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Esse trabalho tem por escopo refletir a respeito dos processos grupais expressando
os conflitos existentes, bem como as possibilidades de abertura e ressignificação dos
fatos e da própria realidade, por meio de recursos da Psicologia. Para tanto, tomamos
a película “Doze Homens e uma Sentença”, sob a ótica dos Processos Grupais na
perspectiva de Will Schutz. As dimensões de dependência e interdependência bem
como, os fatores centrais aspectos de personalidade de seus membros com relação
as dimensão de controle, afeto e inclusão serão articuladas com a narrativa do filme.
Os procedimentos metodológicos empregados partem do estudo bibliográfico
usufruindo as contribuições de Will Schutz (1989).
Sumário
Introdução .............................................................................................. 5
Desenvolvimento .................................................................................... 5
Conclusão .............................................................................................. 9
Referências ............................................................................................ 9
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Introdução
Desenvolvimento
Embora não seja escopo deste trabalho resenhar a película Doze homens e
uma sentença é imprescindível informar ao leitor uma concisa sinopse da história
contada no filme, a fim de amparar a compreensão do estudo.
A narrativa de Doze Homens e uma Sentença transcorre focando doze jurados
que devem decidir se um adolescente acusado de ter matado seu pai com uma facada
no peito, é ou não culpado. Em caso de condenação seria aplicada a pena de morte,
com execução na cadeira elétrica, sem direito à apelação. A decisão devia ser
unânime, visto que a jurisdição americana indica que só deve se votar pela culpa do
réu caso não haja nenhuma dúvida de sua acusação.
A princípio, onze jurados demonstram plena certeza que o réu é culpado, cada
um elencando o seu argumento. Entretanto, o jurado número 8, Sr. Davis, um
arquiteto, não acredita nem na inocência e nem na culpa. Ele demonstra a dúvida.
Convencido de sua incerteza, o Sr. Davis sugere aos seus colegas que analisem e
debatam entre si novamente as informações dos autos do processo.
Porém, sua dúvida um pouco angustiante e sua intenção de debruçar-se mais
a fundo depara-se com as dificuldades pessoais, a má vontade e rancores dos outros
jurados que, desmotivados pelo contexto (está muito quente na sala, outros estão com
pressa) preferem a certeza da condenação pois esse veredito lhes liberaria de volta
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aos seus afazeres. Esse impasse entre 11 convictos que querem trocar a condição
culpada do réu pela sua liberação e a certeza da dúvida do Sr. Davis, inicia o conflito
no grupo.
A película é filmada 97% do tempo dentro dessa sala do júri, na qual ocorrem
discordâncias acaloradas, algumas de altíssimo nível e outras que atingem o extremo
oposto. Argumentos e contra-argumentos são usados de maneira precisa, de modo a
permitir, passo a passo a reconstrução de como poderia ter ocorrido o crime.
Ao longo As situações conflitivas do grupo expõem preconceitos, mazelas,
estupidez e também a possibilidade de dignidade e de reparação que habitam o ser.
O filme inicia-se com as imagens do tribunal, no momento em que os jurados devem
retirar-se para a sala do júri. A película é filmada 97% do tempo dentro dessa sala do
júri, na qual ocorrem discussões acaloradas, algumas de altíssimo nível e outras que
atingem o extremo oposto.
Argumentos e contra-argumentos são usados de maneira precisa, de modo a
permitir, passo a passo a reconstrução de como poderia ter ocorrido o crime,
respeitando-se a máxima de que a verdade talvez nunca possa ser conhecida.
O grupo de jurados é heterogêneo é constituído por pessoas do sexo
masculino, maiores de 21 anos, com nível de escolaridade, profissão, experiências de
vida diversas. As diferentes posições e experiências vão se fazendo presente, a
princípio de modo informal, como se discussões não fossem necessárias pelos
“aspectos óbvios” do caso.
No transcorrer dos debates, alguns buscam a liderança, por meio da persuasão
e da banalização da situação. Expõe comentários hostis sobre as respostas e
percepções dos outros (conotação negativa), procurando que os não familiarizados à
situação, sintam-se menos preparados ou inferiores, não legitimados e submissos.
Essa situação colocada no filme nos remete às contribuições de Schutz (1989,
p. 103), a respeito dos processos grupais. De acordo com Schutz (1989, p. 104), no
desenvolvimento do grupo, precisam também ser considerados os aspectos de
personalidade de seus membros com relação as dimensão de dependência
(autoridade) e interdependência (intimidade) além da dimensão tempo e outros
fatores, tais como: objetivos do grupo, contexto físico-social, dentre outros.
Para Schutz (1989, p.104) a integração dos membros de um grupo acontece
quando certas necessidades fundamentais são satisfeitas, pois só em grupo e pelo
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grupo essas necessidades podem ser satisfeitas, sendo fundamentais porque são
vivenciadas por todo ser humano em um grupo qualquer.
Para Schutz (1989), ao descrever as necessidades interpessoais que ocorrem
em um grupo, destaca três: a inclusão, o controle e a afeto.
Necessidade de inclusão que significa a necessidade de se sentir considerado
pelos outros, de sua existência no grupo ser de interesse para o outros. Cada membro
do grupo procura seu lugar através de tentativas para encontrar e estabelecer os
limites de sua participação no grupo, o quanto vai dar de si, o quanto espera receber,
como se mostrará ou que papel desempenhará primordialmente. É uma fase de
introdução do grupo de forma ativa e experimental:
Esse cavalheiro ficou sozinho contra nós e não está dizendo que o
rapaz é inocente, apenas não tem certeza. Não é fácil se posicionar
contra todos. Ele fez uma jogada por apoio e eu lhe dei. Respeito suas
razões, o rapaz deve ser culpado, mas quero ouvir mais. (Fala do
jurado 9 no filme).
Conclusão
Referências
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SCHUTZ, Will. Profunda Simplicidade. Tradução Maria Sílvia Mourão Netto. São
Paulo: Ágora, 1989.