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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

APOSTILA DE ESTRUTURAS DE MADEIRAS

ELABORADA PELO PROFESSOR IVAR HORTEGAL E ALUNO DE


GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL DA UEMA

SÃO LUÍS
MARANHÃO
14

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da normatização brasileira para projeto e construção de


estruturas de madeira (NBR 7190: 1997), urge a necessidade de atualização da
bibliografia técnica nacional a respeito do assunto, já devidamente adequada aos
critérios de dimensionamento prescritos pela referida norma, ora em vigor.

Neste trabalho, apresentam-se os estados limites últimos e os estados


limites de utilização enfocando-se, em detalhes, como são feitas as combinações,
em cada estado, das ações atuantes na estrutura. Mostra-se como são aplicados
os coeficientes de segurança nas tensões características das madeiras
ensaiadas, e como atingir a tensão resistente de projeto, inserindo-se coeficientes
redutores que consideram a umidade da madeira, classificação mecânica,
categoria da peça e outros fatores, até mesmo, como classe de resistência de
cada espécie.

No dimensionamento no estado limite de utilização faz-se o controle das


deformações máximas previstas em projeto, de modo a não ultrapassarem os
limites admissíveis pela norma. Para isso, faz-se combinações específicas das
cargas, considerando-se o tempo de ação de cada uma na estrutura e as
probabilidades de ocorrência das mesmas. A resposta do material é estudada
considerando o módulo de elasticidade da madeira, modificado com coeficientes
redutores que consideram todos aqueles fatores citados anteriormente.

Apresentam-se, neste trabalho, os critérios de dimensionamento prescritos


pela norma, mostrando-os de forma didática e com roteiros de cálculos e
exemplos numéricos, de modo a facilitar o leitor aplicá-los com extrema facilidade
no seu dimensionamento.

A apresentação desta nova metodologia de cálculo leva o engenheiro a


adequar as condições previstas em projeto às mais próximas das situações reais
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de uso da estrutura, tanto no tocante às ações, como na trabalhabilidade da


madeira, de modo a responder satisfatoriamente à estas solicitações impostas.

Nos capítulos iniciais teve-se a preocupação de mostrar um pouco de


algumas características botânicas, químicas e físicas da madeira, para propiciar
um embasamento teórico mais sólido a respeito da madeira e facilitar o
entendimento do seu comportamento como material para uso estrutural.

Não houve a preocupação em se demonstrar ou discutir a origem dos


coeficientes de segurança e de modificação propostos pela norma, e sim mostrar,
didaticamente, como usá-los. Com o mesmo princípio e filosofia mostram-se as
combinações das ações nos estados limites propostos.

Espera-se que este trabalho seja de grande valia para a comunidade técnica
que projeta e trabalha com as estruturas de madeira.
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2 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA MADEIRA

2.1 Classificação

Em fins do século XIX o reino Vegetal foi dividido em dois grandes grupos:
criptógamas e fanerógamas. Criptógamas são vegetais que não possuem flores e
nem sementes, sendo as espécies mais simples deste reino, enquanto que
fanerógamas são vegetais mais evoluídos, que formam sementes para a sua
reprodução.

As fanerógamas, vegetais que apresentam resistência estrutural para o uso


na construção civil, são classificadas em: gimnosperma e angiosperma.

Fanerógamas
Grupo de Plantas Superiores

Gimnospermas Angiospermas
(Hemisfério Norte) (Hemisfério Sul)

Coníferas Monocotiledôneas Dicotiledôneas


(madeiras moles) (Gramíneas) (madeiras duras)

Pinus Araucária Bambu Maçaranduba Jatobá


________________________________________

Diagrama da classificação botânica dos vegetais superiores

2.1.1 Gimnosperma

As gimnospermas são fanerógamas


adaptáveis aos climas frios, que apresentam
sementes expostas, folhas pontiagudas e
crescimento rápido, apresentando, dessa
maneira, menor resistência em relação às
desenvolvidas na região tropical. As principais
Figura 1 –Gimnosperma. Red Pine.
(Fonte: The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia)
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representantes são as coníferas, que compreende os pinheiros, os ciprestes e os


pinus.

No Brasil, existe uma formação natural de coníferas na região Sul conhecida


como “mata de araucária”. Além dessa formação existem matas oriundas de
reflorestamentos de pinus, de propriedade das indústrias de papel e celulose, e
madeireiras.

2.1.2 Angiosperma

São vegetais que apresentam sementes alojadas dentro de frutos. A divisão


das angiospermas compreende duas classes: monocotiledôneas e dicotiledôneas.
Esse critério refere-se ao número de cotilédones (folhas especiais cuja função é
alimentar o embrião quando a semente inicia seu desenvolvimento) presentes na
semente, sendo 1 na monocotiledônea e 2 na dicotiledônea.

Figura 2 – Número de cotilédones presentes nas sementes


(Fonte: Amabis & Martho, 1995)

As monocotiledôneas apresentam caule do tipo colmo (caule aéreo com nós bem

nítidos, como o da cana e o do bambu) e do tipo estipe (caule aéreo longo e cilíndrico,

com um aglomerado de folhas no ápice, como o das palmeiras). As dicotiledôneas

apresentam caule do tipo tronco (caule aéreo lenhoso com ramificações densas, como o

do ipê, do jequitibá, etc.) e do tipo haste (caule flexível, como o das ervas em geral).
18

As dicotiledôneas são madeiras tropicais, de

folhas largas e de crescimento lento,

apresentando maior resistência em relação

aos demais tipos de vegetais.

Dessa maneira, podemos concluir que as madeiras utilizadas para fins estruturais são as

coníferas e as dicotiledôneas.
Figura 3 –Dicotiledônea. Mangueira
(Fonte: The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia)

2.2 Crescimento e Fisiologia

O crescimento vegetal se dá a partir de tecidos

meristemáticos que têm a capacidade de formar

novas células. Eles podem ser: apical e cambial. O

meristema apical, localizado no ápice do tronco e

ramos, tem a função de desenvolver a árvore no

sentido vertical. O meristema cambial, localizado

entre o floema (casca interna) e o alburno,

promovem o seu crescimento horizontal.

Na fase jovem da árvore há predominância do

meristema apical, o que caracteriza o acentuado

crescimento vertical nessa etapa. Esse crescimento


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é, depois de algum tempo, acompanhado do crescimento horizontal em camadas,

formando os anéis de crescimento, o que faz aumentar o seu diâmetro.

Figura 4 –Disposição esquemática das


O processo fisiológico do crescimento inicia-se com camadas de crescimento do tronco
(Fonte: Burger e Richter, 1991)
a retirada do solo de água e sais minerais (seiva bruta

ou inorgânica) através da raiz. Essa seiva é transportada pelas regiões externas do

alburno, onde está localizado o tecido dotado de vasos lenhosos (elementos anatômicos

ocos da madeira).

Atingindo as folhas da árvore, a seiva bruta, através do processo da fotossíntese, na

presença de luz solar, clorofila e absorção de gás carbônico, transforma-se em seiva

elaborada ou orgânica.

A seiva elaborada é uma solução rica em compostos orgânicos, sendo a principal fonte

de energia das células vivas. O seu transporte é realizado por um tecido denominado

líber ou floema, localizado nas regiões internas da casca. Com condução descendente,

parte da solução desloca-se para a raiz e outra radialmente para o interior da árvore,

através dos raios medulares, formando o cerne e o alburno.


20

2.3 Estrutura Macroscópica do Tronco

Figura 5 – Estrutura macroscópica de um tronco típico


(Fonte: Adaptado Amabis & Martho, 1995)

2.3.1 Lenho

É o conjunto de todos os anéis de crescimento, cerne e alburno.

2.3.2 Casca

É um tecido especial, constituído interiormente pelo floema (conjunto de tecidos vivos

responsáveis pela condução da seiva elaborada), e exteriormente pelo córtex, periderme

e ritidoma (tecidos que revestem o tronco).

A casca tem a função de proteger o vegetal contra ressecamento, ataques fúngicos,

injúrias mecânicas e variações climáticas, não servindo para uso estrutural


21

2.3.3 Câmbio

O câmbio é uma camada de células situada entre o xilema e o floema, cuja função é a de

gerar novas células (tecido meristemático). Essas novas células irão formar os tecidos

secundários que constituem o xilema e a casca.

2.3.4 Anéis de Crescimento

As atividades do câmbio geram anéis que podem ser facilmente identificados em um

corte transversal de um tronco.

Essa identificação é mais visível em vegetais que são encontrados em regiões de clima

temperado, onde as estações do ano são bem definidas, e os anéis de crescimento

correspondem a ciclos anuais, caracterizando, dessa maneira, a idade da árvore. (ver

figura 5, pág. 18)

As mudanças climáticas nas diferentes estações do ano são as responsáveis pelas

variações da atividade cambial. Durante a primavera e o verão, onde há abundância de

luz e água, a atividade cambial é muito intensa, formando células que são caracterizadas

pela sua coloração clara (lenho inicial ou estival), diminuindo progressivamente no

outono até cessar por completo no inverno, que devido a escassez de luz e água,

apresentam uma tonalidade mais escura (lenho tardio ou primaveril). O ciclo anual da

árvore se dá pela intercalação entre o lenho inicial e o tardio.


22

Figura 6 – Anel de crescimento de uma gimnosperma em corte vertical


(Fonte: Burger e Richter, 1991)

2.3.5 Cerne e Alburno

O lenho de uma árvore é composto por uma região mais escura localizada no seu

centro (cerne), que é caracterizado como sendo a região mais resistente e mais densa, de

vasos lenhosos mais antigos. A outra região (alburno), mais clara, é localizada nas

proximidades do câmbio, que é a região jovem do tronco, onde as atividades dos vasos

lenhosos ainda são atuantes, sendo, dessa maneira, uma região mais úmida e menos

resistente.

O transporte da seiva elaborada e a formação de células novas ocorrem na periferia do

tronco. Dessa maneira, à medida que a árvore cresce, a sua parte mais central distancia-

se do câmbio e vai perdendo as suas atividades vitais, caracterizando o seu crescimento

horizontal.
23

2.3.6 Raios Medulares

São faixas horizontais de comprimento indeterminado, dispostas radialmente no tronco.

Os raios medulares são células parenquimáticas, cuja função principal é a de

armazenamento de substâncias nutritivas, e que desempenham, também, o transporte de

nutrientes no sentido horizontal.

2.3.7 Medula

É a parte mais central do tronco, que resulta da primeira fase do crescimento vertical. A

medula tem função de armazenar substâncias nutritivas, e por ser constituída de tecido

parenquimático, é uma região suscetível a apodrecimentos causados por fungos.

Por se tratar da região de resistência mais baixa, essa parte do tronco é completamente

desprezada para utilização do material para a construção civil.

2.4 Estrutura Microscópica do Tronco: maneira básica para classificação botânica


da árvore

Para fins de estruturas de madeira, o engenheiro deve saber apenas o básico em relação

às estruturas microscópicas do tronco. Saber como são estes elementos e como eles se

posicionam nas árvores, pois só assim é possível compreender o seu comportamento

estrutural.
24

As principais estruturas microscópicas são os traqueídes, vasos, fibras e raios

medulares. Os raios medulares são encontrados tanto nas coníferas quanto nas

dicotiledôneas, cuja função foi estabelecida no item 2.3.6 deste trabalho.

Além dos raios medulares, as coníferas são constituídas principalmente por traqueídes, e

as dicotiledôneas por vasos e fibras.

Coníferas:

Figura 7 – Estrutura microscópica das coníferas (corte transversal)

(Fonte: Calil Junior, 2000)

Figura 8 – Corte longitudinal do posicionamento do elemento anatômico


25

2.4.1 Traqueídes

“Células alongadas, fechadas e afiladas nas extremidades. Entre


células adjacentes, na direção vertical formam-se válvulas
especiais (pontuação aureolada) que regulam a passagem da
seiva bruta de uma célula para a seguinte. Os traqueídes têm a
função de conduzir a seiva e resistir as solicitações mecânicas”.
(CALIL JUNIOR, 1978, p. 5)

Dicotiledôneas:

Figura 9 – Estrutura microscópica das dicotiledôneas (corte transversal)

(Fonte: Calil Junior, 2000)

2.4.2 Vasos

“São constituídos por células alongadas, fechadas no início de


sua formação e com posterior dissolução das paredes formando
um duto contínuo. Os vasos, em cortes transversais do tronco,
aparecem como se fossem poros, com grande espaço vazio
interno. Tem basicamente a função de condutor da seiva”.
(CALIL JUNIOR, 1978, p. 6)
26

2.4.3 Fibras

“São longas, de paredes relativamente grossas, apresentam


restrito espaço vazio interno. São afiladas em suas extremidades,
constituindo a maior parte da madeira das dicotiledôneas. Tem
basicamente a função de resistir as solicitações mecânicas”.
(CALIL JUNIOR, 1978, p. 6)
27

3 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA MADEIRA

3.1 Formação da Madeira

O processo de transformação da seiva bruta em seiva elaborada ocorre nas folhas

através do processo da fotossíntese. Esse processo ocorre através da combinação do gás

carbônico do ar com a água do solo e absorção de energia calorífica, como mostra a

equação abaixo:

luz e clorofila
CO2 + 2H2O + 112,3 cal CH2O + H2O + O2

A análise elementar da madeira indica a seguinte composição química:

Carbono 50,00%
Oxigênio 43,00%
Hidrogên 6,10%
io
Nitrogêni 0,04% -
o 0,20%
Cinzas 0,26% -
0,60%

Tabela 01 – Composição química elementar da madeira

(Fonte: Hellmeister, 1983)


28

Do processo fotossintético, forma-se o radical monossacarídeo CH2O, que é o

componente orgânico elementar que forma a madeira. Este elemento, através de

processos de polimerização vai originar os açucares que formam a maioria das

substâncias orgânicas vegetais, tais como: celulose, hemicelulose, lignina, resinas,

corantes, etc.

A concentração dessas substâncias varia de acordo com a classificação botânica da árvore:

Coníferas Dicotiledôneas
Celulose 48 – 56% 46 – 48%
Hemicelulos 23 – 26% 19 – 28%
e
Lignina 26 – 30% 26 – 35%

Tabela 02 – Composição orgânica das madeiras

(Fonte: Hellmeister, 1983)

3.1.1 Celulose
A celulose é um polímero formado de até 3000 elementos que constitui as paredes

das fibras, vasos e traqueídes. A sua fórmula geral é n.(C6H10O5), e a sua fórmula

estrutural básica é assim apresentada:

Figura 10 – Fórmula estrutural básica da celulose


29

Lateralmente, as cadeias de celulose, através das suas oxidrilas (OH), são ligadas por

pontes de hidrogênio:

Figura 11 – Ligação entre cadeias de celulose através de pontes de hidrogênio

Além da ligação lateral entre as cadeias de celulose, as oxidrilas podem unir-se a

moléculas de água:

Figura 12 – Ligação das oxidrilas com molécula de água


30

A formação dessa molécula origina a água de impregnação. A saída dessa água gera

retração, e a entrada, inchamento, gerando deformações em suas peças.

3.1.2 Lignina

A lignina é um composto aromático de alto peso molecular, que exerce a função de

cimento ou adesivo, dando rigidez e dureza ao material.


31

4 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA MADEIRA

As propriedades físicas da madeira são fundamentais para a definição dos limites de

resistência. Apresentam-se aqui, de maneira simples e sucinta, aquelas mais importantes

no aspecto de projetos de estruturas de madeira: umidade, densidade, retração e

inchamento.

4.1 Umidade
A quantidade de água existente na madeira influi nas suas demais propriedades físicas.

Existem três tipos de água na madeira: impregnação, absorção e constituição.

4.1.1 Água de Absorção


A água de absorção é a responsável pelo enchimento dos vazios dos elementos

anatômicos. Teoricamente, esse tipo de água não afeta a resistência da madeira, porém a

sua saída brusca em uma secagem pode provocar tensões capilares e trincamento da

peça.

4.1.2 Água de Impregnação


A água de impregnação é aquela que se aloja entre as cadeias de celulose, impregnando

as paredes dos elementos anatômicos, provocando inchamento ou retração, conforme

apresentado no item 3.1.1 deste trabalho.

4.1.3 Água de Constituição


A água de constituição é oriunda da formação da madeira, fazendo parte da sua

estrutura molecular. A sua saída ocorre somente com a sua queima.


32

4.1.4 Ponto de Saturação


O ponto de saturação é caracterizado pela umidade abaixo da qual toda a água existente

é água de impregnação (em torno de 33%). A perda de água da madeira até esse ponto

não gera problemas para a sua estrutura. A partir desse ponto, a sua secagem requer

mais cuidados para evitar defeitos, pois ela é acompanhada pela retração e aumento de

resistência mecânica, devido a movimentação das cadeias de celulose.

Em contato com o ar atmosférico, a madeira tende a se estabilizar com a umidade do

meio, caracterizando a umidade de equilíbrio, que é função da temperatura e da

umidade relativa do ar. No país, esse parâmetro fica em torno de 12 a 15%.

4.1.5 Teor de Umidade


O teor de umidade é determinado pela seguinte expressão:

m1 − m 2
U= ⋅ 100 (%)
m2

Onde:

m1  Massa inicial da madeira com U% de teor de umidade

m2  Massa da madeira seca em estufa (100 + ou – 3 oC)

Para fins de aplicação estrutural da madeira e para classificação de espécies, a norma

brasileira especifica a umidade de 12% como de referência para a realização de ensaios

e valores de resistência nos cálculos.


33

Figura 13 – Umidade na madeira

(Fonte: Calil Junior, 2000)

4.1.6 Métodos de Secagem


A secagem da madeira pode ser realizada ao ar livre ou em estufas. No processo de

secagem natural a madeira estabiliza a sua umidade entre 12% e 15%, pois existe um

equilíbrio com a umidade do meio. O teor de umidade de 0% só é atingido pela madeira

quando o processo de secagem é realizado artificialmente nas estufas.

