You are on page 1of 66

TUFFI MESSIAS SALIBA

Engenheiro MecAnico; Engenheiro de Segurança do Trabafho;


Advogado; Ex-professor dos cursos de Pós-Graduação de
Engenhana de Segurança e Medicina do Trabalho;
Dtretor Técmco da ASTEC- Assessoria e Consultoria
em Segurança e Higiene do Trabalho Lida.

,
MANUAL PRATICO
DE AVALIAÇÃO E
CONTROLE DO RUÍDO

-PPRA-
6! edição

11 edição - 2000
21 edição- 2001
3íledição - 2004
41 edição- 2008
s• edição - 2009
61 edição - 2011
L'G
75
{,j tt. '&:) j_,
SJ~StnOu
&..Mi..·
.P-~.. . 3

ILTti
EDITORA LTOA.
© Todos os d ireito" n •!>ervados

Rua Jaguaribc, 571


CEP 01224-001
São Pau lo, SP - Brasil
Fo ne (11) 2167- 1101

Produ ção Gr.liica e Fdi toração Eletrôn ica: RLUX


Projeto de Capa: F.Jbio Giglio
Impressão: Assa hi g ráfica e editor.J

LTr 4482.6
Outubro, 2011

Visite nosso site


www.ltr.com.br
AGRADECIMENTOS
D.1dos lntemacionai~ de Catalogação na Publicação (CIP) Aos profissionais, relacionados a seguir, que colaboraram
(Câmara Brasileira do I.i vro, SP, Brasil) di reta ou indiretamente na elaboração deste manual:
Márcia Angelim Chaves Corrêa- Engenheira
Saliba, Tuff1 Messias
Qui mica e de Segurança do Trabalho.
Manual prático de avaliação e controle do ruído :
PPRA /luffi Mc ....ias Saliba. - 6. ed. -São Paulo: Lênio Sérvio Amaral- Engenheiro de
Llr, 2011.
Segurança do Trabalho.
Bibliografia. Marcos Roberto de Paula- Técnico de
ISBN 978-85-361-1933-5 Segurança do Trabalho.

