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Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 6
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Ago/2010
Sumário Adubação
Apresentação Efeitos, funções dos nutrientes e principais sintomas de deficiência na cultura da melancia
Socioeconomia Amostragem de solo para fins de avaliação de fertilidade
Clima Análise foliar
Solos
Curva de absorção de nutrientes
Adubação
Cultivares Calagem
Produção de mudas Adubação
Plantio Quantidade de adubo aplicada
Irrigação Forma e época de aplicação do adubo
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças Efeitos, funções dos nutrientes e principais sintomas de deficiência na
Pragas cultura da melancia
Agrotóxicos
Colheita e pós-colheita Nitrogênio (N)
Mercado O nitrogênio é o elemento formador da estrutura da planta, sendo constituinte da
Custos e rentabilidade estrutura de aminoácidos, proteínas, vitaminas, clorofila, enzimas e coenzimas. É
Referências
ativador enzimático, atua nos processos de absorção iônica, fotossíntese, respiração,
Literatura
sínteses, crescimento vegetativo e herança.
recomendada
Glossário Os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais velhas (folhas basais), produzindo
um amarelecimento generalizado, que progride para toda a planta; há restrição na taxa
Expediente de crescimento e pegamento de frutos, que apresentam menor desenvolvimento.
Fósforo (P)
O fósforo é um componente da estrutura dos ésteres de carboidratos, fosfolipídeos,
coenzimas e ácidos nucleicos. Atua nos processos de armazenamento e transferência de
energia e fixação simbiótica de nitrogênio. É o elemento que mais influencia no tamanho
dos frutos e sua deficiência inicia-se com um menor desenvolvimento das plantas,
seguido de clorose nas folhas mais velhas que posteriormente necrosam nas margens.
As folhas mais novas enrolam-se e encurvam-se.
Potássio (K)
O potássio atua em processos osmóticos, síntese de proteínas e na manutenção de sua
estabilidade, abertura e fechamento de estômatos, na permeabilidade da membrana e
no controle do pH. Auxilia na formação de frutos com altos teores de sólidos solúveis,
adocicados, e resistentes a rachaduras na casca.
A sua deficiência inicia-se com um murchamento das folhas, seguida de surgimento de
clorose nas pontas das folhas mais velhas que evoluem para necrose. Nas folhas mais
velhas, a necrose marginal é uma indicação universal da deficiência de K. O
desenvolvimento do fruto torna-se irregular ou pelo menos com pequeno teor de sólidos
solúveis, apresentando menor coloração interna, aroma e sabor. De maneira geral,
plantas deficientes em potássio são mais suscetíveis às doenças e pragas.
Cálcio (Ca)
Até 90% do total do Ca da planta está localizado na parede celular, sendo o “cimento”
que une as células, constituindo uma barreira física contra o ataque de patógenos. É
indispensável para a germinação do grão de pólen e para o crescimento do tubo polínico,
o que se deve ao fato de estar presente na síntese da parede celular ou no
funcionamento da plasmalema.
É um dos mais importantes nutrientes para as cucurbitáceas, estando o mesmo
associado com a formação de flores perfeitas, qualidade do fruto, firmeza da polpa,
melhorando a condição para armazenamento, e a produtividade.
O sintoma de deficiência nas folhas novas é a clorose marginal que evolui para toda a
folha, com morte nos pontos de crescimento. As raízes apresentam crescimento restrito,
ocorrendo prejuízos à absorção dos demais nutrientes pela planta.
A podridão apical (fundo preto ou podridão estilar) em melancia é um distúrbio
fisiológico atribuído à deficiência desse nutriente, sendo mais diagnosticada sob
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Magnésio (Mg)
É o átomo central da molécula da clorofila, por isso, está envolvido no processo de
fotossíntese e, consequentemente, na síntese de amido, proteínas, gorduras e
vitaminas. É responsável pela regulação do pH e do ajuste da turgescência nas células
das plantas. Além disso, 5% a 10% do Mg está ligado à pectina e serve como elemento
estrutural das paredes celulares. A nutrição com Mg confere qualidade ao fruto, como
por exemplo, doçura, cor, sabor e maciez. Na deficiência de Mg, há dificuldade de
translocação de carboidratos para a raiz, prejudicando o desenvolvimento do sistema
radicular, que por sua vez reduzirá a absorção de outros nutrientes. Por ser um
nutriente bastante móvel na planta, os sintomas de deficiência aparecem inicialmente
nas folhas mais velhas que se apresentam com tamanho reduzido e clorose internerval.
