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Crimes contra a pessoa:

A vida como um direito absoluto:

Não existe direito absoluto. Existem casos em que há pena de morte e

também excludentes em que é possível matar e não ser punido.

Vida:

Intrauterina Extrauterina

Quando do início do parto. Se o

parto for normal, o início deste,

ocorre com a dilatação do colo do

útero, preparando-se para a


A pílula do dia seguinte não seria
expulsão do feto e da placenta. Se
crime
o parto for cesariana, a vida

extrauterina terá início com o

rompimento da membrana

amniótica.

O código penal protege a vida


No código, os artigos que protegem
intrauterina através da tipificação
a vida extrauterina são os do arts.
dos crimes de aborto (art. 124, 125
121, 122 e 123
e 126 do CP)

OBS: Se uma gestante pratica manobras abortivas, vindo este a ser atendido

e morrendo 2 semanas após, ocorrerá aborto, tendo em vista que a

responsabilidade no Direito penal é subjetiva.

OBS: Se uma gestante pratica manobras abortivas, o feto nasce com vida,

mas a agente mata este, haverá o chamado “animus necandi” (intenção de

matar), tendo ocorrido a progressão criminosa, ou seja, a substituição do

dolo, no caso, houve a substituição do dolo de abortar pela de matar. Haverá


aplicação do princípio da consunção, sendo o crime meio é absolvido pelo crime

fim mais grave.

OBS: Irmão siameses ou xifópagos:

Homicídio praticado por um dos xifópagos: o gêmeo que matou será

processado, julgado, condenado, mas a pena aplicada a ele ficará suspensa até

que o outro cometa crime, e os dois sejam presos, ou que ocorra a prescrição

do crime. Se alguém quer matar um dos irmão xifópagos, quem mata, sabendo

que também matará o outro, o agente responderá por dois crimes de homicídio

em concurso formal impróprio.

Sujeitos do crime:

Trata-se de um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.

OBS: Crime de homicídio contra um cadáver é crime impossível por absoluta

impropriedade do objeto material.

Crime material (são aqueles que pra se consumar tem que haver o resultado)

via de regra, deixa vestígio, devendo haver o exame de corpo de delito, pois

esse é indispensável)

O crime de homicídio pode ser doloso ou culposo.

Crime de homicídio admite tentativa.

Crime forma (consuma-se com a simples conduta, admite tentativa).

Crime de mera conduta (admite tentativa

O crime de homicídio restará consumado com a morte encefálica, morte

cerebral (art. 3º da lei 9434/97).

OBS: Homicídio simples pode ser considerado crime hediondo se praticado

em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo se praticado por uma só

agente.

É correto falar em homicídio privilegiado?

Tecnicamente, só se pode falar em privilégio e qualificadora, quando a pena

tem um novo mínimo e o novo máximo penal aumentando ou diminuindo a pena


do “caput”. O Homicídio, tecnicamente falando, não seria privilegiado, mas sim

uma causa de diminuição de pena.

É possível homicídio privilegiado e qualificado ao mesmo tempo?

Sim, desde que as circunstâncias subjetivas (motivo do crime) da

privilegiadora se adequem as circunstancias objetivas (como ocorrerá o

crime) da qualificadora.

Das circunstancias qualificadoras do homicídio que são objetivas só as do art.

121, §2º, III e IV do CP (tem caráter objetivo).

Crime qualificado-privilegiado= crime privilegiado-qualificado.

Homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo?

Não, por ausência de previsão legal o homicídio qualificado-privilegiado não é

considerado crime hediondo.

Casos de diminuição de pena (art. 121, §1º do CP):

a) Relevante valor moral;

É aquele que atende ao interesse do próprio cidadão. É o valor egoisticamente

considerado.

b) Relevante valor social;

É aquela que atende ao interesse da coletividade.

c) Domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da

vítima;

Domínio é diferente de Influência, uma vez que a influência irá apenas

atenuar a pena (art. 65, III, “c” do CP).

Injusta provocação é diferente de agressão, pois caso isso ocorra,

poderá ser uma causa de legítima defesa e não uma causa de diminuição da

pena.

“Logo em seguida” – enquanto o agente estiver sob o domínio de violenta

emoção, qualquer reação será imediata, esse é o posicionamento do STJ.

Elementar x Circunstância:
Elementar são dados essenciais da figura típica, cuja ausência pode gerar uma

atipicidade absoluta ou relativa, interferindo no tipo penal (desclassificação).

Ex: violência ou grave ameaça são elementares do crime de roubo.

Circunstâncias são dados secundários que gravitam em torna da figura típica,

aumentando ou diminuindo, a pena, mas sem interferir no tipo penal.

OBS: Art. 30 do CP.

As elementares se comunicam ao terceiro, desde que delas tenha consciência.

Ex: funcionário público e um particular que cometem peculato. Se o marido,

sabendo que a mulher está em estado puerperal, ajuda esta a matar o próprio

filho, também responderá pelo crime de infanticídio.

As circunstâncias e condições de caráter pessoal (subjetivas) não se

comunicam.

Ex: pai que contrata matador de aluguel para matar o estuprador de sua filha

A contrário censo, as circunstâncias de caráter objetivo se comunicam ao

terceiro, desde que delas tenha consciência.

Ex: Dois indivíduos combinam de matar um terceiro à emboscada, à tortura,

à traição (como vou matar).

Homicídio Qualificado:

I) Mediante paga, promessa de recompensa ou por outro motivo torpe;

Mediante paga ou promessa de recompensa = homicídio mercenário ou

homicídio por mandato remunerado. Trata-se de um homicídio do executor,

de quem pratica o homicídio.

OBS: Analogia é diferente de interpretação analógica. Analogia é um método

de integração, para suprir lacunas, só podem ocorrer se for “in bonam

partem”, enquanto que a interpretação analógica é um método de

interpretação, ou seja, o legislador lança fórmulas exemplificativas seguidas

de uma fórmula genérica. A interpretação analógica pode ocorrer “in bonam

partem” como em “in malam partem”.


OBS: Paga e promessa de recompensa, segundo o STF, só podem ser de

natureza econômica. Se em um caso onde a mulher propõe outro a matar seu

marido, dando como recompensa favores sexuais, não será promessa de

recompensa, mas um outro motivo torpe.

Motivo torpe = é o motivo repugnante, aquele que causa desprezo, nojo, vil.

II) Motivo fútil;

A conduta do agente é desproporcional ao motivo que a ensejou.

O ciúme e a vingança, não são capazes de por si sós qualificar o

homicídio nem como torpe e nem como fútil, dependendo do caso em

concreto.

A ausência de motivo, segundo a doutrina e o STJ, não pode ser

classificado como fútil, tendo em vista que equiparar a ausência de

motivo ao motivo fútil viola o princípio da reserva legal.

III) Com emprego de veneno, fogo... ou outro meio insidioso ou cruel;

Se trata de uma interpretação analógica.

Meio insidioso = é aquele que provoca uma falsa impressão da realidade.

Ex: veneno (só será qualificado se a vítima não souber que está sendo

envenenada).

Meio cruel = é aquele causa dor, sofrimento mais severo do que o

normal.

OBS: A tortura do art. 121, §2º, III do CP (homicídio qualificado pela tortura.

O agente queria matar e usa a tortura para isso) é diferente daquela

tipificada no art. 1º, §3º da Lei 9455/97 (tortura qualificada pela morte. A

morte deriva de um excesso culposo).

OBS: Vidro moído não configura veneno, pois só será considerado veneno

aquilo que age quimicamente com o organismo. O vidro moído poderá ser

considerado um meio insidioso, pois pode provoca uma falsa impressão da

realidade.
IV) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso

que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

Traição = enganar. Trair, para efeito do crime de homicídio, significa colher

a vítima por trás, sem que ela tenha nenhuma visualização do ataque que irá

ocorrer. O ataque súbito, de surpresa pela frente não caracteriza a traição,

podendo, a depender do caso, ser uma causa de aumento em decorrência do

recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.

Emboscada = ocultar-se para atacar. É o que conhecemos por tocaia.

Dissimulação = é ocultar a verdadeira intenção, é agir com hipocrisia.

A superioridade física do agente ou a idade da vítima são condições ou

característica dela e não um recurso realizado pelo agente para dificultar ou

tornar impossível a defesa.

V) para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem

de outro crime;

Fala-se em crime, se for uma contravenção penal não pode ser aplicado, tendo

em vista tratar-se de uma analogia “in malam partem”.

Sempre que essa qualificadora for aplicada haverá um outro crime conexo,

vinculado ao homicídio.

Essa conexão poderá ser teleológica (finalidade) ou consequencial. Na

Conexão Teleológica pratica-se o homicídio para assegurar a execução de

outro crime que será futuramente praticado. Na Conexão Consequencial

pratica-se o homicídio para assegurar a ocultação ou vantagem, impunidade

de outro crime que foi anteriormente praticado.

OBS: Tem que ser outro crime. Se for o mesmo crime, poderá incorrer em

vilipendio ou crime de ocultação, que são crimes próprios.

VI) contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:

OBS: Femicídio x Feminicídio:

Femicídio = homicídio praticado contra mulher


Feminicídio = homicídio praticado contra mulher provocada da condição do

sexo feminino, pela razão de ser uma mulher

Art. 121, § 2o-A do CP. Considera-se que há razões de condição de sexo

feminino quando o crime envolve:

I - violência doméstica e familiar;

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

A jurisprudência entende que e quando se mata a mulher em condição de

vulnerabilidade (psicológica, física).

Trata-se de condição, motivação subjetiva e não objetiva.

Art. 121, § 7º do CP. A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até

a metade se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos

ou com deficiência;

III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

Deve-se levar em conta o princípio da legalidade de forma aristotélica (tratar

os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, na medida de suas

desigualdades).

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da

Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de

Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra

seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em

razão dessa condição.

Autoridades ou agentes do art. 142 da CF: Marinha, Exército e a Aeronáltica.

Autoridades ou agentes do art. 144 da CF: PF, PRF, PFF, Polícia Civil, Polícia

Militar, Corpo de Bombeiro Militar.

Deve-se observar a intenção do agente. O agente está matando por estes

agentes exercerem essa determinada função.


Art. 121, § 3º do CP. Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

Art. 121, § 4º do CP. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um

terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,

arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não

procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em

flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se

o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60

(sessenta) anos.

OBS: o agente deve socorrer, pois não tem como adivinhar que a pessoa iria

ou não sobreviver.

OBS: Deve-se realizar o socorro, exceto quando é evidente, perceptível aos

olhos que ocorreu a morte.

Aquele que se omite nesse caso, não incorrerá no crime do art. 135 do CP

(omissão de socorro), para que não haja dupla imputação de pena, evitando

assim o “bis in idem”.

OBS: De acordo com a doutrina minoritária, forçar alguém a fica, a produzir

prova contra si mesmo viola o direito de não constituir prova contra si mesmo.

Se a vítima recebe um tiro quando tinha 13 anos, mas só vem a falecer quando

tinha 14, deve-se levar em conta a teoria da atividade, aplicando-se a

majorante.

Perdão Judicial:

Art. 121, § 5º do CP. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar

de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente

de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

O perdão judicial não precisa ser aceito por quem está sendo perdoada.

Trata-se de uma causa de extinção da punibilidade.

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:


IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Só há perdão judicial nos casos de crime culposo.

OBS: De acordo com o STF e o STJ, entendem, através da analogia, no caso

“in bonam partem”, a aplicação do perdão judicial aos crimes de trânsito.

Qual a Natureza Jurídica da sentença concessiva do perdão judicial?

Súmula 18 do STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória

da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório

(nem principal e nem secundário).

Nenhum efeito criminal principal e nem secundário irá existir. Não há sansão

civil, nem penal. (Não diz que o agente é nem inocente e nem culpado).

Só cabe perdão judicial a pessoas que são da mesma família?

Sim, é possível a depender do caso, mesmo porque o legislador não traz essa

previsão.

OBS: No caso de um pai que sofre um acidente e mata o filho e um amigo do

filho, de acordo com parcela da doutrina, o pai receberá perdão judicial. Logo,

estingue-se a punibilidade do agente, e como extingue-se a conduta deste, se

estenderia o perdão também para o amigo do filho. Contudo, outra parte da

doutrina entende que deve comprovar vínculo entre o(s) autor(es) e a(s)

vítima.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Participação em suicídio (autocídio/autoquíria).

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para

que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de

um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza

grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada:


I - se o crime é praticado por motivo egoístico;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade

de resistência.

OBS: Como o tipo penal possui mais de um verbo é chamado de tipo misto

alternativo, de ação múltipla ou conteúdo variado.

O agente, mesmo praticando mais de um verbo, responderá por apenas uma

conduta.

O suicídio não é crime. A tentativa de suicídio é uma conduta atípica, mas

apesar disso, trata-se de uma conduta ilícita (art. 146, §3º, II do CP).

Art. 146, § 3º do CP. Não se compreendem na disposição deste artigo (não é

considerado constrangimento ilegal):

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de

seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.

Tipo objetivo:

Induzir = criar uma ideia até então inexistente.

Instigar = reforçar uma ideia preexistente

Induzir ou instigar trata-se de uma participação moral.

Auxiliar = ajudar materialmente

Auxiliar é a participação material.

OBS: Não é possível a intervenção em atos executórios de matar alguém,

sobre pena do agente responder pelo crime de homicídio.

OBS: No crime de participação em suicídio a vítima precisa ser certa e

determinada. Autores de livros, músicas, vídeos não responderam pelo crime.

No caso de dedicatória para uma determinada pessoa, o autor responderia.

