aspectos da vida religiosa comum a toda humanidade, e de toda manifestação religiosa. Esses elementos, invariantes, deve ser captado na religião mais simples, isso porque será mais fácil isolar estes aspectos elementar, pois, em religiões desenvolvidas esses elementos estão camuflados em outras atividades, ficando incerto separá-los. Nenhuma instituição humana se 206 baseia na mentira e falsidade, por isso a religião não pode ter por base esses postulados. A religião de modo geral, tem relações com a realidade existencial, dando respostas aos fenômenos exteriores. Se houver erro geralmente é na justificativa do fiel que exprime mais suas sensações do que a concepção da instituição social. A religião dar respostas ao homem, se há duração certamente não tem mentira ou falsidade. Durkheim justifica a escolha da 206 religião primitiva, objeto de estudo, por sua condição simples que ajudará na explicação dos aspectos elementares da vida religiosa, e sua evolução na história. Essa postura se apoia nas descobertas da evolução biológica, quando a descoberta da célula unicelular trouxe nova luz aos estudos. A filosofia manteve a pergunta sobre 208 a natureza da religião; cabe a sociologia pelo método empírico experimental responder. O aspecto elementar das religiões se baseia nas representações e no seu ritual. Compreender e explicar os elementos elementar da vida religiosa é frutífero em seu modo simples, ou seja, primitivo. Durkheim esclarece o que entende 210 por origem das instituições, sendo diferente do “começo absoluto” como algo espontâneo. Seu objetivo é compreender os elementos essenciais que formaram a religião. Portanto, saber quando originou é algo impraticável ao rigor científico, mas a ciência pode estudar as causas que originaram determinado fenômeno ainda atuante, já que, suas causas ainda permanecem, embora de forma complexa. As categorias são representações 212 religiosa/social quem tem ligações com a realidade coletiva. O tempo, como categoria social, para ser conhecido precisa ser diferenciado, visto além de uma homogeneidade. Esse quadro social é abstrato e se é social será impessoal, podendo ser usado coletivamente. A tese central do objeto de estudo 212 secundário de pesquisa, é que as representações religiosas/sociais exprimem realidade coletivas; e os rituais são maneiras de agir, manter ou reformar estados mentais. Essa é a conclusão. As representações categoriais 213 surgem pela classificação da diferença, e mesmo sendo uma construção abstrata as representações/categorias tem relações com fatos objetivos, podendo ser a organização social do grupo. Assim, a categoria mesmo abstrata não surge puramente, existe uma ligação com a realidade, a organização social. Referente ao religioso sua ligação é com o totem. Ora o aspecto social também é o 214 demiurgo de outras noções além do espaço. A noção de identidade, base do conhecimento científico e social, surge como uma variação entre grupos sociais. O apriorismo (racionalismo), da 216 qual Durkheim demonstra certa simpatia, tem dois fundamentos superposto, o ideal (pensamento) e o real (prático). Numa passagem posterior, Durkheim irá responder sobre o antagonismo dessas duas ordens propondo outra explicação daquela kantiana. Em outra obras, sociologia e filosofia, Durkheim antecipa naquele opúsculo a discussão aqui feita. Naquele momento a discussão se baseia no fato moral, que traz a obrigação, mas não só ela, também está incluído na regra moral a desejo de cumprir. Na nota de rodapé Durkheim diz porque não qualifica o apriorismo como inatismo; ele não o faz porque considera ser um aspecto secundário, seu interesse no apriorismo é em construir conhecimento sem precisar recorrer a sensibilidade empírica, podendo pela razão construir conhecimento impessoal e universal. O reino social está dentro do império 218 natural. O conhecimento produzido socialmente também revela em certo sentido o mundo natural. É por isso que na nota de rodapé, Durkheim, coloca a teoria sociológica como intermediária entre o empirismo (natureza, sensibilidade) e o apriorismo clássico (razão), significa dizer, que estudará a natureza social explicando-a pela razão de maneira impessoal. As formas comuns à vida religiosa 221 são: sagrado/profano, alma, espírito, personalidade mítica, divindade nacional, culto negativo, ritos, oblação. Para os estudiosos da religião 222 o ritual é a tradução exterior de