e Filosofia: questões que permeiam a atualidade do processo formativo CONTEMPORANEIDADE Pensar na autoridade e nas relações de poder no âmbito da instituição escolar é uma forma de trazer à tona como a hierarquia estabelecida em meio a esses espaços ainda mantém um controle sobre as condutas por meio da constante vigilância. Dentre os filósofos que pensaram as relações de poder é possível destacar entre outros, Hannah Arendt e Michel Foucault. Situação Problema
Qual é a relação entre poder, autoridade e educação?
Problematizando a Situação-Problema 1 "A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instrui-las na arte de viver", escreve Arendt. Sua argumentação é a favor da autoridade na sala de aula e sua visão educativa é assumidamente conservadora. "Isso não quer dizer que ela defenda um professor autoritário“Arendt acreditava que o aluno deve ser apresentado ao mundo e estimulado a mudá- lo. Poder e violência em Hannah Arendt Arendt fará a crítica à comum idéia ou consenso dos teóricos políticos de que a violência é uma flagrante manifestação de poder, ou seja, de que o poder político é manifestação de violência. O "poder" corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em comum acordo. Este jamais é propriedade de um indivíduo, pertence a um grupo e existe apenas enquanto o grupo se mantiver unido. Poder e violência em Hannah Arendt Quando dizemos que alguém está "no poder" estamos na realidade nos referindo ao fato de encontrar-se esta pessoa investida de poder, por certo número de pessoas, para atuar em seu nome. No momento em que o grupo - de onde se originara o poder - desaparece, desaparece também "o seu poder. Poder e violência em Hannah Arendt Para a autora a violência é, por sua própria natureza, instrumental. Como todos os meios, está sempre à procura de orientação e de justificativas pelo fim que busca. E aquilo que necessita de justificar-se, através de algo mais, não pode ser a essência de coisa alguma. Hannah Arendt "A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele", escreve Arendt, acrescentando que "a educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos". Michael Foucault Foucault analisa a Arquitetura do sistema carcerário e o domínio exercido pela burguesia para obter a cooperação dos proletários. Foucault realizou uma analogia deste sistema com as escolas e o sistema de ensino. O panóptico de Bentham
Foucault Segundo Foucault, o poder está associado a uma forma de controle para manutenção da ordem e do status quo. Além das construções que facilitam esse controle, o poder e a hierarquia escolar ainda podem ser percebidos nos sistemas de avaliação, na organização curricular e na própria disposição das carteiras na sala de aula. Processo educativo em Foucault Em vez de tentar responder ou discutir as questões filosóficas tradicionais, Foucault desenvolveu critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A primeira consequência desse procedimento é mostrar que categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, mas vinculadas a sistemas circunscritos historicamente. Resolvendo a Situação-Problema 3 Para ele, não há universalidade nem unidade nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear. O peso das circunstâncias não significa, no entanto, que o pensador identificasse mecanismos que determinam o curso dos fatos e os acontecimentos, como o positivismo e o marxismo. A disciplina como docilização dos corpos Foucault concluiu, no entanto, que a concepção do homem como objeto foi necessária na emergência e manutenção da Idade Moderna, porque dá às instituições a possibilidade de modificar o corpo e a mente. Entre essas instituições se inclui a educação. O conceito definidor da modernidade, segundo o francês, é a disciplina - um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os comportamentos divergentes. Diálogo do professor com alunos Para Foucault, a escola é uma das "instituições de sequestro", como o hospital, o quartel e a prisão. "São aquelas instituições que retiram compulsoriamente os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam etc.", diz Alfredo Veiga- Neto.