Se a vítima for menor de 14 anos não irá possuir discernimento necessário,

portanto o agente que auxiliar, instigar ou induzir a praticar suicídio

responderá pelo crime de suicídio. Se a vítima for maior de 14 e menos de 18


anos irá ocorrer a duplicação da pena do crime do art. 122, parágrafo único,

II do CP. Se a vítima tiver 18 anos ou mais, responderá pelo art. 122, “caput”

do CP. (o mesmo entendimento deve ser usado para os doentes mentais)

Diminuída é diferente de suprimida. Se a capacidade for diminuída, o agente

responderá pelo art. 122, parágrafo único do CP, com a causa de aumento de

pena. Se suprimida a capacidade da vítima, o agente responderá por homicídio.

OBS: No caso da “brincadeira” da baleia azul a vítima é direcionada.

Motivo egoístico = é aquele que revela um individualismo exagerado, um

excessivo apego pessoal em detrimento de interesses alheios.

Consumação e tentativa:

Um agente induz a vítima a se suicidar e esta vem a falecer, reponde pelo art.

122 do CP – crime consumado, pena de 2 a 6 anos.

Um agente induz a vítima a se suicidar, mas essa sofre lesão grave ou

gravíssima, responde pelo art. 122 do CP – crime consumado, mas a pena será

diminuída pela metade.

Se um agente induz a vítima a se matar e esta nada sofre ou sofre uma lesão

leve, haverá fato atípico.

OBS: O crime do art. 122, não admite a tentativa. A tentativa é equiparada

ao crime consumado.

OBS: Pacto de morte:

(COPIAR OS DESENHOS)

OBS: Se uma pessoa maior e capaz não quer transfusão de sangue, por ser

testemunha de Geová, mesmo assim o médico deverá fazê-la, pois para a

legislação é como se essa recusa fosse equiparada a uma tentativa de suicídio.

Art. 146, § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de

seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.


Infanticídio:

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,

durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Homicídio Privilegiado:

O infanticídio, nada mais é do que uma forma de homicídio privilegiado.

O infanticídio é um homicídio com elementos especializantes. O agente só não

responde pelo homicídio por causa do princípio da especialidade, que resolve

o conflito aparente de normas, uma vez que a norma especial irá prevalecer

sobre a norma geral.

Elementos especializantes:

Sujeito ativo:

É o delito da parturiente (gestante ou puérpera)

É crime próprio, uma vez que se exige uma qualidade específica, especial do

sujeito ativo.

Sujeito passivo:

É praticado contra o nascente ou neonato (recém-nascido).

Só se tem vida extrauterina com o início do parto (dilatação do colo do últero,

expulsão do feto e da placenta).

O crime também exige também uma qualidade especial do sujeito passivo,

sendo portanto, de acordo com a doutrina, bipróprio (próprio para o sujeito

passivo e ativo).

Elemento temporal:

A expressão “logo após”, de acordo com a doutrina, estaria consubstanciado

enquanto estiverem evidentes os sinais característicos do estado puerperal,

o delito pode ser concretizado.

Não há um período específico dado por lei, dependendo do caso em concreto.

Sob influência do estado puerperal:


Estado Puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem

a mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas ao parto e que

afetam a sua saúde mental.

Para a doutrina é prescindível (não é imprescindível) perícia, uma vez que os

sinais são muito evidentes. A presunção é “juris tantum”.

OBS: O infanticídio só pode ocorrer a título de dolo direto ou eventual.

OBS: “soba a influência do estado puerperal” é uma elementar, incidindo o

art. 30 do CP. Se o terceiro souber da condição da parturiente, também

responderá por infanticídio. Se não souber, responderá por outro crime que

não este.

Art. 30 do CP - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter

pessoal, salvo quando elementares do crime.

Se o feto for expelido sem vida, mas a parturiente, achando que o feto

encontrava-se vivo, tenta mata-lo, haverá crime impossível por absoluta

ineficácia do objeto.

OBS: Se o feto expelido é anencéfalo e a parturiente o mata, de acordo com

o STF, o anencéfalo é um natimorto, logo, não justifica a intervenção do

direito penal, havendo crime impossível. (ADPF 54 do DF de 2012)

Art. 61, II, “e” do CP - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando

não constituem ou qualificam o crime:

II - ter o agente cometido o crime:

(...)

e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

OBS: A agravante do art. 61, II, “e” do CP, não irá incorrer, tendo em vista

que haveria “bis in idem”. O próprio artigo menciona que devem ser aplicado

a agravante quando “não constituem ou qualificam o crime”, o que já ocorre

no caso da parturiente.

Aborto ou abortamento:
Conceito:

É a interrupção voluntária da gravidez, com a morte do produto da concepção

dentro ou fora do útero.

OBS: Não há aborto culposo, pois não há previsão.

No caso em que uma grávida de gêmeos, sabendo dessa condição, pratica uma

manobra abortiva, cometerá 2 crimes de aborto, mediante uma única ação,

respondendo esses crimes em concurso formal impróprio, tendo em vista que

tinha intenção de cometer os dois delitos.

Espécies:

 Aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento (art. 124

do CP);

Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, só pode ser praticado pela

gestante. É perfeitamente possível o concurso de agentes. Contudo,

somente na modalidade de participação, não admitindo a coautoria.

 Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art.

125 do CP);

 Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (art.

126 do CP).

OBS: Crime comum: não exige qualidade especial do agente, podendo ser

praticado por qualquer pessoa. Admite coautoria e participação.

Crime próprio; exige-se qualidade especial do agente. Ex: peculato (art. 312).

Admite coautoria e participação.

Crime de mão própria: assim como o crime próprio, também exige qualidade

especial do agente. Contudo, o crime de mão própria é aquele delito cuja

execução não pode ser delegada. Somente admite a participação, não cabe

coautoria nesses crimes.

Figuras majoradas do aborto:


Art. 127 do CP. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são

aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios

empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza

grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a

morte. (só se aplica essa figura majorada aos artigos 125 e 126 do CP)

Esse resultado poderá ser uma lesão corporal de natureza grave ou se houver

morte.

Esse crime é preterdoloso, uma vez que esse resultado somente pode ser

imputado ao agente a título de culpa.

OBS: Se o agente sabendo da condição da vítima atira no ventre da gestante

e provoca a morte desta, bem como o aborto, haverá o concurso formal

improprio dos crimes de homicídio e de aborto, devendo as penas serem

somadas.

OBS: Se a gestante procura uma clínica clandestina para realizar aborto e o

médico responsável pela interrupção da gravidez não consegue interromper.

Contudo, a mulher vem a óbito. Nesse caso, o aborto será tentado e a título

de dolo, já a morte da gestante será a título de culpa, mas restará consumado.

1ª Posição: De acordo com Fernando Capez, o agente deve responder pelo art.

126 do CP c/c art. 127, última parte, do CP na modalidade Consumada.

2ª Posição: Para Luiz Flávio Gomes, o agente deve responder pelo art. 126 do

CP c/c art. 127, última parte, do CP na modalidade Tentada. Essa posição é a

mais aceita na doutrina, respondendo o agente pela tentativa de aborto

agravada.

Abortos legais ou permitidos:

Aborto necessário ou terapêutico

Art. 128, I do CP. Não se pune o aborto praticado por médico:

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Requisitos:
 Risco de morte da gestante;

 Se não há outro meio de salvá-la;

 Deve ser praticado por médico;

Se praticado por enfermeira ou qualquer outra pessoa, segundo a doutrina

majoritária, como o art. 128 especifica que somente o médico, esta não

poderá se valer desse inciso. Porém, poderão os demais se ampararem pela

excludente de ilicitude do estado de necessidade (art. 24 do CP).

OBS; não precisa de autorização da gestante, estando o médico amparado

pelo art. 146, §3º, I do CP.

Art. 146 do CPP. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou

depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de

resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

(...)

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de

seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida (na

verdade seria perigo de morte);

OBS: Não precisa de autorização judicial.

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro – aborto humanitário,

sentimental, ético ou piedoso:

Art. 128, II do CP. Não se pune o aborto praticado por médico:

II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de

consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Requisitos:

 Praticado por médico;

 Precisa de autorização da gestante ou de seu representante legal, se

incapaz;

 Ser a gravidez for resultante de estupro;


OBS: Não há necessidade de autorização judicial. No entanto, deve o médico,

na medida do possível, certificar-se da ocorrência do crime sexual.

Aborto eugênico ou eugenésico:

Hipótese em que a criança nascerá com graves deformidades físicas ou

psíquicas.

Exceção: seres anencéfalos podem sofre abortamento (Vide ADPF 54).

Aborto econômico, miserável ou social:

É o aborto feito por falta de recursos financeiros, em outras palavras, ocorre

quando a mãe não possui condições econômicas para sustentar o filho.

Não é permitido por nossa legislação.

Lesão corporal:

Bem jurídico:

Art. 129, “caput” do CP. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

A integridade corporal é um bem disponível, desde que a lesão corporal seja

de natureza leve e que não fira a moral e os bons costumes.

Temos aqui a possibilidade de uma causa supralegal de excludente de ilicitude,

que é o consentimento do ofendido. Poderá, no entanto, afastar a própria

tipicidade do fato.

Qual é a natureza jurídica desse consentimento do ofendido no crime de lesão

corporal?

Funciona, em regra, como uma causa de exclusão da ilicitude.

Autolesão;

Em regra, é uma conduta atípica. Exceções: arts. 171, §2º, V do CP e art. 184

do CPM.

Art. 171, §2º, V do CP. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em

prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,

ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:


§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio

corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito

de haver indenização ou valor de seguro;

Art. 184 do CPM.

Cirurgia transexual:

O médico que realiza essa cirurgia não responde por crime de lesão. Há 3

teorias:

1ª Teoria: O médico não responde porque não há dolo.

2ª Teoria: O médico não responde por está ele em estrito cumprimento do

dever legal.

3ª Teoria: (mais coerente e adotada de forma majoritária pela doutrina)

Teoria da imputação objetiva – o risco provocado pelo médico é um risco

permitido ou tolerado pela sociedade.

Essa é a mesma ideia das atividades desportivas, sendo que nesse caso será

a excludente pelo exercício regular de um direito.

Tentativa:

O crime de lesão é plurissubsistente, sendo possível visualizar a tentativa.

OBS: Deve-se observar a intenção do agente.

Art. 140, § 2º do CP. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que,

por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena

correspondente à violência.

Espécies:

 Lesão corporal de natureza leve (art. 129, “caput” do CP)

Tem natureza residual, ou seja, só será lesão lese quando não for nem grave

e nem gravíssima.
Art. 88 da Lei 9099/95 – o crime de lesão corporal leve é de ação penal

pública condicionada à representação da vítima, tendo em vista o princípio da

especialidade.

OBS: Lesão corporal cometida com Violência Doméstica e Familiar contra a

mulher, deve-se aplicar o art. 41 da lei 11340/06, que afasta a incidência dos

juizados especiais (art. 88 da Lei 9099/95). Logo, nesses casos, aplica-se a

regra geral, sendo a ação penal pública incondicionada.

No caso do crime de ameaça no âmbito doméstico, a ação penal é pública

condicionada à representação, tendo em vista a aplicação do CP.

 Lesão Corporal de natureza grave:

Art. 129, §1º do CP. Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

O agente responde tanto a título de dolo como a título de culpa.

OBS: Não se pode confundir essa incapacidade com a capacidade laboral. As

atividades desempenhadas pela vítima devem ser lícitas, independentemente

de ser moral ou imoral.

Atividades ilícitas: NÃO aplica-se o inciso

Atividades imorais: SIM aplica-se o inciso

Criança pode ser vítima de lesão corporal grave com a =incidência desse inciso.

Exame Complementar – esse crime só pode se caracterizar depois de 30 dias,

tendo em vista que há a necessidade de exame complementar a partir do 31º

dia. Esse exame tem que ser de diagnóstico, tem que atestar que com certeza

a pessoa passou mais de 30 dias incapacitado, não podendo ser de prognóstico,

de achismo que a pessoa irá ficar incapacitado.

Esse prazo de 30 dias é de matéria penal, sendo um prazo penal, sendo

contado à partir do dia da lesão. É chamado de crime a prazo, pois só se

configura à partir do 31º dia.

E se a vítima não comparecer para a realização de exame complementar?


A ausência pode ser suprida pela prova testemunhal. (art. 168, §3º do CPP)

A vergonha gera essa incapacidade?

Não. A vergonha não é uma elementar no tipo.

Se a vítima for modelo, poderá configurar esse crime. Logo, devemos analisar

caso a caso.

Trata-se de um crime qualificado pelo resultado.

OBS: Crime preterdoloso X Crime qualificado pelo resultado

No crime preterdoloso tem-se dolo na conduta e culpa no resultado. Já no

crime qualificado pelo resultado, esse resultado pode ser imputado ao agente

tanto a título de dolo como a título de culpa.

II - perigo de vida;

É um crime preterdoloso, só podendo ser imputado ao agente a título de culpa.

Se o agente tinha dolo de causar perigo de vida, o agente responderá por

tentativa de homicídio.

Esse perigo de vida tem que ser um perigo grave, concreto e imediato.

Perigo concreto – deve ser comprovado por perícia médica, que pode ser

substituída por prova testemunhal (deve ser especializada e deve demonstrar

que realmente ocorreu o perigo de vida).

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

O agente responde tanto a título de dolo como a título de culpa.

Debilidade - é a diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional.

Permanente – significa duradoura e de recuperação incerta. Não se exige

perpetuidade da debilidade. Se exige apenas que não se saiba se haverá ou

não recuperação da debilidade.

Membros – braços, pernas, mãos e pés.

Sentidos – olfato, paladar, audição, visão e tato.

Função – é a diminuição da atividade do órgão em razão de sua função.


OBS: Sempre que há a perda de apenas um dos órgãos duplos irá incidir em

lesão corporal de natureza grave e não gravíssima. A perda de membros

(braços, pernas, mãos e pés), gera a lesão corporal de natureza gravíssima.

Perda dos dedos das mãos ou dos pés será considerado lesão de natureza

grave.

IV - aceleração de parto:

É um crime preterdoloso, só podendo ser imputado ao agente a título de culpa.

