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Módulo 6
Agentes Biológicos
Técnico Superior de Segurança no Trabalho
2
Módulo 6 – Agentes Biológicos
Ficha técnica
Índice
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 5
2. DEFINIÇÕES ................................................................................................................................... 5
3. ABORDAGEM À MICROBIOLOGIA .............................................................................................. 7
3.1 PRINCIPAIS AGENTES BIOLÓGICOS ................................................................................... 9
3.1.1 BACTÉRIAS ...................................................................................................................................... 9
6. Confinamento ............................................................................................................................... 30
7. Vigilância médica ......................................................................................................................... 31
7.1 Vacinação ............................................................................................................................... 32
8. Formação/Informação ................................................................................................................. 32
9. Transmissão das Doenças Infecciosas ..................................................................................... 32
9.1 Vias de Transmissão .............................................................................................................. 33
9.2 Vias de Exposição .................................................................................................................. 34
9.2.1 EXPOSIÇÃO POR VIA RESPIRATÓRIA ........................................................................................ 34
1. INTRODUÇÃO
“Todos os anos, cerca de 320 000 trabalhadores morrem em todo o mundo devido a doenças
contagiosas, dos quais cerca de 5 000 na União Europeia. Nos últimos 10 anos, a cobertura dos
meios de comunicação social sensibilizou a opinião pública para os riscos biológicos, como o
antraz (devido às atividades bioterroristas), a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e a
ameaça da gripe aviária. Mas os agentes biológicos são omnipresentes e, em muitos locais de
trabalho, os trabalhadores correm riscos biológicos muito graves.”
A proteção dos trabalhadores é um processo abrangente, envolvendo a avaliação dos riscos devido à
exposição a agentes biológicos, identificação dos agentes causadores de risco, a possibilidade de
propagação na coletividade e o tempo de exposição efetiva ou potencial dos trabalhadores.
A avaliação dos riscos permite formular orientações para a aplicação de medidas de proteção dos
trabalhadores de agentes biológicos perigosos, bem como de agentes cuja perigosidade ainda não
esteja definida. Permitirá, ainda, ao empregador submeter os trabalhadores a exames de saúde, de
modo a acompanhar a evolução do seu estado de saúde e, se necessário, adotar as medidas
preventivas adequadas.
Riscos biológicos - incluem infeções agudas e crónicas, parasitoses, reações alérgicas e tóxicas
Exemplos:
• Infeção: bactérias, vírus, e fungos
• Parasitoses: protozoários
• Reação alérgica: pólen e esporos de fungos
• Inclui ataques e mordeduras de animais domésticos ou selvagens
2. DEFINIÇÕES
Nível de confinamento - o conjunto das medidas que, no local ou área de trabalho, garantem as
condições de segurança e saúde adequadas à realização do trabalho ou manipulação de agentes
patogénicos.
Agentes biológicos comensais - agentes biológicos que não apresentam qualquer perigo e que se
fixam na pele e/ou entram no organismo, alojando-se nos aparelhos respiratório e digestivo.
Infetividade – conjunto de qualidades específicas do agente que lhe permite vencer barreiras externas
e penetrar noutro organismo vivo, multiplicando-se aí com maior ou menor dificuldade.
Patogenicidade – capacidade do agente infecioso, uma vez instalado no organismo invadido, produzir
sintomas em maior ou menor proporção dentro dos hospedeiros infetados.
Exotoxinas - são libertadas para o exterior da bactéria quando está viva (bactérias gram-
positivas e gram-negativas).
Endotoxinas – toxinas que só se libertam para o exterior apenas quando a bactéria morre.
(Acontece especialmente com bactérias gram-negativas).
Moléculas biologicamente potentes, com importantes atividades biológicas
principalmente relacionadas com processos inflamatórios.
Há estudos que apontam para uma associação entre a exposição a endotoxinas e o
desenvolvimento de sintomatologia pulmonar e doença sistémica.
Exemplos:
- Esporos e toxinas (bactérias e fungos)
- Pólens
- Pele, penas e pelos de animais
Transmissibilidade – Maior ou menor facilidade com que o agente passa de um hospedeiro para
outro. Relacionado com a sua capacidade de sobrevivência fora do organismo
3. ABORDAGEM À MICROBIOLOGIA
A vida humana está intimamente relacionada com os microrganismos, abundantes no solo, no mar e
no ar. Invisíveis a olho nu, esses seres oferecem evidências de sua existência.
