem continue a
experimentar os sofrimentos do pecado, o homem redimido
experimenta um gosto antecipado do esplendor da redenção
de Deus. O Espírito que o habita e "a primícia"
da redenção de Deus (v.23). O homem, que foi derrotado
pelo pecado, experimenta o perdão do pecado e a
vitõria sobre ele atraves da morte de Cristo e do poder
do Espírito que o habita. "Aguardando a nossa adoção"
refere-se ã mani festação exteri or de adoção. O
homem redimido continua a sofrer algumas das conseqaências
do pecado, como a morte do corpo. Todavia,
ele pacientemente, gemendo, aguarda a vitõria plena,
quando o corpo serã ressusci tado ("a redenção do nosso
corpo" - v.23), o que significarã vitõria completa
sobre o pecado e a morte. A ressurreição corpõrea e
parte da redenção de Deus, atraves de Cri s to, ·sobre
as forças do mal, porém ela é futura e, presentemente,
deve ser possuída pela esperança (v.24).
O novo homem deve continuar a viver pela fé
nas promessas de Deus. A ressurreição é parte da redenção
prometida por Deus. A esperança da ressurreição
faz com que o redimido espere pacientemente, no
meio das provações presentes e sofrimentos, pela glõria
plena que Deus tem prometido (v.25).
Vitõria no Poder de Deus (8:26-30)
Embora a glõria plena e a vitõria sejam futuras,
o homem não deixa de saborear dessa glõria presente.
O Espírito dã força e orientação na falta de
firmeza (fraqueza) e ignorancia do homem (v.26). Embora
o homem que vive pela fé não tenha experimentado
a vitõria final sobre o pecado e a morte, ele experimenta
um sabor da glória final e um grau de vitória.
O homem, cuja libertação da velha ordem não
estã completa, não tem o conhecimento pleno do propósito
de Deus nem a força para focalizar sua mente na
perfeita vontade de Deus. Suas fraquezas são compensadas
pelo Espírito, que faz intercessão por ele segundo
a perfeita vontade de Deus (v.26). O Espírito conhece
a perfeita vontade de Deus, porque ele conhece
a mente de Deus (I Cor. 2:10 e ss.). Quando o esplrito
do homem estã em harmonia com o Esplrito de Deus,
as palavras podem ser insuficientes, mas os gemidos
inexprimíveis, profundos, em seu coração, são compreendidos
pelo Esplrito (v.26). O Espírito é capaz de
apresentar os gemidos do verdadeiro homem interior diante
de Deus, sabendo-se que Ele habita dentro do homem
e compreende a natureza superior do homem. O Espírito
também conhece a mente de Deus, e desse modo a
vontade de Deus, e Ele é capaz de fazer as petições
pelo homem, diante de Deus, que estão em harmonia com
a vontade de Deus (v.2?).
Visto que a nova vida do homem é efetuada
pelo poder de Deus e a orientação do Espírito e segundo
a vontade de Deus, o homem pode estar assegurado
de que experimentará novo significado e propósito
em sua vida (v.28). Embora o pecado e a morte continuem
a afligir o homem redimido, Deus é capaz de
transformar mesmo os sofrimentos e aparentes derrotas
em bem para "aqueles que amam a Deus". Paulo tinha
convicção segura de que quando Deus, ao invés do pecado,
está encarregado da vida do homem, o propósito
de Deus será realizado. Ser "chamado segundo seu propósito"
é a obra do Espírito de Deus, que convence do
pecado o homem e .coloca um anelo em seu coração para
fazer a vontade de Deus. Paulo partiu para a liberdade
e resposta humanas, declarando que Deus opera com
aqueles que o amam.
Nos versículos 20 e 30, Paulo apresentou as
obras de Deus que efetuam seu propósito para com o
homem. Estas obras podem ser completadas nas vidas daqueles
que o amam. O Espírito Santo, continuamente, opera
na vida do homem para efetuar o propósito de
Deus para com o homem. a amor de Deus iniciou suas obras
de redenção antes que o homem respondesse ã graça
de Deus pela fe. Deus provê toda a obra necessãria
para a salvação, porém o homem deve responder ã graça
de Deus. A responsabilidade do homem para obter a salvação
não inclui merito ou justiça auto-realizada,
contudo, o homem tem a liberdade e e responsãvel por
dizer "sim" ou "não" ã dãdiva da graça de Deus.
a propósito de Deus para com o homem e restaurã-
lo "ã imagem de seu Filho" (v.29). No inicio,
Deus fez o homem ã Sua imagem. a pecado torceu essa
imagem, fazendo com que ela precisasse de restauração
ã sua pureza. Antes que o homem conhecesse a Deus,
Deus o conhecia. Conhecer e amar são termos aproximadamente
relativos. Deus conheceu o homem e o amou enquanto
ele estava no cativeiro do pecado. Baseando-se
no conhecimento e no amor, Deus predeterminou (predestinou)
que a imagem do seu Filho fosse formada no ho-
'mem. A predestinação e o plano definido de Deus para
prover a salvação do homem e trazê-lo ao ponto de
corresponder a ela pela fe. Visto que Deus provê a
salvação, ela ê sua dãdiva. Como uma dãdiva de graça,
o homem não a merece, porem pode ser recebida por ele.
A determinação (predestinação) de Deus, baseada
em sua presciência (conhecimento intimo ou amor),
era formar dentro do homem "a imagem de seu Filho"
(a imagem original de Deus no homem). Seu plano
determinado requereria que o homem pecador fosse "chamado"
ã salvação que Cristo proveu através de sua morte.
Chamar é a obra do Espirito, pela qual o pecador
é convencido "...do pecado, da justiça e do juizo"
!Jo~o 16:8). Somente ouandn o npcador ~ convencido cela
Espirito Santo, ele §stã pron~o para voltar-se da
pecado e de seus proprios esforços para realizar
auto-justiça para com a dãdiva eficaz de Deus, atraves
da fe. Atraves da liderança do Espirito Santo, o
homem reconhece seu pecado e vem a saber do amor de
Deus por ele. Quando o pecador volta-se para Deus para
salvação, as provisões para sua justificação jã estão
preparad s - tambem uma obra de Deus. Ele tornase
justo at' ves do sangue derramado de Cristo, que
remove seus ~cados, e a:ravés do Cristo vivo, que habita
no hor para orientã-lo na vontade de Deus. A
glorificação é futura, porem Paulo falou dela como uma
realidade presente. Como, anteriormente observado,
a glória plena da obra de Deus terã lugar na volta de
Cristo e na ressurreição.
116
Vitória pelo Poder de Deus
Romanos 8:31-39
Paulo tem assinalado que a obra total da salvaçao
- incluindo a predeterminação de um plano efetivo,
a chamada pelo Esplrito Santo, a justificação atraves
da morte e ressurreição de Cristo, e a glorificação
na volta de Cristo - é realização de Deus, e
não do homem. A Lei falou da divina condenação do homem
por causa de seu pecado. A salvação de Deus em
Cristo fala do amor de Beus e da aceitação do homem.
A conclusão inevitável é que Deus é a favor dos pecadores,
ao invés de contra eles (v.31).
A morte e a ressurreição de Cristo são provas
da misericórdia e do amor de Deus. Visto que Deus
e fundamental em poder, as potestades malignas deste
mundo (Satanás, o pecado e a morte) não são competidores
contra Deus. Se Deus é a favor do homem, não deve
haver, da parte deste, temor das potestades malignas
que estão contra ele. O fato de que Deus não poupou
seu Filho, mas o entregou pelo homem pecador, é prova
de que ele é a favor do homem e livremente lhe dará
todas as coisas (v.32). Não há duvida de que Deus efetuará
a glória plena e o esplendor de sua graça.
Qualquer reinvidicação ao homem ou acusação contra ele
pelas potestades mali9nas deste mundo não ê efetiva.
Deus é o jUlz e autoridade final; portanto, se ele
justifica, ninguém tem poder e autoridade para governar
seu jUlzo e condenar (vv. 33 3 34).
A salvação provida através de Cristo é suficiente.
Como Filho de Deus, ele morreu para pagar a
penalidade do pecado do homem. Em sua ressurreição, ele
demonstrou o poder e a vitória de Deus sobre o poder
dos dominadores malignos desta era (o pecado e a
morte). Como o Salvador do homem e Senhor ascendeu
aos céus, ele está ã direita de Deus, para interceder
pelo homem diante de Deus (v.34). Embora aqueles que
Cristo perdoou não vivam vidas sem pecados, ele está
diante de Deus, fazendo intercessão por eles.
O amor de Cristo pelo redimido é tão grande e
completo que provê salvação suficiente para o homem
pecador. As aflições do homem, causadas pela tribulação,
angusti~, perseguição, fome, nudez, perigo ou
espada, não são indicações de que ele foi abandonado
pelo Cristo que o ama. Apesar das lutas e perturbações
que resultam do conflito com o poder do mal, o
homem redimido está seguro no amor de Cristo. Sua aflição
não indica rejeição, mas participação com o
Servo Sofredor: "Como está escrito: Por amor de Ti somos
entregues ã morte o dia todo; fomos considerados
como ovelhas para o matadouro" (v.36; cf. Salmos 44:
22) .
Visto que o Servo Sofredor obteve vitória,
derrotando o mal, os poderes mundanos do pecado e da
morte atraves de seus próprios sofrimentos, morte e
ressurreição, os redimidos, cujas vidas estão "nele",
serão" ...mais que vencedores, por aquele que nos amou"
(v.37). Por causa da cruz e da ressurreição, a
morte não tem mais controle sobre a vida do homem, e
obtemos uma vitória superior sobre as potestades malignas
através daquele que nos ama. Nenhum poder, existência
ou condição pode desfazer a salvação que
Introdução
Parece ã primeira vista que, na identificaçao
da Lei com o dominio do pecado e morte, Paulo tinha
rejeitado a Aliança de Deus com seu Povo Escolhido
e se tornara um traidor da nação judaica. Ele mostrou
que a Lei é o meio de condenação e separação de
Deus, mais do que o meió de justiça e aceitação por
Deus. A Lei que mostrava ao homem sua responsabilidade
na aliança com Deus, na realidade tornara-se uma
serva do pecado e da morte. A compreensão e ensinamento
de Paulo concernente ã Lei estava em oposição direta
ã dos fariseus que eram ardentes seguidores dela e
representavam o mais alto nivel hierarquico do judaismo.
A religião do judaismo era identificada com
a naçao. O judaismo compreendeu que a promessa de
Deus foi feita a uma raça de pessoas que eram o Povo
Escolhido. O fato de que eles eram descendentes de Abraão
assegurava sua aceitação por Deus. As outras nações
eram excluidas, porque a Aliança foi interpretada
ter sido feita somente com os descendentes de Abraão.
Deus tinha um propósito e plano em escolher os israelitas
como seu povo, mas o judaismo interpretou
mal o propósito de Deus para com seu Povo Escolhido.
Mais do que fazer o nome d~ Deus conhecido ã na~ões
gentias, tornando-se uma benção para eles, o judalsmo
requereu que o povo gentio se submetesse aos costumes
nacionais judaicos. Todavia, os gentios prosélitos
não podiam ser completamente aceitos na nação judaica
para ficarem em pé de igualdade com os descendentes
de Abraão.
Paulo sentiu a necessidade de debater o plano
de Deus para com seu Povo Escolhido, cuja história
inteira foi uma preparação para a vinda de Cristo
(Gal. 3). Visto que Cristo e os apóstolos ofereceram
o evangelho primeiro aos judeus, é evidente que eles
continuaram a ser uma parte vital do plano de Deus.
Em Romanos 2:1 - 3:20, Paulo tinha mostrado a necessidade
judaica do evangelho oferecido por Cristo. Cristo,
o Filho do Povo Escolhido segundo a carne,
era parte do plano de Deus para com eles, porem ele
foi rejeitado por eles. Apesar da rejeição de Cristo,
que foi um Messias servo sofredor, ao invés de um Messias
politico vitorioso, Deus, em sua soberania, pôde
realizar seu propósito. Paulo empenhou-se em mostrar
como Deus executaria seu plano apesar da rejeição de
Cristo pelos judeus.
Paulo reivindicou que o evangelho que ele
pregava não era nenhuma inovação. Para sustentar sua
declaração, foi necessário mostrar como o evangelho
procedeu do Velho Testamento, e como os israelitas se
relacionariam com o evangelho. O Velho Testamento é
claro em especificar os descendentes de Abraão como o
Povo Escolhido de Deus. A doutrina de Paulo a respeito
da soberania de Deus, afirma que o plano de Deus,
envolvendo o Povo Escolhido, seria executado. Se Cristo
é parte do plano de Deus, e o povo judaico, que re~
jeitou a Cristo, também era uma parte desse plano, como
poderiam os dois estar correlacionados? Como pode
a divina escolha de Israel conciliar com o fato de
que a nação em que o Messias tinha nascido o rejeitou?
O problema, a respeito do qual Paulo falou,
era muito complexo. Sua complexidade requereu respostas
de várias perspectivas. A ênfase principal de Paulo
estava na soberania de Deus executando seu plano
na história de Israel.
A questão que Paulo confrontou era muito urgente,
visto que uma minoria judaica continuou na igreja
em Roma. Talvez a igreja em Roma tivesse sido
predominantemente judaica até os judeus serem expulsos
de Roma pelo Imperador cláudio, em 49 A.D. A tensão
que existiu entre os gentios e os judeus não podia
ser afastada das igrejas onde ambos os grupos existiam.
A atitude apropriada de ambos, judeus e gentios,
dependia da compreensão certa do plano de Deus
para com Israel.
A Divina Escolha de Israel
Romanos 9:1-29
Os Pri vílégi os de Israe 1 (9: 1-5)
Talvez a forte ênfase de Paulo sobre a justiça
pela fé mais do que pela Lei, que deu aos gentios
igual acesso a Deus juntamente com os judeus, fosse
interpretada pelos judeus como rejeição de Paulo
de seu próprio povo. Como o Povo Escolhido, os israelitas
sentiram-se assegurados de sua aceitação por
Deus. Paulo tinha negado essa cren~a e mostrado que
Isra~l deve tornar~se justo pela fe, tanto como os
,tlOS. P,'·?ul0 obr19cL~s:2~ C0:-:1 U-'l solene :' r'a\ment')~
a verdade de que ele experimentava incessante dor de
coração por seus compatriotas israelitas (v.l). Ele
não os tinha rejeitado nem os traiu por causa de
seu apostolado para com os gentios. Ele experimentou
a dor de coração porque seu próprio povo tinha fracassado
em aceitar a salvação proclamada no evangelho
(v.2). Sua oração, a qual expressou sua boa vontade
de se tornar anátema (amaldiçoado) por sua própria raça,
não simboliza a cólera ou inveja deles, mas um amor
profundo (v. 3). Ele os chamou de "irmãos " , um termo
geralmente reservado para os cristãos.
122
A doutrina cristã de Paulo, a respeito da
graça, não negou que Israel era a Nação Escolhida de
Deus e que tinha recebido vantagens. Ele discordou
em sua compreensão do propõsito dos privi1egios de
Israel. Ele acusou o recebimento de sete vantagens
que foram concedidas a Israel (vv. 4 e 5). Referirse
a eles como "israe1itas" significava que eles eram
o Povo Escolhido da Aliança. (1) Seu relacionamento
especial com Deus e descrito como "filiação" (adoção):
"Então dirãs a Faraõ: Assim diz o Senhor: Israe1
é meu filho ,meu primogênito; e eu tenho dito:
Deixa ir meu filho, para que me sirva" (tx. 4:22,23).
(2) Como israe1itas, eles receberam "a glõria", a
presença de Deus simbolizada pela nuvem que cobria a
Tenda da Congregação: "...e a glõria do Senhor encheu
o tabernãcu10" (tx. 40:34). (3) Eles também eram
recipientes das promessas divinas. Visto que a
palavra estã no plural, provavelmente, refere-se ã
antiga promessa recebida no Sinai e ã nova promessa
anunciada por Jeremias (cf. 31:31-34) e inaugurada
por Cristo (I Cor. 11:25).1 (4) Paulo admitiu que o
"doar da Lei" foi um benefício para Israe1. (5) Os
israe1itas tambem tinham a adoração cerimonial do
Templo ("O serviço de Deus") e as (6) "promessas"
feitas a Abraão e a seus descendentes. Deus tinha
prometido a Davi que seu trono e reino seriam estabelecidos
para sempre (lI Sam. 7:13). (7) Os israe1itas
poderiam reivindicãr os Patriarcas, os quais eles
mantinham em alta estima como seus ancestrais. Eles
eram de suprema importância, visto que Cristo
veio deles, segundo a carne, para cumprir a promessa
feita a eles (v.5).
A ultima parte do versícu10 5 tem sido interpretada
de vãrias maneiras. A Authorized Version
(AV), a ASV, a RSV (margem) e a NEB (margem)~ literalmente,
traduzem a frase: "Cristo, que é Deus sobre
todos, bendito para todo o sempre." Ele, geralmente,
era chamado de o Filho de Deus e o Senhor.
"Senhor" foi o termo usado para traduzir Vahweh, o
nome pessoal de Deus, quando o Velho Testamento foi
traduzido para o grego. F.F. Bruce apoia este ponto
de vista. Ele declara que o Messias, "segundo a carne"
(sua descendência humana), veio de uma longa linha
de ancestrais israe1itas, porem, com respeito ao
seu ser eterno, ele ê "Deus sobre todos, bendito para
todo o sempre".2 Alguns estudiosos preferem seguir
as traduções da RSV e da NEB: "Deus, que ê sobre
todos, seja bendito para todo o sempre." A pontuação
e a tradução torna a ultima frase uma doxo10gia
mais do que uma declaração da divindade de Cristo.
