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ATENDIMENTO FRATERNO
MANUAL DO ATENDENTE
Baseado no
“PROJETO MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA”
Adaptação:
Cristina Kramer
Francisco Senna
Pedro Tarjano
Saadia Bastos
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................ 1
NO AMBITO DA AÇÃO ................................................................. 2
NO LAR ............................................................................................ 2
NO TRABALHO .............................................................................. 3
NA VIA PÚBLICA ........................................................................... 4
NO TRANSPORTE COLETIVO ...................................................... 4
NA CASA ESPÍRITA ........................................................................ 5
O ATENDIMENTO FRATERNO .................................................... 7
O ATENDENTE FRATERNO .......................................................... 8
CRITÉRIOS E CONDIÇÕES............................................................ 11
FASES DO ATENDIMENTO FRATERNO..................................... 13
PROBLEMAS COMUNS ................................................................. 15
CONFLITOS DE RELACIONAMENTOS ...................................... 16
CONFLITOS SEXUAIS ................................................................... 17
DEPRESSÃO .................................................................................... 18
SÍNDROME DO PÂNICO ............................................................... 19
ABUSO DE DROGAS ..................................................................... 20
MEDIUNIDADE .............................................................................. 21
OBSESSÃO ...................................................................................... 22
PROVAS E EXPIAÇÕES ................................................................ 24
PERDA DE ENTE QUERIDO ......................................................... 25
DIFIICULDADES SÓCIO-ECONÔMICAS ................................... 28
PRÁTICAS ESPÍRITAS E ORIENTAÇÕES COMUNS ............... 30
INTRODUÇÃO
“VINDE A MIM, TODOS VÓS QUE ESTAIS AFLITOS E SOBREGARREGADOS, E EU VOS ALIVIAREI.”
(JESUS)
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NO ÂMBITO DA AÇÃO
(Equipe do Projeto “Manoel Philomeno de Miranda”)
Os problemas que aturdem as criaturas humanas, nos dias de hoje, são os mais
diversificados possíveis e vão, desde a necessidade pura e simples do conhecimento, às
angústias superlativas dos que se encontram sobraçando os mais pesados fardos. Nesta
variada gama está a clientela que busca o Atendimento Fraterno dos Centros Espíritas.
Uns perderam entes queridos e não conseguiram superar a dor dessas perdas; outros,
não alcançando um relacionamento estável na vida afetiva ou familiar, transferem para
o convívio social os seus conflitos, desajustando-se e fracassando nas metas
programadas; alguns, pedindo por outros, tocados de compaixão ou incomodados pelo
desequilíbrio daqueles com quem se relacionam; há os vitimados pela pobreza, pelo
desemprego, cuja problemática, conquanto de ordem material, tem raízes e
implicações mais profundas; também, entre essa clientela, se incluem os viciados,
vítimas de si mesmos mas, de certo modo, atingidos pelo meio hostil de uma sociedade
ainda não transformada pelas luzes do Evangelho; incluem-se os doentes de toda
ordem: da mente, do corpo e da emoção, em processos demorados de inadaptação
social; por fim, os que, de uma hora para outra, se vêem a braços com desafios
superiores às suas forças. Todos pleiteando soluções específicas e encaminhamentos
adequados para suas dificuldades.
Em síntese, poderíamos dizer que o alcance do Atendimento Fraterno englobe
as diversas nuances do sofrimento humano e diretamente os problemas engendrados
pelo ego personalístico, que propelem os indivíduos à utilização incorreta do livre
arbítrio. Destaque para a problemática da obsessão, a doença do século, ainda pouco
considerada — pois de permeio com muitos desses conflitos humanos estão as
interferências espirituais variadas, gerando alterações do comportamento e da emoção
de ampliados riscos e consequências.
É o Centro Espírita um campo de trabalho, entre tantos outros, onde o Cristo
espera que a distribuição de Sua misericórdia seja prodigalizada. Todavia, a atividade
de ouvir e orientar-dialogando está presente em todo lugar, é parte da vida, podendo e
devendo ser exercida onde se esteja. Não há quem não se recorde que, em algum
momento da existência, precisou ser ouvido e auxiliado por outrem a encontrar um
rumo, a solucionar um conflito interno. Esse alguém pode ter sido o pai, a mãe, um
professor, um amigo ou mesmo um estranho que se aproximou, providencialmente, a
partir daí fazendo-se o benfeitor a favorecer com elementos decisórios importantes
para o existir. Propomos, a seguir, algumas situações ou oportunidades onde o
Atendimento Fraterno se impõe como dever daqueles que disputam a honra de ajudar e
servir.
