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▪ FAMP – Med 1
TRANSTORNOS DE HUMOR
“Grupo de condições clínicas nas quais uma perturbação do humor, do tipo depressão ou elação, é proeminente e fundamental ao
quadro”
Os indivíduos normais experimentam uma ampla faixa de estados de humor e têm da mesma forma, um grande repertório de
expressões afetivas: sentem-se no controle de seus estados de humor e de afeto.
Os transtornos de humor consistem de um conjunto de sinais e sintomas persistentes, por semanas ou meses, que representam
um desvio marcante do desempenho habitual do indivíduo e que tendem a recorrer, por vezes, de forma periódica, ou cíclica.
Nos transtornos de humor, a sensação de controle é perdida ou há uma experiência subjetiva de grande sofrimento.
Os pacientes com estado de humor elevado demonstram expansividade, fuga de idéias, redução do sono, elevada autoestima e
idéias grandiosas.
Os pacientes com humor deprimido exibem perda de energia e interesse, sentimentos de culpa, dificuldade de concentração,
perda de apetite e pensamentos de morte ou suicídio.
Também modificações das funções vegetativas (sono, atividade sexual e outros ritmos biológicos.
Essas alterações quase sempre levam a comprometimento do desempenho interpessoal, social e ocupacional.
Transtorno depressivo maior ou depressão unipolar: pacientes afligidos apenas por transtornos depressivos.
Transtorno bipolar: pacientes tanto maníaco como depressivos ou somente com episódios maníacos.
NORMAL: Oscilar entre alegria e tristeza Bipolar: Oscilar entre eutimia (normal), depressão e mania
PREVALÊNCIA
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DEPRESSÃO
Subtipos
Melancólica x Atípica
Leve, moderada, grave
Grave com Psicose
Pós-parto
Sazonal
Crônica (Distimia)
Bipolar
Etiopatogenia
ÁREAS DE INVESTIGAÇÃO
• Genética molecular
• Genética familiar
• Epidemiologia
• Psicologia (cognitiva, neuropsicologia e psicodinâmica)
• Eventos vitais e stress crônico
• Neurofarmacologia
• Neuroimagem
• Neuroendocrinologia
• Modelos Animais
• Sono e cronobiologia
Neuroquímica
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Hipótese monoaminérgica
Menor concentração na fenda sináptica de neurotransmissores Monoaminérgicos, particularmente noradrenalina (NA) e serotonina (5-
HT)
Limitações:
Limitações:
• Outras drogas com efeitos na sensibilidade de receptores não possuem ação antidepressivas
• A alteração na sensibilidade de receptores pode ser apenas um epifenômeno e não mecanismo fundamental no
efeito das drogas.
A) 5 (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante 2 semanas e representam uma mudança no funcionamento
anterior; pelo menos, um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer:
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo ou observações por outros. Em crianças
e adolescentes pode ser humor irritável
2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias
3. Perda ou ganho significativo de peso
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
7. Sensação de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias
8. Capacidade diminuída para pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias
9. Pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida recorrente sem plano específico, ou uma tentativa de suicídio ou um plano
específico para cometê-lo.
B) Os sintomas não satisfazem os critérios para um Episódio Misto.
C) Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento no funcionamento social, ocupacional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D) Os sintomas não são devido aos efeitos fisiológicos de uma substância ou condição médica.
E) Os sintomas não são melhor explicados por Luto, persistem por mais de 2 meses ou são caracterizados por acentuado
comprometimento funcional, preocupação mórbida com inutilidade, ideação suicida, sintomas psicóticos ou retardo psicomotor.
Característica comum:
Aspectos de duração
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▪ FAMP – Med 1
Momento
Etiologia presumida
Epidemiologia:
Comum
Impacto:
Curso:
20% se cronificam
Natureza recorrente
Após o 1° 50%
Após o 2º 70%
O risco de recorrência é 3 x > após 2 anos se não houver remissão total dos sintomas
Etiologia:
Os diversos fatores convergem para o sistema límbico produzindo desequilíbrio de serotonina e noradrenalina e em 2º plano:
dopamina, adenilciclase, peptídeos neuroativos
Clínica:
Aspectos Psicopatológicos
Multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos a autovaloração, à vontade
Sintomas psicóticos, marcante alteração psicomotora e fenômenos biológicos podem estar associados
Aspectos Psicopatológicos:
Sintomas Afetivos:
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Sentimento de falta de sentimento (“É terrível: não consigo sentir mais nada!”)