- AV - Authorized Version (Versão Autorizada)
ASV Authorized Standard Version (Versão Padrão
Autorizada)
- RSV - Revised Standard Version (Versão Padrão Revisada)
NEB - New Enqlish Bible (Nova Blblia Inglesa)
T. W. Manson, "Romans", em Peake's Comentary
on the Bib1e (London: Thomas Nelson and Sons
[td., 1952), p. 947.
2. F. F. Bruce, Romans, p. 186.
Os Verdadeiros Israe1itas (9-6-13)
A esperança de Israel estava baseada na Aliança
de Deus. Antes de entrar na Terra Prometida, Moisés
aproximou-se de Deus no Monte Sinai e recebeu estas
palavras de Yahweh: "V5s tendes visto o que fiz
aos egipcios, como vos levei sobre asas de ãguias, e
vos trouxe a mim. Agora, pois, se atentamente ouvirdes
a minha voz eguardardes o meu pacto, então sereis
a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque
minha é toda a terra" (tx. 19:4,5). Israel concordou
com os requerimentos de Yahweh; pois o Decã10go
(dez palavras ou dez mandamentos) foi dado para mostrar
os requerimentos de Deus para obediência. Israel
concluiu que o guardar a Lei dava segurança para que
ele fosse a nação de Deus. Paulo assinalou que Israel
fracassou em guardar a Lei; pois ele realmente não era
justo e não tinha nenhuma segurança de aceitação
por Deus. Fracassou a Palavra de Deus a seu povo porque
o povo não tem efetuado justiça através da Lei?
(cf. v.6).
Jeremias tinha falado da nova ~liança, em
que a Lei de Deus seria escrita nos coraçoes de seu
povo (Jer. 31:31 e ss.). Ela capacitaria o povo a conhecer
o Senhor através de uma experiência de perdão
e de uma maneira pessoal. Paulo tinha mostrado como a
Palavra de Deus não fracassou, mas foi cumprida atraves
da fe em Cristo.
O debate de Paulo estã baseado em suas crenças
de que (1) a promessa de Deus a Israel não pode
fa1har;(2) a promessa e cumprida em Cristo; (3) a maior
parte de Israel tem rejeitado a Cristo; (4) mas
Deus, ainda assim, cumprirã sua promessa atraves de
um remanescente em Israel.3 Os primeiros dois pontos
parecem contradit5rios ao que realmente estava acontecendo.
A maioria dos israelitas estava rejeitando
a Cristo, em quem a promessa a eles feita estava para
ser cumprida. Paulo respondeu ao problema aparente,
assinalando que nem todos que descendiam de Jacó (Israel)
eram verdadeiros israe1itas (v.6). A promessa
tinha sido feita a Abraão e a seus filhos, mas nem todos
os descendentes de Abraão eram a verdadeira parentela
da promessa. Ismael era um descendente da carne
de Abraão tanto quanto Isaque, porêm ele não estava
incluldo em Israel; portanto, a promessa e a aliança
de Deus não poderia ter sido a todos os descendentes
carnais d~ Abraão (v.8). A promessa de Deus a Abraão
requereu fé. Abraão tinha que ter fé, para que Deus
desse um filho a Sara, antes que a promessa de que ele
se tornaria pai de uma grande nação pudesse ser
cumprida (v.9).
Os judeus podiam fazer objeção que Ismael era
o filho de uma serva e não igual a Isaque. Paulo
tomou os filhos de Isague e Rebeca para uma ilustração
(v.10). Jacó e Esau eram gêmeos. Se um ou outro
tivesse a vantagem, teria sido Esau, que era o primogênito.
Antes do nascimento, Deus tinha eleito Jacó;
portanto, a eleição não poderia ter sido basea-
3 Dale Moody, Romans, p.228.
124
da em obra ou mérito (v.ll). A seleção foi baseada
na soberania de Deus, e não na herança ou mérito. A
declaração, "Amei a Jacó, porem me aborreci de Esau"
(v.131, provavelmente quis dizer: "Eu preferi Jacó
a Esau". Esau era identi fi cado com os edomi tas detestados,
e nenhum judeu reivindicaria que os edomitas
eram o povo escolhido de Deus. Nem tampouco Esau e
os edomitas eram descendentes de Abraão, segundo a
carne, como os israelitas. Os verdadeiros israelitas
não são todos os descendentes carnais de Abraão somente
aqueles selecionados por Yahweh. A seleção
divina não e determinada pela descendencia de sangue,
mas pela fe.
A Soberania de Deus em Escolher (9:14-29)
Uma defesa da justi a de Deus em sua escolha
-. - o Jeçao po er1a surg1r e que
Deus 01 1nJusto em escolher Jacó e rejeitar Esau.
Paulo poderia ter assinalado que, se a justiça de
Deus sozinha fosse considerada, nem Esau nem Jacó teriam
sido escolhidos. Em vez disso, ele preferiu seguir,
para ilustrações, a histõria da salvação de Israel;
assim, ele se voltou para Moises. A declaração
de Deus a Moi ses: "Terei mi seri cõrdi a de quem me amperouavperrouvteerr
mtiesrerciocmõpradiixaã,o" e (tve.r1e5i), cobmapsaeiixãao-se. edme gEuxeomdo
33:19. A misericõrdia e a justiça de Deus originam-
se em sua própria vontade, e não estão baseadas
nos desejos ou realizações dos homens (v.16). "Se
Deus não revela os princípios sobre os quais ele faz
sua escolha, isso não e razão para sua justiça ser
questionada.4 A liberdade de Deus para agir segundo
a sua prõpria vontade não era limitada a Israel; ela
incluía Faraô. O predomínio de Yahweh sobre a ação
determinada de Faraõ foi a causa para as outras nações
tomarem conhecimento do Deus de Israel (v.17).
A ênfase de Paulo sobre a misericórdia de
Deus obscurece sua ênfase sobre a justiça de Deus. A
vontade soberana de Deus determina se Ele expressa
meindsuerreicecrórdioacooruaçeãnodurdeeci Fmaernatõo. t(xvo.d1o8) a.ssiEnlalea preqfueeriàsu
vezes o endurecer do coração de Faraõ era atribuído
a Deus, mas em outras vezes ao prõprio Faraõ. Moody
declara que a palavra de Deus a Faraõ, atraves de
Moises, tinha o mesmo efeito que a Lei, que traz ao
conhecimento o pecado jã existente.5 A palavra de
Deus a Faraõ expressou uma dureza de coração jã presente.
Uma defesa da liberdade de Deus em sua esdceolhPaau
\ovv.era19-s2e9)D.eus- ApodperrOiXa1mamanqtueerstaoo homdeom orpeosnpeonnts~avel,
visto que ele não pode resistir ã vontade de
Deus. Se o homem Qerde sua liberdade em eleição, como
Deus pode mante-lo responsãvel? Paulo respondeu
que a criatura não tem o direito de discutir com o
Criador (v.20). Ao invés de defender a liberdade e a
responsabilidade do homem, Paulo voltou-se para uma
defesa da liberdade e misericõrdia de Deus.
4 F.F. Bruce, Romans, p.188.
5 Dale Moody, Romans, p.230.
Deus
enum
tarde
Deus como Criador é comparado a um oleiro,
cuja vontade própria determina que vaso ele farã de
uma massa de barro. O oleiro tem a liberdade de fazer
um vaso para beleza e outro para uso subalterno
(v.2l). A aplica~ão de Paulo da ilustração, no versiculo
22, e diflCil de interpretar. Alguns ramos do
calvinismo têm concluido que Deus predestina vasos
de ira para a condenação, e vasos de misericórdia para
a vida eterna. Uma interpretação alternada e preferida
do versiculo e apresentada pela tradução de
Moffat: "Que sucederia se Deus, ainda que desejoso
de demonstrar sua cólera e mostrar seu poder, tolera,
mais pacientemente, os objetos de sua colera, maduros
e prontos para serem destruidos?" "Os vasos da
ira preparados para destrui ção", poderi a também ser
traduzido segundo o grego, ao inves da voz passiva:
"Os vasos da ira tendo sido feitos (preparados) para
destruição." Deus, pacientemente, suporta os vasos
da ira que têm-se a si mesmos objetos de Sua ira.
Deus tem feito, para si mesmo, novos "vasos
de misericórdia" daqueles judeus que têm vindo ã fé,
e dos numerosos gentios que têm recebido a Cristo
(vv. 23 e 24). Rejeitando a Cristo, alguns judeus
têm-se tornado vasos de ira. Recebendo a Cristo, outros
têm-se tornado "vasos de misericórdia, que de
antemão preparou para a glória" (v.23). Paulo citou
o profeta Oseias, para sustentar seu ponto de vista.
Oseias, por misericórdia e amor, estava disposto a
aceitar dois filhos ilegitimos de sua esposa como seus
próprios. A experiência revelou a ele que Deus
faria o mesmo a Israel. Paulo aplicou a Escritura
aos gentios (v.26).
Contrãrio ã crença judaica de que eles sao
automaticamente aceitos como filhos de Deus por serem
descendentes de Abraão, Paulo declarou que eles
tem-se tornado vasos da ira de Deus. João Batista apresentou
um ensinamento semelhante ao requerer que
o povo fugisse da ira vindoura: "não comeceis a dizer
entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque
eu vos digo que ate destas pedras Deus pode suscitar
filhos a Abraão" (Lucas 3:8). Paulo declarou, anteriormente,
que "nem todos os que são de Israel são
israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são
todos fi lhos" (vv. 6 e 7). Ele retornou àquele tema
e deu, alem disso, a evidência de Isalas: "Ainda que
o numero dos filhos de Israel seja como a areia do
mar, o remanescente e que serã salvo" (v.27; cf. Isalas
10:22,23). Deus prometeu a Abraão que sua descendÊncia
seria como a areia do mar, mas, por causa
02 infidelidade e pecado de Israel, somente alguns
seriam poupados do cativeiro e da condenação de Deus
(v .28).
Ao inves de defender o fracasso de
quanto a conservar sua promessa a Abraão, Paulo
fatizou a misericórdia de Deus (v.29). Nem mesmo
remanescente teria sobrevivido e Israel teria se
nado como Sodoma e Gomorra, se a misericórdia
Deus não tivesse encurtado sua ira.
A Razão para o Fracasso de Israel
Romanos 9:30-10:21
Israel procurou a justiça pela Lei (9:30-10:4)
_ Após discutir o problema do plano de Deus
do ponto de vista da eleição divina, Paulo a consisderou
do ponto de vista da responsabilidade humana.
Embora o Deus soberano seja supremo em autoridade sobre
o homem na história~ sua conduta com o homem envolve
o relacionamento da iniciativa de Deus e o responder
do homem. Deus não excede a liberdade humana
e força o homem a submeter-se ao plano divino e a aceitar
a sua graça. A vontade humana deve respond~r
ao plano de Deus, com isso fazendo o homem responsavel
por suas ações.
Embora os judeus não pensassem que os gentios
fossem aceitos por Deus, porque eles não guardavam
a Lei, Paulo assinalou que sua justiça tinha
sido obtida atraves da fe (v.30). Os judeus que tentaram
estabelecer justiça atraves de seus próprios
esforços, guardando a Lei, fracassaram em realizar
justiça, porque eles não a guardavam (v.3l). Embora
os judeus tivessem a pretensão de que guardavam a
Lei, Paulo mostrou, em Romanos 2:1-3:20, que na verdade
estavam quebrando ã Lei. E um hipócrita alguem
que tem a pretensão de estar fazendo alguma coisa
que ele realmente não estã fazendo. Condenando os
gentios por falharem em guardar a Lei, os judeus
enganosamente jactavam-se daquilo que eles próprios
nãú estavam fazendo.
Paulo assinalou que o fracasso judaico não
foi carência de sinceridade, mas carência de habilidade
para fazer o que a Lei mandava. As obras do homem
como pecador e como criatura (dependência do eu
para realização) sempre carecem da glória de Deus. A
aceitação da parte de Deus deve ser por intermedio
da fê e não por meio de obras (v.32). Acreditando em
sua prõpria habilidade para viver justamente, segundo
a Lei, os judeus rejeitaram a Cristo, que foi o
intermediãrio da provisão de Deus para justiça (v.
33). Justiça pela fe não e realização humana; e provida
por Deus e faz o posslvel para o homem tornarse,
através da fé, aquilo que ele e incapaz de conseguir
atraves de esforço. O orgulho humano faz com
que o homem dependa do que ele e capaz de realizar;
pois a justiça divina provida por intermédio de Cristo
torna-se uma pedra de tropeço (v.32). Para construir
uma parede forte e bonita, o pedreiro procura
pedras do tamanho e forma certos. Muitas vezes ele
tropeça em muita pedra de que precisa, porêm não lhe
dã preferência. A justiça atraves de Cristo, pela fe,
é exatamente o que cada homem necessita por causa de
seu pecado, mas ele freqUentemente tropeça nela e e
prejudicado por aquilo que é designado a ajudã-lo.
Rejeitar a dãdiva de justiça de Cristo é cair e ser
condenado (v.33). Aqueles que escolhem a dãdiva da
justiça de Cristo, por meio da fé, não serão desapontados
nem envergonhados.
Em 10:1, Paulo começou a dirigir-se aos
"irmãos" cristãos. Anterior a este verslculo, ele tinha
falado de sua relação com os judeus. Ele assegurou
a seus irmãos cristãos que ele não cessaria de orar
pela salvação de Israel (v.l). Três fatos a respeito
dos judeus fez com que ele continuasse a orar
por eles:
1. Eles tinham zelo por Deus (v.2). t100dy
assinala que o zelo sem conhecimento e
fanatismo, porem o zelo com conhecimento
é entusiasmo genulno.6 Talvez Paulo
tenha se lembrado de seu próprio fanatismo
pela Lei e tradições dos ancestrais
antes de suá conversão.
2. Eles procuravam estabelecer sua própria
justiça (v.3). Os judeus estavam convencidos
de que a Lei foi dada parà servirlhes
de orientação para realizarem sua
própria justiça. Ignorância da justiça
de Deus e recusa para reconhecer a sua
própria falha resultam em grande zelo para
estabelecer a auto-justiça.
3. Cristo e o mei o para cumpri r a Lei (v.4).
Em Romanos 7, Paulo assinalou que a Lei
e boa e o homem interior quer guardã-la,
mas que o homem carnal faz as coisas que
o homem interior odeia. Quando o Cristo
ressurrecto controla a vida de alguem, o
homem carnal" não segue a sua própria vontade
e a Lei e cumprida.
Deus tem provido para a justiça do homem (10:5-13)
Conforme previamente registrado em Gãlatas,
Paulo assinalou que todo aquele que depende da Lei
para justiça não pode receber justiça por meio da fé
(Gãl. 3:12). Ele tambem recordou aos Gãlatas: "Maldito
todo aquele que não permanece em todas as coisas
que estão escritas no livro da lei, para fazê-las"
(Gãl. 3:10). Em contraste, para obter a auto-justiça,
o homem não tem que ir em busca de Cristo (vv. 6 e
7). O conceito estã baseado na exortação de Moisês
em Deuteronâmio 30:11-14. Moises informou ao povo
que os Mandamentos não estavam escondidos deles, e
nem longe. Eles não estavam no ceu requerendo que
alguem devesse ascender ao ceu para trazê-los, nem
no além-mar. A Palavra ou Mandamentos estavam perto,
mesmo em suas bocas e em seus corações, para que eles
pudessem põ-los na prãtica. Da mesma forma, a
justiça pela fé não teve que ser preparada. Cristo
j~ tinha descidc do c~u na ~nc2rnaçâo, ele rQrrera
pelos pecados deles e entrara no abismo, e tinha sido
ressuscitado dentre os mortos (v.7). A justiça pela
fe jã estava preparada por Deus, sendo imediatamente
eficaz. Estã tão próxima quanto os lãbios, de
uma pessoa, que estão dispostos a confessar que Jesus
e Senhor, e o coração de uma pessoa que estã disposto
a crer que Deus O levantou dentre os mortos
(vv. 8 e 9). A palavra de fê que Paulo pregou foi a
morte e ressurreicão de Cristo, o meio pelo qual a
justiça pela fê foi preparada. As "palavras" enfatizam
que os eventos (evangelho) devem ser proclamados.
6 Dale Moody, Romans, p.234
128
A confissão com a boca e a crença no coração
não são meramente externos. O ato do cristão confessar
o homem Jesus como Senhor significa que ele
reconhece Jesus como o seu próprio Senhor. Um Senhor
tem controle sobre as vidas de seus seguidores. Crer
na ressurreição é mais do que admitir uma proposição
doutrinal. Significa confiar sua vida e seu ser ao
fato da ressurreição. A existência adquire um novo
ce~tro de referência, um novo relacionamento e um novo
dominador sobre a vi da. "Jesus é Senhor" é a forma
mai s breve da cren ça baseada n a morte e ress urreição
de Cristo. Deve ser lembrado que o "Senhor"
foi a palavra grega usada para traduzir a palavra
"Yahweh".
A confissão e a crença não devem estar separadas:
"Poi s é com o coração que se crê para a jus tiça,
e com a boca se faz confissão para salvação" (v.
9). Ele não quis dizer que a salvação não é uma realidade
presente. Os crentes que jã estão justificados
pela fé em Cristo serão libertos no Dia do Juizo.