PLANTAS, ANIMAIS E
FUNGOS
PROTISTA - Protozoários e
Fitoflagelados (formas
primárias unicelulares
ou unicelulares coloniais)
MONERA – Procariontes
(incluindo as bactérias)
3.1.1 BACTÉRIAS
As bactérias são seres unicelulares, procariotas (sem um núcleo verdadeiro), com uma estrutura muito
simples, o que lhes permite replicarem-se muito rapidamente caso encontrem nutrientes, temperatura,
pH, humidade e concentração de oxigénio favoráveis.
Um aspeto muito importante das bactérias é a capacidade que algumas têm para produzir esporos,
que mais não são do que formas resistentes que lhes permitem sobreviver, por vezes durante muitos
anos a situações adversas tais como: temperaturas extremas, falta de água ou nutrientes, etc.
- Quanto á forma :
esféricas- cocos
em forma de bastonetes- bacilos
em forma de saca-rolhas- espirilos
em forma de vírgula- vibriões
- Os cocos podem apresentar-se com disposições diferentes :
isolados- micrococos
aos pares- diplococos
em cadeia- estreptococos
em cacho de uvas- estafilococos
Geralmente, as infeções bacterianas de origem alimentar são referidas simplesmente como infeções
alimentares. Os principais sintomas são diarreias, dores abdominais, vómitos, desidratação e, por
vezes, febre, aparecem após um período de incubação que pode durar umas horas ou vários dias, e
podem prevalecer durante um período que pode variar entre um dia e uma semana.
Stourbrige, S. Virchow,
Grupo B, Grupo C,
S. typhi Água
S. paratyphi
Shigella S. dysenteriae Saladas, Leite, Aves
Produtos hortícolas
Staphylococcus S. aureus Carne, Leite, Ovos e Marisco
derivados Peixe
Resulta da Queijo de leite cru
manipulação
Alimentos ricos em
proteína e água
Streptococcus S. pyogenes Leite cru, gelados,
saladas,
mariscos
Vibrio V. cholerae Peixe, marisco e Camarão
V. parahaemolyticus moluscos crus ou
V. vulvinicus insuficientemente
cozinhados
V. alginolyticus Camarão
Yersinia Y. enterocolitica Leite cru, Aves,
Carnes, Mariscos,
Vegetais
* RASFF- Rapid Alert System for Food and Feed
3.1.2 VÍRUS
São as formas de vida mais simples, constituídas unicamente por material genético que precisam
sempre de um hospedeiro (ser vivo que é infetado) para se poderem reproduzir. Não são seres
unicelulares. São partículas com várias formas geométricas características, constituídas por um ácido
nucleico e proteínas.
O mecanismo de infeção mais comum é a introdução do seu material genético nas células do
hospedeiro, onde se replicam à custa da célula até à sua destruição, passando então a infetar outras
células. As doenças provocadas por vírus denominam-se viroses.
As Doenças de Origem Alimentar provocadas por estes parasitas são muito menos frequentes do que
as de origem bacteriana.
Estes parasitas, que são muito maiores do que as bactérias, podem crescer e atingir o estado adulto
no trato gastrointestinal do homem, ou ser diretamente ingeridos por consumo de tecidos de animais
contaminados. Nalguns dos casos os sintomas podem durar várias semanas ao fim das quais
diminuem ou desaparecem, para posteriormente reaparecerem.
Entre os principais parasitas causadores de Doenças Origem Alimentar encontram-se Giardia lamblia,
G. intestinalis, Cryptosporidium parvum (protozoários) e Trichinella spiralis; (verme).
3.1.4 MICROFUNGOS
São seres vivos, uni ou pluricelulares, eucariotas, que podem provocar doenças no homem.
Os fungos não produzem clorofila; isto significa que eles não podem sintetizar açúcares, desta forma
eles devem obter os seus nutrientes externamente (noutros organismos).
São considerados microrganismos heterotróficos, incapazes de sintetizar o seu próprio alimento,
obtendo a sua alimentação a partir de matéria orgânica inanimada ou nutrindo-se como parasitas de
hospedeiros vivos.
Bolores
• são filamentos ramificados
• têm várias formas, tamanhos e cores
• necessitam de oxigénio
• Alguns exemplos: Aspergillus, Fusarium, Penicillium, Cladosporium, Trichoderma
• são utilizados no fabrico de alguns alimentos, como queijo o Roquefort
• são indicadores de más condições de armazenamento (pão, chouriço...)
• produzem aflatoxinas (toxinas B1,B2,G1,G2,M1 e M2) que são compostos carcinogénicos,
que atacam os órgãos moles.
• as aflatoxinas são compostos relativamente estáveis em produtos alimentares.
• A primeira descoberta de aflatoxicose ocorreu em 1960 e foi denominada Doença “X” dos
perus, sendo responsável pela morte de mais de 100 000 perus.