Angustia ou ansiedade
Desespero
Desesperença
Anedonia
Insônia ou hipersonia
Diminuiçõa da libido
Alterações Ideativas:
Visão do mundo marcada pelo tédio (“A vida é vazia, sem sentido, não vale a pena.”)
Alterações Cognitivas
Pseudodemência depressiva
Alterações da Autovaloração:
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Sintomas Psicóticos:
Delírio de ruína
Delírio de culpa
Persecutórios
Ideação paranóide
SUBTIPOS:
Endógena ou melancólica
Atípica
Sazonal
Psicótica
Bipolar
SUÍCIDIO
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1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste,
vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes,
pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias
(indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas).
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês),
ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso
esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de
inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente
autorrecriminação ou culpa por estar doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita
por outras pessoas).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma
tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica.
Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira,
perdas por um desastre natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os sentimentos de tristeza intensos, ruminação
acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo.
Embora tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de um episódio depressivo maior, além da
resposta normal a uma perda significativa, também deve ser cuidadosamente considerada. Essa decisão requer inevitavelmente o exercício
do julgamento clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda.
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno
esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou
transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado.
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco.
Nota: Essa exclusão não se aplica se todos os episódios do tipo maníaco ou do tipo hipomaníaco são induzidos por substância ou são
atribuíveis aos efeitos psicológicos de outra condição médica.
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Psicoterapia
ECT (ver vídeo)
Terapia Ocupacional
Fototerapia
EMT
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
O lítio é o primeiro medicamento para a profilaxia do suicídio. Clozapina é o último medicamento de escolha para evitar suicídio.
Transtornos cujo o humor patológico e perturbações associadas dominam o quadro clínico. Os indivíduos comuns experimentam uma
ampla faixa de variação de humor e afeto, porém ele tem o controle. Nos transtornos de humor o indivíduo perde esse controle. Conjuto
de sinais e sintomas
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Humor elevado: expansividade, fuga de ideias, redução do sono, elevada autoestima e ideias grandiosas
HISTÓRICO
Emil Kraepelin em 1889 descreveu a Psicose Maníaco –Depressiva (PMD) e que hoje conhecemos com THB. Kraepelin: PMD e Demência
precoce (Esquizofrenia), a diferença está na deteriorização na DP ser maior que na PMD.
CLASSIFICAÇÃO
Mania: Episódio caracterizado por humor expansivo, elevado ou irritabilidade. Que dura pelo menos 1 semana ou menos se requer
hospitalização.
Hipomania: Alteração do humor menos intensa, dura pelo menos 4 dias. Não é grave o suficiente para haver prejuízo social e ocupacional
e não há sintomas psicóticos.
Tanto na mania como na hipomania ocorre aumento da autoestima, redução da necessidade de sono, distraibilidade, grande atividade
física e mental, envolvimento excessivo em atividades prazerosas e de risco.
Cuidado no diagnóstico de depressão! A maior parte dos THB procuram o consultório quando estão deprimidos. Sendo assim é importante
diferenciar uma Depressão Bipolar de uma Depressão Unipolar. Sempre na anamnese de uma depressão pesquisar episódio de mania ou
hipomania. Depressão bipolar e unipolar tem tratamentos diferentes e lembrando que um deprimido bipolar com uso de AD pode
apresentar a “Virada maníaca”.
CLASSIFICAÇÃO
Episódio maníaco:
A. Período de humor anormal, elevado, expansivo ou irritável por pelo menos 1 semana ou menos se houver hospitalização
B. 3 ou mais dos seguintes sintomas associados à alteração do humor (4 ou mais se humor irritável):
1. Autoestima inflável ou elevada
2. Redução da necessidade de sono (ex: sente-se refeito após 3 horas de sono)
3. Mais loquaz por falar ou pressão por falar (logorréia)
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão corretos
5. Distraibilidade
6. Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para consequências dolorosas (surtos de compras,
indiscrições sexuais - sexo sem proteção, investimentos financeiros insensatos)
7. Aumento da atividade dirigida a objetivos (trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora
C. Os sintomas não satisfazem critério para episódio misto
D. A perturbação do humor é grave o suficiente para causar prejuízo no funcionamento ocupacional, nas atividades sociais,
relacionamentos ou exigir hospitalização para evitar danos a si ou terceiros
E. Sintomas não efeitos de uso de substância ou condição médica geral
Obs: Episódio maníaco causado por antidepressivo não é considerado THB tipo I.
