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DA ACADEMIA
DE LETRAS DA BAHIA
REVISTA
DA AC A D E M I A
DE LETRAS DA BAHIA
Julho de 2013, nº 51 ISSN 1518-1766
Copyright © by Academia de Letras da Bahia, 2013
Ficha Catalográfica
CDU 860.0(05)
IMPRESSO NO BRASIL
Sumário
ARTIGOS E ENSAIOS
POESIA
252 Poemas
ALAIN SAINT-SAËNS
FICÇÃO
DISCURSOS
DIVERSOS
443
Efemérides 2011
452
Efemérides 2012
463
Quadro social da ALB
473
Endereços dos Acadêmicos
ARTIGOS
E ENSAIOS
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Castro Alves:
lições de poesia,
lições de contemporaneidade
Evelina Hoisel
1ALVES, Castro. Obra Completa, org., fixação do texto, cronologia, notas e estudo
crítico por Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. 906 p. Todas as citações
neste trabalho se referem a essa edição. A partir desta nota, após cada citação serão
colocadas apenas as abreviaturas das obras referidas – EF:Espumas flutuantes; OE:
Os escravos – e o número da página onde o poema está localizado.
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REFERÊNCIAS
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Evelina Hoisel é ensaísta, Pesquisadora do CNPq, Professora Titular de Teoria
da Literatura na Universidade Federal da Bahia; tem diversos artigos e livros
publicados. Desde 2005, ocupa a cadeira nº 34 da Academia de Letras da
Bahia. Este artigo foi apresentado na Academia de Letras da Bahia, no Curso
Castro Alves 2011, em 29 de setembro de 2011.
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O teatro infantil
de Adroaldo Ribeiro Costa
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S. Paulo, 15.1.942
Monteiro Lobato.
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Aramis Ribeiro Costa é médico pediatra, também graduado em Letras pela
Universidade Católica do Salvador. É escritor. Foi presidente da Sociedade
Civil Hora da Criança no mandato 1884-1985. É membro efetivo do Conselho
Estadual de Cultura da Bahia. É autor de vários livros, como O fogo dos infernos
(2002), Os bandidos (2005), Reportagem urbana (2008) e Contos reunidos (2011).
Desde 1999 ocupa a Cadeira nº 12 da ALB. Atual presidente da ALB, exerceu
a gestão 2011-2013, sendo reeleito para a gestão 2013-2015.
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La Vorágine - o romance
amazônico da Colômbia
por ele percorrido até sua foz; dali tendo seguido, já sobre águas
do oceano Atlântico, acompanhando a linha da costa, na direção
do mar das Antilhas, indo alcançar, mais uma vez, o rio Madalena,
de onde partira, em sua viagem de ida, e por ele de novo navegado,
dessa vez subindo o seu curso, a fim de chegar de volta à capital
da Colômbia.
De tudo o que viu e ouviu, ao longo dessa sua viagem, resultou
a redação de um dos mais extraordinários romances da literatura
latino-ameriana – La Vorágine (1924) –, havendo sido José
Eustasio Rivera o primeiro escritor a revelar as torpezas e injúrias
sofridas pelos seringueiros na floresta amazônica, antecipando-
se, pois, ao falar desse assunto, ao romance que iria, seis anos
depois, aparecer, escrito por Ferreira de Castro – A Selva – , este,
no entanto, com sua estória a desenvolver-se na Amazônia
brasileira. E mesmo que a ação dos personagens de La Vorágine
se desenvolva tanto nos llanos como na selva, daremos, aqui, realce
à parte do texto onde e quando a mata se torna cenário privilegiado
para a narrativa, desempenhando o papel de algoz e, mais que
isso, assumindo o caráter de “voragem” e abismo.
A selva sádica y vírgen..., a vista e idealizada por Rivera, acabou
por devorar Arturo Cova, o principal personagem do romance, e
os seus companheiros. E sendo este o narrador da estória, e
havendo sido também fundamental o seu desempenho, agindo
como condutor dos acontecimentos, torna-se Arturo Cova peça
essencial para a compreensão do romance; tendo sido através de
sua voz que, como afirmou Montserrat Ordóñez1, aprendeu o
século XX “a imaginar e descrever a selva”; de modo igual, “a
interpretar a relação entre o homem e a natureza”; e finalmente a
entender o seu relacionamento com o próprio mundo interior,
condicionado pela presença e influência de “uma natureza mítica,
personificada e carnavalizada.”2 E como resultado da presença
simultânea, no romance, do autor e do narrador por ele criado, e
aqui seguindo o rumo tomado pela apreciação de Montserrat
Ordóñez, irá Rivera, aos poucos,
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E acrescenta:
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E ao acrescentar:
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NOTAS E REFERÊNCIAS
1
MONTSERRAT ORDOÑEZ (1941-2001), nascida em Barcelona,
de pai castelhano e mãe colombiana, residiu na Colômbia durante quase
toda a sua vida, ali tendo lecionado na Universidad de Los Andes e na
Universidad Nacional de Colômbia. Foi a editora da 6ª edição de La
Vorágine, de José Eustasio Rivera, lançada, em 2006, pelas Ediciones
Cátedra Fernandez Ciudad, S.L., España.
2
MONTSERRAT ORDÓÑEZ. “El narrador: uma voz rota” in
RIVERA, José Eustasio. La Vorágine.Fernandez Ciudad S.L.: Cátedra.
Letras Hispânicas, 2006. p. 21.
3
Idem, p. 24/25.
4
Essa região foi mencionada pelo geógrafo francês Jean Gottmann
em 1949, 25 anos depois da publicação de La Vorágine, como ainda
sendo – un pays vide d´hommes, onde viviam tribos indígenas afastadas
da civilização; estando, segundo ele, a sua exploração e cartografia ainda
a serem efetuadas. esclarecendo o autor do presente trabalho haver
consultado a terceira edição dessa obra, a lançada em 1960. (Cf.
GOTTMANN, Jesn; L´Amérique.Paris:Hachette, 1949, p. 369).
5
MONTSERRAT Ordóñez. Opus cit., p. 250/251.
6
Idem, p. 297.
7
Idem, p.276.
8
Idem, p. 277.
9
MONTSERRAT ORDÓÑEZ. “Los indígenas: brasas entre las
espumas” e “En las caucherias: llamaradas crepitantes” in RIVERA,
José Eustasio. Opus cit., p. 38 e 48.
10
RIVERA, José Eustasio. Opus cit., p. 385.
11
RIVERA, José Eustasio. Opus cit., p. 189/190.
12
Idem, p. 288/289.
13
ROBLES, Federico Carlos Sainz de. Ensayo de un Diccionario de la
Literatura. Tomo II. Escritores españoles e hispanoamericanos”.
Madrid: Bolaños y Aguilar S.L.,1949, p. 1398/1399.
14
Idem, p. 288/289.
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Apud ROBLES, Federico Carlos Sainz de. Opus cit., pp, 1398/1399
Informamos não haver conseguido localizar a Historia de la literatura
hispanoamericana, de autoria de Julio A. Leguizamón, citada no referido
verbete, nem a obra citada, sem referência ao seu título, de José Maria
Salaverria, nelas encontrando-se as menções feitas por esses autores a
La vorágine, registradas por Federico Carlos Sainz de Robles.
16
Cf. “Traducciones de ´La Vorágine`” in RIVERA, José Eustasio.
Opus cit., p. 67/68. Consta desse texto, referência a uma tradução
brasileira, que teria sido feita por José César Borba, no Rio de Janeiro,
em 1945, que não conseguimos localizar. Logramos, contudo, encontrar
uma tradução da novela, de autoria de Reinaldo Guarany, editada no
Rio de Janeiro, em 1982, pela Editora Francisco Alves, da qual não
consta, no entanto, qualquer indicação sobre a edição em espanhol,
que lhe serviu de base.
17
Cf. “Historia editorial de La Vorágine” in RIVERA, José Eustasio.
Opus cit, p. 14/16.
18
RIVERA, Jose Eustasio.”Historia de la critica de La Vorágine” in
Opus cit .p. 16.
17
Peregrino Junior. “Ciclo nortista” in “O regionalismo na ficção”. In
COUTINHO, Afrânio (Diretor) A Literatura no Brasil. Era realista.
Era de transição. Vol. 4. Rio de Janeiro: José Olympio Editora/
Universidade Federal Fluminense. UFF-EDUFF, 1986, p. 246. E quanto
à expressão sádica y virgen, por ele referida, ela aparece no texto La
Vorágine, na edição por nós utilizada, à página 297, no parágrafo que
se inicia desse modo – Esta selva sádica y virgen procura al ánimo la alucinacón
del peligro...
18
Cf. CASTRO, Ferreira de. Opus cit., p.114/115, 117/119, 101.
Cabendo notar que, em 1995, o antropólogo John Hemming, em seu
livro Amazon Frontier: Defeat of the Brazilian Indians (Edição brasileira:
HEMMING, John. Fronteira Amazônica: A derrota dos índios brasileiros.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009, p. 372/373)
confirmou que os índios parintintins, no curso do ciclo de exploração
da borracha, foram temidos e que, portanto, “despertaram o medo e a
fúria dos seringueiros”.
Waldir Freitas Oliveira é historiador, ensaísta e conferencista; é professor da
Universidade Federal da Bahia e tem vários artigos e livros publicados. Desde
1987 ocupa a Cadeira nº 18 da ALB.
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Cyro de Mattos
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Florisvaldo Mattos
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Coqueijo contou este curioso diálogo numa das crônicas que então
escrevia, às segundas-feiras, no jornal A Tarde, cujo recorte ainda
hoje, emoldurado, está afixado na parede do restaurante, à vista
dos fregueses.
