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21 Dias por um Coração Aquecido

ESTRELLA, Pedro de A. & VILELA, Fábio P.


Categoria: Vida Cristã / Maturidade Cristã / Devocional
1º Edição - Maio de 2013

Revisão: Túlio M. N. Carvalho


Capa: Anderson Pereira
Diagramação: Fábio P. Vilela
Colaboradores:
Bruno Rios
Aurea Aguiar
Aline A. Vilela
Romulo Duffor
Caroline Magalhães
Daniel dos Anjos

Todos os direitos reservados. É proíbida a reprodução deste livro e de seu conteúdo


com fins comerciais sem a prévia autorização dos autores

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e


Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicações específicas.

Publicação independente

Impressão: Promove artes gráficas e editora - promoartes@terra.com.br

Contato: pedroestrell@hotmail.com / fabio.pv@gmail.com


Dedicatória

Aos discípulos das Igrejas Metodistas em Venda Nova e Santa Amélia.


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Sumário

Prefácio 007
Orientações para o jejum 009
Introdução 015
01º Dia - O poder do vazio 019
02º Dia - Bendita Insatisfação 025
03º Dia - Atitudes diante do mover de Deus 031
04º Dia - A necessidade de uma experiência 041
05º Dia - Deus residente 049
06º Dia - A pessoa do Espírito Santo 055
07º Dia - Simbolos do Espírito Santo 061
08º Dia - Revestido de poder 069
09º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito 075
10º Dia - Ativando os dons espirituais 081
11º Dia - Dons de revelação 089
12º Dia - Dons de poder 095
13º Dia - Dons vocais 101
14º Dia - Recarregando suas baterias 107
15º Dia - O caminho da transformação 113
16º Dia - Princípios de transformação 121
17º Dia - Firmes e Inabaláveis 129
18º Dia - Chamados a gerar 135
19º Dia - Os campos estão brancos 141
20º Dia - Mantendo a chama acesa 149
21º Dia - Tempo de fome 155
Prefácio

“Pela fé e pela oração, fortaleça as mãos frouxas e firme os joelhos vacilantes.


7
Você ora e jejua? Importune o trono da graça e seja persistente em oração. Só
assim receberá a misericórdia de Deus”. John Wesley

O Rev. John Wesley teve uma forte experiência do “coração aquecido”


no dia 24 de maio de 1738, na rua Aldersgate, em Londres. Neste ano,
esta experiência completa 275 anos de marco histórico e desafio a todos
os metodistas de buscarem uma dinâmica constante da vida devocional
de oração e santificação.

Em janeiro deste ano, visitei a rua Aldersgate e senti grande emoção ao


ver que lá ainda há três marcos desta profunda e histórica experiência de
John Wesley, que não apenas mudou a sua vida, bem como a de muitas
outras pessoas que através dela foram alcançados pelo ministério
metodista mundial.

Queremos desafiar a cada metodista a buscar o renovo desta experiência


para a sua vida de 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO através
deste guia prática para oração, jejum, santificação e perfeição cristã.

John Wesley dizia que cada metodista deveria se dedicar a buscar a


Deus através das disciplinas espirituais da oração, do jejum, da leitura e
21 Dias por um coração aquecido

estudo diário das Santas Escrituras e dos Cultos de Vigílias.

Essa busca insistente e incessante de John Wesley pela perfeição Cristã


é sinônimo de busca por maturidade espiritual na vida cristã de acordo
com a Bíblia. Essa “perfeição cristã” era “perfeição em amor”, pois uma
íntima relação com Deus através da prática das disciplinas espirituais,
geram em nós uma autêntica experiência do coração aquecido que
“ama a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós
mesmos”, o maior de todos os mandamentos.

Com disciplinas nos horários preestabelecidos que priorizem nossa


vida devocional e relacionamento diário com nosso Deus, desafiamos
você a dedicar parte do seu tempo investindo em seu crescimento,
desenvolvimento e maturidade espiritual como um(a) verdadeiro(a)
discípulo(a) de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

8 Vamos juntos viver 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO que


nos desafia a “reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a
santidade bíblica por toda a terra”. Estamos juntos com você nestes 21
dias.

Do seu pastor e bispo, Roberto Alves de Souza.


Orientações para o jejum

O jejum, sem dúvidas, é uma grande disciplina espiritual e tem o poder


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de nos tornar mais sensíveis, nos inundando do poder de Deus e nos
levando a um reavivamento espiritual. O jejum não é um regime onde
apenas nos abstemos de algum alimento, ele tem o princípio de nos levar
a ser mais espirituais através da disciplina do nosso corpo.

Para entender um pouco do propósito do jejum, gostaríamos de fazer


uma curta viagem em Gênesis, na criação do homem: Deus criou o
homem como um ser espiritual, fomos feitos à imagem e semelhança
de Deus, que é Espírito (Jo 4:24). Por isso que de todos os seres criados,
o único que pode ter comunhão com Deus é o homem.

Deus também colocou no homem os instintos naturais para as suas


necessidades de sobrevivência, defesa e procriação. Deu-nos, também,
os seguintes instintos: defesa para que o homem pudesse se protege;
sobrevivência para o homem se alimentar e se manter e o sexual que leva
o homem a procriação e fecundação. Sendo assim, o homem poderia
manter-se vivo, protegido e cumprindo a ordem de Deus de se multiplicar.
Após a queda, o que era necessidade se transformou em prazeres.
O homem passou a ser dominado pelos prazeres da sua carne, originadas
nos instintos, por isto o homem passou a comer por prazer, dando
origem a gula e a outros pecados. A violência e o ódio foram resultados
21 Dias por um coração aquecido

do instinto de defesa, e toda a sorte de impurezas sexuais nasceu a partir


da busca pelo prazer sexual.

Sabemos que não somos mais governados pela carne, fomos regenerados
pelo Espírito, e que em Cristo somos novas criaturas. Mas ainda assim,
esta natureza que foi morta na cruz, muitas vezes tenta atuar e reviver.
Quantos nunca foram tentados pela carne ao retorno de práticas carnais?
Ela ainda deseja nos dominar.

Pelas disciplinas espirituais conseguimos a edificação de todo nosso ser.


Quando oramos, acionamos o nosso espírito, invocamos ao Senhor e
em fé temos comunhão com Ele. Esta comunhão com o Espírito Santo
incendeia o nosso coração. Quando meditamos na Bíblia buscamos
revelação, que ilumina o nosso entendimento, transformando a nossa
alma e caráter, mudando a nossa forma de pensar e de agir pela
comunhão com a Palavra do Senhor.
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No jejum não seria diferente, mas a sua atuação acontece no âmbito do
nosso corpo, onde a natureza instintiva reside. Já viu alguém que estava
com muita fome comendo? Ela perde a noção e a educação, e muitas
vezes come como um animal se alimenta. A fome é uma resposta do
nosso instinto de sobrevivência, pois se não nos alimentarmos podemos
morrer. Muitas vezes conseguimos dominar os outros instintos (defesa
e sexual), porém a fome é difícil. Mas por nós mesmos não conseguimos,
só pelo Espírito, e é aí que está a importância do jejum,quando jejuamos
mostramos a carne que ela não nos domina, e que quem nos comanda
é o Espírito Santo. E que podemos nos abster de alimentos, pois em
espírito somos supridos e fortalecidos, nos tornando mais conscientes
das coisas do espírito e menos da carne. No jejum é que notamos o
quanto estávamos carnais.

Também entendemos que não jejuamos para Deus, mas para nós
mesmos, afinal o jejum traz disciplina e libertação do domínio da nossa
carne e muito menos, jejuamos para pagar pecados e nem servimos a
um Deus mesquinho. O jejum também não é uma barganha, ou seja,
não podemos jejuar achando que ganharemos algo em troca de Deus e
devemos saber que o jejum visa à disciplina da nossa carne.
Orientações para o jejum

O Jejum é obrigatório?

O texto de Jesus em Mateus 6, que fala a respeito do jejum, vem


acompanhado do ensino sobre oração e oferta. Será que já passou pela
cabeça de algum líder religioso a ideia de que a oração e a oferta sejam
opcionais? Então, por que o Jejum seria? Não era intenção do Senhor
desprezar ou rejeitar o jejum. Sua intenção era restaurar o jejum a sua
forma adequada.

Jesus disse que depois que o Noivo fosse tirado os discípulos jejuariam
(Mt 9:15). Esta é a mais importante declaração sobre se os cristãos devem
ou não jejuar. Não podemos dizer que Cristo nos tenha ordenado que
jejuemos, mas está evidente que Ele espera que o façamos. O Apóstolo
Paulo também recomenda a prática do jejum na nova aliança (2Co 6:4-5),
além desta ser uma realidade na igreja primitiva (At 13:2-3).

A Motivação do jejum 11

Quando Jesus tratou do jejum, Ele se preocupou com a questão dos


motivos (Mt 6:16-18). Não podemos pensar que o jejum tenha o poder
de mudar a Deus ou forçá-lo a fazer algo que Ele já disse que não faria.

Precisamos entender que o jejum está centrado em Deus: A profetisa


Ana adorava com jejum (Lc 2:37), os profetas e mestres de Antioquia
jejuavam (At 13:2). Deus pergunta para que jejuamos (Zc 7:5), ora, no
jejum nos libertamos de coisas que tentam nos escravizar (1Co 6:12),
aprendemos a disciplinar o nosso corpo (1Co 9:27) e é uma forma de nos
humilharmos diante de Deus (Sl 35:13).

Defina o tipo de jejum

Há muitos tipos de jejum. Defina um que seja mais apropriado para você:

• Jejum com uma refeição por dia - apenas o jantar ou o almoço;


• Jejum de Daniel – de todo tipo de carne, doces, refrigerantes,
sucos com açúcar ou adoçante e qualquer tipo de manjar;
• Jejum Parcial – abstenção de apenas algum tipo de comida,
21 Dias por um coração aquecido

defina em um voto pessoal diante de Deus. Geralmente alguma comida


especialmente importante para nós.
• Jejum de dieta líquida – apenas com sopas e sucos.
• Jejum completo – 24 horas apenas com água. Sugerimos que seja
feito por um período máximo de 3 dias e, depois, volta-se para um dos
tipos de jejum acima.

Prepare-se espiritualmente

Peça ajuda ao Espírito e faça uma lista dos seus pecados. Comece o jejum
com arrependimento, confessando cada pecado que o Espírito mostrar e
creia no perdão do Senhor. Perdoe a qualquer um que o tenha ofendido e
não jejue com o coração amargurado.

Se o seu pecado exige restituição ou concerto com alguém, faça-o antes do


começo do jejum, busque o enchimento com Espírito Santo, e se você fala
12 em línguas, invista tempo orando em línguas.

Reconheça a Jesus como Senhor e recuse-se a fazer a sua própria vontade.


Coloque uma expectativa no seu coração pelo mover de Deus, pois se
não houver uma expectativa em fé o jejum perde o sentido. Creia pelo
milagre, confesse a Palavra e invista tempo louvando a Deus.

Prepare-se fisicamente

Se possui alguma doença crônica, procure o seu médico. Mulheres


grávidas não podem jejuar. Nesse caso, recomendamos que se abstenham
apenas de algumas coisas, como chocolates, doces e certos tipos de carnes.
Um jejum completo, somente com água, deve ser iniciado aos poucos.
Um jejum com uma refeição por dia não exige um preparo tão grande.
Evite comidas gordurosas e açucaradas. Antes de iniciar o jejum, prepare-
se comendo frutas e vegetais.

Enquanto estiver jejuando

Evite ingerir qualquer tipo de medicamento sem orientação médica, pois


há remédios que não podem ser ingeridos com o estômago vazio.
Orientações para o jejum

Limite suas atividades físicas de acordo com as suas possibilidades,


faça somente exercícios moderados e dentro das suas possibilidades
descanse o máximo possível.

Durante este período, poderão acontecer alguns desconfortos físicos,


tais como: tonturas, dores rápidas de fome, mau hálito, dores de
cabeça, fraqueza, sonolência, cansaço e algumas vezes enjoos.

Evite assistir à televisão, praticar esportes ou fazer muito esforço


físico.

Estabeleça um tempo de oração. Você não precisa orar o dia todo, mas
separe um bom tempo para oração de acordo com suas possibilidades.

Sintomas espirituais

Durante o jejum coisas ocultas do coração poderão aflorar como mau 13


humor, lascívia, sensualidade, impaciência, ansiedade e irritação.
Haverá maior sensibilidade ao mundo espiritual e ao Espírito Santo.
Fique atento!

Um nível diferente de fé será liberado, exercite bastante a confissão


da Palavra de Deus. Muitos irmãos têm visões, sonhos e outras
manifestações espirituais. Espere por elas!

Espere por muitas resistências espirituais principalmente no inicio do


Jejum. É comum pressões, acusações, sentimentos de condenação e de
desânimo com o fim de nos resistir.

O que evitar

Não tome café e nem chá preto, a cafeína nos provoca dor de cabeça,
não masque chicletes e nem chupe balinhas, mesmo que o hálito esteja
ruim, pois estimula o suco gástrico no estômago.

Se tomar suco de laranja dilua em 50% de água. Tome bastante água,


pelo menos dois litros por dia. Nunca faça jejum sem água.
21 Dias por um coração aquecido

Como quebrar o jejum

Quebre o jejum gradualmente, principalmente se for um jejum


prolongado apenas com água. Comece tomando sopas, em seguida
passe para saladas cruas e, depois de algumas horas, coma batatas
cozidas e comida com pouca gordura. É melhor comer um pouco
várias vezes do que quebrar o jejum com muita comida.

14
Introdução

“Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada
15
Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito
de todas as coisas sucedidas. Aconteceu que, enquanto conversavam e
discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos, porém,
estavam como que impedidos de o reconhecer. Então, lhes perguntou Jesus:
Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais?
E eles pararam entristecidos. Um, porém, chamado Cleopas, respondeu,
dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as
ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O
que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e
palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as
nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois
de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade
também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam,
tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram
dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato,
alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram
as mulheres; mas não o viram. Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de
coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha
que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés,
discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava
21 Dias por um coração aquecido

em todas as Escrituras. Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez


ele menção de passar adiante. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco,
porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que,
quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes
deu; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da
presença deles. E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração,
quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?”
Lucas 24:13-25

Não foram só os milagres que marcaram o ministério de Jesus, mas


também o fato de que o coração das pessoas se aquecia ao ouvi-lo pregar.
Aqueles discípulos estavam familiarizados com essa sensação, por isso
eles perceberam que Jesus estava caminhando com eles. O coração
aquecido é um sinal da presença da glória de Deus.

É algo muito grave o nosso coração perder essa sensibilidade e capacidade


16 de ser tocado. É inadmissível um discípulo que nunca tenha sentido o
seu coração aquecido pela presença do Espírito Santo. Mais inadmissível
ainda, é que ele não tenha fome por essa presença. Onde não há esse
fogo, não se pode dizer que há vida espiritual.

Até mesmo o vazio verdadeiro é uma atração ao fluir do Espírito Santo.


O problema é que muitos se dizem vazios, mas a verdade não é esta.
Estão cheios de outras coisas, os corações estão “empanturrados” de
outros prazeres e interesses. O verdadeiro vazio atrai o mover de Deus, a
água do Espírito, quanto mais vazio e mais seco, mais a água será atraída,
pois isto é um princípio físico, uma questão de potencial. Assim como
acontece com a esponja seca, que quanto mais seca estiver, mais potencial
para absorver água ela terá. Havendo sede em quem clama por mais de
Deus, ele será como imã, atraindo a chuva do céu, sendo encharcado.

Deus manifesta a sua presença num ambiente apropriado e se nós


queremos a manifestação da Sua Glória, deve haver um ambiente.
“Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel” (Sl 22:2).
Há uma outra versão desse versículo que diz “o Senhor se assenta no
trono de louvores”. A nossa adoração é como um grande trono onde
Deus se assenta.
Introdução

A palavra “glória” no hebraico é “kadod”, que significa “peso”. Isso quer


dizer que há um peso da Glória de Deus e quando Ele quer manifestar a sua
presença, Ele procura por um ambiente capaz de sustentar o peso de Sua
Glória. Se não há tal ambiente, Ele não se manifestará!

Nesses 21 DIAS POR UM CORAÇÃO AQUECIDO deve haver em nós


uma disposição para gerar um ambiente de intensidade de fome por
Deus. Há muitos crentes que são indiferentes, passivos, sem desejo pelas
coisas de Deus. No entanto, precisamos cultivar um coração aquecido para
avançarmos no mover de Deus.

Neste livro, explicaremos a necessidade de uma busca constante pela


presença de Deus, mostraremos o resultado desta experiência com o Espírito
que é uma vida transformada e frutífera. Pois, muitos cristãos deixaram
esfriar a chama do Espírito Santo dentro dos seus corações e estão frios
dentro das igrejas, desanimados, perderam a paixão e o primeiro amor.
17
Queremos neste, motivá-lo a renovar a chama, o Espírito Santo quer queimar
o seu coração novamente, liberando um vinho novo e um óleo fresco sobre a
sua vida, trazendo uma nova disposição, uma nova expectativa, renovando
o chamado, o encargo e a paixão.

Este livro faz parte de uma campanha anual de oração e jejum. E, ele
não é simplesmente um livro, e sim um guia para um tempo de oração.
Você não deverá lê-lo todo de uma vez, leia apenas um capítulo por dia,
cada capítulo corresponde a um dia do jejum e cada dia terá o seu próprio
tema. Naturalmente, o tema de cada dia será uma direção para a sua oração.

Tempo de jejum é tempo de renovo, porém, muitos cristãos sinceros buscam


a Deus em jejuns sem propósito, muitas vezes indo até contra os princípios
bíblicos. O jejum não muda Deus, Ele permanece o mesmo, mas o jejum
muda a nós, causa uma revolução na nossa vida espiritual. Não é o tempo
de 21 dias que fará diferença, mas a intensidade da sua busca pelo Senhor.
Nossa oração é que ao ler esse guia você alcance revelação que há um
avivamento pessoal esperando por você.

Os autores.
21 Dias por um coração aquecido

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1º Dia: O poder do vazio

“Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas, clamou a Eliseu,
19
dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que ele temia ao
SENHOR. É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem
escravos. Eliseu lhe perguntou: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens
em casa. Ela respondeu: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija
de azeite. Então, disse ele: Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus
vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e
sobre teus filhos, e deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas; põe à parte a
que estiver cheia. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos;
estes lhe chegavam as vasilhas, e ela as enchia. Cheias as vasilhas, disse ela a
um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Mas ele respondeu: Não há
mais vasilha nenhuma. E o azeite parou” 2 Reis 4:1-6

Esta mulher vivia dias difíceis, seu marido estava morto, se encontrava
endividada e estava correndo o risco de perder seus filhos para que
sua dívida fosse paga. Neste tempo, o credor tinha o direito de tomar
os bens e até os filhos como pagamento da dívida e a pobre viúva já
havia perdido o seu marido e agora os seus filhos, que eram seu futuro,
estava prestes a perdê-los também.

Sendo assim, a viúva decidiu ir até o profeta Eliseu, homem de Deus,


uma voz profética no seu tempo, sua intenção era ter uma direção de
21 Dias por um coração aquecido

Deus, uma palavra da parte dEle, que lhe trouxesse uma luz, uma
orientação, ou até uma solução para o dia mau em que ela se encontrava.
O que não é diferente de muitos de nós, que vivendo dias de
adversidades, vamos em busca de algo da parte de Deus, alguma
resposta, talvez uma “revelação”, mas nem sempre aquilo que ouvimos
de Deus é o que esperamos ou queremos, mas sim o que precisamos
ouvir.

A viúva ao se encontrar com o profeta o clamou, dizendo: “Me ajude!”.


E Eliseu a indagou: “O que você quer que eu faça?”, em seguida responde
sua própria pergunta, com outra: “O que você ainda tem em casa?”.
E a viúva diz: “Tua serva não tem nada em casa, a não ser um pouquinho
de azeite”. Logo, Eliseu disse a ela algo bastante incomum: “Volta para
casa e peça emprestado para os seus vizinhos, vasilhas vazias!”.

Ela não esperava ter que ir em busca de mais vasilhas vazias, afinal
20 tudo o que ela tinha já estava vazio. Sua despensa estava vazia, seus
armários vazios, todos os seus vasos estavam: Vazios. Tudo o que ela
tinha era um pouquinho de azeite, e de repente a grande “revelação”
do profeta para a viúva foi de que ela tivesse de ir buscar mais vazio,
de ir até os seus vizinhos e pegar emprestada vasilhas, vasilhas vazias,
não poucas.

O profeta disse: “Vá para casa e consiga vasilhas vazias com os seus
vizinhos. Coloca na sua casa e fecha a porta e pegue o pouco de azeite
que você tem e comece a derramar sobre os vasos vazios”. Eu até
posso imaginar a mulher se perguntando: “O que ele quer com isso?
Como isso vai me ajudar? Tudo o que eu tenho é vazio!”.
Mesmo não entendo ela toma a decisão de obedecer e assim também
nós nos encontramos muitas vezes, e mesmo sem entender precisamos
corresponder com a direção que temos de Deus. Ela voltou para casa,
bateu na porta dos seus vizinhos, como um passo de dependência e fé na
direção de Deus. E ela disse: - “Você me empresta uma vasilha vazia?”
Agora, imagine o que esses vizinhos estavam pensando desta mulher
viúva e endividada? – “Pobre mulher, ela não precisa de vasilhas
vazias e sim de vasilhas cheias! – Ela deve estar com tantos problemas
que está até variando”.
1º Dia - O poder do vazio

As pessoas que estão ao nosso redor, nem sempre irão compreender


a direção que recebemos de Deus, mas quem disse que elas precisam
entender? Obedeça assim mesmo, mesmo que aparentemente seja
loucura, ande sobre a Palavra de Deus, e ela te dará respaldo, pois a
Palavra de Deus é confiável.

Quanto à viúva, nós não sabemos quantas vasilhas vazias ela
conseguiu, se foram três, dez, vinte ou até mesmo cem. Independente
da quantidade que conseguiu ela fechou a porta, sua alma poderia
até estar dizendo: “Eu não sei como isso irá me ajudar, o que eu
estou precisando não é de vasilhas vazias, eu preciso é de vasilhas
cheias”. Mas ainda assim, a mulher preferiu corresponder com a
direção que tinha no seu espírito e então, começou a derramar e
encher as vasilhas. E dizia para o filho: “me dê mais uma vasilha
vazia!”. E ela derramava a azeite na vasilha até enchê-la, pedia
outra vasilha, e derramava o azeite nela até encher, e pedia outra.
Assim foi, até que observou o milagre que estava acontecendo, 21
continuou a derramar e as vasilhas continuavam sendo cheias.
De repente, ela pede mais uma vasilha ao seu filho e ele diz que as
mesmas haviam acabado, sendo assim, o azeite parou de ser derramado.

Por que o azeite parou? Será que havia mais azeite ou o estoque de
azeite do céu havia secado? Certamente, ainda havia plenitude de
azeite de onde ele tinha vindo, e a única razão pela qual o azeite parou
de ser derramado, foi que não havia mais vasilhas vazias. Se a viúva
soubesse o verdadeiro valor do vazio, provavelmente teria sido um
pouco mais intensa, determinada, ousada na busca pelas vasilhas
cheias e conseguido muito mais.

Devemos querer sempre mais, devemos ter sempre mais “vasilhas


vazias”, e a minha oração é que nesse tempo de jejum, você seja
alargado em revelação, que seus olhos sejam abertos e que você tenha
ouvidos para ouvir. E que uma fome e uma sede pela glória de Deus
venham crescer em seu coração, pois todo avivamento foi precedido
de grande fome e insatisfação por mais do mover de Deus. E o que
marca um avivamento não é somente o poder de Deus, mas a resposta
que damos ao poder dEle.
21 Dias por um coração aquecido

Analisando Jesus, podemos notar que Ele tinha este hábito de


cultivar, de instigar a fome e a sede em seus discípulos. Ele levava
os seus seguidores a colocar em prática esse princípio, a querer
aumentar a fome, em investir na “insatisfação”, por isso Ele disse:
“Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei,
pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”
Lc 24:29. Em outras palavras, o que Jesus está dizendo é: “Permaneça
em Jerusalém! Não vá para lado nenhum! Não faça coisa alguma!
Permaneça focado!” Esse “até que”, significa, transborde de fome,
até o ponto de quando você, simplesmente, abrir a boca para falar
nisso o coração “salte”.

E, você, tem transbordado de fome pelo Espírito Santo?


Caso contrário, você não terá nada além do que já possui. Deus não
traz mais porque você já está satisfeito com o que tem. Sabe o que
fez explodir o avivamento no País de Gales? Não? Ali houve dez mil
22 grupos de oração, clamando pelo mover de Deus, insatisfeitos com
a realidade espiritual que estavam vivendo. E quanto a você, qual
é o seu nível de fome? Se você não tem fome, esqueça, não espere
nada.

Cresça em expectativa, canalize sua expectativa no Espírito Santo, e


colocar sua expectativa nEle é estar a mercê dEle. Não é do jeito que
você quer, não é colocar o Espírito Santo dentro de uma caixinha
de sapato, não é com a formalidade humana, não tem a ver com
um horário predeterminado de um culto de uma igreja protestante
evangélica carismática dos últimos dias. E aí, está disposto a entrar no
rio onde você não dá pé, onde as coisas não dependem mais de você?
Está disposto a entrar no inesperado de Deus e não ter controle das coisas?
Portanto, quero lhe desafiar a cultivar essa sensibilidade, para ser
alargado na sua experiência e intimidade com Deus.

Deus é um Deus de medida, quem busca muito, tem muito,


quem busca pouco, tem pouco e quem não busca nada, nada tem.
A quantidade do seu vazio e de sua fome determinará a quantidade
do seu enchimento e a medida da sua fome pela glória de Deus,
determinará o quão cheio você será.
1º Dia - O poder do vazio

Entretanto, para receber o que você nunca recebeu, comece a


buscar de uma forma como você nunca buscou antes. A questão é
que alguns chegam diante de Deus dizendo: “Senhor, enche aqui
a minha xicarazinha” e Deus tem que ser bem cuidadoso, porque
Ele só pode colocar uma gota. Deus está esperando que você fique
desesperado por Ele, porque Ele quer te fazer transbordar.

Tantas vezes participamos de cultos e de reuniões e afirmamos:


“O pastor não está tão ungido hoje”, ou “o ministério de louvor não me
deixou arrepiado”, ou até mesmo “essa igreja não é mais a mesma”.
Mas a questão não é a pouca quantidade de azeite e sim a falta de vazio.
Há um poder no vazio! Não existem mais intermediários entre você
e Deus, e todo aquele que é nascido de novo tem acesso à presença
de Deus e é bem recebido em sua presença. Tendo clareza disso, as
desculpas já não existem mais, não reclame da pouca quantidade
de unção, o problema é a falta de fome e sede pela Glória de Deus.
23
Sou grato a Deus pelo que Ele tem feito, mas estou desesperado
para ver o que Ele está por fazer. Lembro-me de uma ilustração
que ouvi certa vez, esta dizia que quando um bebê está faminto ele
começa a chorar, porque sabe que a sua sobrevivência depende da
sua capacidade de colocar a sua fome à mostra. A sua sobrevivência
espiritual depende da sua habilidade de fazer com que o seu Pai
Celestial saiba o quão faminto você está, por isso, coloque a sua
fome à mostra.

Portanto, o interesse de Deus não é somente que você esteja faminto


pela glória dEle. Você, com certeza, já deve ter passado pela
experiência de não estar com fome, mas ao ver alguém comendo
uma comida com tanta vontade, com a “boca boa”, te deu vontade
de comer daquela comida também. Contudo, o interesse e a grande
vontade de Deus é ver você tão faminto a ponto de estimular o
“apetite espiritual” das pessoas que estão ao seu redor, ou seja, ser
alguém que desperte a fome pela Glória de Deus por onde passar.

A partir de hoje, você estará iniciando uma caminhada de 21 DIAS


POR UM CORAÇÃO AQUECIDO. Esteja certo que neste período
21 Dias por um coração aquecido

o Senhor irá te alargar em experiência, revelação, intimidade e em


realidade espiritual, serão dias de sair do raso, do superficial e de
mergulhar nas profundidades do Espírito. Que o Espírito Santo
venha queimar o seu coração novamente, renovar a sua chama,
deixe então, que Ele leve você a tempos de avivamento, pois há um
avivamento pessoal esperando por você.

24
2º Dia: Bendita insatisfação

Existem dois tipos de insatisfação, há uma negativa que te deixa


25
frustrado, incrédulo, melancólico, uma insatisfação carnal, negativa,
ingrata, que nunca se contenta com nada. Por outro lado, há uma outra
insatisfação, é a insatisfação que o Espírito Santo usa para te motivar,
para impulsioná-lo, para retirá-lo da comodidade, essa insatisfação
espiritual é positiva. Deus a usa para produzir fome e sede e te levar a
romper com a mesmice.

Todo ser humano tem a tendência de se acomodar, é inevitável. É assim


em cada área da sua vida, se está satisfeito com o seu casamento, é isso
que você vai ter até o dia em que morrer. Se já está satisfeito com suas
conquistas profissionais, não crescerá mais. E se está satisfeito com a sua
vida espiritual, com o seu nível de maturidade, de revelação na Palavra,
de intimidade com Deus e de frutificação na sua célula e na sua igreja
local, é isso que vai ter, pois quando se acomoda nada irá além do que
você já tem!

A grande questão é que quando não enxergamos a realidade em que nos


encontramos só passamos a vê-la quando Deus arranca as “escamas” de
nossos olhos e traz luz sobre nós. É como a história daquela rã que foi
colocada numa panela com água morna e depois colocada no fogo, com
o tempo a temperatura foi aumentando e a rã nem pode perceber, pois já
21 Dias por um coração aquecido

estava acostumada e acomodada e ela prestes a morrer, não conseguira


enxergar a sua realidade.

Às vezes ficamos satisfeitos com qualquer pouca coisa na vida:


com qualquer emprego, com o nível de escolaridade, com a vida
familiar, com a falta de um ambiente familiar amoroso e aconchegante.
Há pessoas que se acomodam com os problemas e até se acostumam
com uma vida ruim, com a prática de um certo “pecado”, com uma vida
cristã rasa, superficial, sem vida e unção. A menos que o Espírito traga luz
sobre nós e arranque as “escamas” dos nossos olhos, não enxergaremos
a nossa condição e consequentemente não iremos reconhecer.

Quando seus olhos são abertos, você é tomado por uma bendita
insatisfação e passa a não aceitar que sua casa fique dividida, que os
seus filhos se percam nas drogas, não aceita o fracasso no seu casamento
e muito menos a viver empurrando aquele pecado com a barriga.
26 Daí, você passa a reconhecer que este pecado anda destruindo sua vida
espiritual, corroendo o seu potencial, minando a sua inspiração, tirando
o seu vigor para viver e ter uma boa qualidade de vida.

Nestes dias de Jejum, o Espírito Santo quer retirar as “escamas”


dos seus olhos. Portanto, precisamos ter um coração grato por tudo
aquilo que Deus tem feito, e que verdadeiramente ele tem feito, é só
observarmos ao nosso redor. Mas se Ele tem feito e você se acomoda,
você nunca irá transbordar. Quantas vidas ainda não foram alcançadas?
Quantos enfermos ainda não foram curados? Quantos líderes ainda
não foram treinados? Quantas células ainda podemos multiplicar?
Quantas igrejas podemos abrir? Se há algumas células ou igrejas
explodindo, também existem outras onde nada acontece. Quando você
consegue separar as duas coisas: ser grato a Deus e permitir que ele
produza ainda mais essa bendita insatisfação, se prepare para o que
Deus irá fazer em você e através de você.

“Estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida, e próximo o parto, ouvindo


estas novas, de que a arca de Deus fora tomada e de que seu sogro e seu marido
morreram, encurvou-se e deu à luz; porquanto as dores lhe sobrevieram. Ao
expirar, disseram as mulheres que a assistiam: Não temas, pois tiveste um
2º Dia - Bendita insatisfação

filho. Ela, porém, não respondeu, nem fez caso disso. Mas chamou ao menino
Icabô, dizendo: Foi-se a glória de Israel. Isto ela disse, porque a arca de Deus
fora tomada e por causa de seu sogro e de seu marido. E falou mais: Foi-se a
glória de Israel, pois foi tomada a arca de Deus” 1 Samuel 4:19-22.