Figura 14 – Secagem natural Figura 15 – Secagem artificial (em fornos)


34

4.2 Densidade

A densidade da madeira representa o seu peso específico. Ela depende da espécie em

estudo, do local de procedência da árvore, da localização do corpo de prova na tora e da

umidade.

No estudo de estruturas de madeira existem dois tipos de densidade consideradas: real e

aparente.

4.2.1 Densidade Real

Representa a densidade do material madeira, sem computar águas e vazios, ou seja,

somente o seu valor de ocupação do material. Ela é obtida através da densidade das

paredes dos elementos anatômicos. Cientificamente, ela já foi calculada e seu valor é de

1,53 + ou – 0,03 g/cm3, independente da espécie.

4.2.2 Densidade Aparente

É a densidade medida no teor U% de umidade em que a madeira se encontra, e é dada

pela seguinte expressão:

Pu
daparente =
V aparente
35

Onde:

Pu  Peso da madeira a U% de umidade.

Vaparente  Volume do corpo medido a U% de umidade.

Esta densidade é um parâmetro utilizado para a determinação da qualidade da madeira

em relação a sua utilização estrutural, onde quanto maior a densidade aparente,

melhores são as suas características mecânicas.

Figura 16 – Umidade da madeira. Diagrama resistência X densidade

Figura 17 – Relação entre umidades diferentes. Diagrama resistência X densidade


36

Observe na figura 17 que para um material com mesma densidade e umidades diferentes

resultam em resistências também diferentes, ou seja, umidade e resistência são

grandezas inversamente proporcionais.

Como o teor de umidade influi na densidade, a determinação da densidade é feita

utilizando o corpo de prova estabilizado ao ar, corrigindo-se os resultados obtidos para a

densidade correspondente à umidade de 12%. Neste trabalho, na Tabela 13, página 51,

apresentam-se várias espécies com suas densidades a 12% de umidade.

O diagrama de Kollmann apresenta uma relação entre a umidade e a densidade da

madeira. Dessa maneira, a determinação da densidade da madeira, que é realizada com

corpos-de-prova estabilizados ao ar, é corrigida para o teor de 12% através deste

diagrama. (HELLMEISTER, 1983, p. 20).

4.2.3 Determinação Empírica da Densidade Aparente: através do mergulho em água


É possível a determinação da densidade aparente de maneira empírica, com razoável

aproximação. Mergulha-se em uma proveta cheia de água uma barra de madeira de

seção uniforme.

Figura 18 – Determinação empírica da densidade aparente


37

Peso da barra  Pbarra = dmadeira . Vtotal  Pbarra = dmadeira . S . L

Empuxo da água  Eágua = dágua . Vdeslocado  Eágua = 1 . S . L’

Onde:

Pbarra  Peso da barra

dmadeira  Densidade do corpo

Vtotal  Volume total do corpo submerso

Eágua  Empuxo da água

dágua  Densidade da água

Vdeslocado  Volume deslocado pelo corpo

S  Área da seção transversal do corpo-de-prova

A partir do equilíbrio entre o peso da barra e o empuxo da água, obtemos:

L'
P barra = E água → d ⋅ S ⋅ L = 1⋅ S ⋅ L' d=
L
38

Onde:

L  Comprimento total da barra

L’  Comprimento da barra submersa

Conclui-se que a densidade aparente da madeira pode ser determinada a partir da

relação entre o comprimento submerso pelo comprimento total da barra. Convém

ressaltar que o IPT usa esta metodologia substituindo a água por mercúrio, pois os

vazios da madeira não são preenchidos por este líquido, dando uma maior precisão para

a determinação da densidade.

4.3 Retração e Inchamento

Devemos levar em consideração que a madeira é um material anisotrópico, ou seja, ela

responde de maneira diferente ao mesmo tipo de solicitação dependendo do sentido

dessa solicitação. Isso se deve ao fato de que o seu crescimento é diferenciado em

relação a três eixos perpendiculares entre si: axial, radial e tangencial. As diferenças das

propriedades nas direções radial e tangencial são relativamente menores quando

comparadas com a direção axial.


39

Figura 19 – Eixos principais da madeira em relação à direção das fibras

(Fonte: Calil Junior, 2000)

A diminuição da quantidade de água de impregnação aproximam as cadeias de celulose,

gerando a retração. O aumento da quantidade dessa água afastam as cadeias de

celulose, que geram, dessa maneira, o inchamento.

O comportamento anisotrópico da madeira também pode ser observado em relação à

retração, que ocorre em porcentagens diferentes nas direções tangencial, radial e axial.

Isso explica a maior parte dos defeitos que ocorrem com a secagem da madeira, tais

como as rachaduras e empenamentos, que surgem a partir das diferenças de tensões

oriundas da retração nos sentidos analisados.


40

A retração tangencial apresenta valor de até 10% de variação dimensional, podendo

gerar problemas de torção nas peças de madeira. A retração radial, com 6% de variação

dimensional, pode apresentar problemas de rachaduras, enquanto que a retração axial

apresenta valor de 0,5% de variação dimensional.

Figura 20 – Retração da madeira

(Fonte: Calil Junior, 2000)

Podemos observar, através do gráfico acima, que variações de umidade acima do ponto

de saturação (33%) não acarretam retrações nas peças. Fato este também observado em

relação ao fenômeno do inchamento.

A porcentagem de retração pode ser calculada através da seguinte expressão:

D n − D o ⋅ 100 (%)
Rn =
Dn
41

Onde:

Rn  Porcentagem de retração na direção considerada

Dn  Dimensão na direção considerada da madeira com U% de teor de umidade

Do  Dimensão na direção considerada da madeira seca em estufa

A porcentagem de inchamento pode ser calculada de acordo com a seguinte expressão:

Dn − Do
In = ⋅ 100 (%)
Dn

Onde:

In  Porcentagem de retração na direção considerada

Dn  Dimensão na direção considerada da madeira com n% de teor de umidade

Do  Dimensão na direção considerada da madeira seca em estufa

4.3.1 Defeitos em Peças Provocados pela Retração ou Inchamento

Figura 21 – Encanoamento Figura 22 – Encurvamento


(Fonte: Calil Junior, 2000) (Fonte: Calil Junior, 2000)
42

Figura 23 – Arqueamento Figura 24 – Torcimento


(Fonte: Calil Junior, 2000) (Fonte: Calil Junior, 2000)

Estes defeitos podem ser minimizados efetuando-se uma secagem com controle

rigoroso.
43

5 CONSIDERAÇÕES DE ESTADOS LIMITES E CARGAS


PARA PROJETO DE ESTRUTURAS DE MADEIRA

5.1 Estados Limites

“Toda estrutura deve ser projetada e construída de modo a


satisfazer aos seguintes requisitos básicos de segurança:

a) Com probabilidade aceitável, ela deve permanecer


adequada ao uso previsto, tendo-se em vista o custo de
construção admitido e o prazo de referência da duração
esperada;

b) Com apropriado grau de confiabilidade, ela deve


suportar todas as ações e outras influências que podem agir
durante a construção e durante a sua utilização, a um custo
razoável de manutenção”. (ABNT, 1997, p. 6)

Para atender a estes requisitos básicos de segurança, as estruturas de


madeira são projetadas atendendo a exigência de trabalharem aquém de seus
estados limites. Entendendo-se por estados limites as situações às quais a
estrutura apresenta desempenhos inadequados às finalidades da construção. Os
estados limites podem ser: ÚLTIMOS e de UTILIZAÇÃO.

5.1.1 Estados Limites Últimos

Conforme a NBR 7190: 1997, são os que pela sua simples ocorrência
determinam a paralisação, no todo ou em parte, do uso da construção, atingindo
de imediato a situação de colapso.

5.1.2 Estados Limites de Utilização

“São os que por sua ocorrência, repetição ou duração


causam efeitos estruturais que não respeitam as condições
especificadas para o uso normal da construção, ou que são
indícios de comprometimento da durabilidade da estrutura”.
(FUSCO, 1983, p. 4)
44

O estado limite de utilização não leva, de imediato, a estrutura a um estado


de colapso. Porém, com o decorrer do tempo de sua atuação, a estrutura atinge
deformações excessivas que comprometem seus aspectos estéticos, chegando a
comprometer a vida útil da mesma.

5.1.3 Condições de Segurança para o Estado Limite Último

Como foi dito, devemos projetar as estruturas de madeira afim delas


garantirem os seus estados limites. Para isso, deve-se obedecer as condições
analíticas de segurança dadas por:

Sd ≤ Rd

Onde:

Sd  Solicitação de cálculo
Rd  Resistência de cálculo da madeira

O valor de Rd é obtido a partir da resistência característica do ensaio Rk,


segundo a seguinte expressão:

R k = 0,7 ⋅ R m R k = R m ⋅ (1 − 1,645 ⋅ δ )
Rk
R d = K mod ⋅ ou
γw

Onde:

Rm  Resistência média da população ensaiada em laboratórios idôneos.


δ  Coeficiente de variação das resistências, adotado, usualmente, em 0,18,
podendo adquirir valor de 0,15 caso os ensaios sejam mais qualificados,
proporcionando, neste caso, uma exigência maior do material.
45

γw  “Coeficiente de minoração das resistências do material


constituído pelo produto de três outros coeficientes parciais,
tal que:
γ w = γ m1 ⋅ γ m2 ⋅ γ m3

onde γm1 leva em conta a verdadeira variabilidade da


resistência dentro de lotes homogêneos , γm2 leva em conta
as diferenças entre o material da estrutura e o material do
corpo-de-prova de controle, e γm3 leva em conta outras
causas de diminuição da resistência, tais como os defeitos
localizados e imprecisões das hipóteses de cálculo dos
métodos de avaliação da resistência das peças estruturais”
(ABNT, 1997, p. 93 a 94)

Os valores de γw já são tabelados de acordo com o estado limite


considerado e a solicitação sofrida pela peça. (ver Tabela 19, pág.55).

Kmod  Coeficiente de modificação que leva em conta fatores não previstos por
γw, tais como classe de carregamento, classe da madeira, classe de umidade, etc.
Valor obtido a partir das Tabelas 16, 17 e 18, págs. 54 a 55, deste trabalho

5.2 Ações nas Estruturas

As ações são as causas que provocam o aparecimento de esforços ou


deformações nas estruturas. Elas podem ser classificadas, segundo sua
variabilidade no tempo.

5.2.1 Ações Permanentes

São ações que ocorrem com valores constantes ou com pequena variação
em torno de sua média durante a vida da construção. Exemplo: peso próprio da
estrutura
46

5.2.2 Ações Variáveis

São as ações que apresentam variações significativas durante a vida da


construção. Exemplos: carga móvel em pontes e a ação do vento.

5.2.3 Ações Variáveis Excepcionais

São as ações que apresentam baixas probabilidades de ocorrência e com


duração extremamente curta durante a vida da construção. Exemplos: abalos
sísmicos e vibrações por ressonância.

5.2.4 Ações nas Estruturas de Madeira

“No projeto das estruturas correntes de madeira devem ser


consideradas as ações seguintes, além de outras que
possam agir em casos especiais:

a) Carga permanente;
b) Cargas acidentais verticais;
c) Impacto vertical;
d) Impacto lateral;
e) Forças longitudinais;
f) Força centrífuga;
g) Vento.” (ABNT, 1997, p. 9)

Obs: As cargas descritas nos itens c, d, e, e f da norma, são consideradas


em projeto de pontes de madeira, e deste modo, não serão abordadas neste
trabalho.

a) Carga Permanente: Peso próprio e acessórios. Nas estruturas de madeira


acrescenta-se 3% do peso próprio devido as peças metálicas das ligações.

b) Cargas Acidentais: Considera-se cargas de pessoas, veículos, mobílias,


vento e etc. Elas, que com exceção do vento, são consideradas de longa duração.
A ação do vento é considerada carga rápida (curta duração) agindo normalmente
à superfícies de obstrução. Nas estruturas de madeira, para levar em conta a
47

maior resistência à ação de cargas rápidas, a ação do vento é multiplicada por


0,75 e considerada como de longa duração.

5.3 Carregamentos Formados pelas Ações nas Estruturas

5.3.1 Carregamento Normal

“Um carregamento é normal quando inclui apenas as ações


decorrentes do uso previsto para a construção, é
considerado de longa duração e deve ser verificado nos
estados limites último e de utilização.” (CALIL JUNIOR,
2000, p. 27)

Como exemplo podemos citar a consideração do peso próprio e as ações


acidentais. A ação do vento pode ser considerada de longa duração desde que
seja reduzida sua ação em 25%.

5.3.2 Carregamento Especial

“Neste carregamento estão incluídas as ações variáveis de


natureza ou intensidade especiais, superando os efeitos
considerados para um carregamento normal. Como exemplo
o transporte de um equipamento especial sobre uma ponte,
que supere o carregamento do trem-tipo considerado.”
(CALIL JUNIOR, 2000, p. 27)

Este tipo de carregamento, normalmente, não se considera nos projetos


usuais de estruturas de madeira.

5.3.3 Carregamento Excepcional

“Na existência de ações com efeitos catastróficos o


carregamento é definido como excepcional, e corresponde à
classe de carregamento de duração instantânea. Como
exemplo temos a ação de um terremoto”. (CALIL JUNIOR,
2000, p. 27)

Este tipo de carregamento também, normalmente, não se considera nos


projetos usuais de estruturas de madeira.
48

5.3.4 Carregamento de Construção

“Outro caso particular de carregamento é o de construção,


onde os procedimentos de construção podem levar a
estados limites últimos, como por exemplo o içamento de
uma treliça”. (CALIL JUNIOR, 2000, p. 27)

Exemplo: lançamento de um balanço progressivo em pontes de grandes


vãos. Caso em que, normalmente, não se considera usualmente nos projetos de
estruturas de madeira.

5.4 Combinações das Ações

As ações que ocorrem nas estruturas devem ser combinadas, através de


coeficientes, que levem a probabilidade de ocorrência simultânea, de maneira a
se estabelecer as situações mais críticas para a estrutura, sendo:

5.4.1 Ações Permanentes

São consideradas em sua totalidade

5.4.2 Ações Variáveis

São consideradas apenas as parcelas que produzem efeitos desfavoráveis


para a segurança.

Essas combinações dependem do tipo de ação e do estado limite


considerado, caracterizando três situações de projeto: duradoura, transitória e
excepcional, sendo, nas estruturas de madeira usuais somente a situação de
projeto duradoura. As demais são raras e podem ser analisadas no item 5.3 da
NBR 7190: 1997.
49

Situação de Projeto Duradoura:

Duração igual ao período de referência da estrutura. Esta situação é


considerada no projeto de todas as estruturas. Deve-se fazer as verificações nos
dois estados limites usuais, conforme tabela abaixo:

Estado Limite Combinações


Estado Limite Último Combinações normais
Estado Limite de Utilização Combinações de longa duração
Tabela 03 – Combinações na verificação de situação de projeto duradoura

5.4.3 Combinações para o ESTADO LIMITE ÚLTIMO

Combinações Normais:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

Onde:

γgi Coeficiente de majoração para as ações permanentes


Fgi,k Valor característico das ações permanentes
γq Coeficiente de majoração para as ações variáveis
Fq1,k Valor característico da ação variável considerada como ação principal
ψ0j Coeficiente de minoração para as ações variáveis secundárias
Fqj,k Valor característico da ação variável considerada como ação secundária

Neste tipo de combinação, uma das ações características variáveis é


considerada como principal, tendo o seu valor majorado pelo coeficiente γq
(Tabela 08, pág. 45), e as demais são consideradas como secundárias e devem
apresentar-se com valor minorado pelo coeficiente ψ0j (Tabela 09, pág. 45),
devido a baixa probabilidade de ocorrência simultânea.
50

Os coeficientes variam de acordo com o tipo de ação atuante na estrutura.


Os valores que serão apresentados referem-se aos coeficientes apresentados
pela NBR 7190: 1997.

