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“a principal contribuição brasileira à arquitetura moderna

foi o domínio do calor e da luz”


Philip Goodwin (Brazil Builds – 1943)

projeto e dimensionamento de brise-soleils


gogliardo vieira maragno
ufms
O brise-soleil atua como um filtro, criando uma película
permeável ao redor do edifício que permite a penetração
da luz no espaço interno e suaviza o impacto da forma,
tendo um efeito muito semelhando ao do peristilo de um
templo grego, o qual suaviza a relação entre a massa e o
espaço circundande.

- geofrey baker -
ARQUITETURA é...

- um espaço artificial criado pelo homem para abrigar a


si mesmo, seus deuses e seus mortos;
- um artefato fundamental para protegê-lo da hostilidade
do clima, dos animais e dos outros homens;
- fruto de sua vontade e desejo de criar.

Sob o ponto de vista do abrigo, arquitetura é um filtro que


promove o intercâmbio entre o homem e o ambiente
natural.
A influência do clima é um dos condicionantes
reconhecidos na arquitetura produzida em cada região.
A fachada é o lugar onde se dão as trocas entre o exterior
e o interior. Sua solução é fundamental.
EFEITOS DA ARQUITETURA MODERNA:

- desmaterialização do edifício;
- dissolução das paredes, reduzidas ao mínimo;
- transformação das paredes em finas membranas
quase sem substância;
- o material ideal: pele de vidro. “De que adianta, eu pergunto,
encher novamente um espaço
que nos foi dado vazio?”.
Le Corbusier.
PORQUE O VIDRO:
- pela transparência: é possível ver através dele;
- pela possibilidade de revelar o exterior mesmo com
espaços delimitados;
- pela continuidade dos espaços que fluem livremente.
PORÉM, O ABANDONO DA PAREDE TRADICIONAL...
- faz perder-se as vantagens da massa na
- inércia térmica - proteção solar
- isolamento acústico - privacidade
Toda responsabilidade foi transferida, a uma ossatura independente,
podendo tanto ser de concreto armado, como metálica.
Assim, aquilo que foi – invariavelmente – uma espessa muralha
durante várias dezenas de séculos, pode, em algumas dezenas de
anos, graças as nova técnica, transformar-se (quando
convenientemente orientada, bem entendido: sul no nosso caso) em
uma simples lâmina de cristal. - Lucio Costa
A ABORDAGEM AMBIENTAL NOS
PRIMEIROS TEMPOS DA ARQ. MODERNA
- crença nas possibilidades da tecnologia -
- condicionamento mecânico (ar-condicionado recém inventado);
- uso de painéis de vedação com materiais isolantes;
- crença no homem universal (e portanto em um estilo internacional).

A DEFASAGEM ENTRE A TEORIA E A REALIDADE


- Le Corbusier enfrentou-a no Hospital do Exército da Salvação
em Paris.
“Toda nação constrói para seu
próprio clima. Neste momento
de interpretação das técnicas
científicas, internacionalmente,
eu proponho: um único edifício
para todas as nações e climas, a
casa com respiração perfeita”.
Le Corbusier.
DO FRACASSO
À INVENÇÃO DO BRISE-SOLEIL:
Na Argélia, em clima diferente do europeu, Corbusier
protege as fachadas envidraçadas dos edifícios com a Inspiração:
invenção dos brises, nítido reconhecimento do sol como um
dado fundamental do projeto.
Nasce um novo elemento arquitetônico!

Acima - Papadaki
& Lecrerc: projeto
para o Concurso do
Memorial
Cristóvão
Colombo. Santo
Domingo, 1928.
Fonte: ARONIN,
1953.
Abaixo – Mallet-
Stevens: Pavilhão
de Turismo, Paris,
1925. Fonte:
PAPAKAKI, 1960.
NO BRASIL:
clima bem diferente do temperado.
A TRADUÇÃO DO IDEÁRIO EUROPEU OCORRE DE
MANEIRA PARTICULAR E EXITOSA.
- busca de transparência, mas em sintonia com o
contexto cultural, econômico e climático do país;
- utilização do pano de vidro, mas protegido da
inclemência do clima;
- uso da climatização interna, principalmente com a
proteção solar, ao invés da climatização artificial.

Resultado:
PROJETOS DE FORTE CARÁTER REGIONAL E
INDISCUTÍVEL VALOR ARQUITETÔNICO INTERNACIONAL.
A INTRODUÇÃO DA ARQUITETURA
MODERNA NO BRASIL:

A linguagem da arquitetura moderna encontrou terra fértil


no Brasil onde se desenvolveu e criou características
próprias.
O brise-soleil incorporou-se imediatamente ao repertório
dos arquitetos brasileiros
- pela natureza tropical do clima e;
- por ter encontrado referências similares em
elementos da nossa arquitetura tradicional.

