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Curso de Especialização em

Engenharia de Segurança - UEMA

RISCOS QUÍMICOS
Carga horária 30h
Prof. Alessandro Costa da Silva, Químico Industrial
Departamento de Química e Biologia
Universidade Estadual do Maranhão
Contatos: alessandro@uema.br ou
alessandro.silva@pq.cnpq.br
Mestre em Agroquímica, UFV - BRA.1995
Doutor em Edafologia, UFV e Univ. de Alcalá - ESP. 1999
Pós-Doutor em Ciência do Solo, Univ. de Montpellier - FRA. 2004
EMENTA
Conceituação e classificação dos agentes químicos;
Reconhecimento e precauções de ambientes de riscos;
Limites de tolerância no manuseio de substâncias
químicas; Contaminantes sólidos, líquidos e gasosos;
Medidas de controle coletivo e individual; Laboratório de
manuseio de equipamentos de avaliação de contaminantes
orgânicos e inorgânicos em diferentes estados físicos;
Instrumentos de aferição, medição e quantificação;
Determinação de vazão dos equipamentos de avaliação;
Riscos relativos ao manuseio, armazenagem e transporte
de substâncias agressivas; Princípios e conceituação de
identificação de produtos perigosos; Noções de sinalização
de segurança; Estudos de casos de agentes químicos no
Brasil; Normas Regulamentadoras especificas, NRs.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Conhecer e inserir uma nova concepção de modelo de
gerenciamento das atividades laborais visando
minimizar os problemas causados por produtos
químicos de forma ativa e/ou passiva;
Criar uma filosofia multiplicadora (no que se refere
aos riscos químicos) nos funcionários da empresa
com ou sem efeito cascata, visando a geração de
tecnologia química segura;
Fomentar a inser(atua)ção de profissionais da Higiene
Ocupacional na busca pela melhoria na qualidade
de vida laboral do trabalhador.
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NRs
Vinculadas
NR 6 (EPI no ambiente industrial)
NR 7 (PCMSO progControMed&SadOcup)
NR 9 (programa de prevenção de riscos)
NR 15 (atividades e operações insalubres)
NR 16 (atividades e operações perigosas)
NR 22 (atividades de mineração)
NR 25 (resíduos industriais)
NR 26 (sinalização de segurança)
NR 29 (atividades portuárias)
NRR 5 (produtos químicos na agricultura)
NRR 4 (EPI no ambiente rural)
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“The mitigation chemical goals for sustainability”
Richard Miller (1973)

ecology chemistry
sustanable chemistry
clean-up chemistry
green chemistry
environmental chemistry

NATURE x INDUSTRY x DEVELOPMENT

More informations:
www.epa.gov/greenchemistry
Marketing Desenvolvimento de
Disposição Final (*) produto/processo

Consumo Matérias-
do Produto Primas

Distribuição Processo de Produção


Embalagens
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Higiene ocupacional é uma área de estudo que
busca à prevenção de doenças ocupacionais,
através da antecipação, reconhecimento, avaliação
e controle dos agentes ambientais.
Agentes ambientais são aqueles potencialmente danosos ao trabalhador
podem ser físicos (ruído, calor, vibrações etc.), químicos (gases, vapores,
poeiras, fibras, hidrocarbonetos aromáticos etc.) ou biológicos (vírus,
bactérias e fungos). A interação de tais agentes com o organismo do
trabalhador, seja pela via respiratória, cutânea ou digestiva, gera males
ou doenças ocupacionais.
Sua ação é multidisciplinar, sendo parte das funções do Engenheiro e
Técnicos de Segurança do Trabalho, mas também de outras profissões
de específico conhecimento, para a análise dos próprios agentes
nefastos. Assim, atuam conjuntamente no exercício de higiene
ocupacional: químicos, físicos, bioquímicos, médicos e enfermeiros.
ABHO, site: www.abho.org.br
O que é um produto químico?
É uma substância, ou mistura de substâncias, obtida por processo
de elaboração química no laboratório ou na indústria.
Processos de elaboração química:
Separação, extração ou purificação , Síntese (reações químicas) ,
Mistura intencional (preparação ou formulação)
Os Produtos Químicos são fonte de riscos nos processos de
produção , transporte e armazenamento , utilização , tratamento e
destinação final de seus resíduos e de suas embalagens.
Classes de Risco TransporteProdutosPerigosos (Portaria ANTT420)
 Classe 1 - Explosivos
 Classe 2 - Gases
 Classe 3 - Líquidos Inflamáveis
 Classe 4 - Sólidos Inflamáveis;
 Classe 5 - Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