1. Ambientl' de trabalho - Ruído 2. Medicina do Sofia Conceição Reis Saliba - Auditora


trabalho 3. Poluição sonora 4. Ruído - Controle fiscal do trabalho.
5. Ruído - Efeitos psicológicos 6. Ruído - Medição
I. Título. A todos os ex-colegas da FUNDACENTRO, especialmente
João Cândido de Oliveira e José Manuel Osvaldo Gana
11-08579 CDD-363.746 Soto, pela contribuição técnica e científica em minha
~~~---------------------------------- formação em Segurança e Higiene do Trabalho.
Índict• para çatá logo sistemátiC'o:
L Ruído : Avaliação t' controle : Bem-estar
:.octal 363.746
2. Ruído : Con tro le c .w al iação : Bem-estar
<r><'i,11 11l'\ 746
SUMÁRIO

Apresentação ....... .. ... ........... ... ....... ... ...... ...... ...... ... ...... ..... .. .......... ... ...... 11

PARTE I
Fundamentos Básicos do Som............................................................... 13
1.1. Definição de som ............................................................................. 13
1.2. O decibel........................................................................................... 14
1.3. Nível de pressão sonora .............................. ....... ....... ..................... 15
1.4. Propagação do som......................................................................... 18
1.5. Frequência do som .... ................................... .............. ..................... 18
1.6. Conceito de ruído............................................................................. 19
1.7. Nível de intensidade sonora e nlvel de potência sonora ............. 19

PARTE 11
Avaliação Subjetiva do Ruído................................................................ 21
2.1. Nível de audibilidade ...................................................................... 21
2.2. Níveis de decibéis compensados .... ... .... ....... .... ................ .. ........... 23

PARTE III
Instrumentos de Medição........................................................................ 26
3.1 . Componentes básicos ........ ........................... ........ ..... ................ ..... 26
3.2. Instrumentos utilizados nas avaliações de ruído........................... 27

PARTE IV
Parâmetros Utilizados nas Avaliações de Ruído.................................. 31
4.1. Ruído contínuo e intermitente ......................................................... 31
4.2. Ruído de impacto ou impulsivo....................................................... 31
4.3. Dose equivalente de ruído ou efeitos combinados ....................... 32
4.4. Nível equivalente de ruído ... ..... . ..... ...... ........................... 32
4.5. Nível de corte .............................. ..................................................... 34

- 7-
4.6. Nível de exposição normalizado (NEN) ......................................... 36 7.3.1. Limitação do tempo de exposição ... .. .... ............................ 104
4.7. Análise de frequência ...................................................................... 36 7.3.2. Equipamento de proteção individual - protetores auri-
4.8. Limites de tolerância ........................................................................ 43 culares ................................................................................... 1 04

4.9. Adição e subtração de níveis de ruído ........................................... 43 7.3.2.1. Seleção de protetores auriculares ......................... 104
4.1 O. Subtração de níveis de ruído ........................................................ 47 7.3.2.2. Uso efetivo durante a exposição ............................ 106
7.3.2.3. Fator de proteção - atenuação ...... ...................... 107
PARTE V
7.3.3. Descaracterização da insalubridade e aposentadoria através
Procedimentos de Avaliação de Ruído ..... 50
do uso de EPI..... .......................... .... .... .......... ........... ........... 113
5 1. Avaliação da exposição ocupacional do ruído ............................. . 50
7.3.4. Exames Audiométricos I Programa de Conservação Audi-
5.1.1. Limites de Tolerância ........................................................... . 50 tiva - PCA ...... .. .. ..... .... ............. ............ .... . .. .. .. . .... .... .. .... ... . 114
5.1.2. Instrumentos de medições ...................... .............................. 55
Bibliografia .... .... ..... ....... .... ... .... .......... ..... ....... ..... ....... ....... .............. ...... .. 117
5.1 .3. Procedimentos da avaliação da exposição ocupacional .. . 56
5.2. Avaliação do ruído para caracterização da insalubridade .......... . 63 APÊNDICES
5 3. Avaliação para fins de aposentadoria especial ............................ 67 Apêndice I - Modelo de laudo de avaliação da exposição ocupacional
5.4 Avaliação para fins de conforto e incómodo ........... ..... .............. . 71 ao ruído........................ ......... . ..... ...... ....................... 119

5.5. Avaliação do conforto da comunidade e perturbação do sossego Apêndice 11 - Modelo de laudo de avaliação de ruído para caracteri-
público ......................................................................................... 75 zação de insalubridade ......................... .................. .... 121
5.6. Avaliação de ruído em cabines audiométricas ................................... 79 Apêndice III -Modelo de laudo de avaliação de ruído para conces-
são de aposentadoria especial . ........ .... ... .......... ........ 124
5.7. Avaliação de ruído em teleatendimento .......................................... 84
Apêndice IV - Modelo de laudo de avaliação de ruído para conforto ... 126
PARTE VI
Apêndice V - Modelo de laudo de avaliação de ruldo para pertur-
Efeitos do Ruído no Organismo ............................................................. 86 bação do sossego público ........................................... 128
6 1. Efeitos auditivos do ruído .............................................................. . 89 Apêndice VI - Normas e legislação complementares I Resolução
6.1 1 Trauma acústico .................................................................. . 89 Conama ................................... ..... . .... ..................... 131

6.1 2. Perda auditiva temporária..................................................... 89


6.1.3. Perda auditiva permanente .................................................. 90
6 2. Efeitos extra-auditivos do ruído....................................................... 93

PARTE VIl
Medidas de Controle............................................................................... 97
7 1. Controle na fonte ou trajetória.. ... ..... ........ ........ .... ...... .... .. .. ........ ..... 97
7 2. Controle no meio ou traJetória .... .. .. ......... .......... ... ........................... 98
7.3. Controle no homem......................................................................... 104

- 8- - 9-
PARTE I

FUNDAMENTOS BÁSICOS DO SOM

As oscilações dos sistemas materiais elásticos com a massa


podem constituir-se em estímulos para o nosso organismo que, em
determinadas condições, podem provocar respostas - sensações de
bem ou mal-estar ou problemas.
Quando as oscilações acontecem no ar, podem ser descritas como
variações de pressão atmosférica, originando vibrações ou turbulência.
Se essas oscilações estimulam o aparelho auditivo, temos o som.

1.1. Definição de Som

O som é originado por uma vibração mecânica (cordas de um violão,


membrana de um tamborim, dentre outros) que se propaga no ar e atinge
o ouvido. Quando essa vibração estimula o aparelho auditivo, ela é
chamada de vibração sonora. Assim, o som é definido como qualquer
vibração ou conjunto de vibrações ou ondas mecânicas que podem ser
ouvidas.
-Para a Higiene do Trabalho, costuma-se denominar barulho todo
som que é indesejável.
- O ruído e o barulho são interpretações subjetivas e
desagradáveis do som.
Para que uma vibração seja considerada sonora, é necessário que
atenda às seguintes condições:
a) Possuir valores específicos de frequência, isto é, a frequência
deve situar-se entre 16 e 20.000 Hz, conforme a ilustração a seguir:
infrassom ultrassom

16Hz 20.000 Hz

-13-
Alguns autores mencionam a faixa audível entre 20 e 20.000 Hertz11l . Portanto, no estudo do ruldo a função logarítmica será bastante utilizada.
Sendo assim, é importante destacar as propriedades operacionais dessa
b) A variação de pressão deve possuir um valor mínimo para atingir
função:
o limiar de audibilidade. Essa variação é a diferença instantânea entre a
pressão atmosfénca na presença e na ausência do som, em um mesmo a) Ioga b.c = Ioga b + Ioga c
ponto. Através de pesquisas realizadas com pessoas jovens, sem
problemas auditivos, foi revelado que o limiar de audibilidade é de 2 x 1O a
b) log- =Ioga b -Ioga c
5 N/m2 ou 0,00002 N/m2 . Desse modo, convencionou-se este valor como c
sendo O (zero) dB, ou seja, o nível de pressão de referência utilizado
c) Ioga bc - c Ioga b
pelos fabricantes dos medidores de nível de pressão sonora. Quando a
pressão sonora atinge o valor de 200 N/m2 , a pessoa exposta começa Cabe ressaltar que a escala logarítmica é muito utilizada na acústica
a sentir dor no ouvido (limiar da dor). Esse valor corresponde a 140 dB. e em outros ramos, como, por exemplo, na eletricidade. Nessa escala há
Portanto, a faixa audível em relação à pressão é de acordo com o necessidade de uma referência, nível zero, como será visto posteriormente.
esquema abaixo:
1.3. Nível de Pressão Sonora
limiar de audibilidade faixa audível ' limiar da dor
De maneira geral, os estudos mostram que a sensação humana
2 x 10·5 N/m2 200 N/m~ varia com a intensidade do estímulo, como, por exemplo, percepção
sensorial auditiva, visual, térmica, entre outras. Weber<2> realizou estudos
sobre a variação percebidos por dois estímulos similares. Em um dos
1.2. O Decibel seus experimentos, Weber usou um indivíduo com os olhos vendados
segurando um peso. Em seguida, ele foi aumentando gradativamente
Como mencionado anteriormente, a faixa audível da variação de esse peso e pediu para que o indivíduo se manifestasse sobre sua
pressão é de 0,00002 N/m2 a 200 N/m2• Desse modo, o uso de uma percepção. Nessa experiência, Weber descobriu que a resposta do
escala linear para quantificar a variação dessa pressão é inviável. Nesse indivíduo era proporcional ao aumento da carga (peso). Quando o peso
caso, a solução para medir essa grande variação de faixa audível, 107 era a de um quilo, um aumento de poucas gramas não fora percebido.
vezes, é a escala logarítmica. Porém, quando o peso era aumentado até certo valor, era percebido.
A função logarítmica é definida da seguinte forma: Ioga x = y ~ x = Assim, por exemplo, quando duplicava o peso que o indivíduo segurava,
av. Logo. o logaritmo do número "x" na base "a" corresponde ao expoente sua percepção também dobrava. Seu estudo concluiu que a relação
entre o estímulo e a sensação (percepção) é logarítmica. Esse estudo
a que se deve elevar essa base para se obter o ''x". Exemplos:
vale para outros estímulos, e não somente para sensação de pesos.
log, 0 10 = 1 ~ 10 = 10 Mais tarde, Fechner<3> popularizou a teoria de Weber, daí o nome da Lei
log 10 100 =2 ~ 102 = 100 Weber-Fechner (BISTAFA, 2006).

log 10 1000 = 3 ~ 1()3 = 1000 No caso do som, a sensação também segue a Lei Weber-Fechner. Ou
seja, o aumento da sensação (percepção) é proporcional ao logaritmo do
Observa-se que, enquanto na escala linear há variação de 1O a
1.000 vezes, na logarítmica a variação é apenas de 3 unidades.
(2) Ernst Heinrich Weber (1795-1878), anatom1sta e fisiologista alemão, cons1derado
um precursor da Psicologia Experimental.
(1) GEORGES, Sarnir Nagi Yousri. Ruído: Fundamentos e controle. 2. ed. Florianópolis: (3) Gustav Theodor Fechner (1801·1887), flsico e psicólogo alemão, foi um dos
S.N.Y Gerges. 2000 p. 686. fundadores da Ps1coflsica

- 14 - -15-
estímulo. Exemplo: se a sensação "S" foi provocada por 10 unidades de a) NPS =20 log P + 94
estimulo, a sensação ''2S'' poderá ser provocada por 100 unidades de estímulo. 100 =20 log P + 94
Os aumentos pequenos de sensação requerem grandes aumentos de 100 - 94 =20 log P
estímulos. Essa afirmação, no entanto, é uma aproximação que permite
simplificar o complexo mecanismo de percepção sensorial (ASTETE, 1978). IOQ1o= 6/20

Portanto, com base no exposto, essa é mais uma razão para a


log,oP =0,3 N/m2
utilização da escala logarítmica para avalíação dos níveis de pressão P= 10o.3
sonora; sendo assim, essa determinação é expressa na equação a seguir: P= 2,0 N/m2

NPS ~ 101og( :. J ~
(1)ou NPS 20iog:. (2)
A Tabela 1 mostra a pressão correspondente ao nível de pressão
sonora, bem como um exemplo das possíveis fontes geradoras:
TABELA 1
Onde: Nível de Pressão Pressão sonora Exemplos de fontes
Po é a pressão de referência que corresponde ao limiar de sonora em dB em Nlm2
audibilidade (2 x 1O-s N/m2 ou Pascal); o 0,00002 - limiar audibilidade - sussurro
6 0,00004 - Deserto ou região polar (sem vento)
P é a ratz média quadrática (rms) das variações dos valores
12 0 ,00008
instantâneos da pressão sonora,conforme equação a seguir:
18 0,00016 - Movimento de folhagem

Rms = ~2 + Pi + p32 .. .P; (3}


24 0,00032 -
-
Estúdio de rádio e TV
Quarto de dormir
n 30 0,00063 - Teatro vazio
À medida que as técnicas de medição e clínicas foram sendo 42 0 ,00251 - Sala de aula
aperfeiçoadas, passou-se a constatar que a equação acima representa 48 0,00501 - Restaurante tranquilo
na realidade um modelo matemático da relação estímulo-sensação, mas - Escritório com barulho médio
que não constitui a melhor aproximação à resposta do ouvido humano, 60 0 ,01995 - Rádio com volume médio
pois não leva em consideração a frequência do som. Desse modo, na 66 0,03981 - Rua com barulho médio
medição dos Níveis de Pressão Sonora, é necessário ponderar os valores 72 0,07943 - Pessoa falando a um metro
nas frequências. como veremos na Parte 11. 78 0 ,15849 - Escritório barulhento
Substituindo o valor de Po = 2x 1o-s N/m2 na equação 2, o Nível - Dentro da cabine de um caminhão com
84 0 ,31623 vidros abertos
de Pressão Sonora- NPS pode ser expresso de forma simplificada,
90 0 ,63096 - Banda ou orquestra sinfónica
conforme demonstração a seguir:
96 1,25893 - Indústria barulhenta

NPS=201og P ~NPS=201ogP-201og 2 x 10-


5 100 1,99526 - Sala de compressores
2x1o-5 110 6,30957 - Próximo a um britador
120 19,95262 - Avião a pistão a três metros hmiarda dor
NPS =201og P + 94
-Avião a 1ato a um metro- perigo de ruptura
Exemplo: 140 199,52623 do tímpano
Um medidor de som registra os seguintes níveis de Pressão Sonora
Fonte: adaptação Bistafa (2006).
de 100 dB. O nfvel de pressão correspondente é igual a·

-16- -17-
Conforme comentado anteriormente, a pressão de 0,00002 N/m 2 é Vanaçãode
pressão
o limiar de audibilidade e corresponde a zero dB, enquanto 200 Nlm2 é o 1 CIClo

limiar da dor e equivale a 140 dB. Pela Tabela 1 pode ser constatado
que o acréscimo de 6 dB no Nível de Pressão Sonora dobra a pressão,
ou seja, a energia é o dobro. PMR
Tempo(s)

1.4. Propagação do Som

o som se transmite de forma ondulatória, sendo que a velocidade


dessa transmissão depende das características da onda no meio pelo
qual se propaga.
No ar, a velocidade V do som pode ser calculada com muita 1.6. Conceito de Ruído
aproximação: O som é toda vibração que pode ser ouvida. Essa vibração é
V == velocidade do som denominada sonora e, como mencionado anteriormente, deve possuir
valores de frequência e pressão dentro da faixa audível.
P == pressão atmosférica =10,33 Kg/m 2
Do ponto de vista físico, não há diferença entre som, ruído e barulho;
p = densidade do ar = 1,3 Kg/m 3 no entanto, quanto à resposta subjetiva, ruído ou barulho pode ser definido
como um som desagradável ou indesejável. Assim, por exemplo, numa

V=~1,;:
boate, a música pode ser considerada som para uns e ruído para outros.

1.7. Nível de Intensidade Sonora e Nível de Potência Sonora


v= f x c (m/s)
Além do nível de pressão sonora, outros parâmetros, como o nível
Onde: f =frequência, em Hz de intensidade e potência sonora, são utilizados em acústica para
c =comprimento de onda, em metros especificar o ruído de equipamentos, cálculos de isolamento e estimativa
de ruído que uma fonte produz a determinada distância.
V =velocidade do som, em m/s
A) Nível de Intensidade Sonora
1.5. Frequência do Som O nível de intensidade sonora, também expresso em dB, é igual a:

A frequência do som corresponde ao número de vibrações na I


NIS=101og-
unidade de tempo. Assim, uma vibração completa ou ciclo sobre seu lo
tempo de duração, por exemplo, de 0,01 segundo, é igual a:
Onde:
F = 1 cjclo ou vibração completa = 100 ciclos ou Hertz
I é a intensidade sonora em um ponto específico e a quantidade
0,01 segundo segundo
média de energia sonora transmitida através de uma unidade de área
A figura a seguir ilustra o ciclo de uma vibração, conforme o exemplo perpendicular à direção de propagação do som.
dado.
lo é a intensidade de referência igual a 10'12 watt.
m2

-18- -19-
B) Potência Sonora
Representa a quantidade de energia acústica produzida por uma
fonte sonora por unidade de tempo. PARTE 11
O nível de potência sonora, também expresso em dB, é igual a:

w AVALIAÇÃO SUBJETIVA DO RUÍDO


NWS = 10 log W
o
Onde: 2.1. Nível de Audibilidade
W é a potência sonora da fonte em watts.
Como visto anteriormente, a Lei de Weber-Fechner mostra que o
w0 é a potência sonora de referência igual a 10-12 watts. aumento da sensação ao som é proporcional ao logaritmo do estímulo.
Todavia, em razão ao complexo mecanismo da audição, essa relação é
apenas uma aproximação, pois outros fatores influenciam na percepção
do som, especialmente a frequência.
Fechner, em companhia de Munson, conseguiu, em 1933, estabelecer
uma série de curvas em espaço métrico de nível de pressão sonora
contra frequência, onde era demonstrada a variação dessa sensação de
força relativa à frequência. Foi observado que os tons mais baixos ou
graves requerem mais energia do que os tons médios para serem
escutados com a mesma força, e que estes, por sua vez, requeriam
menos energia que os muito altos ou agudos (ALEXANDRY, 1978).
Portanto, a audição humana não tem sensação igual em todas as
frequências.
Com base nesse estudo, partindo-se de um padrão (frequência de
1.000 Hz), foi medida a resposta subjetiva produzida por determinado
NPS em cada frequência e, com base nesses dados, foram traçadas as
curvas isoaudíveis. Essas curvas foram revisadas em 1956 por Robinson
e Dadson e foram adotadas pela recomendação ISO 226. Em estudo
recente a ISO redefiniu nova curva na norma ISO 226:2003. A seguir, a
1 mostra as curvas isoaudíveis ou de audibilidade.

-20- -21-
••o Font resultant~s desses estudos. O relatório da pesquisa comenta sobre a
r-.." r-..... _,,.. grande diferença das curvas de audibilidade padronizadas na norma
120 r--....-......~--. :--__ // J
•20 .....
a~terior, especialmente nas frequências abaixo de 1.000 Hz. onde a
f
-- --
r------ i'-... . . . . r- L'--V// r---'
·. -- // // dl~e~en.ça pode chegar até 15 dB. Surpreendentemente, os contornos
110 ......
o
100 .:-........ ............... r-._ ...... r----'
..
K

0-..' ::-.......... ...... ~".. ong1na1s Fechner-Muns?n aproximam-se mais das novas curvas do que
:-----
--
~
80
~"' ~.............
!'-.. .............. ., // ............ ["'.... as ~~-rvas Da~~on-Rob1nson<4l. Considerando que a ponderação nas
! ~" // freque~c~~s utilizadas nas medições de ruído são baseadas na curvas
""
............... ...........
"c •
l;
~
ao ··~ !'.."'-... r--... . . . . . . .. . . . ............ / L b-. de audibilidade de Dadson-Robinson, as novas curvas adotadas pela
~
····.~"" !'-......"' 50 ........... . / /I'\.- ISO provavelmente refletirão em desenvolvimento e revisão dos
..
~ ···0." .............. ......... ........... / /~

-.......... ·
40
..," ··.... r--... . . . . . . ............... "' ..........._ ..// ~ medidores de ruído. Atualmente, o nível de ruído é medido através da
····0 ............... ~- . / / _'\./,i cu~a- "A", características de frequência de ponderação do sentido da
;-
i 20
/ ··..::::-- 20
//.. ··.::-:.··· aud1çao humana.
Limite da aud•çlo
············ ........... ... ~ ............ //
.....
20 31,5 63 125 250 500 1.000 2 000 4 000 8 000 18 000
Frequtf>clo (Hz)
2.2. Níveis de Decibéis Compensados

Figura 1 - Níveis de Audibilidade Conforme explicado anteriormente, verif~eamos que o ouvido humano
Fonte: Norma ISO 226. responde de forma diferente nas diversas frequências. Portanto, ao ouvir
um som em 3.000 Hz, tem-se a sensação de ouvi-lo a 500 Hz. Desse
Observa-se na Figura 1 que a sensibilidade do ouvido é menor nas modo, com base nos estudos citados e nas curvas de audibilidade era
baixas frequências e maior nas altas. Observa-se também que a faixa necessário.construir um instrumento que simulasse a resposta do ou~ido.
de maior sensibilidade, nas curvas de Robinson e Dadson, é 4.000 Hz. Sendo ass1m, foram estabelecidas as curvas de compensação A, B, c
As curvas isoaudíveis representam a mesma intensidade de resposta e D, que foram padronizadas internacionalmente e introduzidas nos
ao ouvido a determinados sons. Assim , por exemplo, um som de NA co~ceitos elétricos dos medidores de nível de pressão sonora. A seguir,
(Nível de Audibilidade) de 90 fons é sentido com a mesma intensidade a F1gura 2 mostra as curvas de compensação.
pela maioria das pessoas, quaisquer que sejam a frequência e o NPS.
Ocorre que, muitas vezes, para produzir a mesma audibilidade,
são necessários diferentes níveis de pressão sonora, quando estes estão
em diferentes frequências, pois o ouvido humano sente o ruído de forma
diferente nas diversas frequências. Assim, por exemplo, um NA de 90
fons, na frequência de 4.000 Hz, produzido por um NPS de 80 dB, é
ouvido com a mesma intensidade na frequência de 125 Hz, porém
produzido por NPS de 90 dB. Portanto, observa-se que na frequência de
4.000 Hz é necessário um NPS menor para produzir o mesmo efeito no
organismo (ver gráfico das curvas isoaudfveis).
Recentemente a ISO (Organização Internacional para Padronização)
adotou novas curvas, com base nos resultados de vários estudos de
pesquisadores no Japão, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido e EUA. A
norma ISO 226:2003 acolheu e padronizou o novo conjunto de curvas (4) <http://en.wikipedia.org/wiki/Equal-loudness_conlour>. Disponfvel em: 27 fev. 2011 >

-22- -23-
20
vez. q~e os circuitos "B" e "C" não tiveram boa correlação com testes
10 I ~ sub]et1vos. Uma curva especializada, a compensação "O" foi padronizada
para medições em Aeroportos<sl. '
L
"'
A
o c A Tabela1 a seguir mostra os valores numéricos das correções das

-10 /
v- / ~
~
(Br- c)'
N; curvas de compensação A,B,C e O nas frequências de banda de oitava:
[I)
'O
v
~v v Tabela 1
o
<O
.::: - 20
ãí
G>
a: -30
nl
7 vs v. Valores numéricos das ponderações das curvas A,B,C e

Frequência Hz Curva A dB Curva B dB Curva C dB Curva O dB


i;;
o 7 7 16
31 ,5
·56,7 -28,5 ·8,5 .

v
Q.
(/)
- 40 ·39,4 ·17 1 (3,0) .
Q)
a: 63 ·26,8 ·9,3 ·0,8 ·10,9
-50 125 ·16, 1 -4,2 ·0,2 ·5,5

- 60 / 250
soo
·8,6
·3,2
·1,3
-0,3
o
o
·1 ,6

L.
·0,3
1000 o o o o
-70
2000 1,2 ·0,1
10 2 5 100 2 5 1.000 2K SK 10K 20K ·0,2 7,9
4000 1,0 ·0,7 ·0,8 11 '1
8000 ·1' 1 ·2,9
Frequência em Hz ·3,0 5,5
16000 ·6,6 ·8,4 ·8,5 .
Pelo gráfico observa-se que um som de 100 dB emitido numa 20000 ·9,3 ·11 '1 -11,2 .
frequência de 50 Hz, quando compensado pelas curvas, fornecerá as
seguintes leituras no medidor de nível de pressão sonora:
Exemplo: Um Nível de Pressão Sonora 100 dB emitido numa
Curva "A" -70 dB frequência de 250 Hz, quando compensado pelas curvas A, B, c. o
Curva "B" - 88 dB conforme T AB.1, os valores dos níveis de pressão sonora serão:
Curva "A" -100 - 8,6 =91,4 dB(A)
Curva "C"- 99 dB
Curva "O"- 88 dB
Curva "B"- 100 - 1,3 =98,7 dB(B)
Curva "C"- 100 - 0,0 = 100 dB(C)
As normas Internacionais e o Ministério do Trabalho e Emprego
adotaram a curva de compensação "A" para medições de níveis de Curva "O''- 100 - 1,6 =98,4 dB(O)
ruído contínuo e intermitente, em razão de sua maior aproximação à
resposta do ouvido humano.
O circuito "A" aproxima-se das curvas de igual audibilidade para
baixos Níveis de Pressão Sonora; o circuito "B", para médios Níveis de
Pressão Sonora, e o c1rcuito "C", para Níveis de Pressão Sonora mais (5) GEAGES, Samir Nag• Yousri. Ruído. Fundamentos e controle. 2. ed Florianópofis.
altos. Hoje, entretanto, somente o circuito "A" é largamente usado, uma S.N.Y Gerges, 2000. p. 686.

- 24 - - 25 -
circuitos dos equipamentos podem ocorrer respostas lentas e rápidas e
as curvas de compensação A, B, C e O. Conforme comentado
a~teriorme~te, as curvas são inseridas nos circuitos dos equipamentos,
PARTE III VISando a s1mular o ouv1do humano exposto ao som, ou seja, a resposta
subjetiva ao som.
Outro aspecto importante a ser considerado é que os instrumentos
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
de medição devem seguir normas ou especificações aceitas
internacionalmente. As normas IEC (lnternational Eletrotechnical
Commission) 123 e ANSI S1-4-1971 estabelecem as especificações dos
3.1. Componentes Básicos
medidores de uso geral (tipo 2), enquanto a IEC R.179, a ANSI S1-4-1971
e OIN 45.633 fixam especificações para os medidores de precisão (type 1).
Os medidores de nível de pressão sonora, de forma simplificada,
são constituídos das seguintes partes:

MICROFONE 3.2. Instrumentos Utilizados nas Avaliações de Ruído

[> O -I AMPLIFICADOR 1-- COMPENSAÇAO


FILTROS o~ r--- AMPLIFICADOR/
RETIFICADOR
A) Medidores de Nível de Pressão Sonora
A, 8, C E O São instrumentos utilizados para medir o Nível de Pressão Sonora
(NPS) instantâneo. Os medidores de nível de pressão sonora são
MEDIDOR chamados de sonômetros ou, popularmente, de decibelímetros. Os
medidores de NPS podem ser do tipo 1, 2 ou 3, dependendo da precisão.
Os medidores de nível de pressão sonora podem ser encontrados Além disso, podem possuir circuitos de compensação "A, 8, C e O, ou
com circuitos nas curvas de compensação A, B, C e O e resposta lenta e somente A e C, ou somente A".
rápida, podendo os mais simples possuir somente leitura nas curvas A e C. A NA-15 e outras normas brasileiras pertinentes não estabelecem
Outros equipamentos utilizados nas avaliações de ruído são os a precisão do medidor, ao contrário da ACCIH, que recomenda que os
audiodosímetros, que fornecem como leitura final da dose acumulada e medidores atendam, no mínimo, aos requisitos da norma S1-4-1983 da
nível equivalente de ruído a que se expõs o trabalhador durante a jornada ANSI (American National Standards) para equipamentos do tipo 2. É
de trabalho. Os audiodosímetros são utilizados quando o trabalhador se importante ressaltar também que os dosímetros devem ser configurados
expõe a diferentes níveis de ruído durante a jornada de trabalho. de acordo com as normas vigentes de avaliação ocupacional de ruído:
incremento de dose (0=3, 0=5), nível de critério 85,0 dB(A) e 90,0 dB(A),
Os medidores de nível de pressão sonora poderão ser acoplados a
nível de corte 80 a 85, ou 90,0 dB(A), entre outros.
analisadores de frequência, fornecendo como resultado o NPS
correspondente à faixa de frequência selecionada (espectro sonoro). Os
8) Analisadores de Frequ~ncia
analisadores de frequência podem ser encontrados em banda de oitava
(mais utilizada em Higiene Industrial), terça de oitava, meia de oitava, São acessórios que podem ser acoplados aos medidores de NPS
faixa de largura constante etc. Quanto menor a largura da faixa, mais (quando o tipo e o modelo permitem) para obterem o espectro sonoro, ou
exata é a informação sobre a verdadeira variação do NPS em função da seja, NPS x frequência. A análise de frequência é importante na orientação
frequência. de medidas de controle, uma vez que a definição de espectro sonoro do
O microfone é parte vital do equipamento, sendo sua função principal local ou da máquina permitem, desse modo, selecionar e dimensionar
transformar o sinal mecânico (vibração sonora) num sinal elétrico. Nos os materiais isolantes e absorventes do som. Com a análise das

-26- -27-
frequências, podemos também calcular a atuação dos protetores
auriculares, como veremos posteriormente. Os analisadores largamente
utilizados em Higiene do Trabalho são os de banda de oitava e terça de
oitava. Atualmente os medidores de Nível de Pressão Sonora possuem