Alguns destes, como as bactérias e alguns fungos, têm a capacidade de produzir toxinas – exotoxinas,
caso sejam libertadas durante o período de vida do microrganismo, endotoxinas caso a sua libertação
se efetue após a morte e desintegração do microrganismo.
Exotoxinas - são libertadas para o exterior da bactéria quando está viva (bactérias gram-
positivas e gram-negativas).
Endotoxinas – toxinas que só se libertam para o exterior apenas quando a bactéria morre.
(Acontece especialmente com bactérias gram-negativas).
Moléculas biologicamente potentes, com importantes atividades biológicas
principalmente relacionadas com processos inflamatórios.
Há estudos que apontam para uma associação entre a exposição a endotoxinas e o
desenvolvimento de sintomatologia pulmonar e doença sistémica.
15
minutos
30
minutos
- pH
- Nutrientes disponíveis
- pH - Constituintes antimicrobianos
- Atividade da água (aw) - fornece uma indicação da água disponível no alimento para o
microrganismo se desenvolver ou sobreviver.
Intervalo: 0 - 1,0
- Nutrientes disponíveis - Processo pelo qual os organismos vivos obtêm energia, em forma de
alimento, para o crescimento, manutenção e reparação.
Nitratos e nitritos são utilizados para inibir o crescimento da bactéria Clostridium botulinum em
alimentos que contenham carne crua (linguiça, presunto, bacon e salame).
- Temperatura
- Tempo
- Humidade relativa
- Presença de gases
- Presença e actividade de outros organismos
- Temperatura
Abaixo dos 5ºC existem bactérias que se reproduzem, mas muito, muito lentamente.
Abaixo dos -12ºC as bactérias já não se multiplicam.
Abaixo dos -18ºC os microrganismos apenas “adormecem” e estão prontos a “acordar”
quando as temperaturas forem favoráveis.
- Humidade relativa
• Muito elevada: condensação - multiplicação
• Muito baixa: perda de humidade - inibição.
Os agentes biológicos com efeitos nocivos para a saúde das pessoas em geral, podem formar-se por
diversos processos biotecnológicos onde ocorre produção e/ou utilização destes agentes. Poderão
estar expostos a agentes biológicos com riscos para a sua saúde em vários sectores de atividades,
nomeadamente:
Atividades ligadas à pecuária: Contacto com animais ou produtos de origem animal. O sector
profissional ligado à criação e abate de aves é agora um sector que exige cuidados especiais.
Trabalho em matadouros
Exemplos:
• Infeção: bactérias, vírus, e fungos
• Parasitoses: protozoários
• Reação alérgica: pólen e esporos de fungos
• Inclui ataques e mordeduras de animais domésticos ou selvagens
A Inspeção-geral do Trabalho lançou uma campanha de inspeção em hospitais, unidades de saúde e laboratórios de
análises clínicas, na região centro e sul do país, com o objetivo de avaliar as condições de trabalho em estabelecimentos
com risco de exposição a agentes biológicos.
Quanto à ação propriamente dita, a mesma envolveu 16 Inspetores do Trabalho, em equipas de 2,
pertencentes às unidades orgânicas regionais de Coimbra, Figueira da Foz, Castelo Branco/ Covilhã,
Leiria, Lisboa, Vila Franca de Xira/Santarém, Almada/Barreiro e Évora/Beja, acompanhados por
representantes das diversas Administrações Regionais de Saúde. Foram visitados 23
estabelecimentos de saúde, dos quais 9 públicos e 14 privados, envolvendo um universo de 7274
trabalhadores. Por departamentos, foram inspecionados 2 unidades de anatomia patológica, 2 de
hemodiálise, 15 blocos operatórios/cirurgia, 1 bloco de partos, 12 laboratórios, 1 lavandaria e 1 cozinha.
Da análise feita à documentação requerida nas visitas, nomeadamente aos relatórios de acidentes de
trabalho e de doenças profissionais dos estabelecimentos, verificou-se que entre os anos de 1998 e
2002 existiram nos mesmos:
- zero acidentes de trabalho mortais;
- 491 acidentes de trabalho não mortais
- 2 registos de doenças profissionais.
Figura 17 – Classificação dos agentes biológicos de acordo com o seu nível infecioso (fonte:
www.google.pt)
Os agentes patogénicos representam grande ameaça para as pessoas e animais, com fácil
propagação de um indivíduo ao outro, direta ou indiretamente, não existindo profilaxia nem
tratamento.