Vejamos, neste trecho, o povo de Israel havia possuído a terra de Canaã,


experimentado vitórias, era um povo vencedor, que havia sido liberto
do Egito, o qual pode desfrutar do sobrenatural de Deus vendo as dez
pragas no Egito. Deus operou milagres, materializou através de sinais e
prodígios pelas mãos de Moisés, o mar se abriu e o povo pôde passar.
No tabernáculo ficava a arca da aliança, que é um símbolo da presença
manifesta de Deus, e ali Deus se revelava ao seu povo e manifestava a
sua glória.

O texto de 1 Samuel, capítulo 4, retrata um tempo onde todas aquelas


experiências, milagres e grandes histórias já haviam acontecido.
A nuvem da glória de Deus que descia naquele tabernáculo a “olho nu” 27
e os seus milagres eram tornara-se apenas passado. Naquele tempo as
visões e revelações de Deus eram muito raras, a Palavra de Deus não
era frequente, porém tudo se tornara passado. Chegou-se a um ponto
em que eles foram vencidos pelos filisteus e a arca foi roubada, a arca
da aliança a qual simbolizava a presença manifesta de Deus. Veja a que
ponto a situação precisou chegar! Quanto a você, quanto a sua vida, até
que ponto permitirá que a situação se complique para se posicionar e
reconhecer que precisa de Deus em um nível maior?

É neste contexto de caos e de acomodação que a nora de Eli, esposa de


Finéias, no momento em que estava dando a luz ao seu filho, recebe a
notícia de que seu marido e seu sogro haviam morrido. Ela também fica
sabendo que a arca havia sido roubada, tomada de tamanha angústia,
ela dá o nome ao menino de Icabô, que significa: foi-se a glória de Deus!
Após isto, ela morre.

Aqui nós encontramos um princípio, que é chave: Deus só pode dar uma
virada na sua história após você se posicionar e reconhecer a necessidade
da presença dEle, reconhecer que: “Venha no meu casamento, Senhor,
porque ele: Icabô!”; “Venha no meu ministério, porque ele: Icabô!”;
21 Dias por um coração aquecido

“Venha na minha célula, Senhor, porque ela: Icabô!”. Embora, você


não seja daquelas pessoas que cai em pecados grosseiros e vive uma
vida santa e íntegra, está satisfeito, em que nível de unção você tem
experimentado na sua vida? Que nível de poder de Deus, de milagres, de
sobrenatural, você tem desfrutado? Você tem sensibilidade para perceber
a voz do Espírito Santo e ser dirigido por Ele? O Espírito Santo te chama,
te atrai a orar e a investir tempo com Ele ou você já está satisfeito com a
quantidade de azeite na sua vasilha? Se você já está satisfeito, certamente
você não irá transbordar!

Nós somos resultado de um mover de Deus, um avivamento que


marcou o seu tempo e que influência a Igreja até hoje. Um mover de
restauração, santidade, paixão missionária, de justiça social, serviço, um
evangelho integral, equilibrado em atos de piedade e de misericórdia,
na verdade, um cristianismo que funciona e que influência e transforma.
Quando olhamos para trás, encontramos avivamentos que marcaram
28 a história da Igreja e que causaram revoluções em nações inteiras, nós
somos resultado desses mover. E essa mesma graça está disponível para
a Igreja hoje, mas quando você olha ao seu redor, você enxerga esse
mover de Deus? Que o Espírito Santo encha o seu coração nesses dias de
uma bendita insatisfação que vai te impelir a clamar na sua vida, Icabô!

Neste tempo de Jejum, quero te motivar a orar, a clamar, a buscar de


Deus, para que esse mover possa crescer na sua vida, na sua célula e na
sua Igreja Local. Mesmo que você já esteja experimentando numa certa
medida o mover de Deus, tenha um coração grato dizendo: “Obrigado
pelo o que o Senhor tem feito em minha célula, mas eu ainda não vi morto
ressuscitar!”. Não fique satisfeito, porque você não transbordou ainda!

“Então o rei Sisaque atacou Jerusalém e a tomou; levou embora todos os


tesouros do Templo e do palácio e também os escudos de ouro que Salomão
havia feito. Para colocar no lugar deles, o rei Roboão fez escudos de bronze e os
entregou aos oficiais encarregados de guardar os portões do palácio”
2 Crônicas 12:9-10

Saul foi o primeiro rei de Israel, através dele a monarquia foi estabelecida
e no lugar de Saul, Deus levantou um rei chamado, Davi. O auge do
2º Dia - Bendita insatisfação

mover de Deus aconteceu no reinado de Davi, neste tempo Deus deu


vitórias, levantou a nação diante dos inimigos, fez Israel prosperar e
Jerusalém se tornou uma das principais cidades da sua época. Depois de
Davi, Salomão seu filho, coberto de riquezas começa a governar e neste
reinado o declínio da nação se inicia. E com a morte de Salomão, seu
herdeiro Roboão assume o trono e em seu reinado Faraó do Egito venceu
Israel. Faraó que é um símbolo de satanás, oprimiu, escravizou, chegou
a invadir Jerusalém e roubou todos os tesouros da casa de Deus que
eram usados para culto e adoração. A Bíblia conta que Faraó levou tudo.
Todo ouro que simboliza a glória de Deus, sua presença e seu mover.

E o que fez o rei Roboão? Ele caiu de joelhos prostrado clamando e
buscando ao Senhor? Não! Ele escolheu substituir os utensílios de
ouro pelos de bronze. Eles estavam tão acostumados a viver sem
o mover de Deus, que não fazia diferença entre o ouro ou o bronze.
O bronze parece funcionar e ser adequado, afinal alguns nunca tiveram
ouro, portanto, não faz diferença. Outros já o experimentaram na sua 29
vida e no ministério, já tiveram a glória de Deus e seu mover, o fluir,
os dons, os milagres. Mas depois, Sisaque, o diabo, sorrateiramente
começou a tirar a nossa consagração, intensidade, a motivação certa,
a pureza do coração, a paixão por Jesus, a dedicação na vida da Igreja.
Alguns perderam esse ouro, sem nem mesmo perceber.

E qual é a tendência? Não temos a glória de Deus na vida da Igreja?


Mas temos o bronze, não temos mais a nuvem da sua presença em
nossos cultos? O bronze está bom, fique satisfeito com o bronze.
No livro de Atos dos Apóstolos vemos a Igreja primitiva começando
a orar e o lugar tremer. Aquela igreja experimentava sinais e milagres.
E nós, quando experimentamos isso? Mas estamos satisfeitos. A questão
não é que agora temos que viver em busca do espetacular, o problema é
que desprezamos o mover de Deus entre nós e deixamo-lo passar e nos
tornarmos um museu cheirando a passado.

Deus quer te levar a olhar para o bronze na sua vida para você refletir:
“Deus onde está o ouro na minha vida? Onde está a manifestação
do seu poder na minha família? Onde está o ouro na minha célula?
Onde está a glória de Deus?” Nós não podemos nos acomodar com
21 Dias por um coração aquecido

o bronze, pois o ouro está disponível para a Igreja. Temos visto em


nosso tempo, jovens morrendo prematuramente, o aborto, a miséria, a
corrupção, o analfabetismo, e nos acostumamos, nos acomodamos com os
problemas do nosso bairro e cidade, achando que o governo vai solucionar.
A menos que Deus visite esse país, sacudindo as bases dessa nação, nada
vai mudar! Queremos ser uma igreja que fala de avivamento, ou que
experimenta o avivamento? Não aceite viver com o bronze. Desperta-te!

Neste Jejum o Senhor te convida a viver uma virada e não mais


uma vida medíocre – na média - como vítima das circunstâncias.
Ore ao Senhor, peça a Ele que uma insatisfação santa te tome por
completo, por uma paixão que aqueça o seu coração e te levante para
ser alguém que toma as rédias da sua vida e faz a história acontecer.
Ore isto crendo e se prepare para viver um novo tempo, um “de repente”
em sua vida, família, ministério, célula, e em todas as áreas da sua vida.

30
3º Dia: Atitudes diante
do mover de Deus

Estes são dias de busca por um avivamento pessoal, de sermos


31
alargados em nossa experiência com o Senhor. Nossa oração é que
a fome pela Glória de Deus esteja crescendo em nosso coração, um
apetite pelas coisas do céu. Temos uma ênfase muito séria nessa
caminhada dos 21 dias de Jejum: queremos o mover do Espírito
Santo cada vez mais intenso entre nós, e a Sua Glória na vida da
igreja.

Não nos satisfaz uma obra que não tenha a Glória de Deus, o que
existe de maior valor na vida da igreja é o mover de Deus e no dia
em que ela perde isso ela se torna um museu fedendo a passado,
cheio de histórias, sem vida.

Muitos avivamentos se transformaram em nada, muitos moveres


de Deus que foram despertados de uma forma genuína não
tiveram resultados, não passaram de um grande frisson, que não se
desdobrou em vidas sendo alcançadas, em líderes sendo treinados
e em igrejas fortes sendo edificadas. Quantos avivamentos se
transformaram em igreja fechadas, ministérios personalistas,
enfim, uma obra pessoal voltada para a figura de um homem.

Tantos despertamentos se transformaram num projeto de poder,


21 Dias por um coração aquecido

de arrecadação financeira ou numa maneira de barganhar votos.


Em outros, só restou apenas uma memória saudosista, onde as
pessoas dizem: “naquele tempo que era bom”, “naquele tempo
que Deus falava”, “naquele tempo Deus se movia”... Aquela coisa
melancólica, sempre olhando para trás.

Em outros casos, parece que o avivamento se transformou num


“anestésico espiritual”, numa aventura mística vendo serafins
subindo e descendo o dia inteiro, parecendo uma “cocaína
espiritual”, que muitos gostaram de experimentar, mas que
também não se resultou em frutos para o Reino.

Quando olhamos para trás, parece que o avivamento trouxe consigo


uma certa maldição, não que o avivamento seja uma maldição, mas
assim como a obra cresceu, cresceu também o “olho” de muitos,
carregando um germe de divisão, onde surgiu a igreja fulana de
32 tal, a igreja fulana de tal renovada e a igreja fulana de tal renovada
melhor do que todas as outras.

Você já viu esse filme? Tudo o que foi exposto até aqui
nos serve para refletirmos e pensarmos. Que tipo de
avivamento temos vivido? Queremos participar de algo
que seja apenas um soluço, ou algo que se pareça com um
voo de galinha, em que quando se pensa que vai, não vai?
Ou estamos disposto a viver um mover de Deus que nos transforme
e faça o mesmo com a realidade ao nosso redor?

Se estamos dispostos a participar de um avivamento prevalecente,


sustentável, precisamos ter a disposição de ficarmos expostos à luz
de Deus, criar raízes, ir além do romantismo. Haverá momentos
onde os frutos parecem ser escassos, em que o preço parece estar
caro demais, em que estar junto com certas pessoas parece algo
difícil. Ou cruzamos essa fronteira ou iremos reproduzir o que
temos visto em muitos lugares na vida da igreja.

Estejamos certo de uma coisa, esse mover pode crescer ou não, e


também até deixar de existir. Será proporcional a nossa atitude, ao
3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus

nosso coração, a nossa postura diante dele. Por isso, hoje, devemos
abrir o nosso coração para que o Espírito Santo traga revelação e
abra os nossos olhos para que nos enxerguemos e correspondamos.

“Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número de


trinta mil. Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu
para Baalá de Judá, para levarem de lá para cima a arca de Deus, sobre
a qual se invoca o Nome, o nome do SENHOR dos Exércitos, que se
assenta acima dos querubins.”
2 Samuel 6:1-2

Davi reuniu os escolhidos de Israel para trazerem de volta a arca


da aliança. Esse foi um dia de mover de Deus. A arca simboliza
a presença manifesta de Deus. Deus é onipresente, Ele está em
todos os lugares, o salmista diz: “Para onde me ausentarei do teu
Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás;
se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; 33
se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares,
ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”
(Sl 139:7-10). Mas existe um outro aspecto da presença de Deus,
a sua presença manifesta, que é quando Deus está presente num
lugar e as pessoas O percebem.

Nesse texto do segundo livro de Samuel, capítulo 6, encontramos


alguns personagens que nos falam na verdade de algumas atitudes
que podemos assumir diante desse mover de Deus. O que significa
cada um desses personagens? O que eles têm haver conosco?

A presença de Deus é a mesma, mas ela pode ter efeitos diferentes


em cada um de nós. Podemos ver o exemplo do sol, quando ele se
encontra com a cera, ela amolece, mas quando se encontra com o
barro, ele endurece. O sol é o mesmo, a diferença está na natureza
do material, se formos cera, quando o sol da justiça vier, vamos
nos derreter diante de Sua presença, mas se formos barro, quando
o mesmo vier, iremos nos endurecer diante dEle. Logo, o que vai
determinar se o mover de Deus irá crescer em nossas vidas ou não
é a nossa atitude, a postura do nosso coração.
21 Dias por um coração aquecido

1. Uzá – aqueles que são irreverentes diante do mover de Deus

“Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de


Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe,
guiavam o carro novo. Levaram-no com a arca de Deus, da casa de
Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca. Davi e toda
a casa de Israel alegravam-se perante o SENHOR, com toda sorte de
instrumentos de pau de faia, com harpas, com saltérios, com tamboris, com
pandeiros e com címbalos. Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu
Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então,
a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta
irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus. Desgostou-se Davi, porque
o SENHOR irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até
ao dia de hoje” 2 Samuel 6:3-8.

A arca foi levada para a casa de um homem chamado Abinadabe onde


34 ficou por vinte anos. No dia em que Davi resolveu levar a arca da
aliança de volta para Jerusalém, Uzá, filho de Abinadabe, guiava o
carro de boi.

A primeira atitude que vamos destacar neste dia de mover de Deus é


a de Uzá, que para a nossa surpresa, não foi uma experiência muito
agradável com o mover de Deus. Uzá não “caiu” no poder de Deus,
não riu, não chorou, pelo contrário, ele até caiu, mas morto.

O que era para ser glória e poder de Deus se resultou em morte.


Mas porque isso aconteceu? O que tinha na vida de Uzá? Por que ele
não conseguiu desfrutar do mover de Deus?

A arca da aliança ficou na casa de Uzá durante vinte anos e desde


pequeno estava acostumado a vê-la. Ela era apenas como uma mesa,
um sofá, ou uma geladeira, era só mais um móvel no meio de tantos
outros que estavam ali.

Até o dia em que Davi decidiu levar a arca de volta, pois para ele, ela
era muito preciosa, afinal era a presença manifesta de Deus. A arca
estava sendo conduzida e de repente, o carro de boi tropeçou e Uzá foi
3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus

segurá-la. No momento que Uzá a tocou, ele morreu.

Um toque “diferente” e o coração veio para fora! Uzá, aparentemente,


queria ajudar e socorrer a Deus, pois os bois tinham tropeçado e a
Arca poderia ter caído. Todos estavam alegres e Davi não desejava que
nada saísse errado. Uzá ao ver que a carroça pendia pelo tropeço dos
bois, estendeu a mão, tocou na arca e morreu por essa “irreverência”.

Mil anos depois, uma mulher estava enferma, havia doze anos que
sofria de uma hemorragia que não se estancava. A vida se esvaía e ela
não se sentia com forças para viver, sem falar no constrangimento que
sofria e o fato de ter gastado todo o seu dinheiro com médico e remédios,
sem nada resolver. Ela veio por trás e tocou em Jesus, imediatamente
se viu livre da enfermidade! “Quem me tocou?” perguntou o Senhor.
“Mestre, a multidão te aperta e dizes, quem me tocou?” questionava
Pedro. “Alguém me tocou, pois, senti que de mim saiu poder!”
garantiu Jesus. Milhares de mãos, nenhum toque! Uma única mão, 35
um toque que ativou o poder de Deus! A Arca era o simbolismo da
Presença de Deus, já Jesus era a Presença de Deus, não simbolizada,
mas realizada: Emanuel, Deus Conosco!

Morre-se ou vive-se diante de Deus com o coração, a presença


de Deus o expõe. Uzá nos fala daqueles que estão acostumados e
familiarizados com a arca. Muitos se acostumaram com o mover de
Deus na vida da igreja, e quem sabe se não somos mais um “Uzá”?
Acostumados a participar de cultos, com a celebração da Ceia, com a
presença de Deus, acostumados com tudo, não há nada de novidade,
tudo é conhecido. Não podemos nos acostumar com a presença de
Deus, essa é uma das coisas mais perigosas na caminhada cristã.

Uzá estava tentando segurar algo que tinha que cair, não tente segurar
o que precisa cair. Davi tinha um coração certo, mas não estava fazendo
da maneira correta, pois não se carregava a Arca em carro de boi.
Isto nos fala de técnica humana, estratégia de filisteu, é a carne
querendo produzir coisas do Espírito e não se produz mover de Deus
na força do braço. E devido a isso, a Arca deveria cair para o bem de
Davi, para que ele caísse em si.
21 Dias por um coração aquecido

2. Obede-Edom – aqueles que valorizam o mover de Deus

“Ficou a arca do SENHOR em casa de Obede-Edom, o geteu, três meses; e o


SENHOR o abençoou e a toda a sua casa” 2 Samuel 6:11

A arca ficou na casa de Obede-Edom durante três meses e Deus abençoou


tudo o que ele tinha - Um morreu e o outro foi abençoado - Será que Deus
faz acepção de pessoas? Não. A benção de Deus está estendida a todos,
mas alguns são como Uzá, irreverentes, e outros são como Obede-Edom,
valorizam a glória de Deus.

Perceba que a arca ficou na casa de Abinadabe durante vinte anos,


e a Bíblia não diz que eles foram abençoados. Entretanto, ficou três
meses com Obede-Edom e Deus o abençoou tremendamente. Por quê?
Havia um segredo? Não. A diferença estava na forma em que cada um
enxergava a Arca. Para Abinadabe ela era somente uma madeira banhada a
36 ouro, só um “negócio religioso”, e para Obede-Edom não, era a arca de Deus,
a presença dEle!

Imagine a cena, Uzá acaba de morrer e Davi em busca de voluntários,


disse: “Alguém aqui poderia levar a arca para casa?”. As pessoas
começam a disfarçar, olhando para um lado e para o outro e um
festival de desculpas: “eu não posso, trabalho muito”, “na minha casa?
Tenho filhos pequenos, imagina se um deles esbarra na arca?”.
Ninguém queria, mas Obede-Edom disse: “Eu quero!”.

Perceba a atitude de Obede-Edom, o qual reconheceu o valor da arca


do Senhor. Ele, porém, chegou em casa e disse para a sua família:
“Essa é arca da aliança, que atravessou o rio Jordão e o rio parou, onde
Deus se manifestou ao seu povo e agora ela está aqui, na nossa casa”.
Em contrapartida, para Abinadabe a arca era apenas uma coisa comum e
normal.

As coisas de Deus não são neutras, Uzá morreu, mas Obede-Edom foi
abençoado. Jesus disse que para alguns Ele seria como pedra de edificação,
mas para outros Ele seria pedra de tropeço (Mt 21:44; 1Pe 2:8). Jesus é o mesmo,
mas tudo depende da nossa atitude, da nossa postura, do nosso coração.
3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus

3. Mical – aqueles que observam o mover de Deus

“Ao entrar a arca do SENHOR na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul,


estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando
diante do SENHOR, o desprezou no seu coração. Introduziram a arca do
SENHOR e puseram-na no seu lugar, na tenda que lhe armara Davi; e este
trouxe holocaustos e ofertas pacíficas perante o SENHOR. Tendo Davi trazido
holocaustos e ofertas pacíficas, abençoou o povo em nome do SENHOR dos
Exércitos. E repartiu a todo o povo e a toda a multidão de Israel, tanto homens
como mulheres, a cada um, um bolo de pão, um bom pedaço de carne e passas.
Então, se retirou todo o povo, cada um para sua casa. Voltando Davi para
abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele e lhe
disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das
servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer! Disse,
porém, Davi a Mical: Perante o SENHOR, que me escolheu a mim antes do
que a teu pai e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo
do SENHOR, sobre Israel, perante o SENHOR me tenho alegrado. Ainda 37
mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas, de
quem falaste, delas serei honrado. Mical, filha de Saul, não teve filhos, até ao
dia da sua morte” 2 Samuel 6:16-23

Mical, de uma certa maneira, também participou deste dia de mover de


Deus, ela nos fala de um outro tipo de atitude que também podemos
assumir, atitudes daquelas pessoas que valorizam mais a forma do que
o conteúdo. Para Mical, é mais importante a aparência do que a Glória
de Deus, ela é do tipo da pessoa que gosta de falar: “para que gritar
tanto ao orar? Deus não é surdo!”, Deus não é surdo, mas Deus também
não é estressado. Mical lustra, claramente, daqueles cristãos que se
esqueceram da presença de Deus.

Outra atitude da mulher de Davi foi o desprezo ao rei no seu coração


(2Sm 6:16). Mical não honrou Davi diante do povo e por isso não
pôde ser abençoada por ele. E uma pessoa assim não tem honra
no coração, a unção que você honra é a unção que você abençoa.
Davi queria abençoar a vida de sua esposa (2Sm 6:20), mas Mical só
enxergava Davi como um homem ridículo que ficava rodopiando no
meio do povo. Nós só temos aquilo que abençoamos e se quisermos ser
21 Dias por um coração aquecido

abençoados através do mover de Deus em nossos dias, então falemos


bem desse mover. Por que algumas igrejas não crescem? Porque os
seus pastores vivem falando mal do crescimento da Igreja e, como
dito anteriormente, embora em outras palavras, não recebemos
aquilo que falamos mal, ninguém bebe de uma fonte que ele mesmo
suja.

Pessoas com a mentalidade de Mical gostam de criticar e diminuir o


resultado do outro. São cheias de inveja, desprezam o dom que outros
receberam de Deus e ao invés de encorajar as pessoas, procuram
abafar e freá-las

O interessante é que Mical, ao invés de entrar e se envolver no mover


de Deus, escolheu ficar olhando pela janela. E sempre há uma Mical
olhando pela janela, criticando e diminuindo o que Deus está fazendo
no meio do povo. Portanto, não fique olhando pela janela, deixe de
38 ser apenas um “expectador”, entre no mover e desfrute do que Deus
está fazendo em nossos dias. Este é o tempo da nossa oportunidade.

E qual seria o problema de ser Mical? O problema é que ela não


teve filhos até o dia da sua morte. E pessoas assim, que vivem
diminuindo o ministério dos outros, mas não têm frutos, não geram
filhos espirituais, ficam estéreis. O problema de ser Mical é o de não
fazer discípulos.

4. Davi – aqueles que se envolvem no mover de Deus

Por último, Davi nos fala daqueles que possuem um clamor no


coração pela Glória de Deus. Quando ele foi em busca da arca, não
está à procura do ouro nem dos utensílios que havia dentro dela, o
que Davi estava “perseguindo” era o mover de Deus.

Esse clamor também deve ser real em nosso coração faminto pela
presença manifesta de Deus. Realmente ficamos preocupados com
irmãos que não se importam mais com a Glória de Deus, com pastores
que não se importam se na vida de suas igrejas, cultos, reuniões,
células, tem ou não a presença de Deus.
3º Dia - Atitudes diante do mover de Deus

Talvez você esteja precisando de uma disposição maior para cultivar a


fome por mais de Deus. “Sucedeu que, quando os que levavam a arca
do SENHOR tinham dado seis passos, sacrificava ele bois e carneiros
cevados” (2Sm 6:13). Para avançarmos no mover de Deus é necessário
perseverança. Eles andavam seis passos e ofereciam sacrifício a Deus.
E, às vezes, queremos tudo muito fácil, somente coisas simples, só
“mamão com açúcar”, só um “momentozinho” com Deus, mas é
necessário persistir.

Se perseverarmos, permanecermos, buscarmos, seremos como um


capim seco cheio de fogo e o Espírito Santo irá soprar sobre nossa vida,
inspirando, assim, milhares.

39
21 Dias por um coração aquecido

40
4º Dia - A necessidade
de uma experiência

“Por muito tempo meu espírito aprisionado, permaneceu nos grilhões das
41
trevas e do pecado. Até que de teu olhar veio o raio vivificador, e despertei, meu
calabouço em pleno fulgor. Os grilhões se romperam, meu espírito foi liberto.
Levantei-me e passei a seguir-te de perto.” John Wesley

Sem dúvidas, existe uma experiência libertadora que temos com
Deus que nos leva a viver a plenitude do que Ele preparou para nós.
Os Apóstolos, enquanto caminhavam com Jesus, não podiam
imaginar que um dia fariam “obras maiores que a dEle”.
Paulo, enquanto Saulo, zeloso no que considerava correto, nunca
se imaginou como membro daquilo que ele mesmo perseguia.
Os judeus também viveram esta experiência, achavam-se detentores
da verdade, afinal, eles eram o povo escolhido por Deus entre todos
os povos da terra. Mas ainda assim, esta não era a experiência final
de Deus para com eles, havia mais, sempre existe mais, Deus é um
Deus de novidades, que não consegue se conformar, ou se limitar a
uma mesmice ou rotina.

Jesus, no livro de João, vai apresentar a todo o seu povo uma nova
experiência, que está disponível a todos os homens que desejarem,
que tem o poder de transformar as nossas vidas e nos levar a novos
patamares espirituais.
21 Dias por um coração aquecido

“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém
tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do
seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que
haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não
fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” João 7:37-39

No último dia de Festa, o grande dia, o mais importante, Jesus se levanta
no meio do povo e faz o discurso de que quem tivesse sede deveria ir a
Ele e beber, pois aquele que cresse e bebesse dEle, nunca mais teria sede,
do seu interior fluiriam rios de água viva.

A festa dos tabernáculos, conhecida também como a festa das cabanas,
era a comemoração onde o povo Judeu relembrava os 40 anos em que
seus pais viveram no deserto, entre o Egito e Canaã. Estes dias, foram
marcantes na história deste povo, afinal, eles foram sustentados 40 anos
pelo Senhor no deserto. Como um tempo marcante, Deus levanta um
42 memorial, uma festa, para que eles pudessem lembrar dos feitos do
Senhor.

O último dia da festa, o mais importante, conhecido como “Hoshana
Rabbah”, ou Grande Hosana, o grande “vem nos salvar”, dia pelo qual
o povo judeu relembra a forma como foram salvos no deserto. Neste dia,
o sumo sacerdote trazia em um jarro de ouro, águas do tanque de Siloé e
derramava sobre o altar de sacrifício, fazendo uma grande cerimônia, e o
povo, com grande alegria, celebrava ao Senhor cantando hinos e salmos.

A água tem um grande simbolismo na Bíblia e é por este motivo que
ela é citada por Jesus neste texto. Para nós, cristãos, a água também
demonstra um simbolismo, afinal somos batizados com água, Cristo é a
água viva e o fluir do Espírito é o fluir de Rios de Água Viva.

Para os judeus a água demonstra a salvação. Em Números 20:2-13 está


relatado o dia em que Moisés feriu a rocha e de lá brotou água. O povo
estava no deserto, com muita sede e não havia nenhum lugar onde
poderiam tirar água e imediatamente começaram a murmurar, então,
Moisés e Arão se prostam diante do Senhor buscando nEle uma solução
para o desespero do povo. Neste momento, Deus dá a direção a Moisés
4º Dia - A necessidade de uma experiência

que junte o povo e dê ordem a rocha e dela brotaria água. Este dia,
também, se tornou um grande memorial, pois de forma milagrosa Deus
fez surgir água para o seu povo, a água salvadora, que impediu que o
povo de Deus perecesse e morresse de sede no deserto.

Diante deste memorial, neste dia, na festa onde se relembrava todos


os feitos do Senhor nos dias em que os pais deles ficaram no deserto,
mais especificamente no dia da “grande salvação”, Jesus levanta-
se colocando como a rocha, ou seja, aquele que faz brotar água, não
qualquer água, mas a água que salva e faz surgir de dentro de nós, rios
de água viva.

Jesus, então, convida a todo o povo a ter uma nova experiência, uma
experiência que vai além da salvação, mas que faz de cada um uma fonte
a jorrar por toda a eternidade - “Rios de Água Viva” - uma experiência
com o Espírito Santo. Sim, a experiência é com o Espírito Santo.
Alguns versículos adiante nos comprovam isto. João nos diz no verso 39 43
que Jesus estava falando a respeito do Espírito Santo, que receberiam os
que cressem, pois até aquele momento ainda, não havia sido revelado.

O Espírito Santo tem o poder de transformar nossas vidas e nos


fazer viver um tipo de vida totalmente diferente do que vivíamos.
Passamos então a viver além do natural, entramos na esfera do
sobrenatural, compreendendo as coisas espirituais. O nosso coração,
que era de pedra, se torna de carne após a nossa salvação (Ez 36:26),
mas depois da experiência com o Espírito Santo, ele se torna aquecido,
incendiado pelo fogo do Espírito.

As obras do ministério se tornam mais sólidas e intensas depois


que temos uma experiência transformadora com o Espírito Santo.
Jesus dá inicio aos seus três anos e meio de ministério depois do momento
do seu batismo, em que o Espírito Santo e veio sobre Ele como uma
pomba e do alto ouviu Deus dizer: “Este é meu Filho amado, em quem
me comprazo” (Mt 3:17). Em sua ascensão, Ele deixa seus discípulos
reunidos em Jerusalém orando e aguardando a descida do Espírito
Santo sobre eles, o que acontece dez dias depois e os transformam em
flechas incendiadas.
21 Dias por um coração aquecido

Deste modo, Jesus nos mostra em João 7:37-38 que se quisermos e


crermos nEle, poderemos ser transformados, de sedentos a fontes de
Rios de Água Viva, que jorrarão por toda a eternidade. Isto sim é uma
transformação, cuja terra seca se torna uma poderosa nascente.

Diante disto, gostaria de listar aqui alguns pontos importantes


demonstrados pelo texto de João, que nos levarão a esta experiência tão
necessária para nossas vidas.

1. Se alguém tem sede

Jesus estava diante de uma festividade religiosa, ali havia pessoas


cumprindo apenas um ritual, mas também tinham pessoas que estavam
em busca de um encontro com Deus, de salvação e de transformação.
A pergunta de Jesus não era sobre sede natural, que temos ou que os
pais deles tiveram no deserto, antes de Moisés ferir a rocha. Jesus esta
44 falando de uma necessidade espiritual que todo homem tem. Todos tem
essa sede, a diferença é que alguns querem saciá-la, outros não.

Sede de salvação, sede de transformação, sede de retornar ao propósito


inicial do homem, refletir a imagem Deus. Esta é a pergunta que Jesus
fez a todos. Quem aqui deseja ser transformado para ser semelhante a
mim e fazer as mesmas obras que Eu faço? Que venham a mim!

Se quisermos esta experiência para nos tornarmos semelhantes a Ele


e para fazermos as obras que Ele fez, nos encontramos no grupo dos
sedentos, ou melhor, dos que tem sede.

Agora, o que os que têm sede devem fazer?

2. Venha a mim e beba

Jesus dá uma ordem a este sedento: “Venha a mim e beba”. Se você


deseja esta experiência tão necessária, que te transformará em uma nova
pessoa, a única coisa que você precisa é ir a Ele e beber.

Primeiro: Você pode ir a Ele. Não existem mais barreiras! Ele veio para
4º Dia - A necessidade de uma experiência

remover o que nos separava, o caminho está aberto, podemos nos


achegar ao seu trono da Graça (Hb 4:16). Nada nos impede, nada mais
nos separa (Rm 8:31-39). Ele deseja aquecer seu coração e se refletir ao
mundo através da sua vida, por isso, vá até Ele e permita que o fogo do
Espírito Santo purifique sua vida e te transforme em alguém semelhante
a Ele.

Segundo: Você pode beber, é de graça. Talvez você diga, “mas nós
não merecemos” e, sem dúvida, nunca mereceremos, por isso é Graça.
A única coisa que devemos fazer é aceitar esta Graça, ir até Ele e beber.
É Ele quem nos convida a beber de Sua água viva. Deixe de lado mentiras
do tipo que você não merece que você não está pronto, que você não
está preparado. Jesus te convida a beber de suas águas e esta será a
experiência que te levará para tudo mais que Ele deseja fazer através de
você.