NO LAR
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Quando notar, no seu filho, os primeiros sinais da conduta anti-social e anti-fraterna,
aborde-o com bondade austera, evitando que a repetição da ocorrência crie o hábito
infeliz. Erradique no nascedouro as raízes do mal, não permitindo que a falta de
atenção lhe tolde a visão do que é mais essencial para a sua própria vida: os deveres
que o amor impõe no cuidado e zelo com as plantas tenras que Deus lhe confiou.
Notando que alguém do círculo familiar vive dificuldades ásperas, inerentes ao
carreiro evolutivo, adiante-se para oferecer sua contribuição de ajuda, tornando-se
solidário. Conquanto não deva assumir por ele os deveres que a ele compete,
contribua, de algum modo, passando as suas experiências e dando, com ele, os passos
necessários para que se sinta seguro e amparado. Receite, incessantemente, o tônico
preventivo do amor, ensinando dentro do lar os caminhos de Deus e da retidão de
caráter, através do próprio exemplo, antes que o “fermento” deteriorado das
influências alheias arraste os filhos d’alma para o corredor escuro das viciações.
Ensinamentos sonegados no lar, colheita de êxitos diminuída.
NO TRABALHO
Não se isole do companheiro que divide com você as horas estafantes de sua
jornada de trabalho. Estando emocionalmente a ele ligado, em surgindo na vida do
colega a dificuldade moral e o momento inquietante, eis o seu instante de
compartilhar-ajudando, extravasando sentimentos fraternais em ondas de amizade
pura. O verbo, utilizado a serviço da compreensão, é como gotas de remédio oportuno
para minimizar aflições e abrir horizontes alentadores de otimismo e de esperança. Se
hoje você ajuda, mais adiante poderá ser aquele que necessita ser ajudado. Esforce-se
para conservar o bom humor, para que não seja você o interruptor a desligar o circuito
da alegria, destoando dos demais. Porém, a pretexto de estar bem com todos não
comungue com o anedotário vulgar e a conversação vazada em termos maledicentes e
depreciativos. Todos acabarão se acostumando com o seu jeito de ser e respeitando os
valores morais de seu caráter reto. Essa é uma mensagem de auxílio que você passa
silenciosamente. Ante o rastilho de pólvora da desconfiança e da competição
inescrupulosa. seja sua a palavra sensata, a atitude fiel e o comportamento recatado
quanto nobre. É de real valor a presença de alguém que se pronuncie com
equanimidade e justiça onde medra a discórdia. Disfarçada ou não. Defenda princípios
de cooperação, valorizando o esforço de todos. Não explorar nem se deixar explorar é
atitude educativa que abre, sempre, possibilidades para trocas de qualidade superior.
Passe uma mensagem não verbal que traduza a sua alegria de viver, mantendo-se
organizado e disponível. Uma decoração personalizada em sua sala de trabalho, uma
mensagem otimista, emoldurada num quadro de parede ou sobre a sua carteira, pode
ser o toque de sua presença falando à intimidade das outras pessoas.
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NA VIA PÚBLICA
— “Não fosse este encontro com você e, talvez, eu desse cabo da minha vida,
pois estava desesperado”.
NO TRANSPORTE COLETIVO
Verifique, sempre, quem está sentado ao seu lado, familiarizando-se com aquela
fisionomia que lhe parece desconhecida. Pense: “Poderá ser alguém que esteja
enfrentando as dificuldades naturais da existência, carregando, nos ombros, difíceis
problemas íntimos; senão, poderá ser um amigo que a vida está me trazendo de volta”.