Hipomania:
A. Período de humor anormal, elevado, expansivo ou irritável por pelo menos 4 dias. Diferente do humor habitual não deprimido.
B. 3 ou mais dos seguintes sintomas associados à alteração do humor (4 ou mais se humor irritável):
1. Autoestima inflável ou elevada
2. Redução da necessidade de sono
3. Mais loquaz por falar ou pressão por falar (logorréia)
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão corretos
5. Distraibilidade
6. Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para consequências dolorosas (surtos de compras,
indiscrições sexuais - sexo sem proteção, investimentos financeiros insensatos)
7. Aumento da atividade dirigida a objetivos (trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora
C. O episódio está associado com uma inequívoca alteração no funcionamento que não é característica do indivíduo quando
assintomático.
D. A perturbação do humor e do funcionamento são observadas por terceiros
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E. O episódio não é grave o bastante para causar prejuízo acentuado no funcionamento social e ocupacional ou de exigir
hospitalização. Nem existem características psicóticas.
F. Os sintomas não se devem á efeitos de substâncias ou condição médica geral.
Obs: Episódios de hipomania causados por uso de antidepressivo não são considerados THB tipo II.
MISTO
A. Satisfazem critérios para episódio de mania quanto para episódio depressivo maior quase todos os dias por um período de 1
semana
B. Alteração do humor é grave o bastante para gerar prejuízo funcional ou social ou de exigir hospitalização para prevenir danos á
si e a terceiros.
C. Os sintomas não se devem a efeitos de substâncias ou condição médica geral.
Obs: Episódios do tipo Misto causados por AD não são considerados THB tipo I
CICLAGEM RÁPIDA
Nos últimos 12 meses pelo menos quatro episódios de alteração do humor (mania, hipomania, depressão ou misto)
EPIDEMIOLOGIA:
ETIOLOGIA:
1)Fatores biológicos: Transtornos de humor tem relação com a desregulação das aminas biogênicas. Dessas aminas a Norepinefrina e a
Serotonina estão mais implicadas na gênese dos transtornos de humor.
Dados sugerem que a concentração de Dopamina está aumentada na Mania e reduzida na Depressão.
Com relação aos exames de imagem não tiveram achados consistentes como aumento de ventrículos em pacientes com Esquizofrenia.
Esses exames são caros e poucos específicos e sensíveis.
Na aula o professor Helian falou sobre a melhor ação de Antipsicóticos atípicos no Bipolar que na Esquizofrenia. Não encontrei relato no
Kaplan.
A genética exerce papel importante no THB tipo I. 50% de todos os pacientes com THB tipo I tem um parente com transtorno de humor.
Se um dos pais tem THB tipo I os filhos tem 25% de chance de desenvolver o distúrbio, se os dois tem THB tipo I essa chance aumenta para
50ª 75%.
Em gêmeos monozigóticos a taxa de THB tipo 1 é de 33 a 90% no irmão. Gêmeos dizigóticos é de 5 a 25%.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:
1) Mania:
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A mania em adolescentes pode ser confundida com Esquizofrenia ou transtorno de personalidade anti-social.Sintomas podem
incluir psicose, abuso de álcool e drogas, tentativas de suicídio, ruminações filosóficas, sintomas de TOC, queixas somáticas
múltiplas, irritabilidade levando a brigas e outros comportamentos anti-social.
Mania na internação: pacientes testam as regras da instituição, colocam responsabilidade de seus atos em outros, exploram a
fraqueza dos outros, criam conflitos entre membros da equipe.
2) Hipomania:
Transtornos coexistentes:
Descrição geral: Tagarelas, hiperativos, ás vezes divertidos. Podem ter estar psicóticos ou desorganizados.