Quando o Dia vier, "ninguém que nele crê serã confundido"
(v.ll). A justiça pela fé não exclui nem o judeu
nem o gentio (v.12). Todo aquele que se volta da
auto-realização para Jesus e o invoca como Senhor serã
sal vo (v. 13).
Israel é responsãvel por rejeitar o plano de Deus
(10: 14- 21 )
As quatro questões deste parãgrafo estão na
forma de sorites - o predicado de uma oração torna-se
o sujeito lógico da seguinte. O oponente de Paulo,
quer seja real ou imaginãrio, objetou que os homens
não invocarão um Senhor em quem eles não crêem (v.14).
E impossível crerem num senhor a respeito de quem eles
nunca ouviram falar, e deve haver alguém que pregue
para eles ouvirem. Fundamentalmente, a responsabilidade
pelo fracasso quanto aos judeus crerem e de
Deus, porque ele não enviou um pregador ('1.15). O oponente
deu a entender que, se os judeus conhecessem
a justiça de Deus, através de Cristo, eles teriam invocado
seu nome e teriam sido salvos.
Paulo concordou com a linha de raciocínio de
que os homens não crerão naquele de quem nunca ouviram
falar, porem ele não podia concordar que Israel
nunca tivesse ouvido (v.ló). Paulo citou Isaías 5~:7
e 53:1 para sustentar sua posição de que Israel tinha
ouvido falar, mas não tinha atendido. Isaías tinha antecipado
que aqueles que ouvissem falar da mensagem
do Senhor estariam assombrados, não creriam nela. Aqueles
que ouvissem o evangelho da justiça pela fê
também teriam dificuldade para crer no que eles ouvissem.
Todavia, a fé é a resposta própria e é dependente
da mensagem que é pregada.
Visto que Israel tinha ouvido, mas não atendido,
sua rejeição não foi falta de Deus, mas de Israel.
Paulo mostrou que o evangelho da fe existiu antes
de Isaías. De fato, a mensagem da fê foi pregada
a Abraão (cf. Gãl. 3:8). O Velho Testamento contem um
testemunho de Cristo, o qual é a "pregação de Cristo"
ou a "palavra de Deus" ('1.17). Visto que o Velho Testamento
dã testemunho de Cristo, os judeus não têm
desculpa por fracassarem em crer nele e por rejeitarem
o plano de Deus.
A oportunidade para ouvir a mensagem divina
não era limitada a Israel, e sim, o evangelho tem sido
proclamado na ordem inteira da criação (Salmos 19:
4). Paulo declarou, no 19 capltulo, que os gentios poderiam
conhecer alguma coisa a respeito do Deus invislvel
por meio da criação vislvel. Israel tinha maior
responsabilidade por sua rejeição, porque ele confrontou
Deus não somente na criação, mas tambem na Aliança
e em Cristo. Não obstante, todos os homens são responsãveis
por seus pecados, pois eles não têm vivido
de acordo com o conhecimento de Deus.
Israel não podia reivindicar que ele ouviu
falar, mas não compreendeu (v.19). Os gentios, cujo
conhecimento era muito mais limitado do que o de Israel,
compreenderam e responderam pela fe. A manifestação
de Deus de Si próprio aos gentios, que não o buscavam,
foi suficiente para eles lhe responderem (v.
20). O fato de que os gentios responderam com tão pouco
conhecimento revela que Israel não tinha desculpa
por não compreender e por rejeitar a Cristo. Deus estende
suas mãos a um povo rebelde continuamente (v.
21) .
o Remanescente de Israel
Romanos 11: 1-10
Um remanescente continua pela graça de Deus (11:1-6)
Paulo antecipou que seus leitores podiam ter
concluído que Deus tinha rejeitado seu povo, com quem
ele tinha entrado em Aliança (v.l). Tal conclusão significaria
que o propósito de Deus tinha sido derrotado.
O próprio Paulo era evidência de que Deus não tinha
rejeitado os israelitas que aceitaram seu plano
(v.l). Paulo era um descendente de Abraão e um membro
da tribo de Benjamim. Benjamim tinha sido leal
a Judã, a tri bo de Davi, quando as tri bos do norte apartaram-
se de Jeroboão. A existência de um remanescente
crente foi a prova de que Deus não tinha rejeitado
aqueles flue ele de antemão conheceu e amou
(v.Z). Aqueles que tiram tal conclusão estão enganados
como Elias, que pensou que era o unico profeta
que permaneceu fiel a Yahweh (v.3). Elias estava enqanado,
porque Deus tinha sete mi 1 homens que não se
haviam voltado para Baal (v.4).
Se Deus rejeitasse o seu povo, teria sido
contraditório ã sua promessa no Velho Testamento. Na
di? ~,~.;;";::?j ~ C.: 'l-': (' r" ,C ~ 'J r);C);~1eS~"
foi fei ta: "o Senhor, por causa do seu grande nome,
não desampararã o seu povo" (I Sam. 12:22). O salmista
fez uma declaração similar (Sal. 94:14).
Embora a Ali: ça de Deus tivesse sido com a
nação como um todo,' nou-se claro aos profetas, 1saías
e Miqueias, 01 ,em todo o povo seria fiel a
Yahweh. Ao inves d( Jncluir que a promessa e a aliança
de Deus foram a' 1adas por caus a da infi de 1idade
da maioria, estes afetas viram que Deus executaria
seu plano com um r, ,Ianesrente fiel (cf. Is. 1 :9; 10:
20-22; Miq. 2:12; S:3).
130
Paulo'como um representante do remanescente,
não estava mais sã do que Elias. Muitos judeus tinham
crido em Cristo e representavam o eleito fiel (v.5).
O propósito de Deus continua a ser baseado em sua graça,
e ele não falharão A eleição e da graça - realização
imerecida de Deus (v.5). O remanescente que Paulo
representou era composto daqueles que pela fe tinham
recebido o dom da graça de Deus por meio de Cristo.
Os judeus que continuaram a depender das obras,
estavam excluídos da eleição da graça (v.6). Graça e
o que Deus faz por aqueles que não a merecem; portanto,
ela deixaria de ser graça se o homem a conquistasse
(v.6). A ultima pa~te do versículo 6 na Versão
Autorizada (AV) não e parte do texto original (cf.
NES) .
Por que a maior parte de Israel falhou (11:7-10)
Os eleitos podiam obter a promessa de Deus,
porem a maior parte de Israel fracassou (v.7). A maioria
recusou atender ao que eles ouviam; pois eles estavam
endurecidos. O erro deles chegou ao ponto de rejeitar
a Cristo como o Messias e como o meio de prover
justiça pela graça. "Endurecer" significa tornar-se
insensível. Paulo tinha experimentado uma consciência
incômoda que rebelou-se contra Deus quando ele tomou
parte no apedrejamento de Estêvão. Talvez dentro de
seu coração, ele soubesse que Estêvão estava falando
palavras de verdade, porªm concordar com Estêvão significava
que ele devia admitir seu erro passado. Quando
um indivíduo torna-se convicto de seu erro, mas não
se arrepende, ele estã endurecido. Deus envia o Espírito
da convicção, o qual torna-se um Espírito de torpor
se a rebelião continuar (v.8).Uma pessoa continuando
em rebelião a ponto de endurecer-se, seus olhos
tornam-se incapazes de ver e seus ouvidos de ouvir o
que estã sendo dito.
Em citar Salmos 69:22,23, Paulo sustentou seu
argumento com outra escritura. A festa cerimonial judaica
deu a falsa segurança àqueles que participavam
dela, de que eram aceitos por Deus. Assim, ela tornouse
um laço ou armadi lha para Israel. Enquanto continuavam
a observar suas cerimônias, os judeus rejeitavam a
Jesus, o Filho de Deus. Eles tinham se escravizado à
Lei e, em sua cegueira, não podiam ver a realidade do
Fi 1ho de Deus.
A Inclusão dos Gentios
Romanos 11:11-24
A falha de Israel torna-se a oportunidade dos gentios
(11:11-16)
Paulo tinha afirmado em 8:28 que Deus pode
transformar o mal em bem para aqueles que o amam. A rejeição
e queda de Israel não foram sem um fim determinado
(v.ll). Foi por meio de sua rejeição que a salvação
foi levada aos gentios. Em numerosas ocasiões, durante
as suas viagens missionãrias, Paulo primeiro foi
aos judeus, porem quando eles recusaram-se a aceitar a
Cristo, ele voltou-se para os gentios. Os gentios responderam
e receberam a bênção de Deus. Paulo cria que,
quando os judeus vissem as bênçãos que Deus concedera
aos gentios crentes. seriam movidos a considerar Cristo
e se submeteriam a ele pela fê (v.ll).
, Paulo raciocinou que. se uma bênção pudesse
vir do pecado de Israel. sua obediência e inclusão
plena resultariam em bem indescritivel (v.12). Desde
o tempo que a promessa foi primeiro dada a Abraão.
Deus tinha em vista a inclusão dos gentios. Deus tinha
escolhido e abençoado Israel a fim de que ele.
por sua vez. pudesse tornar conhecido ao mundo o poder
e a bondade de Yahweh. O propósito de Deus para
com Israel seria realizado mesmo ainda que Israel falhasse.
Cristo. um israelita segundo a carne. tornou
a graça de Deus eficaz aos gentios crentes. O fracasso
dos judeus em aceitar a Cristo conduziu a uma grande
oportunidade para os gentios o conhecerem e responderem
pela fê. Paulo deu a entender que a rejeição
dos israelitas era temporária. visto que sua plena
inclusão teria lugar no futuro (v.12).
Embora os gentios tivessem chegado a uma posição
superior na igreja em Roma no tempo que Paulo
escreveu. eles não deviam tornar-se orgulhosos. A queda
dos israelitas era temporária, e ele. Paulo, acreditava
que o ciume deles dos beneficias dos gentios
em Cristo contribuiria para sua salvação (v.14). A
resposta dos judeus, procedendo de ciume dos crentes
gentios, significaria que Paulo, o missionãrio aos
gentios. teria tido parte na salvação de alguns dos
judeus.
Paulo repetiu o paralelo contrastante de que.
se a rejeição deles significou reconciliação do mundo
(gentios). então a aceitação deles significaria "
vida dentre os mortos" (v.15). O otimismo de Paulo
concernente ã conversão dos judeus estava baseado nos
princípios manifestados em Numeras 15:17-21. Os israelitas
ofereciam a Deus um bolo de massa de farinha
grossa. A apresentação de um bolo ou uma porção de
,massa a Deus tornava santa toda a massa. A conversão
'de alguns judeus indicou que o maior corpo seria santificado
ou trazido ao Reino do povo de Deus. A metãfora
da raiz santificando os ramos pode ter sido referência
a Abraão (v.16). Visto que os ramos dependem
da raiz, o que quer que aconteça com a raiz afeta os
ramos. A santidade de Abraão afetaria todo o Israel;
todavia. ê necessário que cada israelita creia a fim
de ser salvo.
A oliveira ilustra a inclusão do gentio (11:17-24)
Paulo continuou a metáfora da raiz santificando
os ramos como um aviso contra o orgulho gentio.
Os gentios eram ramos selvaqens que tinham sido enxertados
na árvore a fim de-se tornarem participantes
da raiz e da seiva de oliveira (v.17). O fato de que
os gentios tinham chegado a um lugar superior no Reino
de Deus por causa da fé não deve torná-los orgulhosos.
Paulo lembrou-lhes que eles eram dependentes
da nação de Israel. a árvore, visto que o Salvador
tinha vindo através dela (v.18). Em segundo lugar, ele
lembrou-lhes que os ramos judaicos tinham sido
quebrados a fim de que os ramos selvagens pudessem
ser enxertados na árvore (v.19). Os israelitas foram
quebrados por causa da incredulidade (v.20). Os gentios
não foram enxertados na árvore por causa de sua
superioridade ou justiça. mas por causa de sua fé.
132
Visto que a fe inclui um reconhecimento de indignidade
e renuncia de pecado, os gentios devem ficar em
temor respeitoso, ao inves de se tornarem orgulhosos.
Em terceiro lugar, os gentios não deviam tornar-se
orgulhosos porque eles não tinham a segurança de que
Deus os pouparia, sabendo que ele não poupou os ramos
naturais (v.21). Um indivíduo orgulhoso tende a acreditar
em si mesmo. Deus lida severamente com aqueles
que acreditam em s~ prõprios, porem_ ele e bom para
com aqueles que creem nele. Nao ha esperança, paz,
nem segurança para o homem aparte da fe. Em quarto lugar,
Paulo lembrou aos ~entios que a rejeição judaica
não seria permanente, se os judeus não persistissem
em sua incredulidade (v.23). Deus tinha o poder para
enxertá-los de novo, se eles voltassem para ele com
fe. Se os gentios, os ramos selvagens, podiam ser enxei":
ados numa oliveira cultivada, certamente era possível
que os ramos naturais, os judeus, podiam tornar
a ser enxertados em sua prõpria oliveira (v.24).
o Plano Final de Deus para Israel
Romanos 11:25-32
A fim de os gentios evitarem a pres~nçao, era
necessarlO que eles compreendessem o misterio de
Deus (v.25).Os gentios rrão tinham compreendido o propósito
de Deus para com os judeus. Deus não abandonou
sua promessa a Israel, porem um endurecimento veio sobre
parte de Israel, temporariamente, por amor aos
gentios. A cegueira parcial de Israel significou a oportunidade
para os gentios. Quando o numero completo
de gentios já estiver fazendo parte do Reino, "assim
todo o Israel será salvo" (v.26). O que Paulo quis dizer
pelas palavras, "e assim todo o Israel será :>;;1vo",
tem levado a muito desacordo.
Alguns estudiosos traduzem "e assim" como
"em manei ra semelhante". Esta tradução conduz ã interpretação
de que todo o Israel será salvo do mesmo modo
que os gentios, isto e, pela fe. Outros enfatizam
que o contexto apoia a visão de que a plenitude de Israel
segue a plenitude dos gentios. O problema surge
sobre o significado de "todo o Israel". No capítulo 9,
Paulo mostrou que nem todo descendente de Abraão está
incluído em Israel. Ele assinalou que "nem todos os
de Israel são israelitas" (9:6). Os filhos da promessa
são contados como descendência (9:8). A promessa
foi estabeleci da atraves da fe de Abraão. Os homens
são aceitos por Deus não por causa de seus próprios
esforços, mas na base de seu propõsito segundo sua
eleição e chamada (9:11). Seus escolhidos não são só
os judeus, mas tambem os gentios (9:24). Em 4:11, Paulo
assinalou que Abraão e o pai de todo aquele que
crê, quer seja circuncidado ou não. Seus descendentes
são aqueles que o seguem na fe, e não aqueles que reivindicam
a obediência da Lei. Os israelitas verdadeiros
são tanto os judeus como os gentios que foram
chamados por Deus e responderam pela fe.
"Todo o Israel" eram, provavelmente, aqueles
judeus que tinham sido escolhidos, pela graça de Deus,
como seu povo. Paulo não estava manifestando a salvação
universal de todos os homens, nem de cada israelita,
segundo a carne, a qual teria contradito suas declarações
em Romanos 9. "Todo o Israel", referia-se
àqueles que cumpriam o propósito de Deus pela fe. Eles
foram salvos atraves do libertador que veio de
Sião. A nova aliança de Jeremias seria estabelecida
pela remoção de seus pecados (v.2?). O ponto primãrio
de Paulo era que Deus ainda não tinha terminado
com Israel.
Paulo fez uma declaração sumãria nos versfculos
28-32. No misterioso funcionamentc do plano de
Deus, os. judeus eram inimigos de Deus com respeito a
Cristo, porque eles o rejeitaram. Mas Cristo foi rejeitado
para o beneflcio dos gentios. Com relação ã
divina eleição de Abraão e seus descendentes, os israelitas
continuaram a ser amados, e eles têm um lugar
no propósito de Deus (v.28). Em sua soberania,
Deus não e obri gado a revogar sua chamada e dons (v.
29). Ele pode efetuar seu propósito sem infringir na
liberdade humana, mesmo ainda que o homem prefira rejeitã-
lo. A rejeição judaica, do propósito de Deus
em Cristo, tinha manifestado, abertamente, sua desobediência
e necessidade de misericórdia (vv. 30 e
31). Outrora, os gentios eram desobedientes e receberam
misericórdia, e os judeus que tinham sido desobedientes
tambem receberiam misericórdia no futuro. A
misericórdia e o perdão de Deus não eram concedidos
a eles aparte da fe, DOrem os gentios desobedientes
responderam a Deus pela fe e receberam sua misericórdia;
portanto, Paulo concluiu que o mesmo aconteceria
com os israelitas. Sua conclusão e que todos os
homens são desobedientes e devem buscar a misericórdia
de Deus para redencao (v.32). Esta conclusão e
consistente com sua doútrina de pecado em Romanos 13.
Introdução
Paulo tinna apresentado as doutrinas de Eecado
e salvação. ~le mostrou que todos os homens sao
pecadores e sujeit~s ao poder do mal, o qual rege este
mundo. Ele tamDem assinalou que a salvação atraves
da fe em Cristo ê o unico meio para se vencer a natureza
do pecado, ~ tornar-se justo. Embora não desacreditasse
a Lei :omo santa e boa, ele, na verdade,
tomou a posiçâo oposta ã dos fariseus, mostrando que
a Lei e ineficaz em estabelecer um relacionamento
perfeito com Deus.