sentimentos internos da natureza contingente, por isso desprezaram, e focaram nas crenças. No entendimento do fiel praticante, a religião não exprime conhecimento ou faz pensar, o que eles sentem é um agir que auxilia a viver. A fé o sentimento que impulsiona não cria e nem aumenta a qualidade da natureza humana, mas a libera. O local de viver a fé é o culto (ritual) em que o fiel sempre recorre para resolver seus problemas, pondo em ação atos regulamente repetido, tornando esse ritual uma instituição social. Durkheim diz que a religião não 223 pode ser explicada pelo argumento do fiel, pois, este, explica por sua sensação que é variável, gerando uma incerteza na explicação. A religião, enquanto objeto de estudo, só se explica por representações conceituais. Mas o objeto ele é exterior, está nos atos, e é social quando esse ato é um agir comum. Se a religião em seu aspecto ritual impõe atos, agir comum duráveis, a religião é a base das principais instituições humanas. Tudo porque ela exprime a qualidade de agrupar o coletivo, podendo se pensar e objetivar na própria prática ritual. Os ritos são agir repetitivos, aos 224 observar parecem até mecânicos, mas isso é só uma aparência exterior por detrás existem complexas operações mentais. A religião é explicada pela 225 organização social, seu substrato. Mas como se verá adiante o ideal não é epifenômeno da organização social, existe um independência. Mesmo a sociedade se baseando num ideal sua transparência com a organização social põe na ideia o mal e o ruim, seja deus o mal ou o antideus. Ao modo religioso o real é ideal. O estado de efervescência social é o 226 ser sociedade em sua existência, se criando e recriando, dando ao homem suas categorias fazendo ô pensar por suas próprias qualidades espirituais. Essa efervescência social são momentos de ajuntamento coletivo, somente nesses momentos o ser social se manifesta podendo ter consciência de si mesmo. A sociedade, esse Ente, torna 227 possível a personalidade individual, somente na sociedade o fenômeno individualidade foi possível. Mas compreender o que é a sociedade é preciso entender o meio em que ela surge, o seu real, que está na organização social. O indivíduo é resultado da vida 228 coletiva. Durkheim ao considerar a sociedade 230 Para Berger e Luckmann a um ente pontua sua manifestação construção dos fatos social, ou pela coletividade tendo uma força melhor, das instituições sociais é criativa. Porém, não é um simples uma criação humana tornando-se o aglomerado que faz manifestar o mundo social e por sua vez cria o social, ou em outras palavras homem esse ser social. A própria desencadear uma efervescência estrutura social seria construída social. É preciso a fusão, ou melhor, pelo homem vivendo em a síntese sui generis das sociedade, havendo um consciências e emoções. No passado movimento circular gerativo. a atividade religiosa despertou o Durkheim tem fortes.... social; em breve, no futuro, o homem conhecerá outra forma coletiva do social surgir e se criar, recriar, para além do culto religioso. Durkheim diz, haver uma ligação 231 entre religião e ciência, em ambos existem as mesmas bases de preocupação (explicar a natureza, o homem e a sociedade), as operações mentais são as mesmas, classificando e sistematizando. As bases logicas, também, são as mesmas, ao construírem categorias impessoal e universal, apesar da ciência fazer um refinamento protocolar na produção do conhecimento. O conflito entre religião e ciência não se assenta na rivalidade de conhecimento geral, mas antes numa área especifica: a alma. No decorrer do desenvolvimento 232 social a religião abre mão das funções cognitivas e intelectuais. Mas o reino da alma ainda é seu campo de atuação, resistindo e dificultando a ciência penetrar no fenômeno religioso e moral. Ou seja, a religião abandona a maior parte dos objetos a ciência, lutando para manter sua hegemonia nos assuntos da alma e da moral. Assim o conflito é limitado, não existindo um antagonismo acirrado. Para a religião manter suas formas básicas que é o culto e a fé é preciso justificar a si mesma para se conservar. Essa justificativa vem da função especulativa, não no sentido dogmático, mas da especulação teórica apoiada na ciência. O tipo de especulação teórica da 233 justificação religiosa parte da ciência e vai além; mas mantém uma ligação com o passado quando se apoia na sensação e sentimento