AÇÃO TABELA
Ações permanentes de pequena variabilidade (γg)
Peso da madeira classificada estruturalmente cuja densidade tenha Tabela 5
coeficiente de variação não superior a 10%
Ações permanentes de grande variabilidade (γg)
Peso próprio da estrutura não supera 75% da totalidade dos pesos Tabela 6
permanentes
Ações permanentes indiretas (γε)
Tabela 7
Efeitos de recalques de apoio e de retração dos materiais
Ações variáveis (γq) Tabela 8
Ações variáveis secundárias (ψ0) Tabela 9
Ações variáveis secundárias de longa duração (ψ0,ef)
Igual ao coeficiente para ações variáveis secundárias (ψ0). Quando
Tabela 9
a ação variável principal (Fq1) tiver um tempo de atuação muito
pequeno ψ0,ef = ψ2
Tabela 04 – Caracterização das ações e as referentes tabelas de coeficientes

Ações Permanentes de Pequena Variabilidade


Para efeitos
Combinações
Desfavoráveis Favoráveis
Normais γg = 1,3 γg = 1,0
Especiais ou de Construção γg = 1,2 γg = 1,0
Excepcionais γg = 1,1 γg = 1,0
Tabela 05 – (Fonte: NBR 7190: 1997)

Ações Permanentes de Grande Variabilidade


Para efeitos
Combinações
Desfavoráveis Favoráveis
Normais γg = 1,4 γg = 0,9
Especiais ou de Construção γg = 1,3 γg = 0,9
Excepcionais γg = 1,2 γg = 0,9
Tabela 06 – (Fonte: NBR 7190: 1997)
51

Ações Permanentes Indiretas


Para efeitos
Combinações
Desfavoráveis Favoráveis
Normais γε = 1,2 γε = 0
Especiais ou de Construção γε = 1,2 γε = 0
Excepcionais γε = 0 γε = 0
Tabela 07 – (Fonte: NBR 7190: 1997)

Ações Variáveis
Ações variáveis em geral Efeitos da
Combinações
incluídas as cargas acidentais temperatura
Normais γq = 1,4 γε = 1,2
Especiais ou de
γq = 1,2 γε = 1,0
Construção
Excepcionais γq = 1,0 γε = 0
Tabela 08 – (Fonte: NBR 7190: 1997)

Fatores de Minoração
Ações em estruturas correntes ψ0 ψ1 ψ2
- Variações uniformes de temperatura em relação à média anual
0,6 0,5 0,3
local
- Pressão dinâmica do vento 0,5 0,2 0
Cargas acidentais dos edifícios ψ0 ψ1 ψ2
- Locais em que não há predominância de pesos de
0,4 0,3 0,2
equipamentos fixos, nem de elevadas concentrações de pessoas
- Locais onde há predominância de pesos de equipamentos fixos,
0,7 0,6 0,4
ou de elevadas concentrações de pessoas
- Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6
Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos ψ0 ψ1 ψ2
- Pontes de pedestres 0,4 0,3 0,2*
- Pontes rodoviárias 0,6 0,4 0,2*
- Pontes ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,8 0,6 0,4*
* Admite-se ψ2 = 0 quando a ação variável principal corresponde a um efeito sísmico
Tabela 09 – (Fonte: NBR 7190: 1997)

5.4.4 Combinações para o ESTADO LIMITE DE UTILIZAÇÃO

As combinações de ações no estado limite de utilização correspondem ao


tempo de duração ao qual a estrutura sofre com o carregamento. Dessa maneira,
a NBR 7190 apresenta as seguintes classes de carregamento:
52

Classe de Ação variável principal da combinação


Duração Ordem de grandeza da duração
carregamento
acumulada acumulada da ação característica
Permanente Permanente Vida útil da construção
Longa duração Longa duração Mais de seis meses
Média duração Média duração Uma semana a seis meses
Curta duração Curta duração Menos de uma semana
Duração Duração
Muito curta
instantânea instantânea
Tabela 10 – Classe do carregamento e suas durações
(Fonte: NBR 7190: 1997)

Os coeficientes utilizados para as combinações nos estados limites de


utilização estão apresentados na tabela 09, pág. 45, e representam:

ψ2 = coeficiente para as ações variáveis de longa duração.

Combinações de Longa Duração:

 Utilizada no controle usual de deformações nas estruturas.

m n
F d,uti = ∑ F gi,k + ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
i =1 j =1

Onde:

Fgi,k Valor das ações permanentes


ψ2j Coeficiente de minoração para as ações variáveis
Fqj,k Valor das ações variáveis (valores de longa duração)

5.4.5 Exemplo de Combinações de Ações

Considere um elemento estrutural de madeira para uma adutora solicitado


às seguintes cargas:
53

• Carga Permanente = 1000 daN


• Vento = 350 daN
• Ação da Água = 1500 daN

Efetuar a combinação das ações para o estado limite último e para o estado
limite de utilização

Solução:

5.4.5.1 Para Estado Limite Último

1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Ação da Água  Ação variável principal
 Vento  Ação variável secundária

2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Ação da Água  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45)

3) Combinação das Ações:


m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 1000 + 1,4 ⋅ (1500 + 0,75 ⋅ 0,5 ⋅ 350 )

Fd = 1400 + 2100 + 183,75

Fd = 3683,75 daN
54

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua


transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

5.4.5.2 Para Estado Limite de Utilização

1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente
 Ação da Água  Ação variável
 Vento  Ação variável

2) Determinação dos coeficientes:


 Ação da Água  ψ2 = 0,2 (local em que não há predominância de
pesos de equipamentos fixos) (Tabela 9, pág. 45)

 Vento  ψ2 = 0,2 (local em que não há predominância de pesos de


equipamentos fixos) (Tabela 9, pág. 45)

3) Combinação das Ações:


m n
F d,uti = ∑ F gi,k + ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
i =1 j =1

F d,uti = 1000 + 0,2 ⋅ 1500 + 0,2 ⋅ 0,75 ⋅ 350

Fd,uti = 1000 + 300 + 52,50

Fd,uti = 1352,50 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua


transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.
55

6 PROPRIEDADES DA MADEIRA
CONSIDERADAS NO DIMENSIONAMENTO

Existem quatro propriedades que devem ser consideradas no


dimensionamento estrutural das peças de madeira: densidade, resistência, rigidez
ou módulo de elasticidade e umidade.

6.1 Densidade

A densidade da madeira serve para o cálculo do peso próprio da peça. Esse


cálculo pode ser realizado utilizando-se o valor da densidade aparente na
umidade de 12%.

6.2 Resistência

A resistência pode ser obtida a partir de valores de resistências fornecidos


pela norma brasileira de estruturas de madeira que apresentam as características
de diversas espécies. (Ver Tabela 13, pág. 51, ou Tabelas de Classes – 11 e 12, pág. 50)

6.2.1 Classes de Resistência e Propriedades da Madeira

“As classes de resistência das madeiras têm por objetivo o


emprego de madeiras com propriedades padronizadas,
orientando a escolha do material para elaboração de
projetos estruturais” (ABNT, 1997, p. 16)

Quando não é possível especificar a espécie da madeira, a classificação


pelas classes de resistência torna-se uma maneira mais prática para a
determinação de suas características. Essa classe pode ser obtida a partir da
determinação da sua densidade aparente.

A seguir serão apresentadas as classes de resistência das coníferas e


dicotiledôneas com as suas respectivas propriedades (umidade 12%), bem como
56

uma tabela com as propriedades de algumas espécies específicas de madeira,


tendo como fonte a NBR 7190: 1997.

Coníferas
(Valores na condição padrão de referência U = 12%)
fcok fvk Eco,m ρbas,m ρaparente
Classe
(MPa) (MPa) (MPa) (kg/m3) (kg/m3)
C 20 20 4 3500 400 500
C 25 25 5 8500 450 550
C 30 30 6 14500 500 600
Tabela 11 – Classes de resistência das coníferas
(Fonte: NBR 7190: 1997)

Dicotiledôneas
(Valores na condição padrão de referência U = 12%)
fcok fvk Eco,m ρbas,m ρaparente
Classe
(MPa) (MPa) (MPa) (kg/m3) (kg/m3)
C 20 20 4 9500 500 650
C 30 30 5 14500 650 800
C 40 40 6 19500 750 950
C 60 60 8 24500 800 1000
Tabela 12 – Classes de resistência das dicotiledôneas
(Fonte: NBR 7190: 1997)

Onde:

fcok Resistência característica à compressão paralela às fibras


fvk Resistência característica ao cisalhamento
Eco,m Módulo de elasticidade médio longitudinal
ρbas,m Densidade média
ρaparente Densidade aparente
57

Tabela 13 – Propriedades de algumas espécies de madeira


(Fonte: NBR 7190: 1997)
58

6.3 Módulo de Elasticidade

O módulo de elasticidade da madeira determina o seu comportamento na


fase elástico-linear. O módulo de elasticidade da madeira normal às fibras (E90)
pode ser determinado numericamente como sendo a vigésima parte do módulo de
elasticidade da madeira paralela às fibras (E0).

Eo
E90 =
20

6.4 Umidade

As propriedades de resistência e elasticidade da madeira variam de acordo


com a umidade apresentada pela peça. Dessa maneira esses valores devem ser
corrigidos, em função das condições ambientais, a uma umidade de 12%,
representando os valores apresentados neste trabalho.

Para valores de resistência e elasticidade encontrados em laboratório em


peças com umidade entre 10% ≤ U ≤ 20%, pode-se fazer as correções a partir
das seguintes expressões:

 3.(U% − 12)
• Resistência  f 12 = f U% .1 + 
 100 

 2.(U% − 12)
• Elasticidade  E12 = EU% .1 + 
 100 

De acordo com a NBR 7190 as classes de umidade são assim


determinadas:
59

Classes de Umidade relativa do Umidade de equilíbrio da


umidade ambiente (Uamb) madeira (Ueq)
1 ≤ 65% 12%
2 65% < Uamb ≤ 75% 15%
3 75% < Uamb ≤ 85% 18%
Uamb > 85% durante longos
4 ≥ 25%
períodos
Tabela 14 – Classes de umidade
(Fonte: NBR 7190: 1997)

A correção relativa a resistência e elasticidade de peças a partir das classes


de umidade serão consideradas pelo fator de correção (Kmod,2), onde a resistência
característica deve ser multiplicada por este fator (ver Tabela 17, pág. 54).

6.5 Determinação dos Valores das Propriedades para o Dimensionamento


de Peças de Madeira

A partir dos valores médios das propriedades apresentadas é possível a


determinação dos seus valores característicos a partir da seguinte expressão:

Rk = 0,7 . Rm

Onde:

Rk  Propriedade característica do material


Rm  Média dos ensaios para a propriedade em estudo

A partir do valor característico determina-se o valor de cálculo da


propriedade a partir da expressão:

Rk
R d = K mod ⋅
γw

Onde:

Rd Valor de cálculo da propriedade em estudo


Rk Propriedade característica do material
Kmod Coeficiente de modificação
60

Coeficiente de minoração das propriedades da madeira


γw
(caracterizado na página 55 deste trabalho)

6.5.1 Coeficientes para a Determinação do Valor de Cálculo

a) Coeficiente de Modificação (Kmod)

Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Caracterização dos Coeficientes de Modificação


COEFICIENTE TABELA
Kmod,1
Depende da classe do carregamento da ação variável principal e do tipo Tabela 18
do material empregado
Kmod,2
Tabela 19
Depende da classe de umidade e do tipo do material empregado
Kmod,3
Tabela 20
Depende da categoria da madeira utilizada
Tabela 15

Valores de Kmod,1
TIPOS DE MADEIRA
Classes do carregamento Madeira serrada
Madeira laminada colada Madeira recomposta
Madeira compensada
Permanente 0,60 0,30
Longa duração 0,70 0,45
Média duração 0,80 0,65
Curta duração 0,90 0,90
Instantânea 1,10 1,10
Tabela 16
(Fonte: NBR 7190: 1997)

Valores de Kmod,2
Madeira serrada
Classe de umidade Madeira laminada colada Madeira recomposta
Madeira compensada
(1) e (2) 1,0 1,0
(3) e (4) 0,8 0,9
Tabela 17
(Fonte: NBR 7190: 1997)
61

Obs1: Caso a madeira serrada seja utilizada submersa, deve-se adotar:


Kmod,2 = 0,65

Obs2: As classes de umidade estão caracterizadas na Tabela 14 da página


53 deste trabalho.

Valores de Kmod,3
Categoria da madeira Kmod,3
Madeira de primeira categoria. Passou por classificação visual e 1,0
mecânica.
Madeira de segunda categoria. 0,8
Tabela 18
(Fonte: NBR 7190: 1997)

Obs: Nos casos de coníferas, deve-se sempre adotar Kmod,3 = 0,8

b) Coeficiente de Ponderação (γw)

Para ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS

SOLICITAÇÃO γw
Compressão paralela às fibras 1,4
Tração paralela às fibras 1,8
Cisalhamento paralelo às fibras 1,8
Tabela 19 – Valores de γw para estados limites últimos
(Fonte: NBR 7190: 1997)

Para ESTADOS LIMITES DE UTILIZAÇÃO

Valor básico: γw = 1,0


62

7 COMPRESSÃO PARALELA ÀS FIBRAS

É quando as solicitações são exercidas


longitudinalmente na peça. Calil Junior (2000,
p. 16) afirma que “a compressão paralela é a
tendência de encurtar as células da madeira ao
longo do seu eixo longitudinal”. Figura 25 – Compressão paralela às fibras
(Fonte: Calil Junior, 2000)

Essa solicitação pode ocorrer em barras de treliça, pilares não submetidos a


forças excêntricas ou a forças que provoquem flexão, ou em elementos de
contraventamentos ou travamentos de conjuntos estruturais.

7.1 Ensaio de Compressão Paralela às Fibras

Os corpos-de-prova devem possuir dimensões de 5,0cm de lado (seção


transversal quadrada) e 15,0cm de comprimento:

Figura 26 – Corpo-de-prova para ensaio de compressão paralela às fibras


(Fonte: NBR 7190: 1997)

O número de corpos-de-prova é determinado pela norma como sendo:

• Caracterização simplificada  6 corpos-de-prova


• Caracterização mínima da resistência de espécies pouco conhecidas 
12 corpos-de-prova
63

A partir dos ensaios pode-se definir o valor médio das propriedades, e o seu
respectivo valor característicos definido no item B.3 (pág.48) da norma. Lembrar
que esse valor característico também pode ser definido como 70% do valor médio
obtido por laboratórios idôneos (Tabela 13, pág. 51).

A resistência à compressão paralela às fibras (fco) é definido como sendo a


máxima tensão de compressão que pode atuar no corpo-de-prova descrito acima:

F co,máx
f co =
S

Onde:

Fco,máx  Máxima força de compressão aplicada ao corpo-de-prova


S  Área inicial da seção transversal comprimida

A rigidez é determinada pelo módulo de elasticidade da madeira, que é


obtido a partir da inclinação da reta secante à curva do diagrama tensão X
deformação específica, entre os pontos de 10% e 50% da resistência à
compressão paralela às fibras, medidas no ensaio.

Figura 27 – Diagrama tensão X deformação específica


(Fonte: NBR 7190: 1997)
64

Eco =
σ50% − σ10%
ε50% − ε10%

Onde:

σ50% e σ10%  Tensões de compressão correspondentes a 10% e 50% da


resistência fco
ε50% e ε10%  Deformações específicas medidas no corpo-de-prova,
correspondente às tensões de σ50% e σ10%

De acordo com a norma, para a determinação do módulo de elasticidade


podem ser utilizados relógios comparadores, com precisão de 0,001mm, fixados
por meio de duas cantoneiras metálicas pregadas no corpo-de-prova, com
distância nominal de 10cm entre as duas linhas de pregação, como mostrado na
figura abaixo:

Figura 28 – Arranjo de ensaio para compressão paralela às fibras, com instrumentação


baseada em relógios comparadores
(Fonte: NBR 7190: 1997)
65

Para obtenção de maiores informações a respeito do ensaio de compressão


paralela às fibras, consulte o anexo B, item B.8 da NBR 7190: 1997.

7.2 Critérios de Dimensionamento – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

O dimensionamento de peças de madeira solicitadas por esforços


característicos da compressão paralela às fibras é função do seu índice de
esbeltez.

Para que o índice de esbeltez seja calculado, é necessário a determinação


dos elementos geométricos da peça.

Elementos Geométricos:
Iz  Momento de Inércia em torno do eixo z
Iy  Momento de Inércia em torno do eixo y
iz  Raio de giração em torno do eixo z
iy  Raio de giração em torno do eixo y
S  Área da seção transversal

Figura 29 – Seção transversal genérica

O índice de esbeltez de uma peça é determinado pela seguinte expressão:

λ= Lo
imín

Onde:

Lo Comprimento de flambagem
imín Raio de giração mínimo

Os valores do comprimento de flambagem para estruturas de madeira são


definidos por norma como:
66

O raio de giração mínimo é dado por:

Imín
imín =
S

Onde:

Imín Momento de Inércia mínimo da seção


S Área da seção transversal

O índice de esbeltez da peça é determinado a partir do raio de giração


mínimo, pois a peça tende a perder a estabilidade (flambar) em torno do eixo de
menor inércia, como pode ser verificado na figura abaixo:
67

Figura 30 – Tendência de flambagem

Dessa maneira, a partir do valor do índice de esbeltez as peças possuem


critérios diferentes de dimensionamento e são assim classificadas:

Classificação da Peça Índice de Esbeltez


Peça curta λ ≤ 40
Peça intermediária ou medianamente esbelta 40 < λ ≤ 80
Peça longa ou esbelta 80 < λ ≤ 140
Tabela 20 – Classificação da peça de acordo com o índice de esbeltez

7.3 Dimensionamento de Peças Curtas

“Para as peças curtas, definidas pelo índice de esbeltez λ ≤ 40, que


na situação de projeto são admitidas como solicitadas apenas à
compressão simples, dispensa-se a consideração de eventuais
efeitos de flexão”. (ABNT, 1997, p. 25)

A condição de segurança para esses elementos estruturais é dada por:

σco,d ≤ fco,d

Onde:
68

σco,d  Tensão de compressão atuante (valor de cálculo)

fco,d  Resistência de cálculo à compressão

7.3.1 Roteiro de Verificação para Peças Curtas

A verificação de peças curtas submetidas a esforço de compressão paralela às fibras

deve ser realizada a partir do seguinte roteiro:

1) Determinação da esbeltez da peça, e verificar o seu enquadramento no caso de peça

curta.

Onde:
λ= Lo
λ ≤ 40 Lo  Comprimento de Flambagem (pág. 60)
imín Imín  Raio de giração mínimo (pág. 60)

(Dado na pág. 59)

2) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da

combinação das ações para o estado limite último.

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

(Dado na pág. 43)


69

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d).

Onde:
f co,k Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
f co,d = K mod ⋅
γw fco,k  Resistência característica à compressão
paralela às fibras (págs. 50 e 51)
γw  Coeficiente de minoração (pág. 55)

(Dado na pág. 53)

4) Determinação da tensão de compressão atuante (σco,d).

Onde:
Fd Fd  Carga de cálculo (item 2)
σ co,d =
S S  Área da seção transversal

5) Verificação da condição de segurança.