Paulo tinha mostrado como ê possTvel, pela
fê, viver justamente. Restava €le explicar quais atitudes
e ações caracterizam a vida cristã. Existe um
padrão de conduta para o cristão que pode ser realizado
quando sua vida ê controlada e fortalecida pelo Espírito
Santo. As acões e atitudes cristãs devem caracterizar
seu relacionamento com Deus e com seu próximo.
Adoração GenuTna
Romanos 12:1,2
No centro da conduta cristã estã uma nova especle
de ~doraçãc. Adoração para os judeus significava
levar os sacrifícios ao Templo e freqtientar a sinagoga.
Adoração para os gentios pagãos significava festivais
especiais e sacrifícios aos ídolos.
Adoração estã intimamente relacionada com
serviço. Um aspecto da adoração ê compreendido como
inclinação diante de Deus em submissão. O outro aspecto
da adoração e honrar a Deus por meio de obediência
leal. Apresentando os serviços do templo como fundamento
em sua declaração, Paulo apelou aos romanos
para que ofertas sem seus corpos não em morte, mas como
sacrifícios vivos a Deus. Ele tinha feito o apelo,
baseando-se no que Deus tinha feito por eles por intermêdio
de Cristo. Este parãgrafo inicia com "pois"
ou "baseado no Que estive discutindo". Por causa do
amor e da misericórdia de Deus para com eles, a própria
resposta deles deve ser a de oferecer suas vidas
no serviço de Deus. Paulo não perguntou pela vida pe138
caminosa e manchada, mas por uma vida santa (separada
para o serviço e justiça de Deus), a qual e aceitãve
1 a Deus.
Uma vida que expressa adoração no serviço
não pode ser vivida de acordo com este mundo e sob
o controle do poder do mal. A vida deve ser renovada
e transformada por uma nova maneira de pensar (v.2).
A nova maneira de pensar abrange um reconhecimento
da deficiência pessoal e uma confiança total em Deus.
A velha maneira de pensar confia no eu e segue os
interesses e os desejos próprios. A nova mente de
crença em Deus põe a vontade e o propósito de Deus
em teste, e prova que eles são bons e aceitãveis e
perfeitos.
Realmente, Paulo disse aos cristãos romanos
que não se conformassem com este século (v.Z). A sabedoria
deste século, ou dos príncipes deste mundo,
viria a ser nada, e era diferente da sabedoria a ser
falada entre o povo de Deus (I Cor. 2:6).
Os dominadores deste século não comoreendem
a sabedoria de Deus (I Cor. 2:8). Os deuses ou dominadores
deste mundo cegam as mentes dos não crentes,
a fim de que não compreendam a mensagem gloriosa de
Cristo (11 Cor. 4:4). Cristo tem sido exaltado acima
de todos os dominadores e potestades e autoridades
desta era, e também da era vindoura (Ef. 1:21). Esta
era presente é maligna e. seu dominador foi julgado
e condenado (Gãl. 1:4; João 12:31). Embora os cristãos
devam viver dentro do meio ambiente desta era,
não devem se conformar com seus caminhos, mas ser governados
por uma nova mente, que orienta a vida em
faz2r a vontade de Deus. A vida transformada e possível
pelo poder do Espírito.
As Atitudes para com o Eu
Romanos 12: 3-8
Humildade (12: 3)
o homem não pode se ajudar, mas tem exaltado
opiniões de si próprio com respeito a suas capacidades
e posição de vida. O que o homem pensa a respeito
de si prâprio afetará seu relacionamento com
os outros e com Deus. A maior virtude cristã, com relação
ao eu, ê a humildade. Algumas sociedades identificam
humildade com fraqueza, porem os verdadeiros
cristãos seguem seu Senhor em genuína humildade.
Cristo, que é igual a Deus, esvaziou-se de sua dignidade
e, humildemente, assumiu o pa2el de um servo
(Fil. 2:6 e s. ). Ele submeteu-se a condenação e ã
morte vergonhosas como um criminoso, a fim de fazer
a vontade de Deus. Sua humildade ê o exemplo para o
cristão na vida diãria. Paulo estimulou os cristãos
romanos a não pensarem de si próprios mais altamente
do que eles devessem pensar (v.3).
A humildade cristã estã baseada no reconhecimento
de que as habilidades individuais são dons
de Deus, e não criações do indivíduo. Paulo lembroú
aos coríntios que eles não tinham base para jactaremse,
pois suas habilidades e qualidades superiores foram
recebidas de Deus e não eram realizações de homem
(I Cor. 4:7). A medida que uma pessoa pensa,
sobriamente, a respeito de si mesma, vai reconhecendo
que não pode reivindicar credito pelo que ela e. Nem
tampouco deve desesperar-se do que ela não e, porque
Deus a criou para um propósito na vida.
Seu pensamento sóbrio, ou julgamento, deve
considerar a "medida da fe" (v.3). Esta medida da fe
denota o poder espiritual dado a cada cristão para o
desencargo de sua responsabilidade especial. Seu poder
espiritual e uma doação de Deus. A responsabilidade
do homem e a de usar a doação fielmente, e não negl
igenci ã-l a.
A Analogia do Corpo (12:4-8)
A analogia de Paulo a respeito do corpo humano
para descrever a relação dos cristãos na Igreja
e semelhante a I Corlntios 12:14-26. A analogia corintianaenfatiza
a relação do cristão com Cristo, e com
os dons, os quais Cristo lhe doou. A analogia romana
dã ênfase ã relação de membros indi vi duai s um . com o
outro (vv. 4 e 5). A ênfase estã na diversidade de
membros e nas qualidades e funções diferentes dos membros.
No verslculo 5, Paulo dã ênfase ã interdependência
dos membros do corpo de Cristo. O corpo seria vastamente
inadequado, se fosse composto de somente dois
ou três membros. As mãos são importantes, porem elas
não podem funcionar, muito efetivamente, como os
pés. Os olhos são de grande valor, porem eles seriam
órgãos inuteis para a audição. Na Igreja, hã muitos
membros com capacidades e habilidades diferentes. Cada
membro e responsãvel por contribuir para o bem-estar
do corpo inteiro. Todos têm dons sue diferem segundo
a graça de Deus (v.6). Um indivlduo não determina
que dom ele receberão Ele não merece dom algum;
portanto, ele deve ser dado com base na misericórdia
e bondade imerecidas da parte de Deus. Ele deve ser
grato por qualquer que seja o dom que Deus lhe tenha
dado, e deve usã-lo fielmente no serviço de Deus, em
benefício da Igreja. A profecia e citada em primeiro
lugar, porém os dons não estão em ordem de prioridade.
Todavia, Paulo colocou a profecia próxima ao apostolado
em I Cor;ntios.
A "profecia" deve ser exercida "segundo a
proporção da fe" (v.6). Novamente, Paulo falou da fe
não como crença humana em Deus, mas como um grau de
poder espiritual dado a cada cristão. Profeta e aquele
que fala à Igreja concernente ã voz e ã vontade de
Deus. A medida ou proporção da fe que ele recebe determina
o nível de inspiração ou profundidade de seu discernimento
e o grau em que Deus torna Sua vontade e
propósito conhecidos a ele e através dele. r óbvio
que os pre2adores possuem graus variados de habilidade.
A eficacia de seu papel profético depende grandemente
da medida da fe com que eles foram dotados. Todavia,
alguns pregadores não são diligentes no exerc;elo
deste dom. Eles falham quanto ao estudo e ã oraçao.
"Serviço" ou "ministério" veio a ser associado
ã função de diãcono. Eles ministravam àqueles que
estavam em necessidade. "Ensinamento" era a função
especial dos Rabis nas sinagogas, e tornou-se associado
ao trabalho do pastor na Igreja (Ef. 4:11 e s.).
Os mestres se ocupavam com as doutrinas da Igreja e eram
responsãveis pelo preparo dos santos em ministrar.
140
"Exortação" se re 1a.~iona com profeci a, mas, ao que
parece, era uma funçao aparte oportunamente. Ele enfatizava
uma chamadã ã decisão mais do que a proclamação
da Palavra de Deus.
Aquele que "dã" é ilustrado por Barnabê,
que tinha uma propriedade, a qual tornou ütil para
satisfazer às necessidades fis~cas do pobre. Os contribuintes
eram instruidos a nao fazerem uma exibição
de sua liberalidade para o louvor dos homens, corno
Ananias e Safira, mas para darem livremente, sem
chamar a atenção para sua generosidade. Aquele que
"lidera" é, na verdade,'o que dã ajuda (v.S). Um 11der
não é aquele que diz aos outros o que fazer, mas
aquele que dã o exemol0, tornando-se envolvido na tarefa
a ser realizada. Sua diligência faz com que ele
seja o primeiro a emoreender a tarefa. Certos membros
receberam a habilidade e a responsabilidade de
mostrar atos de "misericórdia". Aparentemente,_ tinham
por fim ajudar o doente e o faminto, Eles eram
estimulados a mostrarem animação em seu ministério.
Alguns cristãos não usam os dons espirituais
com que foram dotados porque nunca os descobriram.
Outros estão cientes de seus dons espirituais,
mas se acham descontentes com eles, porque os consideram
sem valor. O descontentamento, muitas vezes,
faz com que os cristãos atentem para uma função em ãreas
de responsabilidade, para as quais não foram espiritualmente
dotados. A atitude que se tenha para
consigo mesmo, para com suas habilidades e para com
seus dons determinarã a eficiência que se tenha no
serviço e na adoração de Cristo. Uma atitude de humildade,
da parte da pessoa, a conduzirã a uma aceitação
alegre do dom que Deus lhe tenha dado e ao seu
exercicio fiel. Desse modo, a Igreja ê fortalecida,
e Cristo, glorificaào.
Ação para com os Outros
Romanos 12:9-21
A humildade deve caracterizar a atitude de
um indivíduo para consigo mesmo, e o amor deve caracterizar
suas ações em relação aos outros. A humildade
conduz à alégria, ao passo que o orgulho conduz ã
inveja e ao descontentamento. As ações baseadas no amor
resultam em gozo e paz.
O amor genuino é mais do que uma atitude; ele
deve ser expresso em ações. O amor em palavras não
ê amor real; ele deve ser expresso em feitos. Deus ê
amor, e ele deu o seu Filho. Deus não poderia ser amor
sem expressã-lo em dar. O ato de dar é uma parte
integral do amor; ele deve ser expresso em atos
de bondade (v.9). O amor não ê hipócrita; isto ê,
não ê fingido. Tudo deve ser feito em amor (I Cor.
16:14). Isto é possivel porque o Espírito produz o
fruto do amor (Gãl. 5:22). O amor não se submete ao
mal, mas vence o mal com o bem.
Os cristãos devem abominar o mal e separarse
dele, agarrando-se ao bem. O amor natural de parentesco,
"afei ção fraternal", representa os cri stãos
como limitados por um laço de familia. Os cristaos
devem amar seus irmãos na fé como se fossem irmãos
de sangue (v.10). "Preferindo-vos em honras, uns
aos outros" significa considerar melhor ou estimar mais
altamente a outra pessoa. Phillips sugere que significa
"deixar o outro indivlduo ter razão". As caracterlsticas
indecorosas dos cristãos consistem em
buscar credito para si mesmos e culpar os outros por
suas falhas. Os cristãos não devem ser indolentes e
inseguros na vida (v.ll). Eles devem ser ardorosos ou
"fervorosos no Esplrito", a medida que trabalham para
o Senhor.
O aspecto da vida presente não deve ser determinado
por meio de permanência em circunstâncias imediatas.
O gozo provém da contemplação da esperança
que temos em Cristo (v.12). As tribulações marcarão
a vida do cristão, mas a paciencia decorre do esquecimento
de que as tribulações terminarão, e que gozaremos
a eternidade com Deus. A vitória no meio do
presente mal pode ser obtida em continuar-se em comunhão
com Deus por meio da oração. Paulo enfrentou tempos
diflceis e penosos durante suas viagens missionãr2as,
mas ele sempre encontrou vitória atraves da oraçao.
Os cristãos devem compartilhar com os necessitados,
quando eles por si procuram prover para as
suas próprias necessidades (v.13). No corpo de Cristo,
os cristãos são membros uns dos outros. O relacionamento
é tão lntimo gue, quando um sofre, os outros
membros sofrem tambem. Eles devem continuar praticando
a hospitalidade em todo tempo. Nos dias de Paulo,
muitos cristãos foram banidos e perseguidos __Não devia
haver necessidade de coação para os cristãos romanos
mais afortunados, mas deviam buscar as oportunidades
de exercitar a hospitalidade.
A relação do cristão não deve ser limitada
aos outros cristãos da comunidade. Ele deve abençoar
(falar bem de) aqueles que trazem miséria para sua vida
(v.14). Paulo pode ter tido em mente o sofrimento
e as perdas de Roma, em conseqOência da perseguição oficial
sob ãs ordens de Clãudio. A instrução para abençoar
o perseguidor ao invés de amaldiçoã-lo, relembra
as palavras de Jesus (Mat. 5:44).
Pode ser mais fãcil ter compaixão daqueles
que estão em necessidade do que regozijar-se com
aqueles que experimentam a boa sorte. A afeição genulna
de uma famllia capacita seus membros a se regozijarem
quando a honra e a boa sorte têm lugar. Da mesma
maneira, quando a tristeza sobrevem a um membro de uma
famllia, todos partilham da sua tristeza. A igreja
deve ter uma espécie de afinidade, em que o gozo e a
tristeza que sobrevenham a alguém resulte em gozo para
todos (v. 15) .
Novamente, Paulo avisou contra o orgulho (~.
16). Ele instruiu os cristãos para serem atraldos as
coisas humildes e a deixarem de ser guiados, por si
mesmos, na determinação de sua conduta. Ao invés do
pastor demonstrar sua superioridade como llder ele
deve ser atraldo em atitude para com os membros mais
indigentes e humildes da Igreja. Não é para os cristãos
colocarem suas mentes em coisas ou posições elevadas,
mas eles devem originar-se destis por simpat.
ia pe 1os humil des e neces sitados.
142
o cristão não deve retribuir o mal com mal
(~. 17-cf. Mat. 5:39). Antes ele deve adotar de antemao
idéias nobres, a fim de que suas ações sejam controladas
não por um espirito de vingança, mas por um
espirito do que é justo. Outros o permitindo, ele deve
viver em paz com todos os homens (v.18). As ações
do cristão devem conduzir ã paz, e não ã agitação e
ã porfia.
O homem não deve vingar-se por suas próprias
mãos, pois essa é a prerrogativa de Deus (v.19). "Minha
é a vingança e a recompensa; ...porque o dia da
sua ruina está prõximo,·e as coisas que lhes hão de
suceder se apressam a chegar" (Deut. 32:35). O cristão
deve praticar a ação oposta de ajudar seu inimigo
em vez de feri-lo (v.20). Bruce sugere que a força original
da admoestação pode ter sido: "Trate seu inimigo
gentilmente, porque isso aumentará a culpa dele;
você assegurará para ele um juizo mais terrivel; e para
você mesmo uma melhor recompensa de Deus."l Paulo
mudou a declaração lentamente, para significar que,
se você tratar seu inimigo gentilmente, o deixará envergonhado,
o que o levará ao arrependimento. Assim
procedendo, a pessoa livra-se de um inimigo, transformando-
o em um ami go: "Não te deixes vencer do mal,
mas vence o mal com o bem" (v.21).
Aplicações Práticas da Vida Espiritual
Gãlatas 6:1-10
Ajudando outros em necessidade (6:1-6)
Paulo tinha declarado o principio básico da
conduta cristã: o Espirito Santo no controle da vida
da pessoa que se converteu produzirá fruto. A aplicação
especifica do amor cristão em relação a um irmão
que tenha caido em pecado, não é criticar e condenar,
mas ajudar (v.l). Andar no Espirito significa restaurar
o caido. Se um homem é pago no ato de coisas errôneas,
sua vida precisa ser reformada (restaurada).
Isto pode ser feito somente por aquele que é controlado
pelo Espirito, porque ele reconhece que também
seria culpado de errar se a natureza carnal reconquistasse
o controle de sua vida. Visto que ele reconhece
seu próprio perigo de cair em pecado, não se sente
superior e, portanto, expressa um espirito de mansidão
ou gentileza.
A pessoa que se sente superior ao cristão
caido, provavelmente, o criticará, em vez de ajudá-lo
a retomar ao caminho reto, Ele deve vigiar a si próprio,
porque será tentado e, provavelmente, cairá em
pecado também.
Alguns cristãos carregam cargas pesadas e
precisam da compreensão e do apoio dos outros cristãos
(v.2). Quando um cristão parece estar errando,
os outros, gue tendem a julgar, não podem compreender
as circunstancias dele, a menos que tenham compartilhado
em carregar a sua carga. Compartilhar com aqueles
em necessidade espiritual - assisti-los quando eles
estiverem oprimidos - é cumprir a lei de Cristo
(v.2). A lei de Cristo é a lei do amor (cf. Rom. 13:
8). A pessoa precisa de mais do que simpatia quando o
F. F. Bruce, Romans, p. 230.
problema aparece. Ela pode ser pressionada sob a carga
do erro, do medo, da ansiedade, do cansaço e da
dor flsica. Muitas destas cargas não serão descobertas,
exceto pelo cristão muito senslvel. Se deixamos
uma pessoa sustentar sua carga pesada sozinha, ela
pode cair em pecado. Este é, muitas vezes, o caso do
alcóólico. O amor genulno, a lei de Cristo, é expressa
pelo cristão senslvel, que estende sua mão para ajudar
um irmão que estã lutando sob uma carga, antes
que ele caia.