Humor, afeto e sentimentos: Humor elevado, expansivo ou irritado(principalmente quando a mania está presente há algum
tempo ). Baixa tolerabilidade á frustração que pode levar hostilidade e raiva. Labilidade emocional que vai do riso á irritabilidade
e depressão.
Fala: Fala mais rápida, alta e difícil de interpretar>>> fica cheia de trocadilhos, piadas, jogos de palavras >>>fugas de idéias,
saladas de palavras e neologismos.
Percepção: Delírios ocorrem em 75 % dos pacientes com Mania.Delírios congruentes com o humor (riqueza, poder ou
capacidades extraordinárias ) e também incongruentes com o humor (? )
Pensamento: Auto-confiança e engrandecimento.
Sensório e cognição: Pode haver déficit cognitivo no paciente bipolar, porém ele é bem menor que na Esquizofrenia. Daí a
importância do tratamento na prevenção das crises.A grosso modo a orientação e memória geralmente estão intactos. Há relatos
de que na mania o paciente não se recorda do que houve ou lembra de fragmentos
Controle de impulsos: 75 % dos pacientes em Mania são ameaçadores ou agressivos. Tentam suícidio e homicídio. Os que
ameaçam pessoas importantes (como presidentes ) geralmente são bipolares e não Esquizofrênicos.
Julgamento e insight: O comprometimento do julgamento é marca registrada: violam leis sobre cartões de crédito, atividadees
sexuais e finanças. Tem pouco insight sobre a doença.
Confiabilidade: Pacientes na mania não são confiáveis.
**Diagnóstico diferencial:
No episódio depressivo do THB, o diagnóstico diferencial e mais difícil é com Depressão Unipolar. Geralmente a maior parte da vida de um
bipolar em crise é a depressão. O deprimido é o que mais vemos no consultório. Sendo assim é importante a coleta de dados anteriores
para ver a possibilidade de um episódio de mania e o acompanhamento desse paciente. O médico deve estar disponível mesmo no período
eutímico, visando assim ´´prever´´ os sintomas antes das crises (sintomas prodrômicos ).
Na mania temos como diagnóstico diferencial os transtornos de personalidade: Boderline, Histriônica, Anti-social e Narcisista.
Esquizofrenia: Muito se fala sobre a dificuldade de distinguir esquizofrenia de mania no THB. A história familiar é importante uma vez que
50% dos pacientes com THB tem casos de transtornos de humor na família.Alegria, entusiasmo, humor contagiante são mais comuns na
mania que na Esquizofrenia. A mania é caracterizada como uma mudança marcante no humor e geralmente rápida. Cuidado com as
manifestações catatônicas, podem ser sintomas de uma fase depressiva no Bipolar. Pesquisar sempre sobre presença de sintomas
maníacos prévios.
Não se esquecer de uso de substâncias ou condição médica : Uso drogas (anfetaminas, antidepressivos. ..),hipertireoidismo, tumores
cerebrais, encefalites. ..
**Curso e prognóstico:
Curso:
Com relação ao curso, os transtornos de humor geralmente tem curso longo marcado por períodos de crises.
Os estressores da vida>>>> predisposição da primeira crise. Outras crises geralmente não tem relação com estressores da vida.
Os episódios maníacos costumam ter início rápido (horas ou dias ) e permanecem por dias ou até semamas.Um episódio maníaco não
tratado pode durar até 3 meses, por isso o medicamento não deve ser interrompido antes desse tempo. Individuos com mania tem 90%
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de chance de desenvolver novo episódio. A medida que a doença evolue o tempo entre as crises diminue. Após 5 episódios as crises
tendem a ocorrer com intervalo de 6 a 9 meses.
No curso do Transtorno de humor bipolar observamos que o déficit cognitivo é menor que na Esquizofrenia.
O início de TBH em idosos é pouco frequente e requer avaliação diagnóstica diferencial exaustiva.
Prognóstico:
Outras condições de pior prognóstico: Mau estado ocupacional pré –morbido, dependência de álcool, manifestações psicóticas,
manifestações depressivas entre os episódios, sexo masculino.