Se o agente tinha dolo da aceleração do parto, o agente responderá por

tentativa de aborto.

Para ser aceleração de parto, o feto deve nascer e permanecer vivo. A

aceleração de parto só pode ser imputado ao agente a título de culpa.

Para que o agente responda pelo resultado “aceleração de parto” este deve

saber da condição da gestante.

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

De acordo com a doutrina majoritária, para qualificar a lesão de “incapacidade

permanente para o trabalho” deve ser para qualquer tipo de trabalho,

qualquer tipo de atividade laborativa, sendo, portanto uma incapacidade

genérica.

É de difícil aplicação, pois se um pianista sofre lesão corporal onde alguns de

seus dedos ficam danificados e por esse motivo não pode mais tocar, sendo

comprovado que ele poderá exercer outro tipo de trabalho, não fica

caracterizado a incapacidade permanente para o trabalho.

II - enfermidade incurável;

Enfermidade incurável é aquela em que os recursos da medicina são

insuficientes para o tratamento à época do fato.


Para o STJ e o STF, a transmissão intencional do vírus HIV seria uma lesão

corporal de natureza gravíssima.

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

Perda = ablação, destruição ou privação de membro, sentido ou função. A

perda pode se configurar de 2 formas:

 Mutilação – ocorre diretamente da conduta criminosa. O autor do fato

provoca essa lesão de forma direta na vítima;

 Amputação – é resultante de uma intervenção médico-cirúrgica

realizada para salvar a vida do ofendido ou impedir consequências ainda

mais danosas.

Inutilização – o órgão, membro ou função deixa de ter aptidão para

desempenhar a sua função específica. Se essa inutilização for parcial, restará

caracterizada a debilidade permanente, havendo assim a lesão corporal grave.

IV - deformidade permanente;

Marca ou cicatriz que cause um constrangimento da vítima. Essa deformidade

pode ser vista apenas na intimidade, não precisando ser visível fora da

intimidade.

Essa qualificadora é ligada a questão estética.

V - aborto:

Ocorre quando o agente tem a intenção de lesionar alguém sabendo que esta

está grávida e acaba provocando o aborto na gestante. Trata-se de um crime

preterdoloso, só podendo ser imputado a título de culpa. O feto é expulso

sem vida ou morre logo após.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Art. 129, § 3° do CP. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o

agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:

Em doutrina a lesão corporal seguida de morte é conhecida como homicídio

preterdoloso ou preterintencional.
O agente tinha o dolo de lesionar, mas acaba matando a vítima.

Art. 129, § 4° do CP. Se o agente comete o crime impelido por motivo de

relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em

seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto

a um terço.

a) Relevante valor moral;

É aquele que atende ao interesse do próprio cidadão. É o valor egoisticamente

considerado.

b) Relevante valor social;

É aquela que atende ao interesse da coletividade.

c) Domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da

vítima;

Domínio é diferente de Influência, uma vez que a influência irá apenas

atenuar a pena (art. 65, III, “c” do CP).

Injusta provocação é diferente de agressão, pois caso isso ocorra,

poderá ser uma causa de legítima defesa e não uma causa de diminuição da

pena.

“Logo em seguida” – enquanto o agente estiver sob o domínio de violenta

emoção, qualquer reação será imediata, esse é o posicionamento do STJ.

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de

detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: (aplica-se

exclusivamente às lesões corporais leves)

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas.

Segundo a doutrina, não se aplica a substituição da pena às lesões corporais

graves e nem às culposas.

§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) – independe da

gravidade (será sopesado na hora da dosimetria da pena)


Não há distinção em razão da gravidade dos ferimentos. Não importando se

essa lesão resultou de natureza leve, grave ou gravíssima o agente responderá

por lesão corporal culposa.

Infração de menor potencial ofensivo – possibilidade de incidência da Lei

9.099/95.

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Aumento de pena

§ 7º. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses

dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.

(TUDO QUE SE REFERE AO PERDÃO JUDICIAL NO HOMICÍDIO, que tem

natureza declaratória)

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.

(Violência Doméstica)

§ 9º. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,

cônjuge ou companheiro (exige-se a comprovação documental dessas relações

de parentesco ou vínculo matrimonial. A exceção é feita em relação à união

estável), ou com quem conviva ou tenha convivido (a lesão provocada no

presente tem que ter ligação com a convivência anterior), ou, ainda,

prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação (morar sob

o mesmo teto) ou de hospitalidade (estadia eventual):

(SÓ SE APLICA A LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE, POIS SE

GRAVE, GRAVÍSSIMA OU SEGUIDA DE MORTE, DEVE-SE APLICAR O

PARÁGRAFO CORRESPONDENTE C/C §10 DO CP)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias

são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço)

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço

se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.


§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.

142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da

Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em

decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente

consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada

de um a dois terços.

OBS: Se há duas lesões, uma grave e outra gravíssima, incidirá o princípio da

consunção, respondendo o agente pelo crime mais grave.

Perigo de contágio venéreo

A forma eleita pelo legislador é vinculada, ou seja, só podem ser produzidos

de forma única e exclusiva por relação sexual ou ato libidinoso diverso.

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato

libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está

contaminado: (se dá a título de dolo direto ou eventual) O agentenão tem

intenção de contaminar a vítima.

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Classificação:

Sujeito ativo – trata-se de um crime próprio, pois exige uma qualidade desse

sujeito, qual seja, a infecção. Trata-se de um crime de mão própria, uma vez

que não pode ser delegado para outras pessoas. Trata-se de um delito cuja

execução não pode ser delegada.

Sujeito passivo – pode ser qualquer pessoa

OBS: é possível, inclusive, no âmbito do matrimônio, sendo causa de dissolução

da sociedade conjugal, por violar um dever do casamento.

E se a vítima não é suscetível à contaminação? A vítima já está contaminada

com a doença venérea? E se a vítima é imune à doença?

O crime será impossível por absoluta impropriedade do objeto.


Camisinha: é meio que impede o resultado. Afasta-se aqui a tipicidade,

caracterizando um crime impossível. O crime será impossível por absoluta

impropriedade do meio.

Consumação e tentativa;

Trata-se de um crime formal, isto é, a consumação se dá com a prática de

qualquer ato de libidinagem capaz de ocasionar o perigo do contágio. Não

precisa haver a transmissão. Trata-se de um delito de perigo presumido ou

abstrato.

A tentativa é possível, tendo em vista qye se trata de um crime

plurissubsistente.

Modalidade qualificada:

Art. 130, § 1º do CP - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Há aqui intenção de dano, mas o crime continua sendo formal (o crime se

consuma com a prática sexual capaz de ocasionar a transmissão, não

necessitando que haja o efetivo dano).

E se houver a contaminação da vítima?

Art. 130, “caput” do CP. – mero exaurimento, respondendo o art. 130, caput.

Art. 130, §1º do CP. – se a lesão for leve haverá mero exaurimento,

respondendo o agente pelo crime de perigo (art. 130, §1º do CP). Deve-se

observar o princípio da proporcionalidade da pena, pois o crime de perigo

possui pena maior que a do crime de lesão leve.

Art. 130, §1º do CP – se a lesão for grave, gravíssima ou seguida de morte, o

agente responderá pelo crime de lesão corporal (art. 129, §§ 1º, 2º ou 3º do

CP). Se a intenção era de matar, o agente responderá por homicídio.

Ação Penal:

Trata-se de Ação Penal Pública Condicionada à Representação da vítima.

Art. 130, § 2º do CP - Somente se procede mediante representação.


Concurso de crime:

Crime contra a liberdade sexual X Crime de perigo de contágio venéreo:

Se o agente sabe que está doente, ou deveria saber, mas quer estuprar a

vítima, não tendo a intenção de transmitir e não transmite, responderá pelo

crime de estupro + art. 130, caput em concurso formal próprio (há

exasperação da pena).

Se o agente sabe que está doente, ou deveria saber, mas quer estuprar a

vítima, tendo a intenção de transmitir a doença e não transmite, responderá

pelo crime de estupro + art. 130, caput em concurso formal impróprio (há

desígnios autônomos, pois o agente tinha o dolo de transmitir a doença e de

estuprar).

Nos dois casos acima, o agente não transmite a doença à vítima.

Se o agente transmitir a doença à vítima, nos dois casos, aplicar-se-á o art.

234-A, IV do CP ao crime de estupro.

E se a vítima sabe da doença do agente, mas consente na prática sexual, deve

ele ser punido?

1ª Corrente – o consentimento não pode excluir o crime, pois o que se protege

é a disseminação da doença. É essa corrente a que prevalece.

2ª Corrente – havendo o consentimento da vítima e sendo a lesão de natureza

leve, não há falar em crime

OBS: AIDS

A AIDS não é considerada uma doença venérea, tendo em vista a possibilidade

de transmissão por outros meios. Logo, responderá pelo art. 131, do CP.

(Perigo de contágio de moléstia grave).

Quais são as moléstias que integram o tipo penal?

Quando o artigo fala em doença venérea, temos uma norma penal em branco

heterogênea, ou seja, depende de complementação de normas do âmbito do

Ministério da Saúde.
Perigo de contágio de moléstia grave

Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que

está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Esse delito não exige forma vinculada. Logo, ele pode ser praticado de forma

direta como de forma indireta (ex: seringas, desde que o agente seja

portador da mesma moléstia objeto da transmissão, tendo em vista que o tipo

penal exige uma qualidade especial do agente – crime próprio ou especial).

O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa.

E se o agente não for portador da moléstia que transmite?

Nesse caso, de acordo com a doutrina, o agente deve responder pelo crime

de lesão corporal, pela enfermidade incurável, ou perigo para a vida ou saúde

de outrem (art. 132 do CP).

Consumação:

O crime consuma-se com a prática de qualquer ato capaz de produzir o perigo

do contágio, independentemente a efetiva transmissão (trata-se de crime

formal).

Tentativa:

Esse crime pode ser unisistente (quando a conduta se dá por um único ato.

Aqui não cabe a tentativa) ou plurissubsistente (a conduta é composta por

diversos atos, podendo ser fracionado, cabendo assim tentativa).

E se houver a transmissão?

Lesão leve – mero exaurimento, respondendo o agente pelo crime do art. 131,

levando-se em conta o princípio da proporcionalidade, uma vez que o crime de

dano tem pena maior que o da lesão corporal leve.

Se gerar lesão grave, gravíssima ou seguida de morte, o agente responderá

pelo crime do art. 129, §§ 1º, 2º ou 3º, podendo inclusive responder por
homicídio se a intenção era matar e a doença era capaz de produzir este

resultado.

Ação penal:

Trata-se de uma ação penal pública incondicionada.

Perigo para a vida ou a saúde de outrem:

Art. 132 do CP. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime

mais grave.

Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a

exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de

pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer

natureza, em desacordo com as normas legais.

Perigo concreto - deve ser comprovado

Expressamente subsidiário – art. 15 do Estatuto do Desarmamento

Causa de aumento de pena: Segurança viária.

Trata-se de um crime comum. O sujeito ativo e passivo pode ser qualquer

pessoa, desde que certa ou determinada, independentemente de qualquer

ligação com o autor.

A Ação Penal é Pública Incondicionada.

OBS: Se a vítima for pessoa idosa, não aplicar-se-á o art. 132 do CP, mas sim

o art. 99 da Lei 10741/03, afastando o art. 132 do CP, em razão do princípio

da especialidade.

Art. 99 do Estatuto do Idoso. Expor a perigo a integridade e a saúde, física

ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes

ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-

lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:

Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:


Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 2o Se resulta a morte:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Abandono de incapaz

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou

autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos

resultantes do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

Objeto Jurídico:

Tutela-se a vida, a saúde e a segurança da pessoa humana.

Sujeitos do crime:

Sujeito ativo:

É somente a pessoa que tem o dever de zelar pela vida, saúde e segurança da

pessoa incapaz.

Sujeito passivo:

É o incapaz de se defender dos riscos resultantes do abandono.

Trata-se de um crime próprio, pois somente pode ser praticado por aquele

que tem o incapaz sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade.

Abandonar = desamparar, descuidar. Esse abandono, necessariamente, deve

ser físico, ou seja, no sentido de deixar o incapaz sozinho, sem a devida

assistência. Esse abandono deve ser real, ou seja, separação física, ou seja, o

distanciamento entre o responsável e o incapaz.

Consumação:

Consuma-se no momento do abandono, desde que resulte perigo concreto.

Trata-se, portanto de um crime instantâneo de efeito permanente, pois

enquanto persistir esse abandono e o capaz não ter a devida assistência o

crime se prolata no tempo.


Consuma-se em momento determinado, mas seus efeitos se arrastam no

tempo, persistindo enquanto o incapaz não for devidamente assistido.

Trata-se de um crime formal, pois não precisa que haja resultado,

consumando-se com o abandono.

Tentativa:

A tentativa é possível.

Figuras qualificadas:

Art. 133, § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Art. 133, § 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Essa lesão grave é de sentido amplo, abrangendo também a lesão gravíssima.

Como a pena da lesão e do resultado morte são muito reduzidas em relação

ao crime de lesão corporal e homicídio, doutrina entende que será aplicado o

crime mais grave, ou seja, a lesão ou o homicídio se a intenção do agente era

de lesionar ou de matar, devendo, assim ser doloso.

Portanto, deve-se analisar a intenção do agente e em relação a essas figuras

qualificadas esse crime só pode ser atribuído ao agente de maneira culposa,

tratando-se de crime preterdoloso.

Ação Penal:

A Ação Penal é Pública Incondicionada.

Causas de aumento de pena:

Art. 133, § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:

I - se o abandono ocorre em lugar ermo;

Um local ermo dificulta o socorro.

II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou

curador da vítima.
Se há relação de parentesco deve haver um juízo de reprovabilidade ainda

maior.