Tente auscultar o que transita na mente da pessoa, mantendo uma conversação
amistosa; aborde um assunto agradável para sondar-lhe a alma e, notando algum
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indício de qualquer carência relacionada com a personalidade fragilizada, fale da
necessidade da comunhão com o Criador, que sempre dá sinal de Seu amor pelas
criaturas através de uma infinidade de meios, e, em particular, pelos fios invisíveis do
pensamento quando, em prece, a Ele nos ligamos. Demonstre o seu interesse por
aquilo que ele fala pois, assim, terá a oportunidade de prender a atenção do novo
amigo para o que você lhe quer transmitir. E passe-lhe pequenas notas de compreensão
e de interesse, construindo, a partir daquele instante, vínculos novos de amizade
fraternal. É a sua oportunidade para, discretamente, aplicar os recursos de uma
construção de ajuda, sem interesses subalternos. Introduza, nos sentimentos dessa
pessoa, que lhe parece um estranho, a força estimulante da sua afetividade, qual o bom
samaritano que usa dos recursos da caridade ao próximo sem a preocupação de
identificar-se. Não se preocupe em tornar-se inoportuno. Fale sem constrangimento,
atirando a semente de bom humor no solo promissor daquela alma merecedora de
atenção. Sentado ao lado de um rapaz, visivelmente deprimido, na classe de um trem
suburbano, aquele coração gentil conseguiu saber, através de suas habilidades
interpessoais, do grande drama que se escondia naquele coração:
— “Minha prisão envergonhou meus pais. Nenhum dos meus parentes visitou-
me durante os oito anos que passei na Penitenciária Estadual pagando a dívida que
contraí para com a Sociedade.” O rapaz conjecturava que isso tivesse acontecido
porque seus genitores eram pessoas de poucas letras e sem recursos financeiros para
viajar. No entanto, uma grande interrogação o inquietava a todo instante: “Será que
os meus entes queridos já me perdoaram?” Para facilitar as coisas, escrevera
previamente para eles, dizendo que colocassem um aviso qualquer onde o trem iria
parar, a fim de facilitar a sua decisão de continuar viagem ou regressar
definitivamente ao lar. Quando o comboio de ferro se aproximou da cidade, embora
as palavras otimistas e cheias de esperança que o amigo inesperado lhe dissera, o
jovem não estava em condições psicológicas de olhar para a janela com o intuito de
verificar a mensagem que os pais tinham para ele. Seu companheiro de viagem
delicadamente ofereceu-se para essa incumbência, trocando de lugar com ele e se
pondo a observar através da janela. Minutos depois, colocou a mão no braço trêmulo
do ex-sentenciado dizendo em sussurro e emocionado: — Vê, agora. E o rapaz, com
lágrimas incontidas nos olhos, leu a mensagem de boas vindas: — Bem vindo sejas,
filho de nossa alma”.
NA CASA ESPÍRITA
Ao perceber alguém que chega, por primeira vez, a Casa Espírita a que você
está vinculado por laços de afeição e compromissos de serviços, aproxime-se, sorria,
converse... seja alguém a dar boas-vindas com efusão de legítima fraternidade. Esse
não é um trabalho protocolar e formal da responsabilidade exclusiva de quem dirige a
Casa, mas um impulso espontâneo de quem está feliz com a convivência cristã e, por
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isso mesmo, interessado em expandir sentimentos de amizade. Lembre-se que uma
recepção fria traduz apatia injustificável, e que a presença de alguém na Casa Espírita,
por muito tempo despercebida, demonstra que os que estão ali albergados se
encontram enclausurados em si mesmos e pouco interessados na expansão da Boa
Nova na Terra.
Que seja a sua presença na Casa Espírita uma viagem permanente ao coração de
seu irmão. Integre-se no espírito da alegria, disputando a honra de trabalhar, com todos
e entre todos, sem preocupações hegemônicas ou dominadoras. Cordialidade
permanente, silêncio a qualquer impulso maledicente, o máximo de empenho para o
aproveitamento de toda e qualquer contribuição, sem cobranças, exibicionismos,
querelas... Lembre-se de que, em parte, depende de você o clima de amizade que
atrairá os bons Espíritos. Se, marcas do passado e desafios do presente lhe ameaçam o
compromisso com a postura fraternal, discipline os impulsos e cumpra o seu dever de
trabalhar e servir até que possa amar em profundidade.
