You are on page 1of 31

Artigo

DOI: http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v12i1.1344

Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no


processo de criação de agências de viagens

Use of entrepreuneurial social networks by females in the travel


agencies creation process

Uso de las Redes Sociales Emprendedoras por Mujeres en el Proceso


de creación de agencias de viajes
Rivanda Meira Teixeira1
Tales Andreassi2
Lea Cristina Silva Bomfim3

Resumo: Propósito justificado do tema: O estudo das redes sociais empreendedoras tem sido reconhecido
como determinante no processo empreendedor, como no sucesso dos empreendimentos. Desde a década de
90, houve um especial interesse em pesquisar redes sociais com o recorte do gênero e, considerando a sua
relevância, essa temática continua sendo muito atual. Objetivo: O objetivo geral deste estudo é analisar como
as redes sociais são utilizadas pelas empreendedoras no processo de criação de novos negócios. Especificamente
pretende identificar os tipos de laços que são utilizados pelas empreendedoras nas suas redes sociais nas fases
de concepção, start-up e consolidação de negócios e verificar como essas redes sociais influenciam na obtenção
de recursos. Metodologia/Design: A estratégia de pesquisa utilizada foi o estudo de casos múltiplos e as evidên-
cias foram coletadas por meio de entrevistas pessoais semiestruturadas com sete empreendedoras de agências
de viagens de micro e pequeno porte. Os casos foram descritos individualmente e após essa descrição foi reali-
zada a análise comparativa dos casos para examinar suas semelhanças e diferenças. Resultados e Originalidade
do Documento: Entre os resultados encontrados vale destacar que os laços fortes foram os mais utilizados pelas
empreendedoras principalmente na fase de concepção do negócio. Além disso, constatou-se que a experiência
prévia foi determinante na identificação da oportunidade e na capacidade de se construir redes diversificadas.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Redes sociais empreendedoras. Empreendedorismo feminino. Processo


empreendedor.

Abstract: Justification of the topic: The study of entrepreneurial social networks has been recognized as crucial
in the entrepreneurial process, as well as in the success of the businesses. Since the 90s, there has been a special
interest in researching social networks focused on gender, and taking into account its relevance, this topic is still

1
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil. Definição de objetivos; elaboração do referencial
teórico; definição dos procedimentos metodológicos, interpretação de dados e redação do artigo.
2
Fundação Getúlio Vargas (FGV_EAESP), São Paulo, SP, Brasil. Redação e revisão crítica do artigo.
3
Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aracaju, SE, Brasil. Coleta e análise de dados.

Artigo recebido em: 17/06/2017. Artigo aprovado em: 04/12/2017.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
102
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

very current. Objectives: The aim of this study is to analyse how social networks are used by female entrepre-
neurs in the of new business creation process. Specifically aims to identify the types of bonds that are used by
female entrepreneurs in their social networks in the stages of conception, start-up and business consolidation
and verify how these social networks influence in obtaining resources. Methodology/Design: The research strat-
egy adopted is the multiple case study and evidences were collected through semi-structured personal inter-
views with seven entrepreneurs of micro and small travel agencies. The cases were described individually and
followed by a comparative analysis to examine their similarities and differences. Results and Originality of the
Document: The study shows that the strong bonds were the most used by entrepreneurs mainly in the concep-
tion stage. Furthermore, it also shows that that previous experience was very important in the identification of
the opportunity and ability to build diverse networks.

Keywords: Entrepreneurship. Entrepreneurial social networks. Female entrepreneurship. Entrepreneurial pro-


cess.

Resumen: Propósito justificado del tema: El estudio de las redes sociales emprendedoras ha sido reconocido
como determinante en el proceso emprendedor, como en el éxito de los emprendimientos. Desde la década de
1990, hubo un especial interés en investigar redes sociales con el recorte del género y, considerando su relevan-
cia, esta temática sigue siendo muy actual. Objetivo: El objetivo general de este estudio es analizar cómo las
redes sociales son utilizadas por las emprendedoras en el proceso de creación de nuevos negocios. Específica-
mente pretende identificar los tipos de lazos que son utilizados por las emprendedoras en sus redes sociales en
las fases de concepción, start-up y consolidación de negocios y verificar cómo esas redes sociales influencian en
la obtención de recursos. Metodología/Design: La estrategia de investigación utilizada fue el estudio de casos
múltiples y las evidencias fueron recogidas por medio de entrevistas personales semiestructuradas con siete
emprendedoras de agencias de viajes de micro y pequeño porte. Los casos fueron descritos individualmente y
después de esa descripción se realizó el análisis comparativo de los casos para examinar sus similitudes y dife-
rencias. Resultados y originalidad del documento: Entre los resultados encontrados cabe destacar que los “lazos
fuertes” fueron los más utilizados por las emprendedoras principalmente en la fase de concepción del negocio.
Además, se constató que la experiencia previa fue determinante en la identificación de la oportunidad y en la
capacidad de construir redes diversificadas.

Palabras clave: Emprendedorismo. Redes sociales emprendedoras. Emprendedor femenino. Proceso empren-
dedor.

1 INTRODUÇÃO o referido relatório, a igualdade de gênero di-


minui quando são analisadas as taxas especí-
Segundo dados do relatório de 2016 ficas de empreendimentos estabelecidos
do Global Entrepreneurial Monitor (GEM), no (TEE). Este dado mostra que as mulheres bra-
Brasil a taxa de empreendedores iniciais sileiras conseguem criar novos negócios na
(TEA), é de 19,9% para mulheres e 19,2% mesma proporção que os homens, porém
para homens o que pode ser considerado enfrentam mais dificuldades para fazer seus
uma distribuição bastante equilibrada. Este empreendimentos prosperarem. Tal fenô-
dado demonstra a importância das mulheres meno pode estar associado às condições re-
para a formação da TEA e é coerente com da- latadas pelas empreendedoras brasileiras
dos anteriores, pois nos anos de 2013 e 2015 como: preconceito de gênero; menor credi-
as diferenças entre as taxas masculina e fe- bilidade pelo fato de o mundo dos negócios
minina foram de 0,2 e 1,4 pp (pontos percen- ser mais tradicionalmente associado a ho-
tuais) respectivamente. No entanto, destaca mens; maior dificuldade de financiamento; e

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
103
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

dificuldade para conciliar demandas da famí- e Zimmer, 1986). No começo de um novo em-
lia e do empreendimento (GEM, 2016). preendimento, a rede social é um ativo cru-
A participação crescente das mulhe- cial para os empreendedores que mobilizam
res na economia brasileira é também demos- sua rede de relações pessoais para obter re-
trada em pesquisa realizada pelo SEBRAE- cursos físicos, informação, suporte emocio-
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque- nal, capital, contatos de negócios e transfor-
nas Empresas, publicada em 2014. Esse es- mar visões e planos de negócio em realidade
tudo demostra que, embora tenha represen- (Birley, 1985; Johannisson, 1998, 2000). A
tado menos da metade da ocupação na eco- preocupação com o tema das redes sociais e
nomia, durante a década 2002-2012, as mu- sua relação com os empreendedores têm
lheres aumentaram sua participação, au- sido reconhecidas como determinante do
mento este provocado pelo maior dina- processo empreendedor, como também do
mismo de crescimento da sua ocupação, cuja sucesso dos empreendimentos (Aldrich et al.,
taxa observada foi de 2,1% a.a., chegando a 1987; Greve e Salaff, 2003). No que se refere
40,7 milhões de mulheres ocupadas em a redes sociais com o recorte de gênero, ape-
2012. Também é expressiva a inserção femi- sar do interesse por essa abordagem ter re-
nina no mercado de trabalho formal, onde cebido especial atenção na década de 90, a
elas representavam cerca de 40,0% dos tra- temática ainda é atual e carece de estudos
balhadores com carteira assinada, em micro que possam contribuir para o aprofunda-
e pequenas empresas (SEBRAE, 2014). mento das questões existentes ou com o sur-
Estudos têm demonstrado que as mu- gimento de novas (Neergaard et al., 2005).
lheres abrem empresas por diferentes moti- Este estudo é voltado ao setor de tu-
vos: desejo de realização e independência, rismo, que é o de maior crescimento no
percepção de oportunidade de mercado, di- mundo. Em 2012, o setor representou para
ficuldades em ascender na carreira profissio- o PIB mundial um crescimento de 3%, o qual
nal em outras empresas (fenômenos este co- ultrapassou o crescimento da economia glo-
nhecido como “teto de vidro”), necessidade bal (2,3%). Prevê-se que, no longo prazo, vi-
de sobrevivência e como uma maneira de agens e turismo serão responsáveis por 10%
conciliar trabalho e família (Machado et al., do PIB mundial, gerando milhões de postos
2003), além do fato de muitas pertencerem a de trabalho em uma proporção de um em
famílias de empreendedores (Buttner e Mo- cada dez. No Brasil, o PIB do setor de turismo
ore, 1997), o que as direciona automatica- teve uma participação de 9,1%, em 2012,
mente ao empreendedorismo como se fosse com previsão de crescimento para a próxima
uma predisposição genética. década em uma média de 5,2% ao ano. No
As redes sociais são conhecidas por que se refere ao emprego, a contribuição re-
ajudarem os empreendedores no começo de presentou 8,3% do total e neste ano é espe-
um novo negócio, provendo acesso à infor- rado um aumento de 3,8%, nos postos de tra-
mação, conselhos e apoio financeiro (Aldrich balho (WTTC, 2013).