III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

Exposição ou abandono de recém-nascido

Art. 134 do CP- Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra

própria:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Forma privilegiada do abandono de incapaz:

Esse delito trata-se de uma forma privilegiada do abandono de incapaz, uma

vez que trata-se de um crime praticado por motivo de honra.

Trata-se de crime próprio, admitindo tanto a coautoria como a participação.

Sujeitos do crime:

Trata-se de um crime próprio ou especial, pois só quem pode cometê-lo é quem

precisa ocultar desonra própria. Desonra de natureza sexual.

Se o agente é descoberto, responde a processo e novamente pratica esse

crime, não incorrerá na forma privilegiada, respondendo pelo abandono de

incapaz, uma vez que não se pode falar em “ocultar desonra própria” se não

mais possui honra.

a) Sujeito ativo:

Mãe que concebeu o filho de maneira irregular, como também o pai adulterino.

b) Sujeito passivo:

O sujeito passivo será o recém-nascido.

Elemento normativo do tipo:

“Para ocultar desonra própria”

A hora que se protege é de natureza sexual.

A lei pressupõe que o nascimento da criança deve ter sido sigiloso, no sentido

de não ter chegado ao conhecimento de estranhos.

Consumação:
Consuma-se no momento em que a vítima é submetida a situação de perigo

concreto.

Tentativa:

A tentativa é possível.

Figuras qualificadas:

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - detenção, de um a três anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Essa lesão grave é de sentido amplo, abrangendo também a lesão gravíssima.

Como a pena da lesão e do resultado morte são muito reduzidas em relação

ao crime de lesão corporal e homicídio, doutrina entende que será aplicado o

crime mais grave, ou seja, a lesão ou o homicídio se a intenção do agente era

de lesionar ou de matar, devendo, assim ser doloso. Se a intenção era de

matar o recém-nascido e a mãe encontra-se no estado puerperal, deverá

responder, então, por infanticídio.

Portanto, deve-se analisar a intenção do agente e em relação a essas figuras

qualificadas esse crime só pode ser atribuído ao agente de maneira culposa,

tratando-se de crime preterdoloso.

OBS: Caso do abandono resulte lesão corporal leve, o “caput” o absolverá.

Trata-se de um crime de menor potencial ofensivo, devendo ser aplicada a Lei

9099/06 (lei dos juizados especiais), seguindo o procedimento sumaríssimo,

uma vez que a pena máxima não supera dois anos. Logo, caso haja aumento de

pena, não incorrerá na lei dos juizados especiais.

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem

risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou


ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses

casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta

lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial:

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer

garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos,

como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

OBS: Aplicou-se o princípio da intervenção mínima, pois nenhuma outra norma

fora obedecida. Aplicando-se o CP como última ratio.

Logo, a solicitação da garantia sem condicionar o atendimento é fato atípico.

Casos de emergência significa intenso sofrimento ou risco de vida.

Consumação:

É um crime formal, uma vez que consuma-se com a simples exigência.

Tentativa:

Por se tratar de crime que pode ser fracionado, a tentativa é possível, mas

há divergência doutrinária.

Sujeitos do crime:

a) Sujeito ativo:

Diretor do hospital, proprietário e funcionários do hospital.

b) Sujeito passivo:

É o paciente que necessita de atendimento médico hospitalar emergencial.

OBS:O hospital deve ser particular. Se público, haverá concussão (art. 316

do CP) sem prejuízo da responsabilidade pelo resultado (art. 13, §2º, a, do

CP).
OBS: O hospital deve necessariamente ser particular, pois o público já é

custeado pelo estado. Se ocorre esse crime e há a morte do paciente,

responde pelo parágrafo único.

Se o hospital é público e é condicionado esse atendimento, pode haver o crime

de concussão, corrupção passiva e até mesmo o resultado, como a morte

(homicídio – por haver omissão imprópria, por ser garante) uma vez que não

há previsão da qualificadora nos crimes de concussão e corrupção passiva.

Ação Penal:

A ação penal é pública incondicionada.

Causa de aumento de pena:

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de

atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se

resulta a morte.

Essa causa de aumento de pena é preterdolosa, ou seja, o resultado só pode

ser imputado ao agente a título de culpa.

Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,

guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,

quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-

a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou

disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra

pessoa menor de 14 (catorze) anos.


Sujeitos do crime;

a) Sujeito ativo:

Trata-se de um crime próprio, ou seja, exige-se vinculação especial entre

autor e vítima.

b) Sujeito passivo:

É a pessoa subordinada ao responsável pela conduta criminosa.

OBS: Em se tratando de crime de maus tratos contra idoso, não haverá

aplicação do CP, mas sim, o art. 99 da Lei 10.741/03 (estatuto do Idoso).

Consumação:

Ocorre com a exposição da vítima ao perigo concreto, não reclamando dano

efetivo.

Vale ressaltar que a tentativa é possível.

Figuras qualificadas:

Essa lesão grave é de sentido amplo, abrangendo também a lesão gravíssima.

Como a pena da lesão e do resultado morte são muito reduzidas em relação

ao crime de lesão corporal e homicídio, doutrina entende que será aplicado o

crime mais grave, ou seja, a lesão ou o homicídio se a intenção do agente era

de lesionar ou de matar, devendo, assim ser doloso.

Portanto, deve-se analisar a intenção do agente e em relação a essas figuras

qualificadas esse crime só pode ser atribuído ao agente de maneira culposa,

tratando-se de crime preterdoloso.

A lesão leve também será absolvida pelo maus tratos.

OBS: Há o aumento de pena se a vítima for menos de 14 anos.

Ação Penal:

A ação penal é publica incondicionada.

OBS: Art. 232 do ECA X Crime de maus-tratos (art. 136 do CP):


Art. 232 do ECA Crime de maus-tratos (art. 136 do

CP)

Necessidade da vítima ser criança Não há a necessidade de ser

ou adolescente. somente criança ou adolescente, uma

vez que há a figura qualificada no

tipo penal para caso a vítima ser

menor de 14 anos.

Para caracterizar o crime do ECA é No crime do art. 136 do CP, deve-se

necessário haver constrangimento expor a perigo a vida ou a saúde.

ou humilhação da criança ou Devendo incorrer com o fim de

adolescente. educação, ensino, tratamento ou

custódia.

OBS: Tortura X Art. 136 do CP

Tortura Maus-tratos

Depende de intenso sofrimento O crime não exige dano efetivo,

físico ou mental. sendo suficiente o perigo para a vida

ou saúde da pessoa.

É um crime de dano. (O dolo é de É um delito de perigo. (o dolo é de

dano) perigo)

É realizada para submeter a pessoa O crime é praticado para fins de

a intenso sofrimento físico ou educação, ensino, tratamento ou

mental (elemento subjetivo). custódia, mas de forma imoderada

(elemento subjetivo do agente).

Rixa:

Art. 137 do CP.

Conceito:
É uma luta tumultuosa e confusa que travam entre si, 3 ou mais pessoas.

Para que o crime se consuma deve haver no mínimo 3 pessoas, sendo um delito

de concurso de pessoas necessário.

Sujeitos do crime:

Cada participante é, ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo do crime em

comento.

Consumação:

O crime de rixa consuma-se com a prática de vias de fato ou de violências

recíprocas.

Admite-se tentativa?

Há divergência na doutrina, mas, prevalece na doutrina que a rixa pode ser de

duas formas:

- Rixa subitânea ou “ex improviso”: a conduta é unisubsistente, não sendo

possível visualizar a tentativa.

- Rixa preordenada ou rixa “ex proposito”: nesse caso, o prof. Damásio

entende que haveria tentativa de rixa. Ex: três ou mais pessoas, acertam uma

rixa, mas que não se consuma por circunstâncias alheias as suas vontades.

Quanto a briga de torcida?

Rixa não é um grupo determinado contra outro, mas cada um por si. Na briga

de torcida, é definido e visualizável.

OBS: Rixa X Legítima defesa:

Poderia haver Legítima defesa se algum dos participantes da rixa desvirtuar

do ânimus dos demais (ex: sacar uma arma).

PELO FATO DA PARTICIPAÇÂO NA RIXA – Deve-se grifar essa parte

Se durante uma rixa, que ocasiona a morte, não for identificado quem

ocasionou a morte, todos que estão participando da rixa responderão pelo

crime de rixa qualificada pela morte.


Doutrina majoritária entende que, se a pessoa que ocasionou a morte durante

a rixa é identificada, todos os outros, inclusive ele respondem pelo crime de

rixa qualificada e para quem ocasionou a morte responderá também pelo crime

de homicídio em concurso material, pois no crime de rixa, pune-se a

participação de rixa, no caso havendo a morte, enquanto que no homicídio

pune-se quem mata outrem, havendo, portanto 2 atos. O que vale para

homicídio, vale também para a lesão, que pode ser grave ou gravíssima. À lesão

leve será aplicado o princípio da consunção, sendo absolvido pelo “caput”.

O resultado agravador pode ser tanto doloso como culposo. Não é crime,

essencialmente preterdoloso, sendo, portanto, qualificado pelo resultado.

Ação penal:

A Ação Penal é Pública Incondicionada.

Calúnia (art. 138 do CP):

Art. 138, “caput” do CP. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato

definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Conceito:

Consiste na atividade de atribuir falsamente a alguém fato definido como

crime.

Se for imputado a alguém um fato definido como contravenção, não haverá

crime de calúnia, pois pra que isso ocorra o fato deve ser definido como crime.

Nesse caso, o fato continuará ofensivo a honra, mas não será calúnia, será

difamação.

Esse fato deve ser determinado e verossímil (no sentido de que o fato deve

parecer verdadeiro, logo, exclui-se as brincadeiras que não tem

credibilidade).

A ofensa deve ser dirigida contra pessoa certa e determinada.

Objeto jurídico:
A lei penal tutela a honra objetiva, o que as pessoas acham de você, ou seja,

a reputação pessoa na sociedade.

Sujeitos do crime:

Pode ser praticado por qualquer pessoa, logo, se trata de um crime comum.

Sujeito passivo:

Qualquer pessoa poderá praticar o crime de calúnia. Há divergência quanto à

pessoa jurídica.

De regra, a Pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo do crime de calúnia.

De forma excepcional, a pessoa jurídica pode praticar crime ambiental,

podendo, assim ser sujeito passivo de crime de calúnia.

Art. 225, § 3º da CF. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio

ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções

penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os

danos causados.

Art. 3º da Lei 9605/98. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas

administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos

em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou

contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua

entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das

pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Elemento normativo do tipo:

“Falsamente”: a imputação de fato definido como crime deve ser falsa.

A falsidade pode recair:

a) Sobre o fato: o crime atribuído à vítima não ocorreu.

b) Sobre o envolvimento no fato: o crime foi praticado, mas a vítima não

tem nenhuma responsabilidade sobre ele.


Equiparação:

Art. 138, § 1º do CP. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação,

a propala ou divulga.

Propalar = significa relatar verbalmente

Divulgar = significa relatar por qualquer outro meio que não seja o verbal

(internet, celular, outdoor).

“Sabendo falsa a divulgação” – trata-se de dolo direto, que é exigido pelo tipo

penal.

Essa modalidade de calúnia é incompatível com o dolo eventual.

Calúnia contra os mortos:

Art. 138, § 2º do CP. É punível a calúnia contra os mortos.

A lei penal protege, tutela, a honra das pessoas mortas, relativamente à

memória da boa reputação, bem como o interesse dos familiares em preservar

a dignidade do falecido.

Vítimas – cônjuge supérstite (sobrevivente) e familiares do morto, pois este

último não tem mais direitos a serem penalmente tutelados.

Consumação:

Consuma-se no momento em que a imputação falsa de crime chega ao

conhecimento de terceira pessoa, sendo irrelevante se a vítima tomou ou não

ciência do fato.

Tentativa:

O crime de calúnia pode ser unissubsistente ou plurissubsistente.

Unissubsistente – não admite a tentativa. Ex; calúnia verbal.

Plurissubsistente – a conduta pode ser fracionada, logo, admite tentativa.

Ex: carta que se extravia.

Exceção da verdade (Exceptio veritatis):

Art. 138, § 3º do CP. Admite-se a prova da verdade, salvo:


I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi

condenado por sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido

por sentença irrecorrível.

A exceção da verdade fundamenta-se no interesse público.

A exceção da verdade é o instrumento adequado para a defesa daquele a quem

se atribui a responsabilidade pela calúnia.

Essa exceção trata-se de um incidente processual e prejudicial, pois impede

a análise do mérito. Ocorre aqui a suspenção do processo.

Constitui-se em medida facultativa de defesa indireta, ou seja, o acusado não

é obrigado a se valer da exceção da verdade e pode se defender diretamente,

como, por exemplo, negando a autoria.

Ação penal:

Em regra, a ação penal é de natureza privada.

Exceções:

Quando a calúnia for contra o Presidente da República ou Chefe de Governo

estrangeiro, pois nesse caso, a ação penal será pública condicionada a

requisição do Ministro da Justiça.

Se se tratar de servidor público em razão de suas funções, a ação penal será

pública condicionada à representação do ofendido.

Súmula 714 do STF.

Art. 145 c/c 141, II, ambos do CP.

OBS: Calúnia Eleitoral

Art. 324 a 326 do Código Eleitoral

São crimes de Ação Penal Pública Incondicionada.

Infração Penal de menor potencial ofensivo:

Será regido pela lei dos juizados especiais (Lei 9099/95).


Difamação (art. 139 do CP):

Art. 139 do CP. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua

reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Conceito:

Consiste em imputar a alguém um fato ofensivo à sua reputação.

Consiste em macular publicamente uma pessoa.

O fato não é criminoso e não precisa ser verdadeiro ou falso, basta que tenha

capacidade de macular a reputação da vítima, ou seja, a boa reputação que ela

desfruta na sociedade.