Terceiro: A importância da água. A água é essencial para a sobrevivência 45


humana e nós até aguentamos ficar alguns dias sem comer, mas sem
beber água, não passamos de três dias. Jesus se coloca como algo
essencial na vida humana, afinal o homem não vive sem Deus, nós
temos sede de Deus, e não podemos fugir desta realidade. Precisamos
desta experiência, que não apenas nos sacia, mas também nos torna um
instrumento para levar o que sacia aos outros.

3. Quem crer em Mim

Jesus é a fonte, Ele é a própria água viva, a vida que jorra de dentro de
nós, por este motivo Jesus nos manda ir até Ele e beber. Não são rituais e
nem práticas religiosas que nos fazem ser cheios do Espírito Santo, mas
simplesmente o crer em Jesus, que Ele é a fonte, a Água Viva e quem nos
dá vida.

Outra questão importante é o exercício da fé onde depositamos nossa fé


nEle e por conta disso, vivemos esta experiência. Fé é acreditar, é confiar
na Palavra e no caráter de Deus e confiar que Ele está nos convidando,
por isso podemos ir sem medo e crendo que sua Palavra será cumprida
em nossas vidas.
21 Dias por um coração aquecido

Para vivermos qualquer experiência com o Espírito Santo precisamos de


fé, de crer de fato que é a vontade de Deus nos fazer transbordar dEle, e
em fé corresponder com suas direções, e logo, estarmos transbordando.

Neste dias, queremos te incentivar a buscar a Deus e uma experiência


com o Espírito Santo como você nunca teve antes. Cremos que a fé já está
sendo gerada em seu coração através da Palavra de Deus, te levando a
ter certeza de que a Sua vontade é que você tenha um coração aquecido
e transbordante do Espírito Santo. Creia que foi Deus quem preparou
estes dias de jejum e consagração para você e permita o Senhor operar.

4. Do seu interior fluirão rios de água viva

Em João 4, Jesus se apresenta para a mulher samaritana como água viva,


e que se ela bebesse dEle, jamais teria sede e no seu interior formaria uma
fonte a jorrar por toda a eternidade. Jesus ali, falava de Si mesmo e da
46 experiência que aquela mulher poderia experimentar, reconhecendo-O
como salvador. Aqui em João 7, Jesus vem nos falar não de uma fonte,
mas de rios de água viva. Em seguida, João nos explica que Jesus falava
do Espírito Santo.

Existem duas experiências e elas são fundamentais em nossa vida


espiritual. A primeira é aceitar a Jesus como nosso Senhor e Salvador e
ela nos faz nascer de novo, e nosso interior é tomado pela vida de Deus.
Já a segunda experiência é o batismo com o Espírito Santo, e esta nos
permite com que do nosso interior, não somente uma fonte brote, mas
jorre de nós rios de água viva.

Rios são mais fortes, mais poderosos do que fontes. Rios são renováveis,
cheios de vida e abençoam a outras pessoas, a comunidade e cidades.
Esta segunda experiência nos coloca em um nível mais intenso em nossa
atividade ministerial, pois aquilo que surge de dentro de nós passa então
a abençoar outros.

Assim, nos tornamos verdadeiras testemunhas de Cristo, pois temos


vida fluindo de forma poderosa do nosso interior. Podemos levar o
evangelho do Senhor, fazer discípulos, orar, fazer as mesmas obras que
4º Dia - A necessidade de uma experiência

o Senhor fez, no mesmo poder que Ele operou.

Tente olhar este texto no contexto da experiência do povo judeu no


deserto. Alguns estavam morrendo pela falta de água. Deus então,
através de Moisés, faz de uma rocha surgir água. O texto diz que depois
que Moisés feriu a rocha, muita água saiu dela e essa água supriu a
necessidade daquele povo e trouxe vida a eles.

Desta mesma forma, existem pessoas ao nosso redor necessitadas de


água viva, sedentas pela Palavra do Senhor. Diante disto, através da
nossa experiência com o Espírito Santo, Deus fez surgir do nosso interior
rios de água viva, que jorram muitas águas, para saciar estes sedentos
que estão morrendo pela sequidão do mundo.

47
21 Dias por um coração aquecido

48
5º Dia: Deus residente

Este é um dos assuntos mais profundos da Palavra de Deus, e ao


49
mesmo tempo um dos mais simples, este tema irá abrir portas para
novas dimensões de comunhão com o Deus Eterno que é residente.
Pois, podemos desfrutar da presença de Deus ininterruptamente, a
cada instante, a cada momento e não mais vivendo aqueles momentos
ocasionais, e sim de uma maneira viva e permanente.

“Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” 1 Coríntios 6:17

Isso é poderoso! Talvez não tenhamos a clareza desse versículo, do


impacto, da profundidade, das consequências e implicações do que a
Bíblia está dizendo aqui. Antes, erámos uma pessoa isolada, separada
de Deus, morta espiritualmente, mas Paulo está dizendo que quando
somos regenerados, o nosso espírito se une ao Espírito de Deus e se
tornam um.

Quando Deus idealizou o homem, Ele nos fez para sermos seres
espirituais, mas com a sua queda do homem, este propósito se perdeu.
Então, por que Deus nos fez seres espirituais? Porque Deus é Espírito,
Ele irá se relacionar conosco, falando, inspirando, edificando e nos
dando direção no espírito. Porém, na queda, quando o homem pecou,
ele se tornou carnal, sua alma passou a estar rendida a sua carne, e
21 Dias por um coração aquecido

logo se tornou escravo do pecado e das coisas naturais.

Agora, a base de nossa comunhão com Deus, é o novo nascimento,


e somente assim, teremos comunhão com o Espírito Santo, para isso
precisamos viver esta experiência que nos faz nova criatura, não mais
rendidos à carne, mas seres espirituais regenerados.

Uma pessoa que não foi regenerada é incapaz de ter intimidade com
Deus, é como um rádio querendo captar os sinais de uma televisão.
É incompatível, porque Deus opera no âmbito espiritual e é por esse
motivo que Paulo afirma que o homem natural não compreende as
coisas espirituais, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2:14).

É óbvio que Deus pode entrar na realidade humana e natural. Em


vários momentos na história bíblica, podemos observar o Senhor
falando de modo audível ou através de sinais e sonhos. Mas em linhas
50 gerais, a maneira de Deus agir é espiritualmente. Deus é Espírito
(Jo 4:24) e nós também somos espírito (1Ts 5:23), somos da mesma
espécie, podemos nos relacionar e ter plena comunhão.

“Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da


água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da
carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu
te dizer: importa-vos nascer de novo” João 3:5-7

Estamos introduzindo os fundamentos dessa verdade. A Bíblia diz


que o nosso primeiro nascimento foi o nascimento na carne, onde
fomos gerados e concebidos. Então, somos por natureza, por origem,
seres carnais. E se não tivéssemos a experiência da regeneração, esta
seria a nossa condição até o final da nossa vida.

A Palavra de Deus introduz um outro paradigma, que é de fato


superior ao anterior. Se pelo nascimento na carne, nos tornamos carne,
então, pelo nascimento no Espírito nos tornamos seres espirituais.
Mesmo que habitemos neste corpo, neste tabernáculo carnal, uma
vez que nascemos do Espírito e fomos regenerado pelo Senhor, nos
tornamos seres espirituais.
5º Dia - Deus residente

Entretanto, novamente estamos qualificados a termos um


relacionamento com Deus. Mas qual é a preciosidade disso?
Ora, aquele que foi regenerado tem condição de ouvir o Espírito
Santo, ao contrário de alguém que não nasceu de novo, o qual
está como que “desligado” para Deus. Não que Ele não fale e
nem queira falar, e sim pelo fato de que essa pessoa não tem
a capacidade, a sensibilidade de perceber a voz de Deus.
Encontrando-se, incapacitado de fazer um “download” das coisas
do Espírito.

A Bíblia é um grande romance, Deus é extremamente apaixonado


por nós, Ele não tinha necessidade de nos criar, mas quando viu toda
a Sua Glória, Sua vida divina, Deus decidiu compartilhá-la conosco.
Em contrapartida ao diabo, que é egoísta, que cobiça o que não é
dele, e que quer passar por cima das coisas para estabelecer a sua
vontade. Deus, porém tem uma índole inversa, que compartilha,
investe e que dá aquilo que é só dEle. 51

Assim, podemos perceber que Deus nos criou a fim de que pudéssemos
compartilhar de Sua Glória, beleza, grandeza e intimidade.
Ele arquiteta o homem, não apenas para adorá-lo, esta ideia é
muito superficial, parece que Deus tem problema de autoestima,
e de que precisou criar o homem para ficar dizendo: “Você é lindo
meu Deus!”, “Não esquece não, você é demais”. Há algo mais
profundo: Deus quer se casar com homem.

Quantas vezes vemos na Bíblia, o uso da comparação com o casamento


mostrando uma vaga ideia de Sua intenção conosco. Na verdade,
não há na experiência humana nenhuma outra mais profunda, mais
íntima, de duas pessoas tornarem-se uma do que no casamento.
No entanto, Deus intenta, Ele quer se casar conosco, e deseja tanto
ter o nosso coração próximo do dEle, que nos propõe um casamento.
Mas, não um casamento baseado em trocas carnais, afinal mesmo
sendo uma expressão profunda, ainda é pequeno e superficial
diante da grandeza do desejo de Deus para conosco. Este desejo é
mais do que nos ter por perto, mais do que seguirmos o Senhor, o
desejo dEle é se misturar conosco.
21 Dias por um coração aquecido

A Palavra de Deus, de uma maneira mais profunda, usa outro exemplo


para trazer clareza do desejo de Deus, onde Jesus se revela como uma
árvore, que produz frutos para serem degustados (Jo 15:1). O que fazemos
com uma fruta saborosa especialmente quando estamos com vontade
de desfrutar daquele sabor? Primeiro, mordemos a fruta afundando
os dentes, arrancamos um pedaço e começamos a mastigar, e então as
papilas gustativas da língua, capazes de identificar o sabor, transmitem
para o cérebro essa sensação. Nossa saliva quebrará as moléculas e
partículas da fruta e ao engolirmos, nosso sistema digestivo a digere.
Logo depois, a fruta entra na corrente sanguínea como glicose e começa
a se espalhar pelas nossas células, que queimam a glicose de modo em
que a fruta se tornou a nós mesmos. A fruta se misturou em nós, ao
ponto de nos tornarmos um. É incrível fazermos esta comparação com
Cristo, não é mesmo? Afinal, Jesus é a videira e a expectativa de Deus é
que nos alimentemos dEle, para que Ele se torne um conosco e nós com
um com Ele.
52
Chega de tomar estas verdades apenas como ideias em nossa mente,
que nestes dias de jejum você venha arrancá-las das páginas de sua
Bíblia e apropriar-se delas, pois só iremos desfrutar destas realidades
espirituais na medida em que tivermos revelação. Afinal, a Palavra de
Deus tem poder para mudar a nossa vida, nos levar a um outro nível de
intimidade e comunhão com Deus, recebermos dessa Presença, sermos
guiados e conduzidos pelo Espírito desde o momento em que abrirmos
os olhos pela manhã, até o momento em que os fecharmos, à noite.
E esta realidade está disponível para nós. Aleluia!

Deus não pode estar mais perto de nós do que Ele já está. Nos quatro
evangelhos Jesus é chamado de Deus Emanuel, mas Ele mesmo fala
de uma nova realidade e de um novo tempo que Ele não estaria mais
conosco, e sim em nós (Jo 14:17). Se tivermos revelação dessa realidade,
ela vai mudar completamente a nossa percepção da presença de Deus,
bem como a nossa vida de adoração e santidade, e até a nossa maneira
de orar.

Por mais que sejamos regenerados, vivemos achando que Deus está do
lado de fora, oramos como se Ele estivesse na estratosfera e que para
5º Dia - Deus residente

ouvir a nossa oração, precisamos insistir, e somente depois de muito


jejum, subir ao monte mais alto da cidade, conseguiremos ser ouvidos
por Ele e perceber a Sua presença.

Não precisamos berrar para Deus nos ouvir, essa é uma ideia de que
Deus está em algum lugar, e Ele virá de fora para dentro. Deus não tem
que vir, Ele já veio! O Espírito de Deus já foi enviado! A Palavra de Deus
nos ensina que do nosso interior fluirão rios de água viva (Jo 7:38), é a
partir do nosso interior, e dele flui a vida, flui a unção, é do interior que
a autoridade é liberada, é a partir do nosso espírito que percebemos as
impressões, é no interior que Ele fala, que Ele opera, que Ele move.

Dentro de você habita o poder dos poderes. O mesmo poder que


curou enfermos, que ressuscitou mortos, que libertou oprimidos e que
ressuscitou a Cristo Jesus, habita em nós e está em operação em nossa
vida agora, neste exato momento. Somos aqueles que têm o Rei dos reis
na “barriga”, somos templo, morada, habitação, casa de Deus, Corpo de 53
Cristo, porque o “Deus residente” habita em nós.

Portanto, pare de correr atrás do “Zé profeta” ou do “pregador famoso”,


e até de conferências, onde muitos pensam que lá, naquele dia e hora,
com o missionário poderoso da oração forte e da mão pesada, então, e
somente então, Deus vai se manifestar. Há irmãos que não podem ver
uma mão levantada que saem colocando sua cabeça embaixo.

À medida que crescemos em revelação desse princípio, nossas


experiências mais poderosas com a Glória de Deus, acontecerão quando
estivermos a sós com Ele, sem o pastor poderoso, nem a irmã do “cabelo
de fogo”, sem grandes estrelas, sem ninguém, porque descobrimos que
em nós habita um Deus residente. E ter está certeza, mudará a nossa
percepção da pessoa e da presença do Espírito Santo.

Seremos como um manancial recluso e uma fonte selada (Ct 4:12) - o


manancial é uma grande lagoa subterrânea, às vezes capaz de abastecer
grandes cidades por longos períodos, mas são reclusos, ocultos. - Assim
somos nós com a nossa experiência em secreto com o Espírito Santo.
É muito bom participar de congressos e conferências, mas a grande
21 Dias por um coração aquecido

chave é o que acontece no secreto, e este manancial tem tanto para fluir
que pode abastecer nossa vida espiritual por longos períodos. A fonte
da vida cristã é reclusa!

O Senhor fala com Israel “quantas vezes eu quis reunir os teus filhos,
como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas” (Mt 23:37).
Essa é a figura que Deus quer compartilhar conosco, Ele se compara
com uma galinha que tem asas e que puxa para perto todos os seus
pintinhos e os deixam guardados e aninhados debaixo dela. Este é o
nosso Deus, que não é frio, nem distante, muito menos apático. Deus é
um Deus “abraçador”, “beijoqueiro”, “pegajoso”, e não há limites para
essa intimidade. Quanto mais tempo investirmos na presença dEle, mais
cheios do Espírito seremos e mais sensíveis ficaremos à sua voz.

Esta realidade é para ser experimentada, desfrutada e, não para ser algo
teórico em nossa vida espiritual. Desafiamos você a buscar revelação,
54 para que essa experiência possa te marcar, sendo uma realidade
prática, diária, de modo que não importe as pressões, as dificuldades,
os problemas ou uma alma agitada. Você jamais perderá isso, porque
quando você cresce em revelação, cresce em experiência e isto se torna
parte do seu viver diário.
6º Dia - A pessoa
do Espírito Santo

“Sem o Espírito de Deus não podemos fazer nada, a não ser acrescentar
55
pecado sobre pecado” - John Wesley

Nascer de novo não é apenas uma experiência, pelo contrário,


é receber a presença do Espírito Santo que habita em nós, sendo
Ele uma Pessoa Divina que vem fazer em nós a sua morada.
Por isto, nesta devocional conheceremos mais da pessoa do Espírito
Santo e de suas obras, para que possamos confiar inteiramente em
seu governo em nossas vidas.

O Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade, Este é o responsável


por toda influência na vida do homem. É Ele é quem inspira,
fala, direciona e testifica em nosso coração o que vem de Deus.
O Espírito Santo é a grande promessa de Deus na vida do homem.
Jesus promete aos seus discípulos um consolador, um ajudador, um
amigo, como Ele foi, e neste discurso, Ele se refere ao Espírito Santo.
Este amigo, não está apenas conosco, Ele está em nós.

O livro de Romanos 8:31 declara: “Que diremos, pois, à vista destas


coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Ter Deus por
nós significa garantia de sucesso, se Ele está do nosso lado, temos
a certeza de vencer na vida, por isso podemos andar destemidos
21 Dias por um coração aquecido

e confiantes de que o Senhor está a nosso favor, independente da


situação parecer muito difícil, a nossa vitória é garantida.

Deus está conosco e como cristãos, essa certeza tem de existir


independente das circunstâncias. João 14:16 nos garante que Jesus
enviaria o Consolador, o Espírito Santo e que estaria sempre conosco,
por onde formos, aonde andarmos, em qualquer lugar deste mundo,
o Espírito Santo estará sempre presente.

Ter Deus por nós significa ter Deus a nosso favor, ter Deus conosco
significa tê-Lo ao nosso lado em todo tempo. E o mesmo texto de
João 14, no verso 17 vai nos dizer que além dEle habitar conosco, Ele
estaria em nós. “Em” significa “dentro”, sim, é o próprio Deus, na
pessoa do Espírito Santo, morando dentro de cada um de nós.

“Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,


56 que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos?” 1 Coríntios 6:19

“Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita
em vós?” 1 Coríntios 3:16

“Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos


santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei
entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”
2 Coríntios 6:16

O nosso corpo é santuário, habitação do Espírito Santo, O temos


da parte de Deus e não somos de nós mesmos, pertencemos ao
Senhor, Ele nos comprou e este corpo pertence a Ele também.
Logo, devemos servi-lo através da obediência as direções do Espírito
Santo. Deus habita em nós, na pessoa do Espírito Santo e deseja se
manifestar, se revelar a toda criação através de nossas vidas.

Uma vez que Ele veio morar em nós, agora Ele deseja fazer algo em
nós. Por isto gostaríamos de falar do papel do Espírito Santo em
nós:
6º Dia - A pessoa do Espírito Santo

1. Nosso consolador

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós.” João 14:16-17

No momento em que Jesus disse estas palavras, estava próximo da


sua crucificação. Como Jesus sabia de sua partida, Ele quis deixar seus
discípulos consolados a respeito da sua ida para o Pai. Ao trazer inúmeras
palavras de conforto em relação ao futuro deles, Jesus disse estas
palavras anunciando o envio do Espírito Santo. Para um entendimento
mais profundo a respeito do papel do Espírito Santo em nós precisamos
analisar estes versículos. Vejamos:

- “e ele vos dará outro”


57
No grego existem duas palavras que significam outro: “allos” e “eteros”.
“Allos” significa outro semelhante, outro do mesmo tipo. “Eteros”
significa outro diferente. A palavra utilizada neste texto é “allos”, se
referindo a alguém que não está em contrariedade a Jesus, mas que
vai além, dando continuidade ao Seu ministério. Jesus, através de suas
palavras, estava dizendo aos seus discípulos que eles não precisavam
ficar preocupados, pois o Pai enviaria alguém como Ele, amável, sábio e
poderoso para habitar dentro de cada um de nós.

- “consolador”

A palavra consolador no grego é “parakletos” e tem o seguinte


significado: “para” - ao lado de -, “kletos” – chamado -, ou seja, “ao lado
dos chamados”. O Espírito Santo é aquele que está ao nosso lado, para
nos ajudar a cumprir o chamado de Deus. Outras traduções possíveis
são: ajudador, advogado, consolador, encorajador, quem dá força.

Logo, o papel do Consolador é ser ajudador, encorajador, amigo, que


está ao nosso lado todos os dias. Ele nos ajuda quando precisamos, nos
encoraja nos momentos difíceis, nos consola, nos guarda, torna tudo
21 Dias por um coração aquecido

possível para o cumprimento do nosso propósito.

Na maratona dos jogos olímpicos gregos, assim como nos jogos de hoje,
existiam aqueles voluntários que ficavam na parte externa ao circuito,
mas que tinham autorização para entrar e ajudar os competidores,
entregando água aos que estavam correndo. Na Grécia antiga, estes eram
chamados também de “parakletos”. Contudo, o Espírito Santo é aquele
que está conosco na carreira que o Senhor nos propôs, Ele nos dá ânimo,
coragem e tudo que precisamos para completá-la. E nos momentos em
que estamos fracos e desestimulados, é Ele quem nos coloca para cima,
nos anima, nos dá “água viva” para nos “hidratar”.

2. O Fruto do Espírito

Nas Escrituras existem o fruto do Espírito e os dons espirituais. O fruto


do Espírito é o resultado da presença do Espírito Santo que em nós
58 habita e os dons espirituais do poder do Espírito Santo que nos enche.

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,


bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.”
Gálatas 5:22-23

Jesus nos ensinou em João 15:5 que Ele é a videira verdadeira e nós os
ramos, quem dá o fruto são os ramos, logo, somos nós que damos o fruto
do Espírito. O que Paulo está falando em Gl 5:22-23 deve ser natural na
vida de todo crente. À medida que nos rendemos a Deus e obedecemos
a sua Palavra, a vida do Espírito Santo dentro de nós leva-nos a crescer
continuamente no amor, na alegria, na paz, dentro outros. Perceba que
um dos principais propósitos da presença do Espírito Santo habitando
no cristão é a transformação do caráter.

3. Direção Espiritual

“quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;
porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará as coisas que hão de vir”
João 16:13
6º Dia - A pessoa do Espírito Santo

O Espírito Santo é o nosso principal guia, juntamente com a Palavra de


Deus, o cristão não pode ser guiado por circunstâncias ou sinais, mas
pela testificação do Espírito Santo em nossos corações. Afinal, o Espírito
Santo nos guiará em todos os assuntos da nossa vida, pois todos os
que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Rm 8:14).
Ninguém pode ser guiado ou orientado sem se colocar nas mãos do guia.

A vida que temos hoje não é mais nossa, mas sim dEle, nosso corpo não
é mais sede da nossa vida, mas sim da dEle. Por isso, devemos obedecê-
lo em tudo se quisermos realmente andar em vida e Deus sabe o que é
melhor para nós, e temos acesso a tudo isso através do Espírito.

Se ter Deus por nós e conosco já era bom, imagina ter Ele em nós?
Bem, isto nos leva a ter experiências em nossas vidas, com os papéis
desempenhados por Ele mesmo. E, podemos conhecer o ajudador, o
parceiro, o amigo, que está sempre do nosso lado nos ajudando a não
parar na caminhada. Ele é o responsável pelos nossos frutos serem 59
semelhantes ao de Cristo, e também é dEle que vem toda a direção que
precisamos para prosseguir em nossa caminhada. Sobretudo, temos tudo
o que precisamos, dentro de nós, para vivermos uma vida de obediência
e vitória em Cristo.
21 Dias por um coração aquecido

60
7º Dia - Simbolos
do Espírito Santo

A Bíblia é um livro muito rico em sua linguagem e, nesta riqueza


61
encontramos inúmeras ilustrações para que possamos compreender as
verdades eternas com mais clareza. Diante disso, encontramos diversos
símbolos para se referir ao Espírito Santo, onde Ele é comparado ao fogo,
vento, óleo, pomba, vinho e penhor. Neste capítulo, queremos falar de
cada uma dessas ilustrações para que você possa desfrutar em plenitude
desta Pessoa que habita dentro de você!

1. Fogo

No Antigo Testamento percebemos inúmeras vezes, a presença de Deus


sendo manifesta por meio do fogo. Alguns eventos históricos mostram
que o fogo acompanha a presença de Deus e algumas de suas ações, o
que simboliza algo inerente a Sua pessoa.

Veja alguns exemplos: Moisés, quando apascentava o rebanho do seu


sogro, no Monte Horebe, encontrou-se com Deus ao lado de uma sarça
que ardia sem se consumir (Êx 3:1-5); Elias e os profetas de Baal, no
Monte Carmelo, onde o verdadeiro Deus responderia por fogo diante
de todo o povo (1Rs 18); A Glória do Senhor enche o templo de Salomão
e fogo do Senhor desce consumindo o holocausto e sacrifícios (2Cr 7:1);e
no Novo Testamento, no momento do batismo com o Espírito Santo,
21 Dias por um coração aquecido

surgiram línguas como que de fogo (At 2).

Existem características no fogo que são semelhantes ao poder de Deus e


gostaríamos de falar exatamente sobre elas.

• Fogo que arde

O Espírito Santo é o fogo que arde, o fogo que divide. - “Divide sim,
coloca filhos contra pais, sogra contra nora" (Lc 12:49-53)-, divide,
pois Ele muda todos os interesses. Imagine uma família onde os pais
investiram pesado nos estudos de um filho e este sempre teve o sonho
de estudar medicina. E idealize o tamanho das expectativas que toda
a família projetou sobre ele. Mas, de repente, este jovem se converte,
é batizado com o Espírito Santo. E, em seu coração passa a arder uma
chama incontrolável, uma paixão tamanha pelo ministério e um desejo
de servir ao Senhor integralmente em uma nação africana. Como será que
62 os pais desse jovem receberiam a noticia do abandono de um sonho e de
uma faculdade que eles investiram e depositaram todas as expectativas?

Este fogo quando passa a arder em nosso coração o aquece, uma paixão
nos toma e passamos então a viver só pra aquilo, a pensar somente no
que tomou o nosso coração. Alguns nos apoiam outros não, e geralmente,
dentro de nossas casas, não achamos apoio de todos, gerando uma
divisão. Há pessoas que querem viver somente para si e outras que
entendem o chamado e desejam dedicar a sua vida em obediência ao
Senhor. Estas foram tomadas por esse fogo que arde e quando este fogo
passa a queimar em nós, ficamos “estragados” para o resto e passamos
a servir somente para o que Deus nos chamou.

Estevão foi um destes jovens. No livro de Atos, no capítulo 6, no texto


que fala sobre o momento em que ele foi levantado diácono, vemos
que ele era um jovem cheio do Espírito Santo, servia a Deus com
fervor e no momento em que foi perseguido e preso, ele não escondeu
suas convicções, não tentou apagar o fogo que ardia em seu coração.
Quando levado a morte, havia um sentimento de dever cumprido, ele
sabia que estava na terra para aquilo e não servia para mais nada a não
ser morrer por Cristo e ser o primeiro mártir da história da igreja.
7º Dia - Simbolos do Espírito Santo

Paulo, judeu de judeus, no que se referia à lei, fariseu, da tribo de


Benjamim, e, quanto ao zelo, perseguidor da igreja, ao se encontrar com
o Senhor esta chama passou a arder em seu coração, ele desconsidera
tudo isso, o que poderia considerar como importante (Fl 3:4-8). A chama
do Espírito tomou o seu coração e ele passou então a não “prestar” mais
para essas coisas, mas somente para aquilo o qual havia sido chamado:
levar o evangelho aos gentios e aos judeus.

Será que a família de Paulo ficou feliz quando ele deixou toda a sua
posição social e seus títulos para ser um perseguido? Será que os amigos,
as pessoas mais próximas de Paulo, seus mestres, também gostaram?
Claro que não! Esta é a divisão que este fogo causa, entre aqueles que se
importam, e amam a Deus acima de todas as coisas e com aqueles que
amam mais a sua própria vida e onde Deus não é tudo.

Permita com que nestes dias de Jejum, o fogo do Senhor aqueça seu
coração e te “estrague” para qualquer outra coisa nesta vida. Consagre- 63
se ao Senhor neste período para a Sua obra, e não se esqueça de que
diante desta decisão, você não terá apoio de todos.

• Fogo que purifica

O fogo queima e destrói tudo que é indesejável (1Pe 1:7). O método mais
perfeito de purificação conhecido pela humanidade é através do fogo.
O fogo do Espírito Santo é quem nos purifica, quem nos permite viver
uma vida de santidade e justiça. Isto só é possível quando for realizado
este trabalho consumidor dentro do nosso coração. Da mesma forma
como o fogo refina o ouro, o Espírito Santo refina o nosso coração, separa
as impurezas e depois Ele mesmo as consome pelo Seu fogo.

Para refinar o minério de ouro em seu estado bruto é necessário que ele
seja esmagado, moído e depois lavado com água ou com um líquido
específico. Este processo retira as impurezas aparentes, mas para
remover aquelas que estão na estrutura interna do ouro, é necessário
submetê-lo ao cadinho, onde o ouro passa por fogo intenso. Esse fogo
não pode se apagar, senão o cadinho se quebra, mas precisa estar
sempre aceso. Quando o ouro é colocado no cadinho, a temperatura vai
21 Dias por um coração aquecido

aumentando até ele se fundir e tornar-se liquifeito. Por possuir alto


peso específico, o ouro derretido vai para o fundo e as impurezas
sobem para a superfície, onde é possível retirá-las.

O fogo do Espírito salva-nos de nós mesmos, da nossa opinião e


da escravidão do velho homem. Portanto, não devemos considerar
o fogo mencionado na Bíblia como punição ou castigo, esse fogo
é para salvação, libertação do nosso velho homem, do homem
natural a fim de vivermos no Espírito. O fogo do Espírito nos leva
a santificação.

• O fogo que prova

O fogo do Espírito não somente consome todo mal e impurezas,


mas ele coloca a prova as nossas obras (1Pe 4:12). Ele atesta se o
material que estamos usando para edificar é nobre ou não. É Ele
64 quem avalia as intenções do nosso coração, se estamos fazendo as
coisas no espírito ou na força da nossa carne.

Na igreja de Corinto, havia muita carnalidade, entre os irmãos havia


partidarismos, era uma igreja dividida. Por conta desta situação, Paulo
vai descrever qual devia ser o serviço deles para que eles averiguassem
se estavam edificando segundo o propósito de Deus ou não
(1Co 3:11-14). Assim, Paulo nos descreve quais são os únicos tipos
de materiais que podemos utilizar para a edificação da igreja: ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha. Não conseguimos
observar qual o material que as pessoas estão usando, mas o fogo
do Espírito que prova todas as nossas obras vai nos mostrar se o que
estamos edificando vem do Espírito ou vem da carne.

O que vem do Espírito é ouro, prata ou pedras preciosas. Pois uma


vez que o fogo queima esses materiais, ao invés de consumi-los, eles
se tornam ainda mais puros e permanecem. O que vem da carne
é madeira, feno e palha, pois uma vez que o fogo queima estes
materiais, os consome, e nada resta, a não ser um monte de cinzas.

A igreja de Corinto trabalhava segundo suas intenções, não


7º Dia - Simbolos do Espírito Santo

se preocupava com a vontade de Deus. O desejo deles era


alimentar um senso de justiça própria, um desejo de provar
quem estava certo ou errado, aumentando cada vez mais a
divisão. Não estavam preocupados com o Reino de Deus, mas
com o império partidário que haviam dado início, qual seria o
mais forte: “Partido dos Paulinos ou Partidos dos Apolíneos”.
Uma vez que o fogo do Espírito chegou para prová-los foi
denunciado: carne. O Espírito Santo, através do seu fruto os leva ao
amor, ao perdão, a tolerância, a paciência e a unidade. Uma vez que
a obra permanece, este fez segundo a vontade do Senhor (1Jo 2:17)
e o fogo do Espírito provou.

2. Vento

A palavra vento e Espírito no grego são as mesmas: “pneuma”.
Podemos dizer que vento ou sopro é uma das melhores formas
de descrevermos o Espírito Santo. O vento entra em todo o lugar 65
na terra, o ar que respiramos entra em todo o espaço, por menor
que seja. E ele está em todo lugar, se movimenta, não é estático, e
se renova. O controle da direção do vento não depende da nossa
vontade, na verdade é ele quem manda (Jo 3:8). Se o vento é contrário
não podemos ordenar que seja favorável, simplesmente devemos
nos corresponder com ele.

Assim é o Espírito Santo, está presente em todo lugar, Ele se move,


não é estático. Ignorante é aquele que acha que o Espírito Santo só
se movia no Velho Testamento ou no livro de Atos, Ele se move até
hoje e nada consegue paralisá-Lo. Ele nos renova da mesma forma
quando estamos em um ambiente abafado e uma brisa suave sopra
sobre nós, nos refrescando. Em situações difíceis, basta um sopro do
vento do Espírito para renovar toda e qualquer situação.