σco,d ≤ fco,d

7.3.2 Exemplo de Dimensionamento à Compressão de Peças Curtas


70

Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de 10cm X 17,5cm de ipê amarelo,

com comprimento de 1,00m, solicitada as seguintes ações:

• Carga Permanente = 3.500 daN


• Vento = 500 daN
• Sobrecarga = 600 daN

Figura 31 – Esquema de exemplo – Peça curta

Solução:

Determinação dos elementos geométricos da peça:

b ⋅ h3 17,5 ⋅ (10 )3
Iy = = = 1458,33 cm 4 (Momento de Inércia em torno de y)
12 12
71

b ⋅ h 3 10 ⋅ (17,5 )3
Iz = = = 4466,15 cm 4 (Momento de Inércia em torno de z)
12 12

Iy 1458,33
iy = = = 2,89cm (Raio de Giração em torno de y)
S 175

Iz 4466,15
iz = = = 5,05cm (Raio de Giração em torno de z)
S 175

Raio de giração mínimo  imín = 2,89cm

(tendência de flambagem em torno do eixo y)

1) Determinação da esbeltez da peça


100
λ= Lo
= = 34,60
imín 2,89

Como λ ≤ 40  Peça curta

2) Determinação do valor da carga de cálculo

2.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Sobrecarga  Ação variável principal
 Vento  Ação variável secundária

2.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
72

 Sobrecarga  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)


 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45)

2.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 3500 + 1,4 ⋅ (600 + 0,75 ⋅ 0,5 ⋅ 500 )

Fd = 4900 + 840 + 262,50

Fd = 6002,50 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3
73

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

3.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,

determinar o valor da resistência característica como sendo:

fco,k = 0,7 . fco,m

fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator

0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53

deste trabalho.

3.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)
74

3.4) Resistência de cálculo (fco,d)


f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

532
f co,d = 0,48 ⋅
1,4

fco,d = 182,40 daN/cm²

4) Determinação da tensão de compressão atuante (σco,d)

σco,d = FSd

6002,50
σco,d = 175

σco,d = 34,30 daN/cm²

5) Verificação da condição de segurança

σco,d ≤ fco,d  34,30 ≤ 182,40 OK!


75

7.4 Dimensionamento de Peças Intermediárias ou Medianamente Esbeltas

“As peças medianamente esbeltas, definidas pelo índice de esbeltez


40 < λ ≤ 80, são submetidas na situação de projeto à flexo-
compressão com os esforços de cálculo Nd e Md”. (ABNT, 1997, p.
25)

A condição de segurança para esses elementos estruturais é dada por:

σNd σMd
+ ≤1
f co,d f co,d

Onde:

σNd  Valor de cálculo da tensão de compressão devido à força normal de


compressão.
σMd  Valor de cálculo da tensão de compressão devido ao momento fletor Md

fco,d  Resistência de cálculo à compressão

7.4.1 Roteiro de Verificação para Peças Intermediárias ou Medianamente Esbeltas

A verificação de peças medianamente esbeltas submetidas a esforço de compressão

paralela às fibras deve ser realizada a partir do seguinte roteiro:

1) Determinação da esbeltez da peça, e verificar o seu enquadramento no caso de peça

intermediária ou medianamente esbelta.


76

Onde:
λ= Lo
40 < λ ≤ 80 Lo  Comprimento de Flambagem (pág. 60)
imín Imín  Raio de giração mínimo (pág. 60)

(Dado na pág. 59)

2) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da

combinação das ações para o estado limite último.

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

(Dado na pág. 43)

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d).

Onde:
f co,k Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
f co,d = K mod ⋅
γw fco,k  Resistência característica à compressão
paralela às fibras (págs. 50 e 51)
γw  Coeficiente de minoração (pág. 55)

(Dado na pág. 53)

4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd).

Fd Onde:
σNd =
S Fd  Carga de cálculo (item 2)
S  Área da seção transversal
77

5) Determinação da tensão atuante devido o momento fletor (σMd).

Onde:
Md Md  Momento de cálculo atuante
σMd = ⋅y
Imín Imín  Momento de inércia mínimo da seção
y  Distância entre o eixo de menor inércia e
a extremidade da seção

• Md = Nd ⋅ e d Onde:
Nd  Carga normal de cálculo atuante (Fd)
e d  Excentricidade de cálculo

 FE 
• e d = e1 ⋅   Onde:
 FE − N d  e1  Soma das excentricidades inicial e
acidental
FE  Carga crítica de Euler
Nd  Carga normal de cálculo atuante (Fd)

• e1 = ei + ea Onde:
ei  Excentricidade inicial.
Para treliça  ei = 0, ou qualquer
solicitação onde não há M1d atuante.
ea  Excentricidade acidental
78

M1d M1gd + M1qd h


• ei = = ≥ Onde:
Nd Nd 30
M1d  Momento de cálculo devido ações
externas, como aquelas oriundas de
excentricidade de carregamento, ou
momento aplicado (flexo-compressão).
M1gd  Momento de cálculo M1d devido às
cargas permanentes
M1qd  Momento de cálculo M1d devido às
cargas variáveis
Nd  Carga normal de cálculo atuante (Fd)
h  Altura da seção transversal referente
ao plano de atuação do momento M1d

 Atuando Mz, h = H

 Atuando My, h = B

Figura 32 – Determinação de “h”

Lo
• ea = Onde:
300
Lo  Comprimento de flambagem
79

π 2 ⋅ E co,ef ⋅ Imín
• FE = Onde:
L o2 Eco,ef  Módulo de elasticidade efetivo
Imín  Momento mínimo de inércia
Lo  Comprimento de flambagem

• E co,ef = K mod ⋅ E co,m Onde:


Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
Eco,m  Módulo de elasticidade médio à
compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51)

6) Verificação da condição de segurança

σNd σMd
+ ≤1
f co,d f co,d

7.4.2 Exemplo de Dimensionamento à Compressão de Peças Intermediárias

Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de 10cm X 17,5cm de ipê amarelo,

com comprimento de 2,00m, solicitada as seguintes ações:


80

• Carga Permanente = 3.500 daN


• Vento = 500 daN
• Sobrecarga = 600 daN

Figura 33 – Esquema de exemplo – Peça intermediária

Solução:

Determinação dos elementos geométricos da peça:

b ⋅ h 3 17,5 ⋅ (10 )3
Iy = = = 1458,33 cm 4 (Momento de Inércia em torno de y)
12 12

b ⋅ h3 10 ⋅ (17,5 )3
Iz = = = 4466,15 cm 4 (Momento de Inércia em torno de z)
12 12

Iy 1458,33
iy = = = 2,89cm (Raio de Giração em torno de y)
S 175

Iz 4466,15
iz = = = 5,05cm (Raio de Giração em torno de z)
S 175

Raio de giração mínimo  imín = 2,89cm

(tendência de flambagem em torno do eixo y


81

1) Determinação da esbeltez da peça


200
λ= Lo
= = 69,20
imín 2,89

Como 40 < λ ≤ 80  Peça intermediária

2) Determinação do valor da carga de cálculo

2.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Sobrecarga  Ação variável principal
 Vento  Ação variável secundária

2.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Sobrecarga  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45)

2.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 3500 + 1,4 ⋅ (600 + 0,75 ⋅ 0,5 ⋅ 500 )


82

Fd = 4900 + 840 + 262,50

Fd = 6002,50 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48


83

3.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág.

51, determinar o valor da resistência característica como sendo:

fco,k = 0,7 . fco,m

fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator

0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53

deste trabalho.

3.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

3.4) Resistência de cálculo (fco,d)


f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

532
f co,d = 0,48 ⋅  fco,d = 182,40 daN/cm²
1,4

4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd)

σNd = FSd
84

σNd =
6002,50
 σNd = 34,30 daN/cm²
175

5) Determinação da tensão atuante devido o momento fletor (σMd)

Md
σMd = ⋅y
Imín

5.1) Determinação do momento Md

5.1.1) Determinação do módulo de elasticidade efetivo

E co,ef = K mod ⋅ E co,m

Kmod = 0,48  Determinado na questão

Eco,m = 18.011 MPa = 180.110 daN/cm²  Tabela 13, pág. 51

Eco,ef = 0,48 . 180110 = 86452,80 daN/cm²

5.1.2) Determinação da carga crítica de Euler


85

π 2 ⋅ E co,ef ⋅ Imín
FE =
L o2

= π 2 ⋅ 86452,80 ⋅ 1458,33 = 31108,18 daN


FE
(200 )2

5.1.3) Determinação da excentricidade e1

e1 = ei + ea

ei = 0  Não existe solicitação M1d atuante.

Lo 200
ea = = = 0,67cm
300 300

e1 = 0 + 0,67 = 0,67cm

5.1.4) Determinação da excentricidade de cálculo

 FE 
e d = e1 ⋅  
 E
F − N d

 31108,18 
e d = 0,67 ⋅   = 0,83cm
 31108,18 − 6002,50 

5.1.5) Determinação do momento de cálculo atuante


86

Md = Nd ⋅ e d

Md = 6002,50 . 0,83  Md = 4982,08 daN.cm

5.2) Determinação do valor de y

y = 5cm  Distância entre o eixo y (menor inércia) até a extremidade da peça

5.3) Tensão atuante devido o momento fletor

Md
σMd = ⋅y
Imín

4982,08
σMd = 1458,33 ⋅ 5  σMd = 17,08 daN/cm²

6) Verificação da condição de segurança

σNd σMd 34,30 17,08


+ ≤1  + ≤1  0,28 ≤ 1 OK!
f co,d f co,d 182,40 182,40
87

7.5 Dimensionamento de Peças Longas ou Esbeltas

“As peças esbeltas, definidas pelo índice de esbeltez λ > 80, não se
permitindo valor maior que 140, são submetidas na situação de
projeto à flexo-compressão com os esforços de cálculo Nd e Md”.
(ABNT, 1997, p. 25)

A condição de segurança para esses elementos estruturais é dada por:

σNd σMd
+ ≤1
f co,d f co,d

Onde:

σNd  Valor de cálculo da tensão de compressão devido à força normal de


compressão.
σMd  Valor de cálculo da tensão de compressão devido ao momento fletor Md

fco,d  Resistência de cálculo à compressão

7.5.1 Roteiro de Verificação para Peças Longas ou Esbeltas

A verificação de peças esbeltas submetidas a esforço de compressão paralela às fibras

deve ser realizada a partir do seguinte roteiro:


88

1) Determinação da esbeltez da peça, e verificar o seu enquadramento no caso de peça

longa ou esbelta.

Onde:
λ= Lo
λ > 80 Lo  Comprimento de Flambagem (pág. 60)
imín Imín  Raio de giração mínimo (pág. 60)

(Dado na pág. 59)

2) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da

combinação das ações para o estado limite último.

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

(Dado na pág. 43)

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d).

Onde:
f co,k Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
f co,d = K mod ⋅
γw fco,k  Resistência característica à compressão
paralela às fibras (págs. 50 e 51)
γw  Coeficiente de minoração (pág. 55)

(Dado na pág. 53)


89

4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd).

Fd Onde:
σNd =
S Fd  Carga de cálculo (item 2)
S  Área da seção transversal

5) Determinação da tensão atuante devido ao momento fletor (σMd).

Onde:
Md Md  Momento de cálculo atuante
σMd = ⋅y
Imín Imín  Momento de inércia mínimo da seção
y  Distância entre o eixo de menor inércia e
a extremidade da seção

 FE 
• Md = Nd ⋅ e1,ef ⋅   Onde:
 E
F − N d Nd  Carga normal de cálculo atuante (Fd)
e1,ef  Excentricidade efetiva de 1a ordem
FE  Carga crítica de Euler
90

• e1,ef = e1 + ec Onde:
e1,ef = ei + ea + ec ei  Excentricidade inicial.
Para treliça  ei = 0, ou qualquer
solicitação onde não há M1d atuante.
ea  Excentricidade acidental
ec  Excentricidade suplementar

M1d M1gd + M1qd h


• ei = = ≥ Onde:
Nd Nd 30
M1d  Momento de cálculo devido ações
externas, como aquelas oriundas de
excentricidade de carregamento, ou
momento aplicado (flexo-compressão).
M1gd  Momento de cálculo M1d devido às
cargas permanentes
M1qd  Momento de cálculo M1d devido às
cargas variáveis
Nd  Carga normal de cálculo atuante (Fd)
h  Altura da seção transversal referente
ao plano de atuação do momento M1d

 Atuando Mz, h = H

 Atuando My, h = B

Figura 32 – Determinação de “h”


91

Lo
• ea = Onde:
300
Lo  Comprimento de flambagem

• (
ec = (eig + e a) ⋅ e c − 1 ) Onde:
eig  Excentricidade inicial devido às
cargas permanentes.
Para treliça  eig = 0, ou qualquer
solicitação onde não há M1d atuante.
ea  Excentricidade acidental
e  Base neperiana. e ≅ 2,7183
c  Expoente da base neperiana

M1g,d
• eig = Onde:
Ngd
M1g,d  Momento de cálculo devido às ações
permanentes
Ngd  Carga normal de cálculo atuante devido
às ações permanentes

Onde:

• c=
[
φ ⋅ Ngk + (Ψ 1 + Ψ 2 ) ⋅ Nqk ] φ  Coeficiente de fluência
[
FE − Ngk + (Ψ 1 + Ψ 2 ) ⋅ Nqk ] Ngk  Valor característico da força normal
devido às cargas permanentes
Nqk  Valor característico da força normal
devido às cargas variáveis
ψ1 e ψ2  Coeficientes de minoração
(pág. 45)
FE  Carga crítica de Euler
92

• Valores do coeficiente de fluência φ:

Classes de umidade
Classes de carregamento
(1) e (3) e
(2) (4)
Permanente ou de longa duração 0,8 2,0
Média duração 0,3 1,0
Curta duração 0,1 0,5

Tabela 21 – Coeficiente de fluência

π 2 ⋅ E co,ef ⋅ Imín
• FE = Onde:
L o2 Eco,ef  Módulo de elasticidade efetivo
Imín  Momento mínimo de inércia
Lo  Comprimento de flambagem

• E co,ef = K mod ⋅ E co,m Onde:


Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
Eco,m  Módulo de elasticidade médio à
compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51)

6) Verificação da condição de segurança

σNd σMd
+ ≤1
f co,d f co,d
93

7.5.2 Exemplos de Dimensionamento à Compressão de Peças Longas

7.5.2.1 Exemplo 1

Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de 10cm X 17,5cm de ipê amarelo,

com comprimento de 3,00m, solicitada as seguintes ações:

• Carga Permanente = 3.500 daN


• Vento = 500 daN
• Sobrecarga = 600 daN

Figura 34 – Esquema de exemplo (1) – Peça longa

Solução:

Determinação dos elementos geométricos da peça:

b ⋅ h 3 17,5 ⋅ (10 )3
Iy = = = 1458,33 cm 4 (Momento de Inércia em torno de y)
12 12
94

b ⋅ h 3 10 ⋅ (17,5 )3
Iz = = = 4466,15 cm 4 (Momento de Inércia em torno de z)
12 12

Iy 1458,33
iy = = = 2,89cm (Raio de Giração em torno de y)
S 175

Iz 4466,15
iz = = = 5,05cm (Raio de Giração em torno de z)
S 175

Raio de giração mínimo  imín = 2,89cm

(tendência de flambagem em torno do eixo y)

1) Determinação da esbeltez da peça


300
λ= Lo
= = 103,81
imín 2,89

Como λ > 80  Peça longa

2) Determinação do valor da carga de cálculo

2.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Sobrecarga  Ação variável principal
 Vento  Ação variável secundária

2.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
95

 Sobrecarga  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)


 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45)

2.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 3500 + 1,4 ⋅ (600 + 0,75 ⋅ 0,5 ⋅ 500 )

Fd = 4900 + 840 + 262,50

Fd = 6002,50 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,
96

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

3.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,

determinar o valor da resistência característica como sendo:

fco,k = 0,7 . fco,m

fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator

0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53

deste trabalho.

3.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

3.4) Resistência de cálculo (fco,d)


97

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

532
f co,d = 0,48 ⋅  fco,d = 182,40 daN/cm²
1,4

4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd)

σNd = FSd

σNd =
6002,50
 σNd = 34,30 daN/cm²
175

5) Determinação da tensão atuante devido o momento fletor (σMd)

Md
σMd = ⋅y
Imín

5.1) Determinação do momento Md

5.1.1) Determinação do módulo de elasticidade efetivo

E co,ef = K mod ⋅ E co,m


98

Kmod = 0,48  Determinado na questão

Eco,m = 18.011 MPa = 180.110 daN/cm²  Tabela 13, pág. 51

Eco,ef = 0,48 . 180110 = 86452,80 daN/cm²

5.1.2) Determinação da carga crítica de Euler

π 2 ⋅ E co,ef ⋅ Imín
FE =
L o2

= π 2 ⋅ 86452,80 ⋅ 1458,33 = 13825,86 daN


FE
(300 )2

5.1.3) Determinação do expoente “c”

c=
[
φ ⋅ Ngk + (Ψ 1 + Ψ 2 ) ⋅ Nqk ]
[
FE − Ngk + (Ψ 1 + Ψ 2 ) ⋅ Nqk ]

φ = 0,8  Carregamento permanente e classe de umidade (1).

(Tabela 21, pág. 79)

Ngk = 3500 daN  Valor característico – Carga permanente

Sobrecarga:
99

Nqk = 600 daN  Valor característico – Carga variável

ψ1 = 0,3  Tabela 9, pág. 45.

ψ2 = 0,2  Tabela 9, pág. 45.

Vento:

Nqk = 500 daN  Valor característico – Carga variável

ψ1 = 0,2  Tabela 9, pág. 45.

ψ2 = 0  Tabela 9, pág. 45.