Na calúnia o fato tem que ser criminoso e falso. Aqui o fato não precisa ser

criminoso e este pode ser falso ou verdadeiro.

Objeto jurídico:

A lei penal tutela a honra objetiva, ou seja, a reputação da pessoa na

coletividade.

Consumação:

Consuma-se quando terceira pessoa toma conhecimento da ofensa dirigida à

vítima.

Tentativa:

A conduta pode ser unissubsistente ou plurissubsistente.

Sendo unissubsistente, não se admite a tentativa, em sendo plurissubsistente

é possível visualizar a tentativa.

Exceção da verdade:

Art. 139, parágrafo único do CP. A exceção da verdade somente se admite se

o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas

funções.

Em regra, não admite, pois pouco importa a natureza verdadeira ou falsa da

imputação.
Excepcionalmente, entretanto, o legislador autorizou nos casos em que o

ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas

funções.

Sujeito ativo e passivo:

Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo desse crime.

Qualquer pessoa poderá praticar o crime de calúnia, inclusive a pessoa

jurídica.

Ação Penal:

Em regra a Ação Penal é Privada. Excepcionalmente

Exceções:

Quando a difamação for contra o Presidente da República ou Chefe de

Governo estrangeiro, pois nesse caso, a ação penal será pública condicionada

a requisição do Ministro da Justiça.

Se se tratar de servidor público em razão de suas funções, a ação penal será

pública condicionada à representação do ofendido.

Súmula 714 do STF.

Art. 145 c/c 141, II, ambos do CP.

OBS: Difamação Eleitoral

Art. 324 a 326 do Código Eleitoral

São crimes de Ação Penal Pública Incondicionada.

Infração Penal de menor potencial ofensivo:

Será regido pela lei dos juizados especiais (Lei 9099/95).

Injúria (art. 140 do CP):

Art. 140 do CP. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Conceito:

Caracteriza-se o delito com a simples ofensa à dignidade ou ao decoro da

vítima, mediante xingamento ou atribuição de qualidade negativa.


Dignidade - são os chamados atributos morais.

Decoro – atributos físicos e intelectuais.

Art. 5º, XXXVIII da CF - é reconhecida a instituição do júri, com a

organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

OBS: Ampla defesa X Plenitude de defesa

Ampla defesa – Argumentos jurídicos

Plenitude de defesa - Argumentos jurídicos e não jurídicos.

Objeto jurídico:

Tutela-se a hora subjetiva, isso é, o juízo que cada um tem faz de si mesmo.

Núcleo do tipo:

É “injuriar”, o que equivale a ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar

o conceito que a vítima tem de si próprio.

Consumação:

Consuma-se no momento em que a ofensa, à dignidade ou o decoro chega ao

conhecimento da vítima.

Tentativa:
É possível, só podendo ocorrer em se tratando de crime plurissubsistente.

Ação Penal:

Vide comentários realizados ao crime de calúnia.

Art. 140, § 1º do CP. O juiz pode deixar de aplicar a pena: (perdão judicial)

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

Injúria Real:

Art. 140, § 2º do CP. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que,

por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena

correspondente à violência (Concurso formal impróprio).

Quando há apenas vias de fato, estas serão absolvidas pela injúria real.

Injúria preconceituosa, racial ou qualificada:

Art. 140, § 3º do CP. Se a injúria consiste na utilização de elementos

referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa

ou portadora de deficiência:

Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Disposições comuns

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço,

se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo

estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

Vida privada não está abrangida.

III - na presença de várias pessoas (devem existir no mínimo 3,

excluindo-se o autor ou autores e a vítima), ou por meio que facilite a

divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.


IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de

deficiência, exceto no caso de injúria.

Pois já há no próprio tipo um aumento.

O autor deve saber que trata-se de um idoso, caso contrário, não incorre

nessa causa de aumento.

Exige-se que o agente conheça a idade da vítima.

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de

recompensa, aplica-se a pena em dobro.

Crime mercenário. Essa vantagem, diferentemente do que ocorre no

homicídio, não precisa ser de cunho econômico, financeiro, podendo ser de

qualquer natureza.

Exclusão do crime

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:

(Natureza jurídica: são causas especiais de exclusão da ilicitude).

Vale ressaltar que aplicam-se apenas à injúria e a difamação, por expressa

previsão legal, excluindo, o próprio legislador, a calúnia.

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte (autor e réu)

ou por seu procurador (advogados ativos e dativos);

Juízo exclui qualquer outro tipo de processo ou procedimento. Já há uma

relação processual instaurada.

Comete o crime de injúria, calúnia e difamação quem ofende o magistrado.

O MP entra como procurador.

Art. 7º, §2º do EOAB.

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica,

salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;

Art. 5ª, IV da CF/88.

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em

apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.


Independência funcional.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela

difamação quem lhe dá publicidade.

Retratação

Retratação é retirar o que foi dito, ou seja, desdizer-se, assumir que errou.

Art. 143 do CP - O querelado que, antes da sentença, se retrata

cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia

ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-

á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a

ofensa.

Natureza jurídica:

É uma causa de extinção da punibilidade (art. 107, VI do CP)

Essa natureza é de ordem subjetiva, ou seja, não se comunica aos outros

querelados (réu da ação penal privada) que não se retrataram, ou seja, só se

aproveita a quem se retratou.

Alcance:

Cabe unicamente nos crimes de calúnia e de difamação.

Ação Penal de natureza Privada:

A retratação somente é possível nos crimes de calúnia e difamação de ação

penal privada.

Forma:

Deve ser total (a retratação deve ser de tudo que se falou) e incondicional

(não pode colocar condições).

A retratação é ato unilateral, ou seja, imprecinde (não precisa) de aceitação

da vítima.

Momento:
A retratação, para ser possível, deve ser realizada antes da sentença,

independentemente do trânsito em julgado.

A sentença nos Tribunais é chamada de Acórdão (isso nos casos em que o réu

tem foro por prerrogativa de função).

Instituto do pedido de explicações.

Art. 144 do CP. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,

difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo.

Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,

responde pela ofensa.

Calúnia, difamação ou injúria implícita.

O pedido de explicações é uma medida facultativa e nem suspende (se

suspenso, volta a contar de onde parou) e nem interrompe (se voltar a correr,

deve começar do 0) a prescrição (direito de punir) e nem a decadência (é o

direito de representação, que é de 6 meses).

Não pode impor sanções se a pessoa não der explicações.

O pedido de explicação só é cabível antes do oferecimento da ação penal.

Art. 145 do CP. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede

mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta

lesão corporal.

A regra é que nos crimes contra a honra, a ação penal é privada. Se da

violência resultar lesão corporal será ação penal pública. Se ocorrer vias de

fato, a ação continuará privada.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no

caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação

do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §

3o do art. 140 deste Código (injúria racial).


Crimes contra o Patrimônio:

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o

repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o

juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a

dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que

tenha valor econômico.

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é

cometido: (Furto qualificado)

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se

houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de

veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o

exterior.

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração

for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em

partes no local da subtração.

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a

subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou

isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.


Bem jurídico:

O patrimônio.

Doutrina moderna diz que é a proteção da propriedade como a posse, bem

como até mesmo, para alguns, a detenção.

Sujeitos:

a) Sujeito ativo:

Em regra, o crime é comum.

- Proprietário:

O Proprietário não responde por furto, tendo em vista no tipo falar em “coisa

alheia”.

1ª Corrente: o proprietário poderia responder pelo art. 156 do CP (furto

comum).

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem,

a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não

excede a quota a que tem direito o agente.

2ª Corrente: o proprietário responderia pelos arts. 345 e 346 do CP

(Exercício arbitrário das próprias razões)

Art. 345 do CP. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,

embora legítima, salvo quando a lei o permite:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena

correspondente à violência.

Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede

mediante queixa.

Art. 346 do CP. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se

acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

- Possuidor:

Só depois de possuir a coisa legalmente é que o agente decide se apropriar

do objeto.

O possuidor incorreria no crime de apropriação indébita.

OBS: Estelionato X Apropriação indébita.

No estelionato o dolo do agente é “ab initio”, ou seja, desde o início.

Na apropriação indébita o dolo é posterior à posse.

- Funcionário Público:

Pode responder pelo crime de furto, desde que não se valha este funcionário

público das facilidades que lhe proporciona suas funções oferece para

realizar a apropriação responderá por peculato furto.

Logo, se o agente se valer da facilidade que lhe proporciona a qualidade de

funcionário, responderá por peculato furto; caso contrário, responderá por

crime de furto.

Art. 312, § 1º do CP. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora

não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que

seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que

lhe proporciona a qualidade de funcionário.

b) Sujeito passivo:

Majoritariamente doutrina entende que o sujeito passivo ou ser o

proprietário ou o possuidor da coisa, mas não o detentor, muito embora,

alguns poucos doutrinadores também o colocam no polo passivo de furto.

Ladrão que furto/rouba de ladrão tem 100 anos de perdão?

É irrelevante qualquer consideração à qualidade do sujeito passivo. Portanto,

o ladra que furtar ou roubar de outro ladrão, responderá normalmente pelo

crime.

Tipo objetivo:
O valor da coisa é dividido em dois:

 Valor considerado de troca (valor economicamente apreciável);

 Valor de uso (valor sentimental).

O princípio da insignificância ou da bagatela se aplica somente quanto ao valor

considerado de troca, ou seja, o valor economicamente apreciado. Esse

princípio nunca será aplicado ao valor de uso, valor sentimental.

Princípio da insignificância (“de minimis non curat praetor” – da insignificância

não deve cuidar o julgador):

Pressupostos:

Mínima ofensividade da conduta;

Ausência de periculosidade social (nenhuma periculosidade social da ação);

Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Logo, o princípio da insignificância não se aplica ao reincidente e nas hipóteses

de furto qualificado.

Consequência:

É uma causa de exclusão da tipicidade material da conduta (inexpressividade

da lesão jurídica).

Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de roubo?

Não se aplica esse princípio ao crime de roubo, uma vez que trata-se este de

um crime complexo, uma vez que não se protege apenas o patrimônio, mas

também a integridade física e até a liberdade da pessoa.

Aplica-se o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração

pública?

1ª Corrente: não se aplica esse princípio, pois o que se protege é a moralidade

pública.

2ª Corrente: para o STF, se aplica o princípio da insignificância ao crime de

peculato.
Coisa móvel:

O que devo entender como coisa móvel?

É tudo que pode ser objeto de deslocamento, isto é, que pode ser deslocado

de um local para o outro, sem destruição.

Coisa alheia:

Res despendictae (coisa perdida) – Vai depender.

Quando não sei quem é o dono, é coisa perdida, incorrendo no crime de

apropriação de coisa achada; se sei, o crime é de furto.

Art. 169 do CP - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por

erro, caso fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de coisa achada

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,

deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à

autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

Res nullius (coisa de ninguém/sem dono) - não pode ser objeto do crime de

furto, pois não se trata de uma coisa alheia.

Res derelictae (coisa abandonada) – não pode ser objeto do crime de furto.

Subtração de cadáver:

Se essa subtração for em cemitério, é crime de subtração de cadáver (art.

211 do CP) porém, se esse corpo está em uma faculdade e há disponibilidade

do uso do corpo em virtude de testamento, trata-se de coisa móvel alheia,

podendo ser objeto do crime de furto.

tratando-se de crime autônomo

Furto famélico:

Furto para mitigar a fome.

Excludente de ilicitude em decorrência do estado de necessidade.


Tipo subjetivo:

Exige-se o dolo genérico, que é o dolo de subtrair, bem como um dolo

específico (especial fim de agir – subtrair “para si ou para outrem”).

Furto de uso:

Em regra não será crime, por não ser a conduta típica.

O furto de uso não está tipificado no Código Penal, mas no Código Penal

Militar, no art. 241 do CPM.

Art. 241 do CPM.

O agente responde pelo furto, caso a coisa não seja devolvida no mesmo local

em que estava e no mesmo estado.

Se o furto de uso foi pra cometer crime, não haverá furto de uso.

Roubo de uso??

Não há roubo de uso. Caracteriza-se roubo, pois a integridade física ou

psíquica não é passível de restituição integral.

Consumação e Tentativa:

Existem 4 teorias quanto à consumação dos crimes de furto e de roubo.

Teoria da Contrectatio: (vem de contato)

Consuma-se o delito com o simples contato entre o agente e a coisa alheia.

Teoria da Apprehensio ou Amotio:

Consuma-se o delito de furto ou de roubo quando a coisa passa para o poder

do agente (inversão da posse), dispensando-se posse mansa e pacífica.

OBS: Precisa, apenas, que a coisa seja retirada da esfera de disponibilidade

da vítima.

O nosso direito adota essa teoria.

Súmula 582 do STJ. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse

do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve

tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa


roubada, sendo prescindível (não há necessidade) a posse mansa e pacífica ou

desvigiada. (vale também para o furto)

Teoria da Ablatio:

Consuma-se o delito de furto ou de roubo quando a coisa passa para o poder

do agente (inversão da posse), exigindo-se posse mansa e pacífica, ainda que

por um curto espaço de tempo.

Teoria da Ilatio:

Exige-se para a consumação que a coisa seja levada até o local desejado pelo

ogente .

OBS: Se o bandido erra o bolso da vítima, é erro acidental, haverá aqui

tentativa de furto. Se a vítima não tinha nada em nenhum dos bolsos, haverá

crime impossível.

Distinção:

Subtração por arrebatamento X Trombada

1 – a violência é dirigida contra a coisa. (furto)

2 – a violência é dirigida contra a pessoa. (roubo)

Posse Vigiada X Posse Desvigiada:

1 – O crime aqui é de furto

2 – O crime aqui é de apropriação indébita.

Furto X Receptação X Favorecimento real

Se o agente liga para outro e antes de praticar o crime combina deste guardar

o veículo, esse outro também incorre como partícipe no crime de furto. Se o

agente liga depois de ter cometido o crime, o outro responderá por

favorecimento real.