A noite era realmente criança e aconselhava outros pousos e
outros desempenhos, que ninguém é de ferro, a começar pelas
casas de mulherio, como o “Meia-três”, na Ladeira da Montanha,
a casa de “China”, na Rua da Gameleira, a de “Maria da Vovó” e
a de “Cymara”, ambas em transversais da Ladeira da Praça;
gafieiras (Churrascaria Ide, Metrô, Rumba Dancing, Belvedere,
Marajó); inaugurais boates (Carijó, XK Bar, Manhattan, Pigalle)
e, para os mais abonados, o Cassino Tabaris, de cujas noites
perdulárias restaram histórias memoráveis, não só as antigas de
coronéis do cacau. E aqui nova urticária mental me induz a
outro parêntese, para lembrar episódio tão cômico quanto
surrealista, protagonizado por alguns de nossa turma numa
dessas noites de boemia peralta. Em meados de outubro de
1958, um mês depois de fundado, o Jornal da Bahia fazia o
primeiro pagamento dos que compunham a sua primeira equipe
de Redação, e lá fomos receber no guichê da gerência o que nos
cabia, como atores dessa façanha – eu, Paulo Gil Soares, Joca
(João Carlos Teixeira Gomes) e Fernando Rocha (Bananeira),
na reportagem geral, Calasans Neto, na programação visual, e
Glauber Rocha, editor da seção de Polícia.
Pegamos o dinheiro curto no caixa e, à noite, com a aderência
de mais alguns, alegres e felizes, marchamos todos para o Tabaris,
onde na ocasião se apresentava um balé argentino, composto de
dançarinas loiras e morenas, de corpo torneado e maiô, dançando
o repertório musical da moda, bolero, mambo, rumba, conga e
tango, ao som de uma afinada e buliçosa orquestra de sopro. Era
comum nos intervalos, como parte da atração, elas, as bailarinas,
virem às mesas, conversar, beber e até dançar com frequentadores.
Nesta para nós noite inaugural, mulheres na mesa, e bebendo,
saímos alguns a dançar, inclusive com as moças do balé. É quando,
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SONETO OITAVO
DE ATALANTA EM CALIDÔNIA
JAIR GRAMACHO
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A CABRA
FLORISVALDO MATTOS
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Florisvaldo Mattos é poeta, jornalista e ensaísta. Publicou diversos livros, como
Travessia de Oásis – A sensualidade na poesia de Sosígenes Costa (2004); recentemente,
lançou o livro Poesia Reunida e Inéditos (São Paulo: Escrituras, 2011). Desde
1995 ocupa a Cadeira nº 31 da ALB. Este é o texto da conferência pronunciada
durante o seminário “Memórias Cruzadas da Cidade do Salvador”, promovido
pela Fundação Pedro Calmon, sendo moderador seu presidente, o historiador
Ubiratan Castro, em 18 de julho de 2012, no auditório da Biblioteca Pública do
Estado da Bahia, nos Barris, na parte circunscrita ao tema A Cidade da Boemia,
tendo como foco “a boemia literária e o entrelaçamento da vida intelectual,
mundana e universitária, que incubaram intensamente gerações de intelectuais
transformadores e movimentos de vanguarda, na Salvador dos anos 50”.
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Joaci Góes
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dois maridos, de 1966, foi seguido por Tenda dos milagres, em 1969, e
Tereza Batista Cansada de Guerra, em 1972. A história infantil O
gato malhado e a andorinha Sinhá, de 1976, foi acompanhada de
Tieta do Agreste, em 1977, e de Farda fardão camisola de dormir e do
livro de contos Do recente milagre dos pássaros, em 1979. Três anos
depois, sai o livro de memórias O menino grapiúna. O livro infantil
A bola e o goleiro e o romance Tocaia grande são de 1984. Quatro
anos depois vem O sumiço da santa, seguido, também com espaço
de quatro anos, do livro de memórias Navegação de cabotagem, de
1992. O romance A descoberta da América pelos turcos, de 1994, foi
sucedido pela fábula O milagre dos pássaros, de 1997. Em 2008
ocorreu a publicação póstuma do livro de crônicas Hora da Guerra.
Em 1961, aos 49 anos, sucedendo ao tribuno e estadista Otávio
Mangabeira, baiano como ele, JA foi eleito para ocupar a cadeira
23 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono José
de Alencar e Machado de Assis como fundador, fato que não o
impediu de escrever a notável obra satírica Farda, fardão, camisola
de dormir, em que vergasta o anacrônico formalismo da entidade
e a presunção senil de alguns de seus membros. Saudado por
Raimundo Magalhães Júnior, seu discurso de posse na casa de
Machado de Assis é considerado um dos mais belos ali proferidos.
Jorge publicou: 25 romances, dois livros de memórias, duas
biografias, duas histórias infantis e muitos outros trabalhos, entre
contos, crônicas e poesias.
Suas obras foram publicadas na seguinte ordem cronológica:
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A obra pioneira de
José Américo de Almeida
Consuelo Pondé de Sena
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Um sermão magnífico do
acadêmico Cônego José
Cupertino de Lacerda
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coisas, pois sou neto de padre!” Isto a mim não espanta, porque,
afinal, “o cearense José de Alencar era filho de padre, como o foi
o baiano Theodoro Sampaio” –, lembrou-me recentemente o
engenheiro Paulo Segundo da Costa, recente revelação de
pesquisador histórico, por seu livro Hospital de Caridade (São
Cristóvão/Santa Izabel) da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
– 450 anos de funcionamento (1549-1999), ( Salvador, Contexto
e Arte Editorial, 1ª. ed., 2000).
O que a mim espantou – de admiração pela superior beleza
literária, pelo encantamento retórico deste documento impresso
de oratória sacra, que estou doando hoje à Academia, e pelo vigor
e atualidade da mensagem moral que veicula – foi a leitura que
fiz, pela primeira vez em 1956 e nos 45 anos seguintes em
sucessivas releituras e tresleituras, desta quase centenária peça
parenética, que este Sermão pregado pelo Revmo. Cônego José
Cupertino de Lacerda, por ocasião de uma das Festas da Visitação
de Nossa Senhora a Santa Isabel em 2 de julho, na Igreja da Santa
Casa de Misericórdia da Bahia, em princípios do presente século,
opúsculo com esse título editado pela Tipografia de S. Francisco,
Baía, 1939. Podem os confrades e os visitantes conferir a
autenticidade deste exemplar, que lhes apresento, com o despacho
datado de 12 de dezembro de 1939, do Monsenhor Ápio Silva,
Vigário Geral da Arquidiocese de Salvador, ao censor ad hoc,
Cônego Rubem Mesquita, seguido do nihil obstat do Censor e do
IMPRIMATUR do Vigário Geral, datados do dia seguinte, 13 de
dezembro de 1939.
Recebi esse documento impresso, naquele 1956, por
empréstimo cercado de cuidados, como relíquia de estima muito
pessoal, do meu então futuro sogro, Francisco Rodrigues da Silva,
hoje aos 93 anos, plenamente lúcido. É mera e engraçada
coincidência que ele tenha o mesmíssimo nome do ilustre médico
e Diretor, no século XIX, da Faculdade de Medicina da Bahia,
Doutor FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA, Patrono ou
Epônimo da Cadeira nº 27 da nossa Academia de Letras da Bahia,
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João Eurico Matta é administrador, professor emérito da UFBA, crítico e
ensaísta. Ocupa a Cadeira nº 16 da ALB. Comunicação a propósito de doação,
ao Arquivo e à Biblioteca da Academia, de raro opúsculo impresso, feita em
palestra na sessão ordinária da Academia de Letras da Bahia de 10 de agosto
de 2000.
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Viagem a Israel
Viajar é descobrir, o resto é simples encontrar.
José Saramago
Edivaldo M. Boaventura
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Da Galileia à Judeia
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Chegada a Jerusalém
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REFERÊNCIAS
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Edivaldo M. Boaventura é ensaísta, pesquisador, professor emérito da UFBA,
autor de diversos livros de ensaios; ex-diretor geral de A Tarde, foi presidente
da Academia de Letras da Bahia, de 2007 a 2011. Desde 1971 ocupa a Cadeira
nº 39 da ALB. Este artigo foi apresentado em sessão ordinária da Academia
de Letras da Bahia, em 8 de setembro de 2011.
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Hélio Pólvora
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Senhor absoluto
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Raso da Catarina
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Aura romântica
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Servido uma vez por uma velha de 80 anos que havia abatido
uma galinha, Lampião viu um companheiro que queria carne
vermelha sair, voltar com uma cabra morta e gritar à hospedeira:
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Maria Bonita
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a neta Vera Ferreira, que hoje lhe cultiva a memória. Mas visitou
a filha três vezes, com Lampião – e a menina sabia de suas origens.
Para as atividades cotidianas, Maria Bonita vestia-se de brim
grosso, da cor da polpa da goiaba madura, engalonado e
revestido de vermelho nos punhos. Há um desses, assim dizem,
no Museu de História Natural, no Rio de Janeiro. Nos domingos
e em festas apreciava os modelos cinza, com riscos de giz e
enfeites de sinhaninha ver melha (fita ondulada ou em
ziguezague). Era mais companheira, tal e qual as demais, à
exceção de Dadá, que substituiu o seu homem quando ferido
nos braços, do que combatente. Decerto sabiam atirar, e atiravam
em caso de extrema necessidade – mas os cangaceiros as
mantinham à parte. “Pouca gente sabe que de brava ela nada
tinha”, atesta Vera, a neta. E completa as bondades da avó com
os adjetivos agradável, carinhosa, bem-humorada, dada a
brincadeiras e generosa. Sua presença no bando e a de outras
mulheres há de ter contribuído para a redução de estupros e
assassinatos de velhos e crianças.
Durou nove anos o amor, sem contar o namoro na Fazenda
Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso. “Sem dúvida, Maria
Bonita viveu um grande amor por Lampião”, assegura a neta. E
brande nesse sentido um argumento de peso: somente um amor
apaixonado forçaria a mulher casada (para uns) ou separada
(dizem outros) a romper fortes preconceitos e costumes da
época.
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Bilhetes e ameaças
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“Ilmo sr. José Antonio – Eu lhe faço esta, até não devia me
sujeitar a te escrever porem, sempre mando te avisar, pois, eu soube
que vc., no dia que eu cheguei ahi na fazenda vc., esteve pronto
para vir me voltar orem, eu sempre lhe digo que você crie juízo, e
deixe de violências, apois eu venho chamando é por homem, e
mesmo assim vc. Com zuada não me faz medo. Eu tenho visto, é,
coisa forte, e não me assombra, portanto vc. Deve tratar de fazer
amigos não para fazer como vc. Diz. Sempre lhe aviso, que é para
depois vc. não se arrepender e nada mais, não se zangue, isto é um
conselho que lhe dou. – Do Capitão Virgolino Pereira (?) da Silva”.