analisador de frequência integrado ao instrumento. Esses equipamentos
fornecem o espectro sonoro em dB linear e dB(A).

Audlodosímetro de ruído

O) Calibrador Acústico
Esse instrumento é indispensável às avaliações de ruído, pois
permite a aferição dos medidores, garantindo a precisão das medições.
O calibrador é um instrumento portátil de precisão e consiste numa fonte
sonora que emite um tom puro na frequência de 1.000 Hz. Essa fonte,
quando ajustada ao medidor de som ou audiodosfmetro, emite um som
constante de 114,0 dB ou 94,0 dB, dependendo do modelo e marca do
equipamento. Esse instrumento opera com bateria de 9,0 volts e sua
precisão é, em média, de ± 0,5 dB, ou seja, varia de acordo com o tipo
Medidor de Nível de Pressão Sonora Integrado com
de equipamento.
Analisador de Frequência

C) Audiodosímetros
Os audiodosímetros são instrumentos importantfssimos para a
caracterização da exposição ocupacional ao ruído. Podemos obter
através desse equipamento a dose de ruído ou efeito combinado e o
nível equivalente de ruído (Leq). Atualmente, existem vários modelos e
tipos de audiodosímetros no mercado que funcionam também como
decibelímetros, fornecendo, além da dose, o L"'3 e o NPS, dentre outros
parãmetros necessários na avaliação do ru1do. Além disso, todos
os dados medidos podem ser impressos com histogramas das variações
dos níveis de ruído, em intervalos de tempo previamente fixados durante
toda a jornada de trabalho. A ACC IH recomenda que os audiodosímetros
atendam às especificações mínimas das normas da ANSI. Calibrador acústico

-28- -29-
Além da calibração de campo, os instrumentos de medições devem
ser certificados periodicamente em laboratórios especializados. Segundo a
NBR-10.151/00, o medidor de nível de pressão sonora e o calibrador
acústico devem ter certificado de calibração da Rede Brasileira de
PARTE IV
Calibração (RBC) ou do Instituto Nac1onal de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (INMETRO), renovado no mínimo a cada dois
anos (item 4.3 da NBR 10.151/00). PARÂMETROS UTILIZADOS
NAS AVALIAÇÕES DE RUÍDO

4.1. Ruído Contínuo e Intermitente

Segundo a NR-15 da Portaria n. 3.214 e a norma da FUNDACENTRO,


o ruído contínuo ou intermitente é aquele não classificado como impacto.
Do ponto de vista técnico, ruído contínuo é aquele cujo NPS varia até 3 dB
durante um período longo (mais de 15 minutos} de observação. Exemplo:
o ruído dentro de uma tecelagem. Já o ruído intermitente é aquele cujo
NPS varia até 3 dB em períodos curtos (menor que 15 minutos e superior
a 0,2 segundo). Entretanto, as normas sobre o assunto não diferenciam o
ruído contínuo do intermitente para fins de avaliação quantitativa desse
agente.

4.2. Ruído de Impacto ou Impulsivo

A NR-15, anexo 2, da Portaria n. 3.214 define ruído de impacto


como picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a
intervalos superiores a 1 (um) segundo.
Quando se utiliza a instrumentação específica pela norma ANSI
S1.4, S1.25 ou IEC 804, o ruído impulsivo ou de impacto é automaticamente
incluído na medição. A única exigência é que a faixa de medição seja de
80 a 140 dB(A), e que a faixa de detecção de pulso seja de no mínimo 63
dB(A) . Não deve ser permitida nenhuma exposição para ouvidos
desprotegidos a níveis de pico acima de 140 dB, medidos no circuito de
compensação C. Se a instrumentação não permite a medição de p1co no
circuito C, uma medição linear com o nível de pico abaixo de 140 dB pode
ser usada para implicar que o nível de pico ponderado no circuito C está
abaixo de 140 dB.

-30- -31-
4.3. Dose Equivalente de Ruído ou Efeitos Combinados T = Tempo de medição

Quando a exposição ao ruído é composta de dois ou mais períodos q =Fator de duplicação igual a 5 (incremento); a cada aumento de
5 dB, a energia sonora duplicará.
de exposição a diferentes níveis. devem ser considerados seus efeitos
combinados, em vez dos efeitos individuais (NR-15, anexo 1, item c). Para resolução da equação, aplica-se o logaritmo na base 1o aos
Esse efeito combinado ou dose equivalente é calculado através da soma dois membros:
das seguintes frações:
O resultado obtido não pode exceder a 1 (um). log x 0; 8 = log 2 x( L:q -17)
cn =tempo total de exposição a um nível específico.
T" = a duração total permitida nesse nível, conforme limites
Considerando o log 2 igual a 0,301, teremos:
estabelecidos no anexo 1 da NR-15.
Os efeitos combinados podem ser obtidos com maior precisão
1og =
0;8=0,301 x( L:q -17)
utilizando-se o audiodosfmetro. Este instrumento indica a dose em
percentual. Assim, o limite será excedido quando este for superior a
Dx8
100%. log =T =0,0602 x Leq -5,117
A dose ou efeito combinado podem ser obtidos também com o
medidor de NPS. Entretanto, nesse caso, o procedimento é bem Explicitando o Leq na equação, teremos:
trabalhoso, po1s é necessário estimar ou cronometrar com exatidão os Dx8
tempos de exposição a cada nível A ACC IH recomenda o uso de medidor
de NPS para obtenção da dose somente para níveis estáveis de ruído, Leq =log _I_ + 5, 117
0,06
com duração menor de 3 (três) segundos.
Separando os membros da fração, teremos:
4.4. Nível Equivalente de Ruído _ 1 I Dx8 5,117
Leq - --x og--+--
O nível equivalente de ruído é chamado de Leq (Equivalent Sound 0,06 T 0,06
Leve~. Para fator de duplicação 5, a literatura costuma denominar como Dx8
Lavg (Levei Average). Qualquer que seja a denominação, é importante
Leq=16,61 x logT+85
que o leitor compreenda o conceito.
Quando o fator de duplicação for 3,0, aplicando o mesmo procedi-
Vamos denominar o nível Equivalente de Ruído de Leq e seu cálculo mento, o cálculo de Leq será igual a:
é feito a partir da equação da dose. Assim, teremos:
Dx8
Leq = 10 x log--+85
O = ~ x2( L:q - 17) T
O valor do nível equivalente de ruído para 8 (oito) horas é denominado
Onde: TWA ( weighted average sound leve~ e é obtido pela seguinte equação:

D = Dose eqUivalente em fração decimal, ou seJa, o valor obtido no Leq = 16,61 x log O + 85, fator de duplicação igual a 5.
audiodosfmetro deve ser dividido por 100. Leq = 1O x log O + 85, fato r de duplicação igual a 3.

-32- -33-
Exemplo 1 Exemplo: para o nível de ruído igual a 80 dB(A), o tempo máximo
Um trabalhador fica exposto a ruído durante a jornada de trabalho, de exposição diária é:
conforme a tabela a seguir:
8
T = (--17
80 ) = 16 horas
Nível de Ruído Tempo de Exposição Máxima Exposição 2 5
dB(A) (horas) Diária (horas)
90 1 4 Exemplo 1
85 4 8 Um trabalhador fica exposto a ruído durante a jornada de trabalho,
86 3 7 conforme a tabela a seguir:

Nível de Ruído Tempo de Exposição Máxima Exposição


A dose de ruído ou efeito combtnado para o fato r de duplicação 5 é dB(A) (horas) Diária (horas)
iguala:
95 1,0 2,0
c1 c2 cn
-+-+- 84 4,0 9,1
7; T2 Tn 86 3,0 7,0
1 4 3
-+-+-= 117 A dose de ruído ou efeito combinado para o fator de duplicação 5 e
4 8 7 ' nível de corte de 85 dB(A) é igual a:
Leq = 16,61 x log 1,17 + 85 1 3
Leq = 86,13 dB(A) -+-=0 67
4 7 '
Leq = 16,61 x log 0,67 + 85
4.5. Nível de Corte
Leq = 82,11 dB(A)
É o nível de ruído mínimo considerado no cálculo da dose de A dose igual a 0,67 corresponde a um nível equivalente de ruído
ruído. Normalmente, esse nível é de 80 dB(A), em razão do nível de ação de 82.' 1 dB(A), ou seja, uma exposição constante a 82,1 dB(A) durante
estabelecido pela NR-9. toda, JOrnada de trabalho.
O cálculo do tempo máximo de exposição para os níveis de ruído , A dose de ruído ou efeito combinado para o fator de duplicação 5 e
abaixo de 85, conforme anexo 1 da NR-15, é dado pela seguinte equação: nrvel de corte de 80 dB(A) é igual a:
1 4 3
8 --l-+-=110
T = (L
--17
) =16 horas 4 9,1 7 '
2 5 Leq = 16,61 x log 1,10 + 85
Onde: Leq =85,68 dB(A)
T =Tempo em horas
L= Nível de Ruído
-34- -35-
4.6. Nivel de Exposição Normalizado (NEN) auricula~e~ pelo método ~atalhado também exige análise de frequência.
Outra h1potese em que e necessária essa análise é na avaliação do
Segundo a NH0-01 da FUNDACENTRO. é o nível de exposição ruído nas cabines audiométricas e conforto acústico.
convertido para uma JOrnada padrão de (oito) horas diárias, para fins de Portanto, a avaliação dos níveis de ruído com análise de frequência
comparação com o limite de exposição. tem várias aplicações na Higiene Ocupacional e na Acústica.
A NH0-01 define para q =3 o NEN por meio da seguinte equação:
a) Filtros de frequéncia
TE N~ análise ~os níveis de pressão sonora nas diversas frequências,
NEN =NE + 10 log 480
dB
os med1dores sao acoplados ou integrados com filtros. Esses filtros
deixam passar o sinal cortado em determinada banda de frequência. A
Onde: largura dessa banda pode ser larga ou estreita. Os filtros consistem
NE =Nlvel médio de exposição ocupacional diária num sistema que permite a passagem apenas dos componentes dentro
TE= Tempo de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho. da largura da banda, atenuando consideravelmente os demais. Exemplo:
90 dB em SOO Hz em banda de oitava, o valor é filtrado na faixa de 355
Para q = 5, a equação é a seguinte: a 71OHz, enquanto na terça de oitava é de 447 a 562Hz (ver Tabela 1).

TE A largura da banda pode ser constante ou percentual constante. A


NEN =NE + 16,61 log 480
dB largura da banda constante permite a análise mais refinada. Exem-
plo: largura da banda igual a 1 Hz, 10Hz ou até 1000Hz. Esses filtros
Exemplo: o nível médio de exposição diária é igual a 90,0 dB. Para têm l~rg~ra independente da frequência central, ou seja, em qualquer
jornada de 6 (seis) horas, o NENé igual a: frequenc1a central, a largura da banda é a mesma. Nos filtros de percen-
tual constante, a largura da banda é sempre ao percentual da frequência
6x60 central e é padronizadas em 1/1 oitava ou banda de oitava, 1/3 de oitava
NEN =90,0 + 16,61 log dB NEN =87,92 dB ou terça de oitava ou até 1/24 oitava.
480
Na Higiene Ocupacional, os filtros mais utilizados são 1/ 1 oitava
As normas da Previdência determinam a utilização do NEN para
ou banda de oitava e 1/3 de oitava ou terça de oitava. Esses filtros
fins de comprovação do possível direito à aposentadoria especial.
devem atender as normas internacionais e nacionais para cada classe
em função da precisão de sua resposta de frequência.
4.7. Análise de Frequência Na band~ de oitava, a faixa de frequência é dividida da seguinte
forma: a relaçao de uma frequência central e sua consecutiva é igual a
Como vimos na parte I a faixa de frequência audível para um som 2, ou seja, fi/fi +1 = 2. Exemplo: 16 Hz, 31,5 Hz, 500Hz, 1.000Hz. Na
ser ouvido está compreendida entre 20 a 20000Hz. Nessa faixa o Nível terça de oitava, essa relação é igual a 2 1f3. Exemplo: 16 Hz, 20Hz, 25 Hz,
de Pressão Sonora distribui com intensidades diferentes em cada 31 ,5 Hz, 40 Hz, 50 Hz, 63 Hz.
frequência, no entanto, normalmente existem aquelas frequências
predominantes (maior de nível de pressão sonora) . O ouvido humano . . Com relação à largura da banda, a faixa é a seguinte: frequências
responde subjetivamente de maneira diferente nas diversas frequências, 1nfenores, centrais e superiores. Exemplo: na frequência central de 1.000 Hz,
razão pela qual o conhecimento da distribuição dos níveis de ruído nas teremos na banda de oitava os limites inferior e superior de 71 oHz a 1.420
mesmas é importante na definição do risco de perda auditiva. Contudo, Hz, enquanto na terça de oitava, de 891 Hz a 1.122 Hz. A Tabela 1 mostra
na adoção de medidas de controle coletivas é fundamental a análise os limites e frequência centrais dos filtros de banda e terça de oitava.
de frequência. No mesmo sentido o cálculo da atenuação dos protetores

-36- -37-
TABELA1 b) Aplicação prática

Banda de 1/1 oitava (Hz) Banda de 1/3 oitava (Hz) Numa avaliação dos Níveis de Pressão Sonora em dB(Iinear) com
análise de frequência em bandas de terça de oitava foi obtido o seguinte
F, I FC I Fz F, F< F2
espectro sonoro:
11 I 16 I 22 14,1 16 17,8
17,8 20 22.4 100
22,4 25 28.2 95 __ .!.. __ _! ___ 1 _ _ _ I_ _ _ ,!.. __ _! ___ I _ _ _ 1_ _ _ .!.. __ _! __
I I I I I I I I I I
22 I 31,5 I 44 28,2 31,5 35,5 00~--~--~--~---~--~--4-
1 I I I I I
~
I
--~--~- -~--
I I !
35,5 40 44,7 85 - - T - - '1 - - -1
44,7 50 56,2 ao -- I

44 I 63 I 88 56,2 63 70,8 75 __ ....,......,. .


70,8 80 89,1 I
70 . .. ......... . .1. 1
89,1 100 112 I I I

88 I 125 I 177 112 125 141


141 160 178 500 1k 2k 4k 8k 16k

178 200 224


177 I 250 I 355 224 250 282
Os dados numéricos dos Níveis de Pressão Sonora em função
282 315 355
das frequências estão listados na Tabela 2.
355 400 447
355 I 500 I 710 477 500 562
562 630 708 TABELA2
708 800 891 Nível de Pressão Sonora (NPS)
FREQUÊNCIA (Hz)
710 I 1.000 1 1.420 891 1.000 1.122 em dB(Iinear)
1.122 1.250 1.413 12.5 86,0
1.413 1.600 1.778 16,0 68.2
1.420 I 2.000 l 2.840 1 778 2.000 2.239 20,0 64,0
2.239 2.500 2.818 25,0 82,4
2.818 3.150 2.548 31,5 78,1
2.840 I 4.000 T 5.680 3.548 4.000 4.467 40,0 80,2
4.467 5.000 5.623 50,0 82,2
5.623 6.300 7.079 63,0 84,6
80,0 84,5
5.680 I 8.000 I 11 360 7.079 8.000 8.913
8.913 10.000 11 .220 100 86,9
11.220 12.500 14.130 125 86,6
11.360 I 16.000 T 22 720 14.130 16.000 17.780 160 86,8
17.780 20.000 22.390 200 88,0

-38- -39-
FREQUÊNCIA (Hz)
Nível de Pressão Sonora (NPS) em TABELA3
dB(Iinear)
Correções d a c urva de compensação A para análises efetuadas
250 86,4
por bandas de frequência com a largura de 1/3 de oitava
315 85,8
400 86,8 Bandas de Correção Bandas de Correção Bandas de Correção
Frequência (dB) Frequência (dB) Frequência (dB)
soo 89,0 (Hz) (Hz) (Hz)
630 88,6 100 - 19,1 soo -3,2 2.500 1,3
800 88,2 125 - 16,1 630 - 1,9 3.1SO 1,2
1000 90,5 160 -13,4 800 -0,8 4000 1,0
12SO 89,8 200 - 10,9 1.000 0,0 5.000 O,S
1600 90,0 250 -8,6 1.2SO 0,6
2000 89,3 31S -6,6 1.630 1,0
2SOO 86,7 400 -4,8 2.000 1,2
3150 86,8
4000 88,S
5000 87,7 Ass1m, o espectro sonoro dos Níveis de Pressão Sonora ponderado
6300 87,S na curva A em bandas de terça de oitava obtido é o seguinte:
8000 88,1
10000 88,1
110
12SOO 89,0
1001 - - - l . - - J--~---L--L--J -- ~---~--.1.-_J __
16000 87,8 I I I I I I I I I I
90 --r-- , --~---r -- r--,- I - ~ ---r-- J--
20000 82,2 ao --+-- -1 - - -1 - - - 1- -

--,--, ---,-
I I
I I I I I I I I
70 I I
I I I
A soma logarítmica dos Níveis de Pressão Sonora resulta no valor 60 -- '1"---j - -
I
I I

global igual a 103,2 dB(Iinear). 50 -- lI - - JI I


I
I I I I ' I
I I I
40 - - r- I I
I
I
I I

No mesmo exemplo, os dados dos Níveis de Pressão Sonora 30 - - J I I


ponderado ou compensado na curva A são obtidos com as correções 20 , _ _. , I I I I I I I I I
10 _., I I I
constantes na Tabela 3.
16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16k

Os dados numéricos dos Níveis de Pressão Sonora em função


das frequências estão listados na Tabela 4.

-40- -41-
TABELA4 A soma logarítmica dos Níveis de Pressão Sonora resulta no valor
global ponderado igual a 100,7 dB(A).
Nível de Pressão Sonora (NPS)
FREQUÊNCIA (Hz)
em dB(A)
12,5 22.6 4.8. Limites de Tolerância
16,0 11,1
20,0 23,2 O subitem 15.1.5 da NR-15 estabelece que o Limite de Tolerância
25,0
é a intensidade máJ<1ma ou mínima relacionada com a natureza e o tempo
37.4
de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador
31,5 38.4
durante a sua vida laboral.
40,0 45,3
50,0 51,8 Para a ACGIH (American Conference ofGovernamentallndustrial
63,0 58,2
Higienists), os limites de exposição ao ruído referem-se aos níveis de
pressão sonora e aos tempos de exposição que representam as
80,0 61,9
condições sob as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores
100 67,6
possa estar exposta repetidamente, sem sofrer efeitos adversos à sua
125 70,4 capacidade de ouvir e de entender uma conversação normal.
160 73,4
200 77,1
4.9. Adição e Subtração de Níveis de Ruído
250 77,7
315 79,2
As operações em decibéis não são lineares. Assim sendo, 100 dB
400 82,0
+ 90 dB não é igual a 190 dB, pois a escala do nível de pressão sonora
500 85,8 é uma relação logarítmica. Portanto, para adicionar ou subtrair níveis
630 86,7 de pressão sonora, é necessário calcular a razão média quadrática das
800 87,4 pressões de cada nível e, em seguida, efetuar a soma ou a subtração.
1.000 90,5 Com esses dados, calcula-se o nível de pressão sonora total ou
1.250 90,4 resultante.
1.600 91,0 Exemplo:
2.000 90,5
2.500 88.0 Fonte A
~ Ponto de med1ção
3150 88,0
4.000 89,5 Fonte B

5.000 88,2
6.300 87,4 NPSA =92 dB(A)
8.000 87,0 NPSB =86 dB(A)
10.000 85,6
12.500 84,6
16.000 81.1
20.000 82,8

-42- -43-
a) Cálculo da raiz média quadrática para 92 dB (A) a) Método Gráfico
Para serem evitados cálculos complexos, foram criadas curvas de
NPS = 101og(~r adição e subtração em dB, conforme gráfico a seguir:
Fig .2. Subtração de Níveis de Pressão Sonora

92 = 101og(~r (f)

~ 3

~9,2 =1og( pa)


2 2
92 g 2
= 101og( p8 )
10 Po po r-..

9.2 =1og(~r ~ (~r = 10


l'ooo
92
·
r-
o
( ~r = 10.85 X 10
8 o 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Diferença em dB entre os dois níveis adicionais

b} Cálculo da raiz média quadrática para 86 dB(A)


Exemplos de adição de Nível de Pressão Sonora:

86 = 101og( ~r Suponhamos que as fontes A, B, C, D, E, F e G produzam,


isoladamente, no ponto "0", os seguintes níveis de pressão sonora:

log(~r - 8.6~ (~r = 108.6 FONTE NPS em dB(A)


A 85

(~r= 3.98x108 c
B 81
82

c) Razão Média Quadrática Total D 80


E 87
F 94
G 94

19,83 X 108 = 15,85 X 108 + 3,98 X 108


•D .E .F .G
d} Nível de Pressão Sonora

NPS10001 = 1Olog ( ~ola/


po
)2 .c .o
NPSto~a = 101og 19,83 x 10a • B .A
NPS10141 = 93 dB(A)

- 44 - -45-
Calcule o NPS no ponto "O" nos seguintes casos: b} Método por Cálculo Matemático
a) Só G e F estão funcionando A adição dos níve1s de ruído pode ser feita também por meio de
equações:
b) Só O e Gestão funcionando
a} Fontes 1guais:
c) A, 8, C, E e F estão funcionando
NPST= NPSF+10 logN
d) Todas estão funcionando
Onde:
a) NPSF- NPS6 = 94- 94 =O
NPS1 = Nível de Pressão Sonora Total
correção de 3 dB (ver gráfico 1)
NPSF= Nível de Pressão Sonora da Fonte de Ruído
NPS, = 94 + 3 = 97 dB (A)
N =Número de fontes de ruído
b) NPS6 - NPS0 = 94-80 =14 Exemplo:
correção de 0,2 dB (ver gráfico Fig. 2) Num determinado local, 1Ofontes de ruído, isoladamente, produzem
NPS, =94 + 0,2 =94,2 dB (A} nível igual a 100 dB. O Nível de Pressão Sonora Total, com todas as
fontes funcionando simultaneamente, é igual a:
c}
=
NPS1 NPSF+101ogN
A B c E F
85 81 82 87 94 NPS1 = 100 dB+101og10=110 dB
b) Fontes diferentes:
NPS1 = 10 log à 10 °·1 NPs
Exemplo:
9~.2
Num determinado local 3 (três} fontes de ruído, isoladamente,
produzem os seguintes níveis de ruído: 100 dB, 95 dB e 90 dB. O Nível
95.6 de Pressão Sonora Total , com todas as fontes funcionando
simultaneamente, é igual a:
=
NPST 95,6 dB (A} NPS = 1 O log ã 1O 0 1NPs
1
d) NPS1 =10 log (1001x100+ 100.1x95 + 100.1x90)
A B c O E F G NPS1 = 10 log {10 1o+ 109.s+ 1090)
85 81 82 80 87 94 94
I I
I 97.4
97
I
NPST= 101 ,51 dB

4.1 O. Subtração de Níveis de Ruído

a) Método Gráfico
Exemplo de subtração de Níveis de Pressão Sonora:
98.3
Uma lixade1ra pneumática está colocada no meio de outras
NPST- 98 3 dB(A) máquinas. O NPS quando todas estão funcionando, é de 100 dB.

-46- -47-
Desligando-se somente a lixadeira, o NPS reduz-se a 96 dB. Determine Onde:
o NPS produzido no ponto de medição pela lixadeira isoladamente. NPS =Nível de Pressão Sonora
L,= Nível de Pressão Sonora Total

~ Lixadeira
LF = Nível de Pressão Sonora da Fonte
Exemplo:
O Nível de Pressão Sonora n'dB(A) tiente externo de uma
determinada indústria é de 75 dB(A). Ao paralisar seu funcionamento, o
Nível de Pressão Sonora reduziu para 71 dB(A). O NPS produzido por
essa indústria é igual a:
9

8
75 71]
NPS = 1Olog 1010 -10 10 = 72,8 dB(A)
[
7

o
o 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Subtração de Níveis de Pressão Sonora

b) Método por Cálculo Matemático


A subtração dos níveis de ruído pode ser feita também por meio de
equação:

Lr Lr ]
NPS = 101og 10 1o - 1010
[

-48- -49-
NfVEL DE RU(DO MÁXIMA EXPOSiyÃO DIÁ RIA
d Bj~ PERMISSIVEL
85 8 horas
PARTE V
86 7 horas
87 6 horas
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO 88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
5.1. Avaliação da Exposição Ocupacional do Ruído 91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
A avaliação da exposição ocupacional do ruído encontra-se
regulamentada no Brasil pela Portaria n. 3.214, NR-15, Anexos 1 e 2, 93 2 horas e 40 minutos
sendo também aplicada a NR-9, que exige nível de ação quando a dose 94 2 horas e 15 minutos
de ruido for> 0,5 (Leq =80 dB(A)). 95 2 horas
96 1 hora e 40 minutos
5.1.1. LIMITES DE TOLERÂNCIA 98 1 hora e 15 minutos
O item 15.1.5 da NR-15 da Portaria n. 3.214 define como limite de 100 1 hora
tolerância a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada 102 45 minutos
com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará 104 35 minutos
dano à saúde do trabalhador durante sua vida laboral. Já a ACGIH 105 30 minutos
(American Conference Governamental Industrial Hygienists) estabelece
106 25 minutos
que o limite de tolerância para o ruído não protege todos os trabalhadores
108 20 minutos
dos efeitos adversos da exposição ao ruído. O limite de tolerância visa
a proteger a maioria da população, de forma que a perda auditiva média 11 o 15 minutos
produzida pelo ruído nas frequências de 500, 1.000 e 3.000 Hz, durante 112 10 minutos
40 anos de exposição, não exceda a 2 dB. Assim, os valores dos limites 114 8 minutos
de tolerância são referenciais para um programa de conservação auditiva. 115 7 mmutos

Consequentemente, o limite de tolerância representa as condições


sob as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores expostos
repetidamente não sofrerá efeitos adversos à sua capacidade de ouvir e A) Limite de tolerâncta para ruído contínuo ou mtermitente
de entender uma conversação normal (ACGIH). Para os valores encontrados no nível de ruído intermediário será
A NR-15 definiu como ruído contínuo ou intermitente aquele que considerada a máxima exposição diária permissível, relatada no nível
não seja de impacto. Para o rufdo contínuo ou intermitente, a NA-15, imediatamente ma1s elevado.
anexo 1, fixa para cada nível de pressão sonora o tempo diário máximo O quadro de limites de tolerância adotado pela NA-15 é de 85 a 115
permitido, conforme a tabela a seguir: dB(A), sendo o incremento igual a 5, ou seja, a cada aumento de 5 dB(A)
o tempo máximo diário de exposição reduz-se à metade. Atualmente, a
NIOSH e outros órgãos internacionais utilizam o incremento igual a 3
dB, isto é, a energia sonora duplicará ou reduzirá metade a cada aumento

-50- - 51 -
operando em "linear" e circuito de resposta para medição de nível de para efeitos ototóxicos são: tricloroetileno, dtssulfeto de carbono, estireno,
pico, e o nível máximo de exposição permitido será fixado em função do mercúrio e arsénio (ACGIH. 2010).
número de impactos diários, calculado através da seguinte expressão:
5. 1.2. INSTRUMENTOS DE MEDIÇÕES
NP = 160 -logn (dB), onde:
NP = nível de pico, em dB(Iin}, máximo permitido A) Medidor de Nível de Pressão Sonora
n = número de impactos ocorridos durante a jornada diária de
trabalho A NR-15, Anexo 1, estabelece que os níveis de ruído contínuo
ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB}, com o instru-
Com base nessa expressão, a NH0-01 elaborou uma tabela
mento de nível de pressão sonora operando no circuito de compen-
correlacionando os níveis de pico máximo admissíveis e o número de
sação "A" e no circuito de resposta lenta. Já a ACGIH recomenda que
impactos ocorridos durante a jornada diária de trabalho, conforme
o nível de pressão sonora deve ser determinado por um medidor de
transcrição a seguir:
nível de pressão sonora ou dosímetro que atenda, no mínimo, às
TABELA 01 especificações para medidores de nível de som 81.4 1983, tipo S2A
Níveis de pico máximo admissíveis em função do número de ou a especificação para dosímetros individuais de ruído, ambos da
impactos American National Standards lnstitute (ANSI). Com esse instrumen-
to (decibelímetro), são obtidos, os níveis de ruído instantâneo, sendo
N, n N, n N, n necessário determtnar o tempo de exposição a cada nível, visando a
120 10.000 127 1 995 134 398 obter a dose de ruído ou efeito combinado de acordo com o item 6,
121 7.943 128 1.584 135 316 Anexo 1, da NR-15. Esse instrumento deve medir, pelo menos, os
122 6.309 129 1.258 136 251 circuitos de compensação A e C.
123 5.011 130 1.000 137 199
8) Audiodosímetro (Medidor Integrador de Uso Pessoal)
124 3.981 131 794 138 158
125 3.162 132 630 139 125 Quando há exposição diária a diferentes níveis de ruído, devem
126 2.511 133 501 140 100 ser considerados os efeitos combinados, em vez dos efeitos individuais
de cada um deles, conforme explicado anteriormente (Parte IV). Esse
Fonte: NH0-01 - FUNDACENTRO.
efeito combinado ou dose equivalente é definido como a soma das
Quando o número de tmpactos ou de impulsos diário exceder a 10.000 seguintes frações:
(n > 10.000), o ruído deverá ser considerado como contínuo ou Intermitente.
O limite de tolerância valor teto para ruído de impacto corresponde ao
C C
-1+ -2 .... -
c
valor de nível de pico de 140 dB(Iin). T T2 T"
O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído de Impacto cn indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto a um
corresponde ao valor Np obtido na expressão acima, subtraído de 3 decibéis nível de ruído específico.
(Np- 3) dB.
T" indica a máxima exposição de área permissível a este nível,
Finalmente, cabe destacar que as exposições a certos agentes segundo o quadro de limites de tolerância.
químicos podem resultar em perda auditiva. Em situações nas quais
possa haver exposição a ruído, bem como a tolueno, chumbo, manganês A determinação da dose ou efetto combinado e o nível equivalente
ou n-butanol. recomenda-se a realização de audiometrias periódicas de ruído devem ser feitos, preferencialmente, através de medidores
que devem ser cuidadosamente revisadas. Outras substâncias sob estudo tntegrados de uso pessoal (dosímetros de ruído). Este equipamento deve

-54- -55-
ser configurado de acordo com as exigências do critério estabelecido na semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação da
NR-15, ou seja, jornada de trabalho de 8 (oito) horas, dose 100% ou 1 exposição de parte do grupo seja representativo da exposição de todos
para 85 dB(A) e incremento igual a 5. os trabalhadores que compõem o mesmo grupo.
A definição do Grupo Homogêneo pode ser feita tomando como base
C) Analisador de frequência
o organograma funcional da empresa. Deve-se definir os cargos existentes
Esse instrumento é útil para determinar as frequências do ruído e, e, dentro deles, verificar as funções desempenhadas, ou seja, as
consequentemente, verificar se o NPS concentra-se nas frequências atribuições desses cargos, po1s muitas vezes o cargo não aproxima-se à
onde a resposta subjetiva ao ruído é maior (2.000 a 5.000 Hz). Além função desempenhada. Exemplo: numa mineração, um trabalhador
disso, a análise de frequência permite especificar os isolamentos classificado no cargo de operador de equipamentos móveis exerce, no
acústicos e calcular a atenuação dos protetores auriculares. entanto, a função desempenhada pelos trabalhadores lotados nesse cargo;
pode ser operador de trator de esteira, operador de caminhão, operador de
pá carregadeira etc. Outro exemplo: uma fábrica de cimento onde os
5.1.3. PROCEDIMENTOS DA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO trabalhadores são classificados como operadores de produção, embora
OCUPACIONAL dentro desse cargo haja grupos de operadores de moinho, operadores de
O objetivo fundamental desse tipo de avaliação é verificar a fomo, operadores de ponte etc. Assim, o grupo homogéneo se aproxima
exposição do trabalhador ao ruído, ou seja, verificar o nível de ruído mais definido função, pois há uma diferença significativa entre o nível de
a que o trabalhador fica sujeito durante sua jornada de trabalho. exposição ao ruído sofrido pelo operador de moinho e aquele sofrido pelo
operador de forno, ou seja, não há semelhança de exposição ao agente.
Os procedimentos de avaliação da exposição ocupacional são
estabelecidos na NR-15, Anexo 1, norma técnica da FUNDACENTRO,
C) Avaliação do ruído nos postos de trabalho
método NIOSH, OSHA, ACGIH, dentre outros. Na NR-15, Anexo 1, o
procedrmento é bem simplificado. A norma não determina as especificações Definidos os grupos homogéneos, devem ser analisados os