Apenas em condições severas de deficiência, o desenvolvimento dos frutos e a produção
são prejudicados.
Enxofre (S)
O enxofre é componente importante dos aminoácidos, como a metionina e a cisteína,
essenciais para a nutrição humana. O suprimento de S pode ser considerado favorável
ou desfavorável às plantas, do ponto de vista qualitativo. Em alguns alimentos, ocasiona
um sabor mais acentuado e, em outros, diminui sua palatabilidade.
Sua deficiência, em geral, causa um amarelecimento dourado nas folhas mais novas. A
clorose inicia-se com um tom verde-claro, progredindo para verde-amarelado e
posteriormente para um amarelo intenso. Com a evolução da carência, a planta torna-se
completamente clorótica. Há também a restrição do desenvolvimento da planta.
Boro (B)
É ativador enzimático e atua nos processos de absorção iônica, transporte de
carboidratos, síntese de lignina, celulose, ácidos nucleicos e proteínas. Tem importante
função na translocação de açúcares e no metabolismo de carboidratos, no florescimento,
no crescimento do tubo polínico, nos processos de frutificação, no metabolismo do N e
na atividade de hormônios. Intervém na absorção e no metabolismo dos cátions,
principalmente do Ca. A translocação de boro na planta é muito baixa, por isso os
sintomas de deficiência manifestam-se nos pontos de crescimento, áreas de
diferenciação e órgãos com maior expansão celular. O sistema radicular é a primeira
parte da planta a ser afetada pela carência deste micronutriente. Observa-se uma
grande redução do desenvolvimento da planta, que apresenta folhas pequenas,
superbrotamento e clorose internerval nas folhas mais novas. Com o agravamento da
deficiência, as folhas ficam encarquilhadas e com as margens necrosadas. Ocorre
também a morte da gema apical. Os frutos tornam-se mais suscetíveis às rachaduras e
com manchas internas na casca.
Zinco (Zn)
É constituinte de diversas enzimas que atuam nos processos de respiração, controle
hormonal e síntese de proteínas. Afeta a síntese e conservação de auxinas, hormônios
vegetais envolvidos no crescimento.
Plantas com deficiência de Zn apresentam as folhas mais novas pequenas e cloróticas,
ocorrendo também superbrotamento e descoloração entre as nervuras.
Cobre (Cu)
Faz parte da estrutura de proteínas, sendo constituinte de diversas enzimas que atuam
nos processos de fotossíntese, respiração, regulação hormonal, fixação de N e
metabolismo de compostos secundários. É essencial no balanço de nutrientes que
regulam a transpiração na planta.
Quando deficientes em Cu, as folhas mais novas ficam maiores que as mais velhas,
ocorrendo também, encurvamento das margens da folha e posterior necrose. Em
condições de deficiência severa, a planta apresenta-se com entrenós mais curtos e
folhas onduladas, que se tornam cloróticas e necróticas. As ramificações laterais têm
crescimento limitado.
Solos
Para o cultivo de cucurbitáceas, de modo geral, recomenda-se solos profundos, friáveis e
bem estruturados. As áreas de solos aluviais, com fertilidade alta, boa drenagem interna
e não sujeitas à inundação, são muito recomendadas. Os solos de baixadas úmidas
podem, também, ser utilizados, desde que convenientemente drenados e corrigidos seus
desvios de fertilidade. Fazem-se restrições aos solos rasos e aos arenosos. Quanto à
textura, recomenda-se como ideal, solos de textura média, com 30% a 35% de argila.
Para o caso específico da melancia, em solos ricos em matéria orgânica, a cultura
suporta melhor as deficiências hídricas que possam ocorrer. Os solos leves ou de textura
média são preferíveis aos argilosos, desde que exista a possibilidade de irrigação.
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As amostras podem ser coletadas com trado, com cano galvanizado de 3/4 ou de 1
polegada.
Análise foliar
Tabela. 1.Parte da planta a ser coletada, época de coleta e teores de nutrientes adequados na cultura da
melancia.
5a folha a Início do
partir da florescimento 40
40- 40- 17-
ponta ao início da folhas/gleba 2 3-8 5-8 -
55 50 30
frutificação homogênea
pequenos
Frutos 40 2 40- 2,5- 35- 20- 3-8 -
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pequenos até folhas/gleba 50 7,0 45 32
a colheita homogênea
5a.folha a da metade 3
10- 50- 20- 50-
30-80
partir da 15 300 60 200
até 2/3 do
ponta, 15 plantas
ciclo da 5- 30- 50- 100- 80-
excluindo a 4
planta 10 150 100 200 100
gema apical
¹Fonte: 1= International Fertilizer Association (2007); 2= Jones et al. (1991); 3= Trani e Raij (1996); 4=
Locascio (1996).