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
104
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Em função desse contexto, foi defi- Williams e Tse ,1995). A partir do ano 2000
nido que o objetivo geral deste estudo que é observa-se que as pesquisas de empreende-
analisar como as redes sociais são utilizadas dorismo em turismo se diversificam e abor-
pelas empreendedoras de agências de via- dam temas diversos, a exemplo do empreen-
gens na criação dos seus negócios. Especifi- dedorismo étnico (Butler; Carter e Brunn,
camente pretende-se identificar os tipos de 2002); intraempreendedorismo (Altinay,
laços que são utilizadas pelas empreendedo- 2005; Jogaratnam e Tse, 2006) ou empreen-
ras nas suas redes sociais nas fases de con- dedorismo sustentável em turismo (Kokkra-
cepção, start-up e consolidação de negócios nikal e Morrison, 2002). O processo empre-
e verificar como essas redes sociais influen- endedor em turismo foi analisado no estudo
ciam na obtenção de recursos. A seguir, é de Haber e Reichel (2007), que foi realizado
apresentada revisão teórica sobre empreen- em Israel e baseado na teoria da RBV (Visão
dedorismo em turismo, empreendedorismo Baseada em Recursos), e utilizou um modelo
e processo empreendedor e redes sociais integrado combinando o processo empreen-
empreendedoras e gênero. dedor com a acumulação de recursos.
Li (2008) fez revisão das pesquisas em
2 EMPREENDEDORISMO EM TURISMO hospitalidade e turismo e identificou os arti-
gos sobre empreendedorismo em turismo
Estudos sobre empreendedorismo publicados nos sete periódicos mais relevan-
em turismo são recentes e foram iniciados tes da área no período de 1986 a 2006. Con-
nos anos 90. Os pioneiros turismo tinham cluiu que, apesar da importância dos peque-
como foco principal identificar as motivações nos negócios e do espírito empresarial na in-
dos empreendedores para criar negócios dústria de hospitalidade e turismo, os resul-
(Getz e Carlsen, 2000) e as características dos tados revelam que apenas 2% do número de
empreendedores do setor (Glancey e Petti- artigos publicados no período analisado são
grew, 1997; Lynch, 1998; Shivas 2001; Lerner relacionados a empreendedorismo. Para Jaa-
e Haber, 2000). Muitos pesquisadores identi- far et al. (2011) a falta de importância relativa
ficaram a existência de motivações relaciona- da educação e conhecimento relacionado a
das ao estilo de vida (life styles motives) entre indústria do turismo influencia no apoio à ca-
empreendedores do setor. Entre eles merece pacidade de sobrevivência de empreendedo-
destaque o estudo de Morrison, Rimmington res de pequenos e médios negócios no setor
e Williams (1999) que verificou que os negó- de turismo.
cios no setor turístico são frequentemente Mais recentemente Andriga, Poulson
iniciados por aqueles que buscam um estilo e Pernecky (2016) analisam fatores motivaci-
de vida no qual as necessidades da família, a onais que explicam a transição de empreen-
renda e o modo de vida estejam equilibrados. dedores de sucesso de volta ao mercado de
Além das motiva-ções, as tipologias de em- trabalho. Concluiu que, embora os estilos de
preendedores no setor turístico foram apre- vida fossem auto-impostos, eles foram
sentadas em alguns estudos (Michaud, 1991; exacerbados pelas necessidades da família,

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
105
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

dos clientes e dos próprios proprietários, recentes, a exemplo do estudo de Dreher e


vários dos quais trabalharam até a Ullrich (2011). Esse estudo teve objetivo foi
exaustão. Implicações para futuros empre- analisar as representações de mulheres de
endedores incluem considerações de equilí- negócios de turismo em Blumenau (SC) a fim
brio da vida profissional e os custos reais de de verificar os aspectos que levaram à a con-
possuir negócios de setor de hospedagem. quista e os limites do poder e decisão dessas
A dimensão gênero foi considerada mulheres. Os resultados mostraram que para
por alguns estudos internacionais como o pi- as características demandadas, qualidades e
oneiro realizado por Shivas (2001) que procu- problemas de gênero, em vez de a prerroga-
rou identificar as motivações de empreende- tiva de desigualdade ou discri-minação sina-
doras no setor de hotelaria e de alimentação. lizar um caminho de pequeno conflito mostra
Foram identificadas três motivações princi- que os gestores têm poder de decisão e que
pais: o desejo de ter seu próprio negócio, se concentram os seus esforços para conciliar
percebiam o turismo como agradável para a vida profissional e da família.
trabalhar e, finalmente, percebiam que os Estudo com empreendedoras no setor de
negócios no setor permitiriam uma melhoria turismo foi realizado por Bomfim e Teixeira
no seu padrão de vida. (2015) com o objetivo de identificar os maiores
Gênero também foi o foco do estudo desafios enfrentados pelas empreendedoras no
planejamento e gestão de seus negócios. Na ges-
de McGhee, Kim e Jennings (2007) que com-
tão financeira o maior desafio é a dificuldade
pararam as diferenças entre os gêneros mas-
para acessar recursos financeiros, tais como fi-
culino e feminino no turismo rural. Os resul- nanciamento e crédito de fornecedor. Com rela-
tados mostraram que as mulheres são mais ção a gestão de pessoas, a maior dificuldade con-
motivadas para o turismo rural e que para siste na contratação de mão-de-obra qualificada
elas era muito importante a educação dos e nos conflitos decorrentes das relações interpes-
consumidores e a geração de empregos para soais.
os membros da família. Mais recentemente Outro estudo realizado por Teixeira e
Kimbu, Ngoasong (2016) exploram um mo- Bomfim (2016) com empreendedoras no setor de
delo de empreendedorismo social com foco turismo analisou os desafios enfrentados por es-
na participação e engaja-mento de mulheres sas mulheres para conciliar os conflitos entre o
trabalho e a família. Observou que a busca pelas
empreendedoras em turismo. Os achados
empreendedoras pelo ponto de equilíbrio, entre
desse estudo complementam pesquisas an-
as demandas conflitantes geram um desgaste
teriores que revelaram que as empreendedo- emocional e/ou físico, chegando a afetar a auto-
ras com propósitos sociais superam barreiras estima e o moral. Na tentativa de conciliar bem
institucionais e tradicionais / étnicas para os múltiplos papéis destaca-se a importância do
não só criar pequenos negócios, mas para aporte emocional do marido e filhos.
usá-los como plataformas para alcançar a in- Outro estudo nesse mesmo ano com foco
dependência econômica e social. no gênero foi realizado por Souza et al. (2016)
No Brasil, o foco no gênero no setor com o objetivo de analisar o potencial empreen-
de turismo foi observado em alguns estudos dedor das proprietárias de empresas do setor tu-

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
106
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

rístico de Florianópolis (SC). Os resultados revela- Ray (2003); Shane (2003) e Sarasvathy
ram a existência de diferenças significativas entre (2006), argumentam que muitos desses mo-
as médias obtidas por esse segmento e as demais delos clamam por universalidade, mas que
entrevistadas, nos fatores traços de personali- isso de fato não ocorre, pois muitos deles
dade, postura estratégica e propensão ao risco.
tem reduzidas possibilidades de generaliza-
ção.
2.1 Empreendedorismo e o processo de cri-
Borges et al. (2005), assim como Gar-
ação de negócios
tner (1985), acreditam que também o empre-
endedor, o processo de criação, o novo negó-
Shane e Venkataraman (2000) en-
cio e o ambiente, devem ser levados em
tendem o empreendedorismo como um pro-
conta em qualquer estudo sobre criação de
cesso que envolve as fases de descoberta,
negócios. Em pesquisa realizada por estes
avaliação e exploração de oportunidades pe-
autores no Canadá sobre o processo de cria-
los indivíduos envolvidos. Autores clássicos
ção de negócios foram observados detalha-
como Reynolds e Miller (1992) argumentam
damente os estágios e as atividades do pro-
que, apesar do crescimento de estudos sobre
cesso de criação. Esses autores apresentam
o campo do empreendedorismo, ainda exis-
um modelo do processo de empreender em
tem poucos que exploram o processo de cri-
quatro fases: iniciação, preparação, lança-
ação de negócios; isso quer dizer, do período
mento e consolidação. A primeira delas co-
da concepção ao nascimento de uma nova
meça com a identificação da oportunidade,
empresa. De acordo com Gartner (1985) a
desenvolvimento da ideia e a decisão de criar
criação de novos empreendimentos possui
o empreendimento. Na fase seguinte, a pre-
quatro dimensões que são: a) indivíduo (s) -
paração, ocorre a formatação do plano de
as características da (s) pessoa (s) que inicia
negócio, os estudos de mercado, a mobiliza-
(m) o negócio; b) organização – o tipo de em-
ção dos recursos financeiros e a criação de
presa que é criada; c) ambiente – a situação
uma equipe empreendedora, para então,
que envolve o novo empreendimento; d)
com a fase de lançamento, o empreendi-
processo – as ações tomadas pelo empreen-
mento iniciar efetivamente as suas ativida-
dedor para iniciar o novo negócio.
des. Por último, inicia-se a fase de consolida-
Moroz e Hindle (2012) destacam que
ção e as atividades associadas são a promo-
existe consenso sobre a carência de estudos
ção e comercialização dos produtos ou servi-
rigorosos sobre o processo no campo do em-
ços e a administração do empreendimento.
preendedorismo, não apenas com relação a
Alguns estudos foram realizados no Brasil so-
como o processo interage com outras dimen-
bre o processo de criação de empreendimen-
sões, mas até mesmo como objeto singular
tos no setor de turismo e são destacados a
de estudo. Ao examinarem trinta e dois mo-
seguir.
delos de processo empreendedor, a exemplo
Teixeira (2012) adotou o modelo de
dos modelos clássicos de Gartner (1985),
Borges et al. (2005) na análise do processo de
Bruyat e Julien (2000), Archivilli, Cardoso e
criação em empresas do setor de turismo,

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
107
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

identificando os estágios de iniciação, prepa- dade dos empreendedores, o apoio da famí-


ração, start up e consolidação em quatro lia e a experiência anterior na atividade são
agências de viagens localizadas em Curitiba, os fatores que mais influenciam a criação de
Paraná. Observou que os negócios iniciaram negócios. O que chama a atenção nos casos
informalmente e que os empreendedores estudados é que, apesar de serem instruídos,
não possuíam informações sobre o setor. No os empreendedores não são preparados para
estágio da preparação do negócio, consta- a realização de planejamento ou para geren-
tou-se que, apesar do apoio gratuito ofere- ciar os negócios o que demonstra fragilidade
cido pelo SEBRAE, os empresários iniciam quando se atua em mercado cada vez mais
seus empreendimentos sem desenvolver um competitivo.
plano de negócios. A consolidação do negó- O presente estudo adaptou o modelo
cio foi o estágio mais difícil para todos os em- de Borges et al. (2005) e adotou três estágios
preendedores, pois tiveram de lidar com pro- do processo empreendedor para a análise
blemas de sazonalidade e dificuldade de ge- das redes sociais das empreendedoras: con-
renciar o fluxo de caixa entre os períodos de cepção, start-up e consolidação. Os estágios
alta e baixa estação. de iniciação e preparação foram agrupados
Com foco no processo empreendedor em um único estágio, o de concepção. Essa
no setor hoteleiro Teixeira (2012) realizou o simplificação foi adotada considerando que
estudo no setor hoteleiro em Aracaju, Ser- em empreendimentos de micro e pequeno
gipe. Verificou a autora que o principal mo- porte são raras as atividades de realização de
tivo para a criação do negócio foi aproveitar plano de negócios como também e pesquisa
uma oportunidade percebida e, constatou de mercado, típicas da fase de preparação.
que, apesar do apoio gratuito oferecido pelo As principais atividades desenvolvidas pelos
SEBRAE, os empresários iniciam seus empre- empreendedores durante o estágio de con-
endimentos sem realizar o plano de negócios cepção do negócio são: identificação da
ou pesquisa de mercado. Consideram que o oportunidade, o desenvolvimento da ideia, a
negócio é compensador, no entanto, alguns decisão de criação, plano de negócios, pes-
destacam a baixa rentabilidade, o excesso de quisa de mercado, captação de recursos fi-
trabalho e a falta de incentivo do governo no nanceiros e definição da equipe. No estágio
apoio ao desenvolvimento das atividades tu- do start up, são considerados os procedimen-
rísticas do Estado. tos legais da abertura, dedicação do empre-
Ainda sobre essa temática foi realiza- endedor ao negócio, organização das instala-
do estudo por Teixeira e Carvalho (2012), em ções e equipamentos, desenvolvimento do
agências de viagens em Aracaju, Sergipe, que primeiro produto/ serviços, contratação de
teve como objetivo analisar os fatores que in- empregados, primeiros clientes. Na opera-
fluenciam a criação de novos empreendi- cionalização do negócio são consideradas as
mentos. Entre os resultados mais importan- atividades de marketing/vendas, o ponto de
tes verificou-se que o alto nível de escolari- equilíbrio, o planejamento e a administração.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
108
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