O Espírito Santo também tem vontade suprema e age de acordo com


o seu propósito. Por isso, devemos seguir a sua direção, obedecendo
sempre, pois andamos por fé. É Ele quem nos dirige, nós somos
nascidos dEle, não sabemos para onde vamos, mas sabemos que Ele
tem o melhor para nós.
21 Dias por um coração aquecido

3. Óleo

A unção que está sobre nós é o óleo do Espírito Santo (1Jo 2:27). Este é um
símbolo que pode nos revelar muito a respeito de como Ele age em nós.
Óleo é usado nas engrenagens para lubrificação, a falta de lubrificação
faz com que elas agarrem, o que pode dar problemas, impedindo o
funcionamento de uma máquina. Em nossa vida é da mesma forma, o
óleo do Espírito Santo nos faz fluir, funcionar de forma perfeita, sem
nenhum ruído ou nada que nos trave, e cheios de vida.

Pessoas também são ungidas com o óleo do Espírito e isto significa


que elas são santificadas, separadas para Deus. Deus mandou Moisés
santificar o tabernáculo da congregação, a arca da aliança, todos os
instrumentos e o altar com a unção com óleo (Êx 30: 25-29); Moisés
também ungiu Arão e seus filhos, consagrando-os para ministrar o
sacerdócio (Êx 30:30); Deus falou a Samuel que ungisse Davi como rei
66 (1Sm 16:13); Elias ungiu Eliseu para ser profeta (1Rs 19:16). A unção com
o óleo do Espírito trata-se de santificação e consagração.

O óleo, também, era necessário para abastecer os sete candelabros que
iluminavam o tabernáculo de Deus. No santuário do Antigo Testamento,
a única luz provinha dos candelabros de ouro, ou seja, do óleo.

Do mesmo modo, somente pela brilhante luz da unção do Espírito Santo,
o mundo espiritual poderá ser revelado a nós. O óleo do Espírito Santo
mantém a luz acesa dentro de nós.

4. Pomba

Mundialmente a pomba é conhecida como um símbolo de paz e


podemos ver algo muito interessante sobre esta simbologia, em
Gênesis, quando Deus destruiu toda a carne pelo dilúvio, Noé e sua
família foram salvos pela arca. Permaneceram lá por 40 dias até que
as águas se abaixassem. Noé solta uma pomba para saber se as águas
abaixaram, a pomba retorna. Sete dias depois, Noé solta a pomba
novamente, e no final da tarde ela retorna com uma folha verde de
oliveira em seu bico (Gn 8).
7º Dia - Simbolos do Espírito Santo

A pomba, como símbolo de paz, não poderia pousar em uma terra


destruída pelo pecado do homem. Quando ela é solta da primeira vez,
ela retorna, pois ela não havia encontrado lugar para pousar. Na segunda
vez, retorna com uma folha de oliveira em seu bico demonstrando que
ela encontrou lugar para pouso, ou seja, a terra foi restaurada.

Após Gênesis 3, quando o homem peca e se torna inimigo de Deus, o
Espírito Santo, como pomba, não podia pousar sobre ninguém, pois o
homem não estava em paz com Deus. No momento em que o Espírito
Santo desce sobre Jesus como uma pomba (Jo 1:32), demonstra a nós
que Deus achou paz na terra para vir sobre ela. Por isso, que todos nós
que recebemos a Jesus, temos paz com Deus (Rm 5:1) e assim, o Espírito
Santo, como pomba, pode vir sobre nós e fazer a Sua morada.

5. Vinho

A Bíblia faz uma comparação entre a embriaguez com o vinho e a 67
plenitude do Espírito Santo (Ef 5:18). Como vinho, o enchimento do
Espírito Santo traz alegria e prazer aos corações, embora diferente
porque a alegria produzida pelo Espírito é verdadeira, enquanto a
produzida por bebidas alcoólicas são falsas e passageiras. Esta alegria
produz em nós resultados maravilhosos, nos permite falar as verdades
de Deus, salmodiar, cantar hinos e cânticos espirituais (Ef 5:19-21).
Outro resultado desta experiência é uma paz a nossa mente que nos
faz esquecer ansiedades, preocupações e tristezas, que ao contrário do
vinho, volta logo após a desintoxicação. No Espírito, temos esta paz
como um estado normal que nos permite a libertação das ansiedades e
preocupações.

A vida no Espírito é também carregada de coragem e ousadia, Ele pode
transformar uma pessoa tímida em uma pessoa brilhante, ousada,
que não tenha medo nem de entregar a sua própria vida pelo Senhor.
Pedro, um homem que era medroso, iletrado, sem cultura, após a sua
prisão e no momento de seu julgamento no Sinédrio, foi tomado por uma
ousadia e de acusado se torna acusador, lançando a responsabilidade da
morte de Jesus sobre eles (At 4). Nenhum homem em estado normal
seria capaz disto.
21 Dias por um coração aquecido

6. Penhor

Este é um dos mais nobres símbolos do Espírito Santo e demonstra a nossa
redenção (Ef 1:13-14). Quando empenhamos um bem para pagamento
de uma dívida ou para compra de um terreno ou imóvel, deixamos o
bem como penhor. Um exemplo: Tenho uma dívida e como forma de
provar que irei pagá-la, deixa-se, no entanto, outro bem, que podem
ser joias, ou até mesmo um imóvel. Este bem fica como uma garantia a
quem eu devo e após a quitação da dívida, ele retorna a minha posse.

Jesus nos deu uma promessa de que voltaremos para o Pai, Ele tomou a
nossa dívida e a pagou, se fez homem e sofreu a morte em nosso lugar.
E como pagou a nossa dívia, todos nós que cremos podemos voltar para
o Pai e viver uma perfeita vida de comunhão com Ele. Cristo nos deixou
esta promessa e Ele voltará para nos buscar e enquanto este dia não
vem, como prova do cumprimento de sua palavra, nos deixou o Seu
68 Espírito como penhor.

Sendo assim, temos o Espírito Santo em nós como sendo o penhor da
nossa salvação e completa redenção. Isto nos mostra que não apenas
fomos perdoados dos nossos pecados, mas fomos comprados por Deus,
bem como pertencemos a Ele e muito em breve viveremos eternamente
quando vier para nos buscar.
8º Dia - Revestidos de poder

Na vida cristã existem duas experiências: o Espírito Santo dentro


69
(habitando em nós) no novo nascimento e o Espírito Santo sobre
(enchendo-nos) no batismo com o Espírito Santo.

Dos quatro evangelistas, Lucas é o que mais enfatiza o Espírito.


Nos seus dois livros, Atos dos Apóstolos e o Evangelho, ele
demonstra o indispensável mover do Espírito. Assim, como o
Espírito Santo desceu sobre Jesus quando João o batizou, para
que iniciasse o seu ministério "cheio" do Espírito Santo, "guiado
pelo Espírito", "no poder do Espírito" e "ungido" pelo Espírito
(Lc 3:21-22, 4:1, 14, 18), Ele também viria agora sobre os discípulos
como revestimento de poder, equipando-os para dar continuidade
ao ministério de Cristo. Portanto, o pentecostes inaugurou uma
nova era na vida da Igreja.

O derramamento do Espírito Santo (At 2:1-13)

O Pentecostes não foi um acontecimento casual, e sim uma data


estabelecida por Deus desde a eternidade. Não foi algo produzido,
ensaiado ou fabricado, foi algo verdadeiramente do céu.
Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. E foi eficaz, ninguém pôde
desfazer os seus resultados.
21 Dias por um coração aquecido

A narração de Lucas começa com uma breve referência ao tempo e local


da vinda do Espírito. " Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam
todos reunidos no mesmo lugar" (Atos 2:1).

Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e


perseverante oração, havia no coração deles a expectativa do revestimento
de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo coração e
propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito.

Um fato interessante foi que o derramamento do Espírito Santo acontecer


na festa de Pentecostes, este é um sinal profético e nos mostra que
Deus é um Deus de agenda e lugares. A palavra pentecoste significa o
quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias
após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23:15-16), era também chamado
de Festa das Semanas (Dt 16:10), Festa da Colheita (Ex 23:16) e Festa das
Primícias (Nm 28:26). Originalmente, ela era a segunda das três festas
70 anuais dos judeus para celebrar a ceifa. O objetivo da festa era agradecer
pela colheita feita, dedicar a próxima colheita e lembrar o livramento da
escravidão do Egito. É importante notar que todas as verdades da Palavra
de Deus têm um sentido espiritual e prático e o Pentecostes tem esses dois
lados. Por que o derramamento do Espírito Santo como revestimento
de poder acontece exatamente durante a Festa de Pentecoste ou Festa
da Colheita? Por um lado, estamos sendo a colheita de Deus, quando o
Espírito Santo é derramado sobre nossas vidas, Ele está nos colhendo,
arrebatando-nos por inteiro. E por outro, estamos sendo feitos ceifeiros
revestidos e capacitados para fazer a colheita e assim como aconteceu no
dia de Pentecostes uma grande ceifa de três mil vidas.

"E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e


encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas
repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos
foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem." Atos 2:2-4

De repente, diz Lucas, ocorreu o grande evento, o derramamento do


Espírito Santo, e este foi acompanhado por três sinais sobrenaturais:
um vento impetuoso, uma visão, e um falar espiritual.
8º Dia - Revestidos de poder

1. Vento impetuoso: um som

Depois que Cristo ressuscitou, Ele soprou sobre os seus discípulos e


disse: Recebei o Espírito Santo (Jo 20:22). Foi nesta ocasião que o Espírito
Santo passou a habitar dentro dos discípulos e fez Sua obra de criar de
novo o espírito deles e fazendo-os novas criaturas por dentro (2Co 5:17).
Neste momento o Espírito Santo foi dado a eles como vida, testemunho
interior, como aquele que vai formar o caráter de Cristo e conduzi-los nos
caminhos da fé.

Ao estudarmos as Escrituras, torna-se evidente que algo aconteceu dentro


dos discípulos naquela ocasião, eles haviam acabado de ver seu Mestre
morrer numa cruz, O tinham sepultado. Formaram, então, um grupo
confuso de gente que não compreendia o mistério e depois de terem
encontrado com o Cristo ressurreto, e depois de receberem o Espírito
Santo na obra do novo nascimento, foram transformados.
71
Sabemos que algo aconteceu com os discípulos quando Jesus soprou
sobre eles, porque depois de Jesus ter ascendido, mesmo antes do Dia
de Pentecostes, a Bíblia diz que os discípulos voltaram a Jerusalém
com... GRANDE JÚBILO; e estavam sempre no templo, louvando a Deus
(Lc 24:52-53). Era um grupo de pessoas transformadas, porque tinham
nascido de novo. Sendo assim, João 20:22 registra o começo da Igreja,
porque foi quando os discípulos nasceram de novo.

Agora, mais uma vez é importante destacar que são duas experiências
distintas: o sopro de João 20 e o vento impetuoso de Atos 2. Se os
discípulos tivessem ouvido alguns pregadores dos nossos dias dizendo
que o crente recebe a totalidade do Espírito Santo no novo nascimento,
nunca teriam ido aguardar no Cenáculo, a promessa do Espírito Santo e
o revestimento do poder do alto.

Todo crente precisa ter a experiência do sopro de João 20, que produz
o fruto do Espírito, a manifestação desta nova natureza. Este fruto é o
resultado da presença do Espírito Santo que habita em nós e todo cristão
precisa ter a experiência do vento impetuoso de Atos 2, como revestimento
de poder, que inaugura os dons do Espírito e é a porta de entrada para
21 Dias por um coração aquecido

a manifestação dos dons espirituais, que é o Batismo no Espírito Santo.

Portanto, são duas experiências distintas, a primeira é o Espírito Santo


dentro de nós, sua presença que habita em nós e a segunda é o Espírito
Santo sobre nós, seu poder que nos reveste.

2. Uma visão: línguas repartidas como de fogo

Por que a visão não foi como em forma de olho? Por que não foi em forma
de ouvidos ou de mãos? Por que veio em forma de língua, e língua como
de fogo? O Espírito Santo sendo derramado com poder e principalmente
como o Espírito que fala, é o que nos dá poder para falar, mas um falar
de fé, um falar de amor, falar com intrepidez e ousadia, o falar que une e
traz unidade, que é diferente do falar de Babel. O falar de Babel é o falar
do homem, da carne, que divide e o falar do Espírito é o falar que agrega,
que edifica, que constrói, que atrai e une os discípulos para Cristo.
72
Por que fogo? O fogo tem vários significados nesse contexto.
Em primeiro lugar é o fogo que arde na vida daqueles que são revestidos
de Poder, e este fogo nos fala de motivação, de encargo, de paixão,
intensidade para o serviço. Um povo batizado com o Espírito Santo é
um povo genuinamente motivado e um povo genuinamente motivado é
verdadeiramente um povo irresistível.

Em segundo lugar, o fogo fala de santificação, o fogo tem poder para


purificar, um exemplo claro é o que acontece com a pepita de ouro, em
seu estado bruto, pode ser irreconhecível para a maioria das pessoas,
por estar coberta de sujeira, seu brilho é mínimo ou até ausente.
O Garimpeiro escolhe a pepita entre tantas pedras do rio ou escava a
terra à sua procura, ela ao ser encontrada é separada, recolhida com todo
cuidado, é lavada para remover apenas a sujeira exterior e em seguida,
conduzida ao fogo que, com temperatura altíssima, seu calor faz com
que o ouro se derreta, tirando-o do seu estado bruto e duro, onde ocorre
a separação do precioso metal e as outras substâncias que estavam nele
incrustadas. Terminada a purificação, o ouro derretido, aceita a forma
que o ourives desejar, seja ela qual for, o metal está totalmente flexível e
maleável.
8º Dia - Revestidos de poder

O fogo do Espírito tem um poder santificador, ele gera quebrantamento e


nos torna maleáveis para a transformação. O mover genuíno do Espírito
Santo na vida da Igreja é um mover de Santidade, um povo cheio do
poder do alto é um povo santo.

Por que sobre a cabeça de cada um? No tabernáculo havia uma coluna
de glória, era como se fosse uma grande língua de fogo, uma coluna de
fogo que revestia aquele lugar e era o testemunho real de que a presença
de Deus estava no santo dos santos. E agora, nesta nova dispensação,
quando a Igreja está formada e reunida, vem sobre a cabeça de cada um
deles línguas como de fogo. Por quê? Porque nesta nova dispensação, o
Espírito não habita mais em templos feitos por mãos humanas, como no
templo de Salomão e de Moisés. Agora, Ele habita no templo feito pelas
mãos de Cristo, que é formado por pedras vivas, e esse fogo vem sobre
a cabeça de cada um, como o testemunho real de que no novo templo
habita o Deus vivo.
73
Essas línguas de fogo não vieram somente sobre a cabeça dos apóstolos,
elas vieram sobre a cabeça de todos que estavam reunidos no cenáculo,
ou seja, este revestimento está disponível para todo crente nascido de
novo. Isto não significa que a liderança dos apóstolos não era reconhecida
e respeitada, mas significa que todo crente, foi ungido para testemunhar
a graça.

3. Uma atitude: um falar espiritual

Depois do derramamento do Espírito como revestimento de poder, os


discípulos tiveram uma atitude, passaram a falar segundo o Espírito lhes
concedia que falassem (At 2:4). Perceba que o texto está afirmando que
os discípulos é quem falavam e o Espírito lhes permitia. Ou seja, quem
tem a atitude de falar em línguas somos nós, e não o Espírito Santo que
fala em nosso lugar.
Algumas pessoas ficam à espera de um arrepio, uma imposição de mãos,
uma unção com óleo, uma reunião de oração “especial”, e só assim se
sentem impelidas para falar. No entanto, esse falar espiritual é uma
atitude em fé, e não baseada em um sentimento ou por um fator externo.
Muitos até se sentem incomodados ou mesmo acusados que a sua atitude
21 Dias por um coração aquecido

de falar é algo da sua mente, ou que estão repetindo ou copiando alguém,


e desta forma se privam de viver a plenitude do Espírito.

“Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de
mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo.” Mateus 3:11

A promessa já foi liberada, Deus falou através de Joel, João Batista e Jesus
também falou nos texto de Lc 24:49 e At 1:4-8, precisamos apenas crer
que é a Sua vontade que todos nós sejamos cheios do Espírito Santo e que
andemos sobre Sua Palavra.

“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto
mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
Lucas 11:13

74 Neste texto, Jesus revela a Graça do Pai e nos incentiva a orar fazendo
pedidos a Ele, Jesus nos diz que tudo que pedirmos em fé receberemos.
Se os pais naturais, limitados em conhecimento, querem o melhor para
seus filhos e amam dar-lhes boas dádivas, com certeza Deus, nosso Pai
celestial também nos dará.

E a boa dádiva que Jesus fala aqui no texto é o Espírito Santo, e o melhor,
Ele dará a todos que O pedirem. A promessa de Deus é derramar o seu
Espírito sobre toda a carne. Sabemos, portanto, que podemos pedi-lo e
que Ele nos ouve e que derrama do seu Espírito sobre nós, então vamos
crer em Sua promessa, pedir crendo e receber, em fé.

O batismo com o Espírito Santo é uma experiência que Deus providenciou


para os seus filhos, um marco na vida de todos que a recebem, pois
nos transforma em ministros cheios do poder e da unção do Senhor.
Esta experiência nos capacita para o chamado de Deus e nos leva a fazer
as mesmas obras de Jesus, e obras ainda maiores. Ela é para todos, é
promessa do Senhor, está disponível a todo aquele que nasceu de novo e
crê que esta é a vontade de Deus.
9º Dia - Continuamente se
enchendo do Espírito

“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do


75
Espírito” Efésios 5:18

A vida do cristão é uma vida no Espírito, por este motivo fomos


selados no novo nascimento (Ef 1:13, 4:30) e também batizados com
o Espírito Santo. Não há como viver uma vida no Espírito sem essas
duas experiências. O novo nascimento nos leva a esfera espiritual e o
batismo com o Espírito Santo nos permite andar no poder dEle.

No dia em que fomos batizados com o Espírito Santo, fomos cheios


dEle, mas após a experiência do batismo, precisamos manter uma vida
cheia do Espírito. Ser cheio é algo que deve acontecer como um estilo
de vida, uma prática, algo contínuo, uma característica na vida do
crente.

O texto de Efésios 5:18 diz “enchei-vos do Espírito”. A versão original


do grego tem uma derivação verbal que não conseguimos traduzir
perfeitamente para o português. O que Paulo nos ensina neste texto
é que devemos continuar nos enchendo do Espírito. Paulo queria
dizer mais ou menos assim: “não vos embriagueis com o vinho, mas
continuem sendo cheios do Espírito Santo”. Assim como não paramos
de respirar, não devemos parar de nos enchermos do Espírito Santo.
21 Dias por um coração aquecido

Na Bíblia percebemos que Deus encheu com o seu Espírito algumas


pessoas para funções e obras específicas: Bezalel foi cheio do Espírito Santo
para construir os móveis do tabernáculo (Êx 31:3); João Batista foi cheio do
Espírito no ventre de sua mãe e a unção que ele recebeu foi específica para o
seu ministério (Lc 1:15); a igreja foi cheia do Espírito de Deus e o lugar onde
estavam tremeu. Eles já tinham sido batizados com o Espírito, mas agora
estavam sendo cheios de novo (At 4:31). Há uma unção que vem sobre nós
para obras específicas, e há também uma unção que é para a nossa vida
diária.

Um bom exemplo sobre este assunto é a vida de Estevão, o qual foi escolhido
para ser diácono por ser um homem cheio do Espírito Santo (At 6:3).
Este era um dos critérios dos apóstolos onde Estevão pôde corresponder,
porque tinha o hábito de estar continuamente cheio do Espírito Santo.
Porém, houve um momento em que Estevão foi cheio do Espírito para algo
específico. Este homem de Deus, na hora de sua morte, invocou o Senhor
76 e viu o céu aberto, a glória de Deus e Jesus à sua direita (At 7:55). Somente
cheio do Espírito conseguiu ter essa visão, afinal, ninguém vê Jesus e o céu
aberto toda hora.

Outro ponto importante do texto de Efésios é que quem se enche do Espírito


somos nós. Isto tem a ver com uma disposição para se encher de Deus e ao
se encher, estaremos permitindo que o Espírito Santo guie a nossa vida e
assuma o controle. Aquele que está sob a influência do vinho é controlado
pelo vinho, mas aquele que é cheio do Espírito, é controlado por Ele.

O verbo “enchei-vos” está no modo imperativo, que significa uma ordem.


A palavra de Deus aqui não é uma sugestão do tipo: “olha, se for possível,
fique cheio do Espírito Santo”, ou, “vai ser bom pra vocês, vai ser legal”.
Quando Deus nos manda fazer algo, é porque podemos e se Ele nos manda
ser cheio do Espírito é porque depende de nós. Encher-se do Espírito Santo
não depende do seu pastor, nem do louvor e nem de seu líder de célula, só
depende de você.

Se a ordem é que nós devemos nos encher, logo, já não há mais desculpas, a
responsabilidade é toda nossa e não depende de ninguém em especial e nós
é quem decidimos em nosso coração. Não basta sermos pessoas corretas,
9º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito

integras e de bom caráter, isso não é o suficiente, nós precisamos ser cheios
do Espírito.

Para sermos cheios do Espírito precisamos rejeitar a passividade e buscar


esse enchimento, esse avivamento. Tome essa decisão, pois o Espírito de
Deus está disponível para todo crente. Mas quem é que se enche? É o Espírito
Santo que vai te encher do Espírito? Ou será o pastor? O texto diz “enchei-
vos”, logo, quem se enche somos nós. Nós nos enchemos do Espírito.

Muita gente não se enche do Espírito porque vem para o culto e diz: “Senhor
estou aqui, se você quiser, enche-me”. Deus já quis, agora nós temos
que querer! Deus não vai fazer nada na vida de gente passiva que pensa
“se acontecer aconteceu”. Esta passividade nos impede de sermos
abençoados!

A Bíblia diz: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.”


(Mt 7:7). É desta maneira que se recebe, pedindo, buscando, batendo! Deus 77
abençoa quem busca! “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes
de todo o vosso coração” (Jr 29:13).

Imaginemos o seguinte exemplo: Estamos sentados e de repente alguém


nos “tasca” um beijo na boca! Mas uma pessoa com a qual não temos
nenhum relacionamento, quem dirá intimidade. Com certeza ficaremos
assustados, não é verdade? Afinal, beijo é intimidade e intimidade é firmada
através do relacionamento. Diante disso, muitas vezes fazemos o mesmo,
quando ficamos esperando o Espírito Santo chegar e nos “dar um beijo”
para começarmos a falar em línguas ou nos mover no Espírito? Somos nós
temos que buscá-lo.

Agora, a partir do verso 19, de Efésios 5, vemos Paulo nos ensinando como
nos enchemos do Espírito. Gostaríamos de listar estes pontos aqui:

1. Falando (v.19)

Ninguém será cheio do Espírito Santo em silêncio, da mesma forma que


ninguém pode beber nada com a boca fechada - crente que vive calado não
é crente cheio do Espírito. - Também não é um falar qualquer, e sim um
21 Dias por um coração aquecido

falar para Deus, é um falar em Deus, é um fluir! Por isso, se quisermos


ser cheios do Espírito Santo temos que criar um ambiente espiritual,
dizendo coisas espirituais, abrindo a nossa boca e falando da parte de
Deus. Precisamos gerar um ambiente e para gerá-lo precisamos falar.
Temos um tesouro vivendo dentro de nós e mesmo assim muitos crentes
vivem como “miseráveis”, pois possuem uma tampa impedindo o fluir
da fonte dentro deles.

É confessando o nome do Senhor que somos salvos (Rm 10:13), e não


só do inferno, mas da angústia, medo, depressão, enfermidade, ou seja,
nós só precisamos falar! Confesse a Palavra! Declare a Palavra! Libere a
Palavra! A Palavra de Deus é o próprio Deus e quando falamos com fé,
não há demônio que suporte, e assim, geramos este ambiente espiritual.

Também é importante entendermos que da mesma forma que as


nossas palavras atraem o Espírito Santo, elas também O repelem.
78 Paulo afirmou que não devemos entristecer o Espírito Santo (Ef 4:30),
porém, ao mentirmos, reclamarmos, murmurarmos e falar palavras
torpes, O entristecemos. Portanto, é preciso usarmos palavras de louvor
e de adoração para O atrairmos.

O texto também diz que esse falar não é sozinho, mas uns com os outros,
ou melhor, falar entre nós. É por este motivo que é tão importante
congregar, participar de uma célula, dos cultos de celebração e estar
vinculado ao corpo de Cristo.

2. Entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos


espirituais (v. 19)

Crente que não canta não é cheio do Espírito. Quem é cheio do Espírito
canta, mesmo sem saber cantar, louva no banheiro, no carro, em casa,
no trabalho, ou seja, em todo momento e lugar. Mesmo sem termos
aprendido, sem uma voz afinada, devemos cantar, pois o que atrai a
Deus é um coração quebrantado (Sl 51:17).

Nossos momentos de louvor e adoração em nossos cultos e nas reuniões


de célula são tão importantes quanto o momento da ministração
9º Dia - Continuamente se enchendo do Espírito

da Palavra. Afinal o centro do culto é Cristo e ao adorá-Lo estamos


reconhecendo o Seu senhorio sobre nós, que Ele é a fonte de toda a
benção, e consequentemente somos transformados a sua imagem, de
glória em glória. Portanto não cante por cantar e nem despreze este
momento do culto, mas abra o seu coração e corresponda com o Espírito
Santo louvando de todo coração ao Senhor, com hinos e cânticos
espirituais.

3. Dar graças a Deus (v. 20)

A gratidão nos enche do Espírito porque ela destrói a rebeldia, o


descontentamento, a justiça própria e o merecimento. Algo importante
frisar é que devemos dar graças a Deus em tudo e não por tudo, não
devemos dar graças a Deus, por exemplo, porque um avião caiu, não
devo dar graças pelo o que o diabo está fazendo. Afinal, nem tudo o que
acontece é da vontade perfeita de Deus, mas aquilo que sabemos que é a
vontade de Deus, dê graças, se foi Deus quem deu só pode ser coisa boa. 79

Até então, já podemos perceber algumas posturas que precisamos


mudar, assim, pare de falar que seu filho é uma “peste” e passe a louvar
o Senhor por ele; pare de falar mal do seu marido ou esposa e passe a
dar graças; Entenda que Deus dá tudo como semente, Ele não entrega
nada pronto, temos que gerar o marido ou a esposa que queremos.
Não reclame das circunstâncias, mas agradeça, pela fé, por aquilo que
você deseja viver um dia. Seja grato por sua família, filhos, trabalho,
salário, igreja, pastor, líder de célula, célula, enfim, por tudo que Deus
te deu e em tudo que você está vivendo.

4. Precisamos nos sujeitar uns aos outros no temor de Cristo (v. 21)

A sujeição nos leva a não mais ser arrogante, nem se achar o


“maravilhoso”, a não ser orgulhoso, mas a andar em amor e humildade.
Ela nos leva a renúncia de nosso ego.

A manifestação do ego pode ser percebida no egoísmo e individualismo.


Se quisermos viver uma vida cheia do Espírito precisamos rejeitar o
individualismo, e para sermos cheio de Deus temos que nos esvaziar
21 Dias por um coração aquecido

de nós mesmos.

O ego nunca nos leva a sujeição, mas a independência. Ele também é


obstinado e palpiteiro, gosta de opinar, não porque quer cooperar, mas
por acha que sabe de tudo, que é bom e sempre tem a necessidade de
falar.

O ego deseja dominar os outros, enquanto o amor se sujeita e se


submete. Ele é incapaz de receber críticas e de tolerar pontos de vistas
diferentes. Ninguém pode falar contra e discordar, é só ele quem sabe e
não aceita ser contrariado. Sempre tem uma atitude interesseira, nunca
pensa no outro e sempre em si mesmo. Sempre ameaça renunciar, é
como o menino dono da bola, se não deixá-lo jogar, vai embora e leva
a bola junto. É aquele que começa a ser “tratado” e ameaça abandonar.
Não se enxerga, e não sabe a verdade a respeito de si mesmo.

80 Quanto mais nos enchemos do Espírito, mais nos esvaziamos do nosso


ego, quanto mais andamos nas obras do Espírito, menos agimos na
vontade dele. Por isso, para ser cheio de Deus precisamos nos esvaziar
de nós mesmos.
10º Dia - Ativando os
dons espirituais

“A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.”
81
1 Coríntios 12:1

Ao iniciar o capítulo 12 da primeira carta aos coríntios, Paulo


demonstra a importância de conhecermos a respeito dos dons
espirituais. Se para a igreja de Corinto era importante este
conhecimento, sem dúvida, para nós para nós também é, portanto,
não podemos ser desconhecedores quanto aos dons espirituais.

Uma pessoa considerada ignorante é aquela que não possui instrução


e que desconhece determinado assunto. Paulo afirma a importância
de não sermos ignorantes a respeito dos dons espirituais, e nesse
caso podemos destacar dois tipos de pessoas: aqueles que não sabem
nada a respeito dos dons espirituais e aqueles que até sabem algo a
respeito, mas usam de uma maneira errada.

Jesus nos diz em João 8:32 que ao conhecermos a verdade ela nos
libertará. O conhecimento da verdade é libertador, pois saímos
da ignorância, nossa mente é iluminada, aberta e passamos a
compreender a vontade de Deus. Precisamos, no entanto, saber qual
a vontade de Deus sobre os dons espirituais, para que possamos
praticá-los e vivê-los. O texto de 1 Coríntios, capítulo 12, há muito
21 Dias por um coração aquecido

que nos ensinar a respeito desse tema tão importante para o Corpo
de Cristo.

Portanto, estudar a carta de Paulo a igreja de Corinto é fazer um


verdadeiro exame, um diagnóstico da igreja de hoje, é colocar um
grande espelho diante de nós mesmos. Paulo em sua segunda viagem
missionária, planta a igreja de Corinto, passa um tempo pregando
nesta cidade e nesse tempo foi que ele gerou esses crentes em Cristo.
Em seguida, o Apóstolo vai para a cidade chamada Éfeso e nesta
cidade escreveu a carta para a igreja em Corinto.

Esta epístola foi escrita devido ao fato dos problemas que essa igreja
estava vivendo terem chegado até aos ouvidos de Paulo, através de
uma família da igreja, a família de Cloe (1Co 1:11). Eles deixaram o
Apóstolo a par da realidade vivida por esta igreja e de suas práticas,
que estavam muito diferentes do que fora estabelecido. O intuito,
82 portanto, desta carta, era de ser uma resposta para os problemas
vividos por esta igreja.

Ao lermos a epístola escrita por Paulo, percebemos que na igreja de


Corinto havia sérios problemas, tais como: o problema da carnalidade,
o de entendimento doutrinário, as dúvidas sobre o casamento, sobre
as comidas consagradas aos ídolos, o da divisão e o do mau uso dos
dons espirituais.

Não diferente da igreja em Corinto, o mau uso dos dons espirituais


é também um problema atual na vida da igreja, muitos crentes usam
o dom como instrumento de autopromoção. Essa altivez espiritual e
motivação errada é um sintoma de imaturidade. Os dons não foram
dados para a igreja com o objetivo de trazer a projeção humana, nem
pode ser usado como um “aferidor” de grau de espiritualidade de
alguém, muito menos são sinais de maturidade espiritual. Os dons
são distribuídos com o propósito da edificação do corpo, e quando
ativados adequadamente, a igreja cresce de uma forma saudável.
Eles são ferramentas que foram liberados pelo próprio Espírito Santo
para que a igreja pudesse ser edificada, crescendo com saúde. Ter um
crescimento saudável significa também suprir as necessidades dos
10º Dia - Ativando os dons espirituais

seus membros através do serviço.

