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COMO CONSTRUIR is Alvenarias de vedacao Ercio Thomaz Engenheio, pesquisador do IPT 1. Concepeao Alvenarias de vedacao destinam-se 2 compartimentagio de espacos, ppoclendo estar presentes nas fachadas ou nos ambientes internos dos edifcios. Apoiadas sobre vigas, ajes ou outros componentes estru- turais, interligadas com pilares ou paredes, essas alvenarias nao se destinam a suportar carregamentos, embora Ihes seja cada vez mais ‘comum a transmissao de tensdes oriundas de deformagdes impostas | por flechas, recalques de fundaco, movimentages térmicas etc, ‘qualidade final de uma alvenaria de vedacao estar indissoluvelmente ligada qualidade da estrutura, seja em termos de regularidade geométrica ngulos, prumo, nivel etc), seja em termos de compor- iante da irreversivel tendéncia da flexibilizacio das estruturas dos edificios, evidenciada acima de tudo nas estruturas pilarlaje, resta compatiblizar as deformagdes impostas com os materiais/sistemas construtivos das paredes, procurando-se evitar, desde a fase do projeto, fissuras, destacamentos © outras anomalias, Em outras palavras, deve'se prever uma série de dispositivos (juntas, fencunhamentos etc.) que possibilitem 0 trabalho harménico & solidirio entre estruturas mais flexiveis e paredes menos flexiveis, ‘Além do comporamento mecinico € elistico, diversos outros arimetros nortearto © projeto e especificagio do sistema de paredes, considerando-se ai aspectos técnicos (coordenagao mod- lar, isolamento térmico e actstico, comportamento sob aco do fogo, embutimento de instalagdes), comerciais (prazo da obra, precos & prazos dos fornecedores) e gerenciais treinamento da mao-dle-obra, subempreitadas) Neste “Como Construir” abordaremos aspectos gerais das alvena- rias de vedacao, sem entrar nas particularidades de cada tipo de bloco utilizado. 2. Livros basicos e normas * IPT: “Paredes de Vedagio em Blocos Cerdmicos - Manual de Execuigio"; Publicagio IPT 1767. Sio Paulo, 1988; * ABCI-Associacio Brasileira da Construcio Industralizada: “Manual "Técnico de Alvenatia’; Projeto Editores Associados, Sao Paulo, 1990; * Fisher, R. “Paredes.” Versio espanhola da 1* edigio inglesa, por Lis MJ, Cisneros, Barcelona, Editorial Blume, 1976 = Mi 1977; ‘= Thomaz, E, “Trincas em Eaificios - Causas, Prevengio e Recuper 80"; co-edicao IPT/Epusp/Editora Pini, S20 Paulo, 1989; = NBR 7170 - “Tijolos Macigos Cerimicos para Alvenaria Especific '* NBR 7171 - “Blocos Geraimicos para Alvenaria, Especificacio”, ‘= NBR 7173 - “Blocos Vazados de Conereto Simples para Alvenaria sem Fungo Estrutural, Especifica ‘= NBR 8491 - “Tijolo Macico de Solo-Cimento, Especificagao’ ‘= DIN 106 - “Especificacao para Blocos de Material silico-Calcirio + DIN 4165 - “Especificacio para Blocos de Concreto Celular Autoclavado, in, B. “Joints in Buildings.” New York, John Wiley and Sons, 3. Escolha dos blocos de vedacao Existe uma gama enorme de proditos no mercado, variando-se basicamente a natureza do material, e conseqtientemente 0 peso proprio (barro cozido, cerimica, conereto, conereto celular, slic ca), as dimensdes e a forma, as disposigdes dos furos, a texcura € diversas outras propriedades fisicas © mecinicas (resistencia a compressio, porosidade e capilaridiade, absorcao de gua, coeficien tes de absorcao e dilatagao térmica etc) Além desses aspectos técnicos, que influenciario decisivamente no desempenho da parede acabada (aderéncia entre componentes de alvenatia e argamassa de assentamento ou revestimento, efetividade das ligacoes com pilares, comportamento termoaciistico ete.), na cescolha dos blocos de vedagao deverio ser