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Máquina de Turing Quântica e Complexidade Computacional

Marcos P. Serafim
Universidade de Franca (UNIFRAN)
Av. Dr. Armando Salles Oliveira, 201, Parque Universitário, Franca – SP – Brazil
mpserafim@yahoo.com.br

Abstract. This informative article presents the advances in computational Para que o resultado do processamento da máquina de Turing quântica seja obtido, Esta última afirmação nos leva ao problema que, como descrito por Nielsen e Chuang
complexity theory in relation with the quantum Turing machine presented by utiliza-se um mecanismo que difere da sua implementação clássica. Na máquina de (2005) se os computadores quânticos forem mais poderosos que os clássicos a seguinte
Deutsch and its implications with the same theory classically defined. Turing definida classicamente, para que cheguemos ao resultado do processamento relação irá surgir BQP≠BPP e conseqüentemente teríamos que BPP≠PESPAÇO
realizamos uma medida na fita depois que o processamento tenha terminado. Em sua de onde apareceriam outras implicações na teoria da complexidade clássica.
Resumo. Este artigo informativo apresenta os avanços obtidos na teoria da alternativa quântica não é possível realizar um monitoramento da fita pois esta medida
Bernstein e Vazirani também forneceram essa primeira evidência que
complexidade computacional em relação com a máquina de Turing quântica acabaria por perturbar o sistema. Segundo Deutsch para que este problema seja sanado
BQP≠BPP , indicando que possivelmente máquinas de Turing quânticas que
definida por Deutsch e suas implicações com a mesma teoria definida deve-se utilizar uma das observáveis definidas para o processador (normalmente n0 )
trabalham em tempo polinomial são mais poderosas que as máquinas de Turing
classicamente. e apenas esta seria medida continuamente, de maneira que seu valor seria fixado em 1 probabilísticas de mesma categoria.
quando o processamento da máquina terminasse.
1. Máquina de Turing Quântica Com base no trabalho de Simon (1994) , Shor (1994) propôs um algoritmo para
2. Complexidade quântica fatoração numérica que é executado em tempo polinomial e como classicamente este
A definição fornecida por Deutsch (1985) para a máquina de Turing quântica constitui-
Ao longo do tempo vários modelos de computação tem sido utilizados para representar problema é tido como pertencente à classe NP é levantada a questão se não seria o
se de uma generalização da máquina de Turing clássica que evolui através de
processos computacionais e nos permitir analisar os recursos necessários à resolução caso de NP⊆BQP .
operações unitárias (desta forma, reversíveis) no espaço complexo de Hilbert. Assim
de um problema. O tempo de processamento, o espaço (normalmente referenciado
como a máquina de Turing clássica, a sua versão quântica possui: Conclusão
como quantidade de memória necessária), a aleatoriedade entre outras características
● um processador que define os estados através de um conjunto finito de são alguns destes recursos agrupados em classes de acordo com a quantidade O novo paradigma da computação quântica tem criado uma expectativa muito grande
observáveis: necessária de cada um para execução de certos algoritmos. com respeito ao seu poder de processamento. Ainda não se possui uma prova
{ n i } ( i∈ℤM ) conclusiva que uma máquina de Turing quântica seria mais poderosa que a sua versão
O poder computacional de máquinas de Turing quântica é objeto de estudo de
● uma fita consistindo de um conjunto infinito de observáveis clássica, mas evidências tem aparecido que podem levar a esse resultado. Uma
vários pesquisadores, Bernstein e Vazirani (1993) por exemplo, fazem algumas
{ m i } ( i∈ℤ ) confirmação de que certos algoritmos seriam executados com uma eficiência maior em
comparações com os modelos de classes de complexidade clássicos com aqueles
um computador quântico do que em uma máquina de Turing probabilística definida
● uma observável indicando a posição na fita da célula atualmente sendo trabalhada criados com base nas evoluções obtidas na computação quântica. As classes BQP, classicamente poderia invalidar a tese forte de Church-Turing levando a teoria da
{ x } EQP e ZQP acabaram por fundamentar as bases da teoria da complexidade quântica. complexidade computacional a um novo patamar.
Estas três componentes formam os estados computacionais bases que através dos Como indicado por Tetsushi (2004):
Referências
autovalores simultâneos de x , n , m
 são representados a partir de um autovetor
● Uma linguagem L está na classe BQP (Bounded Error Quantum Polynomial Benioff, Paul (1997) “Models of Quantum Turing Machines”,