2.2 Redes sociais empreendedoras com as quais um empreendedor tem ligações


diretas ou, para alguns propósitos, indiretas,
As redes sociais empreendedoras são via relações diretas. Por exemplo, parceiros,
definidas como relações e contatos dos em- fornecedores, clientes, distribuidores, asso-
preendedores com outras pessoas. Tais con- ciações comerciais, outros credores ou mem-
tatos fornecem meios para reconhecer opor- bros da família. O tipo mais simples de rede
tunidades e também facilidade de utilização social inclui ligações diretas entre os empre-
de recursos, que são potenciais fontes de endedores e as pessoas com as quais eles
vantagem competitiva (Barnir e Smith, 2002; têm contatos diretos e de quem obtêm servi-
Birley, 1985). Para Aldrich e Zimmer (1986) o ços, conselhos e suporte moral. Esses autores
processo empreendedor é fundamentado destacam o conceito de redes pessoais es-
em uma rede mutável de relações sociais tendidas, que surgem dentro das organiza-
contínuas que facilitam e compelem ligações ções e que consistem em todos os relaciona-
entre empreendedores aspirantes, recursos mentos entre donos, gerentes e emprega-
e oportunidades. Para esses autores, as re- dos, como eles são estruturados pelos pa-
des são conhecidas por ajudarem o começo drões de coordenação e controle.
de um novo negócio e seu crescimento, pro- Birley (1985) destaca os tipos formal
vendo acesso à informação, conselho e finan- e informal de redes, que são parecidos aos ti-
ças tanto quanto os tão necessários contatos. pos pessoais e de negócios, identificados por
As redes são sistemas compostos por Dubini e Aldrich (1991). Para a autora, as re-
nós ou laços e conexões entre eles que, nas des informais envolvem família, amigos, anti-
ciências sociais, são representados por sujei- gos colegas e empregados que podem ser
tos sociais (indivíduos, grupos, organizações menos informados sobre as opções e esque-
etc.) conectados por algum tipo de relação mas abertos para os empreendedores, mas
(Granovetter, 1973). Para o referido autor os são mais dispostos a ouvir e dar conselhos. Já
laços podem ser fortes ou fracos. Os laços as redes formais ou profissionais incluem to-
fortes existem quando há um pequeno grupo dos os indivíduos com os quais o empreende-
com relacionamentos longos, tais como dor mantém como relacionamento principal
membros da família e um grupo pequeno de assuntos referentes a negócios. São esses:
conselheiros internos do dono do negócio. bancos, contadores, advogados, consultores
Elas são caracterizadas pelos investimentos e organizações, que podem satisfazer os em-
pesados no relacionamento, contato fre- preendedores por responder às suas necessi-
quente com a outra pessoa e senso implícito dades específicas, embora elas possam con-
de reciprocidade. Já os laços fracos são de sumir tempo e ser caras.
curta duração, de menor frequência de con- Independentemente da tipologia, o
tato, de menor confiança e mais ambigui- importante é que os empreendedores reco-
dade de relacionamento. nheçam a importância das redes sociais, pois
Segundo Dubini e Aldrich (1991), a o empreendedorismo tanto pode ser limi-
rede pessoal consiste em todas as pessoas tado quanto facilitado pelas ligações entre os

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
109
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

recursos e as oportunidades que são criados capital social elevado e outro de baixo capital
via rede social do empreendedor. Empreen- social. Foi identificado que as variáveis que
dedores constroem negócios bem sucedidos afetaram a probabilidade de determinar os
pela maximização de oportunidade e as suas tipos de capital são os tipos de participação
redes sociais são cruciais (Birley et al., 1990). em negócios de turismo rural e as principais
Além disso, afirmam Ducci e Teixeira cultivos. A venda de produtos agrícolas, a
(2011), essas redes podem contribuir para a preparação de refeições, aloja-mento e os
formação do capital social dos empreende- programas experienciais de turismo rural
dores. Para Park et al (2012) o capital social foram positivos. Esta desco-berta indica que
seria tudo o que facilita ação individual ou as pessoas que participam dessas atividades
coletiva, gerada por redes de relações, têm maior probabilidade de pertencer a um
reciprocidade, confiança e normas sociais. grupo de capital social elevado. Esse
Dois estudos internacionais com foco resultado também implica que,
na utilização do capital social no setor de tu- independentemente da categoria de negó-
rismo podem ser destacados. O primeiro foi cios de turismo, os benefícios financeiros do
realizado por Zhao, Ritchie e Echtner (2011) desenvolvimento do turismo são cruciais
aplicou o conceito de capital social para o de- para a construção mais confiança social e
senvolvimento do turismo. Foi realizado na cooperação nas comunidades.
China no ambiente rural e teve como obje- No Brasil, alguns estudos abordaram
tivo verificar a criação de novos empreendi- as redes sociais empreendedoras com foco
mentos e sua relação com o capital social. O no turismo. O pioneiro foi realizado por de
estudo indicou que o capital social estrutural Ducci e Teixeira (2010), em agência de via-
estava positivamente relacionado com a gem no interior do Paraná, teve como obje-
capacidade de empre-endimento e a tivo compreender como as redes sociais são
probabilidade do indivíduo de estabelecer utilizadas pelos empreendedores na forma-
um negócio de turismo, enquanto que o ção do seu capital social, nas fases de criação
capital social cognitivo era e de desenvolvimento de um negócio. Como
marginal. resultados mais relevantes observou o es-
O estudo de Park et al (2012) foi rea- tudo que os relacionamentos estabelecidos
lizado na Coréia do Norte com residentes de se aprofundaram à medida que se aumen-
vilarejos envolvidos em projetos governa- tava a confiança, o acesso às redes formais
mentais de turismo rural. Teve como objetivo viabilizou o acesso a recursos e informações
investigar o tipo de capital social que os resi- além de ter sido canal para o aprendizado, se
dentes locais possuíam e de que forma esse constatando assim, que de fato os recursos
capital era afetado por elementos como sta- acessados contribuíram para a formação do
tus socioeconômico, variáveis demográ-ficas seu capital social.
e interação da comunidade. Como resultado Entre os estudos mais recentes que
da análise de cluster, os residentes foram abordam essa temática no turismo vale des-
separados em dois grupos: um grupo de tacar os de Gimenez e Gimenez (2015) e de

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
110
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Costa e Galina (2016) e Souza e Teixeira um novo negócio, o papel da confiança e o


(2017). Gimenez e Gimenez (2015) analisa- uso das redes formais e informais.
ram o papel das redes sociais e do capital so- Foi na década de 90 que houve um es-
cial na criação e crescimento de uma em- pecial interesse em pesquisar redes sociais
presa que atua no negócio do ciclo turismo com o recorte de gênero (Neergaard et al.,
em Curitiba - PR. Por meio de um estudo de 2005) e essa temática continua sendo atual.
caso foi observado que as redes sociais são No entanto, afirmam esses autores, é impor-
uma importante fonte de capital social para tante observar que quando o estudo de redes
o empreendedor, tanto na fase de criação sociais é incorporado ao estudo do empreen-
quanto na fase de crescimento da empresa. dedorismo feminino, os conceitos são ampli-
Verificou ainda que em muitos momentos ados em razão das definições não conclusivas
houve acesso a recursos financeiros, infor- de empreendedorismo, da complexidade e
macionais e sociais que surgiram por meio de dinamicidade das relações em redes e pelas
redes formais e informais. particularidades inerentes ou atribuídas a
Costa e Galina (2016) realizaram seu mulheres imersas no mundo dos negócios.
estudo em empreendimentos turísticos ru- No que se refere à amplitude das re-
rais no Brasil e em Portugal e teve como ob- des sociais, Vale e Serafim (2010) constata-
jetivo analisar como as redes sociais usadas ram que redes femininas eram pouco diversi-
pelos empreendedores, os recursos acedidos ficadas, dificultando o acesso a outras plata-
e os aspetos importantes relacionados com formas. Uma possível razão para isso estaria
as dimensões do capital social, na fase de cri- relacionada à disponibilidade do tempo des-
ação e desenvolvimento dos empreendimen- sas mulheres que não se socializam tão facil-
tos. Os resultados sugerem que, nos casos es- mente fora dos seus ambientes de trabalho e
tudados, as redes formais e informais são família, onde canalizam bastante tempo. Ou-
cruciais na mobilização de recursos económi- tra explicação dada por Vale et al. (2011) para
cos e não económicos. Em geral, a rede infor- a imersão das empreendedoras em redes,
mal é importante na mobilização de recursos pouco diversificada, está no contexto histó-
não-económicos, sendo nos casos brasileiros, rico social retratado na imagem do homem
igualmente importante na mobilização de re- provedor que em suas atividades fora da fa-
cursos económicos. mília formaram suas redes com predominân-
Souza e Teixeira (2017) em estudo cia de laços fracos, enquanto que as mulhe-
realizado em hotéis de pequeno porte procu- res, mais ligadas à família, estavam imersas
raram analisar o capital social de empreende em redes com laços fortes. O problema que
dores tomando como base as dimensões es surge dessa característica das redes femini-
trutural, relacional e cognitiva a partir de nas é que quanto menos difusa for uma rede,
uma análise comparativa entre os casos estu- menor será a sua capacidade de obter infor-
dados. Os resultados destacam a importância mações úteis e desenvolver alguma vanta-
do capital social para o estabelecimento de gem competitiva (Vale e Serafim, 2010).