considerados muitos ‘outros aspectos * exigéncias ergondmicas, produtividade ¢ qualidade do servico: tamanho, textura, forma e principalmente peso do bloco influem no desempenho fisico ena motivacz0 do pessoal da obra, na maior ou menor facilidade de assentamento ete.; nem sempre o componente de menor tamanho repercutiré na menor produtividade; * variagdes dimensionais e desvios de forma; a regularidade geomi trica dos blocos induzira a um assentamento mais uniforme, prop ciara a economia de argamassa de assentamento ¢ de revestimento f viabilizari a adogo de revestimento em gesso; nas alvenari aparentes as caracteristicas dimensionais ganham ainda maior impor- + condigdes de trinsporte ¢ manuseio: as condigdes de embalagem no fornecimento (paletizacao, protegio impermeavel ete.) faciltardo aintegridade dos blocos no canteito e no transporte até 0 pavimento, desejado; os diferentes tipos de blocos apresentam diferentes resis: kéncias ao manuseio, havendo maior ou menor facilidade de quebras, Tascamento de cantos ete; + forma do bloco, absorcao de igua e aderéncia: os componentes dle Tred FICHA Alvenarias de vedagao Parte 1 alvenaria devem apresentar um valor minimo de absorgo de Agua Gabaixo do qual nio haver’ adequada penetracio de nata de wglomerante nos seus poros) e, idem, um valor maximo (para que nhio ocorra intensa retirada de Agua da argamassa, prejudicando a hidratago do aglomerante); para mesmas condicoes de assentamen: to (mesma argamassa et.), quanto maior a rea de contato argamas su/bloco, maior aderéncia; a penetragao de argamassa em ranhuras ou furos de alguns blocos pode melhorar consideravelmente aderéncia; ‘= movimentagdes higroscépicas: 0s materiais porosos, constituintes dos blocos, solrem em maior ou menor escala variagdes volumeétricas fem funcao das variagdes de umidade e temperatura; produtos sujeitos a grande retragio de secagem, ou que absorvam mais lumidade (incidéneia de chuva no canteiro ou na propria parede recém-erguida), tenderioa secarna parede acabada, induzindo com maior probabilidade a formacao de fissuras e destacamentos; * movimentagoes térmicas: diante de oscilagdes de temperatura, os materiais constituintes dos blocos apresentario diferentes variagdes dimensionais, podendo induzir principalmente a destacamentos ‘entre alvenaria e estrutura; as pinturas externas das paredes influen- ciario decisivamente a escala das movimentagdes (quanto mais fescua a cor, maior a absorgao de calor, maiores as movimentagdes térmicas); + tamanho do bloco e “flexibilidade da parede":diante das deforma- ‘es impostas, as vilvulas de escape das alvenarias, aquelas que Ihes dao capacidade de absorver movimentagdes, S40 como regra geral as, juntas de assentamento; para idénticas condicbes de assentamento, portanto, quanto maior a dimensio do bloco, menor o nimero de juntas e, comparativamente, menor 0 poder de absorcio de movi mentacoes; + peso proprio das paredes ¢ dimensionamento da estrutura: blocos mais leves propiciarao a redugio de secio dos componentes estruturais, passando a ter maior importancia no projeto estrutural a cconsideragao da agao do vento ¢ a a¢io do fogo: a partir de uma certa flexibilidade da estrutura, deve-se também considerar a necessidade de adogao de uma série de detalhes para vinculacao das alvenarias a estrutura; ‘= peso proprio das paredes ¢ desempenho termoactistico: como regra gerul, paredes mais pesadas apresentam melhor isola¢20 40s ruidos aéreos (“Lei das Massas"), ocorrendo o inverso em relagao a isolagao térmica; num € noutro caso hi que se considerar que diversos outros fatores infhienciario no desempenho termoactstico dda parede (inércia térmica, camadas confinadas de ar, frestas ou descontinuidades nas juntas de assentamento, eventual reverberacio nos furos dos blocos ete.) + outras exigencias de desempenbo: na escolha dos blocos deverio ainda ser consideradas capacidade de fixagio de pecas suspensas Carmirios etc), efetividade de igagdes com marcos ou contramarcos, facilidade de embutimento de instalagdes, resisténcia a cargas Taterais ete 4, Elementos de projeto projeto das alvenarias de vedacdo deveri prever todos os detalhes _rificos necessaries, ais como: > das paredes; es de portas¢ janelas, insertos para fixac20 de contramarcos 8, posigoes de calxas de tomada ete; * detalhes constrativos gerais (vergas e contravergas,ligacoes com pilares, encunhamentos, encontros entre paredes, juntas et). © projeto também deveri especificar detalhadamente todos os ‘materias a serem empregados (lipos de locos ¢ de canaletas, racos indicativos das argamassas de assentamento ¢ de encunhamento, disposigao e forma de ganchos de ligacio etc.) Deveré ainda descrever todo o processo de execugao das paredes, relativamente & marcagao dos cantos, escoramento provis6rio de paredes, prazo de“ descanso” antes da execucao dosencunhamentos 4.1, Disposigéo das paredes om relacao aos pilares As paredles de vedacio poderio ser projetadas de forma a concorre- em de diferentes maneiras com os pilares: eixos coincidentes com ‘dos pilares,alinhiadas por uma das faces dos pilares, passando fora deles. No estudo da disposigtio das paredes deve-se considerar que: + paredes passando fora dos pilares evitam problemas de destac: _mentos com esses componentes estruturais ete; em contrapartica, 3 paredes de fachada poderio estar apoiadas sobre pecas em balango (problemas de flechas), algumas paredes resultarao muito extensas Cexigindo a insergio de juntas de controle) etc * em fungi da disposicio das paredes em telaclo aos pilares, ‘ocorreré maior ou menor incidéncia de recores nos pisos © nos forros. 4.2 Arquitetura das fachadas As paredes de vedagao localizadas nas fachadas da obra tém a importante fungao de garantir a estanqueidade a 4gua da obra, evitando a formagio de umidade e bolor nos interiores; além disso, a penetracio de umidade redundara no desenvolvimento de fissuras, as laminas de Agua sejam descoladas ‘o mais rapidamente possivel das fachadas, o que se poderi conseguir ‘com a introducao de detalhes apropriados (posicionamento das alvenarias em relagdo a estrutura, eitais, pingadeiras, peitoris, reentrancias etc). A introdugao de ressaltos ou frisos possibilitard inclusive que as superficie do revestimento fiquem ligeiramente desalinhiadas entre cada pavimento, evitando-se grandes engrossamentos da massa em virtude dos desaprumos das estruturas 4.3 Juntas de assentamento ‘As juntas em amarracao faclitam a redistribuiclo de tensOes inttodu- zidas por deformagoes estruturais, movimentagdes térmicas etc. ‘enquanto as juntas aprumadas tendem a concentrar essas tenses (2 paredes poderio vira trabalhar como uma sucessio de “pilaretes"), Embora desejavel a defasagem de Y bloco entre fiadas sucessivas, sobreposigdes nao inferiores a 1/3 do bloco sao aceitaveis. [As juntas poderao ser “tomadas’ (retirada da argamassa, expulsa parede pela pressio do assentamento) ou “frisadas’, simaca0 normal TECHNE 15 COMO CONSTRUIR das alvenarias aparentes. Nas alvenarias aparentes expostas as intempéries,o frisamento das juntas, alem de criar depressoes que favorecem o descolamento da Himina de agua, promovem melhor compactagio da argamassa, favorecendo a impermeabilidade das juntas Componentes assentados com dois filetes de argamassa, como na or, dificultam