dos medidores, nem particulariza os procedimentos de abordagem dos postos de trabalho. Esses postos podem ser fixos (únicos) ou variáveis.
postos de trabalho e medições individuais integradas ao ruído de impacto; A função desempenhada pelo operador de painel, por exemplo, é fixa,
ao contrário do que ocorre com outras normas, especialmente aquelas pois é realizada somente em um local. Por outro lado, a função
recomendadas pela FUNDACENTRO (norma NHT-01 ), cuja consulta desempenhada por um encarregado de setor é um posto variável, já que
sugerimos aos leitores. suas atividades podem ser realizadas em vários locais.
No sentido de orientar os leitores, passaremos a expor o Outra variável da expos1ção são as oscilações dos níveis de ruído. Há
procedimento que normalmente adotamos em nossos trabalhos de posto de trabalho úmco, todavia o nível de ruído é variável. Exemplo: caldeireiro,
avaliação ocupacional de ruído. que trabalha em local fixo, mas o NPS varia de acordo com as operações,
tais como: desempeno de chapas, rebarbação com lixadeira etc.
A) Reconhecimento
Há outras situações em que o NPS é constante, porém o trabalhador
Em primeiro lugar, deve-se estudar o fluxo do processo produtivo
varia de local. Exemplo: uma fábrica têxtil onde o trabalhador desempenha
da empresa ou setor analisado, de forma a identificar os locais onde há
exposição ao ruído, fontes de ruído, turnos de trabalho, duração da suas atividades nos setores de fiação, tecelagem e escritório, todos
com níveis de ruído diferentes.
jornada, dentre outros.

8) Grupo Homogêneo O) Medição de níveis de ruído

Segundo a NH0-01 da FUNDACENTRO, Grupo Homogêneo (GHE) Após definir os grupos homogêneos e seus respectivos postos de
corresponde a um grupo de trabalhadores que experimentam exposição trabalho, passa-se para a avaliação do ruído Primeiramente, deve-se

-56- -57-
usar instrumentos de medição de boa qualidade, calibrados corretamente, Exemplo:
baterias carregadas, além de outros que são requisitos básicos numa =
Numa operação de carregadeira, obteve-se Leq 95 dB(A) e dose =
medição de ruído, conforme recomendações das normas técnicas e do 200% ou 2,0, durante 4 (quatro) horas de medição. Se o trabalhador operar
próprio fabricante. Em seguida, deve-se analisar o posto de trabalho, esse equipamento durante o restante da jornada, ou seja, com a mesma
a função desempenhada, o ciclo das operações, sua frequência e a exposição ao ruído, a dose projetada para 8 (oito) horas será igual a 400% ou
estimativa do tempo de cada uma delas. Com essa análise, devem ser 4,0 e Leq = 95 dB(A). Entretanto, se, no restante da jornada de trabalho, o
medidos os níveis de ruído instantâneo nas operações ou fontes operador permanecer em local sem exposição ao ruído, por exemplo, nível
geradoras de ruído no posto de trabalho em questão. Com base nesses de 70 dB (A), a dose projetada permanecerá 200% ou 2,0 e o Leq = 90 dB(A).
dados, estimam-se a dose e o nível equivalente de ruído esperado. Na avaliação ocupacional do ruído é importante definir a estratégia de
Exemplo: um trabalhador desempenha sua atividade num escritório medição visando a realizar número adequado de amostras de ruído, em cada
durante 50% da sua jornada de trabalho e 50% num local onde o nível de GHE, determinando o valor representativo da dose e Leq. Para isso,os dados
ruído médio é de 90 dB(A). Assim, a dose de ruído estimada será de: obtidos devem ser tratados estatisticamente, conforme será visto mais adiante
50% da jornada de 8 horas= 4 horas; assim, teremos: no item 5.1.4. Outra situação de exposição que ocorre com frequência é a
exposição bem acima do limite em determinado dia. Nesse caso, deve-se
D ;:::; 8.0 x 0.5 =1,O e leq =85 dB(A) calcular a parcela de contribuição na dose normal diária. Assim, por exemplo,
4,0 a exposição normal de um trabalhador é de 90 dB(A) e dose= 2, porém em
Essa estimativa é fundamental, pois permite conferir a exatidão da um dos dias da semana ele fica exposto a um ruído de 11 OdB (A) durante 2
dosimetria a ser realizada. (duas) horas. Essa exposição resulta numa dose igual a 8, que deverá ser
acrescida no cálculo DOSE média da exposição normal.
Deve-se salientar que o número de medições em função da
A ACGIH admite que a soma das frações da dose de um dia
quantidade de trabalhadores expostos a determinado grupo de risco pode
específico qualquer pode exceder a unidade, desde que a soma das
ser determinado através das regras estatísticas. Entretanto, temos
frações em período de 7 (sete) dias seja menor ou igual a cinco e que
verificado que, na prática, essa definição muitas vezes não alcança os
nenhuma dose diária ultrapasse a três.
resultados esperados. Assim, a definição do número de medições em
cada grupo de risco deve ser determinada pela análise detalhada das
tarefas desempenhadas e dos locais de exposição, das características E) Laudo técnico
operacionais e do objetivo da medição.
Com base nos dados obtidos nas avaliações, o técnico deverá
Depois de realizados todos os procedimentos anteriores, passa-se à
emitir o seu parecer sobre o possível risco da exposição ocupacional ao
dosimetria. A estratégia de avaliação dependerá do tipo de exposição no ruído, bem como as medidas coletivas, administrativas ou no homem,
posto de trabalho analisado, isto é, se é fixo ou itinerante e se os níveis de as quais devem ser adotadas para eliminar ou neutralizar o risco.
ruído são variáveis em função das operações. Sendo assim, por exemplo,
numa oficina de manutenção mecânica, se forem realizadas 1Odosimetrias. No Apêndice I encontra-se um modelo de laudo de avaliação da
possivelmente teremos doses diferentes em todas as medições, por causa exposição ocupacional do ruído. Lembramos que esse modelo é apenas
da grande variação dos níveis em razão da natureza dos serviços realizados. uma sugestão, devendo os leitores aperfeiçoá-lo.
A dosimetria pode ser realizada durante toda a jornada de trabalho ou em
parte dela. Quando os níveis de ruído são muito variáveis, é recomendável 5. 1.4. Estratégia de avaliação de ruído
realizar a medição durante toda a jornada. A dosimetria poderá ser feita em
parte da jornada, quando o ciclo de trabalho for regular e se repetir durante As normas do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e da
todo o período, ou seja, o ciclo de operações se repete no restante da jornada FUNDACENTRO não definem o número de dosimetrias a serem
não avaliada. Nesse caso, é necessário projetar a dose para 8 (oito) horas. realizadas em cada Grupo Homogêneo de Exposição (GHE). Desse modo,

-58- -59-
DP
na avaliação ocupacional de ruído normalmente os técnicos encontram N T o.siO.& lo.7 0,8 lo,9 1 1,1 1.2 1,3 M 1.5 1,8 1,7 1.1 1,9 2 2,1 2.2 2,3 2,4 2,52,6 2,7 2.8 2,93 3,1 3.2
dificuldades em definir o número ideal de avaliações. A NTP 270 - 10 2.252 o o I 1 1 1 I 2 212 2

Instituto de Seguridade Higiene en el Trabajo do Ministério do Trabalho 11 = o lO o


12 12..201 O i O lO
1
1 1 1 1
1 1
1
1
1 1
1 1
1 1
1
1
I 1 2 12 12
1 1 1 1 2
1 1 1 1
2 2 2 2
2 2 2 2
2 2 2 2
2 2 2 2 2
2 212 212
2

da Espanha, com base na norma francesa- NF- S 31 - 084 da 13 2179 010 lO :o 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2


14 216 o o o o 1 1 1 1 1 1 1 1 fT 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 212
Association Française de Normalisation, estabelece procedimento de 15 2.145 o o o o IO 1 1 1 I I I I I 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2
16 2.131 o o o o o 1 1 1 I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2- 2
avaliação do ruído e tratamento estatístico dos dados. Essa norma parte 17 2.12 o o o o o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 22
da hipótese que a exposição ao ruído ao longo do tempo segue uma 18 2,11 o o o o o o I 1 I
1 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2'
19 2.101 o o o o o ·o 1 1 I I I I 1 I 1 1 1 1 1 1 1 12
distribuição normal. Assim, o procedimento consiste no seguinte: 2) 2.033 o o o o -(f 01 1 1 I 1 I 1 1 I 1 1 1 1 1 I 1 1 1
21 2,066 o o o o o O• 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1) Selecionar aleatoriamente os dias de avaliação dos níveis de 22 2,08 o o o o 00 0 1 1 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I 1 1 1 1
23 2,074 o o o o o o o I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I 1
ruído para cada GHE; 24 2.069 o o o o oolll 1 1 1 1 1 1 1 1 I 1 1 1 1
25 2.054 o o lO i O o o lO o I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2) Efetuar, no mínimo, 3 (três) avaliações em cada Grupo I;;Jl 2.05 o o lO o lO o o 0 1 1 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
127 12.056 o o o :o ro 1010 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 i
Homogêneo de Exposição em dias aleatórios; 28 2,052 o o o o 10 o lO o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 T
29 2,048 o o o o lO o O Iu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I 1 1 1 1 1 1
3) Calcular a média e o desvio padrão das medições realizadas 30 2,045 o o o o 'o o lO O I o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
31 2,042 o o o o 0 0ro o lO ,u 1 1 1
35 2,03 o o o o o o l O o lO I o o 1 1 1 1 1 1 1 1
Seja L1 o nível equivalente Leq das amostras (i"' 1,2, ..... ,n). 4 2,~1 o o o o o oro o lO I o O 1 1 1 1 1 1 1 1 1
4lj 2.014 o o o o o o o o o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
A média do Leq é igual a: 5 2.009 o o o o o o o o o o o o o 1 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
S1 2 o o o o ll o o o u u o 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Média= LL,; N T 3,3 3,4 3,53,6 3,7 3,8 3,9 4 4,1


DP
4.,2 4,3 4,4 4,54,6 4,7 4,8 4,5 5 5,1 5,2 5,35,4 5,55.6 5,7 5,8 5,9 6
n 3 4,~ 8 8 1919 [919 10 11C llU 1 1 1 1 12 1 I 12 13 13 13 13 14 14 14 14 15 5
4 3,182 5 516 6 6 6 6 6 7 7 a· ·a
llJ 8 8 8 9 9 9 9 9 9 10
4) Calcular o desvio padrão-DP de acordo com a seguinte equação: 5 2.776 4 4 4 4 15 -s- -s--s- 5 5 :. 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 77
6 2,STI 3 4 14 4 4 4 4 4 14 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6
7 2,447 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 T 6

DP = J<L-LY
n-1
8
9
10
2,365
~ 3
3 3 J 3
3 3 3 3 3 3 3 3
•2,252 2 2 3 3 3 3 3 3 ;s
3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5
3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4
;s 3 3 3 3 3 3 4 4 ..
4 4 4
5
4
4
5
4
4
5
4
4
5 5 5
4 5 5
4 4 4
11 2.228 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 -:1'3.. 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4
5) Os limites de confiabilidade com 95% de certeza, em função do 12 2,201 2 2 2 2 2 ~2 3 3 3 3 3 J 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4
13 2.179 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4
número de medições (N) e Desvio Padrão (DP), são dados nas tabelas 1 14 2.16 2 212 2 2 '22 '2 2 2 • 2 '3 3 3 13 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
15 2.145 2 2 2 i2 2 2 2 2 ó! 2 :2 2 2 3 13 3 13 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
e 2. Sendo assim, após o cálculo do desvio padrão (DP), deve-se procurar 2.131 212 12 2 12 ,-2 2 2 2 13 3- r3' [3 3
·~
16 2 2 '2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3
na tabela o erro cometido na determinação da média, segundo o número 17 2,12 12 12 2 ~2 2 2 2 2 ;,: ;,: '2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
-3 3
3
18 211 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 ~·'2· 3 3 3 3 3 3 33
de amostras e o referido desvio obtido. 19 2,101 2 2 2 2 2 2 2 2 33
2) 2.003 2 2 2 2 ,2 2 2 2 2 ' '2 ó! ó!
2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2
2 -2- 2 2 2
;j
2
3
2
3
3
3
3 3
3 3
3 3 3 3
21 2.005 2 2 2 2 2 ~2 2 ó! 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3T
TABELA 1 22 2,08 1 2 2 2 2 2 2 2 2 "' '2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3
23 Z,(J74 1 1 2 2 2 ~-:r 2 2 2 2 2 2 2 2 2 -2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3
SL 242,069 1 1 1 2 2 2 2 2 ó! ;,: z z z 2 2 2 2 2 2 2 2 2
INTERVALO DE CONFIANÇA = T. Jii >:l2,W! 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2
2
2
2
2 2 · 2 '2- ·:r 2
2
2 2 2 2
2
2
2
2 2 2 2
26 Z,OO 1 1 I 1 1 ~2
'Z/2,056 1 1 1 1 1 2 2 2 2 ' ' 2 2
2 2
2
2
2
2 2. 2
2 2 -2
2 2
2 '2 2
2
' •
2 2
2
2
2
2 2
2 2
2
2 2
2 2 2
OP
26 2,001 1 1 1
129 2.1Wl 1 1 1 1
2 rT 2
2 2
2
2 12
2
2
2
z • 2 2
2 12 2
2 2 2
2 12 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2 2 -2- 2
2 2 22
N T (),5 lo,& 10.7 o.a D,9
1 1,1 1.2 1,3 1,4 1.51,6 1,7 1,8 1.9 2 2,1 2.2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 2,8 3 3,1 3.2 30 2,045 1 1 1 I 1 1 1 2 2 12 2 2 2 12 -2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 12 2 2
3 .!lro 12 ,2 2 12 ,3 3 13 i 3 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 16 7 7 8 18 31 2,042 1 1 1 1 1 1 ó! 2 ~ z z 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2-2
4 18'2 1 ~ 12 12 2 2 2 3 13 13 3 3 3 4 4 4 4 14 4 4 5 15 5 5 35 2.03 1 1 1 1 2 2 2 -2 ~· ['2' 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
-2- 2 12 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4
--s- m 1 I 12 2 2 12 3 3
2 2 2 2 3 3 '3 3 ~ 3 3 3- 3
41 2,~1 1 1 I 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
ô !.ST· 1 1 1 1 1 2 2 212 12 46 2.014 1 1 1 I 1 1 1 1 1 I 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 22
7 o
,44 1 I 1 1 1 1 2 2 2 12 2 2 2 2 2 2 2 3 ;j 3 3 3 51 2.009 1 1 I 1 1 1 I 1 1 1 1 1 2 2 2 z 2 22
~ -o 1 1 1 1 1 2 12 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 S1 2
8 1 1 I 1 I 1 1 T 1 1 T 1 1 1 1 1 1 1 1 2 I2
2 2 2 2 2 ~ 2 2 2
>r ~ o 1 1 1 1 1 ' 1 1 2:" 2 2

-60- -61-
6) Se o erro superar 2dB (A), o número de medições é insuficiente b) Cálculo do Desvio Padrão- DP
para se obter a média com intervalo de confiança de 95% de certeza,
devendo, nesse caso, realizar novas amostragens também em dias DP _ (91- 91)2 + (94 - 91)2 + (93 - 91? + (89 - 91)2 + (88 - 91)2 + (90- 91)2
- _ =2,3dB
aleatórios. 6 1

Aplicação prática: Consultando a Tabela 1, para o desvio padrão (DP) =2,3 e N= 6,


o limite de confiabilidade com 95% é igual a 2,0 dB(A). Portanto, o
Num determinado Grupo Homogêneo de Exposição- GHE, foram nível equivalente de ruído com limite de confiança de 95% de certeza
realizadas avaliações de ruído em dias aleatórios, obtendo-se os seguintes
é igual a Leqm= 91 ± 2 dB{A). Se as medidas forem efetuadas com um
dados: medidor do tipo 2, a incerteza desse instrumento é de ± 1 dB(A),
Número medição (N) Leq em dB(A) resultando num intervalo global de 3,0 dB(A). Desse modo, o valor L
será igual a 91 ± 3 dB(A). eqm
01 91
02 94 Convém ressaltar que, em medições onde os valores do L possuem
grande variação, é necessário analisar os dados específico~ de cada
03 93 amostra, de forma a considerá-lo ou não no cálculo da média.
04 89
05 88 5.2. Avaliação do Ruído para Caracterização da Insalubridade
a) Cálculo da média Os Anexos 1 e 2 da NR-15 da Portaria n. 3.214 estabelecem o
91 94 9 89 88 critério quantitativo para a verificação da insalubridade por ruído. Conforme
Média= + + : + + = 91,0 dB(A) comentado no item anterior, a norma fixa o quadro, o NPS e o seu
respectivo tempo máximo diário de exposição. Para o ruído de impacto,
b) Cálculo do Desvio Padrão- DP os limites são 120 dB(C) ou 130 dB(Iinear).

DP = l91 - 91) 2 + (94 - 91)2 + (93- 91)2 + (89- 91)2 + (88 - 91)2 _ A) Caracterização
_ - 2,5dB
5 1 A caracterização da Insalubridade por ruído só ocorrerá quando o
Consultando a Tabela 1, para o Desvio Padrão (DP) = 2,5 e N= 5, NPS superar os limites previstos nos Anexos 1 e 2 da NR-15. Embora
o limite de confiabilidade com 95% é igual a 3,0 dB(A). Como esse os limites estabelecidos por essa norma encontrem-se defasados em
intervalo é superior a 2,0 dB(A), é necessário realizar medições relação aos limites da ACGIH, já que o incremento da NR-15 ainda é
sucessivas. Assim, por exemplo, numa sexta medição, realizada em de 5 dB (não há número de impactos diários estabelecidos no Anexo 2
dia aleatório, o valor obtido foi igual a 90 dB(A). da referida norma, dentre outros) , a verificação da insalubridade deverá
ser baseada nos limites e procedimentos ali previstos, uma vez que
Com esse dado, efetua-se os novos cálculos da média e do Desvio a competência para estabelecer as regras usadas na caracterização
Padrão (DP): da insalubridade é do Ministério do Trabalho e Emprego, nos termos do
a) Cálculo da média art. 190 da CL T.

Média = 91 + 94 + 93 ~ 89 + 88 + 90 = 91•0 dB(A) 8) Procedimentos de avaliação


A NR-15, Anexo 1, estabelece que a medição dos níveis de ruído,
contínuo ou intermitente, deve ser feita com o Instrumento de Nível de

-62- -63-
Pressão Sonora, operando no circuito de compensação "A" e circuito de do trabalhador. Assim, por exemplo, no caso de um empregado que
resposta lenta (s/ow), sendo que as leituras devem ser feitas próximas trabalha sem o protetor auricular, em local com nível de ruído de 90
ao ouvido do trabalhador. dB(A), a insalubridade será caracterizada se o tempo de exposição
Quando na jornada de tr'abalho ocorrem dois ou mais períodos de diário for superior a 4 (quatro) horas.
exposição a diferentes níveis de ruído, devem ser considerados os seus No entanto, ocorrem, na maioria dos casos, exposições a níveis
efeitos combinados (dose equivalente), de forma que o somatório de C/ de ruídos variáveis, em situações como: trabalhadores itinerantes
Tn seja inferior a 1 (item 6 do Anexo 1 da NR-15). (mecânicos de manutenção, encarregados etc.); operações em que os
A determinação da dose de ruído pode ser obtida com o medidor níveis de ruído são variáveis, como, por exemplo, lixadeiras manuais
de nível de pressão sonora ou com o audiodosímetro. tratores, empilhadeiras, entre outros.

Quanto ao aparelho de medição, a norma não menciona a Nesses casos, o perito deverá medir o nível de ruído instantâneo,
especificação do equipamento a ser utilizado (tipo 1, 2 ou 3). nem determinar o tempo de exposição para cada nível e, em seguida, efetuar
menciona expressamente o uso de audiodosímetro. A NH0-01 recomenda o cálculo dos efeitos combinados, conforme o item 6 do Anexo 1.Todavia,
o uso de dosímetros que tenham a classificação mínima do tipo 2. Quanto a medição realizada com o audiodosímetro é menos trabalhosa e mais
ao uso de audiodosímetros na avaliação para fins de insalubridade, precisa.
o item 6, Anexo 1 da NR-15, ao estabelecer os efeitos combinados ou EXEMPLO:
dose equivalente (â C,/ T ,), indiretamente autorizou o uso do
Um trabalhador se expõe, sem proteção adequada, durante uma
audiodosímetro. Aliás, o uso do audiodosímetro é tecnicamente mais
jornada de trabalho de 8 (oito) horas, aos seguintes níveis de ruído:
correto, vez que a obtenção da dose e Leq com o uso desse instrumento
é bem mais precisa. Além disso, o audiodosímetro é um medidor de 90 dB(A) - 4 horas.
nível de pressão sonora. Desse modo, o eventual questionamento dos 95 dB(A) - 2 horas.
profissionais da área jurídica sobre o uso desse instrumento, em perícias
judiciais, não tem nenhum fundamento técnico. 80 dB(A) - 2 horas.

Deve-se também salientar que o audiodosímetro auxilia o perito a Segundo o quadro do Anexo 1, para os níveis de 90 dB(A) e 95
determinar com maior exatidão a real exposição do trabalhador ao ruído dB(A), a máxima exposição diária permitida é de 4 (quatro) horas e de 2
contínuo ou intermitente, quando os níveis de ruído forem variáveis (duas) horas, respectivamente. Calculando a equação dos efeitos
combinados, teremos:
durante a jornada de trabalho.
. . 4 2
Analisando o quadro dos limites de tolerância, observa-se que, Dose ou efetto combJnado: 4 +2= 2
para cada nível de ruído, há um tempo máximo de exposição diária
permitido sem o uso de protetor auricular. Portanto, embora isoladamente cada tempo de exposrção seja
A insalubridade será caracterizada quando os tempos de exposição compatível com o respectivo nível de ruído, quando combinados, a soma
aos níveis de ruído superarem os limites estabelecidos no referido das frações é superior a 1, e a atividade, consequentemente, é insalubre.
quadro e o trabalhador não fizer uso etetivo do protetor auricular, ou Obs.: na equação dos efeitos combinados não é necessário utilizar
quando esse equipamento não for capaz de reduzir a intensidade do níveis de ruído abaixo de 85 dB(A), nível de corte, conforme o quadro do
ruído abaixo do Limite de Tolerâncta (art. 191, li da CLT). Anexo 1.
Quando se utiliza o medidor de nível de pressão sonora Do resultado da soma dessas frações podemos obter também o
(decibelímetro), o perito obtém na medição um ntvel de ruído nível eqUivalente de ruído (LeQ), que é igual a 90 dB(A), significando que
instantâneo, a partir do qual deverá ser verificado o tempo de expostção o empregado ficou exposto a um nível de ruído contínuo de 90 dB(A)
-64- -65-
durante a sua jornada. Para se obter o valor do nível equivalente, a partir
qual é a proteção adequada nesse caso. Logo, um trabalhador exposto
da equação dos efeitos combinados. usa-se a seguinte fórmula:
d~rante 8 (oito) horas a 115 dB(A), mesmo utilizando protetor auricular,
Dx8 nao estará adequadamente protegido, pois a maioria dos protelares
Leq =16,61 x Log T + 85 auriculares atenua em média 20 dB, conforme especificado nos Certificados
de Aprovação do MTE.
Onde:
C) Laudo tecnico
D é o resultado da soma das frações (dose em efeitos combinados)
T é o tempo de exposição em horas Com base nos dados obtidos nas avaliações, o técnico deverá
emitir o seu parecer sobre o possível risco da exposição ocupacional ao
Leq é o nível equivalente em dB(A)
ruído. Al~m ~isso •. deve info~mar se o protetor auricular fornecido é capaz
Como pode ser observado, quando a avaliação for realizada somente de reduzir a 1ntens1dade aba1xo do limite de tolerância, conforme determina
com o Medidor de Nível de Pressão Sonora (Decíbelímetro}, o perito o art.191, ll, da CLT, bem como o gerenciamento do seu uso efetivo.
deverá determinar o tempo de exposição para cada nível de ruído, de
modo a obter a dose e o Leq. No entanto, pode-se recorrer ao • No Apêndice 11 encontra-se um modelo de laudo de avaliação de
audíodosímetro para essa finalidade. Esse aparelho, que é de uso rUJdo pa~a caracterização de insalubridade. Lembramos que esse
individual, durante a medição é colocado no bolso do trabalhador com model~ e apenas uma sugestão, pois estamos sempre procurando
seu microfone o mais próximo possível da zona de audição. Ao término aperfeiçoá-lo; acreditamos que os leitores que lidam com a matéria
da medição, é fornec1do di reta ou índíretamente- dependendo do tipo também o farão.
de audíodosímetro- o nível equivalente de ruído e a dose referente ao
tempo de medição. Caso a medição não tenha sido realizada durante 5.3. Avaliação para Fins de Aposentadoria Especial
toda a jornada de trabalho, como ocorre normalmente em perícias
judiciais, o perito deve projetar a dose e calcular o Leq representativo da A) Limites de tolerância/critério de avaliação
jornada.
O agente ruído possui limite de tolerância nas normas
Ressalte-se que, para um trabalhador exposto a nível de ruído de previdenciárias. O Decreto n. 53.831/64 (revogado em março de 1997)
90 dB(A) - obtido com o decíbelímetro - sem proteção adequada, estabelece o limite de 80,0 dB, enquanto no Decreto n. 83.080/79
nada se pode afirmar sobre insalubridade sem que seja mencionado o (também revogado) e, Decreto n. 3.048/99 (vigente}, o limite para fins
tempo de exposição, pois sob tal nível de ruído lhe é permitido trabalhar de concessão de aposentadoria é de 90,0 dB. Em 19.11.2003 o
até 4 (quatro} horas por dia. Todavia, quando se afirma que o nível Decreto n. 4.882 alterou o item 2.0 do quadro do anexo IV do Decreto
equivalente de ruído é de 90 dB(A). concluí-se que a atívídade é insalubre, n. 3.048/99, estabelecendo a concessão de aposentadoria especial à
pois os tempos de exposição já foram computados na soma das frações exposição a níveis de exposição normalizados superiores a 85,0 dB(A).
dos efeitos combinados. Portanto, dependendo da época de prestação de serviço do segurado,
Outro aspecto importante a ser comentado é a exposição a níveis os limites serão diferentes isto é, podem ser 80,0 dB(A); 90,0 dB(A)
de ruído acima de 115 dB (A). O item 5 do Anexo 1 estabelece que ou 85,0 dB(A).
não é permitida a exposição a níveis superiores a 115 dB(A) sem proteção O Decreto n. 4.882/03 evoluiu no sent1do de uniformizar o limite de
adequada. Já o item 7 reafirma o item 5 e acrescenta que tal exposição tolerância com a NR-15 da Portaria n. 3.214/78, evitando o conflito entre
oferece risco grave e iminente, podendo a Delegacia Regional do os critérios. Aliás, essa uniformização foi explicada e sugerida nas edições
Trabalho o embargar ou Interditar a obra ou estabelecimento, área atingida, antenores dessa obra
posto de trabalho, máquina ou equipamento. Porém, a norma não define

-66-
-67-
8) Avaliação do ruído/caracterização
Como vimos, o Decreto n. 3.048/99 uniformizou com a NR-15 o a) Dose equivalente: ~ + ~ = 2, O
4 2
limite de tolerância para ruído, estabelecendo o direito à aposentadoria
especial quando o Nível de Exposição Normalizado- NEN for superior b) Nível equivalente de ruído= 90,0 dB(A)
a 85 dB{A). Além disso, essa alteração definiu também a curva de Nesse caso, o trabalhador ficou exposto de forma intermitente no
compensação "A" para avaliação do ruído. local ruidoso, porém a exposição ocupacional ao ruído foi permanente
O termo exposição permanente mencionado nos regulamentos da pois o Leq igual a 90,0 dB(A) corresponde à expos1ção contínua a ess~
Previdência gera bastante controvérsia entre os intérpretes. Sendo assim, nível durante um período de 8 (oito) horas.
passamos a analisar essa expressão de forma a esclarecer os leitores. Atualmente as Instruções Normativas do INSS evoluíram no sentido
Primeiramente, não se pode confundir a exposição a ruído de adotarem o critério científico na interpretação da exposição ocupacional
permanente com a exposição permanente no local onde há fonte geradora do ruído. Segundo essas normas, na expostção a níveis de ruído
de ruído. Assim, um gerente pode expor eventualmente numa área variáveis, somente caberá o enquadramento como especial quando a
ruidosa e, dependendo do nível de ruído desse local, sua exposição a dosimetria for superior ao limite de tolerância, devendo ser anexada
esse agente poderá ser permanente. a memória dos valores em tabelas ou gráficos, constando o tempo de
permanência do trabalho em cada nível de medição efetuado. Com essa
Exemplo 1
regra, evita-se que no laudo técnrco conste somente o Leq ou dose,
LOCAL NÍVEL DE RUÍDO TEMPO DE TEMPO MÁXIMO dificultando a análise quanto à exposição diária do trabalhador, fontes
dB(A) EXPOSIÇÃO- DIÁRIO PERMITIDO geradoras e outros fatores que justifiquem o Leq obtido.
HORAS
Sala do oerente 62,0 7,0 - Cabe destacar que atualmente existem diversos Audiodosfmetros
Casa de máquinas 100,0 1,0 1,0 comercializados no Brasil que fornecem a evolução dos níveis de ruído
durante a JOrnada e h1stogramas durante o período de medição, devendo
Aplicando-se os cálculos de dose e Leq explicados anteriormente, o memorial, sempre que possível, ser baseado nos dados fornecidos
teremos: pelo aparelho. Acrescente-se ainda que o memorial ou histograma deve
1,0 representar a jornada de trabalho do empregado.
a) Dose equivalente: 10 =
1 ,O
' C) Eliminação ou neutralização
b) Nível equivalente de ruído= 85,0 dB(A) As normas prev1denciárias vigentes estabelecem que o laudo
Portanto, a exposição desse trabalhador nesse local ruidoso é técnico deve constatar a informação de que o uso do equipamento
eventual, porém a exposição ocupacional ao ruído é permanente. individual ou colativo elimina ou neutraliza a presença do agente nocivo.
Exemplo 2 Nesse caso, não caberá o enquadramento da atividade como especial.
Para o agente ruído, sua eliminação pode ser feita por meio do controle
na fonte e na trajetória, enquanto a neutralização pode ser alcançada
NÍVEL DE RUÍDO TEMPO DE TEMPO MÁXIMO
LOCAL
EXPOSIÇÃO- DIÁRIO PERMITIDO
pelo uso de EPI. Entretanto, as medidas adotadas devem ser capazes
dB(A)
HORAS de reduzir a intensidade do ruído abaixo do limite de tolerância, sendo
Oficma 75.0 3,0 - necessáno, portanto, o cálculo de atenuação do EPI ou nova medição
dos níveis de ruído quando adotadas medidas coletivas (fonte na trajetória).
Área lndustnal 90,0 2,0 4.0
Na Parte VIl, as medidas de controle, especialmente os cálculos de