Não seja você a pedra de escândalo, nem o ácido dissolvente da amizade, mas,
antes de tudo, um ponto de referência para que o amor triunfe. Cuidado com a
indiferença, o desapreço e as preferências para que tais atitudes não maculem a sua
participação no esforço coletivo. Se o companheiro se afastou, conquanto não saiba o
motivo, interesse-se por ele; nada custa um telefonema, uma visita, uma conversa
estimuladora e, se enfermo, a sua presença junto a ele. São essas atitudes deveres
impostergáveis, sem os quais a convivência cristã deixa de ter sentido, tornando-se
igual a outra qualquer. Às vezes, você deixa de adotá-las, não por descaso, mas por
excesso de trabalho ou preocupações com os seus próprios problemas. Todavia, reveja
a atitude e refaça as prioridades, pois os deveres da solidariedade estão em primeiro
lugar no coração do espírita.
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O ATENDIMENTO FRATERNO
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O ATENDENTE FRATERNO
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O ATENDENTE FRATERNO NÃO PODE:
RECOMENDAÇÕES
“Não façais aos outros o que não gostaríeis que vos fizessem.”
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ATENDIMENTO FRATERNO
CRITÉRIOS E CONDIÇÕES
SABER OUVIR
No desempenho da função do atendente fraterno, um fator muito importante é a
qualidade do ato da audição: —ouvir bem. Normalmente, as pessoas, embora
procurando escutar atentamente, só se inteiram da metade do que ouvem. No período
de minutos conservam somente um percentual muito baixo daquilo que ouviram.
(Equipe do Projeto)
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Humana na área da audição, chegando-se à conclusão de não existir grande diferença
no rendimento do ato de ouvir em ambiente barulhento ou silencioso, a depender da
capacidade de ouvir bem de cada pessoa.
INDIFERENÇA: o atendente desinteressado não ouve bem. Nada pesa mais no auto
amor do atendido do que a indiferença com que está sendo ouvido. Quando se
consegue deixar de lado o egoísmo, com o objetivo de ouvir, descobre-se que as
pessoas merecem a nossa atenção e têm dificuldades e problemas que pretendem
compartilhar conosco.
IMPACIÊNCIA: o ato de ouvir exige, de quem ouve, associar-se a quem fala, e vice-
versa. Necessário empenho de quem fala para fazer-se compreendido, e de quem ouve
para compreender. Qualquer emoção perturba o processo da audição. As impaciências
são todas emocionais, portanto, desajustadoras do equilíbrio nervoso de quem está
ouvindo.
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atenção presa a uma ocupação antecipada, não será possível ouvir bem. A audição é
uma ocupação interna e exige atenção total. A preocupação é intermitente e, por
norma, não se deve ouvir o atendido quando o ouvinte estiver preocupado. Trata-se do
silêncio mental que o atendente deve esforçar-se por adquirir.
ANSIEDADE: Um hábito que deve ser corrigido, O ouvinte ansioso para provar a sua
rapidez de conclusão, antecipa as palavras do interlocutor, dizendo: “Já sei o que você
vai dizer”. Como não poderia deixar de ser, equivoca-se por precipitação, enganando-
se quanto ao que iria dizer a pessoa que faz a narrativa. Isto demonstra dificuldade de
concentração, provocando uma atenção difusa (e não dirigida) com características de
desinteresse, indiferença e uma série de fatores que concorrem para se ouvir mal, sem
que exista na pessoa que está ouvindo qualquer defeito do aparelho auditivo. Como as
pessoas estão mais propensas a falar do que a ouvir, habituadas a interromper,
acontece um efeito desagradável, quando dois indivíduos resolvem falar ao mesmo
tempo, convencidos de que se farão ouvir levantando o timbre de suas vozes.
III. ATENDER:
O comportamento de polidez e de interesse do Atendente, que deverá saber
receber, ter postura adequada durante a entrevista, aproximar-se (não criar
distâncias por superioridade ou excesso de formalismo), prestar atenção
(concentrando-se para ouvir bem e observar as reações do outro). Queremos
particularizar, neste tópico, uma habilidade especial: o saber ouvir, que, além de
impressionar positivamente pelo grau de empatia que vincula ajudador e
ajudado, assegura, através da memorização, a evocação dos elementos fáticos e
opinativos que o ajudado expressa, favorecendo a orientação. Nada pior do que
um ajudador que não presta atenção e que a cada momento precisa recapitular
com perguntas o que ouviu. É nessa fase do ouvir que começa a brotar na mente
do Atendente a inspiração dos bons Espíritos, que deve ser guardada para, no
momento próprio, nas fases seguintes do atendimento, basear a sua orientação.