deixando de lado o aspecto da razão lógica científica. Mas a religião não chega a desafiar a ciência, mas parte desta. A diferença entre o conceito lógico 234 e a ideia geral é: o primeiro é uma construção da razão, o outro é o resultado das percepções e sensações. O conceito é resistente a mudança, 235 isso porque não é vulnerável as sensações. O uso do conceito é comum na língua corrente, cada palavra é um conceito; e também, o conceito é usado na ciência, tendo apenas diferença de grau. O conceito tem sua concentração na 236 língua que é algo coletivo, então afirmar, que o conceito é uma elaboração coletiva é acertado. E por ser uma elaboração coletiva o conteúdo ultrapassa o individual, seja na experiência transmitida, seja pelo acúmulo do conhecimento. O conceito por ser uma 237 representação coletiva atravessa o tempo, acumulando em si o conhecimento de gerações e se transformando a cada geração quando é enriquecido. Seu uso particular tem influência da sensação, podendo haver falhas na comunicação. Esse conceito é a lógica formal baseada na impessoalidade e estabilidade, características fundamentais da verdade. As noções tipos é a sociedade 238 (intersubjetividade) em operações mentais do conceito. A criação do conceito seja qual for sua origem sempre manterá uma ligação com a realidade, e seu conhecer é a expressão da verdade em categoria do objeto, pois é impessoal e universal, não podendo variar. Mas se o conceito evoluiu foi justamente no uso da ciência, que o produz por um método controlado. O conceito comum tem o controle da experiência própria. Assim, a diferença se mantém de grau entre conceito comum e conceito cientifico. * é preciso ter claro que o uso do conceito lógico no senso comum é uma criação do social, não existe conceito feito pelo indivíduo comum, aquilo que ele faz é ideias gerais de suas percepções e sensações. Quando o indivíduo cria conceito é geralmente no método científico, quando é possível conceber em ver de perceber. Mais uma vez Durkheim defende a 240 impessoalidade e estabilidade do conceito, que seu conteúdo é conceber os objetos tirando seu “substrato” que também é social, por exemplo: categoria gênero – grupo humano/ categoria tempo – ritmo social/ categoria espaço – espaço ocupado pela sociedade/ categoria causalidade – força coletiva, força eficaz. O objeto de referência na categoria corresponde a algo amplo para ser universal e gerar entendimento entre os homens. A abrangência do conceito 241 categorial é a totalidade, porque seu objeto é abrangente, desta forma, a experiência individual não tem condição de impor e nem conceber uma categoria totalizadora, muito por causa das limitações físicas e cognitivas. A sociedade constrói suas categorias 243 Desta maneira o pensamento de de maneira lógica. Essas categorias Durkheim, de fato está no meio exprime ter consciência de si termo entre apriorismo e mesma, no sentido de conceber sua empirismo. A representação organização e os objetos que coletiva não é um nominalismo, no mantém relação. qual os universais são construções puramente do espirito, ele existe de * ter consciência de si mesmo. fato, e as representações mantém Muito próximo da definição referência, sendo ideal e real ao seu fenomenológica, quando o sujeito modo. reflete sobre sua abstraindo sua experiência do real tornando uma ideia pura. Seria interessante aprofundar essa análise de Durkheim e Husserl. Mesmo a sociedade tendo como 243 substrato de suas categorias os objetos (sua organização e relação) sua representação não está livre de subjetividade, equívoco, que precisam ser depurados. Tanto aqui como no fato moral, Durkheim frisa que a sociedade não é perfeita em toda sua inteireza. O desenvolvimento da conceituação 244 social se livra de sua própria subjetividade, quando tem origem uma nova vida social que é internacional, mas se havia antes uma referência na organização social agora é puramente lógica. Tanto a ciência como a religião e a 244 moral se baseia no conceito concebido, impessoal, universal, negando a sensibilidade, até certo graus, pois, o conceito se realiza no fenômeno empírico, mantendo uma relação no ser, não existindo um puro antagonismo, mas uma complementação necessária.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Reconhecimento Da Identidade Quilombola Entre Jovens Nas Comunidades Laranjituba e África em Abaetetuba (PA) : A Percepção Do "Ser Quilombola"