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1 INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta os conceitos de funcionamento de alguns dos instrumentos


geotécnicos mais empregados no monitoramento de Barragens de Terra e Enrocamento.

2 INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS DE TERRA E


ENROCAMENTO
Há diversos tipos de equipamentos utilizados na instrumentação de obras de terra, assim
como diversos fabricantes. Segundo Cruz (2004), os instrumentos utilizados podem ser
classificados em três categorias em função da proposta de utilização:

 Local onde será instalado: o Solo, concreto e maciço rochoso;


 Pelo funcionamento do transdutor: Mecânico, ótico, elétrico,
pneumático e hidráulico;
 Pela grandeza medida: Nível de água, pressão neutra, tensão
total, deslocamento, vazão e aceleração.
Neste trabalho são apresentados alguns dos aspectos mais importantes sobre
piezômetros, medidores de nível d’água, pluviômetros, inclinômetros e marcos
superficiais, que são os instrumentos de medida associados aos controles de piezometria
e deslocamentos das barragens. Esses registros são usados nas análises de verificação de
segurança do maciço e da fundação de barragens.

2.2. Piezômetros e Medidores de Nível D’água


Os instrumentos mais utilizados para estudos piezométricos em barragens de terra são
piezômetros e medidores de nível d’água. Antes de definir o funcionamento desses
instrumentos, é importante entender a diferença entre poropressão e nível freático. .

O nível freático é definido como a superfície superior de um corpo d’água subterrâneo,


na qual a pressão corresponde à atmosférica.

A poropressão ou pressão neutra pode ser definida como a pressão suportada pela água
nos espaços vazios do solo atuando em todas as direções.

Os piezômetros são instrumentos desenvolvidos para medir a poropressão num ponto do


solo, enquanto que os medidores de nível d’água são instrumentos desenvolvidos para
medir o nível freático no solo. (CRUZ, 2004)

Quando não há fluxo d’água no interior de um maciço (Figura 1), a poropressão


aumenta uniformemente com a profundidade, mantendo o nível piezométrico e freático
em equilíbrio; quando o fluxo d’água ocorre (Figura 2), ou seja, quando existe variação
da carga hidráulica total, o nível piezométrico fica em desequilíbrio assim como o nível
freático. (SILVEIRA, 2006)
Figura 1 - Nível freático quando não há o fluxo d’água subterrânea.

Figura 2 - Nível freático e poropressões quando há o fluxo d’água.


Na instrumentação de barragens é importante diferenciar poropressões medidas no
maciço da barragem daquelas medidas na fundação da barragem. As poropressões
propriamente ditas são medidas no maciço do barramento, as poropressões evidenciadas
na fundação são chamadas de subpressões, em decorrência de atuarem de baixo para
cima. Segundo Silveira (2006) as subpressões devem ser observadas principalmente no
contato solo-rocha, níveis e camadas mais permeáveis da fundação e nas proximidades
da base da barragem.

Existem vários tipos de piezômetros, Silveira (2006) destaca alguns dos mais utilizados
nas barragens brasileiras.

2.2.1 Piezômetro Standpipe


São instrumentos confiáveis e robustos para a observação das subpressões ou
poropressões em barragens de terra. As figuras 3 e 4 ilustram o instrumento.

Esses instrumentos possuem baixo custo de implantação e vida útil compatível com a
barragem. Dentre as principais vantagens, destacam-se a confiabilidade, durabilidade,
estimativa do coeficiente de permeabilidade do solo no local.

Uma das principais criticas ao piezômetro standpipe está associada ao seu tempo de
resposta, considerado demorado demais em vários casos. (COELHO, 2015)
Figura 3 - Esquema de um piezômetro Standpipe instalado.

Figura 4 - Detalhamento do bulbo de um piezômetro Standpipe.


A poropressão corresponde à altura de água acima do bulbo do instrumento e
geralmente adota-se a cota do ponto médio do bulbo como referência de leitura.

2.2.2 Piezômetro de Corda Vibrante


Os piezômetros elétricos de corda vibrante medem a pressão de água através da
deformação de um diafragma interno, cuja deflexão é medida por um sensor de corda
vibrante instalado perpendicularmente ao plano do diafragma.