**Tratamento:
No acompanhamento do paciente portador de THB muitas das vezes a adesão é dificultada pelo saber popular e pelo estigma que a doença
carrega com si.
Sendo assim temos que promover o Auto-cuidado. Que consiste em orientação do paciente sobre a sua doença: seus sinais e sintomas,
sobre o tratamento e seus efeitos colaterais. .O auto-cuidado favorece a adesão ao tratamento.
Outra importância do auto-cuidado é que permite que o paciente perceba com mais facilidade sintomas prodrômicos, comunicando seu
médico quando os mesmos surgissem e assim evitando uma crise maior. Nessa situação o vínculo médico e paciente deve estar bem
estabelecido e médico sempre deve estar disponível para o seu paciente mesmo no período de eutimia.
Como dito no exame do estado mental pacientes portadores de THB tendem a ter alteração no julgamento e percepção.Mesmo com o
auto-cuidado,não se consideram, em alguns casos, portadores de uma doença ou se consideram ser, acham que podem cuidar de si
mesmos, sem acompanhamento médico ou tratamento farmacológico.
Hospitalização:
Deve ser necessário para procedimento diagnóstico, risco de suicídio ou homicídio, incapacidade do paciente em conseguir abrigo e
comida.
1) Farmacoterapia:
Carbamazepina também tem tratamento bem estabelecido. A lamotrigina e a Gabapentina são promessa principalmente para pacientes
refratários ou intolerantes ao tratamento.
Na mania mista, ciclagem rápida,episódios de mania múltiplos,mania psicótica e uso co-mórbido de drogas a carbamazepina, o divalproato
e ácido valpróico são superiores ao Litio.
**Antipsicóticos Atípicos: Olanzapina(2,6 a 10 mg por dia ) e Ziprasidona. Lembrar que os AP atípicos já vem sendo relacionados á discinesia
tardia e Síndrome Neuroléptica Maligna. Sendo assim Helian fala em uso de AP atípicos nos quadros agudos com avaliação de retirada na
manutenção. No Kaplan cita maior sensibilidade dos bipolares aos efeitos piramidais dos antipsicóticos.
**Benzodiazepinicos: Geralmente utilizados nas crises para garantir sedação e sono adequado. Clonazepam 1 mg a cada 4 ou 6 horas e o
Lorazepam (2 mg a cada 4 e 6 horas ).
**Litio: É o tratamento padrão.Importante acompanhamento da Litemia (1 dosagem 5 dias após inicio do medicamento. Coleta: 12 hs após
a última dose ).Dose inicial 600 mg -300 mg manhã e 300 mg á noite. Idoso: 300 mg ao dia. Litemia ideal na mania entre 0,8 e 1,2 e na
manutenção 0,6.A apartir daí não há um consenso de quanto em quanto tempo faz-se a litemia,depende muito de paciente para paciente
. Em pacientes mais rebeldes, com dificuldade de adesão fazer com mais frequência(até semanalmente ).
Efeitos adversos: renais (sede,poliúria ),efeitos sobre o SNC (tremores, perda de memória ),efeitos metabólicos (ganho de peso
),dermatológicos (acne,psoríase), efeitos sobre a tireoide (bócio e mixedema ).Complicações sobre a função renal são as mais
preocupantes.Sendo necessário monitoramento da função renal e tireoidiano durante o tratamento.
Potencializadores do Litio (pacientes que não respondem somente a monoterapia ): àcido valpróico(cuidado com a nefrotoxicidade
).Litio+ácidovalpróico e carmamazepina (cuidado com hepatotoxidade e interações medicamentosas
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**Valproato: Não consiste em droga de primeira escolha, mas tem estudos suficientes que garantam seu uso e eficácia. Dose ideal (50 a
125 microgamas /ml).Antes de iniciar seu uso necessidade de HC, função hepática e teste de gravidez .
Efeitos adversos: Trombocitopenia, aumento de transaminases. Outros queda de cabelo,tremores, sedação, mal estar gastrointestinal
(podem ser reduzidos com uso de comprimidos revestidos entéricos )e aumento de peso.
Dose: 20 mg/Kg ao dia, em doses divididas. Geralmente inicia com 250 a 750 mg por dia e aumentando aos poucos até nível terapêutico.
Os níveis podem ser solicitados a partir do terceiro dia da nova dose.
