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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

ENGENHARIA CIVIL

ALVENARIA DE VEDAÇÃO RACIONALIZADA

Recife

2019
BERNARDO INOJOSA LYRA

EMERSON BARBOSA DOS ANJOS

GUILHERME MÁRCIO PIMENTEL GAMA SOARES

JUAN RODRIGUES BARROS

LÍVIA CARINA ABÍLIO DE SOUZA SILVA

LORENA MARIA DA SILVA GONÇALVES

RAFAEL FERNANDES SILVA

VANESSA KELLY FREITAS DE ARRUDA

ALVENARIA DE VEDAÇÃO RACIONALIZADA

Trabalho acadêmico prático apresentado a disciplina


de Construção Civil 2 do curso de Engenharia Civil da
Escola Politécnica de Pernambuco como requisito
obrigatório para compor da nota do 1º Exercício
Escolar da referida disciplina.

Docente: Prof. Dr. Alberto Casado

Recife

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2019

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
2. DESCRIÇÃO DA OBRA..........................................................................................5
3. DESCRIÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS..............................................................9
4. PROJETO PARA PRODUÇÃO.............................................................................14
4.1 ASPECTOS DE SEGURANÇA.................................................................14
4.2 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS.....................................................14
4.3 MATERIAIS...............................................................................................15
4.4 SISTEMA DE PRODUÇÃO........................................................................16
4.5 PREVISÃO DE CONCLUSÃO...................................................................17
4.6 INDICADORES..........................................................................................17
5. CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DO SERVIÇO...........................................19
5.1 NORMAS TÉCNICAS E MATERIAIS UTILIZADOS..................................19
5.1.1 BLOCOS DE VEDAÇÃO..............................................................19
5.1.2 ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO.........................................21
5.1.3 TELAS METÁLICAS....................................................................22
5.2 OUTROS MATERIAIS...............................................................................23
5.2.1 COROAMENTO...........................................................................23
5.2.2 MATERIAL DE FIXAÇÃO DA ALVENARIA À ESTRUTURA......23
5.2.3 BLOCOS DE INSTALAÇÕES ELETRICAS.................................24
5.3 REFERÊNCIA DE OUTROS SERVIÇOS...................................................24
6. EXECUÇÃO DO SERVIÇO....................................................................................26
6.1 CONDIÇÕES DE SEGURANÇA................................................................26
6.2 PREPARAÇÃO PARA INÍCIO DOS SERVIÇOS.......................................27
6.3 LOCAÇÃO DA 1ª FIADA...........................................................................28
6.4 ELEVAÇÃO...............................................................................................29
6.5 FIXAÇÃO...................................................................................................31
7. CONCLUSÃO.........................................................................................................32
8. REFERÊNCIAS......................................................................................................33
9. ANEXO...................................................................................................................34

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho elaborado pelos alunos da Escola Politécnica de Pernambuco


tem como objetivo descrever um canteiro de obras no qual está ocorrendo a aplicação
de alvenaria racionalizada. Seguindo as orientações do Prof. Dr. Alberto Casado
Lordsleem Junior, os alunos buscaram, sob a orientação do engenheiro responsável
da obra, caracterizar o canteiro e todo o processo produtivo da alvenaria, levando em
conta seu armazenamento, etapas de produção, indicadores, perdas e prazos. No
trabalho que se segue existe a locação da obra, suas plantas arquitetônicas e
fotografias no canteiro.

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2. DESCRIÇÃO DA OBRA

O objeto de estudo é o Edifício Venâncio Barbosa localizado na Avenida


Ministro Marcos Freire, nº 2654, Casa Caiada, Olinda–PE, (Figura 1). A empresa
responsável pela obra é a Moura Dubeux Engenharia.

A Moura Dubeux é hoje uma das maiores incorporadoras da região reconhecida


como uma empresa de destaque no mercado imobiliário. Com sede em Recife, a
Moura Dubeux focou sua expansão no mercado nordestino. Atualmente em 5 estados
– Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará.

Possui um sistema de gestão integrada com os certificados internacionais de


qualidade, saúde e segurança e meio ambiente - ISO 9001, OHSAS 18001 e ISO
14001. A Moura Dubeux totaliza mais de 3.295.833 m² de área de construção ao longo
de sua história.