Ex.: 26atet Ebola
Figura 19 –Características dos Agentes Biológicos por grupo de risco (fonte: www.google.pt )
4.3 NOTIFICAÇÃO
As atividades que envolvam riscos de exposição a agentes biológicos deverão proceder à notificação
ao Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho (agora Autoridade para as
Condições do Trabalho) e à Direcção-Geral da Saúde mediante o preenchimento do modelo criado
pelo IDICT para o efeito.
Sempre que se registarem modificações substanciais nos processos ou nos procedimentos com
possibilidade de repercussão na segurança ou saúde dos trabalhadores, deve ser feita uma nova
notificação.
Acão no Ambiente
• Higiene e limpeza sanitária
• Limpeza e desinfeção
• Ventilação
• Controlo de acessos (roedores, insetos, etc...)
• Sinalização
Acão no Trabalhador
• Informação sobre os riscos
• Formação sobre os métodos de trabalho aplicáveis
• Diminuição sobre o nº de pessoas expostas
• Vestuários específicos para o trabalho
Acão na saúde
• Vigilância da saúde: exames, procedimentos individuais, registos, vacinação…
Exemplos:
- Sistema de ventilação com filtros HEPA
- Uso de Câmaras de Segurança Biológica
- Áreas de confinamento
2º - Limpeza
Exemplos:
- Destruição do material contaminado (uso de contentores para material biológico)
- Desinfeção (ex: Lixiviação)
- Esterilização (ex: Autoclavagem)
NUNCA:
- Comer, beber, fumar, aplicar cosméticos, lentes de contacto ou guardar comida em áreas onde
Agentes Biológicos sejam utilizados ou armazenados
- Pipetar com a boca, ou entrar em contacto direto com Agentes Biológicos
- Deixar portas ou janelas abertas, trazer visitas ou animais, durante experiências ou processos
produtivos que envolvam Agentes Biológicos.
Se existir, como resultado da avaliação, um risco para os trabalhadores, este deve evitar-se, se
possível, ou reduzir-se ao mais baixo nível. O empregador deve proceder, sempre que possível à
substituição de agentes perigosos por outros agentes que, em função das condições de utilização e
no estado atual dos conhecimentos, não sejam perigosos ou causem menos perigo para a segurança
ou saúde dos trabalhadores.
Nota: Os equipamentos de proteção individual (EPI) podem constituir eles próprios uma fonte
de contaminação. No caso das luvas, por exemplo, devem unicamente ser utilizadas para
determinadas tarefas de risco e imediatamente descartadas, pois podem contribuir para a
disseminação de agentes infeciosos.
6. CONFINAMENTO
Conjunto de medidas destinadas a constituir barreiras entre o m.o. infeciosos a serem manipulados e
o operador (e em última análise a própria comunidade). Estes objetivos são atingidos tendo como base
o Design das instalações e as Práticas de Trabalho Seguro
Nível 1
• Pode estar próximo de áreas públicas, mas as portas devem permanecer fechadas
• Trabalho a ser realizado só em cima da bancada
• Superfícies (chão, teto, paredes e mobília) laváveis
7. VIGILÂNCIA MÉDICA
A periodicidade mínima dos exames de vigilância da saúde dos trabalhadores é estabelecida pela
legislação e deve constar do plano mínimo de vigilância médica; todavia, no caso em que estão
envolvidos agentes biológicos, esta periodicidade pode ser alterada pelo médico do trabalho e o exame
anterior a qualquer exposição possível é particularmente relevante.
O responsável pelos serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho deve ser informado pelo
médico do trabalho – se não forem a mesma pessoa - sempre que as condições de trabalho tenham
efeitos prejudiciais sobre o estado de saúde dos trabalhadores. Em caso de necessidade, o médico do
trabalho pode solicitar o acompanhamento pelo médico assistente do centro de saúde a que pertence
ou por outro médico indicado pelo trabalhador.
Deve ser dado especial relevo à atualização do plano individual de vacinação, nomeadamente no que
toca às vacinas incluídas no Plano Nacional de Vacinação, sem prejuízo de outra vacinação ou
imunização específica tornada necessária pelo tipo de agente existente.
Se um trabalhador sofrer uma infeção ou outra doença que possa ter sido provocada pela exposição
a agentes biológicos no local de trabalho, o médico do trabalho ou a entidade responsável pela
vigilância da saúde dos trabalhadores proporá a todos os trabalhadores sujeitos a exposição idêntica
a avaliação do seu estado de saúde; neste caso, deve ser repetida a avaliação dos riscos de exposição.
Cada trabalhador deverá ter uma ficha clínica individual cujos dados são acessíveis unicamente ao
médico do trabalho responsável pela vigilância da saúde dos trabalhadores e devem ser conservadas
durante 10 anos após a cessação da exposição. O prazo de conservação poderá ir até 40 anos em
casos especiais.
