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Posto este esclarecimento, há que dizer que não é fácil delimitar os conceitos de
comunicação social local e de comunicação social regional, apesar de, como se viu, a
Lei o procurar fazer, direccionando a explicitação do conceito para a geografia.
Xosé López García (1995: 12) aponta igualmente a geografia como o determinante da
definição de local, mas explicita que ela tem de ser cruzada com o social. Para este
autor, o local é um espaço territorial singularizado, sendo que essa singularidade se
manifesta em especial no campo social. "Nas sociedade actuais é no âmbito local que se
produz (...) a particularidade mais acentuada", escreve López García (1995: 12). Indo
mais longe, e reportando-se a Emili Prado e Miquel de Moragas (1991), Xosé López
esclarece que por comunicação (social) local se pode considerar "o lugar da mediação
técnica onde também é possível a comunicação não mediatizada ou interpessoal".
A comunicação social local regional e local tem também uma importante função de
produção simbólica comunitária. Este papel é o que mais contribui para a integração,
socialização e aculturação dos membros da comunidade, pois agudiza o sentimento de
pertença (vd. Correia, 1988: 158) e permite ver o "outro de fora" como genericamente
diferente, enquanto o "outro daqui" como genericamente semelhante (vd. Camponez,
2002: 69). A esse nível, a comunicação social regional e local pode também ser um
veículo de resistência às pressões globalizadoras e desterritorializadoras mas igualmente
um veículo de projecção do local no global -de glocalidade-(beneficiando dos novos
meios), como muito bem explana Camponez (2002).
A comunicação social regional e local funciona muitas vezes como veículo de petição e
de representação ou de sectores da comunidade ou de toda a comunidade perante
terceiros, sobretudo quando se envolve num jornalismo de causas. A comunidade real
(ou sectores dessa comunidade) metamorfoseia-se em comunidade de interesses. Em
certos casos, as funções de representação e petição podem transbordar para a
excomunhão (Carey, 1998), funcionando o medium como o representante do(s)
excumungador(es) ou assumindo mesmo a função de excumungador.
Como não podia deixar de ser, a comunicação social regional e local é também um
espaço simbólico onde se desenvolvem competições, principalmente entre os detentores
do poder político local. Noutras ocasiões, a comunicação social regional e local
contribuirá para o aparecimento de espirais do silêncio a nível regional e local, quando,
como identificaria Noelle-Neumann, a opinião veiculada pelos media é confundida com
a opinião maioritária ou única e as eventuais minorias (ou maiorias que julgam estar em
minoria) se calam. Esta situação poderá ocorrer quando os media regionais e locais, em
vez de assumirem uma condição de espaço público polifónico, são concentraccionários
e controlados por poderes (e muitas vezes pelo poder unipessoal do cacique local).
Noutras ocasiões ainda, a comunicação social regiona