Figura 1 - Localização do Terreno

Fonte: Google

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O empreendimento em questão é de uso residencial multifamiliar, com área
total construída de 11.997,95 m² e área do terreno de 2.018,33 m². Sua estrutura é
composta 27 pavimentos sendo semi enterrado, térreo, vazado, 23 pavimentos tipo,
coberta, casa de máquinas e reservatório superior. As áreas comuns são constituídas
de brinquedoteca, terraço, sala de jogos, piscina, espaço fitness, salão de festas e
espaço gourmet. Além de 184 vagas de estacionamento, sendo 2 ou 3 vagas para
cada apartamento.

O pavimento tipo (Figura 2) apresenta três apartamentos, um com área de 100


m² e outros com 128 m² cada um, os apartamentos apresentam a possibilidades de
mudança de layout. O modelo de 100 m² com duas possibilidades de layout, o
primeiro (Figura 3) constituído por sala para 2 ambientes (estar e jantar), 3 quartos, 1
suíte, varanda, cozinha, área de serviço, 1 banheiro social e 1 banheiro de serviço. Já
o segundo (Figura 4) constituído por sala ampliada, 2 quartos, 1 suíte, varanda,
cozinha, área de serviço, 1 banheiro social, 1 banheiro de serviço.

Figura 2 – Planta baixa Pavimento Tipo

Fonte: Moura Dubeux

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Figura 3 - Layout 100 m² com 3 quartos

Fonte: Moura Dubeux

Figura 4 - Layout 100 m² com 2 quartos e sala ampliada

Fonte: Moura Dubeux

O modelo de 128 m² também apresenta 2 possibilidades de layout, o primeiro


( Figura 5) composto por sala para 2 ambientes (estar e jantar), 4 quartos, 2 suíte,
varanda, cozinha, área de serviço, 1 banheiro social e 1 banheiro de serviço. O
segundo layout (figura 6) constituído por sala para 2 ambientes (estar e jantar), 4
7
quartos, 1 suíte,1 suíte master, varanda, cozinha, área de serviço, 1 banheiro social
e 1 banheiro de serviço.

Figura 5 - Layout 100 m² com 3 quartos

Fonte: Moura Dubeux

Figura 6 - Layout 100 m² com suíte master

Fonte: Moura Dubeux

A obra foi iniciada em julho de 2015 e tem previsão de conclusão para abril de
2021. No momento da visita (24 de abril) a obra encontrava-se na execução da
estrutura do pavimento tipo 9 e a alvenaria de periferia do pavimento tipo 5.

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3. DESCRIÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

O canteiro de obras pode ser definido de acordo com a NBR 12284 como as
áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção,
dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência.

Quando o layout do canteiro de obras é projetado de maneira correta, pode-se


observar vantagens, principalmente, no aumento da produtividade e segurança com
a organização dos equipamentos e materiais que serão utilizados, facilitando o fluxo
serviços (SOUZA; SOUZA,2018).

Na obra visitada, o canteiro de obras ocupava o pavimento térreo (Figura 7),


desde áreas de vivência até a estocagem de material, num ambiente de grande
movimentação, porém bem organizado, com sinalizações horizontais e verticais, e
limpo. A estocagem de material como um todo, ficava próxima do acesso de entrada
tanto dos colaboradores, como da entrada de veículos com materiais e também da
caçamba de descarte de resíduos (Figura 8).

Figura 7 – Canteiro de obras (pavimento térreo)

Fonte: Autores

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Figura 8 – Caçamba de resíduos sólidos

Fonte: Autores

Para Ferreira (1998), um canteiro de obras deve garantir a infraestrutura


necessária para a produção do edifício, tendo os recursos disponíveis à medida que
forem necessários. Além disso, esta organização deve considerar a complexidade e
o dinamismo intrínsecos a um canteiro de obras. Desse modo, verificou-se a
sistematização em relação aos blocos cerâmicos utilizados nas alvenarias de
vedação. O estoque estava dividido por tipos de blocos: 9x19x9, 9x19x19, 9x19x39 e
14x19x04. Os tipos de blocos foram separados com sinalização horizontal e
identificados com sinalização vertical por placas, além de estar acondicionados em
pallets, que evitavam o contato direto com o piso e em pilhas amarradas que evitam
quedas recorrentes dos blocos (Figuras 9, 10, 11 e 12).