Ao Sr. José Batista, Fazenda Porteira, Cumbe (atual Euclides da
Cunha), sem data – Sua saudação não pacei em sua casa soubi que
não estava mas tenho estaque é para vancê manda por este portado
5 contos de rs.
“Olhi é para não deixar de mandar apois não mandando é pior
para vancê apois aguardo sua resposta. “Sem mais do Capm.
“Virgulino Ferreira Lampião”.
Mais esta: “Sergipe. Ilmo Snr. João Apostolo Sua saudação
Com todos lhe faço esta para o sr. Mandar-me Um conto de Rs.
Apois não quero maçada faço esta com urgença
Cp. Lampião”.
Misticismo
Museu do cangaço
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Grota do Angico
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Corisco
REFERÊNCIAS E NOTAS:
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REFERÊNCIAS
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A cena familiar
em contos de Judith Grossmann
Cássia Lopes
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REFERÊNCIAS
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Silvério Duque
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A vida da lembrança:
Zélia Gattai Amado
Antonella Rita Roscilli
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NOTAS
O livro Zélia de Euà, Rodeada de Estrelas de Antonella Rita Roscilli é
uma obra na qual o leitor pode desvendar aspectos importantes da
vida e da obra da escritora Zélia Gattai, que desde o momento em que
se projetou na vida cultural brasileira vem fascinando e encantando
seus muitos leitores com a riqueza e a simplicidade de seus relatos. O
livro traz também uma longa entrevista com Zélia, que a autora realizou
na sua viagem à Bahia em 2004, e um apêndice em que relata os
provérbios italianos que, aos 90 anos de idade, decantava de cor. A
supresa vem com o DVD que acompanha a obra em que Zélia lembra
a história da sua familia de emigrantes italianos e diz provérbios em
dialeto vêneto e toscano, traduzidos depois em italiano e português.
Cf.: ROSCILLI, Antonella Rita. Zélia de Euà Rodeada de Estrelas.
Salvador: Casa de Palavras, 2006.
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Travessia de oceanos
Vozes poéticas da Bretanha e da Bahia
Dominique Stoenesco
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Max Alhau
Tradução: Dominique Stoenesco
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Max Alhau é francês (Paris, 1936), poeta e ficcionista, participa de várias
revistas, e divulgou diversos poetas espanhóis e latino-americanos na França.
Publicou vários livros, como: Du bleu dans la mémoire (2010, poesia), Aperçus –
Lieux – Traces (2012, poesia), e Ailleurs et même plus loin (2012, contos).
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Rita Olivieri-Godet
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POESIA
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CONVERSA COM
FRANCISCO OTAVIANO
Ruy Espinheira Filho
ILUSÕES DA VIDA
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Fechado o parêntese,
continuemos.
Sim,
que coisa mais inútil passar pela vida
em branca nuvem!
Que imperdoável alienação adormecer
em plácido repouso!
Que grandeza em enfrentar
o frio da desgraça!
Jamais ser espectro de homem
– mas homem de verdade!
Jamais passar apenas pela vida
– mas vivê-la intensamente!
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de preferência em
branca nuvem.
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Aliás,
se há algo que devemos sempre evitar é
o frio da desgraça.
Se o frio comum já pode ser um problema, imagine
o frio da desgraça.
Libera nos, Domine.
Nada desses horrores,
pois são eles que transformam o homem
em espectro,
que nos impedem de verdadeiramente
viver.
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Enfim,
continuo amando o teu poema,
mas, nestas alturas,
o que mais quero mesmo
é vir a merecer uma
branca nuvem
para um
plácido repouso
final.
Amém.
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Myriam Fraga
IDALINA
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Quando chegares,
A ceia estará posta.
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R EVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DA B A H I A , nº 51, 2013
EUGÊNIA
Não te darei,
Amor,
Profundas mágoas,
Mas indomada
Paixão,
Oceano de lavas.
Não te direi
Sou tua,
Porque minto.
Só em mim,
Em mim mesma
Pressinto
O êxtase de pisar
No risco que divide.
O mais é precipício.
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LEONÍDIA
Como um tesouro
Escondido,
Um filho morto que levo,
Aos trambolhões,
Comigo.
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CONSUELO
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POEMAS
1936
(Salvadolores)
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ARANEADA
Uma aranha
tece
e não esquece
o inicio do fio
infindável.
A brisa passa
e treme a trama
tecida e leve
e preso estou
de olho fixo
no risco aéreo
da arquiteta
atentíssima.
Pronta estará
a redefina
se no laço tinir
o primeiro inseto
prisioneiro.
234
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Caça e comida
debatendo-se
são o sinal
do repasto
agonizante.
Labiríntica cena
para quem vê
e sente prazer
de esperar só
o resultado.
A calma que é
na tardezinha
com aranha operosa
e sua obra
até o chuvisco
rasgar a renda
entrelinhada
de um bicho vencido
ao crepúsculo.
(Pedras do Rio)
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R EVISTA DA A CADEMIA DE L ETRAS DA B AHIA , nº 51, 2013
PAISAGEM
O vento, ventozinho,
suave, brioso,
traz prazer na pele
de gentes e pelos e penas
dos bichos, e muita poeira
de sujidades que esvoaçam
com as folhas e pólens e cheiros
e beija-flores, leves,
e lágrimas de velhos
nos bancos da varanda
mastigando o futuro, insosso,
que tudo encurta
e chega mais perto
a cada domingo, a morte
nas faces estriadas e secas
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R EVISTA DA A CADEMIA DE L ETRAS DA B AHIA , nº 51, 2013
de mulher ou de homem
seja estação do ano qualquer
chuvosas ou solaradas,
pois já anoitece
e o tempo brisado retorna
com vaga-lumes intocáveis
que piscam, pisca, piscando
para encanto da meninada
e adolescentes que tagarelam
de baixo das árvores sem poda
restantes e enluaradas copas.
Um poeta que sonha adiante
fixa tudo na memória presente
com palavras de muito guardadas.
(Pedras do Rio)
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POEMAS
ESCRITURAS
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R EVISTA DA A CADEMIA DE L ETRAS DA B AHIA , nº 51, 2013
RASTRO DE TESEU
e reinvento os sentidos
com o vento galopante
e te ofereço esta nova
paisagem de cada instante.
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TEMPLO
240
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POEMAS
Manuel Anastácio
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R EVISTA DA A CADEMIA DE L ETRAS DA B AHIA , nº 51, 2013
CREDO I
Manuel Anastácio
Creio, acredito
No sal bendito das lágrimas
Na concreta nudez
Da limpidez das águas
Na urgência do florir da terra
E em cobrir telas e folhas brancas
Com as transparências em que acredito.
Creio,
Num só grito.
Num só corpo,
Numa só onda,
Numa só corda.
E, por fim,
Num só múltiplo princípio.
245
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LAMENTAÇÃO DA VIRGEM
Manuel Anastácio
Para a Maria Helena
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À ESPERA DO TORNADO
(A partir do conto homônimo de Gláucia Lemos)
Manuel Anastácio
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248
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__________
Manuel Anastácio. Natural de Guimarães, Portugal. Professor de Literatura,
Ciências Naturais e Matemática pela Escola Superior de Santarém. É um dos
organizadores da Wikipédia - Enciclopédia Aberta, em Português. Reside em
Guimarães, onde exerce Magistério e escreve literatura e comentários de textos
e de cinema no blog Da Condição Humana.
249
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Aarón Rueda
A Mónica Arias
II
250
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III
IV
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POEMAS
LA ORUGA
Alain Saint-Saëns
Patinando a su altura,
Se da un camión prisa
En el bordillo de la acera
Y la oruga ¡ya pisa!
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Alain Saint-Saëns
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ERA AYER
Alain Saint-Saëns
Mi joya de la madrugada,
¿Te recuerdas el pasado?
En mis brazos, emborrachada
De mí, corrías echarte.
Por tu conmoción achispado,
¡Cómo supe papacharte!
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R EVISTA DA A CADEMIA DE L ETRAS DA B AHIA , nº 51, 2013
LA PEQUEÑA VECINA
Alain Saint-Saëns
__________
Alain Saint-Saëns é poeta, ficcionista, professor e ensaísta, de origem francesa
e radicado em Assunção-Paraguai. É professor da Universidad del Norte,
publicou diversos livros, como o drama Pecados de mi pueblo (2013).
255
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FICÇÃO
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Antonio Maura
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__________
Antonio Maura é espanhol (Bilbao, 1953), escritor, doutor em Filologia com
tese sobre Clarice Lispector; divulgador da cultura brasileira, autor do livro
de contos Piedra y ceniza e dos romances Voz de humo, Ayno e Semilla de Eternidad.
É sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.
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O mar do menino
Cyro de Mattos
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Maré alta
Gláucia Lemos
Mas que o menino tinha aqueles olhos cheios de paz, isso ele
tinha. Jerônimo foi crescendo como os outros meninos. Comendo
papa de farinha dada na boca pelos dedos da avó e arrastando a
barriga cheia de lombrigas pelo chão batido do casebre. A cara
suja de terra. Indo à praia enganchado na anca da avó, à cata de
mariscos. Crescia acostumado com a velha que lhe cuidava sem
muito carinho mas também sem maus tratos. Ás vezes, já
grandinho, saía caminhando até o cais, ao anoitecer. Alguma coisa
por dentro traindo um vazio. Uma necessidade estranha, uma
angústia, e ficava sentado nas tábuas do cais, olhando a coroa ali
próxima, ou o horizonte distante. E espantando os mosquitos
das pernas encardidas. Horas a fio. Recolhido, calado, quieto.
Depois a avó o procurava e vinha a bronca.
– Tá de calundu outra vez. É que nem a mãe. Quando embirra
de ficar calado ninguém arranca uma palavra.