Paulo escreveu aos romanos para não se julgarem
mais altos do que deviam. Ele avisou aos gãlatas
que "...s"€alguem pensa ser alguma coisa, não
sendo nada, engana-se a si mesmo" (v.3). Um indivlduo
que se julga superior estã apto a negligenciar
o compartilnar das cargas. Seu sentimento de auto-importância
pode fazer com que ele pense que é superior
ao irmão frãgil e fraco, que carrega cargas, ou
que ele estã ocupado demais para gastar tempo ajudando
os outros. Em ambos os casos, ele estã em erro.
O dia virã quando estarã precisando da ajuda de
alguém muito mais importante do que ele próprio, mesmo
de Deus.
Paulo sugeriu que cada pessoa deve medir
sua conduta e realizações ã luz de sua própria situação,
e não em comoaração aos outros (v.4). FreqUentemente,
um homem compara suas realizações com as daqueles
que têm tido menos oportunidades. O resultado
é exagerar o seu próprio trabalho e depreciar o de
outrem. Quando alguém avalia suas realizações ã luz
de seu potencial, descobre que sempre ê insuficiente.
O verslculo 5 parece contradizer a declaração
de Paulo no verslculo 2, de que o homem deve ajudar
ao sobrecarregado por amor. Contudo, todo homem
tem uma responsabilidade na vida, que deve enfrentar.
Ele não deve se esquivar de seu serviço,
passando a responsabilidade de sua obrigação comum
da vida a outros. Aquele que não estã disposto a arcar
com suas prõprias responsabilidades ou cargas sobrecarrega
outros, sobre os quais ele coloca suas
cargas. Se ele carrega a sua parte da carga, pode esperar
que amigos cristãos o assistam com cargas extras.
A instrução religiosa foi muito importante
na igreja primitiva (v.6). Alguns mestres gastavam
tanto tempo na instrução, que a provisão precisava
ser feita para o sustento deles. Aqueles a quem ê
ensinada a Palavra (o evangelho) devem participar no
sustento daqueles que ensinam. Jesus disse: "pois digno
ê o trabalhador do seu salãrio" (Luc. 10:7). Overdadeiro
pastor-professor não prega ou ensina por dinheiro;
todavia, se ele devota todo o seu tempo ao
ensinamento e ao ministerio, ê incapaz de sustentarse.
As congregações não pensam em termos de "controlar
um pregador", mas de "participar em seu sustento",
para capacitã-lo a devotar mais tempo ao ensinamento
e ao ministério.
A Instrução da Colheita (6:7-10)
Paulo disse aos gãlatas: "Não vos enganeis"
(v.7). Faulo pode ter repreendido os gãlatas por mesquinheza
em relação ao sustento de seus mestres men-
144
cionados no versículo 6. A sua ~plicação do ~rande
princípio espiritual que introduziu, todavia, e mais
ampla do que a questão de sustentar professores. Ele
avisou que o homem não pode desprezar a Deus e seus
mandamentos sem pagar as conseqilências: "Deus não se
deixa escar!!ecer" (v.7). O homem não pode escapar
das conseqilencias de ignorar a Deus, que é seu Criador
e tem o direito de fazer demandas de sua vida.
"Pois tudo o que o homem semear, isso tambem
ceifará" e uma referência ao julgamento, em que
todo homem deve dar conta de si mesmo a Deus. A referência
mais imediata rode ser a esta vida presente,
em que a personalidade e o caráter do homem conformam-
se com suas ações - ações malignas que resultam
em um caráter torcido. Se uma pessoa gasta seu tempo
desprezando os outros ou semeando desprezo entre os
outros, virá o dia quando ela se tornará a vítima do
desprezo.
Paulo explicou que, se um homem vive segundo
os desejos de sua carne, ele, eventualmente, ceifará
as recompensas de corrupção e condenação (v.S).
A vida da carne despreza a necessidade de Deus na vida
de alguem e sua responsabilidade para com Deus,
enquanto focaliza assuntos de auto-interesse. Virá o
dia quando a misericórdia de Deus não será mais eficaz
para o pecador culpado. De outro modo, "quem semeia
no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna"
(v.S). O indivíduo que e sincero a respeito de agradar
a Deus e viver uma vida justa, considerará seriamente
o que Paulo ensinou com referência ao Espírito.
Ele procurará ter o controle do Espírito Santo
na sua vida, o que resultará em atos justos e vida eterna.
Uma pessoa que semeia no Espírito nao se
cansará de fazer o bem (v.9). Fazer o bem significa
ajudar alguem que precisa de alguma coisa, quer seja
necessidade física quer seja espiritual. Não é necessário
esforço para não fazer nada pelas necessidades
dos outros, e muitos preferem o "não fazer" a "fazerem
o bem". Existe a possibilidade de a pessoa se
cansar de fazer o bem. Aquele que é consistente em
fazer o bem não serã desapontado, pois, eventualmente
(na devida estação) ele ceifarã o oroduto de seus
esforços. Algumas vezes, o fruto da colhei:a não está
pronto para a eternidade. Dutras vezes. a pessoa
colhe nesta vida alguns frutos de seu labor. A colheita
abundante pertence àqueles que não perdem o
seu ânimo.
A estação de semear é o tempo para fazer o
bem a todos os homens (v.10). Paulo tinha jã mencionado
uma série de boas coisas a fazer: (1) a restauração
de um irmão caído; (2) carregar as cargas uns
dos outros; (3) partilhar das possessões materiais I.
com os professores; e (4) apresentar servi ço incansã- I ~
velo Sempre que uma oportunidade de gentileza, bene- I'~.'.
ficência, ou misericõrdia surgisse, Paulo exortou os _
gãlatas a tirarem vantagens dela, fazendo o be~. E!e
fez uma admoestação especi a1 para se dar atençao a- \'
queles que são da família da fé. Os cristãos têm a I
responsabilidade de cuidarem uns dos outros, assim ~
como os membros de uma família são responsáveis por ~
satisfazer às necessidades uns dos outros. Os pais l_I
cuidam dos filhos durante sua infância, e os filhos
Introdução
Paulo concluiu Romanos 12, instruindo os
cristãos a deixarem a vingança nas mãos de Deus. As
vezes surgem circunstâncias que tornam difícil o esperar
que Deus inflija o castigo nos malfeitores. O
mal não seria restringido se o principio de deixar o
castigo inteiramente nas mãos de Deus fosse seguido.
Paulo explicou que o Es~ado e ordenado por Deus para
punir os infratores da Lei.
Visto que Deus e todo poderoso, toda a autoridade
pertence a ele. A autoridade pertencente ã
instituições ou indivíduos, ou e derivada de Deus ou
e permitida por ele. Paulo estava convicto de que o
Estado (governo) e divinamente ordenado; portanto; ele
deriva sua autoridade de Deus e deve ser respeitado
pelos cristãos.
Paulo gozou os privilegios da cidadania romana.
O domínio romano era antes de maior valor do
que impecilho aos judeus. A religião deles era reconhecida
como uma religio lícita (religião legítima)~
Os romanos respeitavam seu Sabbath e leis quanto a
comida e a proibição de imagens esculpidas. A lei romana
proibia padrões militares com imagens anexadas
a eles. A penalidade de morte era pronunciada contra
aqueles, mesmo tratando-se de um romano, que transgredissem
a lei do Templo que proibia os gentios de
entrarem nas cortes interiores.
Os governadores romanos enviados pelos imperadores
estavam preocupados em conservar a paz e não
com a disputa entre cristãos e judeus. Em Corinto,
cerca de 51 A.D., Paulo foi acusado diante de Gãlio,
o novo procônsul de Acaia. Gãlio concluiu que as acusações
contra Paulo eram assuntos de interpretação
religiosa e de nenhum interesse para ele. O caso foi
posto de lado. Na maioria das ocasiões, Paulo achou
justiça sob legisladores romanos. A experiência de
Filipos foi uma exceção, em que Paulo foi colocado
na cadeia sem uma prova clara. Nos anos posteriores
de seu ministerio, Paulo dependeu, freqUentemente,
de provas diante dos magistrados romanos.
Todavia, as decisões dos legisladores romanos
nem sempre favoreciam os cristãos. Depois que o
imperador declarou sua deidade e requereu de todo o
povo sujeito que o adorasse, os cristãos sofreram severa
perseguição e injustiça nas mãos dos legisladores
romanos. O governo tinha promulgado uma lei que
entrava em conflito com a vontade de Deus. A mais alta
lealdade dos cristãos ao seu Deus, resultava na
resposta freqUente de que "importa mai s obedecer a
Deus do que aos homens". Algumas vezes ó lealdade
mais alta resultava na morte do cristão. Estes incidentes
tinham feito com que muitos questionassem se
tinha fundamento o conselho de Paulo concernente às
relações dos cristãos com o Estado. Se os legisladores
são desonestos e corruptos, pode ainda ser reivin1icado
que o governo seja de Deus? Mesmo ainda
que as decisões e as leis de um governo particular
possa ser contrãria ã vontade de Deus, o governo, como
uma instituição, e ordenado por Deus para regular
a sociedade.
As Relações dos Cristãos com a Sociedade
Roman os 13: 1- 1O
As Responsabilidades para com o Estado (13:1-7)
"As autoridades superiores", geralmente, e
interpretado como as autoridades que governam (v.l).
Oscar Cullmann argumentou que "autoridades superiores",
refere-se tanto a autoridades angelicas como a
autoridades humanas. Os judeus criam que as autoridades
angelicas existiam e influenciavam os assuntos
do Estado. Aconselhando obediência ao governo, Paulo
pode ter dado a entender obediência às autoridades
espirituais nele ocultas. Paulo, explicitamente, declarou
que submeter-se às autoridades governantes é
submeter-se a autoridade de Deus, que instituiu o governo.
O poder do governo é exercico através de legisladores
humanos, e "Toda alma" deve estar sujeita
a eles (v.l). Ser sujeito não significa submeterse
ã servidão. E um termo usado em relação ao respeito
e submissão mútuos aos irmãos (I Cor. 16:16). Também
é usado em relação ã familia cristã, em que a esposa
é submissa ao marido, como a Igreja e submissa
a Cristo (Ef. 5:24).
A sociedade não pode funcionar sem autoridade
respeitada e centralizada. As relações humanas requerem
um padrão de conduta. A pessoa deve conhecer
as ações e os direitos convenientes para não infringir
os direitos dos outros. A injustiça surge mesmo
quando hã tentativas para manter a justiça. A anarquia
é o resultado de se desacreditar e rejeitar a
autoridade.
Visto que todo homem tem seu próprio ponto
de vista quanto ao que é direito, ele seria sua prõpria
lei, se não houvesse um padrão de autoridade
centralizada e um poder para inculcar o padrão. Conseqüentemente,
seria inevitãvel a existência de um
conflito continuo. Submeter-se a uma autoridade centralizada
significa desistir dos privilegias pessoais
e limitar sua liberdade no ponto onde os direitos
de outrem começam; isto requer que cada pessoa viva
sob liberdade restrita. O governo determina as restrições
fixadas em relação a uma pessoa, porém sem
150
estas limitações o homem seria privado pelos outros
de seus direitos e garantias.
Ocasiões surgem em Que a vontade de Deus ê
violada pelas leis dos governadores. Pedro e João foram
proibidos pelo sinedrio de pregar a Cristo. Este
exemplo classico demonstra que a vontade de Deus nem
sempre e seguida por corporações das autoridades. Em
casos onde a consciência e a convicção cristãs são
violadas por leis do Estado, os cristãos, em primeiro
lugar, devem ser leais a Deus. ~s vezes, a lealdade
a Deus resulta em perseguição, porem um retorno do Estado
à vontade de Deus cão pode ser realizado doutra
maneira.
Ha o perigo de o cristão interpretar seus
próprios interesses como sendo a vontade de Deus. O
governo e, muitas vezes, criticado pelos elementos,
na sociedade, que acreditam não estar recebendo privilegios
especiais. O principio da conduta cristã que
requer do cristão preferir os outros e regozijar-se
com os outros que recebem benefícios, o salvaguardara
de substi tui r a vontade de Deus na sociedade pelos
seus interesses pessoais.
Paulo avisou que resistir às autoridades ê
resistir a Deus, que instituiu o Estado (v.2). Qualquer
que resistir a instituição de Deus, na ordem social,
se colocara sob o juizõ de Deus. A ideia de que
a autoridade restritiva.esta errada, um conceito que
prevalece em nossos dias, resulta em anarquia que, eventualmente,
conduz a uma perda de direitos humanos
- a um estado de condenação (v.2). A autoridade restritiva,
que mantem a justiça, assegura os direitos
humanos.
Aqueles que obedecem às leis da terra têm
pouca razão em temer os magistrados (v.3). Aqueles
que quebram a lei têm razão de temer, porque os governantes
aplicam-lhes castigo (vv. 3 e s.). Um magistrado
e um servidor publico, cuja responsabilidade e
punir os criminosos. O cidadão que faz o bem e realmente
servido e protegido pelos magistrados (v.3). Os
cristãos que são divinamente obrigados a viver vidas
retas, não devem temer os magistrados.
Paulo falou das autoridades governamentais
como servos (ministros) de Deus, usando a mesma palavra
pela qual os servos cristãos ou diaconos são designados
(v.4). A declaração dã a entender que a pessoa
em ocupações seculares pode estar dentro da vontade
de Deus. Como um servo de Deus, ela traz a espada
para executar a ira sobre agueles que fazem o mal
(v.4). Paulo proibiu ao indivlduo de fazer justiça
com suas próprias mãos e buscar vingança, porem ele,
com isto, não proibiu as autoridades governamentais.
Elas executam o juizo e o castigo, no lugar de Deus,
contra os malfeitores. Dale Moody faz a observação de
que o castigo capital e a paciência de Deus não entravam
em conflito na consciência de Paulo.
Paulo mencionou dois motivos para submissão
aos magistrados do Estado: evitar a ira de Deus e por
causa da consciência cristã (v.5). O temor do castigo
detém, ate certo ponto, o homem de fazer o mal. Um motivo
mais alto é a convicção cristã de fazer o que é
justo. O cristão deve desejar fazer justiça para o
bem positivo da sociedade como um todo.
Respeito ao governo e submissão às autoridades
requerem o pagamento de taxas (v.6). O aumento de
meios financeiros por meio de taxação é necessario para
o sustento daqueles que servem em posições governamentais.
O serviço de guardar a lei e a ordem, pres~
ados pelos magistrados, é benéfico ã pessoa que paga
as taxas. Mesmo o povo conquistado, beneficiado pelos
oficiais do Estado Romano, tinham que pagar taxas. Eles
tanto tinham que pagar tributos (uma taxa paga
por toda pessoa a uma nação ocupante), como tarifas
de bens usados, para a construção de estradas, pon:
es, mercados, etc.
A responsabilidade do cristão para com as autoridades
não é limitada ao pagamento de taxas. Ele
deve respeito e honra, no mínimo, ao ofício se não àQuele
que exerce o ofício. Visto que as autoridades
publicas aplicam o castigo aos malfeitores, deve-selhe
respeito e honra.
Talvez Paulo tivesse em mente o ensinamento
de Jesus, quando ele deu instruções referentes ao relacionamento
do cristão com o governo. Jesus tinha
dito: "Dai, a César o que é de César, e a Deus o que
é de Deus" (Mar. 12:17). A declaração não somente inclui
honestidade em pagar as taxas, mas também o dever
de obediência às autoridades seculares.
C Relacionamento com o nosso próximo (13:8-10)
Assim como uma pessoa não deve estar em debito
com o governo, também ela não deve estar em debito
com o seu próximo - exceto em uma coisa (v.8). O
cristão nunca paga, completamente, o debito de amor a
cada pessoa, mesmo ainda que faça um pagamento de amor
diariamente. Este debito não é limitado aos irmãos
em Cristo. "O próximo quer dizer qualquer pessoa
que esteja passando necessidade, quer seja um estranho
quer seja um amigo (Lucas 10:25-37). O amor é mais
do que um sentimento de simpatia, boa vontade, ou
prazer. E a combinação de interesse pelo necessitado
e a determinação de fazer aquilo que e possível e necessaria
para satisfazer às necessidades da outra pessoa.
O cristão nunca pode pagar o seu debito de amor
completamente. Sempre que encontra alguem em necessidade,
ele tem o dever de ajudar aquela pessoa. Sua motivação
esta baseada no amor, que foi expresso a ele em
Cristo Jesus.
Paulo explicou como o amor cumpre a Lei (v.
9). Ele mencionou a segunda tábua dos Dez Mandamentos,
que diz respeito à afinidade do homem com o seu próximo.
Em adição ao sexto, sétimo, oitavo, nono e decimo
mandamentos, ele assinalou que o fato de alguém amar
o seu próximo como a si mesmo e suficiente para
cumprir qualquer outro mandamento. Se o homem está interessado
pelo bem-estar do seu próximo, ele não privara
essa pessoa da castidade por meio do adultério,
da vida através do homicídio, de possessões através
do furto, de reputação através de falso testemunho e
de bens através da cobiça.
Paulo deu uma ilustração especifica de como
o amor cumpre a Lei. A pessoa que se interessa pelo
seu próximo, não fara nada de errado que o prejudique;
portanto, assim a Lei e cumprida (v.10).