Prod. N P K Ca Mg
Quantidade total de
43,9 5,2 49,3 5,3 8,2
nutrientes extraída
20 Quantidade de nutrientes
29,4 4,3 36,0 1,9 4,0
exportada pelo fruto
% do total exportada 67 82 73 36 49
Fonte: Grangeiro et al. (2005).
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Calagem
Sendo:
Adubação
------------------- kg ha-1.--------------------
Nitrogênio (N)
(não analisado) 30 90
Fósforo (P2O5)
..........mg dm-3 de
P..............
<6 120 -
6 – 12 90 -
13 – 25 60 -
>25 30 -
Potássio (K2O)
<0,08 30 90
0,08 – 0,15 30 60
0,16 – 0,30 30 30
>30 - 30
Obs.: A aplicação de nitrogênio e potássio em cobertura deve ser realizada aos 25 dias
ápos o plantio. Se o solo for arenoso, parcelar esta aplicação em duas vezes, aos 20 e 40
dias após o plantio.
Fonte: Cavalcanti (2008)
Tabela 4. Adubação com P2O5 (fósforo) e K2O (potássio) e N (nitrogênio) baseada na análise de solo para o Estado
de Pernambuco..
N N N N P2O5
Fertilizantes
K2O CaO MgO Solúvel S
nitrogenados
total NO3- NH4+ amídico CNA+H2O
Ureia 44 44 - 44 - - - - -
22-
Sulfato de amônio 20 - 20 - - - - -
24
0,5-
Nitrato de cálcio 14 14 1,5 - - 18-19 - -
1,5
Nitrato de
13 13 - - 14 - - - -
potássio
Solúvel
Solúvel Citrato N
Fertilizantes Solúvel
Total Ácido CaO MgO S
Fosfatados Água Amônio + H2O NH4+
Cítrico
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Fosfato 48 48 48 - - - 9 -
monoamônico
(MAP)
Fosfato diamônio
45 38 45 - - - 16 -
(DAP)
Superfosfato 10-
18 16 18 - 18-20 - -
simples 12
Superfosfato triplo 41 37 41 - 12-14 - - -
Ácido fosfórico
N
Fertilizantes Solúvel MgO Solúvel
Total Cloro S
Potássicos Água Água
NO3-
Cloreto de
58 58 45-48 - - - -
potássio
Sulfato de
48 48 - 17-18 - 0-1,2 -
potássio
Fonte: Instituto da Potassa & Fosfato (1998).
Cálculo:
100 kg da fórmula 10-10-10 -------------------------------- 10 kg de P2O5
X kg da fórmula 10-10-10 ----------------------------------- 30 kg de P2O5
X= 30 x 100 / 10 ? 300 kg ha-1 da fórmula 10-10-10.
Torna-se evidente que os 300 kg dessa fórmula na adubação de fundação também vão
fornecer as quantidades de N e K2O exigidas da recomendação. Para adubação de
cobertura, utiliza-se um fertilizante nitrogenado, como a ureia, e outro potássico, como
o cloreto de potássio, para fazer os cálculos:
Às vezes, o uso de uma mesma quantidade de uma fórmula “X” não atende por igual às
doses de todos nutrientes recomendados. Neste caso, procura-se a fórmula que, usada
em determinada quantidade, vai fornecer as quantidades de nutrientes mais
aproximadas daquelas requeridas ou então, se utiliza os fertilizantes para formular a
mistura na própria fazenda. Dependendo das condições, pode-se lançar mão de uma
Foto dupla de nutrientes, como o DAP (fosfato diamônio) na adubação de fundação, ou o
nitrato de potássio na adubação de cobertura.
A aplicação dos fertilizantes na adubação de fundação deve ser feita em sulco, de tal
modo que a semente ou as raízes da muda usada no plantio fiquem localizadas um
pouco acima do adubo. Recomenda-se que os fertilizantes sejam incorporados ao solo
com auxílio de uma enxada, na operação do fechamento do sulco, antes do plantio. Na
adubação de cobertura, os fertilizantes devem ser aplicados na época recomendada, em
pequenos sulcos, ao lado das plantas e cobertos com terra para evitar perdas de
nitrogênio por volatilização. Assim como a semente e o sistema radicular da planta,
todos os fertilizantes devem ser distribuídos onde há umidade no solo para facilitar sua
solubilização.
Embrapa. Todos os direitos reservados, conforme Lei n° 9.610.
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