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Figura 9, 10, 11, 12 – Organização dos blocos no estoque

Fonte: Autores

O canteiro também conta com uma área que produz a marcação dos blocos.
Um profissional trabalha no setor e seguindo as orientações do projeto (Figuras 13 e
14), ele faz as marcações e chumbamento das caixas elétricas nos blocos, pois os
mesmos já são encaminhados para sua determinada localização (parede específica)
preparados para receber a fiação elétrica (Figuras 15 e 16).

Figura 13, 14 – Projetos de blocos elétricos

11
Fonte: Autores

Figura 15, 16 – Blocos com caixas elétricas

Fonte: Autores

No mesmo local, também são produzidas as vergas e contravegas utilizadas


nas esquadrias. Nos dias concretagem, aproveitam-se os trabalhos para preencher
as formas no local e produzir esses elementos, que são também estocados de
maneira organizada também com sinalização horizontal e de fácil acesso no canteiro
(Figuras 17 e 18).

12
Figura 17, 18 – Vergas e contravergas

Fonte: Autores

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4. PROJETO PARA PRODUÇÃO

A racionalização da vedação vertical se caracteriza pelo uso de blocos de


melhor qualidade e uso de blocos compensadores, projeto e planejamento da
produção, treinamento da mão-de-obra, redução do desperdício de materiais,
melhoria nas condições de organização do canteiro, controle de produção,
padronização das atividades de execução e definição de responsabilidades. Através
da utilização dos projetos para produção, o processo de execução da alvenaria de
vedação racionalizada consegue aumentar a produtividade, diminuir os custos, evitar
problemas decorrentes da interferência de serviços entre os subsistemas, o
retrabalho, desperdícios e futuros problemas patológicos.

4.1 ASPECTOS DE SEGURANÇA

Apesar de não haver o encontro com o responsável pela segurança do trabalho


na obra, foi perceptível a quantidade de avisos com cores chamativas e a utilização
de EPI adequado por todo o corpo de funcionário, incluindo a disponibilização de
capacetes para visitantes. Os funcionários detinham luvas, botas, fardamento e
capacetes. Apesar de nenhum colaborador ser visto trabalhando em altura, linhas de
vida puderam ser vistas por toda a construção. Os maquinários estavam isolados
conforme a Norma ABNT NR 18.

4.2 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS

Os projetos necessários para auxiliar a execução correta do serviço são as


plantas de 1ª e 2ª fiada, que contêm a distribuição horizontal dos blocos nas 1ª e 2ª
fiadas; as plantas de passagens de elétrica e hidro-sanitária, contendo a indicação e
a locação de todos os pontos de elétrica e hidro-sanitários que passarão pela laje; os
cadernos de elevação de todas as paredes indicadas nas plantas de marcação; e o
caderno de detalhes construtivos, que considera as particularidades de cada projeto
e processo construtivo. Na obra, cada pavimento dispunha de suas respectivas
plantas, que auxiliam os profissionais durante a execução da alvenaria.

Todos os projetos são compatibilizados pela equipe da Moura Dubeux. Os


projetos de alvenaria, instalações elétricas e hidráulicas são compatibilizados em uma
única planta que apresenta tanto a modulação e coordenação dos blocos como a

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localização das instalações. A passagem das instalações já é previamente definida e,
durante a execução, os eletrodutos já são dispostos dentro dos blocos da alvenaria,
evitando o corte da alvenaria para a sua passagem e, consequentemente, diminuindo
os desperdícios e aumentando a produtividade. As caixas de instalação elétrica por
pontos já são previamente chumbadas nos blocos, na obra, de acordo com o projeto
compatibilizado, que orienta também o local onde elas devem ser colocadas. Na obra
visitada foi possível notar a quebra de algumas partes dos blocos devido, segundo o
engenheiro responsável, à falta de uma caixa de dimensões com maior profundidade,
evitando um “desvio”.

Como os apartamentos da obra possuem opções de configuração diferentes, é


de extrema importância que os profissionais estejam familiarizados com os projetos e
que eles estejam disponíveis para a conferência durante a execução, para evitar erros
e consequentes atrasos ou desperdícios. Todos os projetos estavam disponíveis para
os funcionários que também se utilizavam dos projetos de arquitetura para conferência
dos vãos e a localização adequada das paredes.