Outros diziam que era filho do prefeito. Pureza lavava para a
família do prefeito e todo fim de semana lá ia levando a trouxa de
roupa. Os olhos sempre úmidos e brilhantes. E a boca carnuda,
que nem fruto de dendê maduro, sempre calada e sisuda. Quando
dona Olga viajava para o sítio, ela entrava pela casa da patroa e
recolhia a roupa suja das crianças. Fazia tanto tempo que lavava
para eles, que era como se fosse da casa.
Quando botou barriga alguns começaram a falar que bem
poderia ser filho do prefeito. De alguma daquelas segundas-feiras
em que se demorava na casa, recolhendo as roupas da semana.
Ela não dizia nada. Caminhava normalmente pelas ruas, o vestido
empinando na frente, levando e trazendo as trouxas, ou
mariscando siri e papa-fumo pela praia, sem esconder a gravidez.
De ninguém. Nem mesmo da mãe. Nem mesmo de Ernesto.
A mãe brigando. Como brigava por tudo.
– Tá prenhe. E quem é o pai? Não tem vergonha do marido
paralítico em cima da cama? Penando que nem um desvalido há
tantos anos?
Pureza, calada. E a velha:
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Gláucia Lemos é bacharel em Direito, crítica de arte, poeta, contista e
romancista; é autora de mais de trinta livros, entre literatura adulta e infanto-
juvenil, com destaque para as Aventuras do marujo verde. Recebeu vários prêmios
nacionais. Seu romance Bichos de conchas (2008) foi vencedor do II Prêmio de
Literatura da União Brasileira de Escritores-UBE/Scortecci 2007. Desde 2010
ocupa a Cadeira nº 14 da ALB.
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Flamarion Silva
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Flamarion Silva é escritor, natural de Barcelos do Sul, na Baía de Camamu.
É graduado em Letras Vernáculas (UFBA), reside em Salvador. Estreou
com livro de contos O rato do capitão (Salvador, EGBA, 2006). Publicou a
novela O pescador de almas (São Paulo, Escrituras, 2010), finalista do prêmio
SESC de Literatura 2007, publicado com o apoio da Secretaria de Cultura
do Estado da Bahia, através da Fundação Pedro Calmon (FPC).
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Os botões de madrepérola
(Homenagem a Sosígenes Costa)
Herculano Assis
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DISCURSOS
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Inauguração da estátua
de Góes Calmon na ALB
Francisco Senna
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Discurso de Recepção da
Biblioteca do Prof. Dr. A. John
Russell-Wood
Aquele que possui uma biblioteca sabe bem como ela se apodera da
sua alma. Vai-se formando e crescendo imperceptivelmente, seguindo
os passos do dono. A cada passo um livro, e livro segue livro. Numa
sucessão surpreendente vão pavimentando o caminho do dono;
crescem conforme o ritmo, as curvas e saltos da caminhada. Quando
esta se acelera, exigem a adição de nova estante. Com o passar do
tempo esta estante exige outra, depois outra e mais outras, numa
sequência que só para com o fim da vida.
A Biblioteca do Prof. Dr. Anthony John Russell-Wood é muito
rica no seu acervo, pois como professor de uma universidade norte-
americana, a The Johns Hopkins University, ele não precisava comprar
livros. Todos aqueles que quisesse para o trabalho a que se dedicava
no momento vinham às suas mãos, assim como as estrelas foram às
mãos de Einstein, para que ele escrevesse a Teoria da Relatividade,
como afirma Ortega Y Gasset. Várias e muitas vezes, enquanto lá
estudei sob a sua orientação, vi alunos que, após registrarem no balcão
da Biblioteca Eisenhower dez ou mais livros que necessitavam, levava-
os num carrinho de mercado para a sua residência. E caso a biblioteca
da universidade não possuísse um dos livros desejados, este chegaria
às suas mãos, em 24 horas, não mais de 30, conforme a dificuldade em
obtê-lo, através do inter-library loan, sistema que lá funciona à perfeição.
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Com o incrível avanço tecnológico desta era, não sei como o sistema
funciona hoje em dia. Sei apenas que quando me doutorei, em fins de
1979, todo o acervo da grande biblioteca de 5 andares havia sido
computadorizado. Hoje, sabemos, podemos ter, em segundos, o livro
que desejarmos.
A biblioteca do professor Russell-Wood foi-se formando com
aqueles livros que mais de perto atendiam à sua necessidade de
informação e aos temas de pesquisa que no momento estivesse
trabalhando. Quem analisar a sua biblioteca mergulhará no processo
de formação da sua metodologia de trabalho e, possivelmente no
desenvolvimento do seu próprio pensamento e ideias inovadoras.
Assim, foi com admiração e respeito que conheci a biblioteca
particular do professor Russell-Wood. Altas estantes em madeira de
lei escura circundavam o seu gabinete e avançavam pelo amplo cômodo
vizinho, fazendo com que todo o primeiro nível da sua bela casa fosse
tomado por livros. Quem tem uma biblioteca sabe como os livros
avançam, sem cerimônia, sem piedade, pelos cômodos da casa. Por
isso, quando se começa a ver a vida do alto da última prateleira dessa
biblioteca, em geral depois dos 70 anos, chega-se à conclusão de que
está na hora de doá-la, para que não venha a ser decepada em muitas
fatias por compradores ávidos. Foi o que pensei, numa decisão de
quase desligamento vital, quando decidi doar a minha biblioteca
particular para o Mosteiro de São Bento, em Salvador, através do seu
Arquiabade Dom Emanuel d’Able do Amaral. Decidi ficar com apenas
aqueles livros referentes a pesquisas que iria realizar. Confesso que me
admirei quando constatei que, acima do umbral que dá acesso ao meu
quarto de dormir, eu colocara um escaninho, no qual havia guardado,
como se quisesse esconder de mim mesma, para não doá-la, uma
coleção de clássicos da literatura mundial. Meus filhos, Andréa e Paulo
Roberto, podem dizer que foram contagiados por minha bibliofilia, mas
Paulo não pode atribuir a mim a bibliomania, um quase compulsivo
amor aos livros, que o leva aos sebos dos lugares por onde passa. Não
é de admirar que o vírus biblio tenha contagiado meus netos.
O amor pelos livros fez com que o Prof. Russell-Wood deles se
desfizesse somente após o seu falecimento, naquele 13 de agosto de
2010, antes dos 70 anos, que completaria no dia 11 de outubro seguinte.
Queria doá-los. Mas a decisão foi difícil. Só no Brasil, as suas pesquisas
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Helena Flexor, os professores Cid Teixeira, João José Reis e Luis Mott,
dentre outros.
Na década de 1990, uma enxurrada de novos livros foram por
ele lançados. Alguns ensaios, como Fronteiras no Brasil Colonial –
Realidade, Mito e Metáfora e Portos do Brasil Colonial, atenderam ao
desafio que ele se impôs de situar o Brasil no vasto contexto do
mundo de influência portuguesa. Penso que esses ensaios foram
prévias para os seus últimos livros monumentais. O Império Português,
o Mundo em Movimento, um deles foi publicado em inglês em 1992 e,
no Brasil, pela Difel sete anos depois. Introduzindo nesta obra o
conceito de movimento, ele superou a vigente fragmentação da
historiografia, livrando-se dos limites geográficos e cronológicos,
ao tempo em que enfatizava a dinâmica e as interligações entre o
Brasil, a África e a Ásia. Desenhou uma ampla e inovadora visão
do Império Português, através da análise dos meios de transporte,
produtos comercializados, tipos e atitudes de pessoas, seus estilos
e ideias, estabelecendo pontos em comum e divergências. Por este
fenomenal trabalho, recebeu neste mesmo 1992 da Comissão
Nacional para as Comemorações das Descobertas Portuguesas o
Prêmio Internacional Dom João de Castro, em reconhecimento pelo
“melhor trabalho original no campo da História dos
Descobrimentos e Expansão Portuguesa, do século XV ao XX”.
Em seguida, (1996), o governo português concedeu-lhe o honroso
título de Comendador da Ordem de Dom Henrique.
Em outra obra fascinante, Portugal e o Mar, um Mundo Entrelaçado,
publicado em 1998, simultaneamente em inglês, espanhol e
português, John desenvolve inovadora teoria, segundo a qual o mar
foi a força unificadora, o elemento decisivo de integração do vasto
e disperso Império Português, e não fator de separação e de
dificuldades, como registrava a historiografia tradicional. Outros
livros sucederam-se: Local Governament in European Overseas Empires,
2v., em 1999, e Government and Governance of European Empires, 2v.,
no ano de 2000. Além desta grandiosa produção intelectual, o Dr.
John Russell-Wood encontrou tempo para participar e organizar
pelo menos nove grandes antologias, escrever mais de 80 artigos e
50 resenhas, ao lado de seminários, das inúmeras conferências em
auditórios, rádio e televisão, além de vídeos etc.
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Não sei como encontrou tempo para ministrar tantos cursos nas
mais diversas universidades para as quais foi convidado, inclusive no
Japão, além das suas obrigações como professor na The Johns Hopkins
University, atendendo a alunos da graduação e doutorandos, não sei. É
para mim um mistério, que cresce quando me recordo que ao chegar à
Johns Hopkins, e folhear o jornalzinho do Homewood Campus, arregalei
os olhos quando deparei com a notícia de que o professor John Russell-
Wood havia sido eleito pelos estudantes de graduação o melhor e mais
popular professor de todo o Campus! Como meu professor, ele me
parecia distante, de extrema exigência e impermeável a qualquer desculpa.
Extraía do estudante tudo que podia e mesmo o que não sabia se podia.
Mas, à medida que fui progredindo, essa máscara foi-se desfazendo,
revelando um homem de personalidade extremamente generosa, gentil
e agradável. Quando sabia que o estudante ia entregar-lhe a tese de
doutorado no tempo por ele estipulado, juntava-se a ele e aos demais
alunos no Grad Club, para conversas amenas, muitas risadas, sempre
fertilizadas por um bom vinho. Invariavelmente, o seu grupo era dos
últimos, senão o último, a deixar o clube.
Devo registrar que, dentre os cerca de 3.000 livros, esta biblioteca
contém pelo menos três enciclopédias: The Cambridge History Of Latin
America em três volumes, a Encyclopedia of Latin American History and
Culture, cinco volumes, e a Cambridge Encyclopedia. Oferece mais de 300 livros
e 40 revistas referentes à História de Portugal e à expansão portuguesa,
na África, Índia, Japão etc.; cerca de 165 livros e 70 brochuras sobre a
expansão da Europa, inclusive da Rússia e sua relação com o negro.