A verdade é que temos o dom que precisamos ter. Isso mesmo,


temos o dom que precisamos ter. Embora, tantas vezes nos pegamos
cobiçando o dom alheio. Certa vez uma irmã estava olhando para o
dom da outra e pensando: “Aquele dom é tão lindo na vida daquela
irmã, queria tanto ter aquele dom!”, como se fosse uma pessoa
que cobiça o anel que a outra está usando em seu dedo pensando:
“Senhor, aquele anel fica tão lindo no dedo daquela irmã que eu
quero um igual.” A questão é que aquela irmã no Corpo é “dedo” e
ela foi feita para usar anel, e a outra é olho. Mas ela pede tanto, mas
tanto, e continua insistindo, que Deus supostamente entrega aquele
dom. E aí ela diz: “Glória a Deus! Eu recebi o dom! Eu tenho o dom!”.
Então, começa a usar o anel no olho, no começo era até bom, mas
depois de um tempo, ela começa a sentir um incômodo, torcicolo
e uma certa dificuldade para conseguir se equilibrar, afinal aquele
dom não foi feito para ela. Mas o que podemos aprender com esta 83
ilustração? Concluímos que o que foi feito para você é para você, e
tudo o que precisamos para cumprir o nosso chamado, Deus já nos
deu, já está a nossa disposição, só é necessário reconhecer.

Quanto à igreja de Corinto, nota-se que o primeiro problema com


relação aos dons foi o seu mau uso, nesta igreja não lhe faltava dom
algum, porém o dom era usado como um sinal de “status espiritual”.
Não se pode medir a espiritualidade de uma igreja pela presença de
dons, caso contrário a igreja de Corinto certamente seria campeã em
espiritualidade, pois havia todos os dons, no entanto, a realidade da
igreja era outra.

Os crentes de Corinto não eram espirituais, mas carnais, não eram


maduros, mas sim infantis. Tinham o carisma, mas não o caráter,
tinham dons, mas não tinham compaixão. Na verdade, era uma igreja
de excessos, viviam em êxtase, mas não possuíam um testemunho
consistente.

Os tempos mudaram, mas os mesmos problemas do passado ainda se


repetem na igreja contemporânea, vamos, portanto, destacar alguns
21 Dias por um coração aquecido

aspectos importantes para a nossa reflexão:

1. Quando estávamos no mundo éramos conduzidos pelos ídolos do


mundo

“ Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos
mudos, segundo éreis guiados.” 1 Coríntios 12:2

A vida cristã é um contraste entre o outrora e o agora, neste versículo


Paulo está se referindo a experiência da conversão, daquele divisor de
águas, que separa o passado do presente.

Quando estávamos no mundo éramos conduzidos pelos seus ídolos.


Os ídolos embora mudos, guiavam, controlavam e dominavam nossas
vidas antes da nossa conversão. Mas hoje temos o Espírito Santo de
Deus habitando em nós e não devemos ser guiados mais por elementos
84 externos. O Deus que servimos habita em nosso coração e é de lá, do
mais íntimo do nosso interior, onde habita o Espírito Santo, que vêm as
direções para a nossa vida.

Esses crentes antes de se converterem incorporavam demônios e


falavam em estado de êxtase, e agora alguns destes faziam a mesma
coisa na igreja, e nos momentos de êxtase alguns diziam: “Anátema,
Jesus! Amaldiçoado, seja Jesus!”. Paulo então corrige essa prática
dizendo que uma pessoa guiada pelo Espírito de Deus não tem esse tipo
de comportamento, porque o Espírito de Deus não leva uma pessoa a
amaldiçoar Jesus, pois o ministério do Espírito Santo é glorificar e exaltar
a Jesus.

2. Há diversidade nos dons, mas o Espírito é o mesmo

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.” 1 Coríntios 12:4

O significado da palavra dom é presente, sua origem vem do grego


“charisma”, que vem da palavra “charis” que quer dizer graça.
Essa é a origem do dom que procede da graça de Deus. Nenhum homem
tem competência para distribuir dons espirituais, essa não é uma
10º Dia - Ativando os dons espirituais

competência humana. Os dons tem sua origem na graça de Deus e são


distribuídos para a igreja através do Espírito Santo. A origem dos dons
espirituais nunca está no homem, mas sempre na graça de Deus.

Existe uma diversidade nos dons, porém o Espírito Santo manifesta-se de


inúmeras formas diferentes. E apesar da diferença, existe uma unidade,
pois é o mesmo Espírito quem realiza e opera em todos eles.

Um mesmo dom pode ter diferentes operações, Jesus curou vários


enfermos, e alguns deles eram cegos, ao curar dois cegos Jesus tocou
em seus olhos e afirmou: “seja-vos feito conforme a vossa fé” e os olhos
deles foram abertos (Mt 9:27-30) e em outro momento ao curar outro cego
Jesus cuspiu na terra, fez um lodo com a saliva, e aplicou nos olhos do
cego e ele ficou curado (Jo 9:6). É o mesmo dom? Sim, o dom da cura,
mas em operações diferentes. Esta é a multiforme graça de Deus, e não O
“encaixote”! Não limite a sua vida espiritual naquilo que você já viu até
hoje, o melhor está sempre por vir. 85

3. Existe um propósito proveitoso

“A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim


proveitoso.” 1 Coríntios 12:7

A manifestação do Espírito é para um fim proveitoso e seu objetivo é a


edificação da igreja, onde todos são beneficiados. Sendo assim, a finalidade
não é demonstrar a todos o quanto você é espiritual, ou o como Deus te
usa. Se o seu desejo era receber o dom de profecia para ser conhecido
como o “profeta do fogo puro” ou para ser conhecida como a irmã do
“sapatinho fumegante”, esqueça. O propósito dos dons é o serviço, veja
bem não é “ser visto” e sim “serviço” para a edificação do Corpo de Cristo.

O modo da atuação do dom é “diaconia” (1Co 12:5), ou seja, para o santo


serviço. Deus nos dá dons para servirmos uns aos outros e não para
tocarmos trombetas chamando a atenção para as nossas habilidades.
O que deve nos mover para ativarmos os dons espirituais é o amor,
devemos ser movidos pela compaixão e não pela autopromoção
(Mt 20:34).
21 Dias por um coração aquecido

4. Os dons estão disponíveis para todos

“A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.”


1 Coríntios 12:7

O termo “a cada um” tem um sentido inclusivo e não exclusivo, ou seja,


ele inclui e não exclui. O “a cada um” que inclui leva a todos fluírem nos
dons, esta é a vontade de Deus, todavia o “a cada um” que exclui leva ao
isolamento, a uma falsa espiritualidade e ao orgulho. O verso 11 diz que
ele distribui a cada um, individualmente, ou seja, Ele dá a cada um que
faz parte do corpo, para que todos façam parte da edificação do corpo
de Cristo. Existe um dom disponível para você, conforme o Senhor lhe
abençoou, por isso flua nele e permita-se ser usado por Deus (1Pe 4:10-11).

Os dons são dados a cada membro do Corpo e essa afirmação de Paulo é


categórica. Todos aqueles que nasceram de novo, foram chamados para
86 serem construtores na edificação da Igreja e por isso não existe um crente
sem pelo menos um dom. E a distribuição do dom é feita de acordo com
a vontade soberana do Espírito Santo, e esse mesmo Espírito é quem age
na vida daquele que o exerce, o homem é apenas um instrumento e o
poder é do Espírito Santo.

Atualmente se faz propaganda de “homens poderosos”, “homens de


poder”, aliás, esse é um dos problemas da igreja contemporânea, o
pecado da tietagem, quando queremos colocar homens sob um pedestal,
um lugar que não é deles. Parece que quanto mais “ungida” uma pessoa
é, menos acessível se tornam às pessoas, e isso é uma inversão, afinal,
Jesus era acessível a todo tipo de pessoas, desde homens simples como
pescadores, a um oficial do império romano, bem como para prostitutas,
cobradores de impostos, e até as crianças que se achegavam a Ele.
A Glória não é para homens e Deus não a reparte com ninguém.

“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro,


segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; outro, no mesmo
Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de
milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade
de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.” 1 Coríntios 12:8-10
10º Dia - Ativando os dons espirituais

Em meio a esta diversidade nos dons, podemos agrupá-los através


de algumas semelhanças existentes. A descrição mais simples desses
nove dons é que três deles dizem algo, três fazem algo, e os outros três
revelam algo. Os três dons que dizem algo fazem parte do grupo dos
dons vocálicos (profecia, variedade de línguas e interpretação), os que
fazem algo estão no grupo dos dons de poder (dons de curar, operação
de milagres e fé), e dos que revelam algo fazem parte do grupo dos
dons de revelação (palavra de conhecimento, palavra de sabedoria e
discernimento de espíritos).

Contudo, nos próximos dias apresentaremos cada grupo de dons.


Permita-se, abra o seu coração para as revelações do Senhor e prepare-
se para nestes dias ativar os dons espirituais, segundo a vontade do
Espírito, suprindo as necessidades do seu Corpo.

87
21 Dias por um coração aquecido

88
11º Dia - Dons de revelação

Os dons de revelação aparecem nas Escrituras, como um conjunto


89
formado de três dons espirituais que revelam algo ao homem, ou
seja, trazem algo ao seu conhecimento.

Precisamos definir o que é revelação, afinal hoje em dia, há um
conceito muito errado sobre esta palavra. Revelação não é previsão
do futuro, muito menos adivinhação. “Sabeis que, outrora, quando
éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis
guiados.” (1 Coríntios 12:2). Quando éramos do mundo andávamos
atrás de adivinhadores, cartomantes, hoje, como nova criatura
não buscamos conhecimento para nós mesmos, mas como servos,
queremos agradar ao Senhor cooperando com Ele na edificação da
Igreja, pois o dom não é para benefício próprio, e sim, para serviço.

Revelação significa um conhecimento que recebemos direto dEle,
sem nenhuma influência externa. Vem de dentro, do nosso interior,
quando Deus nos revela em nosso coração, em nosso espírito, Deus
nos revela algo que está em Seu coração, e Ele não revela tudo,
mas um fragmento, uma parte, pois a revelação é progressiva.
Não estamos prontos para receber o conhecimento completo daquilo
que está no coração de Deus, por isso Ele nos revela em pequenas
partes.
21 Dias por um coração aquecido

A revelação nos faz enxergar no ponto de vista de Deus e isto nunca


conseguiríamos fazer de forma natural, por isso é dom de Deus,
e é sobrenatural. Não conhecemos por uma observação, nem por
estudo, curso, leitura de um jornal ou assistindo à TV. Deus, em sua
onisciência, compartilha conosco uma parte do Seu conhecimento.

E é neste compartilhar de Deus que fluem os dons de revelação:
Palavra de conhecimento, palavra de sabedoria e discernimento
de espíritos. Estes dons são fundamentais em nossa vida e na
edificação da Igreja. As revelações do Espírito Santo nos ajudam
a compreender fatos, acontecimentos, dão direções para o futuro,
revelam os Seus planos e também ajudam a perceber quem está
atuando.

Esse conhecimento chega ao homem de forma intuitiva, ou seja,
por inspiração do Espírito Santo em nosso interior. Ele pode chegar
90 a nós através de sonho, visão ou uma impressão no espírito.

1. Palavra de Conhecimento

Uma Palavra de conhecimento é um fragmento (pequena parte) do


conhecimento de Deus que é dado a uma pessoa pelo Espírito Santo.
Este conhecimento nos é concedido de uma forma sobrenatural,
logo não depende de nenhuma ação humana.

A palavra é apenas uma parte de tudo que Deus sabe, tolo é quem
acha que porque recebeu este dom de Deus conhece tudo que Ele
pensa. Vejamos alguns exemplos bíblicos, a seguir:

- Jo 1:47-50 - Jesus sabia de certos fatos da vida de Natanael


antes mesmo de conhecê-lo, tudo revelado por inspiração a Jesus.

- Jo 4:16-20 - Jesus revelou todo o passado da mulher
samaritana sem nunca antes tê-la visto. Como judeus e samaritanos
não tinham um bom relacionamento, eram como inimigos, Jesus e
esta mulher não tinham nenhuma linha de contato. Tudo que foi
revelado a Jesus sobre ela foi por inspiração divina.
11º Dia - Dons de revelação

- At 5:1-11 – Foi revelado a Pedro, pelo Espírito, a mentira de


Ananias e Safira. De uma forma intuitiva, Pedro sabia que eles estavam
mentindo. Perceba que ele não ficou sabendo por uma rede de informação
humana.

- At 9:10-20 - Ananias recebe muitas informações específicas sobre


a vida de Saulo. Tudo o que foi revelado a Ananias foi fundamental para
que ele pudesse acreditar na conversão de Saulo.

Este dom é utilizado nas escrituras para revelar o pecado (2Sm 12:1-10,
At 5:1-11), trazer as pessoas a Deus (Jo 1:47-50, 4:18-20), guiar e dirigir
(At 9:11), ministrar encorajamento em tempos de desânimo (1Rs 19:9),
transmitir conhecimento sobre acontecimentos (Jo 11:11-14) e revelar
coisas ocultas (1Sm 10:22).

2. Palavra de Sabedoria
91
Este dom nos capacita a falarmos e agirmos com a sabedoria que vem
de Deus e dessa maneira nos traz segurança para aplicação correta
dos outros dons. A palavra de sabedoria é a sabedoria divina sendo
transmitida de maneira sobrenatural pelo Espírito Santo. Ela nos fornece
a sabedoria necessária para que saibamos o que dizer ou fazer diante de
determinadas circunstâncias.

O dom de palavra de conhecimento e o dom de palavra de sabedoria


frequentemente são aplicados juntos. Deus revela a Ananias o paradeiro
e a condição de Saulo através de uma palavra de conhecimento e
também o mostrou pela palavra de sabedoria o que deveria ser feito
naquela ocasião.

A respeito deste dom, também podemos afirmar, que o mesmo não é


natural e não pode ser obtido através de estudos acadêmicos, e é dado
para uma necessidade ou situação específica. Vejamos alguns exemplos
bíblicos:

- Lc 20:19-26 – Jesus sendo interrogado pelos fariseus sobre os


tributos recebe uma revelação da intenção deles e declara uma palavra
21 Dias por um coração aquecido

de sabedoria para não cair na armadilha preparada.

- Lc 4:1-13 – Jesus sendo tentado no deserto pelo diabo deu uma


resposta através da palavra de sabedoria transmitida pelo Espírito Santo.

- Jo 8:13-11 – Novamente Jesus diante de uma cilada armada
pelos fariseus, libera uma palavra de sabedoria, confundindo os seus
opositores.

- At 6:1-11 – Diante de um problema específico que a igreja de


Jerusalém estava vivendo, foi concedida a eles uma palavra de sabedoria
para a correção deste problema, estabelecendo os diáconos e liberando a
igreja para continuar a crescer.

- At 5:33-42 – Gamalieu, diante de um conflito entre os cristãos e


os judeus, libera uma palavra que trouxe paz a ambos os grupos.
92
A palavra de sabedoria não é em sua essência um dom vocal e sim
de revelação, porém pode ser expressa verbalmente através de uma
pregação, ensino bíblico, aconselhamento, profecia e etc.

3. Discernimento de espíritos

O dom de discernimento de espíritos nos dá um entendimento
sobrenatural da natureza e atividades dos espíritos. Ele nos capacita
a distinguirmos se determinada atividade espiritual tem uma origem
divina, satânica ou humana e revela a natureza dos espíritos em questão.
Ele está relacionado ao que está atuando naquele momento presente.

Discernimento de espíritos não é leitura de mente, pessoas que se dizem
ter este dom muitas vezes, causam confusões na igreja por se colocarem
na posição de “detetives espirituais”. O nome do dom já deixa claro a
sua função, o que se discerne é o espírito que está atuando, o espírito que
é julgado e não pessoas.

Através dele podemos discernir a origem de certas ações, ensinamentos,
intenções que foram impulsionadas por seres espirituais.
11º Dia - Dons de revelação

Paulo encontrou uma jovem possessa de um espírito adivinhador


(Atos 16:16-18). A princípio esta jovem não demonstrou nada de
errado, afinal ela dizia a todos em voz alta que Paulo e os que estavam
com ele eram servos do Deus Altíssimo e anunciavam o caminho da
salvação. Podemos perceber que a fala da jovem não denunciava que
estava possessa por um espírito maligno. Paulo, através do dom de
discernimento de espírito, percebe intuitivamente que quem estava
atuando naquele momento não era o Senhor, mas sim um espírito das
trevas, no entanto, Paulo repreende e expulsa aquele espírito.

Este dom nos deixa preparados, em profundidade, para discernir


e combater aqueles que penetram em nosso meio, com espíritos
enganadores e doutrinas de demônios. Como qualquer outro dom,
ele não é posse do homem, mas do Espírito Santo e ele é utilizado de
acordo com a necessidade. Da mesma forma não nos deixa enganados,
passamos, a saber, exatamente quem está atuando e temos conhecimento
do mundo invisível, mas real, que é a esfera espiritual. 93
21 Dias por um coração aquecido

94
12º Dia - Dons de poder

O Espírito Santo se manifesta nos crentes, através dos dons espirituais,


95
da mesma maneira em que uma parte da onisciência de Deus é
compartilhada com o homem através dos dons de revelação, uma parte
do poder de Deus é manifesta pelo Espírito Santo através dos dons de
poder. Deus nunca poderia mostrar todo o seu poder pelo homem, Ele
demonstra pequenas partes através das realizações feitas por esses dons.

Os dons de poder são aqueles que fazem algo, e assim como os demais
dons espirituais, são sobrenaturais. Aquele que foi agraciado com um
dom não é detentor dele. Deus é quem usa os dons para se manifestar
em nosso meio e não nós que usamos dele quando bem entendermos.

1. O dom da fé

A fé é um elemento fundamental na vida de todo crente e todos são


possuidores de fé (Rm 12:3). Da mesma forma como recebemos um
nariz, ouvido, olhos e boca, todo cristão nasce com fé. Além de todos
nós termos fé, nós também vivemos por ela: “todavia, o meu justo viverá
pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma” (Hb 10:38).
Da mesma forma como precisamos de oxigênio, alimento e água para
sobreviver, necessitamos de fé para sobreviver espiritualmente. Tudo na
vida do crente é baseada em fé.
21 Dias por um coração aquecido

O dom da fé é um dom importantíssimo dado ao crente, pois é através


dele que o cristão pode receber milagres. Mas ainda assim não podemos
confundir o dom da fé com os outros tipos de fé que a Bíblia aponta.
Diante disso, gostaríamos de trazer um maior entendimento aos irmãos:
O primeiro que é a fé salvífica, ou seja, a fé que nos leva a salvação.
A Bíblia nos garante que se com o coração cremos em Jesus e com a
boca confessarmos, seremos salvos (Rm 10:9-10). Somos salvos pela
graça, mediante a fé (Ef 2:8-9).

O segundo tipo de fé é a geral, a que todos os crentes possuem e esta


pode ser aumentada à medida que o cristão se alimenta da Palavra
e busca obedecê-La (Rm 10:17). Em geral, é esta fé, que exercemos
para receber as respostas de nossas orações.

Diferente de todos os tipos de fé bíblica, o dom não é aumentado e


nem depende da pessoa, mas sim da vontade de Deus e é dado por
96 Ele, não a todos, mas a quem Ele quer. É uma manifestação para
se receber e operar milagres. Esta fé, que vai além da imaginação
humana, é produzida de tal modo que grandes milagres podem ser
alcançados e operados por Deus.

O crente não opera sempre este dom da fé, assim como com os
outros dons. Ele só se manifesta quando surge uma necessidade,
de acordo com a hora e o lugar que o Espírito Santo determinar.
No exercício do dom, a pessoa consegue, de modo sobrenatural,
contrariando todas as possibilidades, crer em Deus para receber e
operar um milagre.

A Bíblia diz que Daniel recebeu um milagre enquanto estava na


cova dos leões e que ele creu em Deus. Não há duvidas de que Deus
deu a Daniel uma fé especial para receber a libertação (Dn 6:16-23).
Daniel descansou em fé e recebeu o seu milagre.

Jesus também ativou o dom da fé quando em grande perigo, no meio


do mar em plena tempestade violenta, dormiu na parte traseira do
barco. Ele, portanto, permaneceu em descanso, confiando em Deus,
à espera de seu milagre.
12º Dia - Dons de poder

Uma vez que este dom se manifesta para recebermos seus milagres,
nada precisamos fazer além de crer de acordo com esta fé especial, que
foi materializada pelo Espírito Santo em nós. Este dom nos leva a confiar
e descansar em Deus.

Muitos dizem, “eu posso pedir fé a Deus, afinal ela é um dom”, mas este
pensamento está equivocado. Como vimos, há uma diferença entre os
vários tipos de fé citados na Bíblia. O dom da fé é operado de acordo
com a necessidade do Corpo de Cristo para se receber um milagre, Deus
é quem manifesta o seu dom em quem e quando quiser. Já a nossa fé,
que é a fé geral, vem por meio da Palavra. Logo, se quisermos mais fé
não devemos pedir a Deus, pois a fé vem pela ouvir, pelo conhecimento
da Palavra, por isso, busque mais fé pela Palavra de Deus.

2. O dom de operação de milagres

O que são milagres? Milagres são manifestações extraordinárias, fora 97


do comum, acontecimentos inexplicáveis pelas leis naturais. A definição
desta palavra é fundamental para compreender este dom. Muitos hoje
dizem que tudo é milagre: uma praia linda, o pôr do sol, flores coloridas
e cheirosas em uma primavera e se esquecem de que muito do que dizem
ser milagre, não passa de acontecimentos normais da lei da natureza, e
fruto da graça de Deus.

Outros confundem o sobrenatural com o milagre, este é sobrenatural,


pois foge do natural, mas o sobrenatural não é um milagre. Os dons
espirituais, por exemplo, são sobrenaturais, mas ainda sim, não são
milagres. Por isso a ação da operação de milagres é um ato específico,
uma intervenção no curso normal da natureza. Deus suspende
temporariamente a operação da lei natural para manifestar sua divina
providência.

A palavra grega para milagres significa poderes, uma explosão da


onipotência de Deus. Através deste dom, Deus demonstra que tem
poder acima das leis da natureza e que realmente pode mudar o curso
de qualquer situação, afinal nada está acima do seu poder. E a pessoa
quando flui neste dom participa do mesmo poder de Deus que foi
21 Dias por um coração aquecido

manifestado na criação do mundo. Deus operou um milagre quando


levou a terra à existência mediante Sua Palavra.

O livro de Êxodo revela a atuação deste dom no meio do seu povo,


através do milagre que Deus executou juízo sobre o Egito, quando não
obedeceram à ordem de Deus em liberar os hebreus da escravidão,
para que pudessem ir para uma terra que Deus lhes havia prometido.
E por mais que muitos queiram ainda sustentar o argumento de que a
travessia do mar Vermelho, feita pelos judeus a pés enxutos, foi devido a
uma baixa da maré, parte do milagre é provada com o fato dos soldados
do Faraó terem morrido afogados, após a travessia dos hebreus.
Vale ainda lembrar sobre o tempo em que eles ficaram no deserto onde
viram o curso da natureza sendo quebrado, desde o alimento diário que
descia dos céus, a uma coluna de fogo à noite, que os aqueciam, bem
como a nuvem que durante o dia os acompanhavam.

98 Josué também experimentou uma parte da onipotência de Deus ao


ordenar que o sol e a lua parassem (Js 10:12-13). Os israelitas estavam
em uma terrível batalha contra os amonitas e precisavam de tempo, pois
o sol começou a se pôr. De repente, Josué ergue a voz, olha para o sol e
ordena que o sol e a lua se detivessem.

Jesus desafia a lei da química ao transformar água em vinho sem adicionar


nada a ela (Jo 2:1-11). E o que dizer da multiplicação de pães e peixes,
onde o natural seria a comida se acabar, mas ela rendeu, sobrando mais
do que havia sido servido (Jo 6:5-14).

Nenhuma tempestade conseguiu roubar a paz de Jesus, quando seus


discípulos começaram a ficar com medo, e imediatamente Jesus ordena
que ela cessasse, o que aconteceu. (Mc 4:39).

Esses milagres nos mostram a soberania de Deus. Nenhuma lei natural


pode deter os propósitos divinos. E, sempre que Deus tem algo para
fazer através de seus filhos, pode ter certeza, que se for necessário parar
por um instante qualquer lei natural que seja, Ele assim o fará. Por isso
não devemos nos amedrontar diante das circunstâncias e dificuldades
que se levantam. Deus é o mais interessado na edificação do seu Corpo,
12º Dia - Dons de poder

e Ele fará de tudo para ver se cumprir a Sua vontade. Abra o seu coração
e se Deus te levantar um dia para fluir neste dom, não tenha medo, confie
e veja o sobrenatural intervir no natural pelo poder do Espírito Santo.

3. Os dons de curar

Os dons de curar são dados por Deus visando à cura sobrenatural da


enfermidade sem meios naturais de qualquer origem. A cura divina não
vem mediante diagnósticos, tratamentos, e sim da operação deste dom
(At 10:38).

A enfermidade sempre foi rejeitada por Deus, e na história com o seu


povo, há uma promessa de cura e ausência de doenças. Após a libertação
do Egito, Deus promete ao seu povo, através de Moisés, que se eles
fossem obedientes, não desviassem de suas ordenanças e guardassem
todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade viria sobre eles, pois Ele
é o Deus que os saravam (Êx 15:26). 99

Davi, no livro de Salmos descreve a bondade de Deus ao dizer que


é Ele quem nos perdoa de nossas iniquidades e sara todas as nossas
enfermidades (Sl 103:3). Jesus deu a cura uma posição de destaque
em seu ministério, por onde andava curava a todos os oprimidos do
diabo (At 10:38). Deus sempre se importou com esta questão na vida do
homem, pois Deus não criou o homem para sofrer a morte, muito menos
a enfermidade. Percebemos também que a cura é uma grande ação do
poder de Deus. Todos os milagres e curas feitas por Jesus serviram como
sinal de que Ele realmente era o Filho de Deus.

A cura de um leproso (Mt 8:1-4) nos mostra exatamente este propósito


evangelístico. No verso quatro, Jesus ordena que ele não falasse nada
a ninguém até mostrar ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés havia
ordenado, para servir de testemunho. A cura sobrenatural deste jovem
serviria de testemunho a todo o povo de que Jesus era realmente o Cristo,
àquele que segundo Isaías, havia levado sobre si as dores e enfermidades
de todos (Is 53:4).

Outro exemplo poderoso é a cura do coxo que ficava na porta chamada


21 Dias por um coração aquecido

Formosa (At 3:1-10). Naquele momento, Pedro, tomado pelos dons


de curar, levanta aquele homem que não andava desde o dia em que
nasceu, todos o conheciam, pois ficava sentado naquela porta do
templo pedindo esmolas há muito anos, após sua cura, todo o povo
ficou admirado com aquele acontecimento. Veja que esta cura serviu de
testemunho a respeito de Cristo, para edificação da Igreja.

As enfermidades existem com o propósito de destruir a vida do homem,


mas Cristo transformou o seu propósito. E através do poder de Deus
pelos dons de curar, as enfermidades existem hoje para a manifestação
das obras de Deus e de sua Glória (Jo 9:3; 11:4). Por esta razão, permita-
se ser usado por Deus neste dom. Como é bom chegar em um lugar
onde todos estão desesperançados pela enfermidade de uma pessoa,
e Deus opera o seu poder e aquela pessoa é curada. Imediatamente a
família reconhece a obra de Cristo e se entrega ao Senhor, edificando
assim o Seu Corpo.
100
Vá atrás dos necessitados, visite aqueles que você sabe que estão em
um leito de enfermidade e permita que o Senhor te use. Lembre-se, é
dom do Espírito Santo, não depende de você e sim da vontade de Deus
e a vontade dEle já sabemos: curar a todos (Mt 8:16-17; 1Pe 2:24-25; Mc
16:17-18).
13º Dia - Dons vocais

Os dons vocais são aqueles dons que são falados. Vimos nos capítulos
101
anteriores, que os dons de revelação mostram o conhecimento inspirado,
e os dons de poder demonstram a manifestação do poder divino.
Já, os dons vocais nos trazem uma mensagem vinda de Deus para o homem.

1. Dom da profecia

O dom da profecia é o mais importante dom vocálico, visto que ele traz
a edificação para a Igreja. Paulo vai nos dizer que o dom de variedade
de línguas só se iguala a este dom quando, acompanhado ao dom
da interpretação (1 Co 14:5). Línguas, quando faladas, traz edificação
somente a quem está falando, mas quando o dom da interpretação
entra em operação, todos são edificados através da mensagem profética.
No dom da profecia, a mensagem é trazida diretamente a todos.

Profecia significa proclamar. A palavra “profetizar” no hebraico significa


“sair fluindo”, “jorrar”, no grego significa “falar no lugar de outro”.
O significado da profecia nada mais é do que falar no lugar de Deus, ser um
mensageiro dEle. Como as palavras do Senhor são Espírito e vida (Jo 6:63),
elas são uma fonte que jorram a vida de Deus. Sendo assim, quando alguém
profetiza, a pessoa está sendo uma fonte que jorra a Palavra de Deus, que
produz resultados.
21 Dias por um coração aquecido

A profecia tem o propósito de edificar, exortar e consolar (1Co 14:3).


A intenção inicial não é falar nada novo, mas testificar aquilo que Deus
já ministrou ao coração. Na Antiga Aliança, todas as vezes que os reis,
sacerdotes e o povo se desviavam do propósito, Ele, então, levantava
alguém improvável para apontar para a Sua vontade, denunciar os
pecados, a fim de realinhá-los com o Seu coração.

A profecia também não transforma a pessoa em profeta, o dom espiritual


da profecia (1Co 12:10) e o dom ministerial do profeta (Ef 4:11) são coisas
distintas. O ofício do profeta tem o objetivo de aperfeiçoar, capacitar e
treinar os crentes para o seu serviço, perceba que seu encargo é auxiliar
os santos para o desenvolvimento pessoal no serviço à Igreja, onde o
profeta recebe de Deus esta habilidade e a Igreja reconhece. Quanto ao
dom ministerial do profeta, este flui de acordo com a vontade de Deus
no momento onde existe há necessidade, Deus deseja, portanto edificar,
consolar ou exortar alguém específico ou toda a Igreja.
102
Paulo também vai nos ensinar que devemos procurar com zelo os dons
espirituais, mas principalmente que profetizemos. O dom da profecia
é mais importante para a congregação, pois ele edifica a todos que
recebem a proclamação do Senhor no seu entendimento. O mau uso
deste dom levou muitos a uma motivação errada e a um sentimento
de superioridade espiritual. Além desta vaidade, a carnalidade de
alguns irmãos, que ainda com uma mentalidade infantil, buscavam
os “profetas”, como cartomantes e adivinhadores, fazendo com que a
Igreja criasse uma rejeição pela manifestação deste. Profecia não é o que
muitos acham, e sim a proclamação de Deus, onde Ele “jorra” a Sua
poderosa Palavra para edificação, consolação e exortação.

2. Dom de variedade de línguas

A variedade de línguas se resume em uma expressão vocal, dada pelo


Espírito Santo, através de línguas jamais aprendidas ou compreendidas
por quem fala, nem necessariamente pelas pessoas que as ouvem.
A oração em línguas é um sinal da visitação sobrenatural do Espírito
Santo. Jesus coloca a oração em línguas no mesmo patamar da expulsão
de demônios, cura de enfermos e outras ações sobrenaturais que só
13º Dia - Dons vocais

podemos fazer pelo Espírito (Mc 16:15-18).

Este tema, além de polêmico, tornou-se central em um bloco de escritos


de Paulo que formam os capítulos 12, 13 e 14 do livro de 1 Coríntios.
Se Paulo decide explicar ponderadamente a importância e função deste
dom, é porque, sem dúvidas, devemos conhecê-lo e exercitá-lo.

O dom da variedade de línguas tem a sua importância na vida da Igreja,


principalmente para a edificação pessoal (1Co 14:4). A função de todo
membro do Corpo de Cristo é a edificação da igreja (1Co 3). Mas, como
poderemos edificar algo se não nos edificamos? Para que o nosso serviço
possa acontecer de forma excelente precisamos estar edificados.

Muitos, ao lerem o texto de 1Co 14, acham que o dom de línguas não tem
importância e que devem buscar o dom da profecia, pois Paulo o coloca
como o mais importante. Vamos, portanto, entender o contexto da igreja
de Corinto e o porquê Paulo escreve esta carta aos coríntios, que é um 103
texto exortativo, e com o objetivo de correção, para estes irmãos que
tinham falsas compreensões a respeito de muitos assuntos da Igreja,
dentre eles, os dons espirituais.