0,8 ⋅ [3500 + (0,3 + 0,2) ⋅ 600 + (0,2 + 0 ) ⋅ 500]


c= = 0,31
13825,86 − [3500 + (0,3 + 0,2) ⋅ 600 + (0,2 + 0 ) ⋅ 500]

5.1.4) Determinação da excentricidade efetiva de 1a ordem (e1,ef)

e1,ef = ei + ea + ec

ei = 0  Não existe solicitação M1d atuante

Lo 300
ea = = = 1cm
300 300

( )
ec = (eig + ea ) ⋅ e c − 1 = (0 + 1) ⋅ (2,7183
0,31 − 1) = 0,36cm

e1,ef = 0 + 1 + 0,36 = 1,36cm


100

5.1.5) Determinação do momento de cálculo atuante


 FE 
Md = Nd ⋅ e1,ef ⋅  
 E
F − N d

 13825,86 
Md = 6002,50 ⋅ 1,36 ⋅    Md = 14426,80 daN.cm
 13825,86 − 6002,50 

5.2) Determinação do valor de y

y = 5cm  Distância entre o eixo y (menor inércia) até a extremidade da peça

5.3) Tensão atuante devido o momento fletor

Md
σMd = ⋅y
Imín

σMd =
14426,80
⋅5  σMd = 49,46 daN/cm²
1458,33

6) Verificação da condição de segurança

σNd σMd 34,30 49,46


+ ≤1  + ≤1  0,46 ≤ 1 OK!
f co,d f co,d 182,40 182,40
101

7.5.2.2 Exemplo 2 – Peça Composta

7.5.2.2.1 Considerações da norma para peças compostas:

Figura 35 – Seção composta por dois elementos iguais

Figura 36 – Corte longitudinal (S.Composta)

Para a verificação da segurança de peças compostas solidarizadas descontinuamente

através de peças interpostas (caso do exemplo que será apresentado), a norma dispensa

a verificação da estabilidade local dos trechos de comprimento L1 (distância entre os

tarugos), desde que respeitadas as seguintes limitações:

a ≤ 3.b1 e 9.b1 ≤ L1 ≤ 18.b

Onde, a e b1 são apresentados na figura 35


102

Os elementos geométricos das seções consideradas na peça composta são:

a) Seção do elemento componente:

S1 = b1 ⋅ h1

b1 ⋅ h13 h1 ⋅ b13
I1 = I2 =
12 12

b) Seção composta:

S = n ⋅ S1

I z = n ⋅ I1

I y = n ⋅ I 2 + 2 ⋅ S1 ⋅ a12

I y,ef = β I ⋅ I y

I 2 ⋅ m2
βI =
I 2 ⋅ m2 + α y ⋅ I y

Onde:

b1, h1 e a1  Apresentados na figura 35.


103

n  Quantidade de elementos (no caso do exemplo, n = 2)

m  Número de intervalos de comprimento L1 em que fica dividido o

comprimento L total da peça.

L
m=
L1

αy  Para espaçadores interpostos (exemplo), αy = 1,25

A verificação deve ser feita como se a peça fosse maciça de seção transversal com área

S e momentos de inércia Iz e Iy,ef.

Caso o momento de inércia mínimo encontrado seja Iz, a verificação da condição de

segurança com relação à estabilidade é representada pela expressão:

σNd σMd
+ ≤ 1 , como verificado nos exemplos anteriores deste trabalho.
f co,d f co,d

Caso o momento de inércia mínimo encontrado seja Iy,ef, a verificação da condição de

segurança com relação à estabilidade é representada pela seguinte expressão:

Nd Md ⋅ I 2 Md  I 
+ + ⋅ 1 − n ⋅ 2  ≤ f co,d
S I y,ef ⋅ W 2 2 ⋅ a1 ⋅ S1  I y,ef 
104

I2
Onde, W 2 =
b1 / 2

A distância entre os tarugos devem ser iguais entre si ao longo do comprimento L da

peça. A fixação destes tarugos deve ser feita por ligações rígidas com pregos ou

parafusos. Maiores detalhes sobre esta ligação pode ser obtida no item 8 da norma

NBR 7190: 1997.

7.5.2.2.2 Exemplo 2

Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de acordo com o esquema

apresentado abaixo, de ipê amarelo, com comprimento de 3,00m, solicitada as

seguintes ações:

• Carga Permanente = 3.500 daN


• Vento = 500 daN
• Sobrecarga = 600 daN
105

Figura 37 – Esquema de exemplo (2) – Peça longa

Obs: O tarugo não é utilizado em toda a extensão da peça. Dessa maneira ele não é

considerado no cálculo dos momentos de inércia, bem como a área da seção

transversal, servindo somente como contraventamento da peça.

Solução:

1) Valor de L1 para dispensar verificação da estabilidade local

a ≤ 3.b1  5 ≤ 3.7,5  5 ≤ 22,5 OK!

9.b1 ≤ L1 ≤ 18.b1  9.7,5 ≤ L1 ≤ 18.7,5  67,5 ≤ L1 ≤ 135

L1 = 100cm (Não necessita verificar a estabilidade local de cada trecho)


106

Figura 38 – Espaçamento entre tarugos. (Exemplo 2)

2) Elementos geométricos da peça

2.1) Seção do elemento componente

S1 = b1 ⋅ h1 = 7,5 . 20 = 150cm²

b1 ⋅ h13 7,5 ⋅ (20 )3


I1 = = = 5000cm4
12 12

h1 ⋅ b13 20 ⋅ (7,5 )3
I2 = = = 703,13cm4
12 12

2.2) Seção composta

S = n ⋅ S1 = 2 ⋅ 150 = 300cm²

I z = n ⋅ I1 = 2 ⋅ 5000 = 10000cm
4

I y = n ⋅ I 2 + 2 ⋅ S1 ⋅ a12 = 2 ⋅ 703,13 + 2 ⋅ 150 ⋅ (6,25 ) = 13125,01cm


2 4

L 300
m= = =3
L1 100
107

I 2 ⋅ m2 703,13 ⋅ (3 )2
βI = = = 0,2784
I 2 ⋅ m 2 + α y ⋅ I y 703,13 ⋅ (3 )2 + 1,25 ⋅ 13125,01

I y,ef = β I ⋅ I y = 0,2784 ⋅ 13125,01 = 3654,01cm


4

Iz 10000
iz = = = 5,77cm
S 300

I y,ef 3654,01
i y,ef = = = 3,49cm
S 300

Raio de giração mínimo  imín = 3,49cm

(tendência de flambagem em torno do eixo y)

3) Determinação da esbeltez da peça

300
λ= Lo
= = 85,96
imín 3,49

Como λ > 80  Peça longa


108

4) Determinação do valor da carga de cálculo

4.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Sobrecarga  Ação variável principal
 Vento  Ação variável secundária

4.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Sobrecarga  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45)

4.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 3500 + 1,4 ⋅ (600 + 0,75 ⋅ 0,5 ⋅ 500 )

Fd = 4900 + 840 + 262,50

Fd = 6002,50 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.


109

5) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

5.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

5.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág.

51, determinar o valor da resistência característica como sendo:

fco,k = 0,7 . fco,m

fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm²


110

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator

0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53

deste trabalho.

5.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

5.4) Resistência de cálculo (fco,d)


f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

532
f co,d = 0,48 ⋅  fco,d = 182,40 daN/cm²
1,4

6) Determinação do valor do momento de cálculo atuante (Md)

6.1) Determinação do módulo de elasticidade efetivo

E co,ef = K mod ⋅ E co,m

Kmod = 0,48  Determinado na questão

Eco,m = 18.011 MPa = 180.110 daN/cm²  Tabela 13, pág. 51

Eco,ef = 0,48 . 180110 = 86452,80 daN/cm²


111

6.2) Determinação da carga crítica de Euler

π 2 ⋅ E co,ef ⋅ Imín
FE =
L o2

π 2 ⋅ 86452,80 ⋅ 3654,01 = 34642,25 daN


FE =
(300 )2

6.3) Determinação do expoente “c”

c=
[
φ ⋅ Ngk + (Ψ 1 + Ψ 2 ) ⋅ Nqk ]
[
FE − Ngk + (Ψ 1 + Ψ 2 ) ⋅ Nqk ]

φ = 0,8  Carregamento permanente e classe de umidade (1).

(Tabela 21, pág. 79)

Ngk = 3500 daN  Valor característico – Carga permanente

Sobrecarga:

Nqk = 600 daN  Valor característico – Carga variável

ψ1 = 0,3  Tabela 9, pág. 45.

ψ2 = 0,2  Tabela 9, pág. 45.

Vento:
112

Nqk = 500 daN  Valor característico – Carga variável

ψ1 = 0,2  Tabela 9, pág. 45.

ψ2 = 0  Tabela 9, pág. 45.

0,8 ⋅ [3500 + (0,3 + 0,2) ⋅ 600 + (0,2 + 0 ) ⋅ 500]


c= = 0,102
34642,25 − [3500 + (0,3 + 0,2) ⋅ 600 + (0,2 + 0 ) ⋅ 500]

6.4) Determinação da excentricidade efetiva de 1a ordem (e1,ef)

e1,ef = ei + ea + ec

ei = 0  Não existe solicitação M1d atuante

Lo 300
ea = = = 1cm
300 300

( )
ec = (eig + ea ) ⋅ e c − 1 = (0 + 1) ⋅ (2,7183
0,102 − 1) = 0,11cm

e1,ef = 0 + 1 + 0,11 = 1,11cm

6.5) Determinação do momento de cálculo atuante

 FE 
Md = Nd ⋅ e1,ef ⋅  
 FE − N d 

 34642,25 
Md = 6002,50 ⋅ 1,11⋅    Md = 8059,20 daN.cm
 34642,25 − 6002,50 
113

7) Determinação do valor W2

I2 703,13
W2 = = = 187,50
b1 / 2 (7,5 / 2)

8) Verificação da condição de segurança

Nd Md ⋅ I 2 Md  I 
+ + ⋅ 1 − n ⋅ 2  ≤ f co,d
S I y,ef ⋅ W 2 2 ⋅ a1 ⋅ S1  I y,ef 

6002,50 8059,20 ⋅ 703,13 8059,20  703,13 


+ + ⋅ 1 − 2 ⋅  ≤ 182,40
300 3654,01⋅ 187,50 2 ⋅ 6,25 ⋅ 150  3654,01 

30,92 ≤ 182,40 OK!

B
114

8 COMPRESSÃO NORMAL ÀS FIBRAS

É quando as solicitações são exercidas


perpendicularmente ao eixo longitudinal da
peça.

“A madeira submetida a
esforços de
compressão normal às
suas fibras tem Figura 39 –(Fonte:
Compressão normal às fibras
Calil Junior, 2000)
comportamento
peculiar: inicialmente as deformações mantêm-se
proporcionais às cargas, mas, a partir de certo estágio de
carregamento, o limite de proporcionalidade, as
deformações crescem rapidamente com pequenos
acréscimos de carga. Esse ensaio não apresenta, entretanto
ruptura no sentido usual da palavra: geralmente o corpo de
prova fica apenas esmagado” (HELLMEISTER, 1977).

O gráfico tensão X deformação abaixo representa a situação descrita.

Figura 40 – Diagrama tensão X deformação – Compressão normal às fibras


(Fonte: NBR 7190: 1997)
115

Considerações do gráfico tensão X deformação:

Trecho Característica
OA Zona elástica onde os anéis de crescimento trabalham em conjunto
AB Plastificação dos anéis mais frágeis
BC Ganho de resistência até o esmagamento
Pela NBR a tensão efetiva fc90 é obtida no trecho AB
Tabela 22 – Considerações do gráfico tensão X deformação – Comp. normal às fibras

A resistência da madeira quando solicitada à compressão normal às fibras


(fc90,m) representa ¼ do valor apresentado quando solicitada à compressão
paralela às fibras (fco,m).

1
f c 90,m = ⋅ f co,m
4

8.1 Critérios de Dimensionamento – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

O dimensionamento de peças de madeira submetidas a este tipo de


solicitação depende da extensão do carregamento, medida paralelamente à
direção das fibras.

Figura 41 – Área de contato do carregamento

A resistência da madeira quando solicitada à compressão normal às fibras é


calculada a partir de ¼ da resistência paralela às fibras. Esse valor pode ser
majorado quando na peça podemos considerar a atuação do bulbo de pressão,
que dilui a atuação do carregamento. Essa consideração ocorre quando o valor
da distância da área de contato estiver afastada pelo menos 7,5cm da
116

extremidade (x ≥ 7,5cm), e quando o valor da área de contato for menor que


15cm (a < 15cm). O coeficiente de majoração (αn) é determinado na Tabela 23,
pág. 98, deste trabalho.

A condição de segurança é expressa por:

σc90,d ≤ fc90,d

Onde:

σc90,d  Tensão de compressão atuante (valor de cálculo)

fc90,d  Resistência de cálculo à compressão normal às fibras

8.1.1 Roteiro de Verificação

1) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da

combinação das ações para o estado limite último.

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

(Dado na pág. 43)

2) Determinação da tensão de compressão atuante (σc90,d).

Onde:
Fd Fd  Carga de cálculo
σ c 90,d =
S S  Área de contato onde atua o carregamento
S = a ⋅ b (Figura 41)
117

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d).

Onde:
f co,k Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
f co,d = K mod ⋅
γw fco,k  Resistência característica à compressão
paralela às fibras (págs. 50 e 51)
γw  Coeficiente de minoração (pág. 55)

(Dado na pág. 53)

4) Determinação da resistência de cálculo (fc90,d).

Onde:
f c 90,d = 0,25 ⋅ f co,d ⋅ α n
αn  Coeficiente que depende da extensão da
carga atuante

• Coeficiente αn

Quando a carga atuar na extremidade da peça ou de modo distribuído na totalidade da

peça de apoio: αn = 1,0

Quando a carga estiver afastada de pelo menos 7,5cm da extremidade da peça o

coeficiente “αn” receberá os seguintes valores:


118

Extensão da carga normal às fibras,


αn
medida paralelamente a estas (a)
1 cm 2,00
2 cm 1,70
3 cm 1,55
4 cm 1,40
5 cm 1,30
7,5 cm 1,15
10 cm 1,10
≥ 15 cm 1,00

Tabela 23 – Valores de αn
(Fonte: NBR 7190: 1997)

6) Verificação da condição de segurança.

σc90,d ≤ fc90,d

8.1.2 Exemplo de Dimensionamento à Compressão Normal às Fibras

Indicar uma madeira regional para dormentes, resistindo à compressão


normal sob a placa de apoio de um trilho de ferrovia conforme detalhes abaixo.

• Placa de distribuição  17cm X 37cm


• Bitola do dormente  22cm X 18cm

Desprezar o peso próprio e considerar a carga da roda sobre o trilho em


16.000 daN.
119

Figura 42 – Exemplo compressão normal às fibras

Solução:

Considerações Iniciais

Área de contato da carga  S = 17 ⋅ 37 = 629 cm²


Valor do coeficiente αn  αn = 1,0 (pois a > 15cm)

1) Determinação da carga de cálculo (Fd)

1.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente = 0 (desprezível)
 Carga Acidental Móvel = 16.000 daN (considerada principal)

1.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Acidental Móvel  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)

1.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 0 + 1,4 ⋅ (16000 + 0 )
120

Fd = 22400 daN

2) Determinação da tensão de compressão atuante (σc90,d)

Fd
σ c 90,d =
S

22400
σ c 90,d =  σc90,d = 35,61 daN/cm²
629

3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

3.5) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48


121

3.6) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

3.7) Resistência de cálculo (fco,d)


f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

f co,k
f co,d = 0,48 ⋅  f co,d = 0,3429 ⋅ f co,k
1,4

4) Determinação da resistência de cálculo (fc90,d)

f c 90,d = 0,25 ⋅ f co,d ⋅ α n

f c 90,d = 0,25 ⋅ 0,3429 ⋅ f co,k ⋅ 1,00

fc90,d = 0,08573 . fco,k

5) Condição de segurança

σc90,d ≤ fc90,d

35,61 ≤ 0,08573 . fco,k

35,61
f co,k ≥  fco,k ≥ 415,37 daN/cm²
0,08573

Entrada na Tabela 13 com valor da resistência média:

f co,k = 0,7 ⋅ f co,m (min)


415,37 = 0,7 . fco,m (min)
122

415,37
f co,m ≥  fco,m ≥ 593,39 daN/cm²  fco.m ≥ 59,34 MPa
0,7

Resposta:
De acordo com a Tabela 13, que apresenta propriedades de algumas
espécies de madeira, concluímos que para a utilização como dormentes no
exemplo citado acima, podemos utilizar as seguintes espécies regionais:

Nome comum Fco,m (MPa)


Maçaranduba 82,9
Ipê 76,0
Jatobá 93,3

Todas as espécies citadas acima possuem uma resistência à compressão


superior ao mínimo necessário para o caso descrito no exemplo.

9 TRAÇÃO PARALELA ÀS FIBRAS

É o alongamento das células da


madeira ao longo do eixo longitudinal. Neste
caso, a madeira apresenta baixos valores de Figura 43 –Tração paralela às fibras
(Fonte: Calil Junior, 2000)
deformação e elevados valores de
resistência.

9.1 Ensaio de Tração Paralela às Fibras

Os corpos-de-prova devem ser alongados, com trecho central de seção


transversal uniforme de área A, e comprimento não menor que 8 ⋅ A , com
extremidades mais resistentes que o trecho central, como mostra a figura
abaixo:
123

Figura 44 – Corpos-de-prova para ensaio de tração paralela às fibras


(Fonte: NBR 7190: 1997)

O número de corpos-de-prova é determinado pela norma como sendo:

• Caracterização simplificada  6 corpos-de-prova


• Caracterização mínima da resistência de espécies pouco conhecidas 
12 corpos-de-prova

A partir dos ensaios pode-se definir o valor médio das propriedades, e o seu
respectivo valor característicos definido no item B.3 (pág.48) da norma. Lembrar
que esse valor característico também pode ser definido como 70% do valor médio
obtido por laboratórios idôneos (Tabela 13, pág. 51).

A resistência à tração paralela às fibras (fto) é definido como sendo a


máxima tensão de tração que pode atuar no corpo-de-prova descrito acima:
124

F to,máx
f to =
S

Onde:

Fto,Max  Máxima força de tração aplicada ao corpo-de-prova


S  Área inicial da seção transversal tracionada do trecho central do
corpo-de-prova

A rigidez é determinada pelo módulo de elasticidade da madeira, que é


obtido a partir da inclinação da reta secante à curva do diagrama tensão X
deformação específica, entre os pontos de 10% e 50% da resistência à tração
paralela às fibras, medidas no ensaio.