Inclui mais de 50 livros sobre a América Latina e, como seria de esperar,
a grande maioria dos livros tem como tema o Brasil. Eles cobrem todos
os assuntos de interesse do pesquisador e estudiosos do Brasil Colônia
e Império, estando a grande maioria em português e inglês.
Sir Charles Ralph Boxer, para citar apenas um autor, comparece
com cerca de 40 livros, além de muitos manuscritos, artigos, brochuras.
Sem medo de errar, posso afirmar que nenhuma outra biblioteca neste
país possui as obras completas deste pioneiro da história do Brasil,
que, pela importância da sua produção, recebeu da Rainha da Inglaterra
o honroso título de Sir. Citarei em português apenas dois desses livros,
para destacar a influência positiva que eles exerceram sobre o Prof. John
Russell-Wood: Some literary sources for the history of Brazil in the XVIII
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Discurso de posse
na Cadeira nº 5 da ALB
Carlos Ribeiro
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Senhores acadêmicos,
Acredito, tal como Pirandello, que a arte literária, num sentido
superior, deve assumir um valor universal. Para fazê-la, são necessários
escritores cuja natureza é mais propriamente filosófica. Um autor é
filosófico, diz ele, não porque traga um conteúdo filosófico que venha
através de um discurso, mas, sim, uma sabedoria que está aderida à
linguagem, que se revela na linguagem. Esta é a característica maior de
um grande escritor brasileiro, Guimarães Rosa, para quem a arte é um
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A Chiacchio sucedeu o médico sanitarista Luís Antonio Cavalcante
de Albuquerque de Barros Barreto. Dele, guarda-se o registro de
uma atuação importante na área da saúde do nosso estado. Nascido
no Engenho do Meio da Várzea, nos arrabaldes de Recife, em 11 de
março de 1892, foi ele que, no governo de Góes Calmon, de quem,
aliás, foi genro, tornou-se responsável pela modernização da Saúde
Pública na Bahia. Orador fluente, segundo José Silveira, além de
“excelente didata, expositor claro e objetivo”. Eleito membro deste
sodalício em 11 de março de 1948, Barros Barreto usufruiu do
convívio com seus pares por apenas seis anos, vindo a falecer em 26
de junho de 1954.
Foi das lavras diamantinas que se originou o ocupante seguinte da
cadeira nº 5, o juiz, estudioso dos problemas de Direito e poeta Carlos
Benjamin de Viveiros. Nascido em 1889, na cidade de Lençóis, Viveiros
publicou pouco. Dele é mais conhecida e festejada a tradução do poema
teatral Salomé, de Oscar Wilde. Sua produção poética, de talhe
parnasiano, foi publicada nos livros Taça, vinho e mulheres e Eros, este
último em edição póstuma por ocasião do centenário do seu
nascimento. Nele estão sonetos sobre os quais, nas orelhas do livro,
Antonio Loureiro de Souza escreveu as seguintes palavras: “Viveiros
tinha pássaros no coração. Por isso não foi outra coisa na vida senão
poeta, à maneira de um Alberto de Oliveira, que lhe herdou a forma
hierática na elaboração do verso. Toda a sua poesia se reveste, assim,
de majestade. Sonetista, conservou-se no tempo como um parnasiano,
vibrando, para lembrarmos Bilac, a lança em prol do estilo”.
Com seu conhecimento jurídico, fraseado elegante e poética à
maneira fidalga, como dele testemunhou Camillo de Jesus Lima,
Viveiros tornou-se membro desta instituição a 6 de outubro de 1955.
Morreu em 27 de março de 1970, embora, como declarou na primeira
estrofe do poema Perenidade:
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Senhoras e senhores,
Já me aproximando do final deste discurso, quero realizar, conforme
disse nossa querida confreira, a escritora Cleise Mendes, o meu ritual
de agradecimento como ato solene de presentificação. Quero ressaltar,
antes de tudo, minha profunda gratidão aos meus pais. Ele, Amadeu
Alves Ribeiro, primogênito da tradicional família Ribeiro, do município
de Conceição de Jacuípe, mais especificamente da localidade de
Gameleira, no interior da Bahia. Ela, Maria Mirena, dona Mira, que,
nascida na cidade de Pedrinhas, no interior de Sergipe, migrou, nos
distantes anos 40 do século passado, para uma Salvador provinciana;
uma Salvador na qual, muito diversamente da pressa que hoje nos
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Discurso de posse, na Cadeira nº 5, proferido pelo escritor e jornalista Carlos
Jesus Ribeiro, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 31 de maio
de 2007. O novo acadêmico foi recepcionado por Aleilton Fonseca, titular da
Cadeira nº 20.
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Aleilton Fonseca
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Discurso de saudação ao acadêmico Carlos Ribeiro, proferido na solenidade
de posse, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 31 de maio de
2007, por Aleilton Fonseca, titular da Cadeira nº 20 da ALB.
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Discurso de posse
na Cadeira nº 37 da ALB
Dom Emanuel d’Able do Amaral, OSB
Sinto-me honrado por ter sido eleito para essa distinta Academia de
Letras da Bahia. Depois de quase quinze anos vivendo em Salvador,
posso compreender o que significa para a Bahia esta casa de Arlindo
Fragoso. Permitam-me, nesse instante, fazer uma breve recapitulação
histórica, que em muito pode nos ajudar a entender o que celebramos
por meio desse ato: a palavra Academia designava o jardim de Academo,
herói ateniense, às margens do rio Cefiso, perto de Atenas, no qual
Platão ensinava Filosofia.
Em Paris surgiu, em 1570, a “Academia do Palácio”, como a primeira
academia da história dos tempos modernos, com a intenção de cuidar
do idioma e da literatura. No século XVI, entre os anos 1582 e 1583,
foi fundada, na Itália, a Accademia della Crusca por cinco literatos
florentinos. Eles reuniam-se com a intenção de proteger a língua italiana.
Esses literatos tinham a intenção de purificar a língua italiana, isto é,
fazer uma revisão do seu vocabulário. Na França, em 1635, foi fundada,
pelo Cardeal Richelieu, sob o reinado de Luis XIII, A Academia Francesa,
com duas finalidades: para o cultivo da língua, sobretudo para definição
do vocabulário, e para o cultivo da literatura. Nessa ocasião, Richelieu
escolheu quarenta intelectuais, que passaram a se reunir ordinariamente.
A Academia Francesa era, na verdade, uma continuação da Academia
do Palácio.
Embora haja, numa poesia de Gregório de Matos, o Boca do Inferno,
referência a uma Academia que existira na Bahia, no final do século
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Senhores Acadêmicos:
Depois de narrar as qualidades literárias e intelectuais do patrono
desta cadeira e dos imortais que me precederam, quero agora manifestar
minha gratidão aos que vieram participar desta solene celebração de
posse na Academia.
Quero manifestar minha estima e alta consideração pelos imortais
desta Casa de Arlindo Fragoso e dizer que desejo ser um membro
ativo das atividades literárias e culturais desta Academia.
Venho de coração sincero, num desejo de aprender com os imortais
desta casa. Sinto-me como se voltasse aos dias de noviço, com a mesma
alegria e o mesmo coração aberto ao Bom, ao Belo e ao Eterno. O que
celebramos nesta noite permanecerá para sempre guardado em meu
coração e em minha memória. Que eu possa em todos os momentos
de minha existência procurar viver o lema desta Academia: Honrar a
pátria cultivando as letras, lembrando o que me foi ensinado pela milenar
regra de São Bento, que nos pede para honrar todos os homens.
Que Deus seja louvado e abençoe a todos! Muito obrigado!
__________
Discurso de posse, na Cadeira nº 37 , proferido pelo Abade Dom Emanuel
d’Able do Amaral, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 28 de
maio de 2009. O acadêmico foi recepcionado por Fernando da Rocha Peres,
titular da Cadeira nº 25 da ALB.
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escolheu para anjo minha primeira filha, então com 12 anos. Eu vos
asseguro, meus senhores, que dor maior alguém jamais conhecerá. Foi
então que, ao lado da responsabilidade pelos outros filhos, o curso de
Direito da Universidade Católica do Salvador significou a minha coluna
de apoio e reequilíbrio. Saí na turma de 1972 e fiz a pós-graduação na
UFBA, em 1981, em Crítica de Arte.
Por esse tempo já vinha escrevendo em jornais. Colaborei no
tabloide do jornal A Tarde, da praça Castro Alves, anos 60, quando
tinha à frente o jornalista Claudir Chaves. Assinei a coluna Pelas
Universidades, no Diário de Notícias, durante cinco anos, sendo meu
editor o jornalista Clementino Heitor de Carvalho. Tive que me afastar
em razão da regulamentação da profissão de jornalista, pois não me
sindicalizara como haviam feito vários companheiros, e perdi assim
meu direito às redações de jornal. Tinha, porém, sido picada pelo vírus
do jornalismo, e voltei a publicar mais tarde, colaborando durante 8
anos na coluna de arte Painel, do prof. Herbert Magalhães, em A Tarde,
assinando a coluna de arte Opinião, na Tribuna da Bahia, quando editada
pelo jornalista José Antônio Moreno, e publicando ensaios de arte,
resenhas e comentários críticos em A Tarde Cultural, aproveitando o
viés que a lei me concedia, publicar sobre assuntos ligados à minha
formação. Entre 1982 e 1984 organizei e coordenei o curso teórico na
Escola de Belas Artes da Fundação Teatro Deodoro, em Maceió, no
qual lecionei História da Arte e Iniciação à Estética, enquanto lá
residimos por interesse profissional de meu marido. A saudade da Bahia
era intensa, e o coração baiano todos os dias queria voltar.