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
111
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS recursos que foram obtidos nas fases de con-


cepção, start-up e consolidação dos negócios
Este estudo tem caráter exploratório turísticos. Embora as entrevistas constituam
pois ainda são incipientes os estudos no Bra- fonte essencial de informações para um es-
sil que abordam as redes sociais empreende- tudo de caso, Yin (2010) recomenda corrobo-
doras no contexto do setor de turismo. Foi rar os dados obtidos com outras fontes de
adotado o estudo de casos múltiplos como evidências, como a análise de documentos.
estratégia de pesquisa, seguindo os preceitos Foram utilizadas informações dos sites das
metodológicos propostos por Yin (2010) e empresas entrevistas como fonte documen-
Einsenhardt (1989). Para Yin (2010), a impor- tal para coletar dados como localização e ser-
tância de se realizar um estudo de casos múl- viços oferecidos. Foram escolhidas agências
tiplos parte das premissas: a) pouca informa- de viagens por serem responsáveis pela dina-
ção existente sobre o tema, de tal forma que micidade da atividade turística nas regiões do
mais de uma empresa analisada pode trazer Estado onde atuam como receptoras dos vi-
informações complementares sobre um as- sitantes e turistas (Teixeira, 2012).
sunto pouco explorado; e b) um estudo de Para Laville e Dionne (1999), uma
caso único poderia gerar distorções na aná- tarefa primordial é definir as categorias
lise devida às peculiaridades da empresa analíticas, para que os elementos de
analisada. conteúdo possam ser reunidos e organizados
Os dados foram coletados por meio por parentesco de sentido. Neste estudo foi
de entrevistas pessoais semiestruturadas utilizado o modelo misto. Neste caso, o
com as empreendedoras que criaram as pesquisador não quer se limitar, em suas
agências de viagens, utilizando-se um roteiro análises e interpretações, a identificar a
de entrevistas semiestruturado. Foram en- presença de elementos que foram predeter-
trevistadas sete empreendedoras que inicia- minados. As categorias analíticas e os
ram os seus negócios e que no momento os elementos de análise adotadas neste estudo
estão gerenciando, para que se possa identi- são baseados nos objetivos específicos e
ficar os tipos de laços sociais utilizados e os estão apresentadas no Quadro 1.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
112
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Quadro 1-Categorias analíticas e elementos de análise


CATEGORIA ELEMENTOS DE ANÁLISE
Idade; idade do primeiro negócio; naturalidade; formação; estado civil;
Perfil da empreendedora quantidade de filhos; experiência anterior; presença de empreendedor
na família; participação em cursos/treinamentos na área gerencial.
Ano de fundação; estrutura organizacional; estrutura física; serviços pres-
Características dos
tados; quantidade de funcionários; clientes; familiares na empresa.
negócios
Laços (elos) fortes: formados pelas redes pessoais como família amigos,
Tipos de laços na antigos colegas.
concepção, start-up e Laços (elos) fracos: formados pelas redes empresariais oriundas do rela-
consolidação cionamento como bancos, consultores, clientes, fornecedores e outros
Recursos Sociais: suporte emocional, moral e técnico; identificação de
novas oportunidades de negócio; suporte motivacional; fonte de ideias e
informações; conselhos; indicações de fornecedores, clientes e funcioná-
Recursos Acessados na rios.
concepção, start-up e Recursos Financeiros: Empréstimos e financiamentos; orçamento; pro-
consolidação cura por investimentos; aplicação dos recursos; custos fixos (matérias-pri-
mas e fornecedores, equipamentos, locações e funcionários).
Recursos Físicos: matérias-primas e insumos, máquinas e equipamentos,
veículos, imóveis e localização física
Fonte: Elaborado pelos autores com base na revisão da literatura

4 DESCRIÇÃO DOS CASOS desde a adolescência trabalhou na empresa


de seus pais. Até mesmo suas lembranças de
Os casos desse estudo são descritos infância sempre estiveram ligadas à empresa
seguindo a ordem das categorias analíticas da família, então a imersão neste ambiente
previamente definidas: perfil da empreende- foi determinante para que aos 22 anos a em-
dora, características da empresa; tipos de la- preendedora fundasse sua própria agência, o
ços e recursos acessados nas fases de con- que ela considerou um caminho natural. A
cepção, start-up e consolidação. empreendedora não fez cursos na área ge-
rencial, mas a experiência anterior ao traba-
4.1 Caso Agência 1 lhar na agência da família lhe proporcionou
um grande aprendizado, pois foi neste traba-
A empreendedora da Agência 1 tem 35 lho que adquiriu experiências nas diversas
anos de idade, é natural de Aracaju, casada e funções administrativas, desenvolvendo com
com duas filhas. Como trabalhava com os isso, diversas habilidades gerenciais. A em-
país em uma agência da família, decidiu se presa começou suas atividades apenas com a
capacitar no exterior para futuramente ter o empreendedora e uma estrutura mínima
seu próprio negócio e optou por um curso composta por um celular e um computador.
que pudesse aplicar diretamente no negócio. Atualmente, possui duas lojas com
Após sua estadia nos Estados Unidos, iniciou nove colaboradores, dentre estes gerentes,
uma graduação em Administração em Co- mas nenhum membro da família.
mércio Exterior, mas não concluiu por ques-
tões familiares. Antes de abrir sua própria Tipos de laços e recursos nas fases do
agência, sua experiência profissional sempre negócio
esteve relacionada ao setor de turismo, pois

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
113
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

A seguir são apresentados os Quadros ses de concepção, start-up e consolidação do


3,4 e 5 com resumo dos principais tipos de negócio da empreendedora, extraídos a par-
laços e recursos que são encontrados nas fa tir da descrição do caso da Agência 1.

Quadro 3 -Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Concepção da Agência 1


Fortes Família: pai, mãe, filhas
Laços
Fracos -
Laços Fortes:
Identificação da oportunidade de negócio, por meio de suas experiências
anteriores na empresa da família; Apoio moral por parte dos pais; Ajuda
dos pais e marido com ideias, conselhos e indicação de clientes e fornece-
Sociais
dores; Ajuda dos familiares e amigos com ideias de propaganda; Fortaleci-
Recursos
mento de valores éticos e profissionais que recebeu por meio da educação
dos pais.
Laços Fracos:
Financeiros Recursos próprios.
Físicos Recursos próprios.

Quadro 4- Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up da Agência 1


Fortes Família (pais e amigos) com apoio moral.
Laços
Fracos Escritório de Contabilidade.
Laços Fortes:
Apoio moral por parte dos pais e amigos; Habilidades necessárias no início
do funcionamento do negócio obtidas por meio de sua experiência ante-
Sociais rior na empresa da família.
Recursos Laços Fracos:
Execução dos procedimentos legais da abertura da empresa por meio de
escritório especializado.
Financeiros Recursos próprios.
Físicos Recursos próprios.

Quadro 5 -Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação da Agência 1


Fortes Família (pai, mãe, marido e filhas) com apoio moral e ideias.
ABAV, Agências de Turismo e Operadoras de viagem para troca de informa-
Laços
Fracos ções e funcionários com plano de marketing e planejamento estratégico e
bancos.
Laços Fortes:
Apoio moral por parte dos pais e marido nas viagens; Ajuda dos pais no aten-
dimento ao cliente quando aumenta a demanda; Ajuda das filhas e marido
com ideias para novas campanhas; Status associado à relação de amizade
Sociais com amiga do banco.
Laços Fracos:
Recursos
Elaboração do plano de marketing com ajuda do funcionário
Troca de informações sobre o setor turístico;
Elaboração do plano de crescimento da empresa com apoio de funcionário.
Recursos próprios, mas tem acesso fácil ao crédito devido ao bom relacio-
Financeiros
namento criado com os bancos.
Físicos Recursos próprios.
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
114
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

4.2 Caso agência 2 dora com ajuda do esposo, o qual possui


parte na sociedade. Atualmente não tem em-
A entrevistada é natural de Penedo- pregados e trabalha com pessoas da família.
AL, tem 42 anos, é casada e possui três filhos. A empresa atende a vários públicos, mas seu
Iniciou a graduação em Administração, mas foco principal está em funcionários públicos
não concluiu. Nunca fez curso ou treina- e aposentados, que é o público que tem
mento na área gerencial. A empreendedora tempo e dinheiro para viajar. Os serviços
comentou que a opção pelo empreendedo- prestados é basicamente a venda de pacotes
rismo pode ter sido uma influência de seu ir- turísticos, venda de seguro e locação de
mão, que lhe proporcionou contato com o transportes.
comércio. As experiências positivas de suas
próprias viagens despertaram na empreen- Tipos de laços e recursos nas fases do
dedora o interesse pelo setor de turismo e fo- negócio
ram determinantes em sua decisão de abrir
sua própria agência. Aos 21 anos, teve seu A seguir são apresentados os Qua-
primeiro negócio, um restaurante adminis- dros 6, 7 e 8 com resumo dos principais tipos
trado com o esposo, mantendo-se no seg- de laços e recursos que são encontrados nas
mento por 18 anos. Após esse período, aban- fases de concepção, start-up e consolidação
donou a atividade para se dedicar a uma do negócio da empreendedora, extraídos a
agência de viagens. A empresa foi fundada partir da descrição do caso da Agência 2.
em 2011, a partir da iniciativa da empreende-

Quadro 6 - Tipos de laços e recursos obtidos na Concepção da Agência 2


Fortes Amiga idealizadora do negócio; Irmãs; Amigos e parentes próximos.
Laços
Fracos SEBRAE
Laços fortes:
Ideia do negócio veio da amiga; Ajuda com apoio moral da amiga e irmãs;
Sugestões para o desenvolvimento do negócio de amigos e parentes mais
Sociais
próximos;
Recursos Laços fracos:
Recebeu informações do SEBRAE sobre abertura de empresa.
Financeiros Recursos próprios adquiridos com a venda dos ativos do negócio anterior.
Comprados com recursos próprios adquiridos com a venda dos ativos do
Físicos
negócio anterior.