4.3 MATERIAIS

Os blocos utilizados são os da família de 14 e 9 cm, encomendados


semanalmente ao fornecedor, com pelo menos dois dias de antecedência, são
assentados com a utilização de paleta e com argamassa de assentamento
estabilizada produzida em usinas, com um tempo de 36 horas para sua utilização,
dando produtividade à obra, uma vez que não é necessária a espera por este material
no início do dia de trabalho. Em alguns casos como em feriados a Argamassa é
estabilizada para 72 horas à pedido que é atendido pela Supermix, fornecedor do
insumo. Algumas paredes necessitam de amarração e utilização de telas, colocadas
de acordo com a necessidade e regidas pelo projeto.

Cada projeto de elevação que possua parede com vãos de portas ou


esquadrias tem a verga e contraverga específica indicado no projeto. Elas são
produzidas na obra, utilizando parte do concreto que sobra do processo de
concretagem. Em média calculasse que ocorra um desperdício de 5% devido o retorno
de bomba, que é reaproveitado para produção das vergas e contravergas.
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As caixas de pontos elétricos que utilizadas em alguns blocos no momento da
visita são as convencionais de 4X2 cm, sendo necessário a quebra de alguns blocos
para a fixação das instalações nas caixas. No entanto, a caixa recomendada em
projeto é a chanfrada fornecida pela polar, ela já se conecta com o conduítes que
passam por dento dos espaços do bloco pela parte de trás da caixa, não sendo
necessário a quebra dos blocos. O construtor encontra-se à espera da chegada das
caixas chanfradas na obra, por isso ainda utiliza a convencional em alguns blocos. As
caixas são fixadas previamente nos blocos, no canteiro da obra, para depois serem
colocadas no local adequado de acordo com os projetos. O corte e a fixação das
caixas não são feitos no local onde os blocos são assentados, mas em local separado,
específico para a utilização de equipamentos de corte.

Nesta obra os blocos utilizados são de 14 e 19 cm. 14 cm para a periferia com a


paginação de 14X19X39, 14X19X19, 14X19X09 e compensador de 4 cm. Na
alvenaria interna os blocos se assemelham, porém é utilizada a largura de 9 cm.
Alguns blocos são cortados em local específico, uma vez que não são fornecidos
separadamente, no tamanho ajustado para aplicação.

4.4 SISTEMA DE PRODUÇÃO

A Moura Dubeux adota o Sistema Toyota de Produção, que objetiva aumentar a


eficiência e eficácia, e a produtividade, evitando desperdícios, eliminando as não
conformidades e os principais problemas industriais como superprodução, gargalos,
ou inventário desnecessário. O ciclo contempla a necessidade de 5 a 7 dias para a
execução de um andar, e é subdividido em alvenaria interna e externa. Elevando de
3 a 4 lajes de alvenaria de periferia para então executar a alvenaria interna.

Para alcançar a produtividade desejada os blocos, a argamassa e os instrumentos


devem estar todos presente no momento de aplicação, assim pelo canteiro é possível
notar os blocos sobre apoios de madeira, evitando contato direto com a laje, e a
argamassa sendo movida por “carrinhos”. Além disto as plantas se encontram ao
centro de todos os funcionários, disponível para a consulta. Todos devem permanecer
devidamente fardados.

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4.5 PREVISÃO DE CONCLUSÃO

Segundo o Engenheiro que acompanhou a visita, a previsão de finalização da


alvenaria de periferia se encontra em Novembro de 2019, um mês após a finalização
da estrutura. A interna deve ser finalizada cerca de três meses após. No momento o
processo de aplicação da alvenaria interna não foi iniciado, neste momento na obra o
corpo de funcionários dedicados à alvenaria é de quatro, com um sendo responsável
pela marcação e outros três pela elevação. O engenheiro prevê que a alvenaria interna
contará com nove profissionais, sendo dois deles ajudantes.

4.6 INDICADORES

A padronização da execução da alvenaria acaba por facilitar a obtenção dos


indicadores de perdas, produtividade e custo. A alvenaria da obra havia sido iniciada
há 30 dias, ainda não sendo possível obter, neste momento, os indicadores, uma vez
que ainda havia funcionários que receberam o treinamento há menor de um mês, com
uma produtividade, portanto, ainda abaixo do esperado, não podendo servir como
passe para indicadores da obra.