Art. 180, “caput” do CP. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,

em proveito próprio ou alheio (proteger a mim mesmo ou a um terceiro, que

não o criminoso), coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que

terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:


No caso do crime de receptação, o agente age em proveito próprio ou de

terceiros, que não pode ser o criminoso.

Os verbos adquirir e receber são instantâneo. Já os verbos transportar,

conduzir e ocultar são verbos que se prolongam no tempo (crime permanente),

podendo, nesse caso ocorrer flagrante.

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Art. 349 do CP. Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de

receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:

Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

O agente age para proteger o interesse do criminoso.

Furto e conflito aparente de normas penais (venda fraudulenta de coisa

subtraída):

Art. 171, §2º, I do CP.

Há duas posições na doutrina.

De acordo com a primeira corrente, essa venda fraudulenta seria mero

exaurimento do crime de furto. Haveria a aplicação do princípio da consunção

e o crime de furto absolveria o crime de estelionato.

A segunda teoria diz que o que deveria ocorrer é que o agente responde pelos

crimes de furto e de estelionato em concurso de formal.

Se o agente destrói a coisa furtada, haverá mero exaurimento do crime de

furto.

OBS: Furto de cartão bancário – jurisprudência entende que o simples fato

de subtrair o cartão, não é crime, tendo em vista a insignificância do cartão,

no caso em que não houve uso desse cartão. Se o cartão for usado, havendo

prejuízo econômico, incorrerá no crime de estelionato.

OBS: Furto de folha de cheque, pela insignificância do valor pago por este,

não restará configurado crime de furto, pelo princípio da insignificância. Se

houver o preenchimento para tentar passa-lo, incorrerá em estelionato.


O STJ pacificou o entendimento e passou a reconhecer a potencialidade

lesiva em relação ao furto de talonário de cheques, afirmando que talonário

de cheques, dado o seu inegável valor econômico, pode ser objeto do crime de

furto, embora haja casos em que a simples subtração de uma folha de cheque

em branco não acarrete lesão ao bem jurídico tutelado, notadamente quando

não descontada (AgRg no REsp 1687766/DF, DJe 14/03/2018).

Nota-se que o tema ainda é bastante controverso, inclusive nos tribunais de

todo o país, havendo decisões em todos os sentidos, baseando-se, também, na

insignificância da conduta. Mas, como não poderia deixar de ser, a

jurisprudência vem mudando e confirmando a ocorrência do delito de furto

nestes casos.

O STF, porém, ainda trabalha com duas posições, a saber: 1) em sendo a folha

utilizada, o agente responde tão somente pelo crime de estelionato, restando

o furto absorvido; 2) há concurso material entre o furto e o estelionato.

Para as provas, hoje, o melhor é dizer q o STJ mudou o entendimento e passou

a reconhecer a possibilidade de caracterização de crime de furto na conduta

de subtração de cheques.

Art. 155, § 1º do CP. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado

durante o repouso noturno. (repouso noturno – funciona como costume

interpretativo)

Se as pessoas dormem perante o dia, mesmo assim não haverá repouso

noturno, pois tem que ser durante a noite.

STJ entende que é irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento

comercial ou residência, habitada ou não habitada, bem como o fato de a

vítima estar repousando ou não, nesse caso haverá a incidência da majorante

do repouso noturno.

STJ entende, indo contra a técnica legislativa da posição topográfica, que a

majorante do repouso noturno é aplicado ao crime de furto qualificado, tendo


em vista que as majorantes são aplicadas na terceira fase da dosimetria da

pena, enquanto que as qualificadoras são aplicadas na primeira fase, na pena

base.

Furto privilegiado:

Art. 155, § 2º do CP. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa

furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-

la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

O agente deve ser primário (não ser reincidente) e somado a isso há o pequeno

valor da “res” (é o valor que não excede a um salário mínimo)

10/09/2011 – pratica crime de furto ------------------- 15/12/2012 – pratica

crime de furto de R$ 50,00

Pode-se aplicar o furto privilegiado, tendo em vista que não se fala em

sentença transitada em julgado.

OBS: Presentes os pressupostos, é direito subjetivo do agente. Trata-se de

um poder-dever.

OBS: É plenamente possível aplicar o furto privilegiado, ainda que praticado

durante o repouso noturno.

OBS: O furto qualificado privilegiado (furto híbrido) é possível. Tendo em

vista, de acordo com o STF, a proporcionalidade.

Súmula 511 do STJ. É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §

2º do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes

a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de

ordem objetiva.

A qualificadora do abuso de confiança, seria a única de ordem subjetiva.

Furto em supermercado ou estabelecimento comercial – súmula 567 do STJ

Súmula 567 do STJ. Sistema de vigilância realizado por monitoramento

eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento

comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.


Furto de energia:

O objeto material do crime é tudo aquilo que faça funcionar outro aparelho

ou que tenha finalidade além da sua existência, desde que tenha valor

econômico.

Ex: energia elétrica, energia genética, energia atômica, gás e água encanada,

energia radioativa.

Energia elétrica:

Art. 155, § 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra

que tenha valor econômico.

O STJ entende alteração ou adulteração do medidor hoje que é furto

mediante fraude e não estelionato.

OBS: Furto mediante fraude X Estelionato

O primeiro é ato unilateral, enquanto a segunda é ato bilateral. No furto

mediante fraude, o agente tira da vigilância da vítima a vigilância do bem para

se apossar, enquanto que na segunda ocorre a fraude para que a vítima

entregue o bem para o agente.

OBS: Informativo 622 da 6ª Turma do STJ

OBS: Caso o agente, sem o consentimento da vítima coloca sua cadela para

cruzar com o seu cachorro de sangue puro, haverá aqui furto de energia

(retrodutora).

OBS: De acordo com o STF, a subtração de sinal de TV à cabo não é crime de

furto. Equiparar sinal de TV à cabo com furto de energia, seria uma analogia

“in malam partem”.

Art. 35 da Lei 8977/95 traz como crime a subtração de sinal de TV à cabo.

Furto qualificado

Art. 155, § 4º do CP. A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o

crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


Rompimento = destruir parte do todo.

Quando há a destruição de parte do veículo para a subtração de acessório

que está dentro deste, ocorre a qualificadora. Se a destruição da coisa ocorre

para o furto do próprio carro, não incide a qualificadora.

OBS: Se o agente desativa ou remove o obstáculo sem destruí-lo, não incide

a qualificadora.

Quando há um dispositivo antifurto ou o carro está com problema mecânico,

haverá tentativa e não crime impossível.

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

Abuso de confiança = quem confia acaba por não vigiar o bem. Famulato é o

furto qualificado pelo abuso de confiança. Tem que haver a demonstração que

a subtração foi facilitada devido ao abuso de confiança.

Mediante fraude = burla da vigilância da vítima sobre o bem como forma de

possibilitar a subtração.

OBS: Test Driver

Se o agente se dizendo querer fazer um test drive leva o carro e não volta

mais, por se entender que a posse é precária, por razão de política criminal e

por não haver animus definitivo na entrega, por parte da vítima, ao entregar

o veículo, haverá furto mediante fraude.

OBS: Se um caixa, se aproveitando do fato do cliente ser cego, entrega a ele

troco inferior, haverá crime de furto mediante fraude.

Súmula 17 do STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais

potencialidade lesiva, é por este absorvido.

Princípio da Consunção segundo Fernando Capez: Conceito de consunção : “é o

princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave consome, isto é,

absorve, outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase

normal de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Costuma-se


dizer: “o peixão (fato mais abrangente) engole os peixinhos (fatos que

integram aquele como sua parte)”.

Escalada = ter acesso ao local da subtração por uma via anormal e difícil.

Destreza = é meio de peculiar habilidade física ou manual.

III - com emprego de chave falsa;

Chave falsa = é qualquer instrumento, com ou sem a forma de chave, apto a

abrir fechaduras.

OBS: Ligação direta não seria chave falsa, por não haver instrumento (gazua,

misha, arames, grampo).

Se for utilizada a chave verdadeira, não será caracterizada a qualificadora.

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

O que se exige é que tenha liame subjetivo entre coautores e partícipes. O

que se proíbe é a chamada coautoria colateral (dois ou mais agentes vão

praticar um crime, mas não sabiam que os outros também iriam).

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver

emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo

automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

Só há de se falar nessa qualificadora se o veículo automotor efetivamente

ultrapassar a fronteira estadual ou nacional.

Aeronaves e embarcações não são veículos automotores, tendo em vista que

no conceito trazido pelo CTB não entrariam no conceito.

A maioria da doutrina entende que não há tentativa nessa qualificadora.

Por interpretação extensiva, caso o agente tenha transportado o veículo para

o DF, também se caracteriza a qualificadora.

§ 6º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de

semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes

no local da subtração.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração

for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,

possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Art. 156 do CP. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para

outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

Trata-se de um crime de Ação Penal Pública Condicionada à Representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não

excede a quota a que tem direito o agente.

Roubo:

O crime de roubo tem início com a violência ou com a grave ameaça.

Crime pluriofensivo = patrimônio, integridade física da vítima e até a

liberdade.

Trata-se de um crime complexo, tendo em vista que se trata de uma fusão

entre o FURTO + CONSTRANGIMENTO ILEGAL

A grave ameaça é conhecida como a coação psicológica. Ela pode ser direta ou

indireta (se for idônea e causar medo à vítima pode ocorrer ainda que de

forma indireta.).

Se a vítima acredita em magia negra ou outro meio sobrenatural, pode ser

instrumento hábil para caracterizar a grave ameaça.

Sujeito passivo:

Proprietário, possuidor ou detentor da coisa.

Pessoa jurídica pode ser vítima desse crime quanto o aspecto

PATRIMONIAL.

O crime de roubo, por ser complexo, pode ter uma ou mais vítimas para um

único crime de roubo.

Consumação:
Teoria da Amotio – basta a inversão da posse

Tipos de violência:

Própria:

É a violência física.

Imprópria:

O agente utiliza de meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima.

Roubo próprio:

Ocorre quando a violência ou grave ameaça é empregada antes ou durante a

subtração. Art. 157, “caput” do CP

Admite a violência própria e a imprópria.

Roubo impróprio:

Ocorre quando a violência ou grave ameaça é empregada após o apoderamento

da coisa, a subtração da coisa.

Não se admite aqui a tentativa, pois ou haverá o crime de furto ou o crime de

roubo se consuma, sendo, portanto um crime unissubsistente. É um crime

formal, ou seja, é de consumação antecipada, se consumando com o emprego

da violência ou da grave ameaça.

Não admite aqui a violência imprópria, tendo em vista que há a necessidade

de violência ou grave ameaça.

OBS: Se o indivíduo ao se aproximar do objeto que queria subtrair é

surpreendido pela vítima e, para se evadir do local, agride esta, mas não leva

a coisa pretendida irá incorrer no crime de tentativa de furto combinado com

o crime de lesão corporal em uma de suas modalidades, à depender da lesão.

Art. 157, §1º do CP.

Art. 157 do CP. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante

grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,

reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.


§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,

emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a

impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Roubo circunstanciado ou majorado:

OBS: Em tese, não cabe privilégio ao crime de roubo. Quando tem violência

no crime patrimonial não cabe privilégio.

Art. 157, § 2º do CP. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:

I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

(Aplica-se o mesmo do que fora explicitado no crime de furto)

Essas pessoas não precisam estar necessariamente no local. Os inimputáveis

OBS: Em relação ao furto trata-se de uma qualificadora, enquanto que no

roubo é apenas uma majorante, causa de aumento da pena.

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece

tal circunstância.

Deve a vítima estar em serviço, não sendo portanto o proprietário desses

valores. O proprietário não pode ser sujeito passivo, não pode ser vítima. O

agente tem que saber que a vítima está em serviço de transporte de valores

(dinheiro, título ao portador e pedras preciosas).

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado

para outro Estado ou para o exterior;

(aplica-se o mesmo que fora falado no furto)

Aqui haverá majoração da pena.

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

Restrição é diferente de privação.

OBS: STF e doutrina entendem que a restrição deve ser aquela necessária

para garantir a execução do crime de roubo que está sendo praticado. Se for
além dessa garantia, haverá a privação, podendo incorrer no crime de cárcere

privado.

OBS: ROUBO X EXTORSÃO

No roubo, o mal é iminente e a vantagem contemporânea. Aqui existe a

chamada prescindibilidade do comportamento da vítima (o agente não precisa

da vítima).

Na extorsão, o mal e a vantagem que se visa são futuros. Há aqui a

imprescindibilidade do comportamento da vítima (o agente precisa da vítima).

Vale lembrar que não haverá a aplicação do princípio da consunção, quando o

agente rouba uma pessoa e depois, vendo que há um cartão de crédito, passa

a extorquir solicitando a senha, haverá concurso material.

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,

conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

(incidirá aqui o mesmo que fora explicitado no crime de furto)

§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654,

de 2018)

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

STF entende que se a arma não for encontrada, cabe prova testemunhal para

demonstrar seu emprego. Caso a arma seja encontrada, há necessidade de

perícia, devendo ser comprovado a sua potencialidade lesiva para que haja a

incidência da majorante.

OBS: Porte de arma de fogo e roubo majorado pelo uso da arma de fogo.

Se se tratar de um mesmo contexto fático, o crime será um só. Se o agente

já tinha aquela arma antes da prática do crime de roubo, por exemplo, por se

tratar de um crime permanente, haverá o concurso do crime de roubo e do

crime de porte ou posse de arma de fogo.


II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de

explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei

nº 13.654, de 2018)

§ 3º. Se da violência resulta:

I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos,

e multa;

Não se trata de latrocínio, não sendo, portanto, crime hediondo, mas cabe

aqui a prisão temporária.