A Figura 6 mostra uma célula de piezômetro de corda vibrante. O valor de pressão lido
normalmente é transformado de kgf/cm² para m.c.a. A altura de coluna de água é
somada à cota de instalação, fornecendo a cota piezométrica no ponto, em metros de
coluna d’água. Atualmente os piezômetros de corda vibrante vêm sendo largamente
empregados na instrumentação de barragens, por serem precisos, sensíveis, poderem ser
lidos à distância e integrados a sistemas automáticos de aquisição de dados. Contudo,
tem a desvantagem de vida útil limitada e de alteração dos parâmetros de calibração que
ocorre ao longo do tempo. Como o instrumento está instalado no maciço, não é possível
recalibrá-lo periodicamente, o que pode ocasionar perda de precisão nas leituras.
Portanto, cada caso deve ser analisado com cuidado, tomando como exemplo uma
barragem de rejeitos, entende-se que piezômetros de corda vibrante não podem faltar,
uma vez que a velocidade de resposta é um fator primordial.

Figura 6 – Desenho esquemático de um Piezômetro de Corda Vibrante.

2.3. Pluviômetro
O pluviômetro (Figura 7) é constituído de um cilindro de fundo afunilado, denominado
coletor que faz escoar a água nele até um reservatório, chamado proveta pluviométrica.
A proveta pluviométrica é um tubo de vidro, de baixo coeficiente de dilatação, provido
de uma escala apropriada. A determinação do índice pluviométrico é feita através da
observação do volume de água na proveta. (COELHO, 2015)
Figura 7 - Pluviômetro instalado.

A proveta deverá ser suspensa pela extremidade superior e mantida entre os dedos
polegar e indicador, colocando-se à outra mão imediatamente sob sua base. O valor
observado na proveta deve ser lançado em planilha apropriada. Atualmente vem
crescendo a utilização de sistemas automatizados a fim de garantir maior precisão e
frequência de leitura. (COELHO, 2015)

2.4. Inclinômetro
O inclinômetro é um equipamento muito usado para medir o deslocamento horizontal
do solo, o sistema inclinométrico é composto por um tubo flexível com ranhuras
ortogonais formando duas direções de medição, além de uma série de sensores. A
Figura 8 apresenta o equipamento.
Figura 8 - Sensor, sistema de aquisição de dados e cabo de conexão.

O tubo flexível, por onde passa o sensor do inclinômetro, controla a orientação dos
sensores e se move com o solo circundante. As ranhuras do tubo são projetadas para
caber as rodas do sensor e estão alinhadas com a direção de movimentação esperada. O
cabo é marcado a cada 0,5 m para facilitar a leitura. O tubo é instalado em um furo de
sondagem e sua base é fixada a uma profundidade considerada estável.

O sensor de medição em si contém uma massa pendular que é acionada pela força da
gravidade. A maioria dos inclinômetros usam acelerômetros em equilíbrio de forças, no
qual um sensor de posição detecta a posição da massa e dá uma força restauradora
suficiente para retornar a massa a sua posição vertical nula. Quanto maior for à
inclinação em relação a vertical nula, maior será a força para a restauração, e a massa é
impedida de se mover. A magnitude da força restauradora é transformada em uma saída
elétrica e torna-se uma medida de inclinação. Uma vez que a força restauradora é
proporcional ao seno do ângulo de inclinação, a saída também é proporcional no mesmo
sentido. Os sensores medem a inclinação da vertical. Com o movimento do solo o tubo
se move junto, mudando a inclinação dos sensores dentro do tubo. A Figura 9 mostra o
processo.
Figura 9 - Inclinação do tubo flexível.

As medições de inclinação registradas em volts são convertidas em leituras de


deslocamento em mm.
2.5. Marcos Superficiais
Os marcos superficiais são usados para medir deslocamentos verticais superficiais, são
de fácil instalação e o controle dos deslocamentos normalmente é feito com nível de
precisão. Possuem, na extremidade superior, um suporte de mira protegido com uma
tampa metálica. A Figura 10 apresenta um desenho esquemático.

Figura 10 - Marco Superficial instalado.

Os deslocamentos verticais são registrados e apresentados em função do tempo para


cada marco superficial. Gráficos representativos da velocidade de deslocamento
também são apresentados.

3 BIBLIOGRAFIA
COELHO, ARTHUR SANTOS. TCC. Avaliação de Estabilidade em Barragens de
Terra com Base na Piezometria: O Caso da Barragem de Saracuruna. CEFET-RJ, 2015,
pag. 46-50.

SILVEIRA, J. F.. Instrumentação e Segurança de Barragens de Terra e Enrocamento.


Editora Oficina de Textos, São Paulo, 2006.

CRUZ, P. T. 100 Barragens Brasileiras, Casos Históricos, Materiais de Construção,


Projeto. Oficina de Textos, São Paulo, 2004.

Notas de Aula. Disciplina - Barragens de Terra e Enrocamento. PUC-Rio, 2016.

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