Professional Documents
Culture Documents
Uma atividade tão antiga quanto a humanidade foi redescoberta: caminhar. E não
estamos falando de passear no shopping ou de ir a pé para o trabalho. A versão moderna
da caminhada é chamada de trekking e tornou-se uma atividade tão popular no Brasil
que existem até associações e campeonatos organizados da modalidade. Os mais de 300
000 brasileiros adeptos do esporte se autodenominam, com orgulho, de trekkers. Para
entrar nessa categoria, não há limites de idade ou necessidade de preparo físico especial.
Basta a disposição. O trekking consiste em sair andando em grupo a fim de explorar a
natureza ou cumprir um roteiro. O que conta é a experiência vivida durante o trajeto: a
paisagem, a emoção de perder a trilha e depois reencontrá-la, o desafio físico de
alcançar o pico de um morro e a possibilidade de ajudar um companheiro a transpor um
obstáculo. É um misto de aventura, esporte e turismo.
O Brasil é o lugar perfeito para isso. Em todo o país existem áreas em que a natureza
ainda se oferece à descoberta, com caminhos dos mais variados níveis de dificuldade e
tempos de percurso. "Temos morros para ser escalados, corredeiras para ser
atravessadas, pontes pênseis, cachoeiras, a maior selva do planeta, cânions, vales, lama
e dunas", diz Esdras Martins, organizador de um campeonato de caminhada. Há pelo
menos três maneiras de explorar essa diversidade a pé. A primeira é encontrar os
lugares, perto de casa, com trilhas na mata que possam ser exploradas com segurança.
Qualquer centro urbano no Brasil, inclusive São Paulo, tem opções para isso.
A terceira opção para praticar trekking são as competições conhecidas como enduro a
pé, cujo objetivo é fazer um percurso no tempo exato estipulado pelos organizadores. A
caminhada é um esporte saudável, barato e universal. O equipamento básico consiste em
uma garrafa de água e tênis confortáveis ou botas de caminhada, úteis para proteger os
pés e evitar torções do tornozelo.
Sobe e desce – se tiver que descer 100 m no meio da trilha, vai ter que subir os
mesmos 100 m novamente. Portanto adiciona 200 m ao desnível da caminhada.
T = TD + TSD + TE
Exemplo:
O primeiro trecho tem 3 km de extensão (36 min) com 200 m de desnível (30 min).
Nesse trecho não tem sobe e desce. O tempo do trecho será de 66 min.
T1 = 30 + 36 + 0 = 66 min
O segundo trecho tem extensão de 2 km (24 min) com desnível de 600 m entre
partida e cume (90 min) mais um Sobe e desce de 100 m (que na verdade é 200 m pois é
duplicado o valor do sobe e desce, resultando em 30 min). No total, este trecho leva 144
min.
T2 = 90 + 30 + 24 = 144 min
T = T1 + T2
A descida do cume até o crux (trecho mais difícil) são 600 m de desnível 60 a 90
min; vamos calcular com 90 min para ter um pouco de reserva.
Se formos até o cume não chegaremos no crux antes das 17 horas, mesmo sem
pausa.
Que atrasos devo levar em conta? Como estão os participantes física e mentalmente?
Como está o tempo?
Dicas rápidas:
- Não esqueça de checar a procedência da água; prefira sempre levar a sua, em garrafas,
cantil ou squeeze, a comprar de vendedores ambulantes ou beber de fontes pelo
caminho;
- Jogar água sobre a cabeça pode provocar uma sensação muito boa, mas não ajuda em
nada a hidratar o corpo. O líquido tem de ser ingerido;
- Não troque a camisa molhada por uma seca durante a atividade física. Camisas
ensopadas ajudam mais a refrescar; Prefira as roupas claras e de tecidos que permitam a
entrada de ar.
Dependendo da extensão do seu trekking seu cardápio poderá variar de algumas frutas e
lanches até ter que cozinhar por muitos dias. A regra é: leve o menor peso, mais
energético e maior conservação.
Frutas : qualquer tipo, cuide para não amassar dentro da mochila - recomendo
Bergamota (mexerica),laranja ou kiwi pelas vitaminas, Banana pelo potássio e/ou frutas
cristalizadas como figo, ameixa;
Chocolates;
Bolachinhas recheadas;
Alguma coisa com um pouco de sal, tipo avelã, amendoim ou castanha de caju;
Faça paradas estratégicas para a alimentação, respeite seus horários, pare na sombra, em
um lugar aprazível, descanse o que achar necessário após a refeição.
Evite cardápios exóticos pêlos lugares que passa. Muitas iguarias regionais são um
veneno para quem não está acostumado. Assim como frutas silvestres.
Travessias
Arroz em saquinhos.
Durante a noite use e abuse de chás naturais. Cidreira, Camomila, marcela, laranjeira,
hortelã, funcho, tudo de graça e muito saudável. Aprenda a identifica-las na sua cidade
em uma visita ao jardim botânico ou floricultura.
Nunca é demais lembrar: Não deixe embalagens e alimentos pelos locais que passam,
atraem animais, doenças e deixam sua marca (coisa que a natureza não precisa).