 Classe 6 - Substâncias tóxicas e infectantes


 Classe 7 - Materiais Radioativos
 Classe 8 - Substâncias corrosivas
9  Classe 9 - Substâncias e artigos perigosos diversos
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O QUE É RISCO QUÍMICO
 De acordo com o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, mais de 10 milhões de
substâncias químicas já foram descobertas ou
produzidas pela humanidade e milhares de
novos agentes/compostos são liberados a cada
ano. Desse total, cerca de 200 mil são usados
em quantidades significativas e sua produção
libera resíduos e rejeitos químicos com menor
ou maior grau de nocividade, podendo por
conseguinte levar o indivíduo a uma exposição
direta ou indireta a Riscos Químicos.
 www.greenpeace.org
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Risco inerente: característico da substância. Está
relacionado com as propriedades químicas e
físicas da mesma.
Risco efetivo: probabilidade de contato com a
substância. Está relacionado ao trabalho com o
agente de risco.
Dano: conseqüência da concretização do risco
simatologia.

 Efeitos agudos
 Efeitos crônicos
 …..
 Efeitos mutagênicos
 Efeitos carcinogênicos
 Efeitos teratogênios
 Efeitos sobre o poder reprodutivo

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SEGURANÇA QUIMICA

 Uso, armazenamento, transporte e descarte de substâncias


químicas orgânicas e inorgânicas
 Preocupação recente:

 1990: Programa Internacional de Segurança Química WHO


 2000: Workshops Resíduos Químicos/SBQ
 2002: Comissão do MMA (COPASQ)

 Sub-comissão “Segurança Química em Universidades”


 Sub-comissão “Descarte em Instituições de Pesquisa”
 Sub-comissão “Segurança Química em Empresas”
 Sub-comissão “Voláteis de Petróleo e derivados”
 Sub-comissão “Particulados de mineração de ferrosos”
 Sub-comissão “Particulados de mineração de não-ferrosos”
 Sub-comissão “Uso e descarte de embalagens de agrotóxico”

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 PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES DAS SUB-COMISÕES:

 MEC, CNPq FINEP e CAPES deverão incluir Segurança


Química como uns dos parâmetros de avaliação de cursos
de Graduação e pós Graduação. MT, MA, MMA e MME
deverão fiscalizar as secretarias estaduais e municipais no
que diz respeito ao controle dos agentes químicos. FIESP
deverá incluir gestão de resíduos químicos nas empresas e
capacitação de funcionários.

 Em nível Global (CPAQ-Resolução1540 da ONU) e Local:

 Obrigação de Mapas de Risco, PPRAs e ARTs


 Controle rigoroso do fluxo de insumos químicos
 Disciplinas obrigatórias de SQ (grad e pg)
 Formação de agentes pela ABIN-MCT
 Banco de informação sobre resíduos químicos
 Qualificação de Rec. Humanos
 Controle no uso de agroquímicos
 Fiscalização Aérea e Portuária
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A+B C + D + R TÓXICO

A+B C + D + R ATÓXICO (?)

A+B C (D + E + ...)

A+B C + D NÃO BIODEGRADÁVEL

A+B C + D BIODEGRADÁVEL

+n +n +n +n
xA + yB zC +wD
.... MONITORAMENTO E CONTROLE ...
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19 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA
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PRODUTOS QUÍMICOS
COMO FATORES DE RISCO

As substâncias químicas podem ser


agrupadas, segundo suas características de
periculosidade, em:

asfixiantes tóxicos carcinogênicos


explosivos corrosivos mutagênicos
comburentes irritantes teratogênicos
inflamáveis danosos ao alergênicos
meio ambiente

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ASFIXIANTES
 Simples: sua presença diminui a
concentração de oxigênio do ar. Por isso
são perigosos em concentrações muito
elevadas. Exemplos: N2 , He e outros gases
nobres, CO2, etc.