7.1 VACINAÇÃO
Medida de proteção primária Evitar que os trabalhadores sejam fontes de contágio para outros
trabalhadores e para a comunidade.
A vacinação é gratuita para o trabalhador, cabendo ao empregador os encargos inerentes nos termos
do artigo 23.º do Decreto-Lei nº 109/2000 de 30 de Junho, competindo-lhe ainda informar os
trabalhadores em relação às vantagens e aos inconvenientes da vacinação e da falta de vacinação.
Artigo 13.
Vacinação dos trabalhadores
1 - Se existirem vacinas eficazes contra os agentes biológicos a que os trabalhadores estão ou
podem estar expostos, a vigilância da saúde deve prever a vacinação gratuita dos trabalhadores
não imunizados.
2 - O empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos
inconvenientes da vacinação e da falta de vacinação.
3 - A vacinação deve obedecer às recomendações da Direcção-Geral da Saúde, ser anotada na
ficha médica do trabalhador e registada no seu boletim individual de saúde.
Evita: absentismo por doença, evolução da doença para estado crónico, e/ou a morte do trabalhador
8. FORMAÇÃO/INFORMAÇÃO
As formas utilizadas para divulgar a informação podem ser variadas, mas podem através de instruções
escritas (procedimentos de boas práticas, nomeadamente atuação em caso de acidentes ou incidentes
graves), afixação de cartazes e formação em sala.
Os trabalhadores ou os seus representantes têm o direito de conhecer as informações contidas no
relatório previsto no artigo 10º do Decreto-Lei nº 84/97 que o empregador deve elaborar,
nomeadamente ao que toca ao número de trabalhadores expostos, às medidas de prevenção e
proteção adotadas e ao plano de emergência para agentes dos grupos 3 ou 4.
Reservatório - local onde o agente vive e se multiplica e do qual depende para a sua
subsistência (homem, animal, planta, solo, etc.);
Porta de saída e porta de entrada - local de saída e entrada, respetivamente, do agente
biológico - orifícios naturais (boca, nariz, ânus, pele etc.);
Via de transmissão - meio de transporte utilizado pelo agente para alcançar o hospedeiro -
águas, alimentos, insetos, homem (fezes, urina, gotículas de saliva);
Hospedeiro suscetível - pessoa ou animal que permite a subsistência do agente podendo ou
não, contrair doença.
Figura 22 – Vias de Transmissão dos Agentes Biológicos (fonte: Manual De Segurança Biológica em
Laboratório - Terceira edição)
Figura 23 – Vias de entrada dos Agentes Biológicos (fonte: Manual De Segurança Biológica em
Laboratório - Terceira edição)
A maior parte das substâncias com riscos de agentes biológicos entram no organismo humano através
do sistema respiratório.
Nos pulmões efetuam-se trocas gasosas ao nível das células havendo contacto direto entre a corrente
sanguínea e a corrente gasosa, o que faz com que os produtos biológicos inalados possam provocar
danos de forma muito efetiva.
Isto ocorre, porque ao nível dos alvéolos a vigilância é pouco efetiva e o número de defesas ativadas
do organismo é muito baixo pelo que através dos alvéolos as substâncias biológicas prejudiciais
penetram muito rapidamente no organismo humano.
As substâncias biológicas prejudiciais à saúde penetram no sistema respiratório superior através do
nariz, garganta, traqueia e brônquios, os quais retêm as partículas de maiores dimensões quando se
apresentam pela forma granulométrica determinada.
Quando em forma de gás algumas muito solúveis na água provocam grande irritação nas vias
respiratórias superiores, nariz e garganta, mas como se encontram dissolvidas são retidas na camada
aquosa da membrana bronquial, não atingindo os pulmões pelo que não entram facilmente na corrente
sanguínea.
As substâncias insolúveis podem provocar edema pulmonar porque ultrapassam rapidamente a
membrana dos brônquios.
Algumas substâncias solúveis em água podem também acabar por provocar edema pulmonar, porque
a irritação que provocam a nível dos brônquios aumenta a resistência à passagem do ar, e origina a
retenção de água no pulmão (edema).
Certas substâncias afetam a pele, não de forma imediata, mas lentamente ao longo do tempo, dizem-
se substâncias sensibilizantes.
Há sensibilizantes que requerem um tempo de exposição longo, até que se manifestem os efeitos. Há
sensibilizantes que provocam sensibilização à luz solar.
Naturalmente todas as substâncias que irritam a pele irritam também os olhos e existem substâncias
que para além da irritação, afetam gravemente o nervo cóptico.