Elementos tradicionais: coberturas com telhas capa-canal, beirais


avantajados, janelas com gelosias, uso freqüente de venezianas,
muxarabis, alpendres e varandas.
OS PROJETOS EXEMPLARES
“o desejo agudo de conhecer melhor a arquitetura brasileira, principalmente as soluções
dadas ao problema do combate ao calor e aos efeitos da luz sobre as grandes superfícies
de vidro foi o principal motivo de minha viagem ao Brasil que resultou na exposição e
livro”. Philip Goodwin (Brazil Builds – 1943)
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE - 1936/1945
Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Jorge Moreira, Afonso Reidy, Carlos
Leão e Ernani Vasconcelos – Rio de Janeiro

“Foi este projeto, em sua versão final,


que deu ensejo à primeira aplicação
monumental de muito dos elementos
corbusianos característicos, inclusive o
terraço-jardim, o brise-soleil e o pan-
verre”.
FRAMPTON (Hist. Crítica da Arq. Moderna)

A fachada SSE pouco insolada forma


um gigantesco pano de vidro.
A fachada NNO, insolada durante quase
o ano todo, tem um sistema de brise-
soleils com lâminas verticais fixas, de
concreto pré-fabricado, e móveis de
fibro-cimento protegendo o vidro.
As faces menores, mais expostas ao
sol, são cegas.
O edifício é ventilado naturalmente por
ventilação cruzada que aproveita a
diferença de temperatura entre as faces
N e S e não encontra obstáculos
internos.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE - 1936/1945

Além do bloqueio à radiação solar


direta, a transmissão de calor é
evitada com o afastamento de 50cm
do brise em relação à fachada
criando uma camada de ar.
A reflexão seria ainda melhor se as
lâminas tivessem cor mais clara.
A mobilidade dos brises colabora
na visibilidade e na possibilidade
de graduar a entrada de luz.
A incidência dos ventos no Rio é SSE,
justamente a fachada sem obstáculos.
Os pilotis melhoram a circulação de ar no térreo
em quarteirão muito adensado.
O revestimento dos pilotis e de trechos das
paredes no térreo com azulejos ou granito são
ideais para o clima úmido do Rio.
O sistema de proteção de fachada além da
proteção solar contribui de maneira especial na
caracterização e qualificação do projeto.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE - 1936/1945
“Os quebra-sóis, controlados manualmente, dotam a face norte do edifício
de extraordinária riqueza, dando-lhe ainda um cunho individual.
Esses quebra-sóis móveis como venezianas externas
superdimensionadas representam apenas um dos vários tipos que os
arquitetos brasileiros desenvolveram com o objetivo de proteger suas
edificações do sol tropical.
A grande vantagem desse tipo é permitir um livre trânsito de ar por detrás
das venezianas, evitando a formação de bolsas de ar que transportariam o
calor de fora para o interior dos aposentos.
O controle manual simples possui também grande vantagem, já que a
quantidade de luz pode ser regulada em cada escritório como o desejado”
Architectural Forum Chicago (fev. 1943) sobre o MES
PORQUE USAR UM BRISE-SOLEIL:
1- para evitar o ofuscamento visual;
2- para evitar o desconforto direto e imediato pela
incidência da radiação sobre o corpo, e;
3- para evitar a elevação da temperatura dos
ambientes a níveis indesejáveis causada pela
radiação solar.
Assim, se o terceiro motivo refere-se aos climas quentes, os
outros dois acontecem em qualquer clima.
Estratégias básicas para a proteção solar:
1- Uso de dispositivo de proteção interno à janela;
2- Uso de materiais transparentes com características
seletivas quanto à radiação solar ou aplicação de película de
recobrimento ao vidro comum;
3- Uso de dispositivo externo ao edifício ou a janela, dentre os
quais incluí-se o brise-soleil.
Eficiência dos protetores solares:
Tipos de Brises:
Quanto ao movimento –
fixos - escamoteáveis - orientáveis
Quanto à posição –
horizontais - verticais - combinados
Quanto à escala dimensional –
grande escala ou esc. do edifício - média escala
- pequena escala ou esc. dos componentes
Quanto à integração ao edifício –
integrado ao todo - adicionado ao todo
Quanto ao alinhamento em relação a fachada –
saliente - alinhado - recuado
Ufa. hora de uma pausa......

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