**Carbamazepina: A carbamazepina é uma boa droga mas precisa de algumas considerações. O status de segunda linha se dá
principalmente por sua intensa interação medicamentosa.
Geralmente inicia com a dose de 200 a 600 mg por dia e vai aumentando até resposta. A dose ideal pode ser avaliada em testes de
laboratório, geralmente entre 4 a 12 microgramas /ml. Mas o que dita principalmente a dose ideal é a clínica ).
A avaliação pré-tratamento inclue: HC, função hepática, níveis de eletrólitos, contagem de reticulócitos e teste de gravidez.
Efeitos adversos: Nãuseas, ataxia, sedação, exantemas (Sd de Stevens-johnson é rara mas pode ocorrer ),toxicidade hepática, hiponatremia
e supressão da medula óssea.
**Outros anticonvulsivantes: A Gabapentina e a Lamotrigina são anticonvulsivantes com propriedades antimaníacas, antidepressivas, e
estabilizadoras de humor. Não necessitam de monitoramento sanguíneo.
A Gabapentina é excretada pelos rins(necessário adequação de doses em pacientes renais ). Tem perfil de efeitos adversos benignos que
incluem sedação, tontura e fadiga. Não apresenta interação com outros medicamentos. Doses terapêuticas amplas: 300 a 3600
mg/dia.Meia vida curta por isso dose em 3x ao dia.
A Lamotrigina tem o exantema como efeito adverso em 10% dos pacientes (0,1% Stevens-johnson ).Outros efeitos colaterais: sedação,
náuseas, ataxia e insônia.O Valproato aumenta a dose da lamotrigina.A dose inicial é de 25 a 50 mg por dia por duas semanas, aumento
gradual até 150 a 250 mg por dia.
**Topiramato: Efeitos adversos incluem fadiga, perda de peso e embotamento cognitivo. Dose inicial 25 a 50 mg por dia até o máximo
de 400 mg por dia.
**Os Antidepressivos na Depressão Bipolar é uma discussão polêmica(risco de precipitar a mania ), usar ou não ?O helian falou em aula
que os AD podem ser utilizados em casos de depressão mas sempre em associação com lítio ou AP Atípico. E sua retirada deve ser feita
assim que possível. Ele citou os ISRS.
A ciclagem rápida é associada ao uso de antidepressivos(especialmente tricíclicos ) e hipotireoidismo. Por isso tratamento
concomitante com hormônios tireoidianos.
Manutenção: geralmente monoterapia(Lítio primeira escolha).
Na gravidez o THB pode ser tratado com Haloperidol.
OUTRO RESUMO
Transtornos do Humor
Depressão – Histórico: Antiguidade (Grécia e Roma)
Melancolia (Hipócrates-450-357 aC)
Teoria dos 4 fluidos essenciais: Bile – caráter colérico; Fleugma – caráter fleugmático; Sangue – caráter sanguíneo; Bile negra – caráter
melancólico (“sob a influência de Saturno, baço secretava mais bile negra, que turvava o humor através de sua influência no cérebro”).
Melancolia (intoxicação por excesso de bile negra)
“aversão à comida, desânimo, sonolência, irritabilidade, inquietude”; “Pacientes com medo de longa duração estão sujeitos à
melancolia”(Hipócrates)
“medo e depressão, descontentamento com a vida, ódio de toda a gente”(Galeno, 131-231 dC)
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Conceito e Definição
Síndrome/episódio depressivo (2 sem.):
• Humor deprimido
• Perda do prazer e interesse nas atividades (anhedonia)
• ↓ energia e ânimo
• ↓ capacidade de concentração
• ↓ auto-estima
• Idéias de culpa e inutilidade
• Pessimismo
• Idéias de morte e/ou suicídio
• Alterações características do sono e apetite
• Com ou sem sintomas psicóticos, congruentes ou não com o humor
Depressão:
Episódio depressivo leve, moderado ou grave, com ou sem sintomas psicóticos, com ou sem sintomas somáticos:
• Transtorno Bipolar do Humor(F 31.3/4/5 – CID 10)
• Transtorno Depressivo Recorrente (F 33 – CID 10)
• Transtorno Persistente do Humor (F34 – CID 10)
Ciclotimia
Distimia
Sintomas depressivos leves, inespecíficos:
• Transtorno misto de ansiedade/depressão(F41.2)
• Transtorno de ajustamento - reação depressiva (F 43)
Sínd./episódio maníaco (Mania) (1 sem):
Humor anormal e persistentemente exaltado, expansivo ou irritável;
3 ou mais dos seguintes sintomas:
• Grandiosidade
• Diminuição da necessidade de sono (2 ou 3 h/n)
• Logorreico, pressão de fala;
• Fuga de idéias, sensação de pensamento acelerado,
• Distraibilidade,
• Agitação psicomotora,
• Envolvimento em atividades prazerosas com conseqüências dolorosas
Não é devido a síndrome orgânica e causa grave prejuízo sócio-funcional.