O diagrama tensão X deformação do ensaio é dado por:

Figura 45 – Diagrama tensão X deformação específica


(Fonte: NBR 7190: 1997)
125

σ50% − σ10%
E to =
ε 50% − ε10%

Onde:

σ50% e σ10%  Tensões de compressão correspondentes a 10% e 50% da


resistência fco
ε50% e ε10%  Deformações específicas medidas no corpo-de-prova,
correspondente às tensões de σ50% e σ10%

Para obtenção de maiores informações a respeito do ensaio de tração


paralela às fibras, consulte o anexo B, item B.9 da NBR 7190: 1997.

9.2 Critérios de Dimensionamento – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

A condição de segurança para peças de madeira solicitada ao esforço de


tração paralela às fibras é expressa por:

σt0,d ≤ ft0,d

Onde:

σt0,d  Tensão de tração atuante (valor de cálculo)

ft0,d  Resistência de cálculo à tração paralela às fibras

9.2.1 Roteiro de Verificação

1) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da

combinação das ações para o estado limite último.


126

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

(Dado na pág. 43)

2) Determinação da tensão de tração atuante (σto,d).

Onde:
Fd Fd  Carga de cálculo
σ to,d =
S S  Área da seção transversal onde atua o
carregamento

3) Determinação da resistência de cálculo à tração (fto,d).

Onde:
f to,k Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
f to,d = K mod ⋅
γw fto,k  Resistência característica à tração
paralela às fibras (págs. 50 e 51)
γw  Coeficiente de minoração (pág. 55)

(Dado na pág. 53)

Para espécies de madeira usuais a classificação simplificada a partir dos ensaios de

compressão paralela às fibras, admite que:

0,77
f to,k =
f co,k
127

Onde:

fco,k  Resistência característica à compressão paralela às fibras

4) Verificação da condição de segurança.

σto,d ≤ fto,d

9.2.2 Exemplo de Dimensionamento à Tração Paralela às Fibras

Considere a ligação típica do Banzo Superior com o Banzo Inferior de uma


tesoura. Sabendo-se que ela é de ipê e que no Banzo Inferior atuam os esforços
de:
• Ação Permanente = + 8.000 daN
• Ação de Vento = + 2.500 daN

Calcule qual a altura máxima de entalhe (e), para que a peça resista ao esforço de tração.

Figura 46 – Exemplo tração paralela às fibra


128

Solução:

Considerações Iniciais
Determinação da área de tração útil (mais fraca)

Figura 47 – Área de tração útil

S = AB . 7,5
AB = H – e = 15 – e

S = (15 – e) . 7,5  S = 112,5 – 7,5.e

6) Determinação da carga de cálculo (Fd)

1.4) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Vento  Ação variável principal

1.5) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)

 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)

1.6) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 8000 + 1,4 ⋅ (2500 ⋅ 0,75 + 0 )


129

Fd = 13825 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua


transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

7) Determinação da tensão de tração atuante (σt0,d)

Fd
σ to,d =
S

13825
σ to,d =
(112,5 − 7,5 ⋅ e)

8) Determinação da resistência de cálculo (fto,d)

f to,k
f to,d = K mod ⋅
γw

3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)


130

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

3.2) Resistência característica à tração paralela às fibras (fto,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor da resistência característica como sendo:

f to,k = 0,7 ⋅ f to,m


fto,k = 0,7 . 96,8 = 67,76 MPa = 677,60 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o


fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado
na pág. 53 deste trabalho.

3.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,8  Tração paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

3.4) Resistência de cálculo (fto,d)


f to,k
f to,d = K mod ⋅
γw

667,60
f to,d = 0,48 ⋅  fto,d = 178,03 daN/cm²
1,8

9) Verificação da condição de segurança

σto,d ≤ fto,d

13825
≤ 178,03
(112,5 − 7,5 ⋅ e)
13825 ≤ 178,03 . (112,5 – 7,5.e)
13825 ≤ 20028,38 – 1335,23 . e
– 6203,38 ≤ – 1335,23 . e .( –1)
6203,38 ≥ 1335,25 . e
131

e ≤ 4,65 cm

Resposta:
Para efeitos construtivos, adotaremos e = 4cm.
132

10 CISALHAMENTO

É a tendência das células da madeira de


separarem e escorregarem entre si.
Figura 48 – Cisalhamento
(Fonte: Calil Junior, 2000)

10.1 Ensaio de Cisalhamento

De acordo com a norma, o corpo-de-prova deve ter o formato indicado


na figura abaixo:

Figura 49 – Corpo-de-prova para ensaio de cisalhamento


(Fonte: NBR 7190: 1997)

O número de corpos-de-prova é determinado pela norma como sendo:

• Caracterização simplificada  6 corpos-de-prova


• Caracterização mínima da resistência de espécies pouco conhecidas 
12 corpos-de-prova
133

A partir dos ensaios pode-se definir o valor médio das propriedades, e o seu
respectivo valor característicos definido no item B.3 (pág.48) da norma. Lembrar
que esse valor característico também pode ser definido como 70% do valor médio
obtido por laboratórios idôneos (Tabela 13, pág. 51).

A resistência ao cisalhamento (fv) é definido como sendo a máxima tensão


de cisalhamento que pode atuar na seção crítica do corpo-de-prova descrito
acima:

F v,máx
fv =
Av

Onde, Fv,máx é a força cisalhante máxima aplicada ao corpo-de-prova, e


Av é a área inicial da seção crítica do corpo-de-prova em um plano paralelo
às fibras.

Para obtenção de maiores informações a respeito do ensaio de


cisalhamento, consulte o anexo B, item B.12 da NBR 7190: 1997.

10.2 Critérios de Dimensionamento – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

A condição de segurança para peças de madeira solicitada ao esforço de


cisalhamento é expressa por:

τd ≤ fv,d

Onde:

τd  Tensão de cisalhamento atuante (valor de cálculo)

fv,d  Resistência de cálculo ao cisalhamento


134

10.2.1 Roteiro de Verificação – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

1) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da

combinação das ações para o estado limite último.

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

(Dado na pág. 43)

2) Determinação da tensão de cisalhamento atuante (τd).

Onde:
Fd Fd  Carga de cálculo
τd =
S S  Área onde atua o esforço

3) Determinação da resistência de cálculo ao cisalhamento (fv,d).

Onde:
f v,k Kmod  Coeficiente de modificação (pág. 54)
f v,d = K mod ⋅
γw fv,k  Resistência característica ao
cisalhamento (págs. 50 e 51)
γw  Coeficiente de minoração (pág. 55)

(Dado na pág. 53)


135

4) Verificação da condição de segurança.

τd ≤ fv,d

10.2.2 Exemplo de Dimensionamento ao Cisalhamento

Considere a ligação típica do Banzo Superior com o Banzo Inferior de uma


tesoura. Sabendo-se que ela é de ipê e que no Banzo Superior atuam os esforços
de:
• Ação Permanente = – 10.000 daN
• Ação de Vento = – 3.100 daN

O ângulo de inclinação θ é igual a 20o. Calcule o comprimento mínimo


da folga “f” a ser deixada na ligação, para que a ligação suporte o esforço
de cisalhamento.
136

Figura 50 – Exemplo cisalhamento

Solução:

Considerações Iniciais
Determinação da área de cisalhamento:

Figura 51 – Área de cisalhamento

S = AC . 7,5  S = f . 7,5

1) Determinação da carga de cálculo (Fd)

1.7) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande
variabilidade
 Vento  Ação variável principal

1.8) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)

 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)

1.9) Valor da carga de cálculo:

m  n 
F d = ∑ γ gi ⋅ F gi,k + γ q  F q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ F qj,k 
i =1  j=2 

F d = 1,4 ⋅ 10000 + 1,4 ⋅ (3100 ⋅ 0,75 + 0 )

Fd = 17255 daN
137

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua


transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

10) Determinação da tensão de atuante (τd)

Fd
τd =
S

17255
τd =
7,5 ⋅ f

11) Determinação da resistência de cálculo ao cisalhamento (fvo,d)

f v,k
f v,d = K mod ⋅
γw

3.5) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48


138

3.6) Resistência característica ao cisalhamento (fv,k)


3.7)
De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor da resistência característica como sendo:
f v,k = 0,7 ⋅ f v,m
fv,k = 0,7 . 13,1 = 9,17 MPa = 91,70 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o


fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado
na pág. 53 deste trabalho.

3.8) Coeficiente de minoração (γw)


3.9)
γw = 1,8  Cisalhamento paralelo às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

3.10) Resistência de cálculo (fv,d)


f v,k
f v,d = K mod ⋅
γw

91,70
f v,d = 0,48 ⋅  fv,d = 24,45 daN/cm²
1,8

12) Verificação da condição de segurança

τd ≤ fv,d

17255
≤ 24,45
7,5 ⋅ f

17255 ≤ 183,38 . f

17255
f≥
183,38
139

f ≥ 94,10 cm

Resposta:
Para efeitos construtivos, adotaremos f = 100cm = 1m.

11 FLEXÃO SIMPLES

11.1 Flexão Estática

Será feita uma breve exposição dos conceitos básicos de tensão normal de
flexão, tensões de cisalhamento na flexão e deflexões (elástica) em peças
fletidas, com base nas teorias elásticas apresentadas em Resistência dos
Materiais.

11.1.1 Tensão Normal de Flexão Atuante (σf)

Considere uma peça bi-apoiada solicitada a um carregamento qualquer,


como mostrado na figura abaixo:

Figura 52 – Peça bi-apoiada com carregamento qualquer

Considere M o momento fletor atuante na seção genérica s, apresentada

acima, com características geométricas Iz, wz e S, sendo:


140

Iz  Momento de Inércia em torno do eixo z. Eixo este, em torno do qual o


momento tende a girar a seção.

Iz
Wz  Momento resistente da seção genérica dado por: w z = .
y máx

Onde ymáx é a distância do Centro de Gravidade a uma das bordas da


seção.

Na situação fletida, com tração nas fibras inferiores, tem-se na seção s o

diagrama de tensões como mostra a figura 53:

Figura 53 – Seção da peça e tensões de flexão

Onde:

M  Momento atuante
dM  Variável infinitesimal do momento
dX  Elemento infinitesimal da peça
σ  Tensão devido o momento fletor
141

M⋅ y
Na posição y tem-se σ f = (tensão de flexão), na borda inferior tem-se
Iz

M ⋅ y máx + M
tensão de tração dada por σ +f = = , e na borda superior tem-se
Iz w z+

M ⋅ y máx − M
tensão de compressão dada por σ −f = = . Nos casos de simetria da
Iz w −z

seção em relação ao eixo y tem-se σ −f = σ +f (igualdade nas tensões máximas de

tração e compressão).

No caso da seção retangular temos:

Figura 54 – Seção retangular

b ⋅ h3 b ⋅ h3
Iz =
12 = b ⋅ h
12 2
Iz
wz = =
h y máx h 6
y máx = 2
2

M M 6 ⋅M
σ máx
f
= =  σmáx
f
.=
wz b ⋅ h2 b ⋅ h2
6

Onde:
142

M  Momento atuante na viga de seção retangular


b  Base da seção retangular
h  Altura da seção retangular

11.1.2 Tensão de Cisalhamento na Flexão (τf)

Na viga fletida da figura 53, tem-se, também, na seção s, o esforço cortante

que provoca tensões verticais e longitudinais de cisalhamento como mostra a


figura abaixo:

Figura 55 – Seção da peça e tensões de cisalhamento

Onde:

Q  Esforço cortante
dQ  Variável infinitesimal do esforço
143

dX  Elemento infinitesimal da peça


τ  Tensão de cisalhamento

A tensão máxima de cisalhamento é dada por:

Q ⋅ Ms
τmáx =
f b ⋅ Iz
Onde:

Q  Esforço cortante
Ms  Momento estático de toda a área abaixo ou acima do eixo z
b  largura da seção no Centro de Gravidade (no eixo z)
Iz  Momento de Inércia em torno do eixo z

O momento estático de uma seção genérica é determinado como sendo:

Figura 56 – Determinação do momento estático de uma seção genérica

h1 h2

Ms = 0 y ⋅ ds ou ∫
Ms = 0 y ⋅ ds
144

No caso da seção retangular tem-se:

h h b ⋅ h2
Ms = b ⋅ ⋅ =
2 4 8
b ⋅h 3
Iz =
12

b⋅ 2
Q ⋅  h 
Q ⋅ Ms  8 
τmáx = =
f b ⋅ Iz b⋅ 3
b ⋅  h 
Figura 57 – Seção retangular  12 
3 Q
τmáx = ⋅
f 2 b ⋅h
Onde:

Q  Esforço cortante atuante na viga de seção retangular


b  Base da seção retangular
h  Altura da seção retangular

11.1.3 Deflexões (v)

As deflexões podem ser calculadas em qualquer seção pela equação


2y −M
clássica da linha elástica d = , sendo E o módulo de elasticidade
dx 2 E ⋅ Iz
longitudinal do material.

Figura 58 – Linha elástica

v = y  Deflexão ou flecha na seção S


145

Pode-se recorrer a outros métodos para cálculo das deflexões, como o


P.T.V. (Princípio dos Trabalhos Virtuais), ou teorema de energia de Castigliano.
Como exemplo mostram-se as deflexões máximas em algumas vigas corriqueiras:
146

Figura 59 – Deflexões máximas em vigas


11.2 Ensaio de Flexão Estática para Obtenção da Tensão de Ruptura (fM)

“A resistência da madeira à flexão (fwM ou fM) é um valor


convencional, dado pela máxima tensão que pode atuar em
um corpo-de-prova no ensaio de flexão simples, calculado
com a hipótese de a madeira ser um material elástico, sendo
dado por:

Mmáx
fM =
We

Onde:

Mmáx é o máximo momento aplicado ao corpo-de-prova.

We é o módulo de resistência elástico da seção transversal


do corpo-de-prova, dado por bh²/6”. (ABNT, 1997, p. 62)

Sendo fM a máxima tensão que leva o corpo-de-prova ao colapso por tração


nas fibras inferiores, no seguinte esquema de ensaio:

Figura 60 – Esquema de ensaio de flexão estática

O defletômetro serve para medir as deflexões “v” para cada carga “P”.
Durante o ensaio, para cada carga “P” teremos na seção do meio do vão
uma deflexão “v”, e o diagrama tensão X deformação é dado por:

Figura 61 – Diagrama tensão X deformação – Ensaio de flexão


147

Próximo ao colapso, já fora da zona elástica, o corpo-de-prova começa a


romper por compressão na borda superior, plastificando a seção, tornando o
digrama tensão X deformação com o formato mostrado na figura abaixo, elevando
consideravelmente as tensões de tração na borda inferior até que o limite de
resistência à tração seja atingido e o corpo romperá por tração.

Figura 62 – Diagrama tensão X deformação próximo ao colapso

O diagrama carga X flecha na flexão do corpo-de-prova é definido por:

Figura 63 – Diagrama carga X flecha na flexão


(Fonte: NBR 7190: 1997)
148

“O módulo de elasticidade deve ser determinado pela


inclinação da reta secante à curva carga X deslocamento no
meio do vão, definida pelos pontos (F10%; v10%) e (F50%; v50%)
correspondentes, respectivamente a 10% e 50% da carga
máxima de ensaio estimada por meio de um corpo-de-prova
gêmeo, sendo dado por:

(FM,50% − FM,10%)⋅ L 3
EM =
(v 50% − v10%) ⋅ 4 ⋅ b ⋅ h3
Onde:

FM,10% e FM,50% são as cargas correspondentes a 10% e 50%


da carga máxima estimada, aplicada ao corpo-de-prova.

v10% e v50% são os deslocamentos no meio do vão


correspondentes a 10% e 50% da carga máxima estimada
FM,est.

b, h e L correspondem, respectivamente à largura, altura e


comprimento da seção transversal do corpo-de-prova”.
(ABNT, 1997, p. 62 a 63)

11.3 Critérios de Segurança

No caso de flexão devemos assegurar a funcionalidade da estrutura tanto


no estado limite último, como no estado limite de utilização.

11.3.1 Estado Limite Último

a) Tensões Normais de Flexão

Existem dois critérios de segurança referente às tensões normais de flexão,


que devem ser verificadas em projeto:

σc1,d ≤ fc0,d

σt2,d ≤ ft0,d
149

Onde:

σc1,d  Tensão atuante de cálculo da borda mais comprimida


σt2,d  Tensão atuante de cálculo da borda mais tracionada
fc0,d  Resistência de cálculo à compressão paralela às fibras
ft0,d  Resistência de cálculo à tração paralela às fibras

b) Cisalhamento

τd ≤ fv,d

Onde:

τd  Máxima tensão de cisalhamento atuante na peça


fv,d  Resistência de cálculo ao cisalhamento

Nas seções próximas aos apoios, os esforços de cisalhamento podem ser


reduzidos até a distância de 2.h, sendo h a altura da viga. O valor da força
cortante reduzida é calculada pela expressão:

x
Qred = Q ⋅
2⋅h

Onde:

x  Distância entre o ponto de aplicação da carga ao eixo do apoio


h  Altura da viga
Q  Valor do cortante na seção x
150

Figura 64 – Redução da força cortante nas proximidades do apoio

Isso ocorre devido à contribuição do efeito da compressão normal na zona


do apoio, favorecendo significativamente o ganho de resistência ao cisalhamento.

11.3.2 Estado Limite de Utilização

Nesse estado verifica-se para que a deflexão máxima atuante não


ultrapasse os limites de utilização impostos pela NBR 7190: 1997. As
deformações limites são classificadas como: construções correntes e construções
com materiais frágeis não estruturais.

11.3.2.1 Deformações Limites para as Construções Correntes

“São consideradas apenas as combinações de ações de


longa duração, levando-se em conta a rigidez efetiva do
módulo de elasticidade.