Agentes biológicos agressivos podem penetrar no corpo humano através de vias cutâneas. Em casos
destes, é fundamental a utilização de vestuário adequado:
Botas, aventais, luvas, viseiras, óculos e fatos completos, estanques ou simplesmente isolantes, são
equipamentos indispensáveis.
9.2.3 INGESTÃO
As substâncias biológicas são introduzidas no sistema gastrointestinal através da boca, com trânsito
pelo esófago antes de atingirem o estômago. Todas as substâncias que afetem a pele afetam também
o sistema gastrointestinal provocando sangramento, perturbações e deformações.
Podem provocar efeitos graves nas paredes de todo o sistema gastrointestinal com as quais entram
em contacto.
Todavia, de um modo geral já transitavam ao nível da boca e esófago onde foram absorvidas, mas
depende da sua natureza e das condições do meio.
Alguns agentes biológicos prejudiciais á saúde a um nível físico, como sucede com as substâncias que
alteram a frequência dos movimentos peristálticos dos intestinos.
O fígado tem também a capacidade de rejeitar as substâncias ou processos metabólicos de forma a
reduzir a sua perigosidade. Contudo, ele próprio está muito sujeito a intoxicação uma vez que está
fortemente exposto.
Uma das funções do fígado é a excreção da bilirrubina que é um produto metabólico do grupo “heme”da
hemoglobina.
Diariamente, no organismo humano, são formados cerca de 300 mg de bilirrubina (este valor poderá
ser superior se houver perda de glóbulos vermelhos) que têm que ser excretados sob pena de
bloquearem a atividade do fígado.
Os efeitos adversos de algumas substâncias Biológicas perigosas resultam de impedirem a excreção
da bilirrubina.
A prevenção da ingestão (via digestiva) de substâncias biológicas perigosas só pode ser conseguida,
normalmente, por uma disciplina de trabalho que implica a abstenção de comer, beber ou fumar nos
locais onde é possível a contaminação (excetuando casos acidentais muito especiais).
Embalagem
A segurança da embalagem em que se transporta resíduos biológicos é sem dúvida um especto de
elevada importância. Pela mesma razão que não se devem pôr em contacto espécies que possam
interatuar e aumentar a sua perigosidade, também se não devem recolher substâncias em recipientes
com os quais possam reagir ainda que lentamente.
Para além do material de constituição da embalagem, há que ter também em conta a forma como estas
são transportadas, havendo necessidade de acautelar e proteger a embalagem por forma a que esta
se não danifique durante o transporte.
Por outro lado, a sua estanquicidade deve ser perfeita para que não possam libertar vapores perigosos
em veículos sem ventilação.
10.2 MANIPULAÇÃO
A manipulação de resíduos biológicos, obedece a regras definidas pelo tipo de substância.
As substâncias tóxicas, exigem proteção pessoal (E.P.I.) a nível cutâneo e de vias respiratórias.
Consoante o índice de perigosidade, será necessário o uso de luvas e máscara, ou mesmo a
manipulação em câmara exaustora, ou outro tipo de exaustão em no caso de ambiente não confinado.
Transporte
O transporte de resíduos biológicos exige cuidados decorrentes da sua natureza propriedades e
perigosidade e quantidades a transportar.
O transporte de pequenas quantidades de substâncias ou preparações não especificas, obedece a
regras de segurança análogos a os do seu manuseamento, para além de os contentores que as contêm
deverem estar devidamente protegidos contra a possibilidade de derrame ou quebra.
10.3 TRANSVASE
É por vezes necessário proceder ao transvase de um sólido ou líquido da sua embalagem original para
contentor de recolha e transporte.
Nestas circunstâncias, deve atender-se a que a nova embalagem deverá ter características de
estanquicidade e segurança pelo menos idênticas às da embalagem inicial. Para além disso, quem
procede ao transvase deve proteger-se consoante as indicações fornecidas pelo rótulo e as fichas de
segurança que devem acompanhar a substância ou preparação
Deve proceder-se ao transvase em local adequado quanto ao arejamento e temperatura, e, se
necessário, fazer-se acompanhar dos agentes protetores (EPIs) considerados adequados. Em alguns
casos, é totalmente desaconselhado proceder à operação de transvase sem um acompanhante.
Quem procede ao transvase deve ser capaz de reproduzir integralmente o rótulo da substância, para
que nenhuma das indicações do rótulo original se perca.
É ainda aconselhável a existência de cópia da ficha de segurança na proximidade do local da utilização
do agente.