152
o Cristão em Duas Eras
Romanos 13:1:-14
~ hora da ascensão de Jesus, a promessa foi
feita aos discípulos, por dois homens em trajes brancos,
de que ele voltaria assim com8 havia ido (Atos
1:11). Paulo reconheceu que o inimigo do homem não é
a carne e o sangue, mas os principados, as potestades
e príncipes do mundo destas trevas. A rajada da
morte tinha sido desferida contra o inimigo na cruz
e ressurreição de Jesus; porem as forças de Satanas
continuam a lutar, a sua derrota completa não acontecera
ate a volta de Cristo. Paulo vivia em constante
expectativa pela volta de Cristo, quando se daria
a derrota completa do mal, e a plena salvação, a ressurreição
do corpo, teria lugar. Eie cria que a hora
estava perto (v.ll).
Kairos era uma estação eSDecial, em que o
fim da era-se-ãproximava. A salvacão que Deus começou
com a encarnação, morte, e ressurreição de Jesus
seria completada na volta de Jesus. A declaração de
Paulo, "a nossa salvação estã agora mais perto do
que quando no Espí ri to cremos" indi ca que ele esperava
que Cristo voltasse logo e levantasse os corpos
dentre os mortos. Ele anteri ormente tinha escri to
aos tessalonicenses que "o dia de Cristo está próximo"
(II Tess. 2:2).
Os 'cris tãos têm uma tarefa determi nada a
ser realizada antes do fim da era das trevas. A noite
é um símbolo para a presente era malignà~ e a luz
do dia ê o símbolo para a nova era do Reino de Deus
(v.12). A velha era e passada e a nova estã rompendo
como a luz do dia, que vence a escuridão.
Um dos pergaminhos do Mar Morto, encontrados
em Qumram, divide os homens em aqueles que são
governados pelo anjo das trevas e aqueles pelo Pr;ncipe
da Luz. O as s un to do documen to e a "gue rra dos
filhos da luz e dos filhos das trevas". Paulo incitou
os filhos da luz a despertarem e estarem preparados
para a volta do Senhor. Suas Dalavras são semelhantes
ã ênfase das parãbolas de Jesus em Mateus
25 e 26. O cristão deve vestir a armadura da luz a
fim de estar preparado para a vitória na batalha
que estã próxima. '
O cristão não deve seguir o procedimento
dos pagãos (v.13). Os cristãos devem andar (viver
constantemente) como dignos filhos da luz e do Pai
Celestial. As praticas específicas que precisam ser
postas de lado são o entregar-se ã o~gia e ã bebedice.
A orgia refere-se a entregar-se a farra nas ruas
sem nenhum constrangimento moral. r acompanhada por
bebedice, que também é resultado de carência de constrangimento.
Tal conduta é vergonhosa e característica
de pagãos.
"Impudicicias e dissoluções", podem ser traduzi
das como "deboche e 1iberti nagem". Impudi c; ci as
refere-se a uma cama e dã a entender relações sexuais
numa cama proibida. Pecados paralel(~s prevalecentes em
nossa própria sociedade, são a bebedice e relações imorais.
O homem moderno clama por liberdade, que significa
pôr de lado todo o constrangimento, a fim de
indulgir em seus desejos e paixões. Muitos estão descobrindo
que a indulgencia desenfreada não conduz ã
verdadeira liberdade, nem ã realização na vida, mas
ã deterioração moral, mental e física e a uma vida
de tristeza-e dor. As obras da~ trevas são enganosas.
Prometem satisfação e realizaçao na vida, porem trazem
tristeza e destruição.
Vício e libertinagem e o estãgio da imoralidade
que não mais produz vergonha. A vida imoral ê
exibida em publico e reivindica a aprovação da sociedade
por seus atos de lascívia.
O terceiro conjunto de prãticas não cristãs
e "contendas e ciumes" ou porfias e inveja. A porfia
e construída sobre a inveja. Um indivíduo torna-se
invejoso da posição e possessões dos outros e determina
não ficar em segundo lugar.
O cristão deve se revestir do Senhor Jesus
Cristo (v.14). Isto significa que suas ações devem
seguir o exemplo de Cristo, e que sua vida deve ser
controlada por Cristo. Paulo tinha jã mencionado o
batismo como o símbolo da morte e do sepultamento da
velha vida. O levantar do candidato das ãguas batismais
simboli za ressurreição para uma nova vida em
Cristo. Somente revestindo-se do Senhor Jesus Cristo
alguem e capaz de pôr de lado o controle da carne.
Doutro modo, as luxurias da natureza carnal controlarão
a sua vida (v.14).
A Liberdade do Homem em Cristo
Romanos 14:1-12
Os direitos do liberto (14:1-4)
A vida no judaísmo era oprimida por inumerãveis
inibições e tabus. Algumas das restrições tinham
perdido seu significado original de conduta justa, porem
ainda estavam sendo perpetuadas. Uma tal restrição
referia-se ao comer carne que tinha sido oferecida
aos ídolos. Visto que os profetas tinham interpretado
o cativeiro de Israel como um castigo, antes de
tudo, pela idolatria, os judeus eram muito cuidadosos
em evitar qualquer relação com adoração de ídolo. FreqUentemente,
animais que tinham sido usados em rituais
pagãos eram levados ao mercado e vendidos por
comida. Alguns criam que a carne de um animal usado
na adoração de ídolo era maculada e não devia ser comida.
De acordo com I Cor. 8-10, Paulo concluiu que
um ídolo não representava um deus real; portanto, a
carne do animal não era afetada.
Aqueles que tinham dúvidas quanto se a carne
usada nos templos pagãos era corrompida, eram referidos
"fracos na fê" (v. 1). Os cri stãos que se senti am
libertos de tais duvidas tendiam a desacreditar o
"fraco na fe" como miserãvel e ignorante. Alguns chegaram
ao ponto de se abter de toda e qualquer carne,
por causa do temor de que alguma carne, comprada no
mercado, pudesse ter sido dedicada a ídolos. Eles se
tornaram vegetarianos (v.2).
Paulo instruiu aqueles que tinham obtido uma
compreensão mais plena do significado de justiça para
que acolhessem aqueles cujas crenças restringiam sua
154
liberdade, mas nao com o propósito de argumentar com
eles a respeito da conduta cristã apropriada (v.l).
Muitos cristãos judaicos continuaram a considerar certos
tipos de carne como sendo impura, apesar de Jesus,
claramente, ter declarado que aquilo que uma pessoa
come não a contamina (Marcos 7:12-23; Lucas 11:41);
desse modo, ele declarou todas as carnes limpas (Marcos
7:19).
Não somente havia o problema daqueles que tinham
obtido liberdade mais plena, depreciando as idéias
e ações dos que se~lliam regulamentos r;gidos,
mas 05 mais conservador~s c.~~o,,'- '~~l;n~dn~ ~ cnnsiderar
que os libertos eram culpados de pecado (v.3).
O que come não deve desprezar o Que não come; nem aquele
que não come deve julgar o que come carne. Paulo
lembrou aos cristãos romanos Que Cristo é o Mestre
e qJe cada crente é um servo de Cristo (v.4). Não é
responsabilidade dos servos julgar as ações do~ outros
servos, visto que o servo é responsãvel somente
para com seu senhor. Se suas ações agradam ao seu senhor,
ele "estarã firme" (v.4). Se suas ações desagradarem
ao seu senhor, ele cairã no seu desãgrado e castigo.
Em ambos os casos, a função do senhor é julgar
as ações de seus servos.
Atualmente, a participação em bebidas alcoólicas
é um ponto de controvérsiã entre os cristãos.
Alguns grupos reivindicam, como liberdade cristã o
direito de beber com moderação. Eles admitem que o
excesso de indulgência e a bebedeira desenfreada são
malignas. Outros grupos crêem que mesmo o beber moderado
é errado. Talvez o principio de Paulo de não comer
carne deva ser aplicado ao problema da bebedice
social; todavia fatores adicionais devem ser considerados,
antes de se julgar mesmo o beber moderado como
inofensivo:
1. Muitas pessoas, 9ue desejam se controlar
nas bebidas alcoolicas, são incapazes de
fazê-lo e tornam-se alcoólatras.
2. Companhias que produzem tais bebidas sao
dominadas por seu interesse de fazer dinheiro;
portanto, elas utilizam muitos
meios sutis para escravizar as pessoas ao
hãbito da bebida. Muitos cristãos têm concluldo
que a industria é tão possuida por
motivos e projetos malignos, que o cristão
não deve ter nenhuma identificação
com ela.
3. Mesmo o beber moderado afeta os reflexos
e resulta em muitas mortes e ferimentos
corporais em acidentes de trãfico. A bebedice
mais intensa destrõi a mente e o
corpo.
Estes três fatores indicam que o beber bebidas
alcõlicas não é um paralelo exato de comer carne
oferecida a ldolos. A carne dos dias de Paulo não produzia
efeitos ruins sobre o corpo e a própria vida. O
principio de Paulo a respeito de emancipação não defendia
a participação em atividades que conduzem ã
destruição flsica e ã degeneração moral.
Princípios referentes a dias especiais (14:5-9)
O judaísmo tinha uma longa tradição referente
ao sãbado, que era um dia santo especial. O sábado
é o ultimo dia da semana, e foi estabelecido como
santo pelo Quarto Mandamento. Quando o evangelho foi
levado aos gentios, seus costumes religiosos não estavam
baseados na Lei judaica. Embora o cristianismo
procedesse do Velho Testamento e estã intimamente relacionado
com ele, o dia importante para os cristãos
é o Dia da Ressurreição, ao invés do sábado. Muitos
cristãos judeus diriam que é necessãrio continuar a
adorar no sãbado. Os gentios, não influenciados pela
Lei judaica, preferiram o domingo, o primeiro dia da
semana. Aparentemente, o conflito existiu em Roma,
entre os cristãos, com respeito ao dia a ser guardado
(v.5). Em adição ao sãbado semanal, os judeus,
tanto quanto os gentios, tinham dias festivos especiais
durante o ano.
Um outro princípio proibiu a participação
nos rituais religiosos pagãos; portanto, os cristãos
não deviam voltar aos dias especiais em que honravam
os deuses pagãos. Por outro lado, Paulo aconselhou o
exercício da liberalidade e respeito mútuo em relação
aos dias especiais. Enquanto alguns estimavam um
dia acima dos outros, outros estimavam cada dia igualmente
(v.5). Talvez Paulo tenha assumido a posição
de que todos os dias pertenciam ao Senhor; contudo,
ele respeitou a pessoa que tinha uma convicção
diferente. Ao inves de um lado tentar converter o outro,
Paulo aconselhou que cada homem estivesse satisfeito
com sua própria mente e consciência. --A pessoa
que gozava de liberdades maiores não devia desprezar,
ou considerar espiritualmente imaturos, aqueles que
consideravam uns dias mais sagrados do que os outros.
A observância de dias deve ser para honra do
Senhor, quando aqueIe que come, deve comer para honra
do Senhor (v.G). Aquele que come carne dã graças
ao Senhor por ela, e aquele que se abstém o faz em
honra ao Senhor. As contendas entre os cristãos seriam,
prat~camente, eliminadas, se eles fossem controlados
pela atitude de honrar ao Senhor, ao invés
de pelos direitos e desejos pessoais. O princípio de
viver para agradar ao Senhor não admite a vida de legalismo
e negativismo.
Cada indivíduo vive sua vida aos olhos de
Cristo e como seu servo; portanto, sua vida não é vivida
para si mesmo, nem morre ele para si mesmo (vv.
7 e 8). Se cada cristão focalizasse mais os olhos em
Cristo em sua vida, encontraria maior harmonia com
seu próximo. O homem não estã mais separado de Deus
e sob o domínio do pecado e da morte. Enquanto viver,
o cristão estarã sob o domínio de Jesus como Senhor,
e, quando ele morrer, estarã nas mãos do Senhor. Por
causa destes fatos, sua vida deve ser dominada pelo
que ele pensa que estã agradando ao seu Senhor. A
morte e a ressurreição de Cristo o tornam Senhor de
toda a vida (v.9).Através da ressurreição de Cristo,
seu senhorio foi estabelecido sobre o reino da morte
tanto quanto da vida.
A Responsabilidade para com Deus (14:10-12)
O juízo de Deus é introduzido por duas ra-
156
zões: !'\ Advertir o homem que tende a desprezar e
julgar seus lrmãos cristãos; (2) restringir o uso da
liberdace oara com as ações que são agradãveis a
Deus. E orovãvel que o índivíduo de grandes escrupulos
julgue e despreze seu irmão cristão que vive uma
vida de liberdade. O indivíduo, que prejudica o seu
irmão deve lembrar-se de que ele comparecerã diante
do tribunal de Deus, para dar conta de suas atitudes
não cristãs (v.10). O irmão que se sente livre quanto
às suas ações que chega a desprezar aquele que vive
uma vida restrita também darã conta de suas atitudes
e ~.lavras ao Senhor. O auto-juizo de suas acões
da parIe do homem e o julgamento dos outros ou pelos
outros não substituem o juizo de Deus (v.12).
Restrições a Liberdade
Romanos 14:13-23
Ao dirigir-se aos cristãos fortes, Paulo enfatizou
as lnfluencias que a conduta deles em assuntos
moralmente indiferentes, pode ter sobre os menos
iluminados. O princípio que deve guiã-los não e o conhecimento
se alquma coisa e permissível, mas o amor
e a consideração'pelo irmão mais fraco.
Ao invés de cri,ticar os outros por sua libe~
ralidade ou estreiteza, eles foram instruídos a eVltar
de oôr obstãculo ou empecilho no caminho do irmão
mais fraco (v.13). Mesmo ainda que o cristão mais forte
soubesse que o comer carne não impediria sua própria
vida espiritual, sua liberdade poderia tornar-se
a causa para dissensão e fazer ressentir-se o irmão
mais fraco. Tambem poderia causar embaraço ao irmão
mais fraco, que considera alguma carne impura, se fosse
influenciado, pelo irmão mais forte, a comer carne.
Comendo a carne que ele acredita que Deus tinha proibido,
ele estaria numa atitude de rebelião contra
Deus.
Paulo tomou partido com os cristãos sem preconceitos
que seguiam os ensinamentos de Jesus de que
"nada é de si mesmo imundo" (v.14). Contudo, se uma
pessoa julga que certas carnes são imundas e de13s come
de oualquer maneira, estarã em rebelião contra aquilo
que entende ser a vontade de Deus. Deste modo,
uma certa conduta que e permissível poderia tornar-se
ocasião para pecado. Pecado é geralmente o uso pervertido
ou excessivo do que e bom. Falso testemunho e o
uso pervertido da língua. Adultério e a perversão das
relações sagradas do casamento. O uso irrestrito da
liberdade cristã pode arruinar o irmão mais fraco (v.
15). Alguem que usa sua liberdade no comer ao ponto
de destruir seu irmão mais fraco não estã andando em
amor (v. 15) ,
Andar em amor significa estar desejoso de sacrificar
beneficios próprios em prol do bem de outrem.
Se comer certos alimentos e beber certas bebidas são
um trooeço para outra pessoa, aquele que estã mais
firme na fe e e controlado pelo amor sacrificarã a
sua liberdade em beneficio da outra pessoa. Doutro modo,
sua liberdade cristã, que e boa, pode tornar-se
ocasião para agravo ou para o mal (v.16).
o Reino de Deus, muitas vezes, foi usado por
Paulo para descrever uma herança futura. O Reino virã
em sua plenitude com a volta do Rei e a ressurreição
dos mortos. O Reino de Deus jã veio em poder e ê uma
realidade presente atraves do Esplrito Santo. O Esplrito
e ·0 poder e a presença de Deus com seu povo; todavia,
o Reino ainda não veio em sua plenitude e glória.
Como uma realidade presente, Paulo lembrou aos
romanos que "o reino de Deus não consiste em comer e
beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Esplrito
Santo" (v.l7). A preocupação com comida, bebida,
prazer sensual e diversão e caracterlstica dos epicureus,
cuja filosofia e deste mundo. A sabedoria ou
significado da vida para os cristãos não se focaliza
no reino da comida e bebida, mas no reino espiritual
da justiça, paz e gozo. A justiça tem sido provida
por Cristo, e e adquirida pelo homem atraves da fê.
A paz e o resultado da aceitação do homem por Deus,
tornando-se ele justo por meio da fê (cf. 5:1). O gozo
e a experiência permanente da pessoa que vive em
constante vitória sobre o mal atraves do poder do Esplrito.
A vida controlada pelo amor (consideração para
com outra pessoa), e vivida no poder do Esplrito e
aceitãvel tanto a Deus como ao homem (v.18). O amor
foi descrito como o cumpri mento da Lei (13: 8-10) . Alem
disso, Paulo o descreveu como o meio de servir a
Cristo e agradar a Deus. Todo aquele que ama a seu irmão,
mostrando respeito por seus escrupulos, serve a
Cristo. Considerando que pode haver abusada liberdade
ao ponto de criar dissensão dentro da igreja e causar
Crl ti ca da parte daque 1es fora da igrej a, avi da de amor
estabelece a paz dentro da igreja e ocasi ona a aprovação
dos homens do lado de fora (vv. 18 e 19).
Paulo estimulou os cristãos romanos a seguirem a vida
que traz paz pessoal e que edifica a Igreja e o Reino
de Deus. Ele instru~u ~s romanos a não impedirem a obra
de Deus por causa da comida (v.20). Embora Deus
tenha criado todos os animais, E toda comida, portanto,
e limpa, e pecado alguem comer mesmo a comida pura,
se isto faz com que os outros caiam (v.20).