 Químicos: impedem a chegada de O2 aos


tecidos. Sua atuação pode ocorrer de
diferentes maneiras, por exemplo: o CO
fixa-se na hemoglobina no lugar do O2; o
HCN fixa-se na citocromooxidase; e, o H2S
além de bloquear a citocromooxidase, afeta
o centro regulador do sistema respiratório.
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EXPLOSIVOS
 Substâncias que podem explodir sob efeito
de calor, choque ou fricção. As
temperaturas de detonação são muito
variáveis: nitroglicerina, 117 oC; isocianato
de mercúrio, 180 oC; trinitrotolueno (TNT),
470 oC.
 Certas substâncias formam misturas
explosivas com outras. Por exemplo:
cloratos com certos materiais combustíveis,
tetrahidroresorcinol com metais
 Outras tornam-se explosivas em
determinadas concentrações. Ex: ácido
perclórico a 50%

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COMBURENTES
 Substâncias que em contato com outras
produzem reação fortemente exotérmica.
Ex: sulfonítrica, sulfocrômica, nitritos de
sódio e potássio, percloratos, permanganato
de potássio, peróxidos e hidroperóxidos.

INFLAMÁVEIS

 Extremamente inflamáveis

 Facilmente inflamáveis

 Inflamáveis
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TÓXICOS

DL50 oral DL50 cutânea CL50 inalação


ratos, mg/Kg ratos/coelhos, ratos, mg/m3
mg/Kg
Muito tóxico < 25 < 50 < 0,5
Tóxicos 25 – 200 50 – 400 0,5 2,0
Nocivos 200 – 2000 400 – 2000 2 - 20

26 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


CORROSIVOS
 Substâncias que quando em contato com tecidos
vivos ou materiais podem exercer sobre eles efeitos
destrutivos.
 Exemplos: metais alcalinos, ácidos e bases, desidratantes
e oxidantes

IRRITANTES
 Substâncias não corrosivas que por contato com a
pele ou mucosas pode provocar reação
inflamatória.
 substâncias corrosivas a baixas concentrações são
irritantes
 quanto mais solúvel em água, mais irritante para o trato
respiratório
 solventes orgânicos são irritantes por dissolução da
camada lipídica protetora da pele.

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CARCINOGÊNICOS

 Classe I: substâncias cujo efeito carcinogênico


para o homem foi demonstrado através de estudos
epidemiológicos de causa-efeito
 Classe II: substâncias provavelmente
carcinogênicas para o homem. Estudos de
toxicidade a longo prazo efetuados em animais
 Classe III: substâncias suspeitas de causar câncer
no organismo humano, para as quais não se dispõe
de dados suficientes para provar sua atividade
carcinogênica e os estudos com animais não
fornecem provas suficientes para classificá-las na
classe II

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MULTAGÊNICOS

 Substâncias que podem alterar o material


genético de células somáticas ou
reprodutivas. Dividem-se em 3 categorias,
como os carcinogênicos.
 O número de substâncias
reconhecidamente mutagênicas é muito
maior do que o de carcinogênicas
 Considera-se que alguns tipos de câncer
são resultado da evolução de processos
mutagênicos.

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MULTAGÊNICOS

 Substâncias que podem alterar o material


genético de células somáticas ou
reprodutivas. Dividem-se em 3 categorias,
como os carcinogênicos.
 O número de substâncias
reconhecidamente mutagênicas é muito
maior do que o de carcinogênicas
 Considera-se que alguns tipos de câncer
são resultado da evolução de processos
mutagênicos.

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ALERGÊNICOS

 Substâncias que causam resposta anormal


do sistema imunológico de defesa
 Exemplos: aminas, aldeídos, acrilatos,
isocianatos, epóxidos, berílio, cromio,
níquel, cobalto.

Maiores informações no livro:


Bretherick, L. - Handbook of reactive chemical
hazards, 4th edition, Royal Society of
Chemistry, London, 1990

31 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


Reações químicas perigosas
Algumas substâncias que reagem violentamente com água

 Metais alcalinos
 hidretos de metais alcalinos
 Amidas de metais alcalinos
 Alquilmetais (Li e Al, principalmente)
 reagentes de Grignard (alquilantes)

Reações químicas perigosas


Algumas substâncias que reagem violentamente com água

 Reagentes de Grignard (RMgX)