CABINES DE SEGURANÇA
As Cabines de Segurança Biológica constituem o principal meio de contenção e são usadas como
barreiras primárias para evitar a fuga de aerossóis para o ambiente.
FILTRO HEPA
Os filtros HEPA “High Efficiency Particulate Air” são feitos de papel de fibra de vidro com 60 mm de
espessura e sustentadas por lâminas de alumínio. As fibras do filtro feitas de uma trama tridimensional
remove partículas do ar que flui através dele, por inércia, intercetação e difusão. Tem capacidade para
filtrar partículas com eficiência igual ou maior que 99,99%. Cuidados especiais com o ambiente e a
troca do pré-filtro aumentam a expectativa de vida do filtro HEPA.
FLUXO LAMINAR DE AR
Massa de ar dentro de uma área confinada movendo-se com velocidade uniforme ao longo de linhas
paralelas.
10.5.3 Máscaras
Ao proceder a trabalhos de alto risco (por exemplo: limpeza de um derrame de material infecioso) pode
ser necessário utilizar material de proteção respiratória. A escolha do respirador depende do tipo de
perigo(s).
Existem respiradores com filtros permutáveis: proteção contra gases, vapores, partículas e
microrganismos; é imprescindível que o filtro escolhido corresponda ao tipo apropriado de respirador.
Para assegurar a proteção ideal, o respirador deve ser instalado na cara do operador e testado. Os
respiradores auto-suficientes, com abastecimento de ar integral, asseguram uma proteção total.
As máscaras utilizadas em cirurgia foram concebidas para a proteção dos doentes e não asseguram
a proteção respiratória dos operadores. Alguns respiradores descartáveis (ISO 13.340.30) foram
concebidos para assegurar a proteção contra a exposição a agentes biológicos.
10.5.4 Luvas
Durante certas manipulações laboratoriais pode ocorrer a contaminação das mãos. Estas são
igualmente vulneráveis a ferimentos causados por objetos cortantes.
No trabalho normal de laboratório e no manuseamento de agentes infeciosos, sangue e fluidos
corporais, usam-se geralmente luvas descartáveis de látex, vinilo ou nitrilo, microbiologicamente
aprovados, semelhantes às utilizadas em cirurgia. Pode igualmente recorrer-se a luvas reutilizáveis,
mas tem de assegurar-se a lavagem, remoção, limpeza e desinfeção adequadas das mesmas.
Devem tirar-se as luvas e lavar bem as mãos, após manusear materiais infeciosos, trabalhar em
câmaras de segurança biológica e antes de sair do laboratório. Depois de utilizadas, as luvas
descartáveis devem ser eliminadas com os resíduos laboratoriais infetados.
Reações alérgicas como dermatite têm sido assinaladas em laboratórios e entre outros trabalhadores
que utilizam luvas de látex, particularmente nas que contêm pó. Devem estar disponíveis alternativas
às luvas de látex com pó.
Devem utilizar-se luvas de malha de aço inoxidável, sempre que existir a probabilidade de exposição
a instrumentos cortantes, como nas autópsias. Estas luvas protegem contra cortes mas não contra
perfurações.
Tais equipamentos, não devem ser utilizados fora dos locais do laboratório.
A utilização de medidas de higiene que evitem ou dificultem a dispersão de agentes biológicos fora do
local de trabalho inclui:
− Proibição de comer, beber ou fumar nos locais de trabalho
− Fornecimento de vestuário de proteção adequado
− Instalações sanitárias e vestiários adequados
− Existência de colírios e anticéticos
− Correta armazenagem, verificação e limpeza dos EPI
− Destruição, se necessário, do vestuário de proteção e EPI contaminados
− Interdição de levar para casa vestuário de proteção e EPI contaminados
− Definição de procedimentos para recolha, manipulação e tratamento de amostras de
origem humana ou animal
− Descontaminação e limpeza de instalações
Para uma correta lavagem das mãos deve-se seguir sequencialmente as seguintes regras:
1. Molhar as mãos e os antebraços (até aos cotovelos) com água quente corrente;
2. Ensaboar bem as mãos e os antebraços com sabonete líquido desinfetante;
3. Lavar cuidadosamente os espaços entre os dedos, as costas das mãos, polegar e
unhas (usar uma escova adequada que deverá ser mantida limpa e seca entre as
utilizações);
4. Passar por água corrente quente;
5. Ensaboar novamente as mãos, esfregando-as enquanto se conta até 20;
6. Passar por água corrente quente;
7. Secar com toalhas de papel descartáveis de utilização única que devem ser
colocadas em recipiente próprio, com tampa acionada pelo pé.