Quadro 7 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up da Agência 2


Fortes Amiga idealizadora do negócio; marido; amigos em geral
Laços
Fracos Operadoras de Turismo;
Laços fortes:
Ajuda com os primeiros clientes por parte dos amigos; Ajuda do marido
Sociais para administrar a empresa; Ajuda dos familiares com o atendimento;
Recursos Laços fracos:
Ajuda de operadoras com suporte técnico.
Financeiros -
Físicos -

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
115
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Quadro 8 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação da Agência 2


Fortes Amigos; marido e filho, familiares em geral
Laços
Fracos ABAV; SEBRAE.
Laços fortes:
Ajuda com a execução do plano de viagens; dos familiares com divulgação
da empresa; do marido com a gestão financeira; Estabelecimento de uma
relação de confiança com os familiares; Ajuda do filho com material de di-
Sociais
vulgação e propaganda;
Recursos
Laços fracos:
Ajuda da ABAV com informações sobre o negócio e divulgação da em-
presa; SEBRAE com cursos na área de turismo.
Financeiros -
Físicos -
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

4.3 Caso agência 3 Atualmente a empresa não possui filial,


é gerida pela proprietária e conta com dois
A empreendedora é solteira, possui 33 funcionários diretos e dois free lancers. Com
anos e uma filha. Natural de São Paulo, gra- esses colaboradores, a agência oferece servi-
duada em Turismo e Hotelaria, pós-graduada ços diversos como: excursões, cruzeiros, pas-
em Habilitação Didática do Ensino Superior, sagens de avião, viagens de grupos, viagens
já participou de curso na área gerencial ofer- para casais em lua de mel, transfers e aluguel
tado pelo SEBRAE. A decisão de criar um ne- de veículos em geral e outros. O foco da cli-
gócio foi influenciada pelo pai empresário, entela é nos jovens e os serviços são ofereci-
pela possibilidade de horários flexíveis e de- dos em função do planejamento da empre-
sejo de trabalhar para si própria. Aos 21 anos endedora.
já era dona do primeiro negócio. Era uma dis-
tribuidora de bebidas junto com uma avícola, Tipos de laços e recursos nas fases do
mas não deu certo e a empresária iniciou ou- negócio
tro negócio do setor de alimentação. Antes
de abrir sua atual agência, a empreendedora A seguir são apresentados os Qua-
possuía uma vasta experiência profissional dros 9, 10 e 11 com resumo dos principais ti-
tanto como empregadora quanto como em- pos de laços e recursos que são encontrados
pregada de outras empresas. Sua formação nas fases de concepção, start-up e consolida-
em turismo e suas experiências em agências ção do negócio da empreendedora, extraídos
contribuíram para a abertura de sua primeira a partir da descrição do caso da Agência 3.
agência, a qual foi aberta com uma sócia, mas
a experiência não deu certo.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
116
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Quadro 9 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Concepção da Agência 3


Fortes Amigas; Mãe.
Laços
Fracos Empresárias; SEBRAE; Consultores; Fornecedores; Clientes.
Laços fortes:
Fortalecimento da ideia de abrir o negócio com o apoio da amiga que trabalha
em outra empresa; Ajuda da amiga/colega de trabalho para em sociedade
constituir a empresa; Ajuda profissional da amiga com ideia do nome da em-
presa; Ajuda profissional da amiga com a ideia da decoração da loja; Recebeu
Sociais suporte emocional e moral da mãe;
Recursos Laços fracos:
Compartilhamento de conhecimentos e experiências com outras empresárias;
Clientes, fornecedores e consultores ajudam com conselhos;
Clientes, fornecedores e consultores ajudaram na identificação de oportunida-
des; Ajuda do SEBRAE com Plano de Negócio.
Financeiros Família (pai) ajudou com empréstimo.
Físicos Comprado com o empréstimo que recebeu do pai.

Quadro 10 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up da Agência 3


Fortes Mãe; pai; amigas
Laços
Fracos Fornecedores e clientes.
Laços fortes:
A mãe ajudou no atendimento aos clientes; Recebeu suporte emocional
da mãe e da filha; Recebeu apoio moral de suas amigas;
Amiga ajudou com seus serviços de design interior escolhendo; equipa-
Sociais mentos adequados e layout funcional para a loja; Ajuda da amiga com a
Recursos primeira contratação;
Laços fracos:
Clientes foram fontes de ideias e informações; Fornecedores ajudaram
com treinamentos;
Financeiros Ajuda do pai com recursos financeiros.
Físicos -

Quadro 11 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação da Agência 3


Fortes Amigos; Mãe; Filha; Namorado.
Laços
Fracos ABAV; EMBRATUR; SEBRAE; Clientes; Consultores; Fornecedores.
Laços fortes:
Ajuda com conselhos por parte dos amigos e família; Ajuda para identifi-
car ameaças da concorrência por meio dos amigos, mãe e filha; Suporte
motivacional dos amigos; Ajuda do amigo para criar material de campa-
nhas publicitárias.
Sociais
Laços fracos:
Recursos
Ajuda de clientes, consultores e fornecedores com indicação de vendas;
Ajuda de órgão público e associação para possibilitar o acesso da empre-
endedora a outras redes de contato e divulgar a empresa; Ajuda com o
acesso a informações e aprendizado por meio do SEBRAE e ABAV.
Financeiros -
Físicos Ajuda do namorado com compra de equipamento.
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
117
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

4.4 Caso agência 4 druplicado. Dentre seus funcionários, alguns


são graduados. A empreendedora não é a
A empreendedora tem 43 anos, é pós- única pessoa na família que iniciou o próprio
graduada em marketing, casada, com um fi- negócio, pois vários familiares são empreen-
lho. Aos 15 anos de idade já tinha negócios dedores. Os familiares estão presentes no
informais no município sergipano de Itabi e dia a dia da empresa, pois alguns são funcio-
sempre alimentou o sonho de um dia ter sua nários.
independência. O interesse pelo setor de tu- Para a empreendedora, trabalhar com
rismo surgiu quando a empreendedora ainda pessoas da família é uma experiência mais
morava no interior e alimentava o sonho de positiva que negativa.
viajar e ser empresária. Em 1989, aos 19
anos, começou a trabalhar no setor de tu- Tipos de laços e recursos nas fases do
rismo, mas foi em 1997, com ajuda de uma negócio
sócia, que abriu sua primeira agência de tu-
rismo em Aracaju. Passados oito anos a soci- A seguir são apresentados os qua-
edade fora interrompida e a empreendedora dros 12, 13 e 14 com resumo dos principais
abriu sua segunda agência, desta vez sozinha. tipos de laços e recursos que são encontra-
Quando a agência foi fundada, a em- dos nas fases de concepção, start-up e con-
preendedora contava com cinco colabora- solidação do negócio da empreendedora, ex-
dores, mas atualmente esse número foi qua- traídos a partir da descrição do caso.

Quadro 12 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de concepção da Agência 4


Fortes Família: mãe; marido; amigos
Laços
Fracos -
Laços fortes:
Recebeu conselhos e apoio moral da mãe; Recebeu ajuda com suporte emo-
Sociais
cional do marido; Familiares ajudaram no desenvolvimento de habilidades
Recursos por meio do compartilhamento de conhecimentos e experiências.
Recursos próprios originados da parte que lhe coube quando desfez a socie-
Financeiros
dade.
Físicos Marido ajudou com indicação do ponto.

Quadro 13 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up Agência 4


Fortes Irmão
Laços
Fracos Fornecedores
Sociais -
Laços fracos: Fornecedores ajudaram com liberação de crédito;
Recursos Financeiros
Laços fortes: Irmão ajudou com empréstimo.
Físicos -

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
118
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Quadro 14 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação Agência 4


Fortes Enteados
Laços
Fracos Funcionários; SEBRAE
Laços fortes: Suporte técnico dos enteados com a repaginação da logo-
marca da empresa;
Laços fracos:
Sociais
Suporte técnico do SEBRAE com: Consultoria em marketing; consultoria
Recursos
em Gestão Estratégica; Cursos e treinamento;
Suporte técnico da própria equipe de trabalho
Financeiros 80% do valor da Consultoria em andamento é paga pelo SEBRAE.
Físicos -
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

4.5 Caso agência 5 A empresa foi constituída sem ajuda de


sócio em 2011 e iniciou efetivamente as ati-
A empreendedora tem 49 anos, natural vidades em 2012. Começou e continua o ne-
de Salvador, graduada em Ciências Contá- gócio com duas funcionárias, sendo uma de-
beis, é viúva e não possui filhos. Relatou que las graduada. A empreendedora não possui
nunca participou de treinamento na área ge- relação de parentesco com suas funcionárias.
rencial, mas busca esse conhecimento por Entre os serviços oferecidos estão consulto-
meio da leitura. Quando abriu seu primeiro ria em viagens e pacotes de viagens nacional
negócio estava com 21 anos, mas revelou e internacional preferencialmente para adul-
que na adolescência já tinha contato com o tos.
comércio informal no Brasil, depreendendo-
se do relato que a decisão em abrir seu pró- Tipos de laços e recursos nas fases do
prio negócio foi uma questão de afinidade. negócio
Desde pequena ela já vendia, trocava, fazia
algumas coisas. Sua experiência profissional A seguir são apresentados os Qua-
no setor de turismo, ocorreu quando se mu- dros 15, 16 e 17 com resumo dos principais
dou para os Estados Unidos em busca de tipos de laços e recursos que são encontra-
oportunidades. Vale ressaltar que há indícios dos nas fases de concepção, start-up e con-
da influência familiar na decisão da empreen- solidação do negócio da empreendedora, ex-
dedora em abrir o próprio negócio, pois seus traídos a partir da descrição do caso da Agên-
irmãos, seus primos e outros parentes tam- cia 5.
bém são empreendedores.