 Alquil e arilmetais: RLi,R3Al
 Metais carbonilados: Ni(CO)4
 Metais alcalinos
 Metais em pó: Al, Co, Fe, Pt
 Hidretos metálicos: NaH, LiAlH4
 Hidretos de não-metais: B2H6, PH3, AsH3
32 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA
GRUPOS QUÍMICOS DE CARÁTER INSTÁVEL
 Compostos acetilênicos
 hidroperóxidos, peróxidos
 epóxidos 1,2
 hipohalogenito, halogenito, halogenato, perhalogenato
 compostos nitrosados (-NO2)
 compostos polinitrados (-NO3)
 hidretos metálicos
 arsina, fosfina, silano
 compostos azo e diazo
 sais de diazônio
 compostos N-nitrosado
 compostos N-nitrados
 halogenoaminas
 nitraminas
 Alquilmetais
 Compostos de azida
 hidretos de alquilmetais
33 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA
CÁLCULO TERMODINÂMICO DO NÍVEL DE RISCO

 Pode-se fazer uma previsão do risco relativo , através de cálculos


envolvendo parâmetros termodinâmicos, como:

D Sf = entropia de formação
D Hf = entalpia de formação
D Gf = entalpia livre de formação
D Gf = D Hf - D Sf

Substância D Gf , 298 K Reatividade


(kcal.mol-1)
MgH +34 inflamabilidade espontânea

MgO - 136 muito estável

AgN3 +90 altamente explosivo

34 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


REAÇÕES QUÍMICAS PERIGOSAS
SUBSTÂNCIAS INCOMPATÍVEIS
Uma grande variedade de substâncias reagem
perigosamente quando em contato com outras.
Por isso antes de misturar quaisquer substâncias
deve-se buscar informações sobre a compatibilidade
das mesmas.
Nenhuma lista é exaustiva, mas algumas
relativamente abrangentes podem ser encontradas:

NA INTERNET:
http:physchem.ox.ac.uk/MSDS/incompatibles.html
NA BIBLIOTECA:
Chemical Safety Matters, IUPAC - 1992, Appendix E.

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MANEJO AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS E QUESTÕES
RELACIONADAS COM OS ESGOTOS

 O presente capítulo foi incorporado à Agenda 21


em cumprimento ao disposto no parágrafo 3 da
seção I da resolução 44/228. Deve-se elaborar
estratégias para deter os efeitos da degradação do
meio ambiente no contexto da intensificação dos
esforços nacionais e internacionais para promover
um desenvolvimento sustentável e ambientalmente
saudável em todos os países

36 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


O QUE DEVEMO FAZER COM NOSSOS
DESCARTES (RESÍDUOS )
PROVENIENTES DOS LABORATÓRIOS ?
A

BUSCAR SEGURANÇA & QUALIDADE


A

CONHECER - ENTENDER PRA TER,


TER POR REQUERER
SABER FAZER
E, QUERER FAZER …. GESTÃO

37 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS EM LABORATÓRIO

 Conjunto de atividades que tem por finalidade dar aos


resíduos perigosos o destino final mais adequado de
acordo com suas características
 Compreende as operações de classificação,
armazenamento, transporte, tratamento, recuperação e
eliminação dos resíduos.

Caracterizando o problema:
 atividades do laboratório
 relação de produtos utilizados
 técnicas instrumentais utilizadas
 relação das operações e análises efetuadas no lab
 quantidade, periodicidade e variedade dos resíduos
gerados
 organização do laboratório
 possibilidade de substituição ou minimização

38 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


ISOLAMENTO/CONFINAMENTO

 Recomendável para produtos inflamáveis,


cancerígenos, mutagênicos, mal cheirosos e/ou com
alta toxicidade aguda
 Cancerígenos/tóxicos fatais
 armário especial, trancado e devidamente sinalizado
 Devem ser mantidas em frascos com dupla proteção
 Substâncias mal cheirosas
 Armários especiais com ventilação exaustora

Maiores detalhes sobre armazenamento de


substâncias químicas:
PIPITONE, D. A. Safe storage of laboratory chemicals,
2nd edition, John Wiley & Sons, 1991

39 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


SUBSTITUIÇÃO

 Substituir produtos de reconhecida toxicidade por outros menos tóxicos


 Substituir equipamentos e processos que envolvam riscos por outros
menos problemáticos
 Exemplos:
 Solventes

 Telas de amianto

DESCONTAMINAÇÃO

 Os procedimentos de limpeza adequados em caso de derramamentos e


respingos devem estar devidamente explicitados
 Devem estar disponíveis os agentes descontaminantes necessários para
cada tipo de ocorrência. Existem produtos comerciais disponíveis
 Chemsorb (Merck)  orgânicos, ácidos e bases
 Chemisorb Hg  específico para Hg
 Pasta de enxofre + cal  Hg
 Materiais utilizados para este tipo de limpeza devem ser considerados
resíduos químicos