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

OBS: Não cabe aqui a grave ameaça. Se ao empregar grave ameaça uma pessoa

tem um colapso nervoso e vem a óbito, haverá o crime de roubo em concurso

formal com o crime de homicídio culposo.

OBS: A multiplicidade de latrocínio é aferida pela quantidade de patrimônio

afetado.

OBS: é possível visualizar o latrocínio, mesmo com a morte de um dos

comparsas – no caso da “aberratio ictus”.

OBS: Quando a vítima é colocada como escudo, tem-se entendido que mesmo

assim haverá latrocínio.

OBS: A competência para julgar o crime de latrocínio é do Juiz singular e não

do tribunal do Jurí. (Súmula 603 do STF)

Latrocínio é crime complexo, pois em tema de consumação e tentativa. O

crime de latrocínio e o inciso I do §3º podem ser tanto a título de culpa como

a título de dolo.

O latrocínio pode ser um crime preterdoloso ou não, tendo em vista que o

resultado pode ser a título de dolo ou culpa.

SUBTRAÇÃO + MORTE = LATROCÍNIO

SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO


Consumada Consumada Consumada

Tentada Tentado Tentado

Tentada Consumada Consumada

(súmula 610 do STF)

Consumada Tentado Tentado

OBS: Se uma pessoa mata outra e depois disso pega o seu relógio, haverá o

crime de homicídio em concurso material com o crime de furto, onde figurará

como vítima os herdeiros.

OBS: Princípio da “saisine”

Crimes contra a Administração Pública:

Título XI do CP – título que encerra o CP

Capítulo I – crimes praticados por funcionários públicos (crimes funcionais) –

arts. 312 ao 327 do CP;

Capítulo II – crimes praticados por particulares contra a Administração

Pública – arts. 328 ao 337-A do CP.

Capítulo II-A – crimes praticados contra a Administração Pública Estrangeira

(doutrina descarta esse título e diz que o bem jurídico tutelado aqui é a

transação comercial internacional) – art. 337-B ao 337-D

Capítulo III – crimes praticados contra a Administração da justiça – arts.

338 ao 359 do CP

Capítulo IV – crimes praticados contra as finanças públicas – arts. 359-A ao

359-H.

Crimes praticados por funcionários públicos:

Esse crime é praticado por funcionário público (o sujeito ativo é o funcionário

público) contra a Administração Pública em Geral (sujeito passivo constante,


podendo com ela concorrer eventualmente, o particular também lesado pela

conduta do agente).

Ex: “A” é funcionário público e apropria-se de coisa pública de que tenha

posse. “B” é um particular e apenas induz o “A” a apropriar-se de coisa pública

de que tenha posse. “A” responderá por peculato na modalidade apropriação.

A conduta de “B” irá depender, pois se tinha conhecimento da condição de

“A”, responderá pelo art. 312, peculato, na condição de partícipe. Se “B” não

tinha conhecimento da condição de funcionário público de “A”, responderá

pelo art. 168 do CP, ou seja, apropriação indébita. Deve ser sempre observado

o art. 30 do CP.

Crimes funcionais:

- Funcionais próprios ou propriamente ditos:

Faltando a qualidade de servidor do agente, o fato passa a ser um indiferente

penal. Gera-se aqui a chamada atipicidade absoluta. É o caso da prevaricação

(art. 319 do CP).

- Funcionais impróprios ou impropriamente ditos:

Faltando a qualidade de servidor do agente, o fato deixa de ser crime

funcional, mas permanece crime comum, poia há crime equivalente. Gera-se

aqui uma atipicidade relativa, haverá uma desclassificação.

Ex: peculato, se servidor, e apropriação indébita ou furto, se particular.

Art. 327 do CP. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,

quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego

ou função pública.

OBS: Funcionário público é aquele que exerce cargo público (quem é

estatutário), emprego público (celetista) ou função pública (exerce função

pública quem tem um dever para com a administração pública – Ex: jurado,

mesário), ainda que transitoriamente ou sem remuneração.


De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o administrador judicial – o

antigo síndico de falência -, o inventariante dativo e tutor ou curador dativo),

são meros encargos públicos, não sendo, portanto funcionário público para

fins penais.

O advogado dativo, segundo a doutrina e a jurisprudência do STJ, exerce

função pública, sendo, portando considerado funcionário público para fins

penais, uma vez ele irá exercer as mesmas funções do defensor público.

OBS: O art. 327, “caput” traz o conceito de funcionário público típico ou

propriamente dito.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou

função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora

de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da

Administração Pública.

Traz o conceito de funcionário público atípico ou por equiparação. será

equiparado a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em

entidade paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora contratada

(para atividade típica da adm. pública) ou conveniada (também para a

atividade típica da Adm. pública).

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes

previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de

função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta,

sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo

poder público.

Majoração da pena (de 1/3) para quem ocupa cargo em comissão, função de

direção ou assessoramento em:

1) Órgão da adm. Direta.

2) Sociedade de economia mista

3) Empresa Pública
4) Fundação instituída pelo poder público (espécie de autarquia)

OBS: essa majoração irá influenciar na prescrição do crime.

OBS: O legislador esqueceu-se aqui das autarquias. De acordo com a doutrina

e a jurisprudência majoritárias, entendem que incluir a autarquia seria uma

analogia “in malam partem”.

OBS: O presidente da República, Governador e Prefeito, de acordo com o

STF entendem que por uma interpretação compreensiva a esses chefes

aplica-se a majoração por assumirem função de direção

Em Órgão Público da Adm. Direta.

OBS: Art. 7º, I, “c” (extraterritorialidade) e Art. 33, §4º (condiciona a

progressão de regime à reparação do dano – deve-se observar o art. 83, IV

se o réu não tiver recursos) do CP.

OBS: Existem crimes funcionais que são praticados por particulares.

Crimes praticados contra a Administração Pública:

PECULATO:

Art. 312 do CP.

Há 6 tipos de peculato.

 Peculato apropriação (art.312, 1ª parte do CP);

 Peculato desvio (art. 312, 2ª parte do CP);

 Peculato furto (art. 312, §1º do CP);

 Peculato culposo (art. 312, §2º do CP);

 Peculato estelionato (art. 313 do CP);

 Peculato eletrônico (art. 303, “A” e “B”).

Peculato próprio (é gênero do qual são espécies o peculato apropriação e o

peculato desvio).

Peculato impróprio (é sinônimo de peculato furto)

Bem jurídico protegido:


A moralidade, a probidade administrativa, como bem jurídico primário.

Secundariamente se protege o patrimônio público ou particular.

Sujeito ativo:

É o Funcionário Público no sentido amplo do art. 327 do CP.

Deve-se analisar se o sujeito é funcionário público ou equiparado.

OBS: Diretor de sindicato (art. 552 da CLT).

De acordo com o STJ, esse artigo é válido. De acordo com o STF esse artigo

não foi recepcionado pela Constituição.

OBS: Se o sujeito ativo for Prefeito Municipal. Para analisar se o sujeito irá

incorrer no crime contra a Administração Pública, deve-se analisar primeiro

o Dec. Lei 201/67 (norma específica) e ver se a conduta desse agente está lá

tipificado. Posteriormente, analisa-se o Código Penal (norma geral), uma vez

que a norma especial prevalece sobre a norma geral (princípio da

especialidade).

Sujeito passivo:

Será a Administração Pública em geral, podendo com ela concorrer o

particular. A vítima primária sempre será a administração Pública, podendo o

particular concorrer como vítima secundária do delito.

1) Peculato apropriação:

Elementos do tipo (tipo objetivo):

Apropriar-se = apoderar-se de coisa que tem a posse. É inverter a posse,

agindo arbitrariamente, como se dono fosse.

Funcionário público = trata-se de funcionário público em sentido amplo do art.

327 do CP.

Bem móvel = para efeito do tipo, é a coisa que pode ser transportada de um

local para outro, sem perder a identidade, ou seja, sem destruição.


Público ou particular = o particular figura como vítima secundária, tendo em

vista que a vítima primária, mesmo que o patrimônio seja do particular, será

a Administração Pública.

De que tem a posse = a posse se dá em decorrência ao cargo que ocupa. Se o

funcionário tiver a mera detenção do bem

Abrange a detenção?

Há duas correntes:

1ª Corrente: a expressão “posse” foi utilizada em sentido amplo, abrangendo

a mera detenção.

2ª Corrente: a expressão “posse” não se confunde com a mera detenção. No

sentido de que o legislador quando quer abranger a mera detenção, ele o faz

expressamente, a exemplo do art.168 do CP (Apropriação indébita).

Art. 168 do CP. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a

detenção:

A corrente que prevalece é a segunda. Logo, podemos tirar como conclusão

que se houver a mera detenção, o agente não responderá por peculato

apropriação, mas por peculato furto, uma vez que este não exige a posse.

Em razão do cargo = (é o chamado nexo funcional). A posse da coisa deve ser

inerente as atribuições do cargo.

Para si ou para outrem

Peculato desvio:

Desviar = é dar à coisa finalidade (é de cunho particular) diversa da natural.

Funcionário público = trata-se de funcionário público em sentido amplo do art.

327 do CP.

Bem móvel = para efeito do tipo, é a coisa que pode ser transportada de um

local para outro, sem perder a identidade, ou seja, sem destruição.


Público ou particular = o particular figura como vítima secundária, tendo em

vista que a vítima primária, mesmo que o patrimônio seja do particular, será

a Administração Pública.

De que tem a posse = a posse se dá em decorrência ao cargo que ocupa. Se o

funcionário tiver a mera detenção do bem

Abrange a detenção?

Há duas correntes:

1ª Corrente: a expressão “posse” foi utilizada em sentido amplo, abrangendo

a mera detenção.

2ª Corrente: a expressão “posse” não se confunde com a mera detenção. No

sentido de que o legislador quando quer abranger a mera detenção, ele o faz

expressamente, a exemplo do art.168 do CP (Apropriação indébita).

Art. 168 do CP. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a

detenção:

A corrente que prevalece é a segunda. Logo, podemos tirar como conclusão

que se houver a mera detenção, o agente não responderá por peculato

apropriação, mas por peculato furto, uma vez que este não exige a posse.

Em razão do cargo = (é o chamado nexo funcional). A posse da coisa deve ser

inerente as atribuições do cargo.

Para si ou para outrem

OBS: O artigo 312, “caput” é punido a título de dolo mais apoderamento ou

desvio definitivo. Se exige aqui o chamado “animus” definitivo.

Se o agente tiver o “animus” de uso?

Se a coisa for consumível (fungível) - é crime.

Se a coisa não é consumível (infungível) - não é crime.

Mão de obra não é coisa, mas sim serviço.


Em relação ao prefeito não se analisa se a coisa é consumível ou não

consumível. Ele irá incorrer no art. 1º, II do Decreto Lei 201/67. Ao prefeito

será sempre crime funcional do Decreto Lei 201/67 e não do art. 312 do CP.

Vale ressaltar que esse Decreto é aplicado apenas para os prefeitos, não

cabendo aos demais chefes do Poder Executivo.

Consumação/Tentativa:

Peculato apropriação = consuma-se no momento em que o agente apropria-se

da coisa, exteriorizando poderes de proprietário. (como se dono fosse,

passando a demonstrar que a coisa seria dele)

Peculato desvio = consuma-se à coisa finalidade diversa da natural.

OBS: Ambas as figuras admitem tentativa e dispensam o efetivo

enriquecimento do agente.

É possível a aplicação do princípio da insignificância?

De acordo com o STF, admite-se o princípio da insignificância aos crimes

contra a Administração Pública.

De acordo com o STJ, não admite a aplicação do princípio da insignificância,

considerando a moralidade administrativa (bem jurídico primário).

Súmula 599 do STJ.

Peculato furto:

Bem jurídico:

É a moralidade administrativa.

Sujeito Ativo:

O Funcionário Público no sentido amplo do art. 227 do CP.

Sujeito Passivo:

É a Administração Pública em geral e secundariamente pode ser também o

particular.

Conduta:
Art. 312, “caput” (peculato próprio, Art. 312, §1º (peculato impróprio ou

que pode ser de apropriação ou peculato furto)

desvio)

O agente tem a posse legítima da O agente não tem a posse da coisa

coisa

A conduta é de apropriar-se A conduta é de subtrair

Deve-se analisar se essa subtração foi facilitada pela função pública do

agente, este responderá por peculato furto (art. 312, §1º do CP). Se essa

subtração não foi facilitada pela sua função de funcionário público, não

responderá por peculato furto, mas sim pelo crime de furto (art. 155 do CP).

A qualidade de funcionário público é elementar do tipo.

Consumação:

Aplica-se aqui a teoria da “amotio”, que é aquela que dispensa a posse mansa

e pacífica. Por óbvio, admite-se tentativa.

Peculato Culposo:

Bem jurídico:

É a moralidade administrativa.

Sujeito ativo:

É o funcionário público no sentido amplo do art. 327 do CP.

Conduta:

A conduta descrita no tipo é concorrer culposamente para o crime de outrem.

O que seria esse crime de outrem?

1ª Corrente: O peculato culposo (art. 312, §2º do CP) só se aplicaria ao art.

312, “caput” e §1º com base na chamada interpretação topográfica.

2ª Corrente: o crime de outrem é qualquer crime de outrem (“intraneus” – o

crime é praticado por um outro funcionário público - ou “extraneus” – o crime

é praticado por um particular). Essa é a corrente que prevalece.


OBS: no concurso de agentes deve haver homogeneidade dos elementos

subjetivos. Logo, só podemos falar em concurso de agentes se tivermos DOLO

+ DOLO ou CULPA + CULPA.

Por isso, no caso em que o agente agindo com negligência, deixa a janela aberta

e um particular, se aproveitando disso, entra e subtrai um computador,

teremos que o funcionário responderá pelo peculato culposo e o particular

pelo crime praticado. Isso ocorre, por que não podemos falar em concurso de

crimes, uma vez que os animus não são iguais.