Os novos funcionários passam por um treinamento inicial de 10 dias chamado


de PES (Procedimento de Execução de Serviço), onde são mostradas as diretrizes do
serviço e as ações iniciais na entrada do pavimento. Em sequência ocorre uma fase
de adaptação ao serviço até que seja atingida uma produtividade constante, a partir
deste ponto a aferição dos dados para a criação dos indicadores é feita, que considera
o serviço executado em um mês fechado.

Apesar da falta de indicadores concretos, o engenheiro responsável afirma que


com a adoção da alvenaria racionalizada pela construtora, em comparação com o
sistema antigo, que utilizava blocos de 8 furos sem racionalização, houve redução
significativa de desperdício, diminuindo, além da perda de insumos, os custos devido
ao gerenciamento de resíduos com a caçamba estacionária. Antes da adoção da
racionalização o desperdício nas obras segundo o relato era de 1 a 2 caçambas por
semana, hoje é de no máximo 1 caçamba a cada 15 ou 20 dias.
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Com a aferição futura da produtividade é criado um banco de dados onde é
possível estimar os indicadores de cada serviço. Com isso, com a utilização de uma
planilha desenvolvida no Excel, é possível saber a quantidade de funcionários
necessárias para a execução do serviço indicando os seus prazos e a produtividade
média já aferida em obra. Sendo assim, também é possível fazer a comparação da
composição orçada dos serviços, que foi planejada no projeto executivo, e com a
aferição real de cada serviço para saber se houve desvios durante a execução e então
ser possível adotar medidas corretivas para impedir os desperdícios ou o atraso da
obra.

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5. CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DO SERVIÇO

5.1 NORMAS TÉCNICAS E MATERIAIS UTILIZADOS:

5.1.1 BLOCOS DE VEDAÇÃO

Os blocos cerâmicos para alvenaria de vedação devem atender às


normas NBR 15270-1 e NBR 15270-3, enquanto que os blocos de concreto para
alvenaria devem responder quanto à norma NBR 6136. A NBR 15270-1 trata
especificamente dos requisitos necessários para o uso da alvenaria de vedação em
obras, enquanto a NBR 15270-3 aborda os métodos de ensaios, incluindo a
determinação das características geométricas, físicas e mecânicas referentes tanto à
alvenaria de vedação como à alvenaria estrutural.

Figura 19 - Representação dos blocos cerâmicos para vedação

Fonte: NBR 15270.

Na obra visitada, está sendo utilizado os blocos das famílias de 14 para periferia
e de 09 para o interior, com dimensões de 14X19X39, 14X19X19 e 14X19X9, com
compensadores de 4cm. Para interna são utilizados os blocos com dimensões de
9X19X39, 9X19X19 e 9X19X9.

Os Blocos cerâmicos utilizados na obra visitada são das famílias de 14, para
periferia, e de 9, para alvenaria internas. As paginações dos blocos são de 14X19X39,
14X19X19, 14X19X09, utilizando compensador de 4 cm, para alvenaria de vedação
externa, e para a alvenaria interna foram utilizados os blocos com paginações de

19
9X19X39, 9X19X19, 9X19X09, com o intuito de ganhar maior amplitude nos
ambientes internos.

Figura 20 - Representação dos blocos cerâmicos para vedação de periferia.

14x19x04 14x19x39 09x19x19

Fonte: Cerâmica Palma de Ouro

Figura 21 – Blocos cerâmicos devidamente assentados na obra.

Fonte: Autores.

20
Figura 22 – Estoque dos blocos cerâmicos utilizados na obra.

Fonte: Autores.

5.1.2 ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO:

A argamassa para assentamento de blocos de concreto na alvenaria de


vedação deve seguir a recomendação do projetista, sendo a argamassa
industrializada a mais recomendada, pois é um produto mais uniforme e homogêneo.
A argamassa industrializada utilizada deve atender a NBR 13281 – Argamassa para
assentamento e revestimentos de paredes e tetos - Requisitos.