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IV. RESPONDER:
Não significa tão somente a devolução de respostas às perguntas formuladas
pelo atendido. Responder perguntas é só uma parte desta fase. Responder é
identificar e confirmar com o próprio ajudado o seu problema principal,
escoimando-o dos acessórios inúteis de sua mente em confusão. E expressar
com os próprios, os sentimentos do outro. É, enfim, perceber a linguagem
corporal do outro e o que ela representa como mensagem a ser correspondida
adequadamente. Não há destaque no Atendimento Fraterno para o ato de
perguntar como iniciativa do atendente, porque a ele pouco é dado perguntar, só
o devendo fazer nas seguintes ocasiões:
Quando não entendeu;
Quando o ajudado, mesmo estimulado, não consegue se expressar, não
consegue traduzir seus sentimentos ou está perdido no âmbito de suas
divagações.
V. PERSONALIZAR:
É o momento do ajudado se descobrir como pessoa, perceber o fato de que não
é um agente passivo diante de sua experiência, mas um atuante, uma pessoa
responsável por seus atos, pensamentos e emoções, alcançando a compreensão
de que os outros podem ser, tão somente, agentes estimuladores dessas emoções
(positivas ou negativas). A partir dai, toma-se consciência de deficiências que
precisam ser alijadas e qualidades a ser aperfeiçoadas no esforço da reconquista
do equilíbrio íntimo. Este é um processo muitas vezes doloroso, mas necessário,
por ser a antecâmara do autodescobrimento, que só pode ser alcançado pelos
caminhos do amor, quando o atendente é capaz de passar essa chama divina,
através de palavras e atitudes gentis, e quando o atendido é capaz de recebê-la
através de uma entrega confiante e esperançosa. É por esta razão que se afirma
serem as duas fases iniciais do atendimento, o atender e o responder,
praticamente definidoras do sucesso da ajuda, pois estes são os momentos do
contato pessoa a pessoa em que o amor deve penetrar a alma do atendido
predispondo-o à transformação.
VI. ORIENTAR
Será a parte mais fácil, se o Atendente conhece bem a Doutrina, cabendo-lhe
organizar a sua expressão de forma clara e simples para transferi-la para o
atendido como informações práticas, a partir das quais se definirá um plano de
ação, que o atendido deverá seguir por iniciativa própria, objetivando a solução
almejada.
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PROBLEMAS COMUNS
A maioria dos problemas que chegam são da própria criatura. São problemas
psíquicos, dificuldades emocionais e relacionais, conflitos e agitações mentais.
Importante se evitar o viés de enxergar sempre um Transtorno Obsessivo ou
mediúnico na maioria dos casos que chegam. Lembrar-se da lição espírita "Causas
atuais das aflições" e considerar este ensinamento, estimulando o atendido a fazer a
parte dele, tomando a atitude que lhe será recomendada.
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Exemplos:
CONFLITOS DE RELACIONAMENTO
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CONFLITOS SEXUAIS
(HOMOSSEXUALIDADE – BISEXUALIDADE – TRANSEXUALIDADE)
O que diz a ciência
A homossexualidade deixou de ser considerada doença pela Associação Americana de Psiquiatria
em 1973. No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar a
homossexualidade como um desvio sexual e, em 1999, estabeleceu regras para a atuação dos
psicólogos em relação às questões de orientação sexual.
O seu estudo, por si só, constitui uma excelente terapêutica, visto que auxilia a
libertação de muitos conflitos e encaminha as pessoas para a tomada de atitudes mais
coerentes e seguras diante da vida. Os benfeitores do Alto, nas questões 200 e 201 de
O Livro dos Espíritos (Ed. FEB), deixam claro que os Espíritos não têm sexo, como o
entendemos, e que podem encarnar ora como homem, ora como mulher. E
complementam – “há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de
sentimentos”.