Quadro 15 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de concepção Agência 5


Fortes Família: mãe.
Laços
Fracos Operadoras; Clientes; Fornecedores; CADASTRUR; EMBRATUR
Laços fortes:
Apoio moral e suporte motivacional por parte da mãe;
Laços fracos:
Sociais
Recur- Operadoras ajudando com informações e tirando dúvidas; Fornecedores aju-
sos dando com informações e tirando dúvidas; Clientes são fontes de aprendi-
zado; Órgãos públicos liberando credenciais e licenças.
Financeiros Ajuda da mãe.
Físicos Ajuda da mãe.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
119
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Quadro 16 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up Agência 5


Fortes Família: Mãe e irmão
Laços
Fracos Contador; Pessoas conhecidas.
Laços fortes: Ajuda com o primeiro cliente.
Laços fracos:
Sociais
Contador ajudou com procedimentos legais de abertura; Pessoas conhe-
Recursos
cidas ajudaram com indicação dos primeiros funcionários.
Financeiros Ajuda financeira da mãe com parte o capital de giro;
Físicos -

Quadro 17 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação Agência 5


Fortes -
Laços
Fracos Contador; ABAV
Laços fracos:
ABAV ajuda com:
Sociais
Informações sobre roteiro de viagens; Indicação de fornecedores;
Recursos
Indicação de operadoras; Contador ajuda com a gestão financeira.
Financeiros -
Físicos -
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

4.6 Caso agência 6 de mercado de seu futuro negócio.


A empresa foi fundada em 2005 com
A empreendedora possui 31 anos e aos uma sócia, e atualmente não existe familia-
21 abriu seu primeiro negócio. É natural de res trabalhando na empresa. Além das só-
Aracaju, casada, com um filho, graduada em cias, há uma funcionária graduada. Os servi-
Turismo e pós-graduada em Administração ços oferecidos são: hospedagem, passagem
de Empresas. Além destes cursos, também aérea, locação de automóveis e seguro via-
participou de outros na área gerencial, ofere- gem em âmbito nacional. Seus clientes são
cidos pelo SEBRAE e ABAV. Sempre teve con- de classe média alta, frequentadores de re-
tato com o comércio, pois trabalhava na em- sorts.
presa da família. A empreendedora sugere
que o exemplo do pai empreendedor teve Tipos de laços e recursos nas fases do
muita influência em sua vida profissional. negócio
Além do contato com o negócio da família, a
empreendedora relatou que quando decidiu A seguir são apresentados os Qua-
empreender, considerou também a possibili- dros 18, 19 e 20 com resumo dos principais
dade de ter um horário mais flexível. Além da tipos de laços e recursos que são encontra-
influência familiar e horário flexível, obser- dos nas fases de concepção, start-up e con-
vou-se que a formação acadêmica em tu- solidação do negócio da empreendedora, ex-
rismo e o estágio com agências de viagens fo- traídos a partir da descrição do caso da Agên-
ram determinantes na escolha do segmento cia 6.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
120
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Quadro 18 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Concepção da Agência 6


Fortes Pai; antiga colega de trabalho;
Laços
Fracos Fornecedores/operadoras
Laços Fortes: Ajuda do pai com apoio moral e indicação de clientes e fornece-
dores;
Sociais Laços fracos:
Recursos Ajuda dos fornecedores com liberação de crédito e orientações; Ajuda da fa-
culdade com a elaboração do plano de negócio.
Financeiros Laços Fortes: Crédito de fornecedores
Físicos Laços Fortes: Recursos próprios e da antiga colega de trabalho.

Quadro 19 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up da Agência 6


Fortes Amigos; Família (pai)
Laços
Fracos EMBRATUR, Agências de viagens.
Laços fortes:
Ajuda dos amigos e família, sendo eles os primeiros clientes; Ajuda dos pais
e amigos com a divulgação; Ajuda do pai com conselhos e orientações sobre
Sociais atendimento.
Recursos Laços fracos:
EMBRATUR com cadastro da agência e liberando as credenciais necessárias
ao funcionamento; Ajuda de outras agências com indicação de profissional.
Financeiros Recursos próprios.
Físicos Recursos próprios.

Quadro 20- Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação da Agência 6


Fortes Pai
Laços
Fracos Clientes
Laços fortes: Ajuda do pai com conselhos e suporte emocional.
Sociais
Laços fracos: Clientes são fontes de motivação.
Recursos
Financeiros Recursos próprios.
Físicos Recursos próprios.
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

4.7 Caso agência 7 dedora em optar pelo turismo receptivo.


A empresa foi fundada há sete anos. É
A empreendedora tem 52 anos, é natu- uma agência especializada em turismo recep-
ral de Alagoas, viúva com 3 filhos. Além da tivo e em atividades turísticas na região de
graduação em Psicologia possui ainda duas Xingó. A empresa foi constituída inicialmente
pós-graduações, uma em Administração de com membros da família, mas depois ficou
Marketing e outra em Recursos Humanos. A sob a direção da empreendedora. Para a em-
empreendedora procurou o SEBRAE para de- preendedora trabalhar com a família é algo
senvolver suas habilidades gerenciais. A pri- que sempre fez parte de sua vida e se sente
meira experiência profissional da empreen- confortável com isso. Atualmente conta com
dedora foi na empresa do pai. Depois que quatro empregados. Possuía este mesmo nú-
concluiu a faculdade, tentou carreira como mero quando abriu a agência. Entre seus co-
psicóloga, mas se mudou de cidade para ad- laboradores existe apenas um com formação
ministrar o hotel do pai. A influência da famí- superior. Seus clientes são variados, como os
lia foi determinante na decisão da empreen- grandes operadores e as pessoas físicas. A

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
121
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

empresa tem uma estrutura pequena, sem A seguir são apresentados os Quadros
departamentos e todos os colaboradores aju- 21, 22 e 23 com resumo dos principais tipos
dam em todas as atividades. de laços e recursos que são encontrados nas
fases de concepção, start-up e consolidação
Tipos de laços e recursos nas fases do do negócio da empreendedora, extraídos a
negócio partir da descrição do caso da Agência 7.

Quadro 21 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de concepção da Agência 7


Fortes Família (pai, mãe, filhos, irmãos)
Laços
Fracos ABAV; SEBRAE; Banco
Laços fortes:
Ajuda com a ideia de abrir a empresa; para o nome da empresa;
Sociais Criação do slogan; Ajuda com o plano de negócios.
Laços fracos:
Recursos Ajuda do SEBRAE e ABAV com cursos e treinamentos.
Financeiros Laços fracos:
Recursos financeiros
Físicos Laços fortes:
Móveis e outros recursos

Quadro 22 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Start-up da Agência 7


Fortes Amigos; Família
Laços
Fracos Funcionários; Contador
Laços fortes:
Ajuda com escolha de imóveis; com procedimentos legais.
Sociais Laços fracos:
Ajuda com procedimentos operacionais de venda de passagens;
Recursos
Ajuda do contador com procedimentos legais de abertura
Laços fortes:
Financeiros
Recursos financeiros
Físicos -

Quadro 23 - Tipos de laços e recursos obtidos na fase de Consolidação da Agência 7


Fortes Família; Amigos
Laços
Fracos SEBRAE.
Laços fortes:
Amigos oferecem contratos em fases difíceis; Amigos são os próprios cli-
Sociais entes; Família como fonte de apoio.
Recursos Laços fracos:
SEBRAE com Consultoria.
Financeiros -
Físicos -
Fonte: Desenvolvido pelos autores com base nos dados coletados

5 ANÁLISE COMPARATIVA DOS CASOS comparativa baseada nas categorias analíti-


cas do estudo: perfil das empreendedoras,
Após a descrição dos sete casos de características das empresas, tipos de laços e
agências de viagens procedeu-se a análise recursos acessados na fase de concepção,

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
122
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

start-up e consolidação do negócio. Procu- Entre as empreendedoras entrevista-


rou-se destacar as diferenças e similaridades das, observou-se a existência de empreende-
entre os casos analisados relacionando-os, dores na família como avós, pais, irmãos,
sempre que possível, com a base teórica. tios, primos e marido. Esse resultado nos re-
Observou-se que as empreendedoras mete aos estudos de Vale e Serafim (2010,
das agências de viagens participantes deste p.13) que encontra entre empreendedoras
estudo estão na faixa média de idade de 41 “certa tradição familiar na área de negócios”.
anos, a mais jovem com 31 anos e a mais ve- No entanto, foi possível identificar a principal
lha com 52 anos. Quando se observou a idade referência familiar para essas mulheres, que
com que as empreendedoras iniciaram o pri- enalteceram a figura paterna como exemplo
meiro negócio, a média encontrada foi de 25 e inspiração em suas vidas. Dentre as entre-
anos, a mais nova com 18 anos e a mais velha vistas merecem destaque os fatores influên-
com 43 anos. O estado civil é bem diversifi- cia da família e experiência anterior como
cado entre as empreendedoras de agências. empresária; seguidos da formação educacio-
Existem mulheres casadas, solteiras e viúvas, nal ou capacitação no setor de turismo, de-
sendo que apenas uma delas não possui fi- sejo de independência financeira e possibili-
lhos. Resultado similar também foi encon- dade de horários flexíveis.
trado no estudo de Gouveia et al. (2013), Observa-se que as empresas que par-
onde se verificou que o estado civil predomi- ticiparam desta pesquisa são recentes, ape-
nante é o de casada e o número de filhos era nas uma delas foi iniciada no ano 2000. Com
semelhante. A escolaridade das empreende- relação ao número de empregados, verifi-
doras é elevada conforme apresentado em cou-se que apenas uma agência se enquadra
outros estudos (Vale e Serafim, 2010), ape- na categoria de pequena empresa enquanto
nas duas delas não concluíram o curso uni- que as demais são microempresas. Quanto a
versitário. Observou ainda que entre as pós- estrutura organizacional, observou-se que as
graduadas, houve uma preocupação com o Agências 1 e 4 apresentaram estrutura orga-
desenvolvimento de habilidades gerenciais nizacional simples no máximo com até três
através de cursos específicos. Sendo assim, a níveis hierárquicos.
busca pelo aprendizado também é uma ca- No que se refere à participação de fa-
racterística das empreendedoras desta pes- miliares nas atividades das agências, apenas
quisa e de outras (Ducci e Teixeira, 2010). três empreendedoras destacaram que pa-
Outra questão abordada que se mos- rentes também são colaboradores. Obser-
trou relevante em alguns estudos, como os vou-se também que as Agências 2, 6, 7, dife-
de Vale e Serafim (2010) e o de Corrêa e Vale rentemente das demais empreendedoras,
(2014), são as experiências anteriores de em- constituíram o negócio com sócios. Na Agên-
preendedores e o sucesso do empreendi- cia 2 a sociedade foi formada com o marido
mento. Neste estudo, apenas uma empreen- da empreendedora, na Agência 6 a empreen-
dedora não possuía experiência profissional dedora se uniu a uma ex-colega, enquanto
anterior relacionada ao setor de turismo. que na agência 7 a sociedade foi rateada en-
Vale destacar a predominância de empreen- tre a empreendedora, filhas e sobrinha; no
dedoras que iniciaram suas atividades muito entanto, neste último caso, apenas a empre-
cedo, ainda na faixa dos 20 anos. As que não endedora efetivamente desenvolve ativida-
vivenciaram o empreendedorismo desta des na empresa.
forma, estiveram imersas no negócio da fa-
mília.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
123
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