Nesta obra foi utilizada a argamassa estabilizada da Supermix, rodada


em usina e chegando pronta para ser utilizada em obra. A argamassa estabilizada
possui aditivos que permitem a sua estabilidade por 36 horas. Dependendo da
quantidade necessária para utilização em obra e do tempo que ele precisa ficar
armazenada até sua utilização, pode-se fazer modificações quanto a adição do
estatizante com a fornecedora para que ela adicione que garanta uma maior
quantidade de horas de estabilização. Entre seus benefícios estão a diminuição dos
atrasos da execução e aumento da produtividade em relação ao uso da ensacada.

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5.1.3 TELAS METÁLICAS

As ligações de alvenaria e pilar devem ser feitas através do uso de tela


metálicas, regidas pela NBR 10119. Esta norma padroniza as dimensões das telas de
simples torção de malhas quadrangulares com fio de aço e com baixo teor de carbono
zincado, que são especificada pela NBR 10118.

As telas metálicas são usadas com a intenção de prevenir possíveis


descolamentos da alvenaria, elas são aplicadas no pilar com o uso da pistola para
fixação de telas Fita Pino Hilti, de prego a gás, e são dobradas 90º para serem fixadas
no bloco cerâmico.

Figura 23 - Esquema ilustrativo da tela metálica.

Além de fixarem os blocos e os pilares, também são usadas para fixar paredes
internas entre si e paredes externas com as internas.

As telas usadas nesta construção têm arame galvanizado de 1,24 mm de


diâmetro e malha de 7 x 40 mm

Figura 24 - Detalhe da colocação das telas metálicas.

Fonte: Autores.

22
5.2. OUTROS MATERIAIS

5.2.1 COROAMENTO

Com o objetivo de absorver tensões que são criadas no entorno das esquadrias
é necessário a aplicação de vergas e contravergas que transpassam 20% a largura
do vão. Ambas normalmente são vigas de concreto armado usadas acima e abaixo
das janelas, respectivamente, e utilizadas também acima de vãos de portas.

Cada projeto de elevação que possua parede com vãos de portas ou


esquadrias tem a verga específica indicado no projeto, que são produzidas na obra.
Utiliza-se o concreto que sobra da concretagem, pois em média 5% do concreto de
concretagem é desperdiçado devido o retorno de bomba.

Figura 25 - Vergas fabricadas em obra.

Fonte: Autores.

5.2.2 MATERIAL DE FIXAÇÃO DA ALVENARIA À ESTRUTURA

Nas ligações entre as alvenarias com as lajes/vigas superiores, é necessário


utilizar materiais que sejam deformáveis ou rígidos, dependendo do tipo de alvenaria
utilizada (de vedação ou estrutural). Na alvenaria de vedação é fundamental que essa
ligação seja deformável para garantir a absorção das deformações da estrutura e
distribuir os esforços, evitando o surgimento de fissuras na alvenaria.

A fixação é feita com argamassa específica com aditivo ou argamassa de


alvenaria aditivada feito na obra, para garantir a deformabilidade adequada. Na obra,
o fechamento da alvenaria interna só é realizado após a finalização e fechamento da

23
alvenaria de periferia. Já a fixação da alvenaria de periferia é realizada estiverem sido
concluído a execução da alvenaria de três pavimentos acima.

5.2.3 BLOCOS DE INSTALAÇÕES ELETRICAS

Nos blocos utilizados para as instalações elétricas as caixas são fixadas


previamente para facilitar a sua colocação no local adequado de acordo com os
projetos.

Na obra em questão estava sendo utilizadas as caixas convencionais de 4X2.


Porém, a indicação do projeto é para utilizar as caixas chanfradas fornecida pela Polar
para evitar o rasgo durante a ligação da caixa com os conduites, já que a conexão é
feita pela parte de trás. Não estavam utilizando a recomendada pois ainda estavam
esperando a sua chegada em obra, e para não atrasar o cronograma decidiu-se por
utilizar as caixas convencionais.

Figura 26 – Instalações elétricas na Figura 27 – Blocos com caixas


alvenaria com caixa convencional. preciamente chumbadas.

Fonte: Autores. Fonte: Autores.