A primeira questão que faltava nesta igreja era a unidade. Corinto era
uma igreja extremamente dividida e partidária, por isso, Paulo os chama
de carnais no capítulo 3 e fala da unidade orgânica no capítulo 12, ao os
comparar como um corpo e cada individuo como um membro. O corpo
não pode funcionar de forma perfeita se os membros não focarem na
edificação mútua, olharem menos para si e mais para o todo. E o que
leva a todo homem olhar para o próximo e considerá-lo superior a si
mesmo é o amor, por isso Paulo escreve um lindo discurso sobre este
tema no capítulo 13 o considerando como o dom supremo.

Além disto, os irmãos detinham dons por questões de vaidade, por


achar que se demonstrassem o fluir de um dom estariam provando a
sua espiritualidade, um pensamento extremamente superficial e carnal,
mas esta era uma realidade no meio daquela igreja. E o dom utilizado
por eles para mostrar essa falsa espiritualidade era o de variedade de
línguas.
21 Dias por um coração aquecido

Entretanto, Paulo, neste contexto, não sugere a eles que parassem de orar
em línguas, e sim que se procurassem um melhor dom para edificação de
todos. Afinal, como membros do Corpo, todos devem viver a edificação
mútua e o amor, colocando os outros como mais importantes do que a
si mesmo, e logo se preocupar com a edificação dos irmãos. Assim, o
melhor dom para edificação de todos é o dom da profecia, foi por isso
que Paulo disse que deveriam buscar com zelo, ou melhor, com mais
atenção, percebendo o que era mais necessário.

O problema é que temos a tendência de tirar o texto fora do contexto.


E o que a igreja de Corinto precisava era de edificação mútua, sem
dúvida, a igreja precisa disto, mas não isenta a importância da edificação
pessoal. Devemos buscar a edificação mútua da mesma forma que
devemos buscar a edificação pessoal.

Paulo deixa claro que a edificação pessoal através do dom de línguas


104 não deve ser negligenciada. E ilustra isto, ao dizer que dava graças a
Deus porque orava mais em línguas do que os irmãos (1Co 14:18) e
ao demonstrar o desejo de que todos os irmãos de Corinto falassem
em outras línguas (1Co 14:5). Devendo ser buscado como um “dom
devocional” e usado em nossa vida de oração, louvor e adoração a Deus.

Uma outra atuação do dom de variedades de línguas é no ministério


público, onde uma mensagem é trazida aos irmãos, por parte de Deus,
através de uma língua desconhecida. Neste contexto, é necessário que
haja o fluir de outro dom espiritual, o dom da interpretação de línguas,
para que todos possam ser edificados (1Co 14: 5,13). Quando o dom de
variedade de línguas flui para a edificação da Igreja, no momento em
que a pessoa começa a falar, um temor vem sobre a igreja trazendo um
silêncio, e aí, aquele que flui na interpretação revela à igreja a mensagem
falada.

3. Dom de interpretação de línguas

O dom de interpretação de línguas é a revelação sobrenatural, uma


capacitação espiritual, uma inspiração, onde recebemos do Espírito Santo
a mensagem que foi falada em outras línguas, portanto a interpretação
13º Dia - Dons vocais

não é uma tradução, e sim o significado da mensagem em línguas não


entendíveis ao homem. Ninguém pode entender uma mensagem dada
em línguas até que o sentido seja revelado por Deus através deste dom.
Muitas vezes a mensagem em línguas pode ser longa e a interpretação
curta, e também a mensagem curta e a interpretação longa, isto depende
e demonstra que não é tradução, e sim, uma interpretação.

Como dito anteriormente, este dom depende de outro para sua operação,
afinal sem a manifestação do dom de línguas, ele não pode operar.
Cabe ressaltar, que a pessoa que flui neste dom, pode ser a mesma pessoa
que está orando em línguas ou uma outra pessoa.

Devemos, também, buscar a interpretação em nossas orações particulares.


Paulo em 1 Coríntios 14:13 nos ensina que aquele que ora em línguas
deve também orar para que possa interpretá-las. É importante termos
o entendimento daquilo que estamos orando em mistérios ao Senhor,
devemos ser edificados por inteiro, desde o nosso espírito até a nossa 105
alma e corpo. Quando oramos em línguas nosso espírito ora de fato, mas
o nosso entendimento fica infrutífero (1Co 14:14), por isso a importância
de buscar a interpretação para uma edificação integral.
21 Dias por um coração aquecido

106
14º Dia - Recarregando
suas baterias

“O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a
107
igreja” 1 Coríntios 14:4

A oração em línguas é um dos temas mais polêmicos que existem nas


igrejas, é uma discussão infindável que existe entre pentecostais,
tradicionais e renovados. Apesar de toda esta polêmica, é um tema
abordado por Paulo em quase todo capítulo 14 de 1 Coríntios.
E, se Paulo dedica um capítulo do seu livro para falar sobre este
dom, é porque sem dúvida, ele é muito importante.

A oração em línguas tem um papel fundamental na vida


devocional do crente e é também responsável pela edificação
pessoal, juntamente com o jejum, oração e meditação na Palavra.
Precisamos abrir o nosso coração para a verdade de Deus a respeito
desta prática, para que possamos tirar proveito de tudo o que ela
nos disponibiliza.

Nosso desejo não é entrar em discussões doutrinárias, mas apenas


trazer luz aos corações sobre um dom que existe e a de que Bíblia
fala a seu respeito. Queremos, no estudo de hoje, falar sobre os
benefícios que a oração em línguas traz para a vida do crente, que
é a edificação pessoal, “recarregando as suas baterias”.
21 Dias por um coração aquecido

Paulo nos fala que aquele que ora em línguas edifica a si mesmo, mas
como isto acontece? A palavra edificar tem inúmeros significados, dentre
eles temos, construir, erguer, erigir uma construção, uma edificação.
Sendo assim, a oração em línguas tem o papel de nos construir, de
levantar uma construção.

Imagine uma construção, ela tem funcionários, engenheiros, arquiteto,


materiais para a obra e projeto. Todas as pessoas envolvidas nela seguem
exatamente o que está no projeto para a construção e quando edificada,
a obra está sendo erigida naquilo que foi projetada.

Agora, vamos aplicar isto em nossa vida. Qual é o nosso projeto e aonde
queremos chegar? Cristo, não é verdade? A Bíblia nos fala que fomos
predestinados, ou melhor, formados desde o princípio, criados com um
propósito, com um destino, o de sermos à imagem de Cristo (Rm 8:29).
No princípio, Deus nos criou segundo a Sua imagem e semelhança (Gn 1:26),
108 isto significa que fomos criados para refletir quem Ele é. Refletir a imagem de
Deus significa revelar o seu caráter, a sua sabedoria e também o seu poder.

Deus nos criou com este projeto, fazer de nós o seu reflexo na terra.
Sendo assim, esta é a construção que estamos erigindo, este é o edifício
que estamos erguendo como indivíduos, mas também como Igreja.
Cristo precisa ser revelado através de nós como cristãos e também como
seu Corpo.

Por tanto, quando vemos Paulo nos falando que a oração em línguas
edifica a nós mesmos, significa que ela nos ajuda nesta tarefa
espiritual da “construção de Cristo” em nós e, é aí que existe algo
tremendo.

Olhando para Cristo, vemos que Ele mostrou a todos os homens o


caráter de Deus, a sua sabedoria e o seu poder. Ele representa para
nós aquilo que Deus deseja que sejamos, afinal, foi um homem que
andou no poder de Deus, e todas suas obras eram sobrenaturais.
Veja, Jesus foi um homem totalmente espiritual, Ele se retirava com
frequência para orar, para se edificar, para buscar de Deus direções,
revelando a Sua dependência do Espírito Santo.
14º Dia - Recarregando suas baterias

No grego, edificar é “oikodomeo” que significa erguer uma


superconstrução, uma superestrutura para acomodação de algo.
No grego moderno esta mesma palavra significa recarregar, como se
recarrega uma bateria. É interessante percebermos a semelhança que
existe nestes dois significados.

Na época em que este texto foi escrito, ainda não existia energia elétrica,
logo Paulo nunca poderia se utilizar desta analogia. Mas tanto erigir
uma superestrutura quanto recarregar tem o mesmo significado.
Quando oramos em línguas estamos edificando uma superestrutura
dentro de nós para receber alguma coisa, e quando recarregamos uma
bateria, estamos juntando energia para ser utilizada também.

Muitos reclamam que estão se sentindo fracos, que estão sem forças,
daí procuram um culto poderoso, ou a oração poderosa de um irmão,
alguns querem um retiro, um congresso, como se isso restaurasse a
força dentro de alguém. Sem dúvida saímos revigorados em todos esses 109
exemplos, mas não necessitamos mais de depender disso, uma vez que
sabemos do que precisamos fazer para recarregar as nossas baterias com
a energia do céu.

Não podemos fazer a obra do Senhor pela força do nosso braço. O homem,
em sua carne, não tem condições de fazer a obra de, pois essa só pode
acontecer pelo Espírito, e para isso precisamos recorrer a esta natureza
espiritual. Quando oramos no Espírito, estamos nos abastecendo
desta energia espiritual para operarmos segundo a vontade de Deus.
No momento de oração, Deus nos dá revelações, direções e palavras.
Perceba que nada disso poderíamos receber em uma faculdade, na leitura
de um livro ou em horas de pesquisa. Tudo isto recebemos diretamente
do céu, porque escolhemos o caminho correto, o caminho da edificação
pessoal no espírito.

Embora muitos rejeitam este ensino, pois buscam entender as coisas de


uma forma natural e não conseguem ver um propósito de orarmos em
línguas estranhas, de ficarmos por minutos, e às vezes até horas falando
palavras que não sabemos seu real significado. Como tudo o que é
espiritual, é loucura para quem é natural, pois se discerne espiritualmente
21 Dias por um coração aquecido

(1Co 2:14), só quem ora no Espírito e busca receber esta “força”, ou


“energia” espiritual sabe de sua importância. Passamos a depender
exclusivamente de sua graça e ação, e somos cheios, recarregados e
começamos a operar de uma forma sobrenatural, como Cristo viveu.

A falta de bateria reduz a força de qualquer máquina. Se temos uma


lanterna e a bateria está acabando, a luz fica fraca, bastando, portanto,
recarregar a bateria e a luz começa a iluminar com toda força novamente.
Se Cristo não tem sido resplandecido em você como deveria estar, é
porque você precisa recarregar a sua bateria. Quando estamos cheios de
Sua “energia”, nossa célula, nossos ministérios, nosso serviço ao Senhor
não são mais os mesmos, porque passamos a não fazê-los por nós e sim
na força do Espírito, o que faz toda a diferença.

“Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no


Espírito Santo” Judas 1:20
110
A Palavra de Deus é tremenda e neste livro tão pequeno da Bíblia,
existe um versículo fantástico e que traz luz para compreendermos a
importância da oração em línguas e a edificação pessoal. Judas nos diz
que devemos nos edificar em nossa fé santíssima, orando no Espírito
Santo.

Primeiro, orar no Espírito Santo e orar em línguas é a mesma coisa.


E Paulo nos ensina que quando oramos em línguas falamos a Deus e
em espírito falamos mistérios (1Co 14:2). Quando oramos em línguas o
nosso espírito ora de fato (1Co 14:14). Afinal, não sabemos orar como nos
convém, mas o Espírito Santo intercede por nós, ou seja, Ele nos conduz
na oração com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26). Orar no Espírito Santo
é fazer dos seus gemidos inexprimíveis a nossa oração e deixar que Ele
interceda por nós.

Uma vez que fazemos a Sua oração, estamos edificando a nossa fé


santíssima. A palavra edificar aqui tem um significado diferente de
1 Coríntios 14:4. No grego é “epoikodomeo” que significa “construir
sobre”, enquanto “oikodomeo” significa “edificar para”. A base da
nossa construção é Cristo, Ele é a pedra fundamental e a pedra angular,
14º Dia - Recarregando suas baterias

nossa fé em Cristo se torna então a base desta construção. Uma vez que
oramos no espírito, ou em línguas, estamos construindo sobre esta fé em
Cristo, nos recarregando do poder do Espírito Santo para fazer as obras
de Cristo como Ele fez, nós tornando convictos de nossa fé.

Para entendermos o contexto, o livro de Judas foi escrito como um livro


apologético, ou seja, um livro de defesa da fé cristã. A intenção de Judas
era proteger os cristãos do movimento agnóstico que ensinava heresia
e podiam envenenar a fé. Ao dizer que os cristãos deviam edificar a fé
santíssima através da oração no Espírito, Judas estava ensinando aos
cristãos como fortalecerem a sua fé em Cristo e não se misturarem aos
ensinos duvidosos.

Assim, além de nos encher da energia dos céus, na oração em línguas


também somos tomados de convicções. Uma vez que estamos
fortalecidos no espírito, recarregados da “energia” dos céus, além de
fazermos as obras de Cristo no poder do Espírito, criamos “músculos” 111
para nossa fé.
21 Dias por um coração aquecido

112
15º Dia - O caminho da
transformação

“Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a


113
semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente
germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica:
primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o
fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa”
Marcos 4:26-29

Jesus ao contar essa parábola traz uma explicação de como funciona o


reino de Deus, Ele faz uma menção comparativa do homem que lança a
semente na terra e depois de descansar, um dia após o outro, a semente
germina e cresce, produzindo frutos.

A semente nesta parábola é a Palavra de Deus e a terra é o nosso


coração. O princípio espiritual que aprendemos nesta passagem bíblica
é a respeito do nosso papel no caminho da transformação. Estamos em
uma jornada em busca por um coração incendiado pelo Espírito Santo
e essa experiência de avivamento pessoal, precisa se desdobrar em uma
verdadeira transformação de vida, de mente, de caráter e de valores.

Estamos envolvidos em um processo de transformação e a nossa função


é pegar a semente e lançar na terra, ou seja, nós precisamos nos encher
dar Palavra de Deus. Há um depósito espiritual em nós e nos enchemos
21 Dias por um coração aquecido

meditando, confessando e compartilhando a Palavra. Depois de lançar


a semente na terra, Jesus conta que o homem descansou, ele dormiu e
acordou, um dia após o outro, este homem não ficou escavando a terra
todos os dias para ver se a semente estava germinando, ele apenas tinha
a certeza de que a semente iria germinar, isso nos fala de fé.

Até que um dia a semente germinou e cresceu, mesmo sem ele saber
explicar como aconteceu. Veja a semente germinou, frutificou e apareceu
o grão cheio na espiga. A verdadeira mudança, é aquela que você não
viu, não sabe explicar como aconteceu, mas os outros a percebem.
Tínhamos certos prazeres e de repente não temos mais, tínhamos
certos valores e quando vemos não existem mais, logo, aqueles hábitos
acabaram e nem sabemos o porquê, afinal ninguém ficou nos vigiando
ou pressionando, apenas nos enchemos da Palavra.

A verdadeira mudança é assim, é aquela que é fruto de uma sensação de


114 descanso em fé e isso nos fala de confiança e dependência. Nós apenas
dormimos e acordamos, mas enquanto descansamos, a semente poderosa
da Palavra de Deus esta produzindo um metabolismo espiritual no
nosso interior.

Há muita maquiagem no meio evangélico e há muita gente se esforçando


para mudar. Paulo fala em Gálatas 5 sobre o fruto do Espírito, que é
um sinal da nova natureza do homem regenerado. Agora fruto é algo
natural, você não encontrará uma mangueira fazendo força para gerar
uma manga. Por outro lado, quando Paulo fala sobre as obras da carne,
ele está se referindo a algo que requer esforço, força e suor, porque é
necessário se esforçar para agir de uma forma contraria a sua nova
natureza. O fruto do Espírito já está em nós, já é uma realidade agora,
precisamos apenas andar a altura dessa verdade, e da nossa posição em
Cristo Jesus.

A verdadeira cura interior e o verdadeiro processo de libertação


acontecem pela Palavra, tudo o que Jesus fazia era pela Palavra, Ele
afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).
Portanto, onde não há o ensino da Verdade, não há transformação e
consequentemente não há crescimento.
15º Dia - O caminho da transformação

Talvez as mudanças de hoje não serão tão extraordinárias como em


outros tempos, como no início da nossa caminha com Cristo, mas por
mínima que seja, não seremos mais o mesmo. Algo foi acrescentado
em nós e isso acontece porque nossa mente esta sendo renovada pela
palavra de Deus.

Quer mudar um homem? Mude a sua dieta. Não basta fazer uma
“maquiagem gospel” ou aplicar “um botox espiritual”, não é cosmética,
é preciso mudar a sua alimentação, porque tudo o que Deus faz é pela
Palavra e pelo Espírito, e isto é um princípio espiritual.

O cristianismo é a única religião em que não nos tornamos um adepto,


pois é necessário a conversão. Talvez você aderiu ao cristianismo por
conveniência, por seus pais serem cristãos ou porque você se convenceu
intelectualmente quanto a isso. Podemos até aderir, mas conversão é
algo interior, como falamos, é um processo de transformação.
115
Quando um pecador tem revelação da graça de Deus, ele não é apenas
perdoado, mas ele muda, se rende a outro estilo de vida, onde há novos
valores, novos comportamentos, nova maneira de ser, de falar, de se
vestir, de enxergar a vida, os relacionamentos, o mundo, o tempo, o
dinheiro, a morte e a eternidade. Então, veja bem, conversão é real e
é algo interior. E essa mudança não somos nós quem a produzimos,
nem são os pastores e nem é uma igreja local, mas sim, é pelo Espírito e
através da Palavra de Deus.

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” Filipenses 1:6

O Espírito Santo está comprometido em nos transformar, “Aquele que


começou a boa obra em nossa vida irá aperfeiçoar até ao Dia de Cristo”
(Fl 1:6). É algo crescente, que caminha cada vez com mais profundidade
em cada área de nossa vida, é à medida que vamos avançando.
De repente, por um momento, olhamos para trás e percebemos quantas
coisas na nossa vida já mudaram completamente. Quem era egoísta, não
é mais, quem mentia, não mente mais, quem era de “pavio curto”, não
explode mais. Talvez, uma ou outra área de nossa vida resista mais a
21 Dias por um coração aquecido

uma transformação, mas no todo você está sendo transformado.

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque
não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados,
mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”
Romanos 8:14-16

A Bíblia usa duas expressões no grego para definir a palavra filho, que são,
“huios” (Rm 8:14) e “teknon” (Rm 8:16), o que no português só utilizamos
uma palavra para definir. Veja, a palavra “teknon” significa filho, tal como
“huios”, é um filho que ainda é um bebê, embora filho, mas ainda é um
bebê. Pergunto, qual é a diferença entre um filho bebê e um filho maduro?
A única diferença é a transformação pela qual ele passou e o fez chegar à
maturidade.

116 Desde o dia em que nascemos de novo até o dia em que iremos partir para a
glória, a graça santificadora estará produzindo uma transformação no nosso
ser integral. Então não tem jeito, seremos transformados, pois somos filhos
de Deus e a Bíblia não diz que somos bastardos, Deus nos reconhece como
filhos, Ele nos põe na posição de herdeiros (Rm 8:17). Na medida em que
respondemos ao trabalhar de Deus na nossa vida, seremos transformados.

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem


conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos” Romanos 8:29

Fomos escolhidos por Deus para sermos conformados, encaixados na


forma que é Cristo e Ele é o modelo, o molde, o protótipo, a forma, e o
interesse de Deus é nos conformar nEle. Jesus é o modelo que o Pai quer
multiplicar.

Jesus nos quatro evangelhos é chamado de unigênito, ou seja, o único


filho de Deus, o único da espécie. Mas quando Cristo ressuscita, Ele não
ressuscita mais como unigênito e sim como primogênito, o primeiro
de muitos filhos de Deus, que faz parte dessa nova raça, a Igreja.
Portanto, a partir de Sua ressurreição, Cristo foi multiplicado.
15º Dia - O caminho da transformação

É interessante também o que o livro de Apocalipse fala a respeito da


Nova Jerusalém. Apocalipse é um livro profético do Novo Testamento,
ele é cheio de símbolos que apontam para verdades espirituais.
Apocalipse diz que a Nova Jerusalém é feita de ouro e pedras preciosas,
ou seja, materiais minerais. Entretanto, as portas da Nova Jerusalém
são de pérolas (Ap 21:21). Uma pérola não é um material mineral, mas
orgânico. Mas por que pérolas? Colocar uma pérola para ser porta?
Você já viu isso em algum lugar? Não, porque é um símbolo. Você sabe
como uma pérola é formada?

Quando um pequeno grão de areia inútil e sem valor entra numa ostra
que está vivendo sua vida tranquilamente no fundo do mar, esse grão
causa uma irritação nesta ostra, e ela entra num processo, que leva tempo
e trabalho, começa a segregar uma substância ao redor do pequeno grão
de areia, chamada madrepérola. E de repente, aquele pequeno grão de
areia, sem valor, inútil e feio se torna algo belo e de extremo valor.
117
Por que as portas da Nova Jerusalém são pérolas? Porque toda pérola é
fruto de uma transformação, ou seja, se não formos transformados, não
entraremos na Cidade Santa. Grão de areia se encontra em obras, ou vira
pérola, ou vai pra caçamba da obra para ser transformado.

A transformação é a primeira marca de um verdadeiro discípulo


de Jesus. Um cristão genuíno se transforma e se torna alguém mais
tolerante, roubava, mas não rouba mais, era arrogante, porém já não
é mais, era uma peste e já não é mais. Agora, veja bem, não existe um
“transformômetro” para medir o nível de transformação de alguém.
Às vezes, somos transformados radicalmente e instantaneamente em
uma certa área da nossa vida e em outras não. Mas a verdadeira marca
de um verdadeiro é: a mudança. As pessoas olham e percebem sua
mudança, o casamento mudou, a boca mudou, o jeito mudou.

A marca de um cristão genuíno é ser transformado e quando somos


transformados crescemos espiritualmente, pois as pessoas que são
infantis e tolas emocionalmente, não sabem lidar com as suas emoções,
esse é um diagnóstico de falta de transformação. Para pessoas
melindrosas e desequilibradas, pequenas coisas causam desestabilidade
21 Dias por um coração aquecido

emocional, são vulneráveis e precisam ser transformadas. À medida que


avançamos no caminho da transformação, crescemos espiritualmente e
adquirimos consistência espiritual.

Outro diagnóstico que aponta a falta de transformação é a ausência


de frutos. Pessoas frutíferas são aquelas que afetam a vida de outros,
através deles muitos são alcançados pela Graça de Deus, pelo seu
testemunho vidas são impactadas. As palavras que saem da sua boca
são encharcadas de vida, unção, revelação e produz uma repercussão
na vida de quem está ouvindo. A presença desta pessoa gera realidade
espiritual na vida de outros. Transformação gera frutos, por outro lado
sem transformação também não há frutos, logo não expressamos o
Senhor. Há pessoas que reconhecemos Jesus na vida delas, nas atitudes,
no servir, no amar, no ouvir o outro, no calar, respondendo o mal com o
bem, sendo sábio, respondendo com o perdão a atitude ofensiva de uma
pessoa, na simplicidade. É santo, porém servo, é firme, porém amoroso.
118
Para ser transformado é necessário decidir mudar, é escolher não ser
um cristão nominal, deixar de ser um “alisador de banco” e um crente
“domingueiro”. Aqueles irmãos que vão ao culto de domingo escutar
um sermão e cuja suas vidas na segunda-feira não condizem com a Bíblia
que carrega de baixo do braço, esta Bíblia está mais para “desodorante
gospel” do que para código de conduta. Há crente que marca a Bíblia
toda com marca texto colorido e faz questão de mostrar para os outros,
para que vejam o quanto ele é espiritual, outros, porém, deixam sua
Bíblia aberta no Salmo 91, que chega a ficar amarela, porque neste caso
virou um “pé de coelho” ou uma “ferradura ungida”. Irmãos, tempo
de igreja não muda ninguém, assim como o fato de vivermos numa
garagem não nos transformará em um carro, também não será o fato de
passarmos anos dentro de um prédio de uma igreja que te fará ser um
crente transformado.

Se temos identificado alguma dessas características de infantilidade


em nossa vida, precisamos crescer! Existem crentes que possuem
uma necessidade carnal de se mostrar espiritual, mas a verdadeira
transformação não tem a ver com a necessidade de se exibir, de viver
com rótulos e títulos. Há ainda cristãos que fazem uso de um “palavrore
15º Dia - O caminho da transformação

gospel”, que possuem até uma coreografia espiritual para orar, mudam
o tom de voz, beijam rosas, bebem água do rio Jordão - que já deve até
ter secado, de tanta água que já “retiraram” de lá. – A transformação
tem a ver com conteúdo, com o que está dentro, com realidade, com
uma motivação certa, com aquilo que fazemos quando ninguém está
nos vendo.

Para sermos transformados é necessário ter revelação, ter luz para


enxergar, pois quem não tem luz, não consegue identificar onde precisa
mudar. Cada um de nós temos uma medida de luz, e quanto maior a
nossa medida de luz, mais conhecemos, vemos e enxergamos. Mas o quê
devemos enxergar? Certamente, não é enxergar com os olhos naturais,
pois na medida em que crescemos espiritualmente, começamos a
reconhecer a mão de Deus até em coisas pequenas, vemos Deus nos
forjando, e começamos a ver o tanto que somos egoístas, difíceis, com
um temperamento intratável, arrogantes e com atitudes orgulhosas.
119
Este tempo de Jejum é precioso porque Deus irá acender um holofote
sobre nós e passaremos a ver nosso coração e a enxergar o que não era
possível antes, inclusive a nossa real intenção e motivação. Por que não
enxergávamos antes e passamos a enxergar agora? Porque Deus sabe que
para sermos transformados a chave é passarmos a nos examinar, a nos
olhar. Platão tem uma frase interessante: “Podemos facilmente perdoar
uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando
os homens têm medo da luz”. Quando você se vê, não se desespere, não
desista de você, pois virá muita luz por aí!

Na medida em que estreitamos o nosso relacionamento com o Senhor,


avançamos em intimidade e passamos a conhecer o Seu coração, e só
assim nós nos conheceremos. Só nos enxergamos quando vemos o
Senhor, porque Ele é a fonte da luz, quanto mais nos aproximamos
dEle, mais luz vem sobre a nossa vida, passamos a reconhecer a nossa
condição e o caminho para onde Deus está nos conduzindo.

A transformação também acontece num ambiente adequado e ele está


relacionado com aquilo que reproduzimos, pois refletimos aquilo que
somos. O ambiente em que estamos produz mudanças em nós ou não.
21 Dias por um coração aquecido

Nos relacionamentos nós somos transformados, pois através deles é


que vem o “santo esmeril” para nos moldar. Há muita mutualidade na
vida da Igreja, “Confessai os vossos pecados uns aos outros” (Tg 5:16),
“amai-vos uns aos outros” (Rm 12:10), “suportai-vos uns aos outros”
(Cl 3:13), então não há transformação para quem foge de relacionamentos.

“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a


glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito” 2 Coríntios 3:18

Quanto mais contemplamos o Senhor através da prática das disciplinas


espirituais, somos transformados de glória em glória e essa presença
fortalece o nosso espírito, nos enche de motivação, nos inspira e
influencia. A Bíblia diz que o profeta Samuel cresceu diante do Senhor
(1Sm 2:16), foi sendo moldado de uma maneira que todo o povo sabia que
Deus estava levantando naquele pequeno menino um grande profeta.
120 O caráter de Deus foi impregnando a vida de Samuel. A presença de
Deus nos influencia, transforma, e a Sua presença nos faz bem.

Em último lugar, a maneira que Deus vai usar para produzir transformação
em nós é através da cruz, mas a cruz é voluntária (Mt 16:24). E afinal,
o que é a cruz? A cruz é a vontade de Deus, que abaixemos a “crista”,
que sejamos crentes de verdade, que sirva, se humilhe, perdoe, largue
de ser egoísta e de ser cheio de cobranças. Quando Jesus assumiu a cruz,
ou seja, a vontade de Deus, o céu se abriu (Mt 3.16), quando tomamos a
cruz o céu se abre sobre nós. Deus levanta pessoas favoráveis, faz chover
sobre a nossa terra, Ele dá testemunho ao nosso favor assim como fez
com Jesus dizendo, “Esse é o meu filho amado em que me comprazo”
(Mt 3:17). Uma nova medida de poder e unção virão sobre a sua vida se
você tomar a cruz (Mt 3:16).

Jesus disse “ide e fazei discípulos” e não, ide e fazei convertidos


(Mt 28:19), portanto, transformação é uma condição básica para ser
discípulo, mas entenda: é necessário que os discípulos sejam feitos, ou
seja, os discípulos não estão prontos, porque todos nós estamos num
caminho de transformação.
16º Dia - Princípios de
transformação

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis


121
o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Romanos 12:1-2

A palavra rogar significa, literalmente, colocar-se de joelhos e


suplicar. Paulo rogou pelas misericórdias de Deus, perceba que a
palavra misericórdia está no plural, isto porque Deus quer revelar
que Ele tem muitas misericórdias, compaixões, Ele se compadece
de várias maneiras, em diferentes níveis, intensidades e direções.

Este texto em Romanos nos informa sobre alguns princípios


importantes para a nossa transformação. Veremos no capítulo de
hoje o que é essa transformação e como ela acontece:

1. Devemos apresentar o nosso corpo como sacrifício vivo

Este é o clamor de Paulo, A palavra “apresentar” aqui usada, é a


mesma em Romanos 6, que no original é também traduzida como
“oferecer” e “entregar”.
21 Dias por um coração aquecido

“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que


obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo
ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus,
como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça”
Romanos 6:12-13

O padrão da vontade de Deus é que o pecado não deve reinar ou estar


no governo do nosso corpo, pois o nosso corpo deve ser oferecido,
e entregue como instrumento de justiça e santificação (Rm 6:19).
O interessante é que Paulo ao compartilhar sobre os princípios de
transformação não começa falando sobre o coração, embora, gostamos
muito de dizer as pessoas para entregar o seu coração ao Senhor,
raramente as dizemos: “Entregue o seu corpo ao Senhor”. Devemos,
portanto, consagrar e entregar o nosso corpo a Deus. Mas o que isso
significa na prática?
122
Antes, usávamos o nosso corpo para práticas malignas, mas agora como
o nosso corpo não nos pertence mais, devemos usá-lo somente para
fazer aquilo que é reto, santo, puro e justo. Se de fato reconhecemos
que o nosso corpo não é mais nosso, com o que iríamos pecar?
De fato, todo pecado é espiritual, e mais cedo ou mais tarde ele irá se
manifestar no corpo, e de alguma maneira vai tentar usá-lo. Esta é a
verdadeira consagração, onde oferecemos o nosso corpo para Deus e
reconhecemos que nem os nossos olhos, boca, ouvidos e mãos são mais
nossos.

Agindo assim, teremos um impedimento, um bloqueio para que o diabo


não ache espaço em nossa vida. O problema é que as pessoas resolvem
consagrar coisas, objetos, lugares, mas Deus não está interessando em
coisas, Deus está interessado na sua consagração pessoal. Suas mãos são
consagradas a Deus, para tocar somente no que convém? Seus olhos são
consagrados a Ele, para ver somente o que Deus aprova? Tem irmãos
que ungem a televisão, mas não é a televisão que deve ser consagrada
e sim os seus olhos, porque só assim você pode selecionar o que deve
ser visto ou não. Apresente o seu corpo em sacrifício, isto é o que Deus
espera de nós.
16º Dia - Princípios de transformação

A expressão culto racional também usada pelo apóstolo Paulo, quer


dizer algo que é lógico, razoável e de bom senso. E qual é a ideia de
Paulo aqui? Paulo está nos lembrando de que somos sacerdotes, como
Pedro afirmou em 1Pe 2:9, ele, então, faz um contraste com os sacerdotes
do Antigo Testamento. E como eram os cultos no Antigo Testamento?
Estes cultos eram extremamente formais e só havia espaço para o ritual e
mais nada. As pessoas quando vinham para cultuar a Deus traziam um
animal, chegavam até a porta do átrio e o entregava para o sacerdote.
Em seguida, o sacerdote pegava o animal, o colocava no lugar de
sacrifício e aquele era queimado como holocausto. Logo depois o
sacerdote se lavava numa bacia de bronze, como se fosse o ofertante,
significando a purificação.