5.1 Laços e recursos acessados nas fases de sos físicos para a Agência 4 e de recursos fi-
concepção nanceiros para as Agências 3 e 5. Esses resul-
tados são compatíveis com os encontrados
A fase de concepção se refere ao mo- por outros estudos no setor de turismo.
mento da identificação da oportunidade do Ducci e Teixeira (2010) demostraram que os
negócio e no desenvolvimento da ideia. Com amigos e a família são os laços mais impor-
relação à ideia inicial do negócio, entre as tantes na fase inicial do negócio. Já Bomfim e
Agências de Viagem foi registrado apenas na Teixeira (2015) destacam que as dificuldades
Agência 2, o acesso aos laços fortes por meio enfrentadas pelas empreendedoras deste es-
de uma amiga para se obter a ideia do negó- tudo são diversas e que, para superar essas di-
cio. Verificou-se que a influência do ambi- ficuldades, contam sempre com o apoio das
ente foi determinante para o surgimento da suas redes de relacionamentos, especialmente
ideia do negócio e para a percepção da opor- dos familiares e amigos.
tunidade. No caso da Agência 1, toda experi- No que se refere ao acesso às redes
ência no setor de turismo foi adquirida no ne- constituídas por laços fracos, vale destacar
gócio da família; a ideia do negócio para as que empreendedoras das Agências 1 e 4 não
Agências 3, 4, 5 e 7 surgiu no ambiente de acessaram tais redes na fase de concepção
trabalho em que se encontravam; já no caso para obter recursos. No caso da empreende-
da Agência 6 a participação em curso supe- dora da Agência 1, verificou-se que os conta-
rior foi determinante para que surgissem as tos com vários familiares empresários du-
ideias. Vale destacar a importância das expe- rante toda a vida, aliado à experiência profis-
riências prévias das empreendedoras que sional na agência da família foram utilizados
também foram enaltecidas no estudo de Cor- da fase de concepção do negócio. No caso da
rêa e Vale (2014) onde se observou que as ex- Empreendedora 4, verificou-se que apesar de
periências anteriores possibilitaram criação uma experiência de mais de 20 anos no setor
de laços e relacionamentos focais e dotaram de turismo, a desconfiança com relação à
os empreendedores de habilidades técnicas postura ética de outros empresários, susci-
e referências, ainda que mínimas, facilitando tou na empreendedora, receio em estreitar
com isso a atividade empreendedora. relacionamentos. Acessaram os laços fracos
Nessa fase, todas as empreendedoras para obtenção de recursos sociais as empre-
acessaram os laços fortes. As empreendedo- endedoras das Agências 2, 3, 5, 6 e 7. No caso
ras das Agências 2, 3 e 4 contaram, além dos das Agências 2 e 5, foi recorrente a busca por
familiares, com os amigos que foram primor- como informações capazes de dirimir dúvi-
dialmente fonte de ideias. Eles forneceram a das relacionadas a aspectos legais e operaci-
ideia do negócio em si, ajudaram com ideias onais do negócio. A Agência 2 recorreu ao SE-
para propaganda, com o nome da empresa e BRAE para se informar sobre procedimentos
com a decoração. As empreendedoras das de abertura do negócio e a Agência 5 procu-
Agências 1, 5, 6 e 7 não acessaram os amigos rou outras operadoras para se informar so-
nesta fase e se apoiaram apenas em seus fa- bre o mercado. A Agência 3 ampliou suas ex-
miliares. Verificou-se nestes casos que a fa- periências através do compartilhamento de
mília também ajudou com ideias para o ne- conhecimentos e experiências de outras em-
gócio, mas parentes foram primordialmente presárias e de conselhos de fornecedores. O
o suporte emocional e moral das empreen- destaque em comum para as Agências 5 e 6
dedoras, pois atuam como conselheiros na fi- está nas orientações diversas oriundas de
gura do pai e da mãe e provedores de recur- operadoras e principalmente fornecedores.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
124
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Apenas a empreendedora da Agência 6 ob- mento do início efetivo do negócio. Nesta


teve ajuda com o plano de negócio por meio fase foi analisado como essas redes foram
da faculdade e nos demais casos o plano de utilizadas para facilitar os procedimentos le-
negócio formal não existiu. Com relação a gais da abertura do negócio, na organização
cursos e treinamento nesta etapa do negó- das instalações e equipamentos, no desen-
cio, apenas a empreendedora da Agência 7 volvimento do primeiro serviço, na contrata-
teve acesso a esse recurso por meio do SE- ção de empregados e para conseguir os pri-
BRAE e ABAV. Os laços fracos não foram aces- meiros clientes.
sados por nenhuma das empreendedoras de Nesta fase as empreendedoras aces-
agências para obtenção de recursos físicos saram recursos diversos por meio de suas re-
nesta fase, enquanto que os recursos finan- des sociais constituídas tanto por laços fortes
ceiros foram obtidos por meio de fornecedo- quanto por laços fracos. Com relação aos la-
res e bancos. A Agência 6 obteve o recurso na ços fortes e aos recursos sociais, apenas a
forma de crédito por meio de um fornecedor empreendedora da Agência 4 não acessou
e a Agência 7 acessou o banco para obter em- esse tipo de rede, que nesta fase se destacou
préstimo em dinheiro. em função da forte presença dos amigos.
Vale ressaltar que em alguns casos foi Com relação aos primeiros clientes, verificou-
observada a não utilização de laços fracos na se que os amigos, mais do que os parentes,
fase de concepção, mas em nenhum caso se foram importantes na captação desses. Eles
constatou a ausência de laços fortes. Com re- ajudaram as empreendedoras se tornando os
lação aos laços fortes as empreendedoras próprios clientes ou indicando outros, como
obtiveram, em termos quantitativos, mais re- ocorreu nas Agências 2 e 6. Com relação à in-
cursos do que quando acessaram os laços fra- dicação de fornecedores, na fase de start-up,
cos, mesmo restringindo a rede apenas os fa- não se constatou este tipo de ajuda entre as
miliares como ocorreu com as redes das em- Agências. Vasconcelos et al. (2007) conside-
preendedoras das Agências 1, 5, 6 e 7. O evi- ram fundamental que, nessa fase, as empre-
denciado neste resultado é remetido a es- sas nascentes tenham acesso à indicação de
tudo de Vale e Serafim (2010) que indica que clientes e fornecedores, uma vez que a em-
mulheres têm dificuldade de se socializarem presa ainda não é conhecida no mercado.
fora do ambiente de trabalho e familiar. Destaque-se ainda que Vale et al. (2011)
No estudo de Ducci e Teixeira (2010) constataram através da análise de um indica-
em agência de viagens foram destacados os dor de imersão mercadológico que as empre-
contatos estabelecidos pelos empreendedo- endedoras, mais que os empreendedores, no
res com os laços fracos (ex-colegas de banco início do negócio contaram com a participa-
e com as funcionárias de operadoras de via- ção significativa de amigos e conhecidos, di-
gens) que lhes proporcionaram informações retos e indiretos, entre seus clientes, em uma
essenciais facilitadoras da compreensão do proporção acima de 21%.
setor e do negócio. Alguns destes contatos se A ajuda de familiares como pai e mãe
tornaram bastante frequentes gerando for- se sobressaiu pelo suporte operacional que
tes ligações. os pais proveram nas Agências 2, 3 e 6. Esses
familiares ajudaram as empreendedoras rea-
5.2 Laços e recursos acessados da fase de lizando o atendimento diretamente na em-
start-up presa ou indiretamente por meio de orienta-
ções. O estudo de Vale et al. (2011) apontou
A fase de start-up se refere ao mo- que mulheres tendem a recorrer mais aos la-

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
125
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

ços que lhe são mais próximos para obter in- 5.3 Laços e recursos acessados da fase de
formações e suporte. No caso deste estudo, start-up
o suporte oferecido pela família foi funda-
mental para o funcionamento do negócio.
No estágio de consolidação foi
Da rede de laços fortes, vale destacar
verificado como as redes sociais foram
ainda que os amigos foram também impor-
utilizadas pelas empreendedoras para as
tantes para a contratação do primeiro em-
atividades de marketing/vendas, para atingir
pregado. No caso da Agência 3, a amiga da
o ponto de equilíbrio, para facilitar o
empreendedora se tornou também sua fun-
planejamento e a administração do negócio.
cionária. As empreendedoras das Agências 3,
No geral, as empreendedoras acessaram
4, 5 e 7 buscaram recursos financeiros nesta
seus laços fortes para mobilizar recursos
etapa do negócio e os encontraram na pró-
sociais. A exceção entre as agências foi a
pria família. A empreendedora da Agência 3
empreendedora da Agência 5, que perdeu a
recebeu do pai a ajuda para arcar com os cus-
principal conexão com esta rede em razão do
tos fixos nos seis primeiros meses; a da Agên-
falecimento da pessoa que constituía seu
cia 4 recorreu ao seu irmão para obter di-
maior apoio – a mãe. Observou-se também
nheiro; a da Agência 5 obteve da mãe parte
que entre as Agências, das seis
do dinheiro para formar o capital de giro ne-
empreendedoras que acessaram os laços
cessário e a da Agência 7 precisou de di-
fortes apenas as Agências 3 e 7 recorreram
nheiro e recorreu também à própria família.
aos amigos obtendo alguns recursos sociais
Observou-se que os recursos sociais
distintos. Por parte dos amigos a
acessados por meio das redes constituídas
empreendedora da Agência 3 recebeu
por laços fracos foram muito importantes
conselhos e ajuda para identificar ameaças
para a legalização e desenvolvimento do ne-
da concorrência. Com relação à área de
gócio. No caso das Agências 1, 5 e 7, as em-
marketing e vendas, as empreendedoras,
preendedoras acessaram contadores para
além dos amigos, contaram também com
obterem ajuda com os procedimentos legais
familiares que por sua vez se destacaram
de abertura do negócio. Destaca-se ainda
como fornecedores desse tipo de recurso.
que esse recurso fora o mais utilizado na fase
A família se destacou como conse-
de Start-up. No tocante à contratação dos
lheira e fonte de apoio moral no caso das
primeiros empregados, duas agências obtive-
Agências 3, 6 e 7. Observou-se ainda que a
ram indicações de profissionais. A Agência 5
manutenção de alguns relacionamentos fa-
acessou esse recurso por meio do “amigo do
voreceu às empreendedoras com elevação
amigo” e a Agência 6 contratou por intermé-
do prestígio dentro da própria família no caso
dio de outra agência de turismo. Para o de-
da Agência 2; e no ambiente externo, com
senvolvimento do primeiro serviço, obser-
status social como ocorreu com a empreen-
vou-se o papel dos fornecedores. Eles ajuda-
dedora da Agência 1. No tocante à gestão fi-
ram as empreendedoras ensinando e orien-
nanceira, apenas a empreendedora da Agên-
tando acerca das melhores práticas de ven-
cia 2 buscou ajuda do marido, atribuindo a
das e medidas preventivas de segurança no
este a responsabilidade de tal função.
uso de cartões de crédito. Quanto aos recur-
Os recursos sociais advindos dos laços
sos financeiros destacou-se, mais uma vez, a
fracos também foram diversos. No entanto,
ajuda de fornecedores que liberaram crédito
a troca de informações sobre o setor turís-
para a empreendedora da Agência 4 viabili-
tico, no caso das Agências, foi o recurso mais
zar os primeiros serviços e treinamento.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
126
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

utilizado, a exemplo citam-se como benefici- crítica, mas o crescimento e desenvol-