a penetragio de umidade pelas juntas; ‘componentes totalmente em contato com a argamassa de mento facilitam a penetragao de por porosidade e capilaridade. A auséncia de argamassa nas juntas verticais juntas secas") pode trazer prejuizos 20 desen resistencia ao fogo, a resisténcta a cargas laterais ea capacidade de redistribuigtio de tensoes desenvolvidas nas paredes por deforma. ses impostas, Essa técnica de assentamento poder entretanto ser umidade penho termoacéstico das paredes, a adotada em situacoes especificas (paredes interas, panos com pequeras dimensdes etc.), podendo-se também recorrer a disposi livos que contrabalancem parcialmente as perdas apontadas (intr dugto de tela metilica na argamassa de revestimento et.) 4.4 Encontros entre paredes Nos encontros entre paredes CL" as juntas em amarragto. Como as dimensoes moduladas dos blocos (omprimento € largura) nao favorecem as amarragoes, tem-se observado diversos improvisos nessas ligacbes. TT ou cruz) silo sempre desejaveis Recomenda-se 0 emprego de blocos especiais, com comprimentos ‘ou formas adaptados para essas ligacOes, conforme a Figura 6 Quando no projeto de arquitetura optar-se por encontros entre paredes com juntas aprumadas, uma série de cuidados deveri ser Aispostas nas juntas de assentamento, telas metilicas embutidas no revestimento, cuidados redobrados fia compactagio da argamassa das juntas horizontais ¢ verticais etc Com rigidez suficiente dos componentes dla estrutura, nos encon: twos enire paredes internas (relativamente protegidas das osci de temperatura) a insercio de Ferros nas juntas (duas barras 5 mm ou 6 mm, transpasse em torno de 50.cm e es 40 cm) ¢ 0 embutimento de tela de estuque na argamassa de revestimento (20 em para cada lado da junta) praticamente evitam, 0s destacamentos, Nos encontroses (samento médio de re paredes externas com juntas prumo, em funcio das intensas movimentagoes termicas, haveria necessidade de ado- ‘0 de detalhes muito especiais (ferros em todas as juntas, telas muito fais reforgadas, transpasses excessivos etc.), produzindo-se solu: ‘es que, além deantieconémicas, sempre representariam certo grau de isco, Assim sendo, nesses casos, recomenda-se a insercio de ferros a cada 40 em ou 50 cm (garantindo a ancoragem mecdnica entre paredes) e o tratamento da junta com selante flexivel (garan: tindo acabamento ¢ estanqueidade), como mostra a Figura Fos oe Lr LP LP ~ Wy 4.5 Juntas de controle Para evitar a ocorréncia de fissuras e destacamentos, provocadas por movimentagoes higrotérmicas des materia, recomenda ‘conforme Tabe ‘fo de juntas de controle nas alvenatia Tab1 Valores indicatives para juntas de controle nas alvenarias de vedacdo Biocosou | Comprimento maximo parede ou distancia maxima ties (O)entro juntas do conroe (em metros) Meads com eamosse es interna Paredes externas int oredes tevesidae [Som aberirs] com abeuras [sem aberturasom aber Impermeabia- a b> [p p14 veroconoo [1s [| 2] ol m|ele |e cena [2 || w]e |e]s|s|7 cmon fo fe |e |7|e]7|7 le conoeocstir | 9 | 7 | 6] o|7]ele|s soocmeno [7 [eo] s|s a1 observapses: Targura do bloco em em + ge as paredas forem dotadas de telas ou armaduras continuas, em todas as juntas de assentamento, as cistincias acima poderao ser acrescidas fem 50% + exstndo junta na estutura, deveréhaver junta correspondiente na parede ‘nos casos gerals,recomendase que a distancia maxima entve elementos ‘ontraventantes 80 longo da parede(plaretes, paredes porpeniculares etc.) ‘80 ulrapasse 0,9 D"” (paredesiternas) ou 08 D>” (paredes externas) GEEM _ Detalhes nos encontros de paredes (juntas-prumo)

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