(Revista O Reformador/2010)
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DEPRESSÃO
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1º) Perde sintonia com a Fonte Divina de Energia Vital: O indivíduo não se amando
como deve, com sentimento de autoestima em baixa, afasta de si mesmo, da sua
natureza divina, elo de ligação com a fonte inesgotável do Amor Divino. Além do
mais, o indivíduo ao se fechar em seus problemas e suas mágoas, cria um ambiente
vibracional negativo que dificulta o acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício.
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2º) Gasto Energético Improdutivo: O indivíduo ao invés de utilizar o seu potencial
energético para desenvolver potencialidades evolutivas, vivendo intensamente as
experiências e os desafios que a vida lhe apresenta, desperdiça energia nos sentimentos
de autocompaixão, tristeza e lamentações. Sofre e não evolui.”
SÍNDROME DO PÂNICO
Talvez, o que pareça ruim, a partir da primeira crise, torna-se ainda pior, com o
receio do aparecimento de um novo episódio de pânico, já que a pessoa não tem noção
de quando ela virá. Qualquer estímulo interno, como uma dor, tonteira, aceleração
cardíaca, ou fator externo, como um cheiro, a associação a um lugar, podem remeter a
uma recordação da crise anterior, ou das crises anteriores, desencadeando assim uma
nova crise. A qualidade de vida da pessoa tende a ficar agravada, pois geralmente ela
passa a evitar sair de casa, para não se expor a situações que possam ser embaraçosas
ou difíceis de encontrar uma saída caso tenha uma nova crise. É o chamado medo do
medo.
Joanna de Ângelis, espírito, em sua obra Amor Imbatível Amor, afirma que as
raízes do transtorno do pânico encontram-se na criatura que desconsiderou as
Soberanas Leis e se reencarna com predisposição fisiológica, imprimindo nos genes a
necessidade da reparação dos delitos passados que ficaram sem a retificação, porque
ficaram desconhecidos da justiça humana, porém, não da justiça divina e da própria
consciência. A pessoa abre campo para uma série de resgates, abrindo também campo
para o processo obsessivo, por parte de entidades espirituais que se utilizam dos
arquivos mentais do doente, para manipular seus pensamentos e emoções, criando
quadros aterradores para quem lhe padece o conúbio devastador.
Por isso, o Mestre nos adverte docemente, como encontramos em Mateus 5:25,
concilia-te com o teu inimigo. Isso, porque se podemos nos ter por conta de nossos
melhores amigos, somos também nós mesmos os nossos piores inimigos. Nossos
inimigos maiores são as nossas imperfeições! Nossos piores adversários estão dentro
de nós. Reconciliar é mudar enquanto é tempo. É não permitir-se desencarnar com o
sentimento da culpa, que é tão avassalador. Para aquele que desencarna, a realidade
espiritual é encontrar do outro lado do espelho da vida, aquela realidade que nos
mostra como realmente somos e estamos, sem máscaras a nos ocultar o íntimo.
ABUSO DE DROGAS
MEDIUNIDADE
A mediunidade não "serve contra mau olhado" , não "serve para ganhar na
loteria", não serve para justificar comportamentos anormais. Não "serve para
desobsidiar espíritos". Não é "dom", não é "graça", não é castigo ou punição. É
trabalho contínuo para a construção de um momento diferente, evidenciado no
comportamento de cada um.
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A mediunidade não faz milagres. Não concede "poderes" especiais. Ela não é
fonte de todo o conhecimento. Os espíritos encarnados e os desencarnados envolvidos
no processo mediúnico só conhecem alguma coisa na medida de suas experiências e de
suas vivências.
OBSESSÃO
Allan Kardec salienta (A Gênese, pág. 305) que "Nos casos de obsessão grave,
o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que
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neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele..." Ainda nos orienta o Codificador
(mesma obra, pág. 285), que "Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica
à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe
de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta
quando, por sua extensão e irradiação, o perispírito com eles se confunde. Atuando
esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material
com quem se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo
ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se os eflúvios
maus são permanentes e enérgicos, podem ocasionar desordens físicas; não é outra a
causa de certas enfermidades". Daí a ideia de que "No conhecimento do perispírito
está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis". (Allan Kardec, O Livro dos
Médiuns, cap. I).