Os limites de deslocamentos permitidos pela norma são:

L / 200 dos vãos;


L / 100 do comprimento dos balanços.
151

É muito comum a aplicação de contra-flechas nas estruturas


com o objetivo de diminuir os problemas na verificação de
estados limites de utilização. Caso esta contra-flecha
aplicada à estrutura seja no mínimo igual à flecha devida às
ações permanentes, pode-se considerar a flecha devido às
ações permanentes reduzida a 2/3 do seu valor.

Para a verificação de casos de flexão-oblíqua, os limites


anteriores de flechas podem ser verificados isoladamente
para cada um dos planos principais de flexão”. (CALIL
JUNIOR, 2000, p. 64)

11.3.2.2 Deformações Limites para as Construções com Materiais Frágeis Não


Estruturais

“As combinações a serem utilizadas nesta verificação são as


de média e curta duração de acordo com o rigor da
segurança pretendida.

A norma brasileira limita nos seguintes valores as flechas


totais, incluindo o efeito de fluência:

L / 350 do vão;
L / 175 do comprimento dos balanços.

Para a verificação das flechas devidas às ações variáveis


são especificados os seguintes valores:

L / 300 dos vãos;


L / 150 do comprimento dos balanços;
Valor absoluto de 15mm.

Nas construções especiais, tais como fôrmas para concreto,


cibramentos, torrer, etc., as deformações limites devem ser
estabelecidas pelo proprietário ou por normas especiais”.
(CALIL JUNIOR, 2000, p. 64 a 65)

Lembrar que nesse estado a combinação das ações para estruturas


correntes é dada por:

m n
F d,uti = ∑ F gi,k + ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k , como visto no item 5.4.4 deste trabalho.
i =1 j =1
152

11.4 Exemplo de Dimensionamento à Flexão Simples

Uma viga bi-articulada de 10cm de largura está submetida a um


carregamento permanente distribuído de 210daN/m e uma carga concentrada
acidental de 100 daN, no ponto médio do vão de 4,2m. Calcular a altura
necessária da viga, considerando madeira do tipo ipê.

Figura 65 – Exemplo flexão simples

Solução:

11.4.1 Verificação no ESTADO LIMITE ÚLTIMO

1) Determinação dos Esforços Atuantes – Momento e Cortante

1.1) Valores Característicos dos Esforços

1.1.1) Momento Fletor

 Devido a carga permanente

q ⋅ L 2 210 ⋅ (4,2)2
Mmáx (P) = = = 463,05 daN.m  Mmáx(P) ≅ 463 daN.m
8 8

Figura 66 – Momento máximo devido a carga permanente


153

 Devido a carga acidental

P ⋅L 100 ⋅ 4,2
Mmáx ( A ) = =  Mmáx(A) = 105 daN.m
4 4

Figura 67 – Momento máximo devido a carga acidental

1.1.2) Esforço Cortante

 Devido a carga permanente

Qmáx(P) = 441 daN.m

Figura 68 – Cortante máximo devido a carga permanente

 Devido a carga acidental

Qmáx(A) = 50 daN.m

Figura 69 – Cortante máximo devido a carga acidental


154

1.2) Valores Característicos Reduzidos dos Cortantes

Os valores reduzidos referem-se aos cortantes que estão localizados a uma distância
de 2.h do apoio, de acordo com a explicação apresentada neste trabalho

 Devido a carga permanente

Qmáx red.(P) = 441(daN) – 210(daN/m) . 2h(cm) = 441 – 210 . 0,01 . 2.h

Qmáx red.(P) = 441 – 4,2.h (daN)

 Devido a carga acidental

Qmáx red.(A) = 50 daN

1.3) Valores de Cálculo dos Esforços – Combinações ESTADO LIMITE


ÚLTIMO

1.3.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Carga Acidental  Ação variável principal

1.3.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Carga Acidental  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)

1.3.3) Valor do momento de cálculo:

m  n 
Md = ∑ γ gi ⋅ Mgi,k + γ q  Mq1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ Mqj,k 
i =1  j=2 
155

Md = 1,4 ⋅ 463 + 1,4 ⋅ (105 + 0 )

Md = 648,20 + 147

Md = 795,20 daN.m = 79520 daN.cm

1.3.4) Valor do cortante de cálculo:

m  n 
Q d = ∑ γ gi ⋅ Q gi,k + γ q  Q q1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ Q qj,k 
i =1  j=2 

Q d = 1,4 ⋅ (441 − 4,2 ⋅ h) + 1,4 ⋅ (50 + 0 )

Qd = 617,40 – 5,88.h + 70

Qd = 687,40 – 5,88.h (daN)

7) Verificação – Tensão Normal de Flexão

2.1) Tensões Atuantes

2.1.1) Compressão
156

Como a seção transversal da peça é retangular, utilizaremos as fórmulas práticas


descritas neste trabalho.

6 ⋅M 6 ⋅ 79520
σ c1,d = =
b ⋅ h2 10 ⋅ h 2

47712
σ c1,d =
h2

2.1.2) Tração

Como a seção transversal da peça é retangular e simétrica, a tensão da borda mais


tracionada é numericamente igual à tensão da borda mais comprimida. Dessa maneira,
temos que:

47712
σ t 2,d = σ c1,d =
h2

2.2) Resistências de Cálculo Paralela às Fibras

2.2.1) Compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

2.2.1.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


157

Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

2.2.1.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,

determinar o valor da resistência característica como sendo:

fco,k = 0,7 . fco,m

fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator

0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53

deste trabalho.

2.2.1.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)
158

2.2.1.4) Resistência de cálculo (fco,d)


f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

532
f co,d = 0,48 ⋅
1,4

fco,d = 182,40 daN/cm²

2.2.2) Tração (fto,d)

f to,k
f to,d = K mod ⋅
γw

2.2.2.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48


159

2.2.2.2) Resistência característica à tração paralela às fibras (fto,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor da resistência característica como sendo:

f to,k = 0,7 ⋅ f to,m


fto,k = 0,7 . 96,8 = 67,76 MPa = 677,60 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o


fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado
na pág. 53 deste trabalho.

2.2.2.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,8  Tração paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

2.2.2.4) Resistência de cálculo (fto,d)


f to,k
f to,d = K mod ⋅
γw

667,60
f to,d = 0,48 ⋅  fto,d = 178,03 daN/cm²
1,8

2.3) Verificação da Condição de Segurança

2.3.1) Compressão

σc1,d ≤ fco,d

47712
≤ 182,40
h2
182,40.h² ≥ 47712

h ≥ 16,17 cm
160

2.3.2) Tração

σt2,d ≤ fto,d

47712
≤ 178,03
h2

178,03.h² ≥ 47712

h ≥ 16,37 cm

8) Verificação – Cisalhamento

3.1) Tensão Atuante


Como a seção transversal da peça é retangular, utilizaremos as fórmulas práticas
descritas neste trabalho.

3 Qred 3 (687,40 − 5,88 ⋅ h)


τmáx = ⋅ = ⋅
f 2 b ⋅h 2 10 ⋅ h

3.2) Resistências de Cálculo ao Cisalhamento

f v,k
f v,d = K mod ⋅
γw

3.2.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.


161

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

3.2.2) Resistência característica ao cisalhamento (fv,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor da resistência característica como sendo:

f v,k = 0,7 ⋅ f v,m


fv,k = 0,7 . 13,1 = 9,17 MPa = 91,70 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o


fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado
na pág. 53 deste trabalho.

3.2.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,8  Cisalhamento paralelo às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

3.2.4) Resistência de cálculo (fv,d)


f v,k
f v,d = K mod ⋅
γw

91,70
f v,d = 0,48 ⋅  fv,d = 24,45 daN/cm²
1,8

3.3) Verificação da Condição de Segurança

τd ≤ fv,d
162

3 (687,40 − 5,88 ⋅ h)
⋅ ≤ 24,45
2 10 ⋅ h

2062,2 − 17,64 ⋅ h
≤ 24,45
20 ⋅ h

103,11
− 0,882 ≤ 24,45
h

103,11
≤ 25,332
h

25,332.h ≥ 103,11

h ≥ 4,07 cm

11.4.2 Verificação no ESTADO LIMITE DE UTILIZAÇÃO

1) Determinação da Carga de Cálculo

1.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente
 Carga Acidental  Ação variável

1.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Acidental  ψ2 = 0,2 (local em que não há predominância de
pesos de equipamentos fixos) (Tabela 9, pág. 45)

1.3) Combinação das Ações:

m n
F d,uti = ∑ F gi,k + ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
i =1 j =1

1.3.1) Carga Permanente

qd,uti = 2,10 daN/cm  Valor total, considerando a primeira parcela da


163

combinação (Fgi,k)

1.3.2) Carga Acidental

n
F d,uti = ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
j =1

Fd,uti = 0,2 . 100

Fd,uti = 20 daN

2) Determinação da Flecha Atuante

As flechas ocorrerão devido aos carregamentos permanentes e acidentais. Dessa


maneira calculamos separadamente:

2.1) Carga Permanente

Figura 70 – Flecha devido a carga permanente

5 ⋅ q ⋅L4
v máx (P) = (Conforme fórmula pág. 125)
384 ⋅ E ⋅ Iz

Onde:

q  Carga distribuída
L  Comprimento da viga
E  Módulo de elasticidade do material
Iz  Momento de inércia em torno do eixo z

2.1.1) Valor do Módulo de Elasticidade do Ipê (E)


164

De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor do módulo de elasticidade característico como sendo:

E co,k = 0,7 ⋅ E co,m


Eco,k = 0,7 . 18011 = 12607,70 MPa = 126077 daN/cm²

A determinação do módulo de elasticidade característico pode ser calculado


multiplicando-se o fator 0,7 pelo módulo de elasticidade médio encontrado por
laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53 deste trabalho.

2.1.2) Valor do Momento de Inércia em torno do eixo z (Iz)

b ⋅ h3 10 ⋅ h3
Iz = = = 0,83 ⋅ h3
12 12

2.1.3) Valor da Deflexão máxima devido a Carga Permanente

5 ⋅ q ⋅L4 5 ⋅ 2,10 ⋅ (420 )4 8130,95


v máx (P) = = =
( )
384 ⋅ E ⋅ Iz 384 ⋅ 126077 ⋅ 0,83 ⋅ h 3 h3

2.2) Carga Acidental

Figura 71 – Flecha devido a carga acidental

P ⋅ L3
v máx ( A ) = (Conforme fórmula pág. 125)
48 ⋅ E ⋅ Iz

Onde:
165

P  Carga concentrada
L  Comprimento da viga
E  Módulo de elasticidade do material
Iz  Momento de inércia em torno do eixo z

2.2.1) Valor do Módulo de Elasticidade do Ipê (E)


Eco,k = 126077 daN/cm²

2.2.2) Valor do Momento de Inércia em torno do eixo z (Iz)

b ⋅ h3 10 ⋅ h3
Iz = = = 0,83 ⋅ h3
12 12

2.2.3) Valor da Deflexão máxima devido a Carga Acidental

P ⋅ L3 20 ⋅ (420 )3 295,00
v máx ( A ) = = =
( )
48 ⋅ E ⋅ Iz 48 ⋅ 126077 ⋅ 0,83 ⋅ h 3 h3

2.3) Deflexão Máxima Total:

v máx ( T ) = v máx (P) + v máx ( A )

8130,95 295,00
v máx ( T ) = 3
+
h h3

8425,95
v máx ( T ) =
h3
166

3) Verificação da Condição Imposta pela NBR 7190: 1997

De acordo com a norma, a deformação limite para as construções correntes nos vãos
é de:

L / 200 = 420 / 200 = 2,10cm

Assim sendo a deflexão máxima deve ser menor ou igual a 2,10cm. Como
8425,95
v máx ( T ) = , temos que:
h3

8425,95
≤ 2,10
h3

h ≥ 15,89cm

Resposta:

De todos os critérios estabelecidos pela norma, a peça deve ter uma seção
transversal com base de 10cm e altura maior ou igual a 16,37cm.

Resposta  (10 X 17)cm²


167

12 FLEXÃO COMPOSTA

É a solicitação em que a seção do elemento estrutural é solicitada


simultaneamente por esforço normal e momento fletor.

12.1 Flexo–Tração

É a flexão composta com o esforço normal atuante de tração conforme


ilustra a figura abaixo:

Figura 72 – Flexo–Tração

Onde:

N  Esforço de tração
ez e ey  Excentricidades nos eixos z e y, respectivamente
168

Considere:

M y = N ⋅ e z  Momento fletor em torno do eixo y

Mz = N ⋅ e y  Momento fletor em torno do eixo z

12.1.1 Tensão Atuante de Flexo–Tração

Traçando-se o diagrama de tensões das situações 1 e 2 tem-se:

Figura 73 – Diagrama de tensões da situação 1

Figura 74 – Diagrama de tensões da situação 2


169

N M
A tensão de flexão composta atuante será: σ at
fc
=+ ±
S wy

N M
A máxima tração será: σ máx
fc
=+ +
S wy

N M
Na borda comprimida teremos: σ fc = + −
S wy

N M
Observe que dependendo da magnitude das tensões e a seção
S wy

poderá ficar totalmente tracionada.

12.1.2 Considerações de Segurança na Flexo–Tração

Conforme os critérios da NBR-7190: 1997 a condição para a máxima tração


é dada pela mais rigorosa das duas expressões:

σNt,d σMz,d σMy,d


a) + + kM ⋅ ≤1
f t0,d f t0,d f t0,d

σNt,d σMz,d σMy,d


b) + kM ⋅ + ≤1
f t0,d f t0,d f t0,d

Onde:

σNt,d  Tensão atuante do esforço de tração


σMz,d  Tensão atuante do momento em torno do eixo z
σMy,d  Tensão atuante do momento em torno do eixo y
ft0,d  Resistência de cálculo à tração paralela às fibras
kM  Coeficiente de correção
kM = 0,5 (para seção retangular)
kM = 1,0 (para demais seções)
170

As situações “a” e “b” apresentadas acima, devem ser verificadas quando a


carga normal atua na seção, gerando tensões de momento em torno do eixo “z” e
“y” simultaneamente. A situação “a” ocorrerá quando a verificação da tensão de
momento estiver atuando em torno do eixo “z”, e a situação “b” quando a
verificação da tensão de momento estiver atuando em torno do eixo “y”.

Caso ocorra somente a atuação de um momento na seção (casos 1 e 2


descritos anteriormente), devemos considerar, na expressão, a outra parcela nula:

σNt,d σMy,d
Situação 1  + ≤1
f t0,d f t0,d

σNt,d σMz,d
Situação 2  + ≤1
f t0,d f t0,d

12.1.3 Exemplo de Dimensionamento à Flexo-Tração

Seja um pilar de ipê, bi-rotulado suportando uma carga excêntrica como mostrado

abaixo:

Figura 75 – Exemplo flexo-tração


171

Valores da carga excêntrica N:

• Carga Permanente = 2000 daN


• Carga de Vento = 500 daN

Verifique a segurança da peça.

Solução:

A verificação da peça, como está submetida a esforço de flexo-tração pode ser


realizada analisando somente a condição apresentada no item 12.1.2.

Situação de Análise  Situação 1

σNt,d σMy,d
Condição de Segurança: + ≤1
f t0,d f t0,d

1) Determinação dos Valores de Cálculo

1.1) Esforço de Cálculo de Tração

1.1.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Vento  Ação variável principal

1.1.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
172

1.1.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
Nd = ∑ γ gi ⋅ Ngi,k + γ q  Nq1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ Nqj,k 
i =1  j=2 

Nd = 1,4 ⋅ 2000 + 1,4 ⋅ (0,75 ⋅ 500 + 0 )

Nd = 2800 + 525

Nd = 3325 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

1.2) Esforço de Cálculo do Momento

1.2.1) Valores característicos dos Momentos


ez = 5cm
 Carga Permanente  Mp = 2000 . 5 = 10000 daN.cm
 Vento  Mv = 500 . 5 = 2500 daN.cm

1.2.2) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Vento  Ação variável principal

1.2.3) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)
173

1.2.4) Valor da carga de cálculo:

m  n 
Md = ∑ γ gi ⋅ Mgi,k + γ q  Mq1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ Mqj,k 
i =1  j=2 

Md = 1,4 ⋅ 10000 + 1,4 ⋅ (0,75 ⋅ 2500 + 0 )

Md = 14000 + 2625

Md = 16625 daN.cm

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

2) Determinação da resistência de cálculo (fto,d)

f to,k
f to,d = K mod ⋅
γw

2.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)


174

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48

2.2) Resistência característica à tração paralela às fibras (fto,k)


2.3)
De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor da resistência característica como sendo:

f to,k = 0,7 ⋅ f to,m


fto,k = 0,7 . 96,8 = 67,76 MPa = 677,60 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o


fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado
na pág. 53 deste trabalho.

2.4) Coeficiente de minoração (γw)


2.5)
γw = 1,8  Tração paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

2.6) Resistência de cálculo (fto,d)


f to,k
f to,d = K mod ⋅
γw

667,60
f to,d = 0,48 ⋅  fto,d = 178,03 daN/cm²
1,8

3) Tensões Atuantes

3.1) Tensão Normal

Nd 3325
σNd = =
S 10 ⋅ 15

σNd = 22,17 daN/cm


175

3.2) Tensão de Flexão

3.3)
Md 16625
σMd = ⋅y = ⋅5
Iy  15 ⋅ 10 3 
 
 12 
 

σMd = 66,50 daN/cm²

4) Verificação da Condição de Segurança


σNt,d σMy,d
+ ≤1
f t0,d f t0,d

22,17 66,50
+ ≤1  0,50 ≤ 1 OK!!
178,03 178,03
176

12.2 Flexo–Compressão
Na flexo-compressão o esforço normal produz tensão de compressão que é
acrescida pela parcela de compressão provocada pelo momento fletor,
produzindo situações mais desfavoráveis aos problemas de flambagem para
peças esbeltas (intermediárias ou longas).