Dependendo da toxicidade e quantidade derramada do produto, os


bombeiros deverão ser acionados

40 Prof. Dr. Alessandro Silva - UEMA


44 Fernando Coelho - IQ/Unicamp
CARACTERIZAÇÃO DO RISCO

Estimar o risco
Grupo/indivíduo
mais crítico
Análise (Dose-Resposta)
Exposição ao
Risco
Avaliação da Exposição
PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
A INCERTEZA É A FALTA DE CONHECIMENTO SOBRE O
QUANTO UMA MEDIDA OU UM CÁLCULO SÃO CORRETOS

PRECISÃO (erro conhecido) e EXATIDÃO (sem erros)

A VARIABILIDADE É A DISPERSÃO OU VARIAÇÃO DO GRAU EM


QUE OS DADOS NUMÉRICOS SE AFASTAM DE UM VALOR
NUMÉRICO MÉDIO (EX. DIFERENÇA DOS NÍVEIS DE
EXPOSIÇÃO ENTRE OS INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE).

O QUE REPRESENTA, DE FORMA ERRADA O RISCO?


Erros computacionais
Uso inadequado de fatores de exposição
Descrição inadequada do ambiente e população
Descrição insuficiente das incertezas
QUAL A POSSIBILIDADE DE UMA
PESSOA ADULTA CONTRAIR CANCER
DE PULMÃO DURANTE EXPOSIÇÃO DE
VOLUME AÉREO DE 20 m3 DE PÓ DE BRITA.

DADO:
FATOR POTENCIAL CÂNCER
(Pulmonar/SÍLICA).
FPC = 8.4 mg/Kg/dia;
UNIDADE DE RISCO DA SUBSTÂNCIA (SI).
URS = 2.4 X10-3 g/m3
FORMAS DE CÁLCULO DO RISCO INDIVIDUAL
DE CONTRAIR ALGUMA FORMA DE CÂNCER

Fator Potencial Câncer (pulmonar/Sílica)


FPC = 8.4 mg/kg/dia

Unidade de risco da substância (Si)


2.4 x10-3 g/m3

Risco Indiv = 8.4 x (2.4 x 10-3 g/m 3 x 20 m3 ) /70


= 9.6 x 10 -4

Risco Indiv = 0,001 possibilidade de câncer pulmonar.


CÁLCULO DO RISCO POPULACIONAL
Risco Populacional RP

RP = tamanho populacional x média do


Risco individual

Incidência de câncer pulmonar por ‘Si’

RI = 9.6 x 10 -4

Para uma população de 1 milhão de habitantes.

RP = 1000 000 x 9.6 x 10-4 = 960 casos de câncer.

OBS: quando tivermos diferentes substâncias


carcinogênicas, os riscos serão, infelizmente somados.
Como podemos avaliar?
AVALIAÇÃO DOSE-RESPOSTA

A avaliação dose-resposta consiste na relação


entre a dose administrada ou recebida de uma ou
mais substâncias e a incidência de um dado
efeito adverso significativo nos indivíduos
expostos a essas substâncias e ao ambiente.

Dose
? Resposta

R = F (Co, Te, Or)


Análise da Dose-Resposta para Carcinogênicos

O AUMENTO DA DOSE DE UM AGENTE ACARRETA UM


AUMENTO NA RESPOSTA EM TERMOS DE SEVERIDADE

E DE INCIDÊNCIA DO EFEITO-DETERMINÍSTICO SÃO


OBTIDOS POR TESTES EM ANIMAIS E EM HUMANOS.

Dose
? Resposta

R = F (Do)
AVALIAÇÃO DOSE-RESPOSTA

Conhecer e, também, avaliar a toxicidade dos agentes


potencialmente perigosos
Conhecer os limites para a relação dose -efeito para
garantir que a exposição de indivíduos ou de uma
população não exceda a ocorrência de efeitos adversos.