Os versículos 20 e 21 são repetições dos ensinamentos
precedentes. O tomar alimento aqui tornase
mais definido como comer carne, e o beber faz uma
referência especial ao vinho (v.2l). As instruções de
Paulo vão alem da comida e do vinho, incluindo qualquer
"outra coisa em que teu irmão tropece" (v.2l).
A fe descreve o relacionamento do homem com
Deus (v.22). Isto significa que o homem estã submisso
ao controle de Deus e que vive pelo que ele acredita
ser a vontade de Deus. O cristão forte crê que Deus
tem-lhe concedido liberdade em certas ações. Esta fe
ou convicção não deve ser imposta aos outros, mas ser
usada para avaliar suas prõprias ações diante de Deus.
Se ele pode continuar quanto às suas próprias ações
com uma consciência limpa, Paulo assinala que ele e
um indivíduo feliz (v.22). Porem, se surgem duvidas
referentes ã sua conduta com respeito à comida, sua
consciência o condena, porque ele não vive segundo a
sua fe (v.23). Sua vida não estã submissa ao que ele
crê ser a vontade de Deus para com ele. Viver em rebelião
contra a vontade de Deus e pecado (v.23).
158
o Exemplo de Cristo quanto à Conduta Cristã
Romanos 15:1-13
o Interesse de Cristo (15:1-6)
E fãcil um homem responder às suas críticas,
dizendo: "Eu vou agradar a mim mesmo." Embora ele possa
reivindicar para si o direito de assim proceder,
sua atitude não é a de Cristo. Cristo considerou os
outros em primeiro lugar e negou o auto-interesse, a
fim de ajudar os outros de todas as maneiras possíveis.
Ele nunca pôs seus prõprios interesses ou bem-estar
em primeiro lugar.
Os fortes na fé seguirem o exemplo de Cristo
significa eles serem pacientes para suportar as fraquezas
do fraco (v.l). Eles não agradam a si mes-mos,
mas esfor~am-se em agradar aos que lhes estão prõximo,
isto e, pensam e fazem coisas em benefício de
seu prõximo e que lhes serve de edificação (v.2). Mesmo
Cristo não escolheu seu próprio prazer, mas respeitou
com amor os escrúpulos dos outros (v.3). Ele pôs
os interesses dos outros antes dos seus próprios, porém
ele colocou a vontade de Deus antes de tudo. Ele
estava disposto a levar os opróbrios dos outros sobre
si mesmo. Descrevendo Cristo como um exemplo, Paulo
citou Salmos 69:9, que ~ra, no principio, interpretado
na Igreja como uma profecia da paixão de Cristo e
da retribuição em apanhar em flagrante seus perseguidores.
A citação quer dizer que Jesus tolerou o opróbrio
e o insulto a fim de fazer a vontade de Deus.
Paulo cria que o Velho Testamento tinha significado
mais completo para os cristãos (v.4). Aquilo
que tinha sido escrito previamente foi para a instrução
dos cristãos, a fim de dar-lhes firmeza e estimulo,
para que eles pudessem prosseguir a ter esperança.
A fonte de sua firmeza e estimulo é Deus, que os capacita
a viver em harmonia de mente, a estar em pleno acordo,
e a ter voz uníssona em glorificar a Deus. Embora
a Igreja seja composta de membros com bases e
graus de maturidade muito diferentes, a harmonia é
quando o exemplo de Cristo é seguido. Se os judeus
determinassem seguir sua própria maneira segundo os
seus costumes, não poderia haver harmonia por causa
das exigências da sua Lei de permanecerem separados
dos gentios. Se os gentios insistissem em continuar
suas vidas pagãs imorais, não poderia haver nenhuma
harmonia com os irmãos judaicos. Voltar-se do auto-interesse
para o interesse pelos outros tornou possível
aosdois grupos encontrarem harmonia em seus pensamentos,
estarem de comum acordo e glorificarem o nome de
Deus.
A aceitação da parte de Cristo daqueles que diferem
(15:7-13)
Paulo estimulou os judeus e os gentios a acolherem
uns aos outros, seguindo o exemplo de Cristo
que nos recebeu (v.7). Nem judeus nem gentios desejaram
as boas-vindas dadas a eles por Cristo, porque ele
estava com Deus e era igual a Deus, mas tornou-se
um servo (v.S). Por tornar-se um servo em obediência
ao seu Pai Celestial, Cristo mostrou a veracidade e a
fidelidade de Deus, o qual tinha prometido aos Patriarcas
que seus descendentes seriam seu povo (v.8). A
promessa incluia a responsabilidade dos descendentes
de Abraão de engrandecerem o nome de Yahweh entre os
gentios, que viriam a glorificar a Deus por sua misericórdia
(v.9). A aceitação reciproca de judeus e gentios
trouxe glória a Deus.
A citação de quatro passagens, nos versiculos
9-12, mostra a universalidade da salvação. Davi
contou os gentios como parte de seu reino (Sal. 18:
49). A promessa de Deus a Abraão incluia uma bênção
oara os gentios, e os gentios estav~m convidados 2
regozijarem-se com o povo de Deus (v.10). As bênçãos
de Deus aos gentios, as quais trouxeram regozijo,
tambem fizeram com que eles louvassem ao Senhor (v.
11). O fato de os gentios louvarem ao Senhor juntamente
com os judeus significava que ele é o Deus de
todos os povos. A citação do Salmo 117:1 que segue revela
que os gentios eram parte do Reino de Deus, visto
que eles estari am sob o governo da "rai z _de Jesse",
uma declaraçãomessiânica (v.12). Estes versiculos
revelam que os gentios partilhavam da mesma esperança
que os judeus. O Deus que dã esta esperança a
todos os povos é também a fonte de gozo e paz (0.13).
Os gentios tanto quanto os judeus tinham recebido o
poder do Espírito Santo, que deu aos crentes o poder
do Reino, gozo, paz e es.perança. Em Gãlatas 5:22,
Paulo menciona que o fruto do Espírito é o amor, o
gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade,
a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio.
Capftulos Finais de Romanos
o livro de Romanos chegou a nós em recensões
(textos revisados), de três finais diferentes. A recensão
mais curta termina com o capftulo 14, porem
tem a doxologia adicionada em 16:25-27. A segunda
recensão conclui no fim do capftulo 15, com a doxologia
anexada em 16:25-27. A recensão mais longa inclui
os capítulos 15 e 16.
F. F.Bruce sugere que a recensão mais curta
pode ter vindo do Cônego de Marcion.l Marcion adotou
as crenças gnósticas, rejeitou o Velho Testamento.
Visto que Romanos 15 refere-se a citações do
Velho Testamento, ele achou o capítulo inaceitãvel.
Bruce crê que o capítulo foi omitido de algumas recensões,
porque a epístola foi enviada a igrejas diferentes.
O capítulo 16 contém uma lista de cumprimentos
a pessoas. t incerto se estas pessoas eram
membros da igreja em Roma ou em tfeso. Alguns estudiosos
concluem que o capítulo 16 foi adicionado a
uma câpia da epístola, que foi enviada a (feso. Não
é impossível aue os cristãos que foram saudados tivessem
migradü para Roma.
Conforme observado anteriormente , Romanos
não é uma carta que trata de problemas específicos
de uma igreja particular. ( uma dissertação doutrinal,
cuidadosamente organizada. ( possível que Paulo
a tenha redigido, em primeiro lugar, para a igreja
em Roma, porem enviou câpias adaptadas às outras igrejas.
As advertências finais de Paulo, em Romanos,
manifestam seus desejos e planos futuros no serviço
missionário. Ele sentiu-se obrigado a visitar Romá,
a fim de tomar parte no ministério do Evangelho de
Cristo aos gentios. Quando a carta foi escrita, ele
planejava passar somente um breve período em Roma,
antes de seguir para a Espanha. Antes que Paulo começasse
a jornada romana, foi necessário que ele fizesse
uma viagem a Jerusalém para levar uma oferta
aos santos. Quando ele chegou a Jerusalem, seus pla-
F. F. Bruce, Peake Is Comentary on the Bib1e "The
Epistles of Paul", (Londres: Thomas Nelson and
Sons Ltd., 1962), p.933.
nos originais foram mudados por sua prisão e provação,
que necessitaram de seu apelo a Cesar. De acordo com
o Livro de Atos, Paulo foi a Roma como prisioneiro.
Se mais tarde ele foi liberto e teve necessidade de fazer
a jornada para a Espanha e incerto.
Depois que Paulo manifestou seus planos, ele
concluiu a carta com cumprimentos a uma serie de cristãos,
que tinha conhecido em vãrias cidades onde havia
pregado o evangelho. Ele encerrou a eplstola com
exortações diversas e uma doxologia.
A Apologia de Paulo ã Eplstola Romana
Romanos 15:14-21
A materia principal da Eplstola de Paulo extende-
se de 1:18 - 15:13. Romanos 15:14-21 conte~ uma
explicação por que ele escreveu aos romanos. Sabendose
que ele não foi o fundador da igreja em Roma, ele
não poderia reivindicar responsabilidade para a instrução
e o crescimento dos cristãos em Roma (v.14).
Contudo, ele tinha escrito uma eOlstola extensa, apresentando
doutrinas de que eles precisavam. A fim de
não ofende-los, ele fez tres declarações complementares
acerca dos irmãos em Roma:
1. Eleedsroatmadosgradnede bondade.
Elecsrhaedmieostodo conhecimento.
Eles edreacmaipnasztersuir-seaos uns
Apesar da idade da igreja, que talvez tenha
sido iniciada pelos peregrinos pente:ostais logo após
a ressurreição de Cristo e o Dia de Pentecostes, Paulo
senti u a necessi dade de escrever úm "pequeno memorando
acerca do cristianismo essencial (uma expressão
deliberadamente atenuada, se e que houve alguma)."2
Talvez seus tres complementos sugiram a finalidade de
sua escritura. Ele admitiu que tinha sido ousado, mas
isto foi porque Deus havia dado beneflcios especiais
a ele, como um ministro aos gentios (v.15). Paulo reivindicou
um certo status nas igrejas gentias, não por
causa do que ele foi ou tivesse realizado, mas por
causa do que Deus lhe tinha revelado. A graça de Deus
o tornou um "ministro de Cristo Jesus entre os gentios"
(v.16). A palavra ministro significa "pertencente
ao povo". Paulo tinha recebido a graça de Deus para
servir aos gentios. Ele tinha sido especialmente dotado
pela graça de Deus çomo um ministro de Cristo,
"ministrando o evangelho de Deus" (v.16). Sua responsabilidade,
divinamente dada, foi a de ganhar e preparar
os crentes gentios como uma oferenda a Deus.
Não somente os gentios deviam ser salvos, mas tinham
que ser desenvolvidos e separados pelo Esplrito Santo
(v.16). Paulo considerou seu apostolado um serviço sacerdotal,
e seus convertidos gentios como sua oferta
a Deus. Embora os judaizantes pensassem que sua chamada
fosse insignificante, por causa da atitude deles
para com os gentios, Paulo orgulhava-se do trabalho
para o qual Deus o tinha chamado f qualificado para
fazer (v.17). Ele não tomou credito para si pelo que
2 T. W. Manson,
164
Romans, --- p.952
tinha sido realizado entre os gentios através dele,
mas reconheceu que Cristo no seu interior havia-os levado
ã conversão e à obediência (v.18). Ele podia falar
destas coisas com humildade, porque eles eram a
obra de Cristo.
A obra que Cristo realizou através de Paulo
incluiu o ensino e atividades de sinais e prodígios
(v.19). Um sinal aponta alguma coisa além de si próprio.
Ele aponta Deus como a agência e a fonte de poder.
Como um prodígio, o trabalho miraculoso cria uma
impressão em relação ao testemunho humano. Tanto a
pregação da Palavra como a realizaç~o de milagres por
parte de Paulo manifestaram o poder da obra de Cristo
por intermédio dele.
Paulo sentiu que seu trabalho, que se extendia
desde Jerusalém até ao Ilírico, estava quase compleco.
Se ele realmente pregou no llirico ou -se fez
somente às suas circunvizinhanças ê desconhecido. Ele
declarou que tinha pregado plenamente o evangelho de
Cristo (v.19). Talvez ele quisesse dizer por "pregado
plenamente" que tinha proclamado Cristo de um modo representativo
nas cidades principais.
Paulo preferiu ser um missionãrio de fronteira.
Ele foi a lugares onde o evangelho não tinha sido
pregado anteriormente e estabeleceu a fundação do evangelho
(v.20). Embora a tradição primitiva sugira
que Pedro iniciou a igreja em Roma, a declaração de
Paulo de que ele não edificou sobre o fundamento de outro
homem dã a entender que Pedro não foi o fundador,
visto que Paulo desejou contribuir para o ministério
da igreja em Roma.
Após iniciar uma igreja, Paulo não ficava
muito tempo na cidade, porem, deixava-a aos cuidados
de um ministro. Ele se mudava para um novo campo de
conquista. Ocasionalmente, ele voltaria a visitar as
igrejas que ele tinha fundado e, freqUentemente, escrevia
cartas, dando-lhes conselhos.
Paulo levou o evangelho a lugares onde Cristo
não tinha sido anunciado. Ele fez a obra de um apóstolo,
mais do que a de profeta ou pastor-profesSor.
Ele baseou seu plano de obra missionãria pioneira
em Isaías 52:15: "Aqueles a quem não foi anunciado
o verão, e os que não ouviram entenderão (cf. Rom. 15:
21) .
Os Planos Futuros de Paulo
Romanos 15:22-23
Paulo explicou que, anteriormente, ele tinha
desejado visitar Roma, a capital do império. Ele tinha
sido impedido por causa da urgência do trabalho
de Jerusalém a Ilírico (v.22). Visto que Paulo sentiu
que seu trabalho naquela ãrea estava completo, não havia
nada para impedi-lo de cumprir seu desejo de muitos
anos (v.23): Ele não planejava ficar muito tempo
em Roma, sabendo que o evangelho tinha sido implantado
lã talvez trinta anos mais cedo e a igreja estava
relativamente forte. Ele desejou ir ã Espanha (v.24).
Ele esperava que sua visita a Roma estabelecesse um
relacionamento forte o bastante para fazer com que os
cristãos romanos o sustentassem durante sua missão na
Espanha (v.24). Os cristãos romanos poderiam auxiljã10
em seu caminho, dando-lhe cartas de recomendação,
informação, companheiros na obra e contribuições para
as despesas. Ele esperava ser fortalecido pelos irmãos
romanos e queria gozar da companhia deles por uma
temporada.
Não é certo que Paulo tenha chegado ã Espanha,
porém a tradição primitiva afirma que ele a atingiu.
Al~uns estudiosos concluem que Paulo foi solto
da prisao romana por Nero em 62 ou 63 A.D. Após uma
jornada ã Espanha, ele sentiu a obrigação de ir a Jerusalém
com a ajuda coletada das igrejas gentias para
os cristãos necessitados (v.25). O Livro de Atos descreve
a coleta na Macedônia e Acaia, e a viagem de
Paulo a Jerusalém. I e 11 Corintios também adicionam
informação referente ã contribuição para os pobres em
Jerusalém. As provincias da Galãcia e ~sia também tomaram
parte na oferta. Sete mensageiros gentios, representando
as igrejas, acompanharam Paulo (veja Atus
20:4).
As igrejas gentias estavam sequiosas de dar,
porque sentiam uma obrigação para com os judeus, através
dos quais Cristo veio (v.2?). Visto que eles tinham
recebido grandes bens espirituais dos judeus,
sentiram que era seu dever compartilhar os bens materiais
com aqueles em necessidade. A oferta foi uma expressão
de amor cristão, e teve o poder de estabelecer
grande unidade e amizade entre os cristãos judeus
e gentios. Paulo cria que a oferta havia-lhes "consignado
este fruto" (v.28). Esta declaração, provavelmente,
quis dizer que a aceitação da doação feita pelos
cristãos gentios da parte dos cristãos judeus representava
a aceitação dos próprios cristãos gentios.
Paulo disse que, quando ele empreendeu sua
jornada a Roma, tinha a certeza de que chegaria na
plenitude da bênção de Cristo (v.29). r incerto se esta
declaração quis dizer que ele teria experimentado
a bênção pl~na de Cristo sobre seu trabalho no este,
ou se esperava que a vontade e propósito de Cristo inclu;
am um ministério frutifero para ele em Roma.
Paulo completou seus comentãrios referentes
a seus planos futuros com um apelo aos romanos para
que eles o sustentassem com suas orações (15:30-33).
Ele sabia algo dos perigos que o aguardavam em Jerusalém.
Pela fé, ele foi confiante em que a vontade de
Deus se cumpriria. Pela terceira vez, no epilogo, ele
expressou urna fórmula trinitãria de Cristo, de Deus e
do Esp;rito (cf. 15:15-19, 30). Cristo ocupou o papel
de um mediador, o Espirito ligado ao amor, e a oração
foi endereçada a Deus. A suplica de Paulo, pela oração,
era urgente, visto gue a crise que ele enfrentaria
em Jerusalém seria seria. Ele percebeu que enfrentaria
não somente a hostilidade dos incrédulos, mas
também a possibilidade de que os cristãos judeus não
aceitassem a doação (v.3l). Se ele fosse a Jerusalém
com as bênçãos plenas de Cristo e a vitória experimentada
em ambos os lados, ele seria capaz de fazer sua
jornada a Roma com gozo, pela vontade de Deus (v.32).