5.3 REFERÊNCIA DE OUTROS SERVIÇOS


Antes de começar o processo do assentamento da alvenaria ocorre o
tratamento da estrutura, remoção de rebarbas de concretagem em vigas e pilar e é
realizado o chapisco na estrutura. A alvenaria é executada 72 horas após a colocação
do chapisco, devido a cura da argamassa, e para que ocorra uma aderência adequada
entre os blocos da alvenaria e a peça estrutural. Na obra foi utilizada o chapisco
desempenado para estrutura fornecido pela Votorantim.

Quando a alvenaria de periferia é finalizada inicia-se a execução da interna.


Primeiramente é feito a marcação da alvenaria e em seguida é feito o levantamento
24
da primeira e segunda fiadas, tal processo é repetido tanto para a alvenaria de
periferia como para a interna. O levantamento da alvenaria depende também da
finalização do contrapiso, para evitar desvios geométricos que possam prejudicar na
hora da colocação do revestimento cerâmico.

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6. EXECUÇÃO DO SERVIÇO

Antes da aplicação da alvenaria ocorre o tratamento de rebarbas de


concretagem em vigas e pilares, com o chapisco vindo em seguida. A alvenaria é
executada 3 após a colocação do chapisco, permitindo a cura correta. Uma vez que
as necessidades de segurança são cumpridas e a região está limpa de qualquer
excesso de serviços anteriores, é levantada a primeira fiada por um funcionário e um
segundo levanta as fiadas restantes. A aplicação da argamassa se dá utilizando
paletas, em duas regiões de cada bloco, com a fluidez necessária para garantir a cura
do elemento e a boa aderência, ao mesmo tempo em que permite a movimentação
do bloco para ajustes. De forma mais detalha, a alvenaria racionalizada segue um
conjunto de etapas na técnica de sua execução:

Etapas:

1. Condições de segurança
2. Preparação para o início dos serviços
3. Locação da primeira fiada
4. Elevação
5. Fixação

6.1 CONDIÇÕES DE SEGURANÇA

Antes do início da obra, primeira etapa condição de segurança é fundamental,


sendo necessária ser verificada antes do início de qualquer serviço. Para garantir a
segurança de todos, sempre deve ser utilizado os equipamentos de proteção
individual e verificar a existência e condições dos equipamentos de proteção coletiva.
A figura 28 ilustra os equipamentos necessários pelos funcionários e a figura 29
representa um colaborador em execução na obra do edifício Venâncio Barbosa
devidamente protegido com os EPIS necessários.

26
Figura 28 - Equipamentos de proteção individual

Fonte: CAC, 2008

Figura 19 - Colaborador em execução utilizando EPIs.

Fonte: Autores

6.2 PREPARAÇÃO PARA INÍCIO DOS SERVIÇOS

Após a confirmação que todos os membros da equipe estão utilizando os


equipamentos de segurança recomendados, a execução da alvenaria de vedação
racionalizada segue para a etapa de início dos serviços, para isso é necessário a
utilização por parte dos colaboradores dos equipamentos presentes na figura 30. Na
área em que foi permitida a visita do grupo foi permitida, pode-se verificar a maioria
dos itens, dentre os quais: EPI’s, EPC’s, prumo de face, linha de nylon, colher de
pedreiro e palheta. Os outros equipamentos citados na figura foram confirmados pelo
engenheiro.

27
Figura 30 - Equipamentos Necessários

Fonte: CAC, 2008

Para o início da obra o procedimento de estocagem também é fundamental. A


obra, baseada em suas necessidades de materiais, de acordo com o projeto, solicita
ao setor responsável a compra deles, que por sua vez faz uma cotação ou procura
estratégias e adquire os materiais dos fornecedores mais favoráveis. O material é
recebido na obra, onde é estocado e confirmado o recebimento. As figuras 31 E 32
mostra o armazenamento dos blocos na obra.

Figuras 31 e 32 - Estocagem dos blocos

Fonte: Autores

6.3 LOCAÇÃO DA 1ª FIADA

A execução da 1ª fiada é feita inicialmente nas paredes de periferia e depois de


finalizada a elevação da alvenaria dessas paredes é que são marcadas as primeiras
28
fiadas das paredes internas. Todo o processo é feito com a leitura do projeto de
marcação de primeira fiada.
A marcação das primeiras fiadas, tanto nas paredes internas quanto nas externas,
é feita com a colocação de um eixo cartesiano no plano da laje onde são fixadas linhas
de pedreiro e são encontrados os pontos no plano cartesiano para o início da
execução da 1ª fiada da alvenaria.