A relação dose resposta descreve a proporção


das respostas individuais de um funcionário em
relação a magnitude da dose para um período
específico de exposição.
Princípios Básicos da relação
Dose - Resposta
Paradigmas do Risco Socioambiental
Fontes Resposta
s à saúde
Humana
Ambiente Câncer
de Mecanismos Genéticos
Trabalho determinantes da Doenças Funcionais
liberação, (sistema)
Emissão transformação, Mecanismos
industrial dispersão de dano e reparo
- Respiratório
e transporte,
Uso do - Endócrino
Produto - Reprodução e
Desenvolvimento
- Neurológico
- Imunológico

Análise da Exposição Identificação do risco


Ar, Gases, Vapores, Partículas, Água, Alimento Relação dose-resposta

Avaliação de risco
(atualizada em 2010)
(atualizada em 2010)
(atualizada em 2015)
TOXICOCINÉTICA
Absorção digestivas dos
Exemplo de metais que
metais presentes na água
atravessam barreiras
biológicas As org. 20%
Placentária Hematoencefálica
Zinco 12%
Arsênico sim não
Cobre 10%
Cádmio não sim
Hg metálico sim sim Chumbo 5-10%
Hg orgânico sim sim Ferro 15%
Manganês sim sim Manganês 3%
Chumbo sim sim Cadmio 2%
Selênio sim não
Hg met. 0,01%
Hg org 100%
(Ver estudo de Caso) aa
Armazenamento de produtos
químicos

 Imprescindível
 conhecer todos as informações disponíveis sobre
os produtos químicos que serão armazenados 
MSDS
 Frascos adequadamente rotulados
 Três princípios fundamentais:
 Redução do estoque ao mínimo
 Estabelecer segregação adequada
 Isolar ou confinar certos produtos
Redução do estoque

 O laboratório deve ter um sistema ágil de


controle de estoque, integrado aos demais
laboratórios do Departamento e da instituição
 Se possível, proceder as compras de
reagentes segundo as necessidades.
Embora isto acarrete um trabalho burocrático
maior, subsidiará um armazenamento mais
seguro
Segregação

 Separação segundo as características


inerentes às substâncias e suas
incompatibilidades: oxidantes de inflamáveis,
substâncias cancerígenas, peroxidáveis, etc.
 Informações sobre substâncias químicas
imcompatíveis:
na internet: http://physchem.ox.ac.uk/MSDS/incompatibles.html
na Biblioteca do IQ:
IUPAC - Chemical Safety Matters, 1992, Appendix E.
 Dependendo das dimensões do estoque e do
espaço do almoxarifado, a segregação
poderá ser feita através de estantes ou de
ilhas
 Ilhas: as famílias de incompatíveis são
armazenadas em estantes distintas, de modo que
estejam isoladas por corredores de pelo menos 1
m.
 Estantes: as famílias de incompatíveis são
colocadas na mesma estante, sendo separadas
por substâncias inertes
Exemplo: Armazenamento de incompatíveis em um
mesma estante.

= ácidos = inertes = bases


Disposição das estantes
As distâncias entre as estantes devem ser > 1 m
Características das instalações

 Estantes
 metal (com fio terra) ou alvenaria são indicados
para a maioria dos produtos. Para os corrosivos
as estantes metálicas não são adequadas
 É recomendável que tenham um anteparo para
evitar transbordamento pra outra prateleira no
caso de derramamento. Sistema de “gavetas” é
também interessante
 Devem ter no máximo 2 m de altura
 Devem estar bem fixadas (solo, teto e paredes)
 Armários protegidos
 Armários especiais para inflamáveis .

Devem ter RF-15, pelo menos.


 Devem ter prateleiras com barreira de

contenção
 Devem ser “aterrados” (fio terra)

 As portas devem ter 3 pontos de

fechamento
 Devem estar adequadamente

sinalizados
 Devem ter rede corta-chamas e

exaustão
 Refrigeração
 Não são recomendados refrigeradores comuns
(domésticos) para armazenamento de produtos
voláteis como éter etílico e outros solventes
 Câmaras frias devem ter ventilação exaustora e
iluminação à prova de explosão. Os comandos
devem ser externos
 Ventilação
 poderá ser natural ou forçada e deverá ser ligada
pelo menos 10 minutos antes da entrada no local
 Piso
 Revestimento antiderrapante e que não acarrete
em eletricidade estática
 Drenagem para caixa de contenção
Isolamento/confinamento