Figura 76 –Flexo-compressão

Onde:

N  Esforço de compressão
ez e ey  Excentricidades nos eixos z e y, respectivamente

Considere:

M y = N ⋅ e z  Momento fletor em torno do eixo y

Mz = N ⋅ e y  Momento fletor em torno do eixo z

12.2.1 Tensão Atuante de Flexo–Compressão


177

Traçando-se o diagrama de tensões das situações 1 e 2 tem-se:

Figura 77 – Diagrama de tensões da situação 1

Figura 78 – Diagrama de tensões da situação 2

N M
A tensão de flexão composta atuante será: σ at
fc
=− ±
S wy

N M
A máxima compressão será: σ máx
fc
= − −
S w y
178

N M
Na borda comprimida teremos: σ fc = − +
S wy

N M
Observe que dependendo da magnitude das tensões e a seção
S wy

poderá ficar totalmente comprimida.

12.2.2 Considerações de Segurança na Flexo–Compressão

No caso da flexo-compressão deve-se verificar duas condições de


segurança à nível de estado limite último, sendo uma a nível de resistência e
outra a nível de estabilidade à flambagem para peças com índice de esbeltez
maior que 40 (λ ≥ 40). Além destas duas condições deve-se verificar a peça à
nível de estado limite de utilização.

12.2.2.1 Condição de Resistência – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

Conforme os critérios da NBR-7190: 1997 a condição para a máxima


compressão é dada pela mais rigorosa das duas expressões:

2
 σNt,d 
a)   + σMz,d + k M ⋅ σMy,d ≤ 1
f  f c 0,d f c 0,d
 c 0,d 

2
 σNt,d 
b)   + k M ⋅ σMz,d + σMy,d ≤ 1
f  f c 0,d f c 0,d
 c 0,d 

Onde:

σNt,d  Tensão atuante do esforço de compressão


σMz,d  Tensão atuante do momento em torno do eixo z
σMy,d  Tensão atuante do momento em torno do eixo y
fc0,d  Resistência de cálculo à compressão paralela às fibras
kM  Coeficiente de correção
179

kM = 0,5 (para seção retangular)


kM = 1,0 (para demais seções)

As situações “a” e “b” apresentadas acima, devem ser verificadas quando a


carga normal atua na seção, gerando tensões de momento em torno do eixo “z” e
“y” simultaneamente. A situação “a” ocorrerá quando a verificação da tensão de
momento estiver atuando em torno do eixo “z”, e a situação “b” quando a
verificação da tensão de momento estiver atuando em torno do eixo “y”.

Caso ocorra somente a atuação de um momento na seção (casos 1 e 2


descritos anteriormente), devemos considerar, na expressão, a outra parcela nula:

2
 σNt,d 
Situação 1    + σMy,d ≤ 1
f  f c 0,d
 c 0,d 
2
 σNt,d 
Situação 2    + σMz,d + ≤ 1
f  f c 0,d
 c 0,d 

12.2.2.2 Condição de Estabilidade – ESTADO LIMITE ÚLTIMO

a) Peças Intermediárias (40 < λ ≤ 80)  A verificação é feita conforme o


exposto no capítulo 7, item 7.4 deste trabalho, com a seguinte expressão:

σNd σMd
+ ≤1
f co,d f co,d

Sendo que no cálculo de “Md” deve-se calcular a excentricidade e1


M1d h
considerando e i = ≥ , como explicado no item 7.4.1, sendo M1d = My ou Mz,
Nd 30
dependendo do plano em que se está estudando.

b) Peças Longas (80 < λ ≤ 140)  A verificação é feita conforme o exposto


no capítulo 7, item 7.5 deste trabalho, com a seguinte expressão:
180

σNd σMd
+ ≤1
f co,d f co,d

Considerando-se os mesmos critérios para o cálculo de e1, como exposto


anteriormente.

12.2.2.3 Condição de Segurança – ESTADO LIMITE DE UTILIZAÇÃO

Deve-se levar em consideração os mesmos critérios apresentados no


estado limite de utilização de peças submetidas a esforços de flexão simples,
apresentados no capítulo 11 deste trabalho.

12.2.3 Exemplo de Dimensionamento à Flexo-Compressão

Seja um pilar de ipê, bi-rotulado suportando uma carga excêntrica como mostrado

abaixo:

Figura 79 – Exemplo flexo-compressão

Valores da carga excêntrica N:


181

• Carga Permanente = 2000 daN


• Carga de Vento = 500 daN

Verifique a segurança da peça.

Solução:

12.2.3.1 Verificação no ESTADO LIMITE ÚLTIMO

12.2.3.1.1 Verificação da Resistência

1) Determinação dos Valores de Cálculo

1.1) Esforço de Cálculo de Compressão

1.1.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Vento  Ação variável principal

1.1.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)

1.1.3) Valor da carga de cálculo:

m  n 
Nd = ∑ γ gi ⋅ Ngi,k + γ q  Nq1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ Nqj,k 
i =1  j=2 

Nd = 1,4 ⋅ 2000 + 1,4 ⋅ (0,75 ⋅ 500 + 0 )


182

Nd = 2800 + 525

Nd = 3325 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

1.2) Esforço de Cálculo do Momento

1.2.1) Valores característicos dos Momentos


ez = 7,5cm
 Carga Permanente  Mp = 2000 . 7,5 = 15000 daN.cm
 Vento  Mv = 500 . 7,5 = 3750 daN.cm

1.2.2) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Vento  Ação variável principal

1.2.3) Determinação dos coeficientes:


 Carga Permanente  γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44)
 Vento  γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45)

1.2.4) Valor da carga de cálculo:

m  n 
Md = ∑ γ gi ⋅ Mgi,k + γ q  Mq1,k + ∑ ψ 0 j ⋅ Mqj,k 
i =1  j=2 
183

Md = 1,4 ⋅ 15000 + 1,4 ⋅ (0,75 ⋅ 3750 + 0 )

Md = 21000 + 3937,50

Md = 24937,50 daN.cm

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação

em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

2) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

2.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod)


Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3

Kmod,1 = 0,60  Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada.

(Tabela 16, pág. 54)

Kmod,2 = 1,00  Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo

serrada. (Tabela 17, pág. 54)

Kmod,3 = 0,80  Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55)

Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48


184

2.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k)


De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,

determinar o valor da resistência característica como sendo:

fco,k = 0,7 . fco,m

fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm²

A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator 0,7

pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53 deste

trabalho.

2.3) Coeficiente de minoração (γw)


γw = 1,4  Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55)

2.4) Resistência de cálculo (fco,d)


f co,k
f co,d = K mod ⋅
γw

532
f co,d = 0,48 ⋅  fco,d = 182,40 daN/cm²
1,4

3) Tensões Atuantes

3.1) Tensão Normal

Nd 3325
σNd = =
S 10 ⋅ 15
185

σNd = 22,17 daN/cm²

3.2) Tensão de Flexão

Md 24937,50
σMd = ⋅y = ⋅5
Iy  15 ⋅ 10 3 
 
 12 
 

σMd = 99,75 daN/cm²

4) Verificação da Condição de Segurança

2
 σNt,d 
  + σMy,d ≤ 1
f  f c 0,d
 c 0,d 
2
 22,17  99,75
  + ≤1  0,56 ≤ 1 OK!!
 182,40  182,40

12.2.3.1.2 Verificação da Estabilidade

7) Determinação da esbeltez da peça

b ⋅ h 3 15 ⋅ (10 )3
Iy = = = 1250 cm4 (Momento de Inércia em torno do eixo y)
12 12

Iy 1250
iy = = = 2,89 cm (Raio de Giração em torno do eixo y)
S 15 ⋅ 10
186

220
λ= Lo
= = 76,13
imín 2,89

Como 40 < λ ≤ 80  Peça intermediária

8) Determinação do Valor da Carga de Cálculo

Nd = 3325 daN  Determinado anteriormente na questão

M1d = 24937,50 daN.cm  Determinado anteriormente na questão

9) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d)

fco,d = 182,40 daN/cm²  Determinado anteriormente na questão

10) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd)

σNd = FSd
187

3325
σNd =  σNd = 22,17 daN/cm²
150

11) Determinação da tensão atuante devido o momento fletor (σMd)

Md
σMd = ⋅y
Imín

5.1) Determinação do momento Md

5.1.6) Determinação do módulo de elasticidade efetivo


E co,ef = K mod ⋅ E co,m

Kmod = 0,48  Determinado na questão

Eco,m = 18.011 MPa = 180.110 daN/cm²  Tabela 13, pág. 51

Eco,ef = 0,48 . 180110 = 86452,80 daN/cm²

5.1.7) Determinação da carga crítica de Euler

π 2 ⋅ E co,ef ⋅ Imín
FE =
L o2

= π 2 ⋅ 86452,80 ⋅ 11250 = 198328,88 daN


FE
(220 )2
188

5.1.8) Determinação da excentricidade e1


e1 = ei + ea

M1d 24937,50
ei = = = 7,5cm
Nd 3325

Lo 200
ea = = = 0,67cm
300 300

e1 = 7,5 + 0,67 = 8,17cm

5.1.9) Determinação da excentricidade de cálculo

 FE 
e d = e1 ⋅  
 FE − N d 

 198328,88 
e d = 8,17 ⋅   = 8,31cm
 198328,88 − 3325 

5.1.10) Determinação do momento de cálculo atuante

Md = Nd ⋅ e d

Md = 3325 . 8,31  Md = 27630,75 daN.cm


189

5.3) Determinação do valor de y

y = 5cm  Distância entre o eixo y até a extremidade da peça

5.3) Tensão atuante devido o momento fletor

Md
σMd = ⋅y
Imín

27630,75
σMd = ⋅5  σMd = 110,52 daN/cm²
1250

12) Verificação da condição de segurança

σNd σMd 22,17 110,52


+ ≤1  + ≤1  0,73 ≤ 1 OK!
f co,d f co,d 182,40 182,40

12.2.3.2 Verificação no ESTADO LIMITE DE UTILIZAÇÃO

1) Determinação da Carga de Cálculo

1.1) Considerações das Ações:


 Carga Permanente  Ação permanente de grande variabilidade
 Vento  Ação variável principal
190

1.2) Determinação dos coeficientes:


 Carga Acidental  ψ2 = 0,2 (local em que não há predominância de
pesos de equipamentos fixos) (Tabela 9, pág. 45)

1.3) Combinação das Ações:


m n
F d,uti = ∑ F gi,k + ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
i =1 j =1

1.3.1) Carga Permanente

Fd,uti = 2000 daN  Valor total, considerando a primeira parcela da


combinação (Fgi,k)

1.3.2) Carga Acidental

n
F d,uti = ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
j =1

Fd,uti = 0,2 . 0,75 . 500

Fd,uti = 75 daN

Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua


transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho.

2) Determinação da Flecha Atuante

As flechas ocorrerão devido aos carregamentos permanentes e acidentais. Dessa


maneira calculamos separadamente:
191

2.1) Carga Permanente

Figura 80 – Flecha devido a carga permanente

M ⋅ L2
v máx (P) = (Flecha máxima calculada pelas teorias elásticas)
9 ⋅ 3 ⋅ E ⋅ Iy

Obs: Não será levado em consideração o efeito da força normal à nível de


deflexão.

Onde:

M  Momento fletor aplicado


L  Comprimento da peça
E  Módulo de elasticidade do material
Iy  Momento de inércia em torno do eixo y

2.1.1) Valor do Módulo de Elasticidade do Ipê (E)


De acordo com a espécie em estudo – ipê, podemos, através da Tabela 13, pág. 51,
determinar o valor do módulo de elasticidade característico como sendo:
192

E co,k = 0,7 ⋅ E co,m


Eco,k = 0,7 . 18011 = 12607,70 MPa = 126077 daN/cm²
A determinação do módulo de elasticidade característico pode ser calculado
multiplicando-se o fator 0,7 pelo módulo de elasticidade médio encontrado por
laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53 deste trabalho.

2.1.2) Valor do Momento de Inércia em torno do eixo y (Iy)

b ⋅ h 3 15 ⋅ (10 )3
Iy = = = 1250 cm 4
12 12

2.1.3) Valor da Deflexão máxima devido a Carga Permanente

M ⋅L2 15000 ⋅ (220 )2


v máx (P) = =
9 ⋅ 3 ⋅ E ⋅ Iy 9 ⋅ 3 ⋅ 126077 ⋅ 1250

vmáx(P) = 0,30 cm

2.2) Carga Acidental

Figura 81 – Flecha devido a carga acidental


193

M ⋅L2
v máx ( A ) = (Flecha máxima calculada pelas teorias elásticas)
9 ⋅ 3 ⋅ E ⋅ Iy

Obs: Não será levado em consideração o efeito da força normal à nível de


deflexão.

Onde:

M  Momento fletor aplicado


L  Comprimento da peça
E  Módulo de elasticidade do material
Iy  Momento de inércia em torno do eixo y

2.2.1) Valor do Módulo de Elasticidade do Ipê (E)


Eco,k = 126077 daN/cm²

2.2.2) Valor do Momento de Inércia em torno do eixo y (Iy)

b ⋅ h 3 15 ⋅ (10 )3
Iy = = = 1250 cm 4
12 12

2.2.3) Valor da Deflexão máxima devido a Carga Acidental

M ⋅L2 562,50 ⋅ (220 )2


v máx ( A ) = =
9 ⋅ 3 ⋅ E ⋅ Iy 9 ⋅ 3 ⋅ 126077 ⋅ 1250

vmáx(A) = 0,01 cm

2.3) Deflexão Máxima Total:

v máx ( T ) = v máx (P) + v máx ( A )


194

v máx ( T ) = 0,30 + 0,01

vmáx(T) = 0,31 cm

3) Verificação da Condição Imposta pela NBR 7190: 1997

De acordo com a norma, a deformação limite para as construções correntes nos vãos
é de:

L / 200 = 220 / 200 = 1,10cm

Assim sendo a deflexão máxima deve ser menor ou igual a 1,10cm. Como vmáx(T) =
0,31, temos:

0,31 ≤ 1,10 OK!!


195

13 FLEXÃO OBLÍQUA

É a situação onde atuam momentos simultâneos nos dois eixos principais


da seção, como mostra a figura abaixo:

Figura 82 – Seção atuando flexão oblíqua

Em estruturas de madeira esta solicitação ocorre, normalmente nas terças


de telhados como ilustra a figura abaixo:

Figura 83 – Terça de telhado

Onde:

q  Carga uniformemente distribuída ao longo da terça.


Mz  Momento em torno do eixo z, provocado pela componente qy
My  Momento em torno do eixo y, provocado pela componente qz
qy e qz  Decomposição da carga nos eixos y e z, respectivamente
196

13.1 Tensão Atuante


Esta tensão deve ser calculada nas bordas, nos pontos onde ocorrem as
máximas trações e máximas compressões como mostrado a seguir.

Figura 84 – Tensão atuante na flexão oblíqua

Pela figura 84, observa-se que para esta situação tem-se:

My Mz
• Máxima compressão  σ − = − − (no ponto B)
wy wz

My Mz
• Máxima tração  σ + = + + (no ponto C)
wy wz

Onde:

wy  Momento resistente da seção em torno do eixo y


wz  Momento resistente da seção em torno do eixo z

13.2 Condições de Segurança

13.2.1 No Estado Limite Último


197

A norma brasileira especifica neste caso a verificação pela mais rigorosa


das duas condições seguintes, tanto em relação às tensões de tração quanto às
de compressão paralela:

σMz,d σMy,d
+ kM ⋅ ≤1
f wd f wd

σMz,d σMy,d
kM ⋅ + ≤1
f wd f wd

Onde:

σMz,d e σMy,d  Tensões máximas devidas às componentes de flexão


atuantes segundo as direções principais.
fwd  Respectiva resistência de cálculo, de tração ou de compressão
conforme a borda verificada.
kM  Coeficiente de correção
kM = 0,5 (seção retangular)
kM = 1,0 (demais seções)

13.2.2 No Estado Limite de Utilização

Neste estado deve-se compor os carregamentos com a seguinte expressão:

m n
F d,uti = ∑ F gi,k + ∑ ψ 2 j ⋅ F qj,k
i =1 j =1

Verificando em cada plano se as máximas deflexões (vz e vy) estão dentro


dos limites impostos pela norma e citados no capítulo 11.
198

14 CONCLUSÃO

Do que foi exposto neste trabalho, conclui-se que a nova metodologia de


dimensionamento das estruturas de madeira, usando critérios de combinações de
carregamento para os estados limites de resistência e utilização, ficaram mais
rigorosos em relação aos efeitos probabilísticos de ocorrência das ações, além de
melhor aproveitar as características mecânicas do material.

Fato este que levou a um dimensionamento mais criterioso destas


estruturas, pois ficou-se com liberdade para inserir coeficientes de segurança
tanto nas ações como no material. Os coeficientes que se referem ao material
levam em consideração as propriedades da peça em função da sua qualidade,
que vai desde sua classificação mecânica até o seu teor de umidade.

Comparando-se com as normas antigas, um fato, porém, não mudou, o


critério de verificação da resistência sempre relaciona a tensão atuante com a
admissível. No entanto estas tensões estão devidamente adequadas às
condições reais de uso da estrutura. Observou-se uma mudança radical na
metodologia de cálculo, aparentemente de um modo mais complexo, porém com
uma idéia global de unificar os métodos de dimensionamento das estruturas, quer
sejam de madeira, concreto e aço.

Sabendo-se da necessidade dos estudantes e profissionais terem de se


adequar às novas metodologias de cálculo impostas pela NBR 7190: 1997, e a
escassez de recursos bibliográficos sobre o assunto, procurou-se desenvolver
este trabalho, esperando que ele sirva de subsídio teórico a todos aqueles que
usam a madeira como elemento estrutural.

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