Sala de compressor 95,0 3,0 2,0
atenuação de EPI. serão explicadas ma1s detalhadamente.
-68- -69-
O) Laudo técnico 5.4. Avaliação para Fins de Conforto e Jncômodo
As normas v1gentes do INSS estabelecem que a comprovação da
A) Limite de tolerância
exposição aos agentes ambientais, para fins de aposentadoria especial,
deve ser feita com base nas demonstrações ambientais (PPRA, PGR, A NR-17 da Portaria n. 3.214, em seu subitem 17.5.2, estabelece
PCMSO, entre outros), desde que contenham os elementos informativos que nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam
básicos constitutivos do LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais solicitação intelectual e atenção constantes, tais como escritórios, salas
do Trabalho). O INSS, na análise desse documento, de acordo com a de desenvolvimento ou análise de projetas, dentre outros, são
Instrução Normativa vigente, deverá observar os seguintes itens: recomendados para as condições de conforto:
-Os níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBA 10.152,
I- se individual ou colativo;
norma brasileira registrada no INMETRO.
11 - identificação da empresa;
Nas atividades que possuam as características mencionadas
III - identificação do setor e da função; anteriormente, mas não apresentem equivalência ou correlação com
IV -descrição da atividade; aquelas relacionadas na NBA 10.152, o nível de ruído aceitável para
efeito de conforto será de 65 dB (A), e a curva de avaliação de ruído
V- identificação de agente nocivo capaz de causar dano à saúde (NC) de valor não superior a 60 dB.
e integridade física, arrolado na Legislação Previdenciária;
A norma NBA 10.152 fixa os níve1s de ruído compatíveis com o
VI - localização das possíveis fontes geradoras; conforto acústico em amb1entes diversos. Os valores em dB(A) e NC
Vll - via e periodicidade de exposição ao agente nocivo; (curva de avaliação de ruído) são os seguintes:
VIII- metodologia e procedimentos de avaliação do agente nocivo;
LOCAIS dB(A) NC
IX - descrição das medidas de controle existentes;
Hospitais
X- conclusão do LTCAT; Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros Cirúrgicos 35-45 30-40
XI- assinatura do médico do trabalho ou engenheiro de segurança; e Laboratórios, Áreas para uso de público 40-50 35-45
Serviços 45-55 40-50
Xll - data da realização da avaliação ambiental.
Escolas
O laudo técnico para comprovação da exposição ao ruído deverá
Bibliotecas, Salas de música, Sala de desenho 35-45 30-40
ser expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
Salas de aula, Laboratórios 40-50 35-45
trabalho (art. 58,§ 11l da Lei n. 8.213/91). De acordo com a Instrução
Normativa vigente, O LTCAT deverá ser assinado por engenheiro Circulação 45-55 40-50
de segurança do trabalho, com o respectivo número da Anotação de Hotéis
Responsabilidade Técn~ca- ART junto ao Conselho Regional de Engenharia Apartamentos 35-45 30-40
e Arquitetura- CREA, ou por médico do trabalho, indicando os registras Restaurantes. Sala de estar 40-50 35-45
profissionais para ambos. Portaria, Recepção, Circulação 45-55 40-50
No Apêndice 111 encontra-se um modelo de laudo de avaliação de Residências
ruído para concessão de aposentadoria especial. Lembramos que esse Dormttónos 35-45 30-40
modelo é apenas uma sugestão, cabendo aos leitores que lidam com a Sala de estar 40-50 35-45
matéria aperfeiçoá-lo.

-70- - 71 -
LOCAIS dB(A) NC
Auditórios
Salas de concertos. Teatros 30 - 40 25 - 30
Salas de Conferência, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35 - 45 30 - 35
Restaurantes 40-50 35 - 45
Escritórios
Salas de reunião 30-40 25-35
Salas de gerência, Salas de projetos e de administração 35-45 30 - 40
Salas de computadores 45-65 40 - 60
Salas de mecanografia 50-60 45 - 55
Igrejas e Templos (Cultos Meditativos) 40-50 35 - 45
Locais Para Esporte
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45-60 40 - 55

Notas:
a) O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto. enquanto
o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade.
b) Níveis supenores aos estabelecidos nesta Tabela são considerados 4.000 8.000
desconfortáveis sem, necessariamente, implicar risco de dano à saúde.
Frequências centrais das bandas de oitava (Hz)
As curvas de avaliação NC foram desenvolvidas para avaliar o
conforto nos locais de trabalho, tendo sido adotada pela NBR 10.152 da Os valores numéricos das curvas NC em função da frequência
ABNT. As curvas são determinadas para cada atividade em função das estão na tabela a seguir:
frequências do ruído em banda de oitava, conforme figura a seguir:

Níveis de pressão sonora correspondentes


às curvas de avaliação (NC)

Curva 63Hz 125Hz 250Hz 500Hz 1kHz 2kHz 4kHz 8kHz


NC dB dB dB dB dB dB dB dB
15 47 36 29 22 17 14 12 11
20 50 41 33 26 22 19 17 16
25 54 44 37 31 27 24 22 21
30 57 48 41 36 31 29 28 27
35 60 52 45 40 36 34 33 32
40 64 57 50 45 41 39 38 37

-72- -73-
Curva 63Hz 125Hz 250Hz 500Hz 1kHz 2kHz 4kHz 8kHz C) Laudo técnico
NC dB dB dB dB dB dB dB dB
Com base nos dados obtidos nas avaliações. o técnico deverá
45 67 60 54 49 46 44 43 42 emitir o seu parecer sobre o possível risco da exposição ocupacional ao
50 71 64 58 54 51 49 48 47 ruído, bem como as medidas coletivas, administrativas ou no homem
55 74 67 62 58 56 54 53 52 que devem ser adotadas para eliminar ou neutralizar o risco.
60 77 71 67 63 61 59 58 57 No Apêndice IV encontra-se um modelo de laudo de avaliação de
65 80 75 71 68 66 64 63 62 ruído para conforto. Lembramos sempre que esse modelo é apenas uma
sugestão, podendo ser aperfeiçoado.
70 83 79 75 72 71 70 69 68

Portanto, na determinação do conforto nos ambientes de 5.5. Avaliação do Conforto da Comunidade e Perturbação do
trabalho, é necessário medir os níveis de ruído em cada frequência Sossego Público
de banda de oitava e compará-los aos valores estabelecidos para
as respectivas curvas. Exemplo: a NR-17 determina que, nas A poluição sonora constitui-se em grave problema, especialmente
atividades que não apresentam eqUivalência ou correlação com os nos grandes centros urbanos, pois pode provocar na comunidade
valores da NBA 10.152, o nível de ruído aceitável para efeito de distúrbios no sono, estresse, dor de cabeça, irritação, entre outros. Esse
conforto será de 65,0 dB(A), e a curva de avaliação de ruído NC, não tipo de poluição é responsável por vários conflitos nas comunidades
superior a 60,0 dB. Desse modo, a esta tabela mostra os valores em principalmente naquelas localizadas próximas a aeroportos, centros de
cada frequência referentes à curva NC 60,0. diversões, indústrias, construções, além de desavenças entre vizinhos
e, em alguns casos. constitui-se na vilã por desencadear conflitos não
resolvidos entre as pessoas. Por esses motivos e em razão da grande
Níveis de pressão sonora correspondentes ocorrência desse tipo de poluição no mundo moderno, o Governo Federal
às curvas de avaliação NC 60 através do IBAMA criou o Programa de Educação e Controle de Poluição
Sonora- Silênc1o, editando diversas Resoluções sobre a matéria.
Curva 63Hz 125Hz 250Hz 500Hz 1kHz 2kHz 4kHz 8kHz
NC dB dB dB dB dB dB dB dB A Constituição da República de 1988 determina, em seu art. 23,
que é de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal
60 77 71 67 63 61 59 58 57
e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas.
Desse modo, os valores dos Níveis de Pressão Sonora medidos A grande maioria dos Municípios não estabelece Valores de níve1s
em cada frequência devem ser comparados com os valores da tabela de Ruído máximos permissíveis nem metodologia de avaliação,
acima. provavelmente por se tratar de matéria específica e técnica. Assim, na
avaliação do ruído para fins de conforto e perturbação do sossego público.
quando não houver limites de ruído na legislação municipal, deve-se
8) Procedimentos de avaliação
basear na NBA 1.051/00, conforme determina a Resolução n. 01 de 08.03.90
A avaliação dos níveis de ruído deve ser realizada no ambiente do do CONAMA, bem como legislação estadual ou federal, se houver.
local analisado. As leituras devem ser tomadas na curva de compensação
A Resolução n. 01 de 08.03.90 do CONAMA (Conselho Nacional
A (NR-17). Além do dispositivo da NR-17, devem ser observadas as de Meio Ambiente) determina que o critério de avaliação, bem como os
recomendações da NBA 10.152 da ABNT. Para se obter o NC, devem níveis aceitáveis para fins de perturbação de sossego público serão
ser analisadas as frequências do ruído. aqueles estabelecidos na NBA 1O 151 dR ABNT

-74- -75-
Essa norma estabelece também que, nos projetas de construção -Procedimentos de medição
e reforma de edificações para atividades heterogéneas, o nível de som A avaliação dos níveis de ruído deve ser feita externamente aos
produzido por uma delas não pode ultrapassar os n!veis est~bele~idos limites da propriedade que contêm a fonte; no entanto, na ocorrência de
pela norma NBA 10.152 da ABNT. A referida Resoluçao determ1na, a1nda, reclamações, as medições devem ser feitas nas condições e locais
que entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) indicadas pelo reclamante (suposto incómodo).
competentes, no uso do respectivo poder de política, disporão de acordo
No exterior das edificações, a NBA 10.151 /00 determina que as
com o estabelecido nesta Resolução, sobre a emissão ou proibição da
medições devem ser efetuadas em pontos afastados aproximadamente
emissão de ruídos produzidos por quaisquer meios ou de qualquer
1,20m do piso e pelo menos 2 m do limite da propriedade e de quaisquer
espécie, considerando sempre os locais, horários e a natureza das
outras superfícies refletoras, como muros, paredes etc.
atividades emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das
atividades com a preservação da saúde e do sossego público. No interior de edificações, as medições devem ser efetuadas a
uma distância de no mínimo 1 m de quaisquer superfícies, como paredes,
A emissão de ruídos produzidos por veículos automotoras e os teto, piso etc. As medições devem ser efetuadas nas condições de
produzidos no interior dos ambientes de trabalho obedecerão às normas utilização normal do ambiente, isto é, com as janelas abertas ou fechadas
expedidas, respectivamente, pelo Conselho Nacional de Trânsito -:- de acordo com a indicação do reclamante.
CONTRAN, e pelo órgão competente do Ministério do Trabalho (Resoluçao
- Correções dos níveis de ruído- Lc
01/90, item V).
Segundo a NBA 10.151/00. o Nível Corrigido Lc para ruído sem
a) Norma NBR 10.151/00 da ABNT
caráter impulsivo e sem componentes tonais é determinado pelo Nível
A norma NBA 10.151/00 da ABNT fixa as condições exigíveis para de Pressão Sonora Equivalente, LAeq. Caso o equipamento não execute
avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, independente da medição automática do LAeq, deve ser utilizado o cálculo por meio de
existência de reclamações. Dentre as regras estabelecidas nessa norma, equação contida na referida norma. No entanto, deve-se preferencialmente
destacam-se: utilizar medidores que forneçam o valor LAeq, pois é mais preciso.

-Equipamentos de medição Para o ruído com características impulsivas ou de impacto, a norma


recomenda determinar valor máximo medido com o medidor de nível
Segundo a NBA 10.151/00, o med1dor de nível de pressão sonora de pressão sonora ajustado para resposta rapida (fast), acrescido de
ou o sistema de medição deve atender às especificações da IEC 60.651 5 dB(A).
para o tipo o, tipo 1 ou tipo 2. Além disso, a referida norma recomenda
Para ruído com componentes tonais, a norma recomenda também
que o equipamento possua recursos para medição de nível de pressão
que o LAeq seja acrescido de 5 dB(A). Já na presença de ruído e impacto
sonora equivalente ponderado em 'A" (LAE0 ), conforme IEC 60.804.
e com componente tonais, a norma recomenda corrigir o Lc por meio do
O calibrador acústico deve atender às especificações da IEC procedimento anterior, ou seja, somando 5 dB(A). Em seguida, adotar o
60.942, devendo ser de classe 2, ou melhor. resultado do nível de ruído de maior valor
A norma determina também que o medidor de nível de pressão E importante destacar que o ruído de impacto é facilmente
sonora e o calibrador acústico devem ter certificado de calibração da identificado. Exemplos: marteladas, tiros e explosões. Já como ruído
Rede Brasileira de Calibração (ABC) ou do Instituto Nacional de Metrologia, com componentes tonais, a norma cita como exemplos os zumbidos e
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), renovado no mínimo apitos no entanto. a identificação correta desse tipo de ruído requer estudo
por 2 (dois) anos. mais detalhado, incluindo análise de frequência.

Ademais, o medidor de nível de pressão sonora deve ser calibrado -Nível de critério de avaliação- NCA -ambiente externo
antes e após a med1ção, ou conjunto de medições relativas ao mesmo De acordo com a NBA 1O. 152, o nível de cntério de avaliação NCA
evento, utilizando calibrador acústico portátil. para amb1entes externos é de acordo com a tabela a seguir·

-76- -n-
Nfvel de critério de avaliação NCA, para Portanto, com base nessas normas, a diferença entre o ruído total
ambientes externos, em dB(A) (fonte+ ruído de fundo) e o nível de ruído com fonte desligada (ruído de
fundo) deve ser inferior a 1O dB(A}.
Tipos de áreas Diurno Noturno
40 35 Acrescente-se ainda que outras legislações estaduais e municipais
Áreas de sítios e fazendas
também adotam critério semelhante para verificação da fonte poluidora;
Área estritamente res1dencial urbana, ou de hospitais 50 45
no entanto, os valores máximos permissíveis podem variar. Desse modo,
ou de escolas
é necessário consultar a legislação específica especialmente do
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Município onde localiza-se a fonte do suposto incômodo.
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55 c) Laudo técnico
Área predominantemente Industrial 70 60
Após a coleta de dados no campo, o técnico deverá emitir laudo
técnico com parecer sobre a possível perturbação do sossego público
-o horário noturno e diurno pode ser definido pelas autoridades, provocado pelo ruído, bem como as fontes poluidoras. A NBA 10.151/00
de acordo com os hábitos da população; porém, o período noturno não determina que no relatório de ensaio de ruído, devem constar no mínimo
deve começar depois das 22 horas e não deve terminar antes das 7 as seguintes informações:
horas do dia seguinte. Se o dia seguinte for domingo ou feriado, o término
-marca, tipo ou classe e número de série de todos os equipamentos
do período noturno não deve ser antes de 9 horas.
de medição utilizados;
- Nível de critério de avaliação- NCA -ambiente interno - data e número do último certificado de calibração de cada
O nível de critério de avaliação NCA para ambientes internos é o equipamento de medição;
nível indicado na tabela acima com a correção de -1 OdB(A), para janela - desenho esquemático e/ou descrição detalhada dos pontos da
aberta, e -15 dB(A), para janela fechada. medição;
Se o nível de ruído do ambiente ~for superior ao valor da tabela - horáno e duração das medições do ruído;
acima para a área e o horário em questão, o NCA assume o valor do L1w - nível de pressão sonora corrigido Lc, indicando as correções
aplicadas;
b) Caracterização da fonte poluidora - nível de ruído ambiente;
Na avaliação do ruído do sossego público, é necessário analisar o - valor do nível de critério de avaliação (NCA) de ruído aplicado
ruído de fundo do ambiente, no sentido de caracterizar ou não a fonte para a área e o horário da medição;
poluidora no local. - referência a esta Norma.
Essa verificação pode ser feita medindo os níveis de ruído com a No Apêndice V encontra-se um modelo de laudo de avaliação de
fonte ligada e desligada. A Lei Estadual n. 10.100, de 17.01.90, de Minas ruído para perturbação do sossego público. Lembramos que esse modelo
Gerais e a Portaria n. 92 de 19.06.80 do extinto Ministério do Interior, é apenas uma sugestão, devendo os leitores aperfeiçoá-lo.
dispõe:
Para os efeitos dessas normas, consideram-se prejudiciais à saúde, 5.6. Avaliação de Ruído em Cabines Audiométricas
à segurança e ao sossego público quaisquer rufdos que:
1 - atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, O Anexo I, quadro 2, da NR-7 estabelece diretrizes e parâmetros
nível de som superior a 10 {dez) decibéis- dB(A), acima do ruído de mínimos para a avaliação e o acompanhamento da audição do trabalhador
fundo existente no focal, sem tráfego;
-78- -79-
através da realização de exames audiológicos de referência e Níveis máximos de pressão sonora permitidos
sequenciais. O sub1tem 3.6.1 .1 determina que o exame audiométrico para o ruído ambiente Lm.,,,.,. ....... 20 ~ Pa>
Frequência
será realizado em cabina audiométrica, cujos níveis de pressão sonora central da Faixas de frequência do tom de teste
não ultrapassem os níveis máximos permitidos, de acordo com a norma banda de 1/3 125Hz- 8.000 Hz 250 Hz - 8.000 Hz 500Hz - 8.000 Hz
ISO 8.253-1. Nas empresas em que existir ambiente acusticamente oitava- Hz
ISO Lm.. ISO ISO
tratado, que atenda à norma ISO 8.253-1, a cabina audiométrica poderá 100 33,0 43,0 55,0
ser dispensada. 28,0 51,0
125 39,0
A Norma ISO 8.253-1 estabelece os níveis de pressão sonora do 160 23,0 30,0 47,0
ambiente em sala de testes audiométricos, que não devem ser 200 20.0 20,0 42,0
ultrapassados de forma a evitar o mascaramento dos tons de teste.
250 19,0 19,0 37,0
Estes valores são especificados como níveis máximos de pressão sonora
315 18.0 18,0 33,0
Permissíveis - Lrnax em bandas com frequência de terça de oitava. A
Norma ISO 8.253 -1 estabelece valores Lmax em terça de oitava para 400 18,0 18,0 24,0
audiometria de condução aérea e óssea. 500 18,0 18,0 18,0
630 18,0 18,0 18,0
Segundo a norma ISO, os valores dos níveis de pressão sonora
para audiometria de condução aérea foram determinados com o teste 800 20,0 20,0 20,0
feito em fones de ouvido supra-auricular típicos, conforme atenuação 1.000 23,0 23,0 23,0
média constante na Tabela 2. Caso sejam utilizados fones de outro tipo, 1.250 25,0 25,0 25,0
a diferença de atenuação desses aparelhos e os valores fornecidos pela 1.600 27,0 27,0 27,0
Tabela 2 devem ser somados aos valores de Lmax· 2.000 30,0 30,0 30,0
A norma ISO 8.253 -1 fornece os níveis de pressão sonora para 2.500 32,0 32,0 32,0
testes em condução aérea, conforme tabela a seguir: 3.150 34,0 34,0 34,0
Tabela 01 4.000 36,0 36,0 36,0
Níveis máximos de pressão sonora permissíveis para o ruído ambiente 5.000 35,0 35,0 35,0
lm••' em bandas de 1/3 de oitava para a audiometria de condução por 6.300 34,0 34,0 34,0
via aérea, quando fones de ouvido supra-aurais típicos são utilizados. 8.000 33,0 33,0 33,0
Nota: utilizando-se os valores ac1ma, o menor nível de limiar de audição a ser
medido é de O dB, com a incerteza máx1ma de +2 dB devido ao ruído ambiente. Se
Níveis máximos de pressão sonora permitidos
uma incerteza màx1ma de +5 dB devida ao ruído ambiente é permitida. os valores
para o ruído ambiente L..,..,_ .. .,,"'· podem ser incrementados em 8 dB.
Frequência
central da Faixas de frequência do tom de teste
banda de 1/3 125Hz- 8.000 Hz 250 Hz - 8.000 Hz 500 Hz - 8.000 Hz
de oitava- ISO
ISO Lmox ISO
Hz
31,5 56,0 66,0 78,0
40 52,0 62,0 73,0
50 47,0 57.0 68,0
63 42,0 52.0 64,0
80 38,0 48,0 59,0

-80- -81-
Tabela 02 Tabela 03
Atenuação sonora média para fones de ouvido supra-aurais típicos. Níveis máximos de pressão sonora permissíveis para o ruído ambiente
L,..•• em bandas de 1/3 de oitava para a audiometria de condução óssea,
Frequência Hz Atenuação sonora média dB
quando fones de ouvido supra-aurais típicos são utilizados.
31,5 o
Níveis máximos de pressão sonora permitidos
40,0 o Frequência
central da para o ruído ambiente Lmax t..-,... ZOpPol
50,0 o banda de 1/3 Faixas de frequênci a do tom de teste
63,0 1 de oitava - 125 HZ - 8.000 Hz 250 Hz - 8.000 Hz
Hz
80,0 1 ISO ISO
100 2 31 ,5 55,0 63,0
125 3 40 47,0 56,0
160 4 50 41,0 49,0
200 5 63 35,0 44,0
80 30,0 39,0
250 5
100 25,0 35,0
315 5 125 20,0 28,0
400 6 160 17,0 21,0
500 7 200 15,0 15,0
630 9 250 13,0 13,0
11 315 11 ,0 11,0
800
400 9,0 9,0
1.000 15
soo 8,0 8,0
1.250 18 630 8,0 8,0
1.600 21 800 7,0 7,0
2.000 26 1.000 7,0 7,0
2.500 28 1.250 7,0 7,0
1.600 8,0 8,0
3.150 21
2.000 8,0 8,0
4.000 32
2.500 6,0 6,0
5.000 29 3.150 4,0 4,0
6 300 26 4.000 2,0 2,0
8.000 24 5.000 4,0 4,0
Nota: os valores dados estão baseados em medições, utilizando-se tons puros em 6.300 9,0 9,0
campo livre e fones de ouvido TDH39 com almofadas MX41/AR e Beyer DT48. 8.000 15,0 15,0
Dados de atenuação baseados em ruídos de faixa estreita em um campo difuso são Notas: 1 - Utilizando·se os valores acima, o menor nível de limiar de audição a ser
assumidos como fornecendo uma medição mais realista das propriedades de medido é de O dB, com a Incerteza máxima de +2 dB devido ao ruído ambiente. Se
atenuação Valores um pouco menores que estes podem ser esperados com bandas uma incerteza maxima de +5 dB devida ao ruldo ambiente é permitida, os valores
de ruído em um campo difuso; todavia, dados insuficientes estão disponíveis podem ser incrementados em 8 dB.
atualmente
2 - Como a maioria dos medidores de nlvel sonoro, é difíc1l medir-se níveis abaixo
de 5 dB.

- 82 - - 83 -
-Segundo a norma ISO 8.253 -1, as medições dos Níveis de
Pressão Sonora nas cabines audiométricas devem ser realizadas com
Tímpano
medidor de nível sonoro tipo 1, de acordo com a IEC 60.651, ou medidor
de nível sonoro integrador, de acordo com a IEC 60.804.
-Deverá ser utilizado também o filtro de banda de 1/3 de oitava,
\
de acordo com a IEC 60.225.

5.7. Avaliação de Ruído em Teleatendimento

A avaliação nos Headset deve ser realizada de acordo com normas Minlmlcrofone
Internacionais. Assim, não é recomendado fazer qualquer medição sem
estudo profundo e sem validação da metodologia e/ou equipamentos Fig. 3- Microfone posicionado com sonda
usados.
11- MÉTODO DO SIMULADOR COM MANEQUIM
A metodologia dessa avaliação deve ser feita com base na Norma -IS0-01 1.904- PARTE 2
ISO/DIS 11.904, partes 1 e 2. A primeira estabelece o método da
colocação do microfone no ouvido real (técnica MIRE), ao passo que a Nesse método utiliza-se uma cabeça (padronizada) com orelha
segunda utiliza um manequim simulador (técnica do Manequim) (padronizada), sendo que no canal auditivo externo da cabeça usa-se
um Simulador de Ouvido padronizado, com m1crotone de precisão. A
1- MÉTODO DO OUVIDO REAL -IS0-11.904- PARTE 1 figura a seguir ilustra essa técnica:
Esse método consiste em colocar o minimicrofone do Medidor de
Nível de Pressão Sonora no canal auditivo do trabalhador Quanto à
posição de colocação do minimicrotone no canal auditivo para aplicação
da técnica descrita na parte 1 da norma, esta pode ser de três maneiras,
conforme ilustram as figuras 1 a 3.

Minlmlcrofone

Fig. 1 - Minimicrofone em canal auditivo


Cabeça Artificial construída conforme a Norma
Fig. 2- Minimicrofone em canal auditivo aberto bloqueado ANSI S3.36 e IEC 959 para medição da Dose de Ruído

-84- -85-
transmitidos por uma pequena cadeia de três ossículos (os menores
ossos do corpo humano, que compõem o ouvido médio com o tímpano
e dois pequenos músculos) até o ouvido interno. O ouvido interno
PARTE VI preenche uma cavidade situada na estrutura óssea do crânio, tem
componentes distintos e ainda é preenchido por um líquido. Dentre os
componentes do ouvido interno destaca-se aquele conhecido como
EFEITOS DO RUÍDO NO ORGANISMO "cóclea". No interior da cóclea há uma estrutura chamada "órgão de Corti".
que contém milhares de células sensoriais conhecidas como "células
cHiadas".
João Salvador Reis Menezesf6J Quando essas células são apropriadamente estimuladas (pela
Naray Jesimar A. Paulind7! energia que vem se propagando pelos ouvidos externo e médio), geram
impulsos nervosos, que são transmitidos ao cérebro pelo chamado "nervo
auditivo". Esses impulsos são "decifrados": a pessoa percebe o som.
Neste capítulo pretendemos fazer uma pequena abordagem acerca
do tema ruído, sob o ângulo médico. Na verdade, o tema é extenso e Quando a energia (vibração) que excita as células ciliadas da cóclea
é resultado da cadeia de eventos descrita acima, dizemos que houve a
não teríamos a pretensão de esgotá-lo em poucas linhas. Preferimos
tecer comentários breves que pensamos poder ser entendidos sobretudo chamada "condução aérea" do som. Quando o som vibra diretamente o
por profissionais não médicos, já que os médicos (especialmente os do crânio e/ou vibra as paredes do meato acústico externo, que estimulam
trabalho) têm nesse tema um campo frequente de estudo. a cóclea, ocorre a "condução óssea". O órgão sensitivo final, a cóclea, é
o mesmo: somente varia o caminho para a sua excitação.
Logo a princípio, vamos apenas lembrar que ruído, tecnicamente,
não é sinônimo de barulho. "Ruído'' é uma mistura de sons; "barulho", Não devemos confundir "condução aérea" ou "condução óssea''
por sua vez, é o som que incomoda (logo, este último conceito inclui com "hipoacus1a condutiva" e "hipoacusia neurossensorial" (ou
componentes subjetivos). "Som" é a vibração capaz de ser detectada sensorioneural). A hipoacusia {diminuição da capacidade de audição)
pelo ouvido humano (entendendo-se "vibração", grosseiramente, como o pode ser devida a uma lesão ou obstáculo no ouvido externo ou médio·
movimento, para um lado e para outro, das partículas de um corpo) nesses casos, diremos que se trata de uma hipoacusia condutiva, o~
Neste texto usaremos o termo "ruído", já consagrado pelo uso. seja, o som não está sendo adequadamente conduzido até o órgão
sensorial que é a cóclea (ex.: excesso de cera no ouvido externo, otites
Mas como se forma o som no ouvido humano? De modo resumido, etc.). Se a hipoacusia for decorrente de uma lesão no ouvido interno ou
é o seguinte: a audição humana se processa graças à ação do chamado do nervo auditivo, então será denominada hipoacusia neurossensorial,
"aparelho auditivo", ou seja, um conjunto de estruturas com funções ou seja, não está havendo funcionamento adequado da cóclea e/ou do
diferentes e complementares que resultam na capacidade de uma pessoa nervo auditivo. A hipoacusia também pode ser mista. isto é, tanto a
perceber e entender um som. O aparelho auditivo é dividido em três porção condutiva quanto a porção neurossensorial apresentam-se com
partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. A energia que problemas.
produzirá o som é recebida no ouvido externo (conhecido popularmente
como "orelha") e se propaga através de um pequeno "corredor", ainda Como qualquer outra função do corpo humano, há um ponto de
pertencente ao ouvido externo, que é o "meato acústico externo", até equilíbrio para o funcionamento adequado do aparelho auditivo. Como
uma membrana chamada "tímpano". Ao receber a energia que vinha se qualquer outra função do nosso corpo, tanto o aparelho auditivo precisa
propagando, o tímpano se movimenta. Os seus movimentos são ser exercitado e estimulado para o seu desenvolvimento e aprimoramento
como sofrerá exaustão se for por demais exigido e exposto a agentes que
possam lesá-lo. Além disso, é necessário lembrar que o aparelho auditivo
(6) Médico do trabalho.
(7) Méd1ca do trabalho e advogaoa. pode sofrer uma diminuição gradual de sua acuidade em virtude do próprio

- 86 - -87-
envelhecimento da pessoa (é o que se denomina "presbiacusia"). O Apenas didática e resumidamente, podemos dividir esses
aparelho auditivo ainda pode ter comprometimento no seu "conforto" e efeitos em efeitos auditivos e efeitos extra-auditivos do ruído. Os efeitos
mesmo no seu funcionamento, em virtude da própria poluição sonora, auditivos podem ser divididos em traumas acúst1cos, efeitos transitórios
presente sobretudo nos grandes centros urbanos (trânsito, discoteca, e efeitos permanentes. Há sons que, de tão tênues, nem são ouvidos
competições com veículos motorizados, "walkman", aparelhos pelo ser humano; outros há que são ouvidos dentro de uma faixa que
eletrodomésticos etc.). temos como "normal" e sem potencial de agravos. Outros sons, ainda,
Como parte integrante e nada dispensável do organismo humano e são ouvidos em frequência e intensidade suficientes para provocar lesões
sendo suscetfvel a lesões e perdas, havemos de nos preocupar com a temporárias ou permanentes: esses sons podem estar presentes no