Aprendi o caminho desta Academia quando, em 1985, tendo
retornado dos 3 anos de residência em Maceió, trouxe pronto o meu
primeiro romance, O riso da raposa. Estavam abertas inscrições para o
Prêmio Cidade do Salvador, para romances, nesta Academia. Era o
meu primeiro romance. Eu o inscrevi sob pseudônimo de Tereza de
Ávila, e a comissão composta pelas senhoras Myriam Fraga, acadêmica,
Judith Grossmann, professora da Universidade, e sr. James Amado,
também acadêmico, achou de justiça atribuir-lhe o prêmio. Era eu uma
neófita, sem laços no ambiente cultural, tendo publicado um livro de
contos em 1979 porque o saudoso professor e acadêmico Carlos
Eduardo da Rocha lera meus contos no Jornal da Bahia, em um concurso
de contos coordenado pelo jornalista e escritor Adinoel Mota Maia,
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Discurso de posse, na Cadeira nº 14, proferido pela escritora Gláucia Lemos,
no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 21 de outubro de 2010.
A acadêmica foi recepcionada por Waldir Freitas Oliveira, titular da Cadeira
nº 18 da ALB.
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Discurso de posse
na Cadeira nº 35 da ALB
Luís Antonio Cajazeira Ramos
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não as veja como dinastias do saber, e sim como aquele seu nicho
venerando, ou como os prosaicos sítios eletrônicos da digitália virtual,
onde cabem todos, destacados do tempo.
Então, dona Mary, voltemos ao início, agora com maior segurança,
com mais propriedade e com o significado de cada palavra na ponta
da língua, para eu lhe dizer de novo o que nos trouxe ao Palacete Góes
Calmon nesta noite luminosa: seu filho acaba de tomar posse da Cadeira
35 da Academia de Letras da Bahia. A senhora está satisfeita? Está
feliz? A cumplicidade que é só nossa me garante que sim, que a senhora
está radiante de orgulho, que seu coração tão cedo não vai parar de
sorrir. Eu também estou assim, com o peito em algazarra. Que honraria
institucional maior do que ser honrado pela instituição mais honorável?
E é em nome dessa honra que vamos serenar a alma, minha mãe, e
aprumar o tino, e retomar o rumo, pois ainda temos muito a avançar.
Nós dois ficamos por aqui, enquanto eu sigo em frente, para fazer o
que já deveria estar fazendo: o discurso da posse. O qual, não por
praxe, mas por disciplina e respeito, começa pela saudação aos anfitriões
e aos visitantes.
Excelentíssimo e dileto presidente desta Academia de Letras da
Bahia, escritor Aramis Ribeiro Costa. Demais ilustres membros da
mesa. Senhoras e senhores acadêmicos, meu respeito e admiração.
Minhas senhoras. Meus senhores.
A Cadeira 35 da Academia de Letras da Bahia ostenta como patrono
Manoel Vitorino e abriga Antônio Pacífico Pereira como fundador.
Manoel Vitorino Pereira nasceu em Salvador, em 1853, filho de um
marceneiro português e uma brasileira. Formou-se na Faculdade de
Medicina da Bahia, onde foi professor. Publicou obras dirigidas
principalmente à saúde pública. Com a chegada do regime republicano,
assumiu o governo da Bahia, disposto a empreender uma reforma do
ensino, mas foi retirado do cargo pelo marechal Deodoro da Fonseca,
que, num ato exemplar de nossa República, nomeou para a função seu
irmão Hermes Ernesto da Fonseca. Manoel Vitorino foi vice-presidente
do Brasil no governo de Prudente de Morais, exercendo a presidência
por quatro meses, durante licença do titular. Abandonou a política e
faleceu no Rio de Janeiro, em 1902, antes de seu cinquentenário.
Antônio Pacífico Pereira, irmão de Manoel Vitorino, inaugurou a
Cadeira 35. Soteropolitano de 1846, médico e catedrático de anatomia
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Discurso de posse, na Cadeira nº 35, proferido pelo poeta Luís Antonio
Cajazeira Ramos, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 2 de
agosto de 2012. O acadêmico foi recepcionado por Fernando da Rocha Peres,
titular da Cadeira nº 25 da ALB.
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Discurso de posse
na Cadeira nº 9 da ALB
João Ubaldo Ribeiro
Senhoras e senhores,
Antes de fazer o pequeno discurso de agradecimento que se seguirá,
preciso dar uma explicação. Tenho ciência da prática de, no momento
da posse, falar-se em louvor dos ocupantes anteriores da cadeira até
então vaga. Mas, como pretendo homenagear a Bahia e os baianos,
acredito que, louvando a Bahia, também os estarei louvando. Além
disso, e mais importante, suas biografias e fortunas críticas hão de ser
muito mais bem servidas nas mãos de literatos e historiadores
habilitados, o que está longe de ser meu caso. Refiro-me ao patrono da
Cadeira 9, Antônio Ferreira França, e aos ilustres confrades José Alfredo
de Campos França, Edgard Ribeiro Sanches e Antônio Luiz Machado
Neto, o último dos quais um pensador notável, de quem fui aluno e
permaneço admirador. Abro, contudo, exceção para Cláudio Veiga.
Com minha decisão de não falar sobre cada antecessor, ele seria o
único a não ter seu nome e sua obra lembrados na posse de um sucessor,
o que configuraria injustiça muito grave. No meu caso, mais grave
ainda, porque, para alegria minha, conheci-o pessoalmente e me
relacionei mais ou menos de perto, não só com ele, mas com outros
membros de sua família, tantos deles conceituados intelectuais e
educadores. Cavalheiro de maneiras e trato incriticáveis, era um homem
de letras por excelência e um mestre apaixonado pelo que ensinava.
Autor de ensaios, antologias e traduções modelares, dedicou-se por
inteiro à sua vocação, cumprida com brilho e destaque, não apenas
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Discurso de posse, na Cadeira nº 9, proferido pelo escritor João Ubaldo Ribeiro,
no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 22 de novembro de 2012.
O acadêmico foi recepcionado por Joaci Góes, titular da Cadeira nº 7 da ALB.
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Discurso de posse
Membro correspondente da ALB
Dominique Stoenesco
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paixão pela cultura baiana, pelas suas artes e literatura, e também porque
amo a Bahia e seu povo.
Há poucos dias, ao chegar à fronteira entre a Bolívia e o Brasil,
após uma longa travessia do Peru e da Bolívia, de ônibus, tive que
percorrer uns 300 metros a pé, de mochila nas costas, para ir pegar um
coletivo, do lado brasileiro, que me levasse até Corumbá, a uns 10
quilômetros daí. Era ainda de manhã cedo, a parada do coletivo, um
simples abrigo no meio de uma terra vermelha e poeirenta, estava
rodeada de algumas palmeiras e de outras árvores exuberantes. Ora,
esperando o ônibus, qual não foi a minha alegria ao ouvir cantar um
bem-te-vi. Interpretei este canto como um sinal de boas-vindas e então
pensei naquela frase de Jorge Amado: “Se for de paz, pode entrar.” E
entrei, fiquei animado, pois não tinha dormido durante toda a noite
por causa da desconfortável viagem.
A França e o Brasil têm longos capítulos de história em comum.
Mas nem sempre os franceses vieram aqui de paz. Por exemplo, a
tentativa de Villegaignon de fundar neste país uma França Antártica,
ou o sequestro da cidade do Rio de Janeiro pelo corsário Duguay-
Trouin foram momentos de violência e de morte. Felizmente, hoje,
estes episódios não alimentam nenhum rancor e são outros fatos,
bem mais pacíficos, como a vinda ao Brasil da Missão cultural
francesa, no início do século XIX, que prevalecem na nossa memória
coletiva.
É para nós um grande orgulho saber quanto os brasileiros, e em
particular os baianos, amam a França e sua história, sua cultura, seus
autores, suas catedrais, seus castelos, sua gastronomia, etc. Porém, como
professor de língua portuguesa na França e especialmente como passeur
(passador) da cultura brasileira, preocupa-me saber se a reciprocidade
existe e se nós, franceses, retribuímos com a mesma intensidade e
fidelidade o interesse dos brasileiros pela nossa cultura. É, aliás, neste
contexto que tentarei situar minha ação como membro correspondente
da Academia de Letras da Bahia. Fiquei triste e revoltoso ao mesmo
tempo quando na semana passada li no muro de uma faculdade baiana
esta frase em forma de protesto: Vous parlez français? Não, eu não tenho
professor! É pois urgente que a França e o Brasil unam suas energias
para resolverem este tipo de carência. O ensino recíproco das nossas
línguas, além de ser um elemento enriquecedor na educação e na
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Discurso de posse, proferido pelo ensaísta e tradutor Dominiques Stoenesco,
no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 1º de setembro de 2009.
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Saudação
a Dominique Stoenesco
Aleilton Fonseca
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Foi ali, portanto, que nasceu sua amizade com alguns escritores
baianos e logo depois uma parceria cultural, que teve e vem tendo
desdobramentos muito ricos para nossas vidas pessoais e profissionais.
O senhor, Dominique Stoenesco, tornou-se colaborador efetivo de
nossa revista literária Iararana, editada na Bahia desde 1998, e cujo nº
11, que saiu em setembro de 2006, é uma edição bilíngue português/
francês, em parceria com a revista Autre Sud, de Marselhe, publicando
autores baianos e franceses. Antes, em 2003, as revistas Iararana e
Latitudes publicaram um dossiê conjunto sobre “Poesia e sociedade”,
com a participação de autores franceses, baianos e portugueses, tendo
um lançamento conjunto na embaixada brasileira em Paris, do qual
participei com muita satisfação.
Como colaborador, além de publicar artigos na revista Iararana e
traduzir outros textos para o mesmo fim, também publicou na revista
Légua & Meia nº 3, da Universidade Estadual de Feira de Santana, um
artigo sobre a presença da cultura portuguesa na França. Diversas vezes,
na França, o senhor tem recepcionado, acolhido, guiado e orientado
professores, escritores e estudantes brasileiros, sobretudo baianos, em
suas viagens a Paris, com a colaboração de sua gentil esposa Ane-
Marie Stoenesco, também professora de português como língua
estrangeira.
O Brasil e a Bahia o atraem, professor, sobretudo por sua
diversidade cultural. De fato, somos uma cultura múltipla, em ebulição,
inquieta e inventiva – que canta, dança, comemora, faz poesia, ficção,
música, e que estuda, pesquisa, cria, escreve, inventa, produz, trabalha
duro... e sonha. Sonha um dia ser melhor para os seus próprios cidadãos
e, assim, ser melhor aos olhos de nossos visitantes e admiradores.