Este era o culto que o judeu fazia, extremamente formal, não havia
espaço para mudanças, para espontaneidade, era algo rígido e frio.
Paulo faz um contraste com o nosso culto dos dias hoje, que é racional,
de bom senso, espontâneo, e é neste onde devemos apresentar o 123
nosso corpo como sacrifício, assim como a adoração que deve ser
genuína, e que acontece no espírito, mas transborda em nosso corpo.
Portanto, este culto extrapola os nossos cultos de domingo e reuniões
de célula, é algo que acontece em casa, na escola, no trabalho, no seu dia
a dia. Apresentemos o nosso corpo a Deus como sacrifício em adoração!

O nosso corpo pertence a Deus, foi criado por Ele e para Ele
(Rm 11:36), ele existe para Deus. E não foi criado para a prostituição,
nem para a impureza, ou álcool ou drogas. Isto seria como usar algo sem
a orientação do fabricante, pois Ele é o autor, o criador e é quem tem
autoridade para afirmar como deve ser usado, portanto, apresente-o,
ofereça-o, como sendo dEle.

Paulo diz em 1 Coríntios 6:19-20 que o nosso corpo foi comprado por
Deus, e de fato esse é o único santuário que existe hoje, porque Deus
não habita mais em templos feitos por mãos de homens e sim habita em
nós. Se ele foi comprado, ele possui um dono, e quem é o dono? Aquele
que pagou o preço.

Cristo Jesus na cruz pagou o preço da nossa redenção, e se fomos


21 Dias por um coração aquecido

comprados de volta, não pertencemos mais a nós mesmos e se você não


é mais seu, você não pode mais fazer o que acha melhor. As pessoas
dizem que amam a Deus e que dependem dEle, em contrapartida, em
suas vidas são elas mesmas quem mandam, quem decidem, fazendo
escolhas, tomando decisões, e depois pedem a Deus que abençoe
suas direções. Tudo é uma questão de senhorio, se o Senhor é o dono,
devemos então ter cuidado com aquilo que fazemos com o que não
nos pertence. Precisamos ter revelação desses princípios, eles devem
ser realidades para nós.

Que o Senhor abra os nossos olhos nestes dias, para que compreendamos
estas verdades espirituais, de que fomos comprados e de que
pertencemos duas vezes a Deus. Primeiramente porque fomos criados
por Ele, e nos perdemos, e após ficarmos perdidos Ele nos comprou de
volta. Portanto, nosso corpo deve ser apresentado diante dEle.

124 2. E não vos conformeis com este mundo

Este é o segundo “rogo” que Paulo faz (Rm 12:2), não se conformem
com este mundo. A palavra conformar no original é “tomar a forma”,
“moldar-se”, e o apóstolo está dizendo, não tome a forma, não se molde
com a forma do mundo, ou seja, não se pareça com esse mundo.

Sabemos que algumas pessoas levam este ensinamento de Paulo ao


extremo vivendo como se fossem “E.T.’s”, mas o verdadeiro interesse
de Deus é que sejamos separados e nunca isolados do mundo. Imagine
um barco que deveria estar no mar, e este se encontra na areia. Este barco
estará fora de seu lugar, afinal lugar de barco é no mar, e o lugar do
mar não deve ser dentro do barco, caso isso aconteça o barco afundaria.
Portanto, o barco deve estar no mar, e isso nos faz refletir que o cristão
não deve viver isolado do mundo, mas ter uma vida separada dele,
afinal, no dia em que o mundo entrar na vida do cristão, ele também
afundará.

Nós possuímos um “santo vírus” dentro de nós, e esse “vírus” é a


vida de Deus. Podemos contagiar as outras pessoas que estão ao nosso
redor com ele, e exatamente por isso que o inimigo procura nos isolar
16º Dia - Princípios de transformação

do mundo. Pois isolados do mundo não poderemos “contaminar” as


pessoas. Separados sempre, isolados nunca.

É necessário então encontramos um equilíbrio dessa questão na vida do


cristão, tudo nos é licito, mas há muitas coisas que não nos convém, não
é apropriado, não combina conosco, não fica bem (1Co 6:12).

Qual é a imagem que você transmite? Não seja um sujeito medieval,


mas também não seja moderno demais, porque ser moderno neste
sentido é andar de acordo com o mundo. O interessante é que o
significado da palavra século, não é algo que dura cem anos, mas no
pensamento bíblico, é o momento presente, é aquilo que atrai a todos.
Por isso, devemos fugir, porque esse não é o nosso padrão. O nosso
padrão é um “mundo” que ainda está por vir e nós é que somos
“vanguardas”, e somos realmente modernos, porque nosso estilo de
vida está baseado num mundo que ainda nem chegou, um mundo
vindouro. 125

Agora veja bem, precisamos assumir a nossa identidade de filhos de


Deus e andar a altura do nosso chamado, viver no padrão daquilo que
somos em Cristo. Se quisermos agradar a Deus precisamos fugir de
tudo aquilo que tem aparência mundana.

Encontramos o equilíbrio quando somos tão cristãos que as pessoas ao


olharem para nós, não nos achem extraordinários, mas normais e, ao
mesmo tempo tão cristãos que ao olharem para nós, nos achem diferente
delas. Este é o equilíbrio quando somos normais, mas diferente, e este é
o ponto em que o Senhor quer que cheguemos.

Aquele que é amigo do mundo é inimigo de Deus (Tg 4:4). A Bíblia diz
que Abraão foi chamado de amigo de Deus, mas por que Abraão foi
chamado de amigo de Deus? Abraão era alguém que andava contra a
correnteza, remava contra a maré, marchava com um ritmo diferente,
era quem andava fora do curso da sua época. No seu tempo era normal
morar em cidades, mas ele habitava em tendas, porque aguardava a
cidade que tinha fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador
(Hb 11:9-10).
21 Dias por um coração aquecido

3. Transformai-vos pela renovação da vossa mente

Aqui está o terceiro “rogo” de Paulo e para essa transformação Deus


espera a nossa cooperação. O verso diz transformai-vos, ou seja,
coopere com Deus, se transforme. A palavra transformai-vos no
grego é “methamorphoo”, que significa mudar de forma, transformar,
transfigurar assim como a aparência de Cristo foi mudada e resplandecia
com a Glória sobre o monte da transfiguração (Lc 9:28-36). Parafraseando,
transformação é uma mudança completa de dentro para fora.

A palavra conformar usada por Paulo em Romanos 12:1-2, no grego é


“suschematizo”, que fala sobre tomar a forma exterior, então Deus se
preocupa com a forma exterior também. Paulo diz: “Não assuma a
aparência do mundo”. Mas quando fala de mudança, ele usa a palavra
“methamorphoo”, ou seja, mude interiormente, mude de dentro para
fora. A mudança de uma metamorfose é tão radical que parece não ter
126 nenhuma ligação entre aquilo que era a origem e o que se tornou.

Um exemplo clássico de metamorfose é o girino que se torna sapo.


Todo sapo foi um girino, mas se você não soubesse disso acreditaria que
aquele sapo foi um girino? Não tem nada a ver com um sapo, mas depois
de uma metamorfose ele se transforma por completo. A mesma coisa é
com a borboleta que antes era uma lagarta, que passou por um processo
de metamorfose. A borboleta é a “lagarta glorificada”.

A metamorfose é também uma mudança de metabolismo, é um processo


pelo qual aquilo que comemos se transforma em outras coisas dentro
de nós. Todo alimento dentro de nós é metabolizado e se transforma.
Imagine uma pessoa que está muito pálida, e a sua intenção é mudar essa
realidade, seu objetivo é que ela passe a ficar corada. O que pode ser feito
nessa situação para que ela fique corada? É possível passar um “bluche”
e a pessoa ficar rosada. Olhando de longe pode até ser que engane e as
pessoas comentem, “como ela está saudável”, mas se enxergarmos de
perto veremos que é algo artificial, porque é uma mudança meramente
exterior.

Muitos pensam que ser cristão é uma questão de mudar por fora, se a
16º Dia - Princípios de transformação

mudança exterior for resultado de um esforço, é só maquiagem, mudou


somente por fora, mas esse não é o alvo de Deus. A verdadeira mudança
acontece quando comemos o alimento apropriado, aumentando o ferro,
as vitaminas, e esse alimento opera dentro de nós um metabolismo.
De fato é uma mudança gradual e não instantânea, não é de uma vez.
Mas certamente essa pessoa com o tempo ficará também com a pele
rosada, e poderá se lavar e não vai mudar, porque foi de dentro para fora.

Essa é a mudança que Deus quer operar em nós. Ele quer que você coma
dEle, Ele é a nossa comida, Cristo é o Pão da vida que nos alimenta.
E quanto mais você come desta comida, mas ela se metaboliza dentro de
você e na medida em que isso acontece, você mudará de tal maneira que
não precisará se esforçar, por exemplo, para ser humilde, e nem ter que
esforçar-se para ser, você passa a ser humilde espontaneamente, porque
essa transformação foi interior.

Ao aplicarmos esses princípios de transformação no nosso dia a dia, nós 127


avançamos rumo à maturidade espiritual. O apóstolo Paulo também diz
que devemos chegar à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo (Ef 4:13). A palavra varonilidade fala de uma posição
de maturidade, de adulto, todo novo convertido é considerado como um
neófito, um recém-plantado na fé cristã, um bebê espiritual (1Co 3:1).
Todos que tiveram a experiência do novo nascimento são considerados
assim, não importa se já tenham até uma formação universitária, ou que
tenha 80 anos de idade, todos precisam amadurecer e crescer na vida
cristã.

Esse amadurecimento não acontece espontaneamente; crescimento é


espontâneo, amadurecimento não. Para uma criança crescer basta dar
para ela uma boa alimentação, mas maturidade tem como dar para uma
criança? Não, pois são duas coisas distintas. E é por isso que temos muitas
pessoas na vida da igreja crescidas, mas imaturas, porque amadurecer é
necessário desistir de ser criança.

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava
como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de
menino” 1 Coríntios 13:11
21 Dias por um coração aquecido

A expressão que Paulo usa “chegar a ser homem” é o crescimento, mas


quando cresceu e chegou a ser homem, o apóstolo teve que tomar uma
decisão de desistir das coisas próprias de menino.

Nesta caminhada por um coração aquecido, fará também parte da sua


experiência, a sua transformação. Por isso, tome uma decisão hoje de
desistir das infantilidades, sem ficarmos empolgados com os gritos de
“Hosana” e muito menos desanimados com os gritos de “crucifica-o”.
O testemunho que deve nos interessar é a voz que vem do céu e que diz,
“esse é o meu filho amado em quem tenho todo o meu prazer”, isso é
maturidade.

128
17º Dia - Firmes e Inabaláveis

“Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa
129
do seu nome. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o
princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno. Filhinhos,
eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis
aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e
a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno”
1 João 2:12-14

Para ser firme e inabalável precisamos experimentar o alcance da


maturidade espiritual. Portanto precisamos sair da estagnação e avançar
rumo ao crescimento. O apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo ao
escrever sua carta, nos mostra três níveis diferentes, que na verdade são
três fases da vida cristã: os filhinhos, os jovens e os pais.

A primeira fase da vida cristã como já afirmamos são os bebês


espirituais, os filhinhos. Um dos principais obstáculos que um novo
convertido precisa superar, para poder avançar rumo à maturidade é o
seu passado. É ter a revelação que o seu passado já foi resolvido, crer na
graça justificadora e receber o perdão de Deus.

Existe uma chave que todos nós precisamos descobrir para avançar
na vida cristã e se não aprendermos, não iremos crescer. Muitos não
21 Dias por um coração aquecido

cresceram ainda porque não aprenderam, e quem nos ensina essa chave
é o apóstolo Paulo quando ele diz, “Não que eu já tenha recebido ou
tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para
o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim,
não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa eu faço: esquecendo-me
das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus.” (Fl 3: 12-14). Para crescer é preciso esquecer do
passado, ninguém avança ficando preso a ele.

O que Paulo nos ensina é que para crescer, romper, avançar, a primeira
coisa de que precisamos ter revelação e praticar é esquecer do nosso
passado. Por mais que o inimigo nos acuse dizendo: “eu sei o que
você fez no verão passado”, creiamos no dom da Justiça (2Co 5:21)
que recebemos, e vivamos livre do medo, da culpa e do sentimento de
inferioridade.
130
Satanás, também chamado de acusador, procura aprisionar a
nós, crentes, no passado, fazendo com que muitos de nós, sejamos
eternamente atrasados, nanicos espirituais e raquíticos na fé. Ele age de
todas as maneiras para que uma pessoa não se converta, mas quando ela
se converte, ele age diferente: faz de tudo para ela não crescer.

Muitos dizem, “vou avançar”, mas o pé está preso no passado, tem


uma corrente que o prende lá trás e por isso ele não consegue romper.
A sensação é que a vida de todo mundo está avançando e melhorando e
a sua ficou para trás. Aprenda a abandonar o passado, saia hoje da prisão
do pecado, da baixa autoestima, das mentiras do diabo, da sensação de
rejeição, e das magoas que não consegue vencer.

O inimigo procura resistir ao nosso crescimento, para que não vivamos


a plenitude da nossa herança em Cristo Jesus e é exatamente por esse
motivo que ele trabalha para manter muitos cristãos na ignorância
de sua identidade e de sua posição que eles possuem em Cristo.
Ele sabe exatamente quem somos, sem nenhuma dúvida, só não quer que
saibamos, porque no dia que nossos olhos forem abertos e crescermos
em revelação, “ele não vai roubar mais o nosso lanche”.
17º Dia - Firmes e Inabaláveis

Filhinhos, o seu passado já foi apagado e agora você está livre, livre
para quê? Para crescer. Crescer e se tornar o quê? Tornar-se o que todo
bebê quando cresce se torna, um jovem, que continuará crescendo até
se tornar uma pessoa madura, ou seja, pai. Em que fase você acredita
que está? Um crente maduro espiritualmente, um que está no meio do
caminho, ou um bebezinho? Reconhecer a posição em que se encontra é
fundamental para saber aonde se precisa chegar.

Há um crescimento na vida cristã, comparável ao crescimento físico e


natural. Imagine um pai que tem um bebê e pensa, “não quero gastar
dinheiro com comida, remédios, médico, fralda, escola, com nada”
e ora: “Deus faça um milagre na vida dessa criança, que ela cresça
em 20 anos agora, em nome de Jesus!”. E de repente, a criança cresce
instantaneamente. Isso acontece? É claro que não! Não há oração, jejum,
unção, profeta de oração “forte” que ministre o crescimento físico como
algo instantâneo, e também é assim na vida espiritual.
131
A trajetória da vida cristã envolve dois grandes princípios: passar por
uma porta e trilhar um caminho. Passar por uma porta é passar por
uma experiência, que nos coloca em uma nova posição, em um novo
lugar e nos permite viver uma grande transformação. Todavia, após a
porta e a experiência de transformação, precisamos também trilhar um
caminho, que nos leva a novas mudanças. Em nossa vida precisamos
da experiência da porta e do caminho. São duas maneiras que Deus usa
para tratar conosco.

O que é uma experiência da porta? São aquelas que nos mudam


radicalmente, você chega de um jeito e vai embora de outro por ter tocado
no poder de Deus, um encontro com Deus, por exemplo, a experiência da
salvação. O que é o princípio do caminho? É uma mudança progressiva,
um passo após o outro e na medida em que correspondemos o Senhor
muda a nossa vida.

O caminho que estamos falando é o caminho do crescimento


espiritual e para crescer precisamos desenvolver algumas práticas
muito importantes, o que chamamos de disciplinas espirituais.
Quando decidimos colocar em prática as disciplinas espirituais em nossa
21 Dias por um coração aquecido

vida, é necessário ter também a disposição de adiar o prazer. Não quer


dizer que para crescer, precisaremos sofrer, mas precisaremos abrir mão
de algumas coisas, afinal, tudo o que tem valor na vida tem um preço.

Por exemplo, para ser aprovado no vestibular tem que tirar uma boa
pontuação na prova. Se um jovem coloca como objetivo passar nesta
prova, sua escolha será acompanhada de consequências, como ter que
deixar de ir ao clube, viajar com a família e de ir ao cinema no final de
semana. Todo avanço para um outro nível implica em deixar algo.

1. Oração

A oração é a chave para o nosso crescimento espiritual, ela é vital para


a vida do crente. Oração é um relacionamento do nosso espírito com
o Espírito de Deus. Ela é poderosa para destruir as obras do inferno e
também é a chave para abrir os tesouros do céu para o homem.
132
A oração é a fonte de poder para vivermos uma vida vitoriosa em todas
as áreas. E o único responsável por não desfrutar desse poder, somos
nós mesmos por não orarmos. Poucas coisas são tão difíceis quanto
orar e poucas são tão difíceis como continuar orando. Há suprimento,
provisão, milagres, tudo acontece quando há oração.

A nossa vida de oração é uma marca e um teste do nosso relacionamento


com Deus. É o nosso “dependenciômetro”, ou seja, é através dela que
a nossa dependência de Deus pode ser medida. Quem depende, ora,
quem não depende não ora. O primeiro requisito para uma vida de
oração eficaz é a necessidade. Se não dependemos de Deus, estamos
agindo na carne, porque tudo o que é feito no nosso esforço próprio é
carne. Qualquer trabalho no reino de Deus só tem sucesso se for através
de uma vida de oração. A obra de Deus deve ser gerada e sustentada por
oração, sendo fruto de fé e de dependência de Deus.

E o que teremos que adiar para ter uma vida de oração? Assistir à
televisão, dormir, usar o telefone ou a internet, ou qualquer coisa que
nos diz: “não ore”. Seja desafiado a cultivar uma vida de oração diária,
os benefícios são incalculáveis.
17º Dia - Firmes e Inabaláveis

2. Meditação na Palavra

A Bíblia é a revelação clara de Deus e ela contem orientações preciosas


para a nossa vida. Jesus disse, “as minhas palavras são espírito e são
vida” (Jo 6: 63). A Palavra de Deus é o pão do céu, ela é alimento, é
a força que o crente possui, portanto, medite na Palavra, confesse-a,
estude e compartilhe a Palavra de Deus e você verá o poder dEle
operando em sua vida.

Para meditar na Palavra o que teremos que adiar? A preguiça,


o comodismo ou compromissos. Ame a Palavra de Deus, ela é
“sustância” para o nosso espírito, vitamina espiritual para que sejamos
crentes maduros e fortes. A Palavra de Deus é como uma chuva que
cai sobre a terra seca para regar e quando ela rega tudo fica verde,
tudo frutifica. Ela tem poder de te verdejar, te edificar e abençoar.

3. Jejum 133

Essa é umas das práticas mais negligenciadas pelos crentes em nossos


dias. O jejum não muda Deus, isso nós sabemos, mas ele nos muda,
revoluciona a nossa vida espiritual e nos faz mais sensíveis a doce e
poderosa presença do Espírito Santo em nossa vida.

Através do jejum, nós organizamos a nossa vida, arrumamos as


prioridades e colocamos toda confusão interior em ordem. Ele enfraquece
a carne e levanta o espírito, abate o que é mal e exalta o que é bom.
O jejum põe as coisas no lugar. Seja desafiado a jejuar, mas lembre-
se de que tempo de jejum é tempo de intensificar na oração e na
meditação na Palavra, para que ele não se transforme numa “dieta
gospel”.

4. Comunhão

Não existe cristianismo solitário, o equilíbrio na vida cristã acontece


quando praticamos atos de piedade, mas também atos de misericórdia
para com o próximo, nós não fomos chamados para vivermos uma
vida cristã sozinha.
21 Dias por um coração aquecido

No meio da comunhão há proteção. Por isso, que insistimos com os


irmãos para não deixarem de congregar (Hb 10:25) e participar de uma
célula, isso é chave para o nosso crescimento.

Para o inimigo destruir a sua vida espiritual, uma das primeiras


coisas que ele faz é te afastar das pessoas, mas esteja atento, a Bíblia
diz, “o diabo nosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge
procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8). Perceba que o texto diz que
ele não pega qualquer um para devorar, ele está à procura de alguém,
ou seja, alguém que esteja vulnerável. Ele fica observando, os que estão
cansados, doentes, desanimados e de propósito ruge e a manada corre,
e o leão nem precisa correr, porque os fortes, os que estão cheios de
disposição correm, sendo que os fracos, doentes e abatidos ficam para
trás.

Dentro do rebanho, ele não consegue pegar ninguém, mas o inimigo é


134 como um leão, vai nos fazendo se afastar, nos cansando, distraindo, até
que sem perceber, nos separamos do grupo, nos tornamos vulneráveis
para ele, sentimos que nossa fé parece fraca e não temos mais ânimo
para orar, muito menos para nos alimentarmos da Palavra.

Há um caminho de crescimento a ser percorrido, há uma direção


de Deus para nós. E o que iremos fazer? Isto está em nossas mãos.
Decida crescer, escolha a maturidade, permaneça firme e inabalável, se
tornando maduro na sua fé!
18º Dia - Chamados a gerar

O Espírito Santo já foi derramado sobre a Igreja, a unção de


135
Deus já foi liberada sobre nós, estamos debaixo de um mover de
Deus. Aqueles que possuem sensibilidade espiritual percebem
que algo está acontecendo, os céus estão carregados de uma
grande chuva e o Senhor tem plantado no coração do seu povo
uma grande fome para receber a Sua Palavra e seguir o seu
mover.

A Igreja de Cristo ainda está avançando, crescendo e alcançando


maturidade. Por isso nós ainda vivemos caminhando em cima
de extremos, uma hora completamente de um lado, outra hora,
noutro. Podemos ver isso com relação ao mover de Deus, onde
há dois extremos nessa questão. E muitos têm escolhido um
lado só da moeda e não desfrutam de tudo aquilo que Deus tem.

De um lado temos o pessoal da intimidade, eles são uma bênção,


porque de fato amam o Senhor, ficam horas, dias, imersos,
envolvidos, embriagados, desfrutando da presença de Deus, e
isto pode até criar a falsa ideia de que para termos intimidade com
Deus precisamos estar isolados. É necessário desenvolver uma
vida piedosa, mas sem a necessidade de andarmos “tremendo”,
nem estarmos sempre “rolando pelo chão”.
21 Dias por um coração aquecido

A questão chave é que a intimidade não pode ficar só por ela mesma.
A pergunta que precisamos fazer a eles é: “onde estão seus filhos
espirituais?”. A intimidade que não resulta em fecundidade perde o seu
propósito. A intimidade que nos referimos é a intimidade com Deus e
ao falarmos de fecundidade, nos referimos em gerar filhos espirituais.

Se a sua intimidade com Deus não se resulta em frutos, está vazia de


propósito. É a noiva desfrutando do noivo sem o propósito de ter filhos.
Qual tem sido o resultado da sua intimidade com Deus? Não podemos
permitir uma intimidade egoísta onde queremos o Noivo somente para
nós. No seu propósito de gerar filhos espirituais, Deus vai nos alargar,
trazendo realidade espiritual, e nesse processo, Ele vai transformar
nossa vida, pois gerar filhos traz maturidade espiritual.

Por outro lado, temos irmãos que não ligam para essa intimidade e nem
para o desfrutar da presença de Deus, para eles o que interessa é fazer
136 coisas para Deus. Então, eles organizam eventos, festas, programações
diversas para levantar recursos, envolvem as pessoas e promovem
confraternizações. Diante disso, surgem os diferentes tipos de programas,
como “o chá da unidade santa”, “a noite da azeitona ungida”, o “festival
de sorvetes celestiais” e até a “campanha do azeite quente na cabeça
do crente”. Encontramos então aqui um outro problema, onde muitos
querem fazer muitas coisas na vida da igreja, mas não atingem também
o propósito do coração de Deus que é gerar filhos espirituais.

Gostaríamos de contar uma história que ilustra muito bem o fato que
estamos tratando aqui. Imagine uma pessoa que queria muito agradar
a Deus com sua vida, certamente esse era o seu principal objetivo.
Com esse propósito, esta pessoa resolve fazer algo muito especial para
Deus, um bolo de chocolate. Ela passa toda a sua vida preparando esse
bolo de chocolate, ela escolhe a melhor receita, separa os melhores
ingredientes, tudo isso porque ela quer muito agradar a Deus. Até que
chega o grande dia, onde ela será recebida na glória. A pessoa então diz:
“Aqui está um bolo de chocolate que eu fiz com todo amor e carinho
para o Senhor”. Deus se volta para a pessoa e diz: “Não te contaram?
Eu não gosto de bolo de chocolate. Eu gosto é de bolo de laranja”.
Não te incomoda isso? Uma pessoa passar toda a sua vida buscando um
18º Dia - Chamados a gerar

objetivo, e quando chega o grande momento, ela não o atinge, por não
saber o gosto de Deus. Deus não é obrigado a aceitar algo só para nos
agradar, nós é que somos assim.

Portanto se queremos agradar a Deus como Igreja, precisamos saber o


que está no coração de Deus. Você conhece o propósito do coração de
Deus? O que agrada a Ele?

“E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a


terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e
sobre todo animal que rasteja pela terra.” Gênesisn 1:28

O livro de Gênesis é um livro cheio de princípios espirituais, é o


início, onde tudo começou. Neste, Deus fala pela primeira vez com o
homem, revelando o seu coração e seu propósito. A intenção de Deus
é compartilhar quem Ele é, a sua glória, o seu poder e a sua grandeza.
E com esse princípio de compartilhar, Deus revelou seu desejo de gerar 137
filhos.

Conhecemos a história e sabemos que o diabo entrou em cena, enganando


o homem e levando-o ao pecado, e como consequência, ele cai e sai do
propósito de Deus. Surgem, então, duas gerações, que representam dois
paradigmas. Em Gênesis 4 encontramos a geração de Caim, que fizeram
muitas coisas, construíram tendas, instrumentos, ferramentas e etc.
(Gn 4:17-22), essa geração nos revela o paradigma daqueles que fazem
coisas. Por outro lado, no capítulo 5 lemos a respeito da geração de Sete,
e o propósito que os moveu foi o gerar (Gn 5:6-32). Duas gerações, dois
paradigmas: o fazer e o gerar.

“Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-
vos e enchei a terra” Gênesis 9:1

Quando Deus resolve começar tudo novamente através de Noé, qual


foi a ordem dada por Ele? “Seja fecundo, multiplique e se espalhe”.
Será que Deus não tem outra coisa para falar? Não, pois o propósito do
Seu coração não mudou, e ele continua querendo que geremos filhos
espirituais.
21 Dias por um coração aquecido

Em Gênesis 11, na construção da torre de Babel, vemos novamente os


dois paradigmas. O primeiro deles, o fazer, pelo fato de Deus não ter
dado a direção para construir nenhuma cidade, mas o povo queria a
glória e muitas vezes, por detrás do fazer está o desejo de aparecer.
No segundo paradigma, o gerar, esta ordem de Deus era de que se
espalhassem, mas eles resolveram se juntar e mais uma vez o homem
saiu do propósito de Deus.

“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa
de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas
as famílias da terra.” Gênesis 12:1-2

Deus levanta um homem chamado Abrão e decide começar novamente


através dele. Só que Deus pede para Abrão fazer exatamente o que ele
138 não conseguia fazer, pois sua mulher era estéril, e como Abrão seria uma
benção? Fazendo coisas? Construindo uma grande torre? Não, somente
tendo filhos, afinal gerar é o propósito do coração de Deus.

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do


Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
do século.” Mateus 28: 19-20

Jesus deu a mesma ordem para os seus discípulos. O verbo que se fez
carne, a expressão exata de Deus, aquele que sofreu com o pior tipo
de morte, mas ressuscitou, resume toda a sua mensagem dizendo:
“Ide e fazei discípulos”. Por que aqui o Senhor não ensinou a orar?
Por que nesse momento Ele não falou sobre as bem-aventuranças?
Por que Ele não pregou o sermão do monte? Porque o mais importante
que Ele tinha a falar era exatamente a ordem para multiplicar. Jesus fala
exatamente o que Deus falou para Adão, porém, em outras palavras,
Jesus está dizendo: “Gerem filhos para mim”.

A questão é que novamente encontramos esses dois paradigmas na vida


da Igreja: o fazer e o gerar. Há uma necessidade de fazer coisas, e não
18º Dia - Chamados a gerar

há nada de errado nisso, podemos fazer, mas o propósito do coração de


Deus é o gerar. Precisamos fazer, mas os filhos serão cobrados de nós!
Onde estão os nossos filhos espirituais? Quem caminha conosco? A vida
de quem, estamos marcando na família, na escola, na faculdade ou no
trabalho?

Quando você chegar diante do Senhor, o que você dirá? “Eis-me” aqui
e os 327 cultos em que você participou? “Eis-me” aqui e as 497 tortas de
frango que você fez para a reunião de mulheres? “Eis-me” aqui e as 103
vezes que você subiu ao monte? “Eis-me” aqui o que? “Eis-me” aqui
quem? É isso que Ele quer ouvir de você? Pensemos!

“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o
mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do
céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então,
ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os
homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo 139
estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram” Apocalipse 21:1-4

Na conclusão das “conclusões”, “no final de tudo”, “no fechamento


de todas as coisas”, Deus está mostrando quem? Você e os filhos que
foram gerados de ti, se há um desejo de agradarmos a Deus com a nossa
vida, precisamos ter o foco no que Deus quer. A questão é que sempre
há algo que nos impede de gerar filhos espirituais: “Não posso, pois
agora eu preciso ter um diploma”, “agora não, pois eu preciso ter uma
promoção no meu emprego”, “no momento não, preciso reformar o
meu apartamento”, ou seja, sempre há alguma coisa ocupando lugar
nesse útero e nele nunca caberá um filho. Onde estão os seus frutos?

John Wesley afirmou: "Tua única tarefa na terra é esta: ganhar almas”.
O avivamento pessoal que estamos experimentando nestes dias precisa
resultar em frutificação. O Espírito Santo quer incendiar o nosso
coração, para que os corações de outros também sejam incendiados.
Há um propósito no coração de Deus, e para ele que fomos chamados:
chamados para gerar.
21 Dias por um coração aquecido

140
19º Dia - Os campos
estão brancos

“Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: Mestre, come! Mas


141
ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.
Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém
trazido o que comer? Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer
a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. Não dizeis vós que
ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e
vede os campos, pois já branquejam para a ceifa. O ceifeiro recebe desde já a
recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e, dessarte, se alegram
tanto o semeador como o ceifeiro” João 4: 31-36

Há uma necessidade de descobrir o sentido da nossa existência e concluir


com sucesso o chamado de Deus para nós. Todos nós nascemos para um
propósito divino, e nossa vida é bordada, nos mínimos detalhes, para
atender a este chamado (Sl 139). O propósito de Deus requereu o nosso
nascimento, não nascemos por um acaso e nossa vida só encontrará
plena realização dentro do propósito de Deus.

Foi Deus que provocou esses sonhos que queimam no seu coração, Ele
é o causador dessa expectativa, em viver, realizar, ser e de produzir.
É neste lugar que nos satisfazemos, é ali que está a nossa realização
existencial e nos sentimos felizes e é também nesse território onde mais
frutificamos.
21 Dias por um coração aquecido

E neste lugar, teremos todo suprimento, provisão, ferramentas e tudo o que é


necessário para cumprir o chamado de Deus. Recursos, favor e unção estarão
sempre disponíveis para nós, e toda graça “capacitadora” também estará
disponível na medida em que precisarmos e tudo o que é útil e necessário,
Deus já te deu, apenas reconheça.

Na via inversa, não haverá bênção de Deus, unção e muito menos


recursos. Quando seus pés estiverem fora do propósito de Deus para sua
vida, a insatisfação, a esterilidade e as orações não respondidas serão sua
colheita.

“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da


madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” Jeremias 1:5

Perceba, o propósito nasceu antes do profeta e o seu nascimento se deu para


cumprir os sonhos do coração de Deus. Como é maravilhoso se sentir parte
142 dos sonhos de Deus! Não estamos aqui por um acaso, queridos irmãos, você
e eu nascemos de Deus, e temos um empolgante chamado para cumprir,
uma carreira foi colocada diante de nós para corrermos (Hb 12:1).