unitário:
Time) se e apenas se existe uma máquina de Turing quântica tal que para qualquer http://arxiv.org/abs/quant-ph/9708054
∣ 〉 =∣x , n , m 〉 entrada x uma observação de uma certa célula da fita após um processamento de
Bernstein, Ethan et al. (1996) “Strengths and Weakness of Quantum Computing”,
tempo polinomial, ela retorna 1 com probabilidade maior que 2/3 se x pertencer a
A computação da máquina de Turing quântica na visão de Deutsch se dá em http://arxiv.org/abs/quant-ph/9701001
L ou 0 com probabilidade maior que 2/3 caso contrário.
passos de duração fixa T em que apenas o processador e uma finita parte da fita Bernstein, Ethan e Vazirani, Umesh (1993) “Quantum Complexity Theory”, em
interagem, permanecendo o restante dela estática. ● Uma linguagem L está na classe EQP (Exact Quantum Polynomial Time) se e
th
Proceedings 25 ACM Symp. On Theory of Computation, pág. 11-20.
Já a dinâmica de evolução da máquina é governada por uma transformação dada apenas se existe uma máquina de Turing quântica e um polinomial p tal que para Deutsch, David (1985) “Quantum Theory, the Church-Turing Principle and the
pela superposição de estados na base computacional: qualquer entrada x uma observação de uma certa célula da fita após um Universal Quantum Computer”, em Proceedings of the Royal Society of London A
processamento de p(|x|) passos retorna 1 com probabilidade 1 se x pertencer a L 400, pág. 97-117.
∣ nT 〉 =U n∣ 0 〉 ou 0 com probabilidade 1 caso contrário.
+ Nielsen, Michael A. e Chuang, Isaac L. “Computação Quântica e Informação
n∈ℤ
● Uma linguagem L está na classe ZQP (Zero Error Quantum Polynomial Time) se Quântica”, tradução Ivan S. Oliveira, Porto Alegre, Bookman, 2005.
Onde U é um operador unitário constante chamado de operador de evolução no e apenas se existe uma máquina de Turing quântica tal que para qualquer entrada Nishumura, Harumichi e Ozawa, Masanao (2005) “Perfect Computational Equivalence
tempo (cada escolha diferente de U define uma máquina de Turing quântica diferente), x uma observação de uma certa célula da fita (célula indicadora de parada da between Quantum Turing Machines e Finitely Generated Uniform Quantum Circuit
n é o número de passos, T é a duração de tempo de cada passo e  0 o estado máquina) após um processamento de tempo polinomial de seu tamanho ela Families”, http://arxiv.org/abs/quant-ph/0511117
inicial. retorna 1 com probabilidade maior que 1/2 e então se uma observação de outra Shi, Yu (2002) “Remarks on Universal Quantum Computer”,
A função de transição para a máquina através do operador U de evolução no célula (célula de decisão) retorna 1 com probabilidade 1 se x pertencer a L, 0 com http://arxiv.org/abs/quant-ph/9908074
tempo leva a uma operação finita. Para qualquer estado ∣x , n , m 〉 e ∣x ' , n ' , m ' 〉 probabilidade 1 caso contrário.
Tetsushi, Matsui (2004) “A Note on Buk Quantum Turing Machine”,
temos: http://arxiv.org/abs/cs/0411037
Na teoria da complexidade clássica, a classe BPP (Bounded Error Probabilistic
〈 x' , n ' , m '∣U∣x , n , m 〉 = Polynomial Time) é tida como a classe que comporta todas as linguagens que são Shor, Peter W., “Algorithms for Quantum Computation: Discrete Logarithms and
th
eficientemente computáveis em uma máquina de Turing probabilística. Factoring”, Proceedings of the 35 IEEE Symposium on Foundations of Computer
[x'   n , m x , m ' x , 1, n ' x'  n , mx , m ' x , 0, n ' x'   n , m x , m ' x ,−1, n ']  my
x+1 x x-1 m'y
Science, 1994, pág. 124-134.
y≠ x O trabalho de Bernstein e Vazirani (1993) apresenta mais alguns resultados
interessantes no aspecto de relacionamento entre as classes de complexidade entre a Sicard, Andrés e Vélez, Mario (1999) “Some relations between quantum Turing
De forma que o produtório à direita garante que apenas um bit da memória machines and Turing machines” , http://arxiv.org/abs/quant-ph/9912012
máquina de Turing clássica e a quântica. A começar pela definição de que como
participa de cada passo da execução. Os termos x' garantem que durante cada
x±1
th
máquinas de Turing reversíveis são um caso especial das máquinas de Turing Simon, Daniel R., “On the Power of Quantum Computation”, Proceedings of the 35
passo a posição x da fita não pode mudar mais do que uma unidade e a função
quânticas temos que P⊆EQP e BPP⊆BQP , além disso é demonstrado que Annual IEEE Symposium on Foundations of Computer Science, 1994, pág. 116-123.
 n , m x , m ' x , d , n ' com d∈{−1, 0, 1} , chamada de função de transição local, trata
BQP⊆PESPAÇO , o que implica na cadeia de inclusões BPP⊆BQP⊆PESPAÇO .
do processamento da máquina.

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