Senhor Presidente Edivaldo Boaventura, senhores acadêmicos,
senhoras acadêmicas, senhoras e senhores:
Como testemunha de seu valioso trabalho de divulgação cultural,
de ensaísta e articulista entusiasmado com a nossa cultura e a nossa
literatura, conhecedor da cultura portuguesa, brasileira e africana, e do
português como idioma de cultura e informação, temos certeza de
que, enquanto membro correspondente, Dominique Stoenesco será
um acadêmico ativo, prolífico e devotado, contribuindo para uma
divulgação ainda maior da Bahia literária na França, em prol da
valorização de nossos autores, obras, temas e realizações.
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Discurso de saudação ao acadêmico Dominique Stoenesco, proferido na
solenidade de posse, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 1º de
setembro de 2009, por Aleilton Fonseca, titular da Cadeira nº 20 da ALB.
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Discurso de posse
Membro correspondente da ALB
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Alves”. Mais tarde, foi este o texto de abertura do meu livro Escritos
sobre poesia & alguma ficção, de 2003. Ainda a propósito do autor de
Espumas flutuantes, recordo que compareci a esta Academia em julho
de 2003, proferindo a conferência “Duas faces do lirismo amoroso de
Castro Alves”. Aqui ainda estive em quatro outras oportunidades:
como representante da Academia Brasileira de Letras na cerimônia de
posse do Acadêmico Aleilton Fonseca, em 2005; no lançamento da
antologia Mais que sempre, de Luís Antonio Cajazeira Ramos, no ano de
2007; e duas vezes como jurado do Prêmio Nacional de Poesia da
ALB, em 2000 e 2007, nas companhias de Florisvaldo Mattos, Ruy
Espinheira Filho, Aleilton Fonseca e Carlos Ribeiro.
Minhas pesquisas literárias não se restringem aos nomes
consagrados pelo cânone. Procuro divulgar, em textos e palestras,
autores de mérito que padecem de injusto esquecimento. Além do
valor intrinsecamente literário, atrai-me também a bibliofilia, em dois
níveis: o da beleza tipográfica do livro ou o da raridade da obra. Em
ambos, a Bahia sempre esteve presente.
No que toca à beleza, destaco o requinte tipográfico dos trabalhos
de Pedro Maia e de Salvador Monteiro, cuja editora Alumbramentos é
referência obrigatória no quesito das edições de arte.
No que se refere a raridades, minha biblioteca dispõe de edições
originais de muitos autores baianos do século XIX e das primeiras
décadas do século XX, como Junqueira Freire, Moniz Barreto, Castro
Alves, Melo Morais Filho, Pethion de Villar, Artur de Sales, Durval de
Moraes, Eurico Alves e outros.
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Senhores:
A vitalidade da Academia de Letras da Bahia, esta mais que
nonagenária instituição, se patenteia sob vários aspectos. Na era da
comunicação eletrônica, contabilizam-se mais de 380 mil registros de
páginas a ela dedicadas nos mecanismos de busca da Internet. Os 48
volumes de sua Revista comportam matéria de grande interesse cultural
e literário. Os prêmios por ela conferidos alcançam dimensão e
reconhecimento nacionais. Mas seu maior patrimônio, decerto, é a
qualidade do corpo acadêmico, tanto ao longo do filme da História,
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Discurso de posse, proferido pelo poeta e ensaísta Antonio Carlos Secchin,
no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 18 de novembro de 2009.
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Saudação
a Antonio Carlos Secchin
Aleilton Fonseca
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música que não pode calar. Eis o mister do poeta. Eis a vocação, o
destino e o compromisso de Antonio Carlos Secchin, ao lado da
corrente de poetas que já cantaram ou ainda cantam e continuarão
cantando – a música da existência humana.
Em boa hora esta Academia o empossa em seu quadro de membros
correspondentes. E com a posse do poeta, ensaísta e crítico literário
Antonio Carlos Secchin, esta Casa ainda mais se engrandece, com a
presença de um dos mais produtivos intelectuais contemporâneos, que
vem prestando uma valiosa e reconhecida contribuição à literatura
brasileira.
Nascido em 1952, no Rio de Janeiro, Secchin elegeu a poesia
como seu mister principal. Fez sua profissão de fé nas Letras
Vernáculas. Como poeta, estreou nos anos 70, com os livros de
poesia, crítica e ensaios: A ilha (1971), ao qual seguiram-se Ária de
estação (1973), Movimento (1976), Elementos (1983), Diga-se de passagem
(1988), Poesia e desordem (1996), Todos os ventos (2002), Escritos sobre
poesia e alguma ficção (2003), Guia de sebos (2003), 50 poemas escolhidos
pelo autor (2006). O livro Todos os ventos (sua poesia reunida) recebeu
os prêmios da Fundação Biblioteca Nacional, da Academia Brasileira
de Letras e do PEN Clube do Brasil, considerado o melhor livro
de poesia de 2002.
Nos anos 70, enquanto se firmava como poeta, Secchin ingressava
na carreira das Letras, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em
1973, concluiu o curso de Graduação em Letras, depois o Mestrado,
em 1979, e o Doutorado em 1982, na mesma UFRJ, sob orientação do
ilustre acadêmico baiano Afrânio Coutinho. Mais tarde, em 1996, fez
o Pós-Doutorado na Universidade Federal do Pará.
Atualmente, Secchin exerce o cargo de professor titular de Literatura
Brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cadeira que
pertenceu a Alceu Amoroso Lima e a Afrânio Coutinho. Poeta
reconhecido e premiado, como ensaísta tem vários trabalhos publicados
e é considerado o mais importante estudioso da obra poética de João
Cabral de Melo Neto.
Eleito e empossado na Academia Brasileira de Letras em 2004,
tornou-se o mais jovem imortal da Casa de Machado de Assis,
referência de um processo de renovação que começa a despontar nos
horizontes acadêmicos nesta década inicial do século 21.
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Discurso de saudação ao acadêmico Antonio Carlos Secchin, proferido na
solenidade de posse, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 18
de novembro de 2009, por Aleilton Fonseca, titular da Cadeira nº 20 da ALB.
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Discurso de posse
Membro correspondente da ALB
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A Bahia sempre foi para mim uma região fascinante por sua história,
sua gente, sua vocação intelectual, berço de ilustres nomes de letras e
da vida política. Terra de Castro Alves, de Luís Gama, Rui Barbosa, de
Maria Quitéria, berço dos heróis João de Deus, Manuel Faustino, Lucas
Dantas e Luís das Virgens. Terra do escritor Jorge Amado. Tenho uma
honra imensa em estar aqui neste ano do Centenário dele. Poder participar
dos eventos que o homenageiam é uma emoção profunda para mim, é
um enriquecimento da minha alma poder estar aqui na Bahia.
E assim reflito sobre a Bahia, o berço de toda a cultura desse imenso
país do meu coração. O baiano é o herdeiro da grande construção
nacional que começou em fins dos anos 500. Por suas mãos, desde os
colonos que por aqui ficaram com Tomé de Souza, construindo
famílias, engenhos, comércio, consolidando a vida na região, foi
surgindo o Brasil, com a ajuda imprescindível de milhões de africanos
que para cá foram trazidos, vivendo por muito tempo uma indigna
condição de escravidão. Aqui lutaram contra a escravidão na Revolta
dos Alfaiates (1798), aqui tinham lutado contra incursões francesas e
holandesas. Foi aqui que mais se desenvolveu a cultura dos
afrodescendentes brasileiros, foi aqui que chegaram os italianos
comandados por um napolitano, Giovan Vincenzo Sanfelice, Conte
de Bagnoli (título que lhe foi conferido quando, pela primeira vez,
libertou a Bahia do domínio holandês). Foi um herói legendário, digno
de um Emilio Salgari, que soube submeter um inimigo mil vezes
superior a ele por recursos navais e militares. E com ele tiveram
importante papel todos os napolitanos na árdua batalha que durou
quinze anos para combater os holandeses em Salvador e em Recife.
Mil e quinhentos italianos que com ele chegaram, e ele, como outros,
ficou por aqui. E hoje ele está sepultado na Igreja do Carmo, pois
decidiu viver na Bahia. Eu mesma fui pesquisar e li com orgulho e
grande emoção a frase que o lembra na Igreja do Carmo. Chegou em
7 de julho de 1623 e até 1640 lutou para derrotar os holandeses. E ele
é da minha região, do sul, lá na Itália.
E lá, como aqui, eu procurarei honrar esse título honorário,
continuando a assumir a tarefa de ponte, de mediadora entre duas
culturas que me formaram e me levam a descobrir o mundo através de
seus referentes culturais e identitários, às vezes complementares, muitas
vezes contraditórios, experiência que me despertou muito cedo para a
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ideia de que se pode viver com duas terras amadas dentro de si, podem-
se juntar dois idiomas que se amam, podem-se juntar duas comidas
como “la pasta alla carbonara con il dendê” e que as modalidades de
percepção do mundo podem ser múltiplas e diversas. Por isso tive que
desconstruir e descarnar meu eurocentrismo.
Aproximei -me do Brasil por acaso. Antes nunca havia viajado de
avião, tinha até medo. Peguei o avião pela primeira vez e viajei 11 horas
direto para conhecer uma terra longínqua, para a qual me haviam
convidado. Naquela época ainda não sabia que ia encontrar um universo.
Aquela primeira viagem foi a que mudou minha vida. Lembro ainda
no interior da Bahia, no sul, perto de Canavieiras, o belo rosto de uma
criancinha pobre, pequena, encontrada na rua; e minha vontade de
levá-la comigo. Vi crianças abandonadas, muitas. Mas, igual a Alice nel
Paese delle Meraviglie, me aproximei de uma natureza exuberante, terra
vermelha, camponeses que iam trabalhar na madrugada. Perfume, sons,
frutas. Não falava nem uma palavra de português, mas o som do idioma
me fascinou e voltei para a Itália com um caderninho cheio de palavras
que havia escrito, porque o som delas ressoava na minha alma.