A unção do Espírito Santo está no propósito, isto é, a capacitação sobrenatural


estará restrita ao lugar do propósito. Para andar na unção, saiba que ela
fluirá em sua vida apenas dentro do quadrante do propósito de Deus. É por
isso que muita gente se arrebenta, tentando fazer o que Deus não mandou.
É por esse motivo que o inimigo procura te afastar do propósito, porque
quando nos afastamos do propósito, nos afastamos da unção, pois a unção
está dentro do propósito.

No texto que lemos do Evangelho de João, nós vemos Jesus vivendo essa
questão existencial própria, como o Messias, como o Cristo. Ele começa
então a por para fora, a despejar os seus sonhos, o seu coração e a sua paixão
sobre a vida dos seus discípulos.

Ele havia acabado de ter um encontro com uma mulher samaritana e se


mostrou como o modelo vivo da revolução que estava falando, e era uma
prova viva. Jesus fala de avivamento, do mover de Deus e Ele é um modelo
vivo desse mover.
19º Dia - Os campos estão brancos

Guiado pelo Espírito em todo tempo, Jesus se livra dos discípulos, para
ter com a mulher samaritana sem constrangê-la, sem fazer um concílio
local a respeito da vida daquela mulher, sem expectadores esquisitos e
cheios de olhos em cima dela, pois assim, ela nunca iria se abrir.

Então, Jesus dá um jeito de se livrar dos doze, para ter um tempo a sós
com a mulher samaritana, em um lugar público e falar da vida dela.
O interessante dessa conversa entre os dois, é que do começo ao fim
eles falam de sede, e de fato, Jesus estava cansado por causa da viagem,
andando a pé, debaixo do sol, andando por estradas cheias de pedras,
ou seja, uma viagem totalmente desconfortável.

Podemos imaginar que Jesus estava perdendo líquido, transpirando


e até desidratado e desesperado pelo o quê? Água. E Jesus pede água
para a mulher samaritana e no final da conversa, a mulher é quem lhe
pede água, “Senhor, mostra que água viva é essa que você está falando,
para que eu possa beber e não ter mais que voltar aqui.” (Jo 4:15). 143
O interessante é que eles conversaram do começo ao fim sobre água,
mas ninguém bebe um copo, porque no final das contas eles não estão
falando de H2O, e sim de satisfação.

Entenda o contexto dessa passagem, percebemos que Jesus está


pregando para alguém que Ele não poderia nem conversar. Os judeus
por tradição rejeitavam os samaritanos, eles nem passavam perto, muito
menos tinham comunhão com eles, e para piorar, havia uma questão
cultural, era um homem conversando com uma mulher. Agora, Jesus
sendo guiado pelo Espírito Santo, teve uma palavra de conhecimento
a respeito da vida daquela mulher e se dispôs a ir para um campo que
não estava supostamente branco, não havia tanta receptividade para a
pregação do Evangelho.

Dentro desse contexto todo, os discípulos chegaram preocupados porque


já era tarde, pois o “papo” deveria ter sido demorado, e Ele deveria estar
faminto e o que os discípulos falaram para Jesus? Mestre, come! E Jesus
dá uma resposta que surpreende a todos, como sempre fazia, “uma
comida tenho para comer, que vós não conheceis” (Jo 4:31).
21 Dias por um coração aquecido

Comida é algo pelo qual o nosso corpo clama quando estamos famintos.
E se estamos dispostos a colocar de lado a nossa fome, significa que
a razão pelo qual desistimos de comer é mais importante do que a
comida. E isto demonstra a nossa paixão pelo nosso encargo e pela
nossa questão aqui na terra.

Jesus estava abrindo mão, e deixando de lado algo que era fundamental
para Ele, para fazer a vontade de Deus. E Ele continua dizendo, “uma
comida tenho para comer que vocês não conhecem, é algo que vocês
não entendem”, Ele afirma isso porque a tendência dos discípulos é
a mesma que a nossa, enxergar as coisas somente do ponto de vista
natural. É identificar primeiro se as pessoas estão famintas, chorando,
desesperadas, implorando para que você pregue o evangelho para
elas e só depois de ter uma certeza destes sinais é que você abre a
boca para testemunhar. Porque, infelizmente, a nossa tendência, é
querer ter evidências de que a nossa iniciativa de compartilhar as boas
144 notícias não será rejeitada.

Temos o costume de pensar que as pessoas nunca estão preparadas


e prontas, por isso ficamos em busca de evidências, mas Jesus fala
exatamente o contrário, Ele afirma, “os campos já estão brancos para
serem colhidos” (Jo 4:35). E se queremos ser um instrumento de Deus
em nossa geração devemos ir já. Porque da mesma forma que para
os discípulos, Jesus nos diz: “vocês falam que ainda faltam quatro
meses para a ceifa” (Jo 4:35), em outras palavras, “parece que você
nunca está pronto para ir e pregar”, ou “no dia em que orarem por
mim, no dia em que me encherem de óleo, no dia em que eu terminar
o quadragésimo curso de evangelista que estou me formando, nesse
dia eu irei”.

Na verdade, nunca nos sentimos preparados e prontos. Sabe que


dia estaremos prontos? Nunca! Nunca iremos sentir que todas as
condições estão alinhadas e que temos confiança de que é a hora de
abrir a boca e fazer algo. O que Jesus está ensinando é que o momento
é agora, esse é o nosso tempo, esse é o tempo da nossa oportunidade.
Vemos então, um exemplo, através de Cristo de como deve ser para nós
atender a esse chamado. É lá fora no campo, na faculdade, não é dentro
19º Dia - Os campos estão brancos

do prédio da igreja! É na sua empresa, família e escola, lá é o seu campo.


E no trecho lido, Jesus está sendo este modelo.

Sedento e faminto, ali está Jesus, afirmando que a sua prioridade, o seu
interesse, o seu desespero, e a sua paixão pelo encargo é por uma comida
de ordem espiritual, é por uma comida existencial. Ele está falando de
outro tipo de comida, de realização, satisfação e em outras palavras
Jesus está nos instigando para que esse também seja o nosso desespero
e paixão.

O que é que te satisfaz existencialmente? Que comida é essa que te


satisfaz? Arroz e feijão aqui vai resolver o problema do seu “bucho”,
mas não da sua razão existencial. O que Jesus está ensinando é que
primeiro precisamos resolver o problema da fome existencial, mas
como? Obedecendo, ouvindo, indo para o campo.

Qual é esse campo? Deus tem um lugar para nós e para cumprirmos esse 145
propósito, precisamos estar no lugar que Deus separou e preparou para
nós e isto é extremamente importante.

Muitas pessoas olham para essa questão de forma muito natural, alguns
dizem, “quero estar no lugar de mais conforto”, outros por outro lado
afirmam, “o que é mais difícil é o melhor, quanto mais complicado for é
para lá que eu preciso ir”. Mas estas são visões naturais, a visão espiritual
é, “estou aqui porque foi nesse lugar que Deus me plantou”. Você precisa
ter essa clareza na sua vida e se perguntar, “eu estou no lugar que Deus
separou para mim?”, “estou na igreja, no ministério, na cidade, no país,
que Deus separou para que eu estivesse?”. O nosso ministério não
acontece no lugar em que nós escolhemos, nem a bênção estará lá, nós só
desfrutamos da bênção se estivermos no lugar determinado por Deus.

É preciso estar onde Deus te mandou ir, porque se Deus te mandou ir


para Társis e você resolve ir para Nínive, você terá problema. E se do
contrário, Deus mandou você ir para Nínive, mas você resolve ir para
Társis, você terá problemas também. Contudo, há uma relação íntima
entre a bênção e o lugar.
21 Dias por um coração aquecido

“E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e


pôs nele o homem que havia formado” Gênesis 2:8

Deus prepara o lugar antes de te mandar para lá, assim como Ele
preparou o jardim antes de formar o homem, e quando o homem chega
o jardim já está pronto. Isto é princípio espiritual, Deus sempre prepara
o lugar antes de você chegar, Ele primeiro faz o jardim para depois
colocar Adão.

“Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados,
diz o SENHOR, teu Deus” - Amós 9:15

Deus nos planta! A princípio, Deus é quem preparou um lugar para


Adão, e não Adão quem prepara um lugar para si, ele cultiva onde Deus
o plantou, é ali que trabalha e frutifica. Em seguida, Deus é quem colocou
Adão no jardim, não é o homem que te colocará e sim Deus, apenas
146 submeta a vontade de Deus e deixe Ele te conduzir. E por último, depois
que Deus plantou o jardim e colocou o homem, a Bíblia diz que Deus o
abençoou, certamente a bênção está no lugar onde Deus nos plantou.

Esses princípios são simples e até óbvios, mas que possuem implicações
profundas na vida e ministério. Nem sempre esse lugar será o mais
agradável, e até mesmo o mais gostoso de estar, mas se é lugar de Deus,
é o lugar da bênção. Fomos escolhidos por Deus para uma geração,
para um tempo, para um povo e para um lugar. Lembre-se sempre, de
que o lugar da baleia é no mar, mas o que queremos dizer com isso?
O que desejamos deixar claro é que não basta ser, é necessário estar no
lugar.

Há certas coisas que só acontecem em determinados lugares, havia,
por exemplo, um lugar determinado para o pentecostes, Jesus morreu
exatamente na Páscoa, e por que na Páscoa? Porque Ele era o Cordeiro
Pascal e a morte dEle era um cumprimento da profecia. E o Espírito Santo
foi derramado sobre a Igreja, exatamente cinquenta dias após a Páscoa,
na festa de Pentecostes, porque havia um cumprimento profético, Deus
é um Deus de agenda e de lugares.
19º Dia - Os campos estão brancos

Maria foi escolhida por Deus e por isso havia uma promessa sobre ela, a
promessa era que ela iria gerar o Emanuel e que Ele iria redimir o homem.
Há uma promessa e um propósito. Existem promessas especificas de
Deus para nós, assim como Maria sabia que a promessa precisava vir à
existência e que não seria algo instantâneo, mas havia um custo, afinal,
ela estava grávida mesmo sendo virgem, sem falar que estava noiva, o
que não era algo simples em seu tempo. Mas ela teve fé para trazer a
existência a promessa de Deus, no entanto, ela precisava estar no lugar
para a promessa se cumprir. Jesus tinha que nascer em Belém, Deus
havia determinado um lugar, Jesus tinha um lugar para nascer e um
para morrer. E você também tem um lugar determinado por Deus para
que as promessas se cumpram, vá para sua “Belém” e ali você irá crescer
e florescer.

É importante destacar algo, nem sempre esse lugar será o mesmo para
o resto de sua vida. Em 1 Reis 17, Elias estava num lugar onde havia
provisão, torrente de água e corvos que o alimentou, Deus preparou o 147
lugar para Elias, mas chegou um momento em que aquele não era mais
o lugar. Tem uma hora que o rio seca, a provisão cessa (1Rs 17:7-9), essa
é a hora que Deus está te mostrando que é tempo de partir, é tempo de
ir para um outro lugar.

Cumprimos, portanto o propósito de Deus no campo onde Ele nos


plantou, é nesse lugar que fazemos a Sua vontade e a nossa fome é
saciada. Comida é satisfação, mas também é aquilo que nos fortalece.
Sabe o que te enfraquece? Fazer aquilo que não te inspira, o qual você
não tem encargo, e nem foi chamado para realizar pelo próprio Deus.
Mas o que te fortalece é fazer aquilo para o qual você tem unção, e sabe
qual é o segredo? Quando mais você coopera com a unção, mas ela cresce,
quanto mais você cultiva a unção, mas ela irá desenvolver, quanto mais
fé é liberada, mais ela cresce também e quanto mais insistimos naquele
fruto, mais ele se multiplica, e é assim que funciona.

Jesus continua dizendo, “erguei os olhos” (Jo 4:35), qual é o tamanho da


sua visão? Quando você levanta os seus olhos até onde você enxerga?
Erga os olhos para o seu campo e reconheça o lugar onde Deus te
plantou. A sua visão é até um “palmo do nariz”? Qual é a visão que
21 Dias por um coração aquecido

você tem? O que está diante dos seus olhos? O tamanho da unção será
proporcional à sua visão. A medida de unção acompanhará o nosso
horizonte, se conseguimos enxergar apenas um palmo adiante do nariz,
será um palmo adiante do nariz cheio de unção, se a sua visão não limita
o agir de Deus na sua vida, podemos afirmar que a unção também será
poderosa e ampla. Você irá dimensionar o tamanho da colheita que irá
fazer e o nível do seu impacto.

“E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas


os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara.” Mateus 9:37-38

A questão de Jesus termina aqui, mas onde estão os trabalhadores?


Aquele coração faminto e sedento, que postergou comer e beber por
conta da paixão que Ele tinha pela colheita, está perguntando, “onde
estão os trabalhadores?”. Jesus fala o tempo inteiro em sua conversa,
148 sobre água e comida, água e comida (Jo 4), mas ninguém comeu uma
refeição se quer. Por quê? Porque a fome de Jesus é a sua resposta, o
almoço que vai satisfazer a fome de Jesus é a sua entrega e a única forma
de você entregar um prato de comida que vai trazer satisfação para Jesus
é ir até Ele e dizer: “aqui está o obreiro”, “aqui está o trabalhador”, “aqui
está o ceifeiro”, “aqui está o Seu almoço”.
20º Dia - Mantendo
a chama acesa

“Não apagueis o Espírito.” 1º Tessalonicenses 5:19


149

Não há como falar de coração aquecido sem deixar de falar do texto em


que Paulo nos adverte sobre a nossa responsabilidade de não permitir
com que a chama se apague. Aqui, a figura utilizada para ilustrar o
Espírito Santo é o fogo, e Ele é fogo, aceso em nossos corações, onde
Ele habita. E em nossos corações Ele aquece e deve permanecer aceso e
nunca se apagar. Mas se Paulo nos chama a atenção para não apagar o
Espírito Santo é porque existe esta possibilidade.

O Espírito Santo não nos abandona, o que pode nos acontecer é O


resistirmos, pois como aprendemos, Ele é o “parakletos”, nosso
companheiro e ajudador. Se a chama se apagar, não foi porque Ele jogou
água, ou soprou para apagar - o Espírito Santo não pode apagar a Ele
mesmo - se o fogo apagou foi porque nós não o mantemos aceso, nos
faltou vigilância e manutenção. Por isso, gostaríamos de falar como nós
podemos manter a Sua chama acesa.

No período em que Paulo escreveu este texto não havia luz elétrica e
o fogo era a única forma de iluminação no escuro. As lâmpadas, que
iluminavam as casas nas noites escuras, eram compostas de fogo e óleo,
justamente dois símbolos do Espírito Santo.
21 Dias por um coração aquecido

Para entendermos melhor o que Paulo quer nos ensinar, gostaríamos


de apresentar a vocês um símbolo judaico, que é o candelabro.
Afinal a lei não tem a imagem exata das coisas, mas é uma sombra dos
bens vindouros (Hb 10:1), o candelabro como a sombra daquilo que
vivemos hoje nos que diz respeito da chama acesa.

Em Êxodo 25:31-40, Moisés recebe de Deus a direção de como seria e o


funcionamento do candelabro, o qual deveria ficar sempre aceso, sem
nunca se apagar. Deus estabeleceu a conservação do candelabro aceso
como um estatuto perpétuo, e este mandamento nunca deveria ser
revogado. E o óleo para a manutenção do candelabro, que o manteria
aceso, deveria ser trazido como oferta pelos judeus (Êx 27:20-21).

Deus estabeleceu este estatuto, e quando Deus estabelece algo Ele


cumpre. Se olharmos para a história, parece que este estatuto já foi
revogado, depois que Tito, general romano, destruiu Jerusalém e o
150 Templo em 70 d.C.. Na verdade, este mandamento perpétuo não foi
revogado, mas ele continua se cumprindo nos dias de hoje.

Como tudo no Antigo Testamento é uma figura do novo, todos os estatutos


perpétuos que o Senhor estabeleceu na Antiga Aliança foram mantidos
na Nova, mas não mais como figura, e sim com o seu cumprimento.
Um exemplo é a circuncisão, estatuto perpétuo que Deus deu ao seu
povo quando entrou em aliança com Abraão. No Novo Testamento não
existe a exigência da circuncisão, teria então, sido revogado este estatuto?
Não. Jesus não veio revogar, mas cumprir a lei, tudo que era apenas
uma figura, teria agora o seu cumprimento. A circuncisão permanece,
não fisicamente, na carne, mas passou a ser recebida no coração
(Rm 2:28-29), mediante o batismo (Cl 2:11-12). Da mesma maneira, a
oferta de incenso (ou oferta de óleo para o candelabro), um estatuto
perpétuo (Êx 30:8), que não foi revogado, mas cumpre-se hoje nas
orações dos santos (Ap 5:8; 8:3).

Sendo assim, há um princípio de manutenção das lâmpadas que é


mantido no Novo Testamento, como cumprimento daquilo que o
candelabro prefigurava. Sendo assim, há um princípio de manutenção
das lâmpadas que é mantido no Novo Testamento, como cumprimento
20º Dia - Mantendo a chama acesa

daquilo que o candelabro prefigurava. A manutenção das lâmpadas era


obrigação dos sacerdotes, e que hoje, na condição de sacerdócio santo
(1Pe 2:9) também temos esta obrigação. Hoje, cada um de nós somos os
santuários de Deus, ou seja, temos o Espírito Santo habitando em nós, e
somos também o sacerdote responsável pela manutenção do candelabro,
ou seja, devemos mantê-Lo sempre aceso, ou melhor, sempre operante.

A parábola das dez virgens (Mt 25:1-13) também vai nos falar desta
manutenção. Das dez, cinco foram penalizadas e não puderam participar
das bodas, pois não tinham azeite sobrando e foram comprar, e quando
voltaram as portas já estavam fechadas. Já as outras cinco, foram
sábias, tinham reserva de azeite e participaram das bodas com o noivo.
As noivas representam a igreja, que somos nós, a lâmpada o nosso
espírito inflamado pelo Espírito Santo, e o azeite o combustível que
mantém o fogo aceso.

No Antigo Testamento vemos que o fogo não podia se apagar, sempre 151
devia acontecer a manutenção do óleo para que o candelabro não se
apagasse. Na Nova Aliança, nós carregamos a lâmpada e também
devemos mantê-la acesa, nunca deixar faltar óleo para que ela não se
apague. Se não tivermos óleo sobrando, podemos correr o risco de
no momento que o Noivo vier nos buscar, estarmos perdidos por aí,
procurando para comprar, e então já será tarde demais.

Isto é um estatuto, é uma ordem do Senhor, não podemos deixar a chama


se apagar. Paulo traz esta ordem de volta ao nosso conhecimento ao nos
dizer “não apagueis o Espírito”. Somos sacerdotes desta Nova Aliança
e devemos diariamente alimentar a chama, manter o coração aquecido
para que nunca mais voltemos às velhas práticas, ou à frieza espiritual.

Por que temos a tendência de nos esconder atrás de justificativas que


não passam de mentiras? “Pastor, não tenho conseguido manter uma
vida de oração, pois estudo e trabalho e chego em casa cansado”.
“O senhor sabe como é a nossa vida hoje, não é? Trabalho, esposa, filhos,
é uma loucura, é difícil conciliar tudo”. Sim, sem dúvidas, sabemos que
nosso tempo hoje é curto e temos muitas responsabilidades, mas porque
diante de todas elas, a que negligenciamos é exatamente um estatuto
21 Dias por um coração aquecido

perpétuo dado por Deus e que determinará toda a nossa eternidade?

Por favor, sejamos honestos, reconheçamos que nos falta responsabilidade


e prioridade. A oração e dedicação ao Senhor devem ocupar o primeiro
nível de nossa escala de responsabilidades e a vida de um discípulo do
livro de Atos não era muito diferente das nossas, tudo bem que era uma
outra realidade, um outro tempo, mas eles também ficaram divididos
em suas escolhas, pois tinham muitas coisas importantes a fazer.
Mas foram sábios, escolheram a melhor parte, priorizaram a manutenção
mesmo em circunstâncias adversas. Os perseguidores tentavam
apagar o fogo que ardia através de mentiras, mas ainda assim não se
acovardavam, quando se reuniam para orar, pediam a Deus mais fogo,
mais intrepidez, mais coragem, pois o desejo deles não era de parar, e
sim, de se manterem incendiados pelo Espírito.

O evento entre Jesus e as irmãs Marta e Maria nos mostram a realidade


152 de muitos (Lc 10:38-42). Marta convida a Jesus para se hospedar em
sua casa, após isso, fica agitada em seus afazeres para servir a Ele e aos
Seus discípulos. Já sua irmã, Maria, entretanto, se assentou aos pés de
Jesus e ouvia os seus ensinamentos. Nesta passagem, vemos claramente
a correria em que vivemos hoje e a postura a qual devemos tomar.
As palavras de Jesus são Espírito e vida (Jo 6:63), diante delas, Maria
tinha seu coração aquecido e cheio de vida, e naquele momento resolveu
largar tudo e se entregar aos pés do Senhor para aquecer o seu coração
através da sua comunhão com Ele.

Escolha a melhor parte, não entre neste círculo diabólico do nosso


tempo, que busca nos afastar de uma comunhão intima com o Senhor e
que manterá a nossa chama acesa. As cobranças estão aí, o mundo lança
sobre nós uma responsabilidade onde temos contas a pagar, precisamos
fazer cursos, especializações, falar vários idiomas, caso contrário
não nos manteremos no mercado de trabalho e o nosso salário ficará
comprometido. Sim, pode até parecer convincente as suas justificativas,
mas do que adianta todo este esforço e por isso permitir que a chama
que há em você perca a força até se apagar? No final das contas, todo
o seu esforço aqui será em vão, pois eles não vão determinar a sua
eternidade.
20º Dia - Mantendo a chama acesa

Somos lâmpadas do Senhor e temos a responsabilidade de mantê-las


acesas. Nestes dias você ouviu a voz de Deus e aprendeu tantas coisas a
respeito da nossa relação com Ele, portanto, não permita que nada abafe
esta chama, que nada lhe apague, permaneça firme naquilo que Deus
propôs ao seu coração. E não deixe que nada te “engesse”, te enfraqueça
e sim entregue ao fogo do Espírito e deixe Ele te consumir.

153
21 Dias por um coração aquecido

154
21º Dia - Tempo de fome

“Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de


155
Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois
filhos. Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se
chamavam Malom e Quiliom, Efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de
Moabe e ficaram ali. Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com
seus dois filhos, os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma
Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. Morreram também
ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois
filhos e de seu marido. Então, se dispôs ela com as suas noras e voltou da terra
de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o SENHOR se lembrara do seu povo,
dando-lhe pão.” Rute 1:1-6

O livro de Rute nos apresenta princípios espirituais tremendos.


Ele começa dizendo que houve fome sobre a terra e esta fome tem muito
a nos ensinar. Nossas escolhas são como sementes, portanto, colhemos
o que semeamos, e as consequências que vivemos ao nosso redor são
proporcionais as escolhas que fazemos. No entanto, Deus nunca perde o
controle e continua regendo a história. A fome foi um grande problema,
e diante de problemas somos testados e temos a oportunidade de colocar
a nossa fé em ação. Diante deles, somos provados no tipo de aliança que
temos com Deus, em quem nós somos, no nosso caráter e revelamos
as nossas prioridades. Através da pressão, aquilo que está oculto fica
21 Dias por um coração aquecido

exposto e da verdadeira motivação vem à luz.

Quem realmente somos não é revelado quando tudo está indo bem,
mas quando estamos diante de resistências. São em momentos como
esses que mostramos se iremos resolver as coisas à nossa maneira ou
se iremos depender de Deus, se vamos correr de Deus ou correr para
Deus.

Ao dizer que houve fome na terra, a Bíblia nos diz que houve crise,
um tempo difícil, algo que não seria fácil nem simples de resolver.
A atitude de Elimeleque, esposo de Noemi e chefe da família, foi de fugir
da fome, escapar, evitar o confronto com a realidade e adiar a solução
do problema.

Fugindo da fome, Elimeleque sai de Israel e parte para Moabe, Deus


trouxe fome a Israel e ao fugir de lá, Elimeleque estava fugindo de Deus,
156 e não para Deus. Quando foi para Moabe, na verdade, levou consigo
a fome, e não se livrou do problema, muito pelo contrário, a crise o
acompanhou, sua situação ficou tão crítica, que a fome piorou, gerando
até morte.

Quando evitamos de dar a Deus a resposta que ele espera, a fome vira
morte. A Bíblia fala que tudo morreu e secou, a única coisa que veio de
Israel e sobreviveu foi Noemi, que logo troca o seu nome para Mara,
que significa amargosa. Ela passa a ter este nome por ter perdido tudo,
por sentir a ausência do marido que amava, por ter enterrado seus dois
filhos, por sentir saudades da sua casa.

Ao invés de Noemi ser enterrada pelos seus filhos, ela é quem os


enterrou. Até o caminho normal das coisas fica invertido, quando
fugimos da fome, quando fugimos de mudar e quando fugimos de dar
a resposta que Deus espera de nós. A intenção de Deus é fazer de ti
uma pessoa menos almática, intempestiva, tola, superficial e carnal, Ele
deseja alterar as suas prioridades e lhe tornar uma pessoa mais focada,
centrada, espiritual, santa e que transmita uma confiança maior para os
outros. Portanto, não fuja da fome, mas a encare, ou viverá amargurado
sem satisfação existencial.
21º Dia - Tempo de fome

No final de tudo o que sobra é Noemi, amargurada, sorrindo por fora,


porém triste por dentro, já velha, com os cabelos arrebentados e com a
pele enrugada, este foi o resultado do brilhante posicionamento de seu
marido ao fugir de dar uma resposta para Deus.

A primeira causa da fome é o pecado, a dureza de coração contra Deus e


a incredulidade. E apesar de sermos crentes, parece que às vezes cremos
mais no diabo do que em Deus. Não cremos que Deus é poderoso para
abrir portas, nos guardar e proteger, passamos a resolver as coisas da
nossa maneira por não confiarmos em Deus, e com isso não entramos
no descanso da fé.

Quando se é um crente “domingueiro” e chega segunda-feira, que é a


hora de colocar a Palavra em prática, Deus está “pendurado em algum
canto do armário”. Mas na hora da fome, Ele fala: “Ou você depende de
mim, ou você depende de mim!”.
157
A segunda causa da fome são decisões erradas. Existem escolhas e
prioridades erradas que assumimos em nossa vida que custarão muito
caro e irão corroer o nosso potencial. Da mesma forma que certos navios
enormes precisam de um grande espaço para dar uma volta completa,
retornando a posição inicial, certas decisões nossas podem nos custar
muito tempo e uma série de dissabores, perdas, prejuízos, para voltarmos
à mesma posição de antes.

A unção e a bênção estão dentro do propósito e quando estamos nele,


temos a Graça, a provisão, o favor, as portas abertas, o suprimento, as
pessoas, enfim, temos tudo. Se tomarmos a decisão errada e estivermos
fora do propósito, este será um motivo de fome. Não temos nada,
nem recursos, oportunidades, ferramentas, nem unção, e é como se
estivéssemos sozinhos no deserto, nada tem graça.

Existe ainda uma terceira razão da fome: É quando Deus quer nos levar
a experimentar mais dEle, esta é uma oportunidade de descobrirmos
um nível de sobrenatural que ainda não conhecemos. Deus quer falar,
inspirar, nos satisfazer e quando correspondemos e vamos ao seu
encontro, as coisas tomam proporções inesperadas. Portanto, a razão da
21 Dias por um coração aquecido

fome é Deus querendo nos levar a experimentar um nível de sobrenatural,


de intimidade e de dependência que nunca experimentamos.

E agora, mediante estas razões, qual será a sua postura diante da


fome? Você fugirá dela, adiará uma resposta intensa para Deus ou
assumirá a responsabilidade quando vier a pressão?

Quando Elimeleque saiu para habitar na terra de Moabe, ele fugiu,


mas levou o problema consigo e todos que estavam junto com ele, sua
esposa e seus filhos, também sofreram - pessoas associadas com quem
foge também sofrem – todos sofreram juntamente com Elimeleque,
inclusive as moças que casaram com seus filhos.

O interessante é que a solução de Deus veio de uma forma inesperada.


Veio por meio de Rute, uma das moças que não era judia, nem de
nossas igrejas, sua bisavó também não era fundadora da igreja
158 ortodoxa dos últimos dias e nem o seu pai foi aquele que lançou a
pedra fundamental, muito pelo contrário. Ela era incrédula, de uma
família de idólatras e que adoravam a Baal e o mais admirável é que,
logo a pessoa que nunca foi crente, que nunca teve compromisso
Deus, dá logo a resposta que Ele esperava.

No auge da crise, quando todos morreram, Noemi resolve fazer o que


deveria ter feito há muito tempo, e decide corresponder com Deus,
“custe o que custar”. Mesmo tendo tudo em Moabe, resolve voltar
para Israel, pois entendia que este era o melhor lugar para se estar.

Ao decidir voltar e encarar, Noemi chama suas noras, na fronteira,


e em choro ela diz: “Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas!
Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no ventre filhos, para que
vos sejam por maridos? Tornai, filhas minhas! Ide-vos embora,
porque sou velha demais para ter marido. Ainda quando eu dissesse:
tenho esperança ou ainda que esta noite tivesse marido e houvesse
filhos, esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Abster-vos-íeis
de tomardes marido? Não, filhas minhas! Porque, por vossa causa,
a mim me amarga o ter o SENHOR descarregado contra mim a sua
mão.” (Rt 1:11-13).
21º Dia - Tempo de fome

Orfa, chora e se despede, Noemi, representa aquele tipo de crente


que fica chorando no altar, prometendo inúmeras coisas para Deus,
mas não tem prática, não dá a reposta esperada, dá as costas e volta.

Noemi insiste com Rute para que ela fizesse o mesmo que a Orfa fez,
porém, Rute toma uma decisão totalmente diferente, e diz a Noemi
que sua vida, prioridade, valores, coração e expectativa estavam
todos no Seu Deus (Rt 1:16).

A atitude de Rute foi totalmente inversa a que Elimeleque teve, ele
olhou para o natural, para a fome, viu que não tinha oportunidade
e decidiu fugir para Moabe. Ao contrário, ela viu que tudo estava
ruim, e que poderia até piorar, e mesmo assim, decidiu confiar
inteiramente nas mãos de Deus e seguiu a sua sogra.

Ao seguir sua sogra, ela estava mostrando o que havia em seu
coração. Agora, a crise, a fome, os problemas também eram dela. 159
Sendo assim, ela demonstra a confiança no Deus de Noemi.
Em outras palavras, o que ela disse foi: “O teu Deus será o meu
Deus! Se Ele abriu o mar vermelho no passado, libertou um povo do
Egito, tirou água da rocha, deu a vocês terra prometida, então cuidar
de mim será fácil”.

Rute deu a resposta que nenhum dos da família dos crentes deu no
meio da fome e sua resposta fica clara em confiar, crer, depender de
Deus e seguir o improvável.

Seguir o improvável significa não ir na direção de que todos iriam,
no “bem bom”. Agora, vale a pena refletirmos: Qual seria a nossa
postura nesta situação? Em nossa terra já teve ou tem tido fome?
Qual a resposta que temos dado a Deus?

Toda vez que honramos a Deus confiando nEle, Deus faz um milagre,
Ele escolhe uma estrangeira idólatra e coloca na genealogia de Davi.
O bisneto de Rute foi o rei do avivamento. E ela, por consequência,
está na genealogia de Jesus, porque confiou em Deus, foi fiel a Ele e
O agradou.
21 Dias por um coração aquecido

No final da história Rute se casa com um homem chamado Boaz, e a vida


de Noemi, que era a tal amarga, tornou-se doce! Suas amigas, pegaram o
filho de Rute e o colocaram em seus braços e disseram: “Como Deus foi
fiel com você, que te deu uma nora que a ama e é mais valorosa do que
muitos filhos...” (Rt 4:15). Deus honrou Rute porque ao invés de fugir de
Deus, correu para Ele.

No encerramento deste jejum, estamos tendo a oportunidade de


deixarmos Deus ser Deus em nossa vida, de confiarmos e dependermos
totalmente dEle. Nossa oração é que ao concluirmos estes 21 dias de
jejum não sejam um fim, mas uma continuidade de um avivamento
prevalecente e sustentável, gerando frutos para a eternidade.

160

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