manutenção da audição em níveis pelo menos adequados à boa trabalho, no lar, na escola, nas ruas, em atividades de lazer etc.
convivência humana. No caso do ruído no ambiente de trabalho, Trataremos aqui dos efeitos relacionados ao ruído maior que 85 dB(A},
especificamente, é inadmissível haver perdas auditivas gratuitas, já que uma vez que a legislação brasileira est1pula esse valor como limite
são conhecidos alguns elementos que podem impedir o surgimento ou a máximo permitido para o trabalho, por 8 (oito) horas/dia, sem proteção.
progressão dessas perdas (diminuição do tempo de exposição ao rufdo,
redução do ruído ambiental, uso efetivo de EPI etc.). Havendo lesão, 6.1. Efeitos Auditivos do Ru(do
sobretudo de maior monta, há prejuízo para a economia orgânica e uma
função previamente normal, ou dentro de certo limiar pode progredir para 6.1.1. Trauma Acústico
um quadro de deficiência auditiva. A existência de lesão já ~arante, por
si só, o direito à arguição de indenização pelo dano sofrido. E importante Sons de curta duração e alta mtensidade (explosões, estampidos
lembrar que a diminuição da acuidade auditiva induzida pelo ruído ainda de arma de fogo, detonações etc.) podem resultar em uma perda auditiva
não é reversível (assim como aquela causada pelo envelhecimento normal imediata, severa e permanente, conceituada como "trauma acústico".
da pessoa). É igualmente importante, então, que a pessoa não seja Todas as estruturas do ouvido podem ser lesadas, em particular o órgão
exposta desnecessariamente a esse potencial de lesão em sua de Corti, a delicada estrutura sensorial da parte auditiva do ouvido intemo
capacidade auditiva- há que se prevenir. (cóclea). O aparelho auditivo possui sistemáticas que procuram "atenuar"
as vibrações que chegam até a cóclea e diminuir, com isso, as chances
Não devemos perder de vista que tanto a legislação trabalhista de lesão auditiva. Contudo, em casos de sons como aqueles necessários
como a previdenciária tratam do tema "ruído" e têm procurado e suficientes para confenrem trauma acústico, essas sistemáticas do
aprimorar-se neste assunto, inclusive através de normas próprias. O aparelho auditivo não têm "tempo para entrar em ação", e, com isso,
que tem assustado as empresas, contudo, é a possibilidade de pode ocorrer a lesão.
indenizações civ1s (em dinheiro), nada irrisórias, que podem pleitear os
empregados e ex-empregados que apresentem alterações auditivas que 6.1.2. Perda Auditiva Temporária
possam ter nexo com o trabalho. Aqui ainda cabe a lembrança de que,
além de outras implicações, os prepostos ainda podem ver-se às voltas Exposições moderadas podem inicialmente causar uma perda
com processos penais por exposição da saúde a risco. auditiva temporária, que a literatura inglesa denominou TTS (temporary
threshol shiff). As alterações que poderiam estar implicadas nessa perda
Apesar de a questão primeira parecer ser o simples medo de temporária (portanto, recuperável) ainda não foram totalmente
indenização pecuniária, muito mais está implícito nos cuidados auditivos esclarecidas (Edema intracelular? Alterações vasculares? Exaustão
com relação ao ruído: é a própria integridade humana que está em jogo, metabólica?).
o respeito pela condição humana do trabalhador.
Após exposição ao rufdo insalubre de qualquer origem (profissional
Mas qua1s seriam. afinal. os efeitos do ruído sobre o organismo ou não profissional), pode ocorrer uma perda temporária da acUidade
humano? auditiva. Contudo. os limiares auditivos retornam à normalidade após

-88- -89-
um período de relativo silêncio {descanso da atividade ruidosa). A outro lado, é descrito que a PAlA raramente afeta a audição em limtares
literatura e as normas internacionais referem como sendo de 11 a 14 maiores que 70 dB(A) nas frequências agudas e 40 dB (A) nas frequências
horas o período de relativo silêncio para a reversão da perda temporária graves. Quando se encontrar perdas maiores que os últimos valores
- da! a recomendação internacional de que deva haver 14 horas de citados, então se deve pensar em outras possibilidades diagnósücas
repouso acústico antes da realização do exame audiométrico. isoladas ou associadas.
Repetidas expos1ções ao ruído capaz de produzir perdas temporárias A perda auditiva permanente dev1da ao ruído é descrita como
podem gradualmente originar perdas permanentes (as perdas ocorrendo primeiramente entre 3.000 e 6.000 Hz (altas frequências),
permanentes são descritas como ocorrendo ao longo de anos de sobretudo em 4.000 Hz, em função da própria anatomia e da própria
exposição ao ruído). Havendo perdas permanentes, ocorrerá perda da dinâmica de funcionamento do aparelho auditivo humano. Geralmente a
vitalidade das células implicadas na audição - elas estarão débeis ou sequência de aparecimento das perdas na audiometria está assim listada:
mortas, destruídas, e as fibras nervosas que existirem na mesma região 6.000, 4.000, 3.000, 8.000, 2.000, 1.000, 500 e 250 Hz. O ruído
acabarão degeneradas: a audição não se processará normalmente ocupacional ocorre geralmente na faixa entre 3.000 e 6.000 Hz,
(diminuição da capacidade auditiva), ou deixará de se processar (surdez). particularmente em 4.000 Hz. A conversação humana ocorre em
frequências menores {SOO a 2.000 Hz).
6. 1.3. Perda Auditiva Permanente
Os primeiros achados audiométricos alterados, então, estão
A perda auditiva permanente tem sido conhecida popularmente em situados entre 3.000 e 6.000 Hz, embora tais achados não sejam
nosso meio como "PAlA" (perda auditiva induzida por ruído); se esse patognomônicos de PAlA. É preciso pesquisar doenças genéticas,
ruído é sabidamente ocupacional, alguns têm então chamado "PAIRO" doenças neonatais, diabetes, doenças cardiovasculares, uso de algumas
(perda auditiva induzida por ruído ocupacional). A norma técnica mais medicações, idade, exposição a ruído não ocupacional, possível
recente até a elaboração deste texto (Ordem de Serviço n. 600, INSS, susceptibilidade individual etc.
de 5.8.98, publicada no DOU em 19.8.98) usa a expressão "Perda Auditiva
As perdas produzidas pelo ruído são descritas como ocorrendo
Neurossensorial por Exposição Continuada a Níveis Elevados de Pressão
com mais rapidez nos primeiros anos de exposição. "Após muitos anos
Sonora de Origem Ocupacional", mas mantém o uso da sigla PAlA, que
de exposição, as perdas nas altas frequências progredirão muito
também será utilizada neste texto.
lentamente. mas iniciar-se-á um processo de piora nas baixas
A perda auditiva é mensurada determinando-se limiares auditivos frequências." A Norma 600, já citada, lista a necessidade de 1O a 15
em várias frequências através do exame conhecido como "audiometria" anos de exposição para haver uma manifestação clara de PAlA.
(este é também o exame usado em programas de conservação auditiva
para determinar se a proteção contra o ruído está sendo adequada - Enquanto as alterações no aparelho auditivo estiverem apenas
entenda-se proteção como sendo o conjunto das ações individuais e restritas às frequências entre 4.000 e 6.000 Hz, não há qualquer prejuízo
coletivas acerca do ruído). social ou na vida de relações para a pessoa implicada. Ou seja, não há
repercussão na fala, na escuta ou no entendimento da conversação,
A literatura brasileira e normas internacionais dão conta de que 25 audição de músicas ou TV. Como as perdas auditivas começam por
dB(A) é considerado como o limite máximo de normalidade (norma ISO essas frequências, alnda há tempo de proteger a audição do empregado
1.999:1990). Expressões audiométricas maiores que 25 dB(A) poderiam (ou pelo menos tentar efetivamente). É exatamente em função dessa
indicar, então, uma anormalidade no exame. Perdas entre 30 e 35 dB(A), sistemática de funcionamento/lesão que o trabalhador não toma
no entanto, ainda são consideradas pequenas, sobretudo se em "consciência" do problema que vem sofrendo até que os níveis que
frequência isolada. Uma perda na audição que possa afetar as atlvidades interferem na conversação estejam também afetados significativamente.
normais cotidianas geralmente não é motivo de queixa até que os níveis O maior impacto da hipoacusia é exatamente sobre a habilidade de
auditivos nas frequências que têm importância na conversação normal comunicação, o que pode afetar a qualidade de vida.
(500 a 2.000/3.000 Hz) mostrem perdas maiores que 35 a 40 dB. Por
-91-
-90-
T

A PAIR a1nda não é considerada como reversível sob nenhum que, no silêncio da noite, torna-se muito mais perceptível, causando
tratamento clín1co ou cirúrgico (embora algumas técnicas cirúrgicas grande desconforto no trabalhador (mas não patognomônico de PAI R e
estejam sendo experimentadas}. Quando a perda se resume às faixas que pode ter causas concorrentes para aquele indivíduo). Com o tempo,
de 3.000 a 6.000 Hz. somente os portadores de ouvidos mais aguçados a dificuldade para a conversação na presença de ruído de fundo se fará
relatarão alguma dificuldade auditiva (por exemplo, dificuldade na notar, assim como uma intolerância a ruídos mais altos (é o chamado
identificação de tons mais agudos dos instrumentos musicais}. Quando "recrutamento"). Há relatos de que tanto o zumbido pode ser progressivo
a frequência de 3.000 Hz Já está acometida mais severamente (35 dB(A) quanto pode regredir espontaneamente.
ou mais}, então já podemos ter o aparecimento das primeiras e, a
princípio, discretas dificuldades para a compreensão da conversação É sobretudo com o comprometimento das frequências de 2.000 Hz
quando há presença de ruído de fundo, conversas paralelas, salas e menores que teremos o comprometimento social importante. Apesar
reverberantes e/ou a voz do interlocutor for mais aguda. A logoaudiometria disso, a capacidade laborativa do trabalhador, isso é fato, costuma não
com e sem mascaramento poderá ser importante aqui. Ainda assim, não ser grandemente ou nada prejudicada, exceto nas funções em que a
há comprometimento tão extenso da comunicação e convivência sociais. audição é fundamental (ex.: afinador de instrumentos musicais). Dessa
forma, rarissimamente a PAI R resulta em incapacidade total e definitiva
Quando a faixa de 2.000 Hz está comprometida, aqui já temos um para o trabalho.
prejuízo social mais significativo. A pessoa apresenta dificuldade mais
evidente para discriminar sons na presença de ruídos de fundo. É comum, Percebe-se que a frequência de 3.000 Hz funcionaria quase como
então, que a pessoa tente compensar a deficiência auditiva fixando o um "divisor de águas": estando essa frequência afetada, suas
olhar nos lábios de quem fala. Sua própria fala, por outro lado, começa a repercussões ainda são pequenas, e podem mesmo passar
ser pronunciada em intensidade e frequência aumentadas (a pessoa despercebidas ou até ser tidas socialmente como de pouca importância;
começa a falar mais alto). contudo, a progressão para 2.000 Hz e o prejuízo social consequente é
questão de tempo.
Havendo perdas em 1.000 Hz ou menos, o comprometimento social
é evidente e não passa despercebido. A comunicação verbal estará
comprometida e 1sso poderá levar a limitações importantes na sua vida 6.2. Efeitos Extra-auditivos do Ruído
social, nas suas relações pessoais e até no trabalho. Havendo perda em
500Hz (valores 1guais ou menores que 30 ou 35 dB(A}), então a hipoacusia Muito se tem procurado discorrer acerca dos chamados "efeitos
é severa, e a qualidade de vida do indivíduo sofre prejuízo flagrante. extra-auditivos do ruído''. Lembremos que, do ponto de vista da anatomia
Esse prejuízo poderá excluí-lo de atividades prazerosas e da própria e da fisiologia (que são os que norteiam o estudo médico-científico), os
convivência familiar, que poderá tomar-se dificultada pela incompreensão estímulos auditivos chegarão à cóclea por meio da condução óssea e/
ou impaciência da família; o indivíduo tende a isolar-se ou ser isolado ou da condução aérea, já citadas no item anterior. Não há mágica
dos demais. conhecida até hoje pela Medicina que permita a afirmação de que esses
As que1xas do indivíduo portador de PAIR , então , serão estímulos penetrariam pela pele ou por qualquer outro órgão e os afetaria
progressivas. Comumente a percepção inicial de que a audição do diretamente. Como é possível, então, falar em efeitos extra-auditivos do
indivíduo não está muito boa é manifestada pela família, que se queixa ruído?
de um "tom de voz" mais alto (a pessoa tem dificuldade para ouvir a Tem-se tentado correlacionar uma série de achados ou queixas
própria voz, já que a perda é neurossensorial, ao contrário da surdez de inespecíficos, ora mais vagos, ora mais intensos, com sintomatologia
condução), do volume elevado do rádio e da televisão e de não haver ou conjunto de sinais que pudessem ser devidos à exposição ao ruído.
boa compreensão da conversação quando em grupo (especialmente se O ruído estaria, assim , de alguma maneira, afetando o indivíduo em
as pessoas do grupo falam agudamente ou falam mais baixo). Em termos outras esferas de sua economia orgân1ca e não somente no aparelho
de queixas, a reclamação mais frequente do trabalhador é o zumbido, auditivo.

-92- -93-
Na verdade, o somatório de manifestações que podem ser atribuídas à apresentação de espasmos musculares reflexos, aumento da
também (e não exclustvamente ou, às vezes, nem mesmo preponderan- frequência respiratória (também há relatos de diminuição da frequência
temente) à exposição a ambiente ruidoso diz respeito ao cansaço físico e aumento da profundidade respiratória), vertigem, cefaleia.
e mental decorrente do trabalho sob condição ruidosa, que é pouco con- Como se percebe. o tema não é pacífico, e muito ainda haverá que
fortável. Trata-se, então, de manifestações devidas ao estresse sobre a ser estudado de forma séna e sistematizada antes de se afirmar como
pessoa e à sua fatigabilidade. Os mecanismos que entrariam em ação verdade científica atual uma relação clara e inequívoca para os chamados
para permitir as manifestações do estresse físico e mental fogem ao efeitos extra-auditivos do ruído (diferentemente dos efeitos auditivos já
objetivo deste pequeno capítulo, mas as manifestações que têm sido mais bem sistematizados, descritos e comprovados).
descritas serão adiante citadas. Uma das formas de ação do ruído na
gênese dos efeitos extra-auditivos parece estar relacionada a uma via No que tange ao rendimento dentro do próprio trabalho, já são mais
poli neural, não específica, através das conexões colaterais na substân- evidenciados uma dificuldade de concentração em ambientes ruidosos,
cia reticular do tronco cerebral: o ruído funcionaria como um estfmulo maior índice de absenteísmo, maior número de acidentes de trabalho,
potente para estabelecer uma conexão com o sistema nervoso no sen- diminuição da produtividade geral e aumento do número de ocorrência
tido de manter um estresse crônico. Essa hipótese poderia subsidiar ou de erros no trabalho.
favorecer reações psíquicas várias, manutenção de um estado de hiper- Lembremos, contudo, que há a tendência em quase todas as
vigília para a pessoa, aumento do tônus muscular, dificuldade de repou- sociedades e épocas de procurar por um "bode expiatório", que seja o
so do organismo, dentre outros. grande culpado por todas as mazelas do povo como um todo e/ou de
Haveria um conjunto de diferentes reações no eixo hipotálamo- alguns indivíduos em particular e/ou de um de seus indivíduos. Essa
tendência é por demais perigosa. e incorre-se no risco de que
·hipófise-adrenal, incluindo um aumento de liberação de hormônios que
ponderações subjetivas do indivíduo lesado ou do interlocutor asseverem
afetariam negativamente os órgãos-alvo (glândulas, sistema imune,
órgãos sexuais, sistema cardiovascular etc.). Durante a fase de estresse que somente o ruído, ou preponderantemente ele, estaria envolvido na
crônico por que passa o organismo exposto ao ruído haveria um "período gênese ou na manutenção de um quadro de fadiga e/ou estresse físico
e mental que uma pessoa esteja apresentando. Essa associação pode
de resistência": o organismo tentaria habituar-se ao agente agressor e
continuaria mantendo seus sistemas de defesa e acomodação. Com o ser sobretudo fortalecida ou desejada quando a exposição ao ruído é de
passar do tempo, contudo, e não se sabe quanto tempo, ocorrena uma origem profissional. É importante lembrar que mesmo a NIOSH ainda
exaustão dos sistemas de defesa e acomodação do organismo, o qual não corroborou todos os estudos acerca dos efeitos extra-auditivos do
tenderia a entrar em colapso e descompensar: aqui surgiriam as ruído, não aceitando algumas colocações senão com muita reserva. As
alterações mais evidenciadas na cl!nica como sinais e sintomas ma1s hipóteses aventadas atnda necessitam de estudos mais aprofundados e
mtensos ou persistentes. sistematizados, de modo a conferir uma base mais real e consistente
aos estudos até agora apresentados ao público e citados ou resumidos
Alguns dos stnais e sintomas que vêm sendo relacionados com a nas obras de consulta geral.
exposição ao ruído são os seguintes: aumento de batimentos cardíacos
(alguns autores citam mínima variação dos batimentos cardíacos com o - Uma observação final
passar do tempo de exposição ao ruído ou mesmo bradicardia), É sempre relevante mencionar que a capacidade laborativa do
hipertensão arterial leve ou moderada com consequente aumento do indivíduo submetido ao trabalho em ambiente ruidoso raramente estará
risco de doença cardíaca, alterações digestivas (citadas por alguns comprometida, mesmo na vigência de PAlA franca- sua convivência
autores relacionadas à exposição muito prolongada- maior que o tempo social é que poderá estar sobretudo prejudicada.
necessário para lesão auditiva- a ruídos menores que ou iguais a SOO Igualmente importante destacar que um portador de PAlA não deve
Hz), irritabilidade, insônia, ansiedade, nervosismo, redução da libido. ser alijado de uma possibilidade de trabalho, mesmo em ambiente ruidoso.
aumento do tônus muscular. dificuldade de repouso do corpo, tendêncta apenas em função de seu quadro audiométrico e/ou de seu quadro clínico

-94- -95-
Contudo, alguns pontos deverão ser mensurados quando da decisão
acerca da capacidade laborativa do trabalhador, bem como da
conveniência ou não de uma nova exposição ao ruído. Cada caso deverá
ser analisado em particular. e deve-se ter em mente, pelo menos: PARTE VIl
a) a história clínica e ocupacional do trabalhador;
b) o resultado da otoscopia e de outros testes audiológicos MEDIDAS DE CONTROLE
complementares;
c) a idade do trabalhador; As medidas de controle do ruído podem ser consideradas
d) o tempo de exposição pregressa e atual a níveis de pressão basicamente de três maneiras distintas: na fonte, na trajetória e no
sonora elevados; homem. As medidas na fonte e na trajetória deverão ser prioritárias
e) os níveis de pressão sonora a que o trabalhador estará, está ou quando viáveis tecnicamente.
esteve exposto no exercício do trabalho;
f) a demanda auditiva do trabalho ou da função; 7.1. Controle na Fonte ou Trajetória
g) a exposição não ocupacional a níveis de pressão sonora É o método mais recomendado quando há viabilidade técnica. No
elevados; entanto, a fase de plane1amento das instalações é o momento mais
h) a exposição ocupacional a outro(s) agente(s) de risco ao sistema apropriado para a adoção dessa medida, pois se pode escolher
auditivo; equipamentos que produzam menores níveis de ruído e organizar o /ay-
i) a exposição não ocupacional a outro(s) agente(s) de risco ao out. Na aplicação dessa medida, cada caso deverá ser cuidadosamente
sistema auditivo; estudado, pois muitas vezes, determinada a medida, pode-se alterar o
princípio de funcionamento das máquinas e equipamentos. Desse modo,
j) a capacitação profissional do trabalhador examinado; esse tipo de controle é mais eficaz quando feito pelo fabricante que
k) os programas de conservação auditiva aos quais tem ou terá deveria indicar o nível de ruído gerado pela máquina ou equipamento.
acesso o trabalhador. Aliás, essa exigência consta no item 4, Anexo I, da NR- 12, que estabelece
que os fabricantes e importadores de motosserras instaladas no país
introduzirão, nos catálogos e manuais, os níveis de ruído e vibração e a
metodologia utilizada para referida aferição. Deve-se salientar, no entanto,
que existem inúmeras alternativas para esse tipo de controle:
-substituir o equipamento por outro mais silencioso;
-balancear e equilibrar partes móveis;
- lubrificar eficazmente rolamentos, mancais etc.;
-reduzir impactos na medida do possível;
-alterar o processo (substituir sistema pneumático por hidráulico);
- programar as operações de forma que permaneça o menor
número de máquinas funcionando simultaneamente;

- 96 - -97-
- aplicar material de modo a atenuar as vibrações; a) Absorção do som
- regular os motores; A energia sonora é absorvida quando o som encontra uma superfície,
- manter as estruturas bem fixadas de forma a evitar vibrações; sendo que os materiais porosos e fibrosos, como, por exemplo, lã de
- substituir engrenagens metalicas por outras de plástico ou vidro e cortiça, são os melhores absorventes. Os coeficientes de absorção
celeron; dos materiais variam de acordo com as frequências do som; portanto,
na escolha desse tipo de material, é importante analisá-lo por meio de
-diminuir a velocidade de escapamento dos fluidos; uma avaliação adequada. A finalidade dessa medida é evitar as reflexões
- reduzir as rotações das máquinas, embora essa medida possa múltiplas do som, que dão origem ao fenômeno da reverberação,
reduzir a capacidade produtiva; amplificando o som. Assim, uma determinada fonte de ruído produz maior
-instalar abafador (silencioso) nos escapamentos; nível de ruído em recinto fechado do que em campo livre, onde não há
reflexão. Ademais, quanto mais refletoras as superfícies, maior é o tempo
- absorver os choques por meio de revestimentos de borracha de reverberação, isto é, o tempo necessário para o nível de ruído cair de
nas estruturas; 60 dB, a partir do instante em que cessar a fonte sonora. Portanto, o
-reduzir a altura de queda de materiais nos receptores, como, tratamento acústico das superfícies consiste em revesti-las com material
por exemplo, queda de minério em um silo. absorvente de som.
O campo acústico em torno de uma fonte pode ser dividido em
7.2. Controle no Meio ou Trajetória próximo e afastado (livre e reverberante). O campo próximo é a região
perto da fonte e estende-se a uma distância da ordem da metade do
Não sendo possível o controle na fonte, o segundo passo é a comprimento de onda da menor frequência emitida pela máquina, ou
verificação de possíveis medidas aplicadas no meio ou trajetória. a_u_ando do dobro da dimensão característica da máquina, prevalecendo a
o som incide sobre uma superfície, parte é absorvida, transmitida e distância que for maior. O campo afastado subdivide-se em campo livre
refletiva, conforme ilustra o desenho a seguir: e reverberante. No campo livre, há pouca contribuição do som refletido
pelas superfícies do recinto, prevalecendo o som direto. Nesse campo,
o nível de ruído reduz 6 dB a cada vez que a distância entre o receptor
e a fonte é dobrada. No campo reverberante, as reflexões das paredes e
outras superfícies são significativas, podendo ser igual ao som direto
{BISTAFA, 2006). Portanto, no campo próximo à fonte, a redução do
Transmissão ruído pelo tratamento acústico é pequena, enquanto no campo afastado
(reverberante), essa medida pode trazer bons resultados.
Segundo Georges (2000), deve-se ter cuidado na tentativa de
atenuação do ruído por meio da simples colocação de materiais
absorventes dentro do amb1ente. Dobrando-se a área revestida S ou o
coeficiente de absorção das superfícies, a redução do ruído é de 3 dB.
Figura1. Absorção, reflexão e transmissão de som de uma superfície Na escolha do material absorvente, é necessário conhecer o
espectro sonoro do local e o Nível de Pressão Sonora em cada frequência,
Portanto, no controle na trajetória, o som já foi gerado e a finalidade
uma vez que os coeficientes de absorção variam em função das
das medidas é ev1tar sua transmissão para outro ambiente ou absorvê-
frequências. A tabela a seguir 1 exemplifica os coeficientes de absorção
-lo de mane1ra a ev1tar as reflexões Sendo assim, esse tipo de controle de som de dois materiais.
pode ser alcançado por meio da absorção e/ou isolamento do som.

-98- -99-
TABELA .1 A perda de transmissão dos materiais usados em isolamento é
fornecida nas bandas de frequênc1as. Na prática é melhor determinar a
Coeficientes de absorção de som
perda de transmissão de uma partição (parede ou divisória) por meio de
Coeficiente de absorção 0
/o
um número único, pois favorece de maneira mais simples a comparação
Material
do isolamento de diferentes ttpos de partições. Desse modo, foi
125Hz 250Hz 500Hz 1KHz 2KHz 4KHz
desenvolvido e normalizado pela ASTM E413-04 um índice chamado de
Lã de rocha 80 kg 100mm 36 53 59 73 85 93 Classe de Transmissão Acústica ou Sound Transmission Class- STC.
3 3 4 5 7 Esse valor é determinado pela comparação da perda de transmissão da
Tijolos brutos 3
partição medida em terça de oitava, nas frequências de 125 a 4.000
Fonte: Nepomuceno ( 1977). Hz,com a curva STC padron1zada (BISTAFA, 2006).
Observa-se que a lã de rocha absorve o som bem mais que o tijolo Quanto maior o valor de STC em decibéis, maior é o isolamento.
bruto. Os valores dos coeficientes dos materiais podem ser obtidos em Assim, o vidro de 6 mm de espessura possui STC de 26, enquanto na
tabelas de livros de acústica (vide bibliografia) ou JUnto aos fabricantes. parede do bloco de cimento de 15 cm de espessura, o STC é de 42.
Portanto, nesse caso, a parede de bloco de cimento é mais isolante.
b) Isolamento Nos projetas acústicos, para conseguir alta perda de transmissão,
O isolamento acústico consiste em evitar a transmissão do som sem emprego de grandes massas, recomenda-se o uso de paredes duplas
de um ambiente para o outro, devendo, para essa finalidade, utilizar ou triplas. Segundo Georges (2000}, num isolamento por meio de paredes
materiais isolantes de som. O parâmetro que caracteriza a capacidade duplas. a incorporação de um espaço de ar de 15 a 200 mm entre elas,
de uma parede transmitir ou isolar som é o coeficiente de transmissão (·T). resulta num aumento de aproximadamente 6 dB acima da soma arítmét1ca
Quanto menor o valor do coeficiente, menor será a intensidade sonora das perdas de transmissão de cada uma das duas paredes.
transmitida e, portanto, mais isolante. Ao contrário da absorção sonora, No isolamento acústico, deve-se evitar frestas ou qualquer
onde o parâmetro característico é o coeficiente de absorção, no descontinuidade nas superfícies que permitam a passagem de ar. A
isolamento de uma parede não é o coeficiente de transmissão T que presença de frestas pode reduzir significativamente a perda de
determina o isolamento, mas sim a grandeza dele derivada denominada transmissão, influenciando na eficiência do isolamento. Portanto, as
perda na transmissão (BISTAFA, 2006). A perda na transmissão (PT) é portas, janelas e frestas devem ser consideradas no projeto de
dada pela equação a seguir isolamento, podendo, inclusive, ser estimada a perda de transmissão
1 por meios gráficos normalizados (consultar bibliografia).
PT= 1o1ogr Portanto, a capacidade do material em absorver e isolar o som são
Quanto menor for o coeficiente de transmissão, mais isolante será os principais fatores a serem observados num projeto acústico. No en-
a parede. Exemplo: em uma divisória com coeficiente d.e t~an~~issão tanto, é importante deixar claro a distinção entre materiais absorventes
igual a 0,005. na frequência de 500 Hz, a perda de transm1ssao e 1gual a: e isolantes de som. A absorção do som tem como finalidade principal o
controle do tempo de reverberação de determinado recinto. A redução
1 do ruído com a aplicação dessa medida é pequena. Todavia, o aumen-
PT= 10iog-- = 23,0 dB
0,005 to da absorção das superffcies no recinto passa a sensação de dimi-
A Perda de Transmissão (PT) de partições de diversos materiais nuição do barulho, pois melhora bastante a inteligibilidade da conversação
podem ser obtidos em livros de acústica (ver bibliogr~fia), no e~tanto, e o conforto acústico do local.
recomenda-se utilizar os valores fornecidos pelo fabncante. Asstm, os O isolamento é obtido pela perda de transmissão (Pl). sendo utilizada