Consumação/Tentativa:

Consuma-se no momento em que se aperfeiçoa o crime de outrem.

Não admite a tentativa, pois trata-se de crime culposo.

Diminuição da pena ou extinção da punibilidade:

FOTO

OBS: o §3º do art. 312, traz benefícios exclusivos do §2º. Logo, se aplica

exclusivamente ao crime de peculato culposo.

O divisor de águas é a sentença irrecorrível (sentença penal transitada em

julgado).

Peculato estelionato:

Bem jurídico:

É a moralidade administrativa.

Sujeito ativo:

É o funcionário público no sentido amplo do art. 327 do CP.

Sujeito passivo:

Será a Administração Pública em Geral, podendo com ela concorrer,

secundariamente, o particular.

Conduta;

Art. 312, “caput” Art. 312, §1º Art. 313


A posse do agente é O agente não tem posse O agente tem posse

legítima. ilegítima

A conduta é apropriar-se A conduta é subtrair A conduta é de

apropriar-se

A posse tem que se

dar por um erro

espontâneo, pois se o

funcionário provocou

o erro, configura-se o

crime de estelionato.

OBS: se o funcionário acha que tem a competência para se apossar da coisa,

não sendo o competente para tanto, não tem dolo na conduta, não incorrendo

no crime de peculato estelionato se restituir a coisa. Se ele descobre que não

é o competente e não restitui, por querer se beneficiar da própria torpeza,

responderá pelo crime de peculato estelionato.

Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do


cargo, recebeu por erro de outrem:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

OBS: Só é punível a título de dolo e é necessário que o “animus” seja

definitivo.

Consumação:

Consuma-se no momento em que o agente, percebendo o erro, não o desfaz,

apropriando-se da coisa, agindo como se dono fosse.

Admite tentativa, uma vez que trata-se de crime plurissubsistente.

Peculato Eletrônico:

Previsão legal:
Art. 313-A e B do CP.

Art. 313-A do CP. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de

dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas

informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de

obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Art. 313-B do CP. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações

ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade

competente:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da

modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o

administrado.

ART. 313 - A ART. 313 – B

O sujeito ativo será o funcionário O sujeito ativo será o funcionário

autorizado. O sujeito passivo será a público. O sujeito passivo será a

Administração Pública, podendo com Administração Pública, podendo com

ela concorrer o particular. ela concorrer o particular.

A conduta é de:
A conduta é de:
1) inserir ou facilitar a inserção
1) modificar ou alterar sistema
de dados falsos;
de informações ou programas
2) alterar ou excluir dados
de informática.
corretos.
O objeto material desse crime
O objeto material desse crime
será o programa de computador.
será os dados.

O tipo subjetivo é o dolo +


O tipo subjetivo é somente o dolo.
finalidade especial.
O delito é formal (não precisa do O delito é formal (não precisa do

resultado naturalístico. Basta a resultado naturalístico. Basta a

conduta para que haja a consumação conduta para que haja a consumação

do crime). do crime).

Admite tentativa. Admite tentativa.

OBS: Se o funcionário não for autorizado o crime será de falsidade

ideológica.

OBS: Falsidade Ideológica X Falsidade Material

A falsidade ideológica se dá quando ocorre falsidade de dados de um

documento que teoricamente é verdadeiro. Na falsidade material, todo o

documento é falso.

Concussão:

Art. 316 do CP. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda

que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem

indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Bem jurídico:

O bem jurídico primário é a moralidade administrativa, secundariamente, o

particular constrangido com o comportamento do agente que exigiu dele uma

vantagem indevida.

Sujeito ativo: (Concurssionário – quem pode praticar esse crime)

 O funcionário público no exercício da função pública;

 O funcionário fora da função pública, mas em razão dela; (o funcionário

está de férias, suspenso, de licença);

 O particular na iminência de assumir a função pública. (ele já estaria

nomeado, faltando apenas a posse).


OBS: Fiscal de renda:

Art. 316 – crime contra a Adm. Pública.

Quanto ao fiscal de renda, sua conduta também está tipificada no ar. 3º, II

da Lei 8137/90 – crimes contra a ordem tributária.

Se o fiscal de renda exigir vantagem indevida, responderá pelo delito do art.

3º da Lei 8137/90, tendo em vista o princípio da especialidade (aplica-se

norma específica em detrimento da norma geral).

OBS: Militar:

Aplica-se o princípio da especialidade, aplicando-se o art. 305 do CPM, em

detrimento do art. 316 do CP, concussão.

Sujeito passivo:

Teremos a vítima primária, que será a Administração Pública em geral e a

vítima secundária, que será o particular constrangido pelo comportamento do

agente.

Verbos do tipo:

1) Exigir:

Essa exigência é de caráter intimidativo, coercitivo.

2) Para si ou para outrem:

3) Direta (pessoal) ou indiretamente (interposta pessoa, alguém

designada pelo funcionário para fazer essa solicitação);

4) Explícita (no sentido de ser clara) ou Implícita (velada - deixa-se a

entender que está solicitando a vantagem).

5) Vantagem indevida (prevalece o entendimento que essa vantagem pode

ser de qualquer natureza).

E se a vantagem for devida?

Em se tratando de tributo ou contribuição social, o agente responde por

excesso de exação (art. 316, §1º do CP). Em não se tratando de tributo ou


contribuição social, o funcionário público responderá por abuso de autoridade

(art. 4º, “h” da Lei 4898/65).

Art. 316, § 1º do CP. Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que

sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio

vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

6) Valendo-se o funcionário Público do temor que o cargo, emprego ou

função pública é capaz de gerar. (“Metus publicae potestatis”)

OBS: Para que exista concussão é imprescindível que o funcionário público

tenha competência, atribuição ou poder para cumprir o mal que prometeu na

exigência. Caso o esse funcionário público não tenha essa competência,

atribuição ou poder o crime que este irá praticar será o de extorsão.

Médico que atende pelo SUS, é considerado funcionário público para fins

penais?

A jurisprudência majoritária entende que ele é funcionário público por

equiparação.

Se esse médico exige vantagem indevida, responde pelo art. 316 do CP. Se ele

solicita vantagem indevida, responde pelo crime de corrupção passiva (art.

317 do CP). Se esse médico emprega fraude, simulando que o pagamento é

devido, responde pelo crime de estelionato (art. 171 do CP).

OBS: o crime de concussão é punido a título de dolo acrescido de finalidade

especial (enriquecimento ou locupletamento ilícito).

Consumação e tentativa:

Consuma-se com a mera exigência, independentemente do recebimento da

indevida vantagem, que é mero exaurimento. Trata-se, portanto de um crime

formal.

A tentativa é possível somente no caso da carta concussionária interceptada,

ou seja, a concussão de forma escrita.


Corrupção passiva (art. 317 do CP):

Art. 316 do CP --- Exigir (intimidativo) – pena: 2 a 8

Art. 317 do CP ---- Solicitar (pedido) – pena: 2 a 12

Há uma visível incongruência entre esses dois tipos penais.

Sujeito ativo:

 O funcionário público no exercício da função;

 O funcionário público fora da função;

 O particular na iminência de assumir função pública.

OBS: Fiscal de renda:

Art. 317 – crime contra a Adm. Pública.

Quanto ao fiscal de renda, sua conduta também está tipificada no ar. 3º, II

da Lei 8137/90 – crimes contra a ordem tributária.

Se o fiscal de renda solicita vantagem indevida, responderá pelo delito do art.

3º da Lei 8137/90, tendo em vista o princípio da especialidade (aplica-se

norma específica em detrimento da norma geral).

OBS: Militar:

Se o militar receber vantagem indevida ou aceitar promessa dessa vantagem,

responderá pelo crime do art. 308 do CPM, em detrimento do art. 317 do CP,

tendo em vista o princípio da especialidade.

Se o militar solicita vantagem indevida responderá pelo crime de corrupção

passiva do art. 317 do CP, tendo em vista o art. 308 do CPM não trazer o

verbo “solicitar” no seu tipo.

Sujeito passivo:

Teremos a vítima primária, que será a Administração Pública em geral e a

vítima secundária, que será o particular, desde que não pratique corrupção

ativa.
O crime de corrupção passiva não é crime de bilateralidade necessária, ou

seja, nem sempre que o funcionário pratica crime de corrupção passiva o

particular cometerá crime de corrupção ativa.

ART. 317 DO CP ART. 333 DO CP

Solicitar Pq depois alguém deu (será vítima)

Receber Pq alguém antes ofereceu

Aceitar promessa Pq alguém antes prometeu

O legislador só está preocupado em punir o corruptor quando a corrupção

parte dele. Se a corrupção partir do funcionário público, o particular será

vítima.

“Dar pode, o que não pode é pechinchar”.

OBS: Há 4 tipos de corrupção ativa. A única que não há o verbo dar é a

corrupção comum.

ART. 333 DO CP ART. 337-B DO CP ART. 343 DO CP ART. 299 DO

CÓDIGO ELEITORAL

Dar Dar Dar

Oferecer Oferecer Oferecer Oferecer

Prometer Prometer Prometer Prometer

Art. 333 do CP. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário

público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem

ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica

infringindo dever funcional.

Verbos do tipo:

1) Solicitar ou receber:
2) Para si ou para outrem:

3) Direta (pessoal) ou indiretamente (interposta pessoa, alguém

designada pelo funcionário para fazer essa solicitação);

4) Explícita (no sentido de ser clara) ou Implícita (velada - deixa-se a

entender que está solicitando a vantagem).

5) Vantagem indevida (prevalece o entendimento que essa vantagem pode

ser de qualquer natureza).

6) Ou aceitar promessa de tal vantagem.

Modalidades de corrupção:

a) Corrupção passiva própria:

É aquela que tem por finalidade a realização de um comportamento ilegítimo

(o funcionário comercializa ato injusto).

Ex; delegado que solicita vantagem para não indiciar o agente que é culpado

b) Corrupção passiva imprópria:

É aquela que tem por finalidade a realização de comportamento legítimo (o

funcionário comercializa comportamento justo).

Ex: delegado que solicita vantagem para não indiciar o agente que é inocente,

sendo que o delegado já não iria indiciá-lo por não ser ele o culpado, por

exemplo.

Corrupção passiva antecedente: (CONSTITUI CRIME)

Primeiro o agente solicita, recebe ou aceita promessa para só depois realizar

o comportamento.

Corrupção passiva subsequente; (CONSTITUI CRIME)

Primeiro o agente realiza o comportamento para só depois solicitar, receber

ou aceitar a promessa pelo comportamento praticado.

Corrupção ativa antecedente: (CONSTITUI CRIME)


Primeiro o particular oferece ou promete recompensa e só em um segundo

momento o funcionário público

Corrupção ativa subsequente: (NÃO CONSTITUI CRIME – O FATO SERÁ

ATÍPICO)

Primeiro o funcionário público realiza o comportamento para só à posteriori o

particular oferece ou promete recompensa.

Consumação/Tentativa:

Trata-se de delito formal (se consuma no momento que se solicita ou se

aceitar a vantagem). O recebimento dessa vantagem é mero exaurimento.

A tentativa é admitida.

Corrupção passiva exaurida:

Art. 317, § 1º do CP. A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência

da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer

ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

Solicitar

Receber + Realizar o comportamento

infrigindo dever funcional (aumenta-se a pena em

1/3)

Aceitar promessa

OBS: (caso em que haja mais de um crime)

OBS: só se aplica a majorante a corrupção passiva própria (viola um dever

funcional).

Corrupção passiva privilegiada

Art. 317, § 2º do CP. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda

ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência

de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.


OBS: Esse crime não se confunde com o delito de prevaricação.

ART. 317, §2º DO CP ART. 319 DO CP

O funcionário cede a um pedido O funcionário não cede a pedido ou

influência de outrem

Há interferência externa

Ato voluntário O ato praticado pelo funcionário é

espontâneo

O funcionário não visa satisfazer Busca satisfazer interesse ou

interesse ou sentimento pessoal sentimento pessoal

Prevaricação Imprópria:

Art. 319-A do CP. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de

cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio

ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente

externo:

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Essa pena seria inconstitucional, tendo em vista o princípio da

proporcionalidade, que visa evitar o excesso (hipertrofia da punição), bem

como evitar a insuficiência da intervenção estatal (insuficiência da punição).

O bem jurídico protegido pela norma é a segurança interna dos presídios, bem

como a segurança externa da sociedade em geral.

O sujeito ativo é o diretor e/ou agente público que tem o dever de vedar o

acesso do preso ao aparelho (não seria só quando entra no estabelecimento

prisional, mas também de tirar do preso o aparelho se os encontrar com

estes). O preso comete falta grave se estiver com o aparelho celular (art. 50,

VII da LEP). Qualquer outra pessoa que facilite esse acesso, responderá pelo

art. 349- A do CP.


Art. 349-A do CP. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a

entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar,

sem autorização legal, em estabelecimento prisional.

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

O sujeito passivo primário será o Estado e secundariamente a sociedade

colocada em perigo.

O art. 319 é punido a título de dolo + a satisfação de interesse ou sentimento

pessoal. Já no art. 319-A o tipo penal só exige dolo, sem nenhuma finalidade

especial ou específica. Na prevaricação tem que haver uma finalidade

especial, já no art. 319-A, como não há uma finalidade especial, será chamada

de prevaricação imprópria.

O crime de prevaricação imprópria é formal e consuma-se com a simples

omissão do dever.

O crime de prevaricação imprópria se dá com a simples omissão do agente. O

aparelho não precisa chegar ao poder do preso, para que ocorra a consumação,

basta a simples omissão do agente. Trata-se de um crime omissivo próprio ou

puro, sendo, portanto unissubsistente, não admitindo, assim, a tentativa.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer

outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,

ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo

a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja


subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe

proporciona a qualidade de funcionário.

Peculato culposo

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

(IMPORTANTE) § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do

dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é

posterior, reduz de metade a pena imposta.

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