Professional Documents
Culture Documents
Juliana M. R. de Moraes
Centro Universitário Belas Artes - São Paulo
Men (1990) e Strange Fish (1994), do estruturas afetivas. Em seu trabalho com
peça de uma hora precisa de muita frases acima, o que nos leva a pensar
coreografia. O ritmo com o qual você
que coreografia poderia se aplicar a
começa sua peça terá um efeito na sua
infinitas coisas, incluindo imagens
habilidade de fazer com que ela
continue. Se você começa muito rápido
fotográficas, trechos de vídeos, cenas
pode ser difícil, ainda que não teatrais, palavras, objetos, e (por que
impossível, dar continuidade. Se você não?) ao movimento. Entretanto, ao
começa devagar, você vai precisar de
assistirmos às peças de Burrows, vemos
um material forte para manter nossa
o quanto ele se interessa pelo
atenção. O ritmo com o qual você
começa é uma parte importante do movimento — diferentemente de muitos
contrato que você estabelece com a coreógrafos contemporâneos, que optam
platéia nesses momentos iniciais. A pela pausa e complicam a inserção de
sensação de desenvolvimento da peça
suas obras no universo da dança,
será lida pela platéia em relação à
aproximando-se da performance ou da
energia emanada desse ímpeto inicial.
(BURROWS, 2010, p. 105)
live art — , as obras de Burrows podem
ser facilmente caracterizadas de dança
O ponto de vista de Burrows é justamente porque, nelas, ele e seus
diferente dos de Hinton e Pearlman, parceiros se movem, bem, muito, e
citados anteriormente, que entendem geralmente de acordo com sequências
coreografia como organização de pré-determinadas. Mas então por que o
movimentos, mesmo que numa edição movimento não entra na sua concepção
de filme. Aproxima-se mais de algumas de coreografia? Talvez porque para ele
frases que citei de Foster, especialmente coreografia seja mais ligada às formas
quando ela associa coreografia a um de organização, os contratos com o
plano ou uma partitura, entretanto, para público e os ritmos de variação: aquilo
Foster, plano e partitura existem para que segura tudo junto, a trama, a teia, a
que o movimento se desenvolva. sustentação do todo, o que dá
Burrows associa coreografia a continuidade à peça, o que permite
formas de organização do material chegar a uma forma e lógica próprias.
(objetos, coisas) principalmente no Eu gosto desse jeito de pensar,
tempo — e esse material não precisa ser pois amplia o conceito de coreografia
necessariamente movimento. Aliás, a para além da ideia de uma organização
palavra movimento inexiste nas muitas de movimentos. Ademais, o sentido
BURROWS, Jonathan. A
Choreographer’s Handbook. London
and New York: Routledge, 2010.
DE KEERSMAEKER, Anne Teresa;
CVEJIC, Bojana. En Atendant &
Cesena: a choreographer’s score. New
Haven and London: Yale University
Press, 2013.
FERNANDES, Ciane. Pina Bausch e o
Wuppertal dança teatro: repetição e
transformação. São Paulo: Hucitec,
2000.
FOSTER, Susan Leigh.
Choreographing Empathy. London and
New York: Routledge, 2011.
MORAES, Juliana M. R. de. Dança,
frente e verso. São Paulo: Editora
nVersos, 2013.
PEARLMAN, Karen. A edição como
coreografia. In: CALDAS, Paulo (org.).
Ensaios contemporâneos de
videodança. Dança em Foco. Rio de
Janeiro: Aeroplano, 2012.
SANCHEZ-COLDBERG, Ana. German
Tanztheater: traditions and
contradictions, a choreological
documentation of tanztheater from its
roots in Ausdruckstanz to the present.
Ph.D. dissertation, Laban Centre for
Movement and Dance, London, 1992.