Embrulhe tudo nas embalagens e traga de volta, no máximo material orgânico poderá
enterrado para que a própria natureza recicle-o.
Ataque de Abelhas!!!
Apis mellifera. Esse é o nome científico da abelha, dado por Linnaeus. Mas, dentro do
próprio nome encontramos o termo fera, o que condiz com o seu comportamento feroz...
Normalmente as abelhas são operárias laboriosas, que polinizam flores e produzem cêra
e mel, vivendo em uma colméia. Mas algumas raças de abelhas são emocionalmente
instáveis, e se irritam com qualquer coisa diferente...
As abelhas são úteis ao homem a milhares de anos, e resultam de uma seleção entre
várias raças. A abelha mais comum no Brasil é resultado da mistura de uma variedade
nativa com a famosa abelha africana... Sim, ela mesma! Ou seja, sua produtividade de
mel é alta, porém ela tem o pavio curto...
As abelhas são particularmente perigosas quando estão em enxame, para formar uma
nova colônia. Os ânimos estão exaltados pelas disputas entre as possíveis rainhas, e elas
atacam simplesmente devido ao clima reinante no enxame... E quanto maior o enxame,
mais suscetíveis a iniciar um ataque elas estarão... Por outro lado, uma abelha solitária
que, por exemplo, entre em sua barraca, está somente procurando néctar, e só picará se
for ameaçada...
Ao ser atacado mantenha a calma... Parece besteira, mas as abelhas são atraídas pelo
descontrole, provavelmente o hormônio adrenalina... E pessoas que conseguem se
manter calmas tomam um número menor de picadas... Além do mais, o desespero pode
levar a vítima a se machucar seriamente em um galho, ou cair num precipício...
Mesmo sem ser picado, mantenha a calma. Nós, do Trilhas e Aventuras, nunca
sofremos um ataque, talvez por respeitar o inimigo, porém sem entrar em pânico ao
observar colméias e enxames. Claro que isso poderá mudar a cada trilha que fazemos,
devido ao temperamento desses bichinhos.
No caso de ataque, corra para o mato. Saia da trilha e entre na vegetação densa. Não
mantenha uma direção definida, correndo em zigue-zague (abelhas são péssimas em
curvas fechadas), e raspando deliberadamente nas folhas e galhos para que estes tirem
as abelhas de seu alvo (você) e também para que o sumo das folhas mascare os
hormônios liberados pelas abelhas agressoras em sua pele. Com sorte e alguma
disposição você conseguirá despistar as agressoras, ainda que se arranhando um pouco
no mato...
Em campo aberto corra, mas também em zigue-zague. Procure por obstáculos e corra
na direção deles (mas não em linha reta!). Certamente você levará algumas picadas, mas
escapará do grosso do ataque...
A velha estratégia de mergulhar na água pode funcionar, desde que você seja um
bom mergulhador e consiga sair da área crítica por baixo da água. Desnecessário dizer
que é melhor tomar umas picadas a se afogar, ou pior, mergulhar num local que não
permita a fuga, e cada vez que se respirar tomar mais picadas no rosto, e depois se
afogar...
Uma outra opção é, independente de se estar em campo aberto ou não, se cobrir com
algo espesso, como um saco de dormir, cobertor, etc. Lembre-se: A picada da abelha
perfura tecidos finos, e como elas são pequenas poderão penetrar por frestas. No caso de
conseguir algo adequado para se cobrir, tenha paciência para aguardar a dispersão do
enxame, o que pode levar um certo tempo. Não confie muito em se abrigar em barracas,
a não ser que dentro da barraca você possua um saco de dormir. Pois, se elas
descobrirem um meio de entrar, você ficará em maus lençóis!
Mesmo que sua decisão seja correr, diminua sua área exposta colocando sua jaqueta,
ou o que tiver à mão. Desde que realmente esteja à mão, pois rapidez é fundamental
numa situação destas.
Proteja os olhos: uma picada de abelha no globo ocular quase certamente levará à
cegueira do olho atacado. Na impossibilidade de correr (em uma montanha, por
exemplo) tente curvar-se sobre si mesmo, e proteja os olhos com as mãos. E, resista
bravamente. (ai!)
O ataque de um grande enxame pode ser mortal. A maioria das pessoas resiste em
média a mais de 50 picadas, mas há casos de mortes com apenas 3 picadas. Por outro
lado, há quem resista a 400 picadas. Como você não conhece o seu limite (e eu nem
tenho curiosidade de conhecer o meu), tente evitar ao máximo levar novas picadas.
Além do mais, um grande enxame pode facilmente ultrapassar a casa do milhar.
Se isso serve de consolo: A abelha ao picar perde seu ferrão, a bolsa de veneno e,
juntamente com isso, órgãos vitais de seu abdomen. Pouco tempo após a picada, ela
morre... Por essa razão leve em seu kit uma pinça para extrair a bolsa de veneno, pois
esta poderá inocular mais veneno se for pressionada. A técnica para retirar corretamente
o ferrão é, com a pinça, puxar pela base, no local mais próximo à sua pele, sem
pressionar a bolsa ou as vísceras.
O mesmo não vale para vespas e marimbondos. Após picar eles estão prontos e
dispostos para picar novamente.