 Recomendável para produtos inflamáveis,


cancerígenos, mutagênicos, mal cheirosos
e/ou com alta toxicidade aguda
 Cancerígenos/tóxicos fatais
 armário especial, trancado e devidamente
sinalizado
 Devem ser mantidas em frascos com dupla
proteção
 Substâncias mal cheirosas
 Armários especiais com ventilação exaustora
Disposição dos frascos nas estantes
 Os mais pesados nas prateleiras inferiores
 Ácidos e bases distribuídos conforme a “força
relativa”, mais fortes embaixo, mais fracos
encima
 Os inertes podem ser agrupados de modo a

facilitar sua localização


 Os reagentes incompatíveis com água
devem ser colocados em estantes situadas
longe da tubulação de água
Mais detalhes :
D. A. PIPITONE, Safe storage of laboratory
Controle de contaminantes
no Laboratório
Sistemas de controle de
contaminantes no laboratório

 Ideal: prever estes sistemas no desenho do


laboratório
 Métodos de controle:
 Técnicos
 Administrativos

 Objetivo único: que as pessoas que trabalham no


laboratório o façam em condições controladas,
através de técnicas adequadas de manuseio de
materiais e produtos químicos, contando com os
equipamentos e instalações necessários
Informação

 É uma das técnicas mais importantes, mas


também a mais negligenciada, no controle da
contaminação ambiental
 Instrumentos mais usuais e eficientes:
 Treinamentos periódicos: cursos/ palestras
 Sinalização: cartazes e indicações de segurança
 MSDS: acessíveis para todos os que trabalham
no laboratório
 Protocolos de atuação para as diversas atividades
desenvolvidas no laboratório
Substituição
 Substituir produtos de reconhecida toxicidade
por outros menos tóxicos
 Substituir equipamentos e processos que
envolvam riscos por outros menos
problemáticos
 Exemplos:
 Solventes

 Telas de amianto
Delimitação de áreas

 Deverão ser delimitadas e sinalizadas as


áreas onde sejam efetuadas operações de
maior risco, como destilação de solventes,
uso de sistemas de refluxo, manuseio de
produtos de alta toxicidade, etc
 Estas áreas deverão ter o acesso controlado
Descontaminação
 Os procedimentos de limpeza adequados em caso
de derramamentos e respingos devem estar
devidamente explicitados
 Devem estar disponíveis os agentes
descontaminantes necessários para cada tipo de
ocorrência. Existem produtos comerciais disponíveis
 Chemsorb (Merck)  orgânicos, ácidos e bases
 Chemisorb Hg  específico para Hg
 Pasta de enxofre + cal  Hg
 Materiais utilizados para este tipo de limpeza devem
ser considerados resíduos químicos
Dependendo da toxicidade e quantidade derramada
do produto, os bombeiros deverão ser acionados
Ordem e limpeza

 Laboratório em atividade não precisa estar


desordenado e caótico, com bancadas e
capelas repletas de materiais e produtos
químicos
 Basta dedicar uma ½ hora para a arrumação
do laboratório
 Desordem implica em descuido e
improvisação que podem levar a sérios
acidentes
Controle da exposição a agentes
químicos

 Hierarquia:
 Substituição
 Processos que impeçam liberação
 Isolamento/Confinamento
 Ventilação local extratora
Extração localizada: capelas
 Deverá permitir a observação do que está no seu
interior
 A eficiência deverá ser similar com a janela aberta
ou fechada
 Deverá ser de fácil limpeza e descontaminação
 Não deverá ser ruidosa
 Os efluentes gasosos deverão passar por um
sistema filtrante antes do descarte para atmosfera
externa
Dimensões

 Depende do tipo de uso que se pretende


fazer, podem ser até do tamanho de uma
sala, no caso de sistemas de destilação.
Neste caso o piso deverá ser inclinado e dar
escoamento para uma caixa de segurança.
Capelas convencionais
 Dimensões usuais na faixa de 90-120 cm de largura,
1,90-2,20 m de altura, 65-75 cm de fundo
 volume interno ~ 1 m3
 Os materiais de revestimento interno podem ser
variados, o mais utilizado é a cerâmica anti-ácido.
 Por segurança, o piso da capela deve ser mais baixo
do que a borda externa
 Deverão existir vários níveis de captação de
gases/vapores no interior da capela
 Os controles de todas as utilidades do interior da
capela (GLP, água, N2, etc) devem ser externos, bem
como as tomadas e interruptores

CSBs, Cabines de Segurança Biológica


REFERÊNCIAS

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POR FIM.....
AGRADEÇO, PELA PACIÊNCIA

ABRAÇOS.

contatos : alessandro@uema.br

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