Adornos Pessoais
Não deve ser permitida a utilização de qualquer tipo de adornos (por exemplo, joias, relógios, pulseiras,
brincos, piercings), dada a possibilidade de poderem soltar-se e ir para os alimentos. Pode ser
permitido o uso de aliança se esta for lisa e não constituir perigo para o trabalhador.
O risco de contaminação de produtos alimentares associados a cabelos não se reduz a perigos físicos.
É possível encontrar no couro cabeludo microrganismos patogénicos, tais como o Staphylococcus
aureus.
Os cabelos devem ser lavados regularmente com champô.
Devem ser utilizadas toucas/barretes de modo a cobrir todo o cabelo. Para segurar a touca e o cabelo
não se devem usar ganchos ou molas.
Embora não seja aconselhável que os trabalhadores do sexo masculino usem barba e/ou bigode, caso
usem, o uniforme deve incluir proteção adequada para a barba e bigode.
A utilização de máscaras naso-bocais, que devem ser colocadas tapando simultaneamente a boca e
o nariz dos operadores, deverá ser seguida sempre que estejam a ser realizadas tarefas que
necessitem de um nível superior de higiene, nomeadamente quando são manuseados produtos de alto
risco.
Unhas
As unhas devem ser usadas curtas, limpas e sem verniz.
Aquando da lavagem das unhas deve existir igualmente a preocupação da limpeza das unhas.
O sabonete líquido deve ser colocado diretamente na escova das unhas, devendo as unhas serem
escovadas debaixo de água corrente.
É proibida a utilização de unhas postiças.
Comportamento Pessoal – Tossir, Espirrar e Cuspir
Se esporadicamente o trabalhador tossir, ou espirrar, deve proteger a boca e o nariz com um toalhete
e lavar as mãos de seguida, mudando também a peça do uniforme protetor da barba/bigode no caso
dos homens.
Figura 26 – Tipo de agentes usados nas atividades de Higiene (fonte: Manual De Segurança Biológica
em Laboratório - Terceira edição)
ESTUFA AUTOCLAVE
Um plano de emergência escrito para acidentes em laboratório e instalações para animais é uma
necessidade em qualquer serviço que trabalhe com ou guarde microrganismos dos Grupos de Risco
3 ou 4 (laboratório de confinamento – Nível 3 de segurança biológica e laboratório de confinamento
máximo – Nível 4 de segurança biológica).
As autoridades sanitárias nacionais e/ou locais devem participar na elaboração do plano de preparação
para casos de emergência.
• Tratamento médico de emergência para as pessoas expostas e lesionadas (inclui Primeiros- Socorros
e pessoal com formação específica)
• Vigilância médica das pessoas expostas
• Identificação precisa dos Agentes Biológicos tóxicos ou infeciosos (por área / posto)
• Localização das zonas de risco elevado
Apesar das medidas de proteção tomadas poderá ocorrer acidente de trabalho/serviço ou incidente,
pelo que é importante conhecer os procedimentos a desencadear nestas circunstâncias.
Assim, em caso de acidente de trabalho resultante da exposição a agentes biológicos perigosos
aplicar-se-á o regime geral dos acidentes de trabalho.
Figura 28 - Participação de acidente em serviço no caso particular dos agentes biológicos (Fonte:
Manual Sobre o Regime de Proteção nos Acidentes em Serviço e Doenças Profissionais, Direcção-
Geral da Administração Pública, 2002)
11.9 DERRAMES:
1 – Isolamento da área (evitar o alastramento da contaminação)
2 – Seguir os procedimentos de desativação biológica (desinfeção e esterilização)
3 – Comunicação ao pessoal das áreas adjacentes
Medidas Básicas para limpeza de derrames biológicos:
- Procedimento escrito de limpeza e desinfeção
- Uso de luvas de latex, roupa protetora e óculos de segurança
- Demarcar a zona de derrame
- Sinalizar com o placar de “Derrame – Risco Biológico”
- Usar o desinfetante químico adequado (ver diluição correta, data de validade, e compatibilidades
físico-químicas)
- Uso de material absorvente
- Uso de sacos de uso único – autoclaváveis, à prova de fugas e com marcação – Risco Biológico
Uso de tenazes para agulhas, material cortante e vidro partido
- Preenchimento da ficha incidente/acidente reportando todo o pessoal afetado (direta ou
indiretamente)
Figura 29 – Material para derrames (fonte: Manual De Segurança Biológica em Laboratório - Terceira
edição)
Figura 30 - Participação de acidente em serviço no caso particular dos agentes biológicos (Fonte:
Manual Sobre o Regime de Proteção nos Acidentes em Serviço e Doenças Profissionais, Direcção-
Geral da Administração Pública, 2002)