Começou tudo a partir de lá, e passei meu verão, la mia estate a Roma,
com Jorge Amado, pois comprei todos os livros dele e mergulhei fundo
na sua obra. Como jornalista já publicava artigos sobre a América
Latina havia anos, mas focalizei o Brasil, mergulhei, estudei, me formei
em Literatura e Língua brasileira e Literaturas afro-lusófonas e continuei
meu caminho. Mia Couto diz, acerca da influência de Jorge Amado
em sua vida e na vida de seu país:
Jorge não escrevia livros, ele escrevia um país. E não era apenas um autor
que nos chegava. Era um Brasil todo inteiro que regressava à África. Havia
pois uma outra nação que era longínqua e não nos era exterior. E nós
precisávamos desse Brasil como quem carece de um sonho que nunca
antes soubéramos ter. Podia ser um Brasil tipificado e mistificado, mas era
um espaço mágico onde nos renasciam os criadores de histórias e
produtores de felicidade. Descobríamos essa nação num momento histórico
em que nos faltava ser nação. O Brasil – tão cheio de África, tão cheio de
nossa língua e de nossa religiosidade – nos entregava essa margem que nos
faltava para sermos rio. (Mia Couto, em palestra proferida por ocasião do
(re) lançamento da obra de Jorge Amado pela Companhia das Letras e
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sei mais quantos artigos. É esse o meu papel: fazer a ponte entre os
dois países, sem isso não poderia mais viver, pois isso faz parte do
meu próprio sangue há muitos anos. O Brasil é meu amor, um amor
que passou pela fascinação, pela paixão, pela visão mais difícil, pelo
amor maduro em que você pode discernir melhor as coisas negativas e
positivas. E, de fundo, mais me distanciei, e mais me chamou. Nunca
poderia casar com uma pessoa que não amasse o encontro com o
Brasil, com respeito e dedicação, como eu. Já acabaram histórias de
amor, por isso na minha vida, por eu não ter tempo e dever me dedicar
à escrita e ao jornalismo.
Ser jornalista é, de fato, ser detentor de um mandato público entre os
cidadãos e a imprensa, exatamente para defender, de forma intransigente,
os princípios democráticos, razão maior dos valores da liberdade e da
cidadania. Considero que o exercício do jornalismo diário exige basicamente
três pressupostos que transferem credibilidade ao profissional:
independência em relação aos fatos e às circunstâncias; a ética; e o
compromisso com a verdade. Nunca, em momento algum da minha já
longa trajetória como jornalista, absolutamente dedicado, estabeleci
objetivos. As coisas e os fatos aconteceram em minha vida simplesmente
porque tiveram que acontecer, na maioria das vezes independente da
minha vontade. Meus objetivos se situam em princípios que procuro
trilhar da melhor forma possível, sempre aprofundando as minhas
convicções, minhas dúvidas, e tendo como referência um dos grandes
renomes italianos, escritor e jornalista Gianni Minà, meu mestre. Estou
plenamente convencida de que esses princípios transformaram a minha
vida, impulsionada pelo ritmo do coração e pelo sonho que me deu e
me dá a força de continuar a divulgação do Brasil no meu país e na
Europa. E mais agora, voando através da minha filha, que fundei e dirijo:
a revista italiana Sarapegbe, sobre “Cultura e Società del Brasile, Africa e
Altri Mosaici”. Não por acaso o símbolo é uma pluma azul, um pássaro
que voa e pode atravessar o oceano, como um mensageiro que leva
notícias de lá e para cá, ou uma pluma que com a ajuda do vento voa.
Esse foi sempre, é e será sempre meu objetivo: levar notícias, abrir a
imagem do Brasil, fora dos estereótipos, essa é minha luta há anos, para
quebrar aquela limitação com que chega à Europa e à Itália a cultura
brasileira. Uma cultura rica, ampla, complexa, feita de coisas boas com
suas músicas, artes, livros... E um dia andando em uma Biblioteca, um
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Saudação
a Antonella Rita Roscilli
Edivaldo M. Boaventura
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________
Discurso de saudação à acadêmica Antonella Rita Roscilli, proferido na solenidade
de posse, no salão nobre da Academia de Letras da Bahia, em 21 de agosto de
2012, por Edivaldo M. Boaventura, titular da Cadeira nº 39 da ALB.
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DIVERSOS
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Efemérides 2011
Março
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Abril
Maio
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Junho
Julho
Agosto
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Setembro
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Outubro
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Novembro
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Dezembro
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Efemérides 2012
Março
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Abril
Maio
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Junho
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Julho
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Agosto
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Setembro
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Outubro
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Novembro
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Dezembro
2013 - Janeiro
3 - Luto oficial pela morte do acadêmico Ubiratan Castro de Araújo.
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CARLOS RIBEIRO
Rua do Timbó, 680 Edf. Villa Etruska, aptoº503
Caminho das Árvores
Salvador - BA - 41820-660
(71) 3011-7019/ (71) 8899-5864
carlos.jribeiro@terra.com.br
CLEISE MENDES
Av. Araújo Pinho, 114/1301, Canela
Salvador - BA - 40110-050
(71)3337 0312
cleise@ufba.br
JOACI GÓES
Av. Amaralina, 885 – Edf. Amaralina Center – Loja 9
Salvador -BA - 41900-020
(71) 3444-2308 / (71)8814-3631
joacigoes@uol.com.br; gcapc@terra.com.br
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MYRIAM FRAGA
Rua Waldemar Falcão, 761, aptº 301, Brotas
Salvador - BA - 40295-001
(71) 3356 4611
fcjamado@veloxmail.com.br
GLÁUCIA LEMOS
Rua Ceará, 853, apto. 203 - Pituba
Salvador -BA 4l830-450
(71)3240-3688/(71)9147-9904
glaucialemos9@hotmail.com
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CID TEIXEIRA
Rua das Violetas, 85, Pituba
Salvador - BA - 41810-080
(71) 3452 -7202
cidjteixeira@uol.com.br
ALEILTON FONSECA
Rua Rubem Berta, 267, aptº 402, Pituba
Salvador - BA - 41810-045
(71) 3345 1519 / (71)88761519
aleilton50@gmail.com
ANTONIO BRASILEIRO
Rua Alto do Paraná, 300 – Bairro Sim
44.042-000 Feira de Santana - BA - 44042-000
(75)3625-8512
antonio.brasileiro@uol.com.br
CLÓVIS LIMA
Av. Sete de Setembro, 750, aptº 404, Mercês
Salvador - BA - 40060-001
(71) 3329 4178
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SAMUEL CELESTINO
Rua do Ébano, nº159 - Edf. Henri Matisse Aptº.1301
Caminho das Árvores
Salvador - BA - 41820-370
(71) 3341-4485 / 71- 3359-7741
scelestino@grupoatarde.com.br
FRANCISCO SENNA
Rua Prof. Milton Oliveira, nº73
Edf. Palazzo Anacapri, aptoº202 - Barra
Salvador - BA - 40.140-100
(71)9967-0685
ROBERTO SANTOS
Rua Basílio Catalã de Castro, Quinta do Candeal, quadra B, lote 19
Salvador - BA - 40280-550
(71) 3276 57549
rs.santos@ufba.br
JAMES AMADO
Rua Edith Gama Abreu, 53, aptº 1203 - Itaigara
Salvador - BA - 41815-010
(71) 3358 5203
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HÉLIO PÓLVORA
Av. Sete de Setembro, 1862/1202, Corredor da Vitória
Salvador - BA - 40080-004
(71) 3337 0169
hpolvora@gmail.com
PAULO FURTADO
Orlando Gomes, Costa Verde, Rua A, q. H, 1.3
Salvador - BA - 41650-120
(71) 3367 9481
pfurtado@tjba.gov.br
FLORISVALDO MATTOS
Rua Sócrates Guanaes Gomes, 107,
Aptº 1901, Cidade Jardim
Salvador - BA - 40296-720
(71) 3353 9785
florismattos@gmail.com
EVELINA HOISEL
Rua Mons. Gaspar Sadoc, 48, Jardim de Alá
Salvador - BA - 41750-200
(71) 3343 5789
hoisel@ufba.br
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ARMANDO AVENA
Jardim Gantois, 346, Rua C, Piatã
Salvador - BA - 41680-170
(71)3115 3694
armandoavena@uol.com.br
EDIVALDO M. BOAVENTURA
Rua Dr. José Carlos, 99, aptº 801, Acupe
Salvador - BA - 40290-040
(71)3276 1242
edivaldoboaventura@terra.com.br
MEMBROS CORRESPONDENTES
CYRO DE MATTOS
Travessa Rosenaide, 40 / 101 – Zildolândia
45600-395 – Itabuna – BA
(73) 3211-1902 /(73) 88461883
cyropm@bol.com.br
DOMINIQUE STOENESCO
26 bis, allée Guy Mocquet - 94170
Le Perreux-sur-Marne - France
(003133) 1 48 72 16 56 / (003133) 06 08 65 50 23
dominique.stoenesco@orange.fr
FLANKLIN W. KNIGHT
2902 W. Strathmore Avenue
Baltimore, Maryland 21209 - USA
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GLÓRIA KAISER
Dr. Robert Siegerst, 15
A 8010 – Graz - Áustria
MARIA BELTRÃO
Rua Prudente de Moraes, 1179, COB. 01
Ipanema – Rio de janeiro – RJ - 22420-043
(21) 2247-4180
mcmcbeltrão@gmail.com
RITA OLIVIERI-GODET
24, Avenue Sergent Maginot
35000 Rennes - France
02 99 67 35 02
rgodet@9online.fr
VAMIREH CHACON
Universidade de Brasília - Instituto de Ciência Política
Brasília - DF - 70910-900
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A Revista da Academia de Letras da Bahia nº 51
foi organizada e editorada em novembro de 2012,
Ano do Centenário do acadêmico Jorge Amado,
Ano do Centenário de Edison Carneiro,
Ano do Centenário de Camillo de Jesus Lima,
*
Direção
FLORISVALDO MATTOS
Editoração/produção editorial
ALEILTON FONSECA
Revisão
ARAMIS RIBEIRO COSTA
ALEILTON FONSECA
LUÍS ANTONIO CAJAZEIRA RAMOS
Impressão
VIA LITTERARUM