PROVAS E EXPIAÇÕES
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Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec lança outras luzes a respeito do tema,
quando explica que o arrependimento das faltas cometidas é o elemento chave para
liberar o Espírito das provações dolorosas e das expiações. O Codificador, assim se
expressa: Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias
para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza as
dores da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação,
contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.
Nesses termos, a libertação do Espírito, ou reparação, indica ser a etapa final da
expiação porque, perante os códigos divinos, não nos é suficiente expiar uma falta, é
preciso anulá-la, definitivamente, da vida do Espírito imortal, pela prática do bem.
A reparação consiste em fazer o bem a quem se havia feito o mal. Quem não
repara os seus erros nesta vida por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa
existência posterior em contato com as mesmas pessoas a quem prejudicou, e em
condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o seu devotamento,
e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.
(www.febnet.org.br)
A dor causada pela perda dos entes amados atinge a todos nós com a mesma
intensidade. É a lei da vida a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única
certeza absoluta no transcorrer da vida será a de que um dia morremos.
Não costumamos pensar muito na morte, não fazendo ela parte das nossas
preocupações mais imediatas. Vamos levando a vida sem pensar que um dia
morremos. Mas daí vem o inesperado, e quando nos deparamos ela bate a nossa porta
arrebatando-nos um ente amado.
Diante de tão terrível e amarga dor, aonde procurar consolo? Aonde procurar
respostas? O que fazer e qual a nossa atitude mais correta para sobrevivermos a ela?
Para entender a atitude dos espíritas diante da dor da perda de entes queridos, é
preciso entender a visão espírita da morte!
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DIFICULDADES SÓCIO-ECONÔMICAS
E outras aflições:
“As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, tem duas
origens bem diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente; a
outra, fora desta vida.
Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são as
consequências naturais do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos
homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu
orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de
perseverança, por mau comportamento ou por não terem limitado os seus desejos!
Quantas uniões infelizes porque resultaram dos cálculos do interesse ou da
vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissensões de disputas funestas,
poderiam ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças
e aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem!
(...)A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O
homem é, assim, num grande número de casos o autor de seus próprios infortúnios.
Mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante para a sua
vaidade, acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela,
enquanto, na verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.”
A Assistência Social deve haver nas Casas Espíritas. Apenas ela não deve ser
maior do que a assistência espiritual, eixo de todo trabalho espírita. Se for possível ter
um Clínico Geral ou um Farmacêutico para melhor atendimento dos irmãos carentes,
devemos tê-los, mas que isso não prejudique as tarefas de reeducação espiritual de
todos os que chegarem em busca de auxílio.
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PRÁTICAS ESPÍRITAS E ORIENTAÇÕES COMUNS
* Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai
de graça o que de graça recebestes”.
* A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro
do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.
* O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas
práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos (casamento,
batizado, extrema-unção), concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas
ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia,
pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.
* O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo
a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.
* A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma
faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da
religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.
* Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da
Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.
* O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para
a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e
entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença,
nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que
cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.
A PRECE
louvar,
pedir,
agradecer.
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A FLUIDOTERAPIA (água e passes)
Roteiro da Reunião:
1. Leitura, sem comentários, de uma página de um livro (por exemplo, Pão Nosso,
Fonte Viva, entre outros);
2. Prece inicial;
3. Leitura e comentários de um tópico de O Evangelho segundo o Espiritismo,
estudado de forma sequencial;
4. Ter próximo um copo com água e ao final, bebê-la;
5. Prece de encerramento.
"Porque onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei presente." Jesus. (MATEUS, 18:20.)
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OUTRAS ORIENTAÇÕES
Muito mais que atender aos interesses da Terra, a Casa Espírita faz nossa
iniciação nos ideais do Céu, mostrando-nos a estrutura e funcionamento das Leis
Naturais, através da divulgação do Espiritismo. Simultaneamente convoca-nos à sua
observância como o único caminho para que nos libertemos de sentimentos inferiores
como o egoísmo, a vaidade, o orgulho, geradores de todos os nossos infortúnios.
Somente assim nos habilitaremos a viver felizes, contribuindo para a construção de um
mundo melhor e uma sociedade mais feliz, com o empenho de nossa própria
renovação.
OBSERVAÇÃO
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