Nas primeiras fiadas das paredes externas é feito um “colchão de argamassa”, ou


seja, as juntas de argamassa entre as lajes e as primeiras fiadas são executadas em
uma espessura maior. Isso se faz necessário pela diferença de altura proporcionada
pelo posterior revestimento do piso e a necessidade de que as alvenarias externas e
internas tenham a face do bloco de sua 1º fiada no mesmo plano horizontal.

Na primeira fiada das paredes internas os primeiros blocos a serem fixados são
os de encontros com pilares, os de encontros de paredes e aberturas de portas,
devidamente especificados no projeto.

Figura 33 – 1ª Fiada executada

Fonte: Autores

6.4 ELEVAÇÃO

A elevação é feita a partir dos projetos de elevação de cada parede. A numeração


das paredes que está em projeto é marcada na primeira fiada para uma melhor
racionalização das elevações e diminuição de erros. No projeto de elevação são

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localizados os pontos onde serão colocadas as telas metálicas de amarração da
alvenaria a estrutura.

Figura 34 – Elevação da Alvenaria

Fonte: Autores

A alvenaria é elevada, primeiramente as de paredes de periferia, e


posteriormente as internas, estando preparadas para a fixação na estrutura superior.

Nessa etapa são colocados também os blocos com as caixinhas para


instalações elétricas, que são pré montados no setor de trinchos, e são passados os
eletrodutos pela alvenaria.

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Figura 35 – Eletrodutos e caixas para instalações

Fonte: Autores

6.5 FIXAÇÃO

A fixação é feita com argamassa própria, ou seja, com as características


específicas para o serviço. A fiação das paredes de um pavimento só é feito após a
elevação de 3 pavimentos posteriores.

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7. CONCLUSÃO

Após a visita à obra do Edifício Venâncio Barbosa, da Moura Dubeux, foi


observado pelos alunos que a implantação da alvenaria racionalizada, é atualmente
essencial nas obras de vedação vertical. Pois além de reduzir significante a
quantidade de resíduos, a produtividade aumenta e a qualidade do serviço de vedação
vertical apresenta uma melhora significativa. Além disso, para a execução desse
serviço é necessária uma mão-de-obra qualificada e é vantajoso que as empresas
procurem capacitar seus colaboradores para tal.

A alvenaria racionalizada também merece destaque para organização que traz


à obra, principalmente na obra em que foi realizada a visita pode-se notar que a
empresa possui um excelente controle e procura sempre a organização e qualidade
na sua execução. Desta forma, pode-se concluir que a alvenaria racionalizada
apresenta um conjunto de fatores que são essenciais para obtenção de uma obra,
como o próprio nome já diz, racionalizada, organizada e principalmente com
qualidade.

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8. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12284: Áreas de


vivência em canteiros de obras. Rio de Janeiro, p. 1. 1991.

___.NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –


Requisitos. Rio de Janeiro, 2001.

___.NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria — Requisitos. Rio
de Janeiro, 2014.

___.NBR 15270: Componentes cerâmicos Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria


de vedação -Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, 2015.

___.NBR 15270: Componentes cerâmicos Parte 3: Blocos cerâmicos para alvenaria


estrutural e de vedação - Métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2005.

___.NBR 10118:Tela de arame de simples torção – Especificação. Rio de Janeiro,


2002.

___.NBR 10119: Tela de simples torção de malha quadrangular e fios de aço baixo
teor de carbono, zincados - Dimensões – Padronização. Rio de Janeiro, 1987.

SOUZA, W. M.; SOUZA, Á. G. A Importância do Planejamento de Obra. Revista


Pensar Engenharia, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p.5, jun. 2018.

FERREIRA E. A. M., Metodologia para elaboração do projeto do canteiro de obras


de edifício. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 1998.

CAC – Comunidade Acadêmica da Construção. Alvenaria de Vedação com Blocos


de Concreto – Cartilha: Capacitação de Equipamentos de Produção. Out. 2008.

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9. ANEXO

FOTO 36 – AUTORES DO TRABALHO.

FONTE: AUTORES.

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