Pa' ')expressou uma tercei ra bênção. A primei
ra, em 1 , se referi a ao Deus de fi rmeza e encorajamento.
egunda, em 15:13, ligou a esperança provinda
de Deu~ com o gozo e a paz. A terceira, em 15:
33, enfat~za a paz. Muitos estudiosos crêem que a Carta
aos Romanos termina em 15:33. O capitulo 16 é uma
166
Os Cumprimentos de Paulo aos Santos
Romanos 16:1-16
Conforme observado anteriormente, o destino
dos cumprimentos no capitulo 16 é incerto. Alguns estudiosos
crêem que aqueles que foram cumprimentados
residiam em rfeso. Algu~as vezes, referem-se a este
parãgrafo como uma carta a Febe. Paulo pode ter enviado
cartas semelhantes a Roma e a rfeso, que difereriam
somente na introdução e nos cumprimentos pessoais
nas conclusões das duas cartas. Estes poderiam
ter sido combinados, mais tarde, em uma. Todavia, não
hã nenhuma evidencia textual de que isto aconteceu.
Febe é chamada de irmã e diaconisa. r discutido
se "di aconi s a" era um termo técni co referente a
uma função na igreja. Diãcono (ministro) é um termo
descritivo que era freqUentemente usado para descrever
o trabalho de qualquer cristão ou de Cristo (cf.
Rom. 13:4; 15:8; I Tess. 3:2; II Cor. 11:23). A palavra
toma um significado técnico mais especifico em
Romanos 12:7, onde o ministério de diãconos é citado
com profecia, ensino, e.outras funções, como um dom
do Espirito. Os diãconos são mencionados em conexão
com os bispos em Filipenses 1:1.
Anteriormente, Paulo não tinha usado o termo
"igreja" em Romanos. Ele referiu-se ao povo de
Deus com os termos "irmãos" e "santos". Uma igreja
(ekklesia) é uma comunhão do povo de Deus, que se une,
conjuntamente, em adoração e serviço. Febe era
uma serva da igreja em Cencréia (v.l). Cencreia era
o porto este de Corinto. Por causa de sua fidelidade,
como uma serva (diaconisa), ela mereceu a ajuda dos
cristãos romanos. A palavra, descrevendo-a como uma
ajudadora, era usada como um termo legal para apresentar
réus e testemunhas numa corte de justiça. Ela
ajudou Paulo tanto quanto os outros (v.2). Sua assistência
pode ter sido em assuntos legais. Doutra maneira,
ela pode ter assistido Paulo e outros cristãos
com hospitalidade ou finanças.
Provavelmente Priscila e ~qUila foram lideres
cristãos judeus antes de serem forçados a deixar
Roma, em 49 A.D. (cf. Atos 18:1-3). Paulo uniu-se a
eles no oficio de frabicantes de tendas em Corinto,
e mais tarde os levou a rfeso (Atos 18:18,19). Visto
que o nome de Priscila é, geralmente, mencionado primeiro,
Paulo aparentemente tinha grande respeito por
sua habilidade de liderança. Priscila e ~qUila estabeleceram
uma igreja em ffeso, que se reunia na casa
deles (I Cor. 16:19). Muitos estudiosos pensam que
Romanos 16 foi enviado a tfeso, Porque Paulo mandou
cumprimentos a uma igreja que se reunia na casa de
Priscila e ~qOila (16:5). Todavia, é possivel que eles
retornar~m a Roma após a morte de clãudio em 54
A.D. Uma igreja poderia estar se reunindo na casa deles,
em Roma, antes de serem forçados a partir, em
49 A. D.
Paulo esteve em Efeso de 53-56 A.D., e foi.
provavelmente lã que Priscila e AqUila arriscaram su~
as próprias cabeças pela vida de Paulo (v.4). Paulo
referiu-se a uma experiência em que ele lutou "em Efeso
com feras" (I Cor. 15":32).AqUila e Priscila estavam
ainda com Paulo no tempo que ele escreveu I Corlntios
(veja 16:19), provavelmente em 54 ou 55 A.D.
Eles tinham sido de grande beneflcio a "todas as igrejas
dos gentios" (v.4). O ministerio de Paulo,
ainda em Efeso, parece ter-se extendido às vilas circunvizinhas.
Priscila e AqUila, que tinham SidO capazes
de instruir Apolo (Atos 18:26), foram provavelmente
de grande ajuda, como ministros da Palavra, no trabalho
de Paulo (v.3).
Alem da informação de que Epêneto estava entre
os primeiros convertidos na Asia, nada se sabe a
respeito dele. Sua identidade com a Asia dã apoio ao
argumento dos estudiosos de que este parãgrafo de Romanos
foi escrito à igreja em Efeso. Maria, que trabalhou
muito para Paulo e seus associados, e desconhecida
em qualquer outra parte do Novo Testamento (v.6).
Andrõnico e Junias são chamados de parentes, que, provavelmente,
queria dizer companheiros da mesma nacionalidade
ou cristãos judeus (v.7). Eles foram companheiros
de prisão com Paulo, Dorem o local de sua prisão
e desconnecido. A declaração de que eles eram
"bem conceituados entre os ap6stol03" poderia significar
que ou eram apóstolos eminentes {missionãrios),
ou eram altamente estimados pelos apostolos.
Pouco se sabe sobre Ampliato (v.8), Urbano e
Estãquis (v.9),Apeles (talvez Apolo) e os da casa de
Aristõbulo (v.10). Aristõbulo pode ter sido um irmão
de Herodes Agripa I, que viveu em Roma. Seus familiares
abrangeram seus escravos e homens libertos da escravidão.
Herodião parece ter sido um cristão judeu
(v.ll). Narciso tem sido identificado como um abastado
escravo libertado Imperador Tiberio. Ele foi eventualmente
executado por ordem de Agripina, a mãe de
Nero. As três mulheres mencionadas no versiculo 12
são desconhecidas. Rufo aparece em Marcos 15:21 como
um filho de Simão Cireneu; todavia, Rufo era um nome
comum. Os mencionados nos versiculos 14 e 16, ao contrãrio,
são desconhecidos.
E digno de nota que Paulo mencionasse diversas
mulhe~es que eram llderes proeminentes nas igrejas
primitivas. Alguns têm sugerido que Paulo "detestava
as mulheres", por causa do que se reflete em I
Corintios. Este parãgrafo da Escritura demonstra o
respeito de Paulo por elas, como lideres capazes e obreiras
fieis nas igrejas.
Paulo exortou os recipientes a saudarem-se
"uns aos outros com o ósculo santo" (v.16). Este costume
erã praticado pelos Rabis e, aparentemente, foi
adotado na igreja primitiva. Paulo tambem aludiu que
liasigrejas de Cristo vos saudam" (v.16). Talvez ele
tenha concluido a Epistola aos Romanos na epoca em
que os representantes das igrejas se uniram a ele para
levar a oferta a Jerusalem (cf. Atos 20:3,4). E
possivel que Paulo estivesse enviando a Carta aos Romanos
a Febe, de Cencreia, a qual estava planejando uma
viagem a Roma. Portanto, o capitulo 16 seria uma
168
tão dialguns
contra
com os
carta de instruções e uma introdução de Febe aos cristãos
romanos. Os cumprimentos a numerosas pessoas conhecidas
de Paulo, que estavam em Roma, provariam que
a epístola não era uma falsificação.
Adve:-tênciade Paulo aos Cristãos Romanos
Romanos 16:17-20
A oposição dos judaizantes tinha sido
fundida, que Paulo provavelmente concluiu que
que estavam na igreja em Roma estavam falando
sua doutrina. Quando ele chegou a Roma e falou
judeus,
"Eles lhe disseram: Nem recebemos da
Judeia cartas a teu respeito, nem
veio aqui irmão algum que contasse
ou dissesse mal de ti. No entanto,
bem quiséramos ouvir de ti o que
pensas; porque, quanto a esta seita,
notório nos é que em toda parte é
impugnada" (Atos 28:21,22).
Grande parte do texto da carta lidava com o e~ro da
doutrina de salvação mantida pelos judaizantes.
E possível que o gnosticismo estivesse influenciando
alguns dos cristãos romanos. O aviso de Paulo
contra aqueles que criam dissensões e dificuldades
(v.17), e "não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao
seu ventre" (v.18), poderia ter-se aplicado ou aos judaizantes
gnósticos. O gnosticismo era um sistema duallstico,
em que a existencia material era considerada
maligna. Embora o corpo aprisione a alma, alguns ramos
do gnosticismo criam que os pecados da carne não
afetam a alma; portanto, uma pessoa era livre para indulgir
em ações imorais - servindo a seus próprios apetites
(v.18). Servir a seus próprios apetites tambem
poderia ter-se aplicado aos judaizantes, que viam
o triunfo fundamental de Cristo em termos de coisas
materiais e pompa e poder terrestres. Eles usavam palavras
belas e religiosidade hipócrita para laçar as
pessoas inocentes.3
Enquanto Paulo regozijava-se pela obediência
dos romanos ao Senhor, ele queria que eles fossem peritos
na bondade e inexperientes no mal (v.19). Eles
devem ter ganho força, sabendo que o Deus da paz logo
destruir~a seu maior inimig?, ~atanãs iv.20). Satanãs,
que contlnua a tentar os crlstaos, sera esmagado pelo
Senhor na Sua volta. A bênção no verslculo 20 estã omitida
em alguns textos primitivos.
Cumprimentos dos Companheiros de Paulo
Romanos 16:21-23
Timóteo, de Listra, tinha sido o companhelro
e cooperador mais chegado a Paulo. Ele era filho de
pai grego e mãe judia, e tinha-se unido a Paulo quando
este passou por Listra em sua segunda viagem missionãria.
Timóteo, muitas vezes, é mencionado por Paulo
no início das cartas, e duas cartas, que tinham sido
escritas a ele, tem sido preservadas. Lücio pode
3 T. W. Manson, "Romans", p.953.
ter sido Lucas, o autor das seçoes iniciadas com o
pronome "nõs" (Atos 16 - 28). Gaio pode ter sido um
dos primeiros convertidos de Paulo em Corinto (cf. I
Cor. 1:14). Tércio, que atuou como o amanuense (aquele
que escreve o que se dita) de Paulo, não é mencionado
em qualquer outra parte no Novo Testamento. [rasto,
o tesourei ro da cidade, pode ser a mesma pessoa
mencionada em Atos 19:22.
Quando a lista dos companheiros de Paulo f
comparada COJTl os repl'esentantes que acompanharam Paulo
a Jerusalém com a oferta, somente Sõpater e Timõteo
são mencionados em ambas as listas (cf. Atos 20'
4). Embora Gaio seja mencionado em ambas, o Gaio em
Atos 20:4 é de Derbe. Em Romanos 16:23, Paulo o iden~
tifica como seu hospedeiro, indicando que ele, provavelmente,
estava na casa de GalO de Corinto quando a
epístola foi escrita.
Doxologia
KomanO$ 16:24-27
A bênção no versículo 24 é uma repetição d~
mesma no versículo 20. Já tem sido mencionado que a
doxologia dos versículos 25-27 aparece em três diferentes
lugares nos textos antigos. O Codex Vaticanu~
e o Codex Sinaiticus trazem a doxologia após 16:23,
A evidência textual parece favorãvel quando colocada
após 16:23; portanto, a Epistola aos Romanos não termina
com o caprtulo 14, mas com o capítulo 16.
A doxologia E uma compilaç~o de declarações
importantes feitas em outras partes das escrituras de
Paulo. Alguns estudiosos têm sugerido que era uma
r.ompilação designada a conc'luir o túrpus Paulinum
total. "Ora, àquele que e poderoso pE1ra vos conr'ir'mar,
segundo o meu evangeino" (v.25), e uma cit;:;.ocã
de Efesios 3:20 e 2:16. "Segundo o meu evangelho"
significa o evangelho que Pa~ic pregava - a justificação
pele;.fe em Cristo. "A pregação de Jesus Cristo"
tem relação com o conteudo da pregação que é Cristo.
"A revelação do mistério guaY'ciaclo em silêncio nos
tempos eternos", refere-se no fato de que os genti os
eram co-herdeiros com o povo escolhido. Este fato
tem sido desprezado pelos Judeus, apesar de estar incluído
na promessa a Abraão e ser freqUentemente referido
por Isaias.
Por meio de reveiação especial, Paulo ficou
ciente do mistério que, r~ verdade, foi manifestado
"pel as escrituras proféti cas", porerr:não foi compreendido
(v.26). Então o mistério tinha sido feito conheci
do a todas as nações "para a obedi ênci a por fi3"
(V.2§J, que era a conversão_ dos gentios. Que eles
tambem eram o povo de Deus nao erá compreendido pOí
Israel. Foi revelado a Paulo que a morte ao Messias,
cujo sangue tornou-se um sacrifício para todas a5
pessoas que foram justificadas pela fe, foi o meiJ
de Deus incluir os gentios em seu Reino. Enquanto a
aceitação por Deus era compreendida ser por meio dR
Lei judaica. os gentios estavam exclu;dos do Reino
de Deus. O único fim apropriado para tão grande dissertação
doutrinal é o louvor da sabedoria e glória
de Deus atraves de Cristo Jesus (v.27).
170
o Postscriptum aos Gãlatas
Gãlatas 6:11-18
Assim como a Epístola de Paulo aos Romanos
termina com um aviso contra os judaizantes, sua Epístola
aos Gãlatas avisa contra aqueles que queriam "ostentar
boa aparência na carne" e insistiam na circuncisão
dos cristãos gentios gãlatas (v.12). A conclusão
desta carta difere de Romanos, em Paulo não apresentar
cumprimentos ou referências pessoais. Ele urgentemente
pediu aos romanos que se lembrassem dele
na oração, quando ele começasse a jornada perigosa para
Jerusalem, porem nenhum pedido e feito aos gãlatas.
Ele não compartilha seus planos de viagem nem dã instrução
para saudarem-se com o ósculo santo.
Paulo chamou a atenção para as "letras grandes"
de sua escritura e para o fato de que ele estava
escrevendo sem a assistência de um amanuense. Talvez
o manuscrito de Paulo não tenha sido tão perfeito
quanto o de um escriba profissional. Aparentemente, ele
escreveu a Carta com grande urgência e emoção, e
pode ter negligenciado o cuidado na informação de suas
cartas. Ele pode ter confrontado sua carência de
perfeição (que causaria impressão em seus leitores)
com a exati dão e preci são de seus oponentes, que estavam
excessivamente preocupados em causar impressão
(v. 12).
Os judaizantes tambem estavam preocupados em
escapar ã perseguição por causa da cruz de Cristo (v.
12). Os judeus cristãos que requeriam que os gentios
fossem circuncidados e guardassem a Lei de Moises não
seriam condenados e banidos da pãtria pelo judaísmo
oficial. Convencendo um grande numero de gentios a se
submeterem ã circuncisão, os judaizantes poderiam "se
gloriarem na vossa (os gentios) carne" (v.13). Era mais
importante para eles convencerem os gentios a se
circuncidarem do que guardarem outros pontos da Lei
(v. 13).
Antes de sua experiência de conversão, Paulo
estava preocupado em causar impressão na carne. Ele
escreveu aos filipenses, dizendo que tinha confiado
na carne mais do que outros (3:4 e ss.). Ele era cuidadoso
em guardar a Lei, como um fariseu, e ate mesmo
perseguia a Igreja, que falava contra a Lei. A ambição
de Paulo era, indubitavelmente, ser um grande líder
no judaísmo. Estas ambições parecem ser o que ~l~
descreveu como "gl ori ar-se na carne". Após sua conversão,
Paulo não tinha mais bases para jactar-se em suas
prõpri as real izações (v. 14). "A Cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo" substituiu suas ambições mundanas
com uma justiça que veio de Deus e uma gratidão em
resposta ao amor de Deus que o tornou um servo. O encanto
do poder e posições mundanas perderam a atração
para Paulo ("foi crucificado"), e ele parou de empenhar-
se em seguir os padrões mundanos (v.14). A segurança
e a paz de ser aceito por Deus atraves da fe,
o gozo da vitória na vida cristã e a esperança da ressurreição
tornaram-se supremos na vida de Paulo e
substituíram todos os outros valores.
o orgulho racial e o sentimento de superioridade
da parte de Paulo como um jude~ circuncidado
di~s~pC'T3m-se quôndc 21>2 se convencel; de ~,\la prapria
pecaminosidade e se converteu. Sua circuncisão não erQ
de nenhum valor, mas S~~ experiência de viver no
Espírito, como uma nova criatura de Deus, foi-lhe de
maior valor (v.15). O viver segundo a Lei o estava
d€~rQtanjo, pOiêm o andar segundo o ~sDlr;to trouxelhe
a paz e a misericórdia de Deus (v.16).
Paulo terminou com uma referência a suas cicatr~
ZES fei tilS por açoi tes, apedrejcmertos e outras
provas por que ele passou no servico de Cristo. Ao
inv~s de serem estigmas para desac~ed!t~-10, eram estigmas
que o marcam como pertencente a Jesus Cristo.
Ele tinha sido acusado, pelos judalzantes, de não estar
qualificúdo pura ap6stolo, assim desfizeram de
seus ensinamentos tendo-o por inconsistente em sua
posição qüê<nto ~ circuncisão. ,fj, vida de sofrimento
sacrificial e serviço de Paulo para com seu Senhor
foram evidência indiscutivel de sua aevoção a Cristo;
portanto, não havia nenhuma razão para ele ser perturbado
pelo homem novamente (v.17). saulo terminou
a epístola com uma breve bênção, em Que ele recomendou
os "irmãos li a graça de Deus.

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