materiais densos e compactos, como, por exemplo, paredes de alvenaria, para impedir a propagação do som para outro ambiente. O material denso é
apresentam maior perda de transmissão que uma divisória de madeira.
- 101 -
- 100 -
reflexivo, como, por exemplo, parede de bloco.Todavia, a característica ESPECTRO SONORO MEDIDO
reflexiva de uma parede isolante pode ser melhorada com revestimento de NPS NOPONTOP

material absorvente, ou seja, fibroso ou poroso (BISTAFA, 2006). too r-----------------------~


Acrescente-se, ainda, que o isolamento pode ser da fonte ou do iO
receptor:
..
Isolar a fonte- Significa construir uma barreira que separe a fonte
de ruído do meio que o rodeia, para evitar que esse som se propague.
Exemplos: parede separando dois locais de trabalho ou enclausuramento I I
- ,....,

80

70

eo
de máquina;
Encfausuramento com so
Isolar o receptor- Significa construir barreiras que separem a material isolante de som
fonte e o meio do indivíduo exposto ao ruído. Exemplos: cabine de um
40~----------------------~
equipamento móvel, cabine de controle de um britador. TS ISO 300 600 1,2k 2,4~ 4,8k Hz

Convém salientar ainda que o isolamento de uma fonte é mais Figura 3 - Espectro sonoro com enclausuramento
eficiente utilizando-se paredes isolantes (material denso e compacto) da fonte com material isolante de som
revestidas internamente com material absorvente (lã de vidro, espuma
etc.), ou seja, materiais porosos ou fibrosos. ESPECTRO SONORO MEDIDO
NOPONTOP
É importante destacar a diferença entre os materiais isolantes e os NPS
100 r----------------------~
absorventes de som.
Outras medidas de controle na trajetória podem ser adotadas, tais
como: aumentar a distância entre a fonte e o receptor e reduzir o número
..
de máquinas num mesmo recinto.
As figuras 2 a 4 ilustram o isolamento de uma fonte e a redução do
ruído em relação à instalação original. I I - ......

ESPECTRO SONORO Enctausuramento com


material isolante e
NPS absorvente de som
too r------------------------.
"----.-------1
90

Figura 4- Espectro sonoro em função com


80
enclausuramento da fonte com material isolante e
70 revestimento Interno com absorvente de som

I 60

50
Conforme citado anteriormente, o uso de paredes duplas ou triplas
revestidas internamente com material absorvente de som aumenta a
eficiência do isolamento.

40~----------------------~.
75 150 300 600 1 .2• a. 2... • Hz
Figura 2 - Espectro sonoro original da fonte de ruído

-102- - 103-
7.3. Controle no Homem Existem dois tipos de protetores: de inserção e concha (circum-
-auriculares). Os protetores de inserção podem ser descartáveis e não
Não sendo possível o controle do ruído na fonte e na trajetória, descartáveiS, pré-moldados ou moldáveis.
deve-se adotar medidas de controle no trabalhador, de forma a
complementar as medidas anteriores, ou quando não forem elas Figuras dos protetores auriculares
suficientes para corrigir o problema.
As medidas de controle no trabalhador podem ser:

7.3.1. LIMITAÇÃO DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO


Consiste em reduzir o tempo de exposição aos níveis de ruído
superiores aos limites de tolerância, tomando cuidado para que o valor-
·limite para exposição a dois ou mais níveis de ruído diferentes não seja
superior a 1 (um). A limitação pode ser conseguida através do rodízio
Protetor concha ou circum-auricular
dos empregados nas ativídades ou operações ruidosas. Todavia, na
prática, há dificuldade na aplicação e, se esta não for cuidadosamente
estudada, seu objetivo pode não ser alcançado. Assim, o estudo
sistemático do tempo das tarefas, métodos de trabalho, com o
monitoramento do ruído, são procedimentos necessários para o êxito
dessas medidas.

7.3.2. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL- PROTETORES


AURICULARES Protetor de inserção ou p/ug
O controle do ruído por meio de protetores auriculares deve ser
feito observando procedimentos mínimos, visando a obter maior ef1cácia A escolha do protetor auricular é fundamental, devendo ser
nesse tipo de proteção. Dentre os fatores a serem considerados, observadas as vantagens e desvantagens de cada tipo, fator de proteção,
destacam-se os seguintes: entre outros. O quadro a seguir, elaborado pela Associação Americana
- Seleção de protetores auriculares; de Higienistas Industriais, mostra a comparação entre os dois tipos de
protetores:
- Uso efetivo durante a exposição;
- Fator de proteção- atenuação; CONCHA INSERÇÃO
-Vida útil. Eliminam ajustes complexos de Devem ser adequados a cada diâme-
colocação. Podem ser colocados tro e longitude do canal auditivo ex-
7.3.2.1. Seleção de protetores auriculares perfeitamente por qualquer pessoa. terno.
São grandes e não podem ser levados São fáceis de carregar, mas também
Os protetores auriculares são equipamentos colocados no ouvido facilmente nos bolsos das roupas. Nào são fáceis de serem esquecidos ou
do trabalhador, devendo ser utilizados quando não for possível o controle podem ser guardados com ferramentas. perdidos
na fonte e na trajetória, ou quando este não reduzir o ruído a níveis e sim em lugares apropriados.
satisfatórios.

-104- -105-
T

CONCHA INSERÇÃO PORCENTAGEM DO TEMPO EM QUE O PROTETOR É USADO


Podem ser observados a grandes Nao são vistos ou notados facilmente 50% 75% 88% 94°/o 98% 99% 99.5% 100% atenuação nominal
distâncias, permitindo tomar provi- e criam dificuldades na comunicação
5 10 15 20 28 33 37 INFINITA
dências para realizar a comunicação oral normal.
oral. 5 10 14 18 22 23 24 25
Interferem no uso dos ócul os Não dificultam o uso dos óculos pes- 5 9 13 16 18 19 19 20
pessoais ou EPis. soais ou EPis. 4 8 11 13 14 14 15 15
Podem ajustar-se mesmo quando se Deve-se tirar as luvas para poder 3 6 8 9 9 10 10 10
usam luvas. colocá-los.
2 3 4 4 5 5 5 5
Podem acarretar problemas de espaço Não produzem problemas por limita-
em locais pequenos e confinados. ção de espaço. 240 120 60 30 10 5 2,5 o
TEMPO EM MINUTOS DE NÃOUSO NA JORNADA
Podem produzir contágio somente Podem infectar ou lesar ouvidos sãos.
quando usados coletlvamente.
Portanto, o melhor protetor é aquele que o trabalhador efetivamente
Podem ser confortáveis em ambientes Não são afetados pela temperatura usará. Daí a importância também do conforto que ele oferece.
frios, mas muito desagradáveis em do ambiente.
ambientes quentes.
7.3.2.3. Fator de proteção - atenuação
Sua limpeza deve ser feita em locais Devem ser esterilizados frequente-
apropriados. mente. Os protetores auriculares deverão ser capazes de reduzir a
Podem ser usados por quaisquer Devem ser inseridos somente em intensidade do ruído abaixo do limite de tolerância, nos termos do artigo
pessoas de ouvidos sãos ou enfermos. ouvidos sãos. 191 , 11 , da CLT. Desse modo, os protetores auriculares devem ser
O custo inicial é alto, mas sua vida O custo inicial é baixo, mas sua vida submetidos a ensaios em laboratório especializado de forma a determinar
útil é longa. útil é curta. sua atenuação. As normas e procedimentos de ensaios mais utilizados
são ANSI (American National Standards lnstitute) e ISO (lnternational
Organization for Standardization) . Os laudos emitidos são submetidos
7.3.2.2. Uso efetivo durante a exposição ao órgão competente do MTE para aprovação; sendo assim, com base
nesses dados e no nfvel de ruído em que o trabalhador está exposto,
A simples utilização do EPI não implica a eliminação do risco de o
calcula-se a atenuação. Basicamente ex1stem dois métodos de cálculo
trabalhador vir a sofrer diminuição da capacidade auditiva. Os protetores
da atenuação: o longo e o simplificado.
auriculares, para serem eficazes, deverão ser usados de forma correta
e obedecer aos requisitos mínimos de qualidade representada pela a) Método Longo - análise de frequência
capacidade de atenuação, que deverá ser devidamente testada por ór~ão Este método consiste em subtrair os níveis de pressão sonora em
competente. O uso constante do protetor é importante para garantir a dB(A), nas bandas de frequência 125Hz a 8KHz, obtendo-se os valores
eficácia da proteção. Exemplificando: para um protetor que garanta uma de atenuação efetiva em cada banda, considerando uma exposição ao
atenuação igual a 20 dB(A) quando usado constantemente (1 00% do ruído global de 102,2 dB(A) e os nfveis de pressão sonora em dB(A) por
tempo), será capaz de atenuar somente 5 dB(A) se for utilizado em 50% banda de frequência, conforme tabela abaixo:
do tempo de exposição, conforme o quadro a seguir:
Frequência em Hz
NPs em dB{A)

-106- -107-
O procedimento do cálculo da atenuação é o seguinte: é o NRRsf (Nível de Redução do Ruído- subject fit). Assim, a redução
19 passo- Obter no certificado de aprovação do protetor auricular nesse ensaio é obttda em teste de laboratório feito com pessoas sem
a atenuação em banda de frequência e Desvio Padrão-Dp, conforme treinamento, apenas lendo instruções das embalagens. O NRRsf é
exemplo abaixo: calculado a partir desses dados de atenuação, com algumas
peculiaridades: o nível de proteção estatístico é de 84% (contra 98% do
Atenuação
método longo) e deve-se subtraí-lo diretamente do dB(A) com correção
Desv10 Padrão de 5 ao invés de 7, já embutido no índice (NRRsf). Portanto, não é
22 passo - A proteção efetiva oferecida pelo equipamento para necessário fazer nenhuma outra correção, com exceção do tempo de
confiabilidade de 98% é igual aos valores dos níveis de ruído em cada uso real 19>.
banda de frequência, subtraídos dos valores do Desvto Padrão-DP Exemplo:
multiplicado por 2, conforme tabela abaixo:
Numa avaliação em uma Patrol, foram obtidos o NPS =96 dB(A) e
Atenuação 13,0 20,0 26,0 32,0 35,0 44,5 37,0 NPS = 102 dB(C) (valor obtido com um dosfmetro que mede na curva
2 X OP 5,8 5,2 4,4 4,8 4,8 5,2 7,8 C). O protetor utilizado é do tipo concha com NRRsf = 15 dB. Desse
Atenuação efetiva modo, sua atenuação será:
7,2 14,8 21,6 27,2 30,2 39,4 29,2
do protetor NPSc = NPS em dB(A)- NRR (Rsf)
32 passo - A atenuação do ruído com uso do protetor é feita NPSC =96- 15 = 81 dB(A)
subtratndo o NPS (Nível de Pressão Sonora) em dB(A) da atenuação Neste caso, o protetor auricular utilizado foi suficiente para a
efetiva, conforme tabela abaixo: redução do nível de ruído a nívets abaixo do limtte de tolerância, estando
NPS em dB(A) 73,2 79,9 86,3 93,2 98,2 97,0 90,0 o trabalhador devidamente protegido.
Atenuação eletiva
7,2 14,8 21,6 27,2 30,2 39,4 29,2
Note-se que, quando se utiliza o NRRsf. deve-se subtrair o NPS
do protetor em dB(A) deste valor, conforme comentado anteriormente.
NPS com uso do
66,0 65,1 66,7 66,0 68,6 57,6 60,5 c) Método Simplificado- NRR (Noise Redution Rating)
protelo r

O valor global da atenuação é feito por meio da soma logarítmica É o método que leva em conta o índice RC ou NRR, que é obtido
do NPS com uso do protetor. Como vimos anteriormente, na Parte IV, através de tabelas dos fabricantes de protetores auriculares ou através
esse cálculo pode ser feito com o uso de gráfico ou equação. Nesse do Certificado de Aprovação (CA), que é expedido pela SST- Secretaria
caso, o valor global obtido é tgual a 73,65 dB(A). de Segurança e Saúde do Trabalhador para cada EPI testado e aprovado
por laboratórios credenciados.
b) Método Simplificado- NRRsf
Deve-se salientar, no entanto, que tanto o NRR como outros
Esse método consiste em calcular a atenuação do protetor por métodos são obttdos em condições ideais de laboratório, com pessoas
meio de um valor único NRR-Nfvel de Redução de Ruído. Os ensaios do treinadas testando os protetores. Assim, essas atenuações podem ser
protetor auricular são feitos pela norma ANSI S12-1997 A e B. No ensaio bem diferentes quando consideramos o trabalhador no seu dia a dia.
pelo método B, os valores obtidos fornecem uma aproximação dos limites Estudos específicos têm demonstrado que. na prática, o índice de
máximos de atenuação no mundo real, os quais que podem ser esperados atenuação dos protetores auriculares é significativamente menor do
para grupos expostos a ruído ocupacional18> O valor obtido nesse método que aqueles obtidos no laboratório. No fim dos anos 1970 e início dos
{8) GEORGES. Samir Nagi Yousn Protetores aunculares/Samir Flonanópolis· S. N
v GergPs, 2003 (9) FANTAZZINI, Máno Luíz ReVIsta Proteçao n. 77 - Novembro'2002

-108- -109-
~~----------------------------~--------·-- ----·

anos 1980, dois grupos de estudos da NIOSH descobriram que os Portanto, o cálculo da atenuação será:
protetores de inserção perdem a metade da atenuação em relação à
NPSc = NPSM dB(C) em dB(A)- NRRf
proteção fornecida pelo laboratório. Desde 1970, estudos adicionais têm
sido realizados sobre a diferença entre a atenuação obtida no laboratório Onde:
e aquela obtida na prática. Esses estudos envolveram testes com o
NPSc =Nível de Pressão Sonora com proteção
ouvido tampado com e sem o protetor, de forma a simular as condições
de uso na prática. O resultado dessa investigação comprovou que os NRR =Nível de Redução do Protetor
laboratórios superestimaram os valores de NRR em relação ao uso na f = fator de correção igual a 0,75, 0,30 e 0,3, conforme a redução
prática em 140 a 2.000%. Em geral, os dados mostraram que os do NAA para uso real
protetores de concha forneceram os valores de atenuação mais altos no
local de trabalho (atenuação real) do que outros tipos de protetores de Exemplo:
inserção de espuma. Desses resultados, pode-se concluir que ideal é o Em uma instalação de peneiramento, foram feitas medições com
teste individual de ajuste do protetor em cada trabalhador. o medidor de nível de pressão sonora, posicionando-o junto à zona
A OSHA tem instruído seus técnicos em seus escritórios para auditiva do trabalhador e obtendo-se os seguintes valores para a atividade
aceitarem o valor de 50% do NRR fornecido pelo laboratório. Já a NIOSH, = =
executada: NPS 90 dB(A) e NPS 94 dB(C). Considerando que o
com base em vários estudos realizados, recomenda aos profissionais operador utiliza um protetor tipo concha, cujo valor do NRR é de 19, a
estimar a atenuação dos protetores de cada trabalhador. Todavia, se os atenuação do ruído com uso efetivo desse equipamento será:
dados individuais não estão disponíveis ou não são possíveis de serem NPSc =NPS~,~ em dB(C) - NARx f
obtidos, a NIOSH recomenda a utilização de fatores de correção aplicados
ao NRR fornecido pelo laboratório, conforme a tabela a seguir: NPSc =94-19 x 0,75
NPSC = 94-19 X 0,75 = 79,75 dB(A)
Protetor tipo concha Subtrair25% do valor do NRR ou RC
Significa que o trabalhador receberia nível de pressão sonora de
Protetor de inserção moldável Subtrair 50% do valor do NRR ou RC 90 dB(A) sem o uso do protetor e, com a utilização efetiva do protetor, o
Outros protetores de inserção Subtrair 70% do valor do NRR ou RC nível de pressão sonora cairia para 79,75 dB(A).
Quando o NPS é medido em dB(A), a fórmula é a seguinte:
Portanto, com base no exposto, os métodos de atenuação do NRR
devem levar em consideração as correções do uso real frequência
NPSc =NPS em dB(A)- (NRRf - 7)
conforme passamos a analisar a seguir. Nesse caso, há outra correção através da constante 7,0 em razão
da diferença média entre os valores do NPS em dB(A} e dB(C) no espectro
O cálculo por esse método é feito de acordo com os valores de
sonoro. Esse método é utilizado quando não se conhece o nível de ruído
atenuação obtidos em ensaios em laboratório, Norma ANSI S.12.6- 1984.
na curva "C".
Esse método consiste em realizar medição do ruído na curva "C" e
subtrair o NRR (Noise Redution Rating) ou RC corrigido para uso real de Cumpre salientar que a adoção desse método deve ser precedida
acordo com os estudo da NIOSH , isto é, o NRA fornecido pelo laboratório de cuidados e análise do caso concreto, uma vez que, dependendo das
deve ser corrigido para o uso real da seguinte forma: frequências das fontes, o cálculo pode apresentar erros significativos.
Ademais, em certos casos o protetor pode apresentar atenuação negativa.
• Protetor tipo concha: redução de 25% do valor do NRR ou RC;
Exemplo:
• Protetor de inserção moldável: redução de 50% do valor do NRR
ouRC; Considerando o exemplo anterior, o cálculo da atenuação por esse
método será o seguinte:
• Protetor de inserção pré-moldável : redução de 70% do valor do NRR
ouRC. NPS~,; =90 - (19 x O 75- 7) = 82,95 dB(A)
-110- -111-
Portanto, por esse método o protetor auricular é capaz, de reduzir O professor Sarnir N. Y. Georges, especialista em acústica,
o nlvel de ruído abaixo do limite de tolerância. Todavia, a diferença entre fundador e supervisor do Laboratório de Ruído Industrial - LAAI da
os níveis de ruído nas curvas de compensação A e C foi de 4,0 dB e a Universidade Federal de Santa Catarina, credenciado pela MTE para
correção com a constante 7,0, nesse caso, subestimou a proteção desse realizar ensaios em protetores auriculares, realizou um estudo da vida
equipamento. Assim, conforme comentado anteriormente, o método útil dos protetores auriculares. Nesse estudo foram analisados protetores
através do nível obtido na curva de compensação, isto é, sem a novos e usados classificados em lotes por tempo de uso. Os ensaios
correção através da constante 7,0, é mais apropriado, a não ser que o foram realizados de acordo com a norma ANSI 12.6/1997 - método 8
ruído predomine basicamente na frequência de 1.000 Hz. com participação de 20 pessoas, sendo 11 do sexo masculino e 9 do
d) Dupla proteção sexo feminino. Esses ensaios foram feitos mais de uma vez em cada
protetor. Os resultados experimentais demonstraram que nos protetores
A NIOSH recomenda que o uso combinado de dois protetores (dupla auditivos tipo concha, houve diminuição de atenuação ao longo do tempo
proteção) deverão ser acrescidos 5,0 dB naquela de maior NA R. Segundo de uso, sendo que essa começa a ocorrer a partir do segundo mês de
o ilustre professor Sarnir N. Y. Georges, a dupla atenuação de ruído uso e, no mtervalo de uso de 6 a 1 O meses, essa diminuição foi
com o uso de dois protetores simultaneamente não é calculada. Deve- aproximadamente de 3,0 dB. No protetor auditivo tipo inserção (plugue),
se enviar os dois protetores para um laboratório credenciado para realizar a diminuição ao longo do tempo chegou a 8,0 dB ao final de 14 meses de
a medição. Atualmente existe uma previsão muito aproximada, sem uso com uma diminuição de 8,0 dB em média. De modo geral, pode-se
precisão. Trata-se do maior NAAsf + 6 d8.(lo)
concluir que um protetor tipo concha pode ter vida útil de até um ano,
Exemplo: enquanto do tipo inserção de silicone de até 6 meses; depois, esse
período de atenuação pode ter diferença de ate 3,0 d8<11 l.
Numa avaliação de um trato r de esteira, foi obtido o q = 100 dB
(A). Considerando que são utilizados simultaneamente protetor do tipo
concha com fator de proteção NAAsf = 18 e inserção com NAAsf = 11. 7.3.3. DESCARACTERIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE E
A proteção será aproximadamente a seguinte: APOSENTADORIA ATRAVÉS DO USO DE EPI
100 dB(A) - (18 + 6) = 76,0 dB(A)
O art 191, 11, da CLTe as normas prevídenciárias estabelecem que
e) Vida útil do protetor auricular o uso do EPI capaz de diminuir a intensidade do agente abaixo do limite
Inicialmente é importante salientar que não há norma legal de tolerância neutraliza a insalubridade e descaracteriza o direito à
determmando a vida útil dos protetores auriculares, uma vez que isso aposentadoria especial. Conforme explicado anteriormente, para o agente
depende de diversos fatores, ta1s como: cuidado do usuário, condições ruído, os métodos de atenuação normalizados determinam objetivamente
ambientais do local de trabalho, entre outros. Todo protetor auricular, a redução ou não da intensidade do ruído abaixo do limite de tolerância.
para ser aprovado pelo órgão competente do MTE, é submetido a ensaio Contudo, é necessário observar o seguinte:
em laboratório especializado atestando sua qualidade e o fator de -No Brasil, os protetores auriculares são testados em laboratórios
proteção, NRR ou NAAsf expresso em decibéis. Desse modo, a definição devidamente credenciados pelo MTE, e, com base nesse laudo, a SSST
da vida útil desses equipamentos deverá considerar a redução do NAAsf emite o CA (certificado de aprovação). A atenuação dos protetores
ao longo do tempo, de forma a não oferecer proteção ao nível de ruído auriculares é expressa por frequência ou em um único valor NAA que
existente no local. Essa verificação deverá ser feita mediante novo ensaio não sofra nenhuma correção para compensar a diferença entre o valor
em laboratório especializado, visando a definir o novo fator de proteção obtido em laboratório e o real (uso na prática).
- NAAsf. Assim, devera ser recolhido o protetor utilizado pelo trabalhador
e enviá-lo ao laboratório para efetuar novo teste.
(11) GEORGE$, Sam•r Nag1 Yousn. Protetores aunculares. 1. ed Rorianópolis: S. N Y.
Gerges, 2003. p 125 a 128.
(10) Revtsta Proteção- janeiro dt~ 2003 p. 76

-112- -113-
Em perícias judiciais, o perito pode perfeitamente utilizar as trabalho inserir no PCMSO o procedimento adequado para realização
correções do valor obtido em laboratório para o uso real, fundamentando- desses exames, de forma a avaliar a eficiência das medidas preventivas
-se no estudo publicado pela NIOSH. Esse embasamento cientifico pode adotadas. Aliás, esse agente muitas vezes deve ser contemplado num
formar o convencimento do juiz, levando-o a decidir pela insalubridade programa específico: PCA- Programa de Conservação Auditiva.
quando o protetor não for capaz de reduzir a intensidade do ruído a
limites de tolerância (art. 191 , 11, da CLT). Exemplo: numa perícia foi O Programa de Conservação Auditiva tem a finalidade de estabelecer
obtido o Leq de 100 dB(A), e o reclamante utilizou durante o pacto procedimentos adequados de gerenciamento das medidas de controle da
laboral um protetor de inserção moldável com fator de proteção RC = exposição ocupacional ao ruído. Como qualquer programa, a eficiência do
25 dB. A proteção assumida com o uso de protetor será: 100- (25 x 0,5- 7) PCA depende do comprometimento de todos os componentes da
=94,5 dB(A). Portanto, o uso do protetor não foi suficiente para reduzir organização.em especiais a alta gerência. No diagrama de bloco a seguir,
a intensidade do ruído abaixo do limite. procuramos Ilustrar de forma simplificada as principais etapas de um PCA.
Contudo, a legislação pertinente não prevê a hipótese de correção
Programa 1M Conset~~açAo e Controle Auditivo
para o uso real. Essa conclusão pode ser contestada do ponto de vista
legal. Portanto, nesse caso, sem o uso da correção de 50%, o valor Reconhec•mento

assumido com o uso do protetor auricular seria igual a: 100- (25 - 7) =82 +
Avaloaçêo ocupaaonal
dB(A) e, desse modo, a insalubridade estaria neutralizada com o uso do
referido EPI. No mesmo sentido, as normas atuais da Previdência relativas
à perícia para caracterização do possível direito à aposentadoria especial Dose> 1

também não preveem expressamente nenhuma correção, embora as '


Controle
Instruções Normativas anteriores (57 e 78) estabeleciam critérios de
cálculos de atenuação de acordo com as normas ANSI.
Posteriormente, os fabricantes de protetores auriculares passaram
a realizar os ensaios dos protetores pela norma ANSI- S12-6 -1997,
método do ouv1do real para determinação da atenuação dos protetores
auriculares. Segundo o prof. Sarnir N. V. Gerges, os ensaios dos
protetores auditivos, de acordo com a norma ANSI S12.6-1997- Método
Ouvido Real, o próprio ouvinte coloca o protetor auditivo sem ter
experiência no uso desse equipamento; ele apenas lê as instruções do
fabricante; sendo assim, os valores obtidos nos ensaios são os mais
próximos possíveis do uso real no campo. O fator de proteção obtido 1) Reconhecimento
por esse método é o NRRsf, sendo que o sf significa "subject fit".O MTE
adotou esse método de ensaio para certificar os protetores auditivos Esse é o primeiro passo, ou seja, identificar os postos de trabalho
(Portaria n. 48 de 25.03.03 do MTE). Desse modo, atualmente vários onde há possível exposição ao ruído.
certificados de aprovação já fornecem o valor NRRsf, facilitando o cálculo 2) Avaliação Ocupacional do Ruído
da atenuação, além de embasar os pareceres técnicos do perito.
Nessa fase, será feita a avaliação sistemática e repetitiva dos níve1s
7.3.4 EXAMES AUDIOMETRICOS I PROGRAMA DE de ruído, definindo a dose e o Leq, conforme explicado no Capítulo V.
CONSERVAÇÃO AUDITIVA- PGA 3) Dose> 0,5 < 1.0
O controle audiométrico dos trabalhadores expostos ao ruído é Nesse caso, a NR-9 exige "Nível de Ação". Segundo o subitem
fundamental na prevenção de danos auditivos devendo o médico do 9.3.6.1, esse nível representa o valor acima do qual devem ser iniciadas

-114- -115-
as ações preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as
exposições a ruído ultrapassem os limites. As ações devem incluir o
monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores
e o controle médico. BIBLIOGRAFIA
4) Dose> 1,0
Nesse caso, deve-se prioritariamente estudar medidas de controle
ALEXANDRY, Frederico Groenewold. O problema do ruído industrial e seu
na fonte e na trajetória. Se essas medidas forem suficientes para reduzir
controle. Trad. Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicma
a intensidade do ruído abaixo do limite (dose< 0,50}, deve-se apenas do Trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, 1978.
monitorar os riscos periodicamente. Se essas medidas não forem
AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNAMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS,
suficientes para reduzir a dose < 1, deve-se adotar medidas de controle
Threshold Limit Va/ues. Tradução da ABHO - Associação Brasileira de
no homem, tais como: limitação do tempo de exposição e o uso de Higienistas Ocupacionais. São Paulo: ABHO, 2010. 2008:
EPis. No caso dos EPis, após a seleção deve-se calcular sua atenuação,
ANDRADE, Delmiro Schmidt de. Higiene do trabalho. Edições Engenharia
conforme explicado anteriormente. Caso sua atenuação reduza a
intensidade abaixo do Limite de Tolerância, deve ser implantado o seu n. 39/77.
uso. O treinamento para uso correto, substituição periódica, higienização, ASSOCIATION FRANÇAISE DE NORMALISATION. Norme frança1se NF S31-
obrigatoriedade do uso efetivo, entre outros, são medidas necessárias 084. Méthode de mesurage des nieveaux sonores en mi/eu de travai/ en vue
na busca da eficiência de EPis. Lembramos que o uso parcial do protetor de l'évaluation du nieveau d'exposition sonore quotidiane des travailfeurs
auricular reduz significativamente sua atenuação. Caso o EPI não seja Paris: AFNOR, 1987.
suficiente para reduzir a exposição, a dose < 1,O deve limitar-se ao ASTETE, Martin Wells; GIAMPAOLI, Eduardo; ZIDAN, Leila Nadim. Riscos
tempo de exposição ou adotar medidas de controle na fonte ou trajetória. físicos. São Paulo· FUNDACENTRO, 1993.

Finalmente, o controle médico, especialmente os exames _ __ ; KITAMURA, Satoshi. Manual prático de avaliação do barulho
industrial - FUNDACENTRO.
audiométricos, verificará a eficiência das medidas de controle adotadas. A
audiometria deve ser realizada na admissão, demissão, mudanças de função ASTETE,Martin G. W ; KITAMURA, S. Manual Prático de Avaliação de Barulho
e periodicamente, conforme preceitua a NR-7 da Portaria n. 3.214/78. Industrial. São Paulo: Fundacentro. 1978,
BERGUER, Elliott H. Hearing protector performance: how they work- and -
What goes wrong 1n the real world. E-A-R Corporation, 1980. p. 4. (E-A-R
Log, 5)
_ __ . Consolidação das Le1s do Trabalho 33. ed Compilação de Armando
Casim1ro Costa, lrany Ferran , Melchíades Rodrigues Martins. São Paulo:
LTr, 2006.
BISTAFA, Sylvio R. Acústica aplicada ao controle do ruído. São Paulo: Edgard
Blücher,2006.
BOE 2 noviembre 1989, Real Decreto n. 1.316/89, de 27 de octubre. Protección
de los trabajadores frente a riesgos derivados de ta exposiclón ai ruído
durante e/ trabaJO.
CARRION, Valenlln. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São
Paulo: Revista dos Tribuna1s, 1993.
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente . Resolução 01 de
08.03.1990;

-1 16 - -117-
CRITERIA FOR RECOMMENDED STANDARD OCCUPATIONAL NOISE
EXPOSURE Revised Críteria, 1998 [NIOSH).
ELSE, D. A note on lhe protection atforded by hearing protectors- impllcation
of lhe energy principie. Annals of Ocupational Hygiene. Oxford, 16( 1)·81-3, APÊNDICE I
1973.