Temperamento hipertímico (personalidade)
Temperamento depressivo (personalidade)
Ciclotimia (se confunde com personalidade – é desadaptativa)
Distimia (se confunde com personalidade – é desadaptativa)
Hipomania (síndrome)
Temperamento hipertímico (personalidade)
Temperamento depressivo (personalidade)
Ciclotimia (se confunde com personalidade – é desadaptativa)
Distimia (se confunde com personalidade – é desadaptativa)
Hipomania (síndrome)
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Em geral, bom prognóstico após episódios agudos, porém 2/3 pacientes apresentam recaídas ao longo da vida e/ou
sintomas residuais entre os episódios
Transtornos Persistentes do Humor:
Ciclotimia – variação rápida e freqüente do humor de base entre a hipertimia e a tendência depressiva.
Distimia – humor de base cronicamente marcado por tendência à depressão, pessimismo e mau-humor.
Transtorno misto de ansiedade e depressão:
Presença de sintomas ansiosos e depressivos, que, isoladamente não são graves o suficiente para justificar um
diagnóstico psiquiátrico
Subdiagnosticado na população em geral, presente em unidades de atenção primária
Comorbidades freqüentes:
Ansiedade
Abuso de álcool e substâncias psicoativas
Doença física sistêmica e/ou do SNC
Quadros secundários/orgânicos:
Doenças endocrinológicas
Alterações do SNC (tumores, encefalites a vírus lento, degeneração/demência...)
CA cabeça de Pâncreas
Modelos etiológicos de depressão contemporâneos
TEORIAS PSICOGÊNICAS
Agressão introjetada (K. Abraham, 1911)
Perda do objeto amado (S. Freud, 1917)
Auto-estima (E. Bribing, 1953)
Cognitivo-comportamental (A. Beck, 1967)
Desamparo aprendido (M. Seligman,1975)
TEORIAS BIOLÓGICAS
Neuroquímica (hipótese monoaminérgica)
Noradrenalina (humor, estado de alerta, apetite, impulso, recompensa)
Dopamina (atividade psicomotora)
Serotonina (sono, apetite, humor, comportamento inibitório)
Depleção de neurotransmissores
Alterações em receptores
TEORIAS BIOLÓGICAS
Neuroendocrinologia
Liberação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (TSD-)
Alteração no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide (Δ TSH ↓)
GH
TEORIAS BIOLÓGICAS:
Neurofisiologia
Hiperexcitabilidade neuronal e kindling
Entrada excessiva de sódio nos neurônios durante neurotransmissão
Resposta ao Lítio e anticonvulsivantes
↓Latência REM
Diagnóstico diferencial
Abuso de álcool e de subst. Psicoativa
Esquizofrenia e T. esquizoafetivo
Transtornos de personalidade (borderline, histriônico)
Ciclotimia
Transtorno de ansiedade
Luto normal
Doença clínica
Sintomas vegetativos
Estupor
Pseudodemência
Fadiga crônica
Tratamento e Prevenção
Intervenção somático-farmacológica
Anti-depressivos – tricíclicos, IMAO, ISRS, IRSNa
Estabilizadores do Humor
ECT
Intervenção psicossocial
Psicoterapias/abordagem familiar
Efeito aditivo e sinérgico das abordagens terapêuticas
Prognóstico: Favorável com tratamento apropriado, ainda que seja grande a chance de recaída e de permanência de sintomas
residuais.
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