EQUIPAMENTO PROTEÇÃO INDIVIDUAL- FUNDACENTRO-SP, 1979. MODELO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO DA
FANTAZZINI, Mário Luiz. Revista Proteção n. 77, nov. 2002. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO
FUNDACENTRO, Norma de Hig1ene Ocupacional - Procedimento Técnico
- Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído - NHO 01 . São Paulo.
1999; 1- METODOLOGIA UTILIZADA
GARCfA, Andrés y otros. Propuesta de normativa interna para la medición y
evaluación dei ruido. Barcelona: INSHT, 1990. A avaliação ocupacional de ruldo foi feita por Grupo Homogêneo de
Exposição, por me1o de dosimetria de ruído em ciclos de trabalho
INSHT-INSTITUTO NACIONAL SEGURIDADE HIGIENE EM EL TRABAJO. representativo da exposição durante a jornada de trabalho. Os procedimentos
NTP 270: evaluacion de la exposicion ai ruído. Determinacion de niveles foram realizados de acordo com a NA-15 da Portaria n. 3.214/78 e NH0-01
representativos, 1991. Disponível: <http://www.insht.es/portal/site/lnsht>. da FUNDACENTRO.
acesso em 16.10.1 O;
NBA 10151 e 10152 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
11 - INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA
NEPOMUCENO , Lauro Xavier. Barulho industrial - origem , causas e AVALIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS
consequências sociais - técnicas de atenuação e controle.
NEPOMUCENO, Laura Xavier. Barulho Industrial. São Paulo. 1984 A avaliação ocupacional do ruído foi feita com o dosímetro (medidor
_ ___ . Acústica. São Paulo: Edgard Blücher,1977. integrador de uso pessoal) , marca ... , modelo ... , tipo 2 , conforme
especificações constantes na Norma ANSI Sl.25-1991 . Esse instrumento foi
NORMA DE AVALIAÇÃO OCUPACIONAL DE RUÍDO - NHO-OA - aferido antes da medição com calibrador marca ... . modelo .. ., conforme
FUNDACENTRO. especificações da Norma ANSI. Os medidores e os calibradores foram
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Enciclopédia de Salud certificados em laboratórios credenciados pelo INMETRO.
- Seguridad dei Trabajo. Madrid: Ministerio dei Trabajo y Seguridad Social, As medições foram realizadas ao nível auditivo do trabalhador, com
v. 3, 1989. p. 1888-1907. aparelho operando na curva de compensação "A" e modo "Siow". Para o
PORTARIA N. 3.214, de 8.6.78, do Ministério do Trabalho. ruído de impacto, as leituras foram efetuadas com o aparelho operando no
SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angeiin Chaves. Insalubridade e circuito de compensação "C" e modo "Fast" (NR-15, anexo 01).
periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 5. ed. atual. São Paulo: LTr,
2000.
Manual prático de higiene ocupacional e PPRA - avaliação e
controle dos riscos ambientais. São Paulo: LTr, 2005.
SALIBA, Tuffi M.; PAGANO, Sofia C. R. S. Legislação de Segurança, Acidente
do Trabalho e Saúde do Trabalhador. 7 ed. São Paulo: LTr. 2010

- 1 18 - - 11 9 -
AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO
POSTO DE TRABALHO: 01
CARGO: Operador de Produção 11
FUNÇÃO: Operador de Extrusora APÊNDICE 11
I
TURNOS OE TRABALHO: A, B, C e O QUANT. TRABALHADORES EXPOSTOS: 08
DESCRIÇÃO DAS ATtVIDADES: MODELO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO
- Operar extrusora através de botoeira; PARA CARACTERIZAÇÃO DE INSALUBRIDADE
-Realizar hmpeza dos equ1pamentos e da área;
Desobstruir extrusora quando necessáno
LOCAIS DE TRABALHO: Linhas A e B- extrusoras
EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO ...........
FONTES GERADORAS:
REFERENTE : Processo .........
- Correias transportadoras, slfene, extrusoras. bombas, rosca sem fim. interferência do rufdo da RECLAMANTE: ...... .
casa de força.
RECLAMADA: ...... ..
DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLE EXISTENTES: FULANO... , Engenheiro de Segurança do Trabalho, perito nomeado nos autos
Protetor auricular de Inserção CA; 5745 NRRsl 17 dB do processo em epígrafe, vem perante V. Ex.a. apresentar seu laudo pericial.
DADOS OBTIDOS
RU ÍDO 01 -Histograma em anexo Data da medição: 23.04.09
l-INSTRUMENTOS UTILIZADOS/METODOLOGIA
Dose (8 horas): 2.0 Nível Equivalente de Ruído: 90,0 dB(A)
Nível Exposição Normalizado: 87,9 dB(A) LT: 85.0 dB(A) INA: 80.0 dB(A) A avaliação do ruído fo1 fe1ta com o dosímetro (medidor integrador de
uso pessoal), marca .... , modelo .... tipo 2 conforme especificações constantes
Principais at lvldades:
na Norma ANSI 81.25-1991 Esse instrumento foi aferido antes da medição
Durante a dos1metna. o trabalhador executou atividades normais de operação de extrusora e com calibrador marca .. , modelo... , conforme especificações da Norma ANSI.
executou serv1ços de limpeza da área. com ar comprimido, durante ma1s ou menos 30 mmutos
Os medidores e os calibradores foram certificados em laboratórios
credenciados pelo INMETRO.
CONCLUSÃO As medições foram realizadas ao nível auditivo do trabalhador, com
aparelho operando na curva de compensação UA" e modo "Siow". Para o
o nível equivalente de ruído foi superior ao limite de tolerância ruído de impacto, as leituras foram efetuadas com o aparelho operando no
estabelecido pelo anexo 01, NR-15, da Portaria n. 3.214, para exposição circuito de compensação "C" e modo "Fast" (NA-15, anexo 01).
diária de 8 (oito) horas.
Portanto, é necessário adoção de medidas de controle visando a
11 - INFORMANTES
eliminar ou neutralizar o risco (medidas coletivas, administrativas, EPis),
conforme sugestões no item específico.
Fulano de tal - Encarregado
O reclamante e o assistente técnico da reclamada acompanharam a
diligência.

III - DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE DO RECLAMANTE

O reclamante exercia o cargo de operador de máquina e sua atividade


consistia em:
• Operar empilhadeira para movimentar material no pátio e carregar
cam1nhões.

- 120 - - 12 1 -
IV - LOCAL DE TRABALHO DO RECLAMANTE QUESITO 04
TEM DIR~ITO O RECLAMANTE AO ADICIONAL PLEITEADO? SE SIM,
Durante todo o pacto laboral. o reclamante trabalhava na área de EM QUAL PERIODO?
expedição e pátto de estocagem.
-Não.

V- DADOS OBTIDOS
VIl - RESPOSTA AOS QUESITOS DA
RECLAMANTE ÀS FLS .... DO PROCESSO
5.1. Rufdo
QUESITO 01
86,6 dB(A) - Nível equivalente de ruído representativo da jornada de
INFORMAR SE A RECLAMADA FORNECIA EPis PARA O RECLAMAN-
trabalho do reclamante.
TE E SE EXIGIA E FISCALIZAVA O USO? SE FORAM APROVADOS PELO
O nível de ruído equivalente foi superior ao limite de tolerância MTE. DATA DA VALIDADE.
estabelecido pelo anexo 1, NR-15, da Portaria n. 3.214. Todavia, a reclamada
- Sim - ver ficha em anexo. Deve-se salientar que os EPis são
forneceu protetores auriculares ao reclamante, aprovados pelo MTE, capazes
aprovados pelo MTE e o próprio reclamante informou que o uso era obrigatório
de reduzir os níveis de ruído do local abaixo do limite de tolerância (ver
e fiscalizado.
fichas juntadas aos autos e às fls....). Além disso, o reclamante afirmou que
recebeu os referidos EPis e sempre os utilizou efetivamente. Assim, fica QUESITO 02
neutralizada a insalubridade por esse agente.
INFORMAR SE A RECLAMADA MANTÉM EM SEU PODER RECIBOS
ASSINADOS PELO RECLAMANTE, ATESTANDO O RECEBIMENTO DOS
VI - RESPOSTA AOS QUESITOS DA EQUIPAMENTOS, COM A DATA DO FORNECIMENTO DELES.
RECLAMADA ÀS FLS .... DO PROCESSO - Sim - ver ficha em anexo.
QUESITO 03
QUESITO 01
INFORM;AR SE, NO MOMENTO DA REALIZAÇÃO DA PERÍCIA,
QUAIS OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL TODAS AS MAQUINAS ENCONTRAVAM-SE LIGADAS.
FORNECIDOS PELA RECLAMADA AO RECLAMANTE? -Stm.
- Foram fornectdos protetores auriculares tipo concha. QUESITO 04
QUESITO 02 INFORMAR SE O RECLAMANTE FAZ JUS AO ADICIONAL DE
TAIS EPis SÃO APROVADOS PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO? INSALUBRIDADE, EM QUE GRAU.
-Sim. -Não.
QUESITO 03 VIII - CONCLUSÃO PERICIAL
A UTILIZAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS REFERIDOS EQUIPAME.NTOS Com base nos dados e fundamento no item V do laudo, conclui-se que
ELIMINAVA, NEUTRALIZAVA OU REDUZIA A LIMITES DE TOLERANCIA a atividade do reclamante não era considerada insalubre, pois sua exposição
A INSALUBRIDADE ACASO EXISTENTE? ao ruído estava neutralizada através do uso do protetor auricular.
-Conforme comentado no item 5.1, os protetores auriculares utilizados
eram capazes de neutralizar a insalubridade, pois sua utilização efetiva era
capaz de diminuir a intensidade do ruído existente abaixo do limite de
tolerância.

- 122- -123 -
VI - DADOS OBTIDOS:
Nível de Tempo de Tempo Máximo
Setor Ruído Exposição Diário Permitido Dose
APÊNDICE III dB(A) (horas) (horas)
Ruído médio na sala 70,00 3,00 -
de controle
MODELO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO
Ruído médio na casa 95,00 2,00 2,0 1,0
PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA de máquina
ESPECIAL Ruído médio na área 90,00 2,00 4,0 0,5
dos geradores
Ruído médio na área 88,00 1,00 5,3 0,19
LAUDO TÉCNICO DE APOSENTADORIA ESPECIAL de bombeamento
I- DADOS DA EMPRESA: TOTAL (DOSE) 1,69
RAZÃO SOCIAL: IRAMO DE ATIVIDADE: Indústria têxtil NÍVEL EQUIVALENTE OE RU{OO CORRESPONDENTE A DOSE CALCULADA.
ENDEREÇO: Rua A, n. 200 - Município X 88,8 dB(A)
CNPJ: xxxxxxxx/0000-0 CONCLUSÃO PERICIAL
11 - NOME DOS ACOMPANHANTES: O nível equivalente de ruldo foi supenor ao limite de tolerância estabelecido
- Fulano de tal - Encarregado da Usina pelos Decretos n. 53.831/64,83.080/79, 2 172/97 e 3.048/99 para exposição habitual
e permanente. Segundo estes Decretos, a expos1ção a esse nível de ruído é
III - LOCAL DE TRABALHO:
t--- prejudicial à saúde, conferindo ao segurado exposto o dire1to à aposentadoria
- O segurado trabalhava na sala de máquina e operação da usina hidrelétrica. especial.
--
Os protetores auriculares fornecidos ao segurado são capazes de reduz1r a
-~

IV - DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES: J CARGO: Operador de usina hldrelétrlcs


intensidade do ruldo abaixo do hm1te de tolerância Ademais, a empresa possui
• Operar os geradores através do painel de controle; documentos comprobatórios do gerenc1amento dos EPis (tre1namento, fiscalização,
• lnspecionar geradores; hierarquia, substituição periódica, entre outros).
• Executar limpeza da usina (casa de máquinas);
• Auxiliar na manutenção mecânica preventiva e corretiva das máqumas LOCAL, DATA
(semanalmente)
.......................... --------- -- .................... --- .................... -............... ------ ------- ......................... ---- .. ----- .............................. -...........
V- MÉTODOS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS:
A avaliação ocupacional de ruído foi feita por Grupo Homogêneo de Exposição,
por meio de dosimetria de ruldo em ciclos de trabalho representativo da exposição
durante a jornada de trabalho. Os procedimentos foram de acordo com a NR-15 da RESPONSÁVEL TÉCNICO
Portaria n. 3.214n8 e NH0-01 da FUNDACENTRO. CREA
REG. NO MTE
As medições foram realizadas ao nível auditivo do trabalhador, com aparelho
operando na curva de compensação "A" e modo "Siow". Para o ruído de Impacto, as
leituras foram efetuadas com o aparelho operando no circuito de compensação "C"
e modo "Fast" (NR-15, anexo 01).

- 124- -125-
CONCLUSÃO
Verifica-se que, nas frequências de 500 Hz, 1 kHz e 8 kHz, os valores
obtidos apresentaram não confonmidade com o limite de conforto da curva
APÊNDICE IV NC 60,0 dB. Além disso, o nível de ruído global foi superior a 65,0 dB(A).
Portanto, as condições de conforto acústico do local não atendem à NR-17.
MODELO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO
DE RUÍDO PARA CONFORTO

1- CRITÉRIO LEGAL

A NR-17 da Portaria n. 3.214/78, estabelece que, nos locais de trabalho


onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção
constantes, tais como: sala de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análises de projetas, dentre outros, o nível de ruído
aceitável para efeito de conforto é igual a 65,0 dB(A), e a curva de avaliação
de ruido NC, não superior a 60,0 dB.

11 - INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

Na avaliação de nível de ruído nos escritórios foram utilizados os


seguintes equipamentos:
• Medidor de nível de pressão sonora com analisador de frequêncra de
terça e banda de oitava, de acordo com as especificações da Norma
IEC 60.651 para o trpo 1.
• Calibrador acústico
A medição foi realizada no ambiente com o instrumento montado em
um tripé a altura de 1,2 m do piso e a uma distância de no mínimo 1,O m de
qualquer superfície, como paredes, tetas, pisos e móveis (NBA 10.151 ).

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE RUÍDO PARA CONFORTO


LOCAL DE TRABALHO: Escntóno de Contabilidade
63Hz 125 Hz 250Hz 500Hz 1kHz 2kHz 4kHz 8kHz
Curva
dB dB dB dB dB dB dB dB
NC 60 77 71 67 63 61 59 58 57
Valor
obtido 60,9 58,3 65,1 68,1 65,7 59,7 54,8 57,3

Nível de ruído
global 74,4 dB(A)

-126- - 127 -
As medições foram feitas no extenor em pontos afastados aproximadamente
1,20 m do piso e pelo menos 2,0 metros do limrte da propriedade e de quaisquer
outras superfícies refletoras. como muros, paredes etc.
APÊNDICE V As medições foram realizadas na escala de compensação "A·. conforme
estabelecido pela lei n. 12.100/90 e NBA 10 151 da ABNT.
MODELO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO
PARA PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO PÚBLICO III - CONDIÇÕES DE MEDIÇÕES

As medições dos níveis de ruído foram efetuadas a 1,20 m acima do


I -CRITÉRIO LEGAL solo e nos pontos demarcados no croqui em anexo.
As medições foram realizadas em condições climáticas normais, sendo
A Lei n. 12.1 00 de 17.01.90 estabelece como prejudiciais à saúde, à o microfone do aparelho protegido do ruído e do vento.
segurança ou ao sossego público quaisquer ruídos que:
• Atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de IV - DADOS OBTIDOS
som superior a 10 decibéis- dB(A) acima do ruído de fundo existente
no local sem tráfego; Os resultados das medições e as observações necessárias estão
contidos no quadro que se segue:
•Independentemente do ruído de fundo, atinjam, no ambiente exterior
do recinto em que têm origem, nível sonoro superior a 70 dB(A) durante PONTO RUÍDO COM RUÍDO DE
o dia e 60 dB(A) durante a noite, explicitando o horário noturno como DE A FONTE OBSERVAÇÕES FUNDO SEM
aquele compreendido entre 22h e 6 h, se outro não tiver estabelecido MEDIÇÃO LIGADA dB(A) FONTE dB(A)
na legislação municipal pertmente. A NBA 10.151 da ABNT estabelece, 01 70,5 Ruído médro da rnstalação de 61,0
para áreas residenciais urbanas. os seguintes níveis de ruído: beneficiamento
- 55 dB(A) - diurno 75,2 Ruído médio com interferência da
carregadeira
- 50 dB(A) - noturno
02 79,0 Rui do médro da instalação 62,0
A NBA 10.151/00 estabelece nível de critério de avaliação igual a 70 (peneiramento)
dB(A) no período diurno e 60 dB(A) no período noturno para área
03 66.0 Ruido médio - interferência da 55.0
predominantemente industrial. carregadeira
63,7 Sem interferência do ruído da
li - INSTRUMENTOS UTILIZADOS/ METODOLOGIA carregadeira
04 70,0 Ruido de fundo do mornho e 55,0
A avaliação do ruído foi feita com medidor de nível de pressão sonora de penerramento
acordo com as especificações da Norma IEC 60.651 para o tipo 1 Esse
instrumento foi aferido com calibrador acústico conforme as especificações da Observação: as medições foram realizadas no período diurno das
IEC 60.942. 11 h às 14h30.

Os refendes instrumentos foram certificados por laboratório credenciado


pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial V- CONCLUSÃO/RECOMENDAÇÃO
(INMETAO).
O medidor de nível de pressão sonora foi calibrado antes e após a De acordo com os dados obtidos nas medições, conclui-se que os
medição, utllízando-se calibrador acústico portátil. níveis de ruído médio nos pontos analisados estão acima do limite de
tolerância estabelecidos pela Lei n. 10.100/90 e da NBA 10.151 da ABNT.
-128- - 129 -
Além d1sso, venfica-se pelo quadro de dados obtidos que a diferença
entre os níveis de ruído com a fonte (empresa) em funcionamento e desligada
(ruído de fundo) foi superior a 1O dB(A) e, portanto, em desacordo com o
limite previsto no art. 2°, 11, da referida Lei. Essa situação indica também que
APENDICE VI
a empresa se caracteriza como fonte de poluição sonora.
Constatou-se que as fontes principais de ruído são: instalação de NORMAS E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTARES I
britagem/peneiramento, moagem e carregadeira. Assim, recomenda-se as
seguintes medidas:
RESOLUÇÃO CONAMA
- O isolamento da britagem/peneiramento e moinhos através de
paredes, de forma a impedir que o ruído ali gerado se propague para PORTARIA N. 92, DE 19 DE JUNHO DE 1980
áreas vizinhas;
- Outra alternativa é a construção de muros com altura adequada nas O Ministro de Estado do Interior, acolhendo proposta do Secretário do Meio
divisas da empresa, de forma a evitar a propagação para a vizinhança. Ambiente, no uso das atribuições conferidas pelo artigo 4º do Decreto n. 73.030,
de 30 de outubro de 1973:
Deve-se salientar que o muro deverá s er construído com material
isolante de som, como, por exemplo, bloco de concreto. Considerando que os problemas dos níveis excessivos de sons e ruídos
estão incluídos entre os sujeitos ao Controle da Poluição do Meio Ambiente;
Considerando que a deterioração da qualidade de vida, causada pela poluição
sonora, está sendo continuamente agravada nos grandes centros urbanos;
Considerando que os malefícios causados à saúde, por ruídos e sons, está
acima do suportável pelo ouvido humano;
Considerando que a fixação dos criténos e padrões necessários ao controle
dos níveis de sons depende de inúmeros fatores, entre os quais exigências
e condicionamentos humanos, fontes geradoras características do agente
provocador, locais e áreas de mediçao, distribuição, hora e frequência da
ocorrência;
Considerando a grande extensão territorial brasileira, a heterogeneidade
dos municípios brasileiros, possuidores de situações diferenciadas de usos
e costumes;
Considerando que os critérios e padrões deverão ser abrangentes e de forma
a permitir fácil aplicação em todo o Território Nacional:
RESOLVE:
I - A emissão de sons e ruldos, em decorrência de quaisquer atividades
industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda,
obedecerá, no interesse da saúde, da segurança e do sossego público, aos
padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Portaria.
11 - Consideram-se prejudiciais à saúde, à segurança e ao sossego público,
para os fins do item anterior, os sons e ruídos que:
a) atinjam, no ambiente extenor do recinto em que têm origem, nível de som
de mais de 10 (dez) decibéis - db(A), acima do ruído de fundo existente no
local sem tráfego·

- 130 - - 131 -
b) independentemente do ruído de fundo, atinjam, no ambiente exterior do ANEXO IV DO DECRETO N. 3.048/99
recinto em que têm origem, mais de 70 (setenta) decibéis - dB(A), durante o
dia, e 60 (sessenta) decibéis - dB(A), durante a noite; CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES NOCIVOS

c) alcancem, no interior do recinto em que são produzidos, níveis de som


superiores aos considerados aceitáveis pela Norma NB-95, da Associação 2.0.0 AGENTES FÍSICOS
Brasileira de Normas Técnicas- ABNT, ou das que lhe sucederem. Exposição acima dos limites de tolerância especificados
III- Na execução dos projetes de construção ou de reformas de edificações, ou às atividades descritas.
para atividades heterogéneas, o nível de som produzido por uma delas não
poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela Norma NB-95, da ABNT, ou 2.0.1 RUÍDO 25 anos
das que lhe sucederem. a) exposição permanente a níveis de ruído acima de 90
IV - A emissão de ruídos e sons produzidos por veículos automotoras, e os decibéis.
produzidos no interior dos ambientes de trabalho, obedecerão às normas
expedidas, respectivamente, pelo Conselho Nacional de Trânsito - NR-9 - PORTARIA N. 3.214!78
CONTRAN, e pelo órgão competente do Ministério do Trabalho.
9.3.6 - Do Nível de Ação
V - As entidades e órgãos federais, estaduais e municipais competentes, no
uso do respectivo poder de polícia, disporão, de acordo com o estabelecido 9.3.6.1 -Para os fins desta NR, considera-se nível de ação o valor acima do
qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a
nesta Portaria, sobre a emissão ou proibição de emissão de sons e ruídos
probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os
produzidos por quaisquer meios ou de qualquer espécie, considerando
sempre os locais, horários e a natureza das atividades emissoras, com vistas limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da
exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico.
a compatibilizar o exercício da atividade com a preservação da saúde, da
segurança e do sossego público. 9.3.6.2 - Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que
VI- Todas as normas reguladoras de poluição sonora, emitidas a partir da apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme
presente data, deverão ser compatibilizadas com a presença da Portaria e indicado nas alíneas que seguem
encaminhadas à SEMA. a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional
VIl - Para os efeitos desta Portana, as medições deverão ser efetuadas com considerados de acordo com a alínea "c" do subttem 9.3.51;
aparelho medidor de nível de som que atenda às recomendações da EB b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%}, conforme critério
386!74, da ABNT, ou das que lhe sucederem. estabelecido na NR-15, Anexo n. 1, item 6.
VIII- Para a medição dos níveis de som considerados na presente Portaria,
o aparelho medidor de nível de som, conectado à resposta lenta, deverá NR-15 - PORTARIA N. 3.214!78
estar com o microfone afastado, no mínimo, 1,50 m (um metro e cinquenta NR-15- Anexo n. 1
centímetros) da divisa do imóvel que contém a fonte de ruído e à altura de
1,20 m (um metro e vinte centímetros) do solo.
Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente
IX - O microfone do aparelho medidor de nível de som deverá estar sempre
afastado, no mínimo, 1,20 m (um metro e vinte centímetros) de qualquer
NÍVEL DE RUÍDO MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
obstáculo, bem como guarnecido com tela de vento.
dB(A) PERMISSÍVEL
X -Todos os nfveis de som são referidos à curva de ponderação (A) dos 85 8 horas
aparelhos medidores, inclusive os mencionados na NB-95 da ABNT.
86 7 horas
87 6 horas
Mário David Andreazza
88 5 horas

- 132 - - 133 -
NÍVEL DE RUÍDO MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes trações exceder
dB(A) PERMISSIVEL a unidade, a expostção estará acima do limite de tolerância.

89 4 horas e 30 minutos cl c2 c3
- + - + -...... -
cn
90 4 horas ~T2 T3 Tn
91 3 horas e 30 minutos Na equação acima, Cn indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto
92 3 horas a um nível de ruído específico e Tn indica a máxima exposição diária
permissível a este nível, segundo o Quadro deste Anexo.
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos 7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído,
contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada,
95 2 horas
oferecerão risco grave e iminente.
96 1 hora e 40 minutos
98 1 hora e 15 minutos NR-17- PORTARIA N. 3.214/78
100 1 hora 17.5. Condições ambientais de trabalho.
102 45 minutos
17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às
104 35 minutos características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho
105 30 minutos a ser executado.
106 25 minutos 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam
108 20 mmutos solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,
1, o 15 minutos laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetas,
dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto:
112 10 minutos
,,4 a) níveis de ruído de acordo com o estabelectdo na NBA 10.152, norma
8 minutos brasileira registrada no INMETRO;
1, 5 7 minutos
b) índice de temperatura efettva entre 20 e 230C;
1. Entende-se por Ruído Continuo ou Intermitente, para os fins de aplicação c) velocidade do ar não superior a O, 75 m/s;
de Limites de Tolerância, o ruído que não seja de impacto. d) umidade relativa do ar não inferior a 40% (quarenta por cento).
2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no
{dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de subitem 17.5.2., mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas
compensação "A" e circuito de resposta lenta (slow). As leituras devem ser relacionadas na NBA 10 152, o nfvel de ruído aceitável para efeito de conforto
feitas próximas ao ouvido do trabalhador. será de até 65 dB(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não
3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites deverá ser supenor a 60 dB.
de tolerância lixados no Quadro deste anexo. 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2. devem ser medidos nos
4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário, será postos de trabalho. sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona
considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível auditiva e as demats variáveis na altura do tórax do trabalhador.
imediatamente mais elevado. 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada,
5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 1 15 dB(A) para natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade
indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa
6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de 17.5.3.2 A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de
exposição a ruídos de diferentes níveis devem ser considerados os seus forma a evitar ofuscamento. reflexos incómodos. sombras e contrastes excessivos.

-134- -135-
RESOLUÇÃO CONAMA N. 001 , DE 08 DE MARÇO DE 1990

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das


atribuições que lhe confere o Inciso 1. do § :29, do Art. 89 do seu Regimento
Interno, o Art. 1° da Lei n. 7.804 de 15 de julho de 1989, e
Considerando que os problemas dos níveis excessivos de ruído estão
incluídos entre os sujeitos ao Controle da Poluição de Meio Ambiente;
Considerando que a deterioração da qualidade de vida, causada pela
poluição, está sendo continuamente agravada nos grandes centros urbanos;
Considerando que os critérios e padrões deverão ser abrangentes e de forma
a permitir fácil aplicação em todo o Território Nacional, RESOLVE:
I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais,
comerciais, soc1a1s ou recreativas, inclusive as de propaganda politica,
obedecerá, no interesse da saúde e do sossego público, aos padrões, critérios
e diretrizes estabelecidos nesta Resolução.
11 - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior,
os ruldos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBA
10.152- Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando ao conforto da
comunidade, da Assoc1ação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.
III - Na execução dos projetes de construção ou de reformas de edificações
para atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não
poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBA 10.152- Avaliação
do Ruído em Áreas Habitadas visando ao conforto da comunidade. da
Associação Brasileira de Normas Técnicas- ABNT.
IV- A emissão de ruídos produzidos por veículos automotoras e os produzidos
no interior dos ambientes de trabalho obedecerão às normas expedidas,
respectivamente, pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e pelo
órgão competente do Ministério do Trabalho.
V - As entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais)
competentes, no uso do respectivo poder de polícia, disporão, de acordo
com o estabelecido nesta Resolução, sobre a emissão ou proibição da
emissão de ruldos produzidos por qualquer meios ou de qualquer espécie,
considerando sempre os locais, horários e a natureza das ativ1dades
emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das atividades com a
preservação da saúde e do sossego público.
VI - Para os efeitos desta Resolução, as medições deverão ser efetuadas
de acordo com a NBA 10.151 -Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas
visando ao conforto da comunidade, da ABNT.
VIl -Todas as normas reguladoras da poluição sonora, emitidas a partir da
presente data, deverão ser compatibilizadas com a presente Resolução.
VIII- Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

- 136 -

You might also like