árias as Agências 1, 2, 3 e 4. Nestes casos, as vimento da empresa é que apresentaram
instituições mais acessadas foram ABAV, desafios.
agências e operadoras de turismo. O acesso
a consultorias, cursos e treinamento corres- 6 CONCLUSÕES
ponde a segunda maior incidência de aces-
sos, tendo o SEBRAE como o principal forne- Observando as características das
cedor. Esse tipo de apoio foi observado nas empreendedoras, vale destacar que, de
Agências 2, 3, 4 e 7. Ajuda com a divulgação forma similar aos outros estudos, a experiên-
da empresa se destaca como o terceiro re- cia profissional anterior foi fator influencia-
curso social mais acessado e foi importante dor na decisão de abrir um novo negócio.
para empreendedoras das Agências 2 e 3 que Ressalta-se também que a participação de fa-
se utilizaram de instituições como a Associa- miliares nos negócios revelou-se um fator po-
ção Brasileira de Agências de Viagens- ABAV, sitivo, em função da confiança e a segurança
o Instituto Brasileiro do Turismo- EMBRATUR que se engendra desses relacionamentos.
e o SEBRAE. Com relação aos tipos de laços, verifi-
Vale destacar que nesta etapa de con- cou-se que os laços fortes foram os mais
solidação do negócio, a única empreende- acessados pelas empreendedoras, desta-
dora que se destacou com uma administra- cando-se que, em alguns casos, não se con-
ção baseada em planos formais de marketing tou com os amigos, ficando restrita apenas a
e crescimento foi a da Agência 1, contando familiares. No geral, os laços fracos proporci-
inclusive com profissional qualificado para onaram menos recursos para as empreende-
auxiliá-la com a função planejamento. Nesta doras do que os laços fortes. Constatou-se
fase ocorreu entre as Agências apenas um também que a quantidade de atores envol-
caso de acesso a recursos físicos pela empre- vidos na rede foi diretamente proporcional à
endedora da Agência 3 por intermédio do na- quantidade de recursos obtidos. Assim,
morado. Quanto aos recursos financeiros, quanto mais pessoas as empreendedoras ti-
apenas a Agência 4 procurou por este tipo de nham em sua rede, mais conexões e mais re-
recurso e o obteve por intermédio do SE- cursos foram adquiridos. Outro fator, apon-
BRAE, adquirindo oitenta por cento do tado por Aldrich, (1989), é associado à predo-
valor da consultoria prestada. minância da existência dos laços fortes e está
Souza e Teixeira (2017) ratificam a relacionado à vida social das empreendedo-
importância da confiança nos relacio- ras; uma vez que mulheres não usufruem de
namentos, tanto nas redes formais quanto contatos sociais como os homens, que com
nas redes informais/familiares. A rede de maior frequência participam de reuniões in-
amigos do empreendedor é uma fonte formais depois do expediente de trabalho.
importante de captação de clientes, enqua- Na fase de concepção vale destacar a
nto profissionais como contadores e importância da família como maior suporte
advogados possuem um papel importante de moral e emocional das empreendedoras e a
consultoria ao negócio. No estudo de ajuda dos amigos sendo fonte de ideias. Para
Gimenez e Gimenez (2015) na fase de criação Birley (1985), quando o empreendedor de-
da empresa de turismo foram usadas redes cide abrir seu negócio, é guiado por suas ex-
informais e formais que deram acesso a periências anteriores e pelos aconselhamen-
recursos informacionais e financeiros. tos que recebe de sua rede de relacionamen-
Segundo esses autores essa não foi uma fase tos.

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
127
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Ducci e Teixeira (2010) sugerem que Woman on the verge of breakthrough: network-
ao manter uma rede de relacionamentos, do ing among entrepreneurs in the United States
tipo formal ou informal, os empreendedores and Italy. Entrepreneurship & Regional Develop-
podem acessar diferentes recursos e infor- ment, 1 (4), pp.339-355.
mações e, ainda, aprender com os outros,
Aldrich, H. R.; Zimmer, C. (1986). Entrepreneur-
uma vez que passaram a ter acesso a outras
ship through social networks. In: D. L. Sexton & R.
maneiras de se fazer as coisas. Gimenez e Gi- W. Smilor (Eds.). The Art and Science of Entrepre-
menez (2015) destacam que o processo de neurship, Cambridge: Ballinger.
criação de empresas exige do empreendedor
grande capacidade de articulação de recur- Altinay, L. (2005). The Intrapreneur Role of the
sos de diferentes naturezas. Essa articulação Developement Directors in an International Hotel
se torna menos complexa quando o empre- Group. The Service Industries Journal, 25 (3), pp.
endedor utiliza um maior nível de capital so- 403-419.
cial oriundo de sua convivência em diferen-
tes redes sociais, sejam elas constituídas for- Aldrich; H. R; Woodward, W. (1987). The impact
of social Networks on business foundings and
mal ou informalmente.
profit: A longitudinal study. In: J. Churchil (Eds.).
O que foi constatado nos casos estu- Frontiers of Entrepreneurship Research. Welles-
dados é que diante da inexperiência no ramo ley, MA: Babson College.
turístico, a família e amigos foram as únicas
alternativas para essas empreendedoras. Na Andringa, S.; Poulston, J.; Pernecky, T. (2016).
fase de start-up, os familiares foram funda- Hospitality entrepreneurship: A journey, not a
mentais na operacionalização do negócio destination. International Journal of Contempo-
atuando principalmente como fonte de re- rary Hospitality Management, 28(4), pp.717-736
cursos financeiros, enquanto que os amigos
foram importantes na captação dos primei- Barnir A.; Smith, K. A (2002). Interfirm alliances in
ros clientes e dos primeiros empregados. the small business: The role of social networks.
Journal of Small Business Management, 40 (3),
Também foi possível perceber que as experi-
pp. 219-232.
ências negativas das empreendedoras com
bancos, na fase de concepção, fizeram com Birley, S. (1985).The role of networks in the en
que elas procurassem apenas a família para trepreneurial process. Journal of Business Ventur
obter este tipo de recurso. Ainda sobre este ing, 1(1), pp. 107-117.
aspecto, o presente estudo revelou que uma
maior necessidade por recursos financeiros Birley, S.; Cromie S.; Myers. A. (1990). Entrepre-
ocorreu nesta fase. Na fase de consolidação neurial Networks: their Emergence in Ireland and
do negócio, os familiares contribuíram pri- Overseas. International Small Business Journal, 9
mordialmente com as atividades relaciona- (4), pp. 56-74.
das ao marketing e os amigos recebem des-
Bomfim, L. C. S.; Teixeira, R. M. (2015). Empreen-
taque por fornecerem recursos relacionados
dedorismo Feminino: Desafios Enfrentados por
ao crescimento e a sobrevivência da em- Empreendedoras na Gestão de Pequenos Negó-
presa. cios no Setor de Turismo. Revista do Pensamento
Contemporâneo em Administração, 10 (2), pp.
REFERÊNCIAS 48-69.

Aldrich, H. R.; Reese, P.R.; Dubini, P. (1989).

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
128
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Butler D.; Carter, P. L.; Brunn, S.D. (2002). African- Gartner, W. B. (1985). A conceptual framework
American travel agents travails and survival. An- for describing the phenomenon of new venture
nals of Tourism Research, 29 (4), pp. 1022-1035, creation. Academy of Management Review, 10
2002. (4), pp. 696-706.

Buttner, E. H.; Moore, D. P. (1997) “Women's Or- GEM- Global Entrepreneurship Monitor. (2016).
ganizational Exodus to Entrepreneurship: Self-re- Empreendedorismo no Brasil- Relatório Execu-
ported Motivations and Correlates with Success”. tivo. IBQP/SEBRAE/FGV.
Journal of Small Business Management, 35 (1),
pp. 34- 46. Getz, D.; Carlsen, J. (2000). Characteristics and
goals of family and owner operated businesses in
Corrêa, V. S.; Vale, G. M. V. (2004). Redes sociais, the rural tourism and hospitality sectors. Tourism
perfil empreendedor e trajetórias. Revista de Ad- Management, 21(6), pp. 547-560.
ministração-RAUSP, 49 (1), pp. 77-88.
Gimenez, F. A. P.; Gimenez, S.C. (2015). Capital
Costa, T; Galina, S. (2016). A relação virtuosa en- Social e Redes Sociais Empreendedoras na Cria-
tre empreendedorismo e capital social: um es- ção e Crescimento de uma Empresa de Ciclotu-
tudo em empreendimentos de turismo em es- rismo. Turismo em Análise, 26 (3), pp. 616-638.
paço rural em Portugal e no Brasil. Tourism &
Management Studies, 12 (2), pp. 57-69. Glancey K. e Pettigrew, M. (1997). Entrepreneur-
ship in the small hotel. International Journal of
Dreher, M. T.; Ullrich, D. R. (2011). Gestión de las Contemporary Hospitality Management, 9 (1),
empresas turísticas: La representación de las mu- pp. 21-24.
jeres en Blumenau – SC, Brasil. Estudios y Pers-
pectivas en Turismo, 20, pp. 425 – 440. Granovetter, M.S. (1973). The Strength of Weak
Ties. American Journal of Sociology, 78 (6), pp.
Dubini, P.; Aldrich, H. R. (1991). Personal and Ex- 1360-1380.
tend Networks are Central to the Entrepreneurial
Process. Journal of Business Venturing, 6 (5), pp. Greve, A.; Salaff, J.W. (2003). Social Networks and
305-313. Entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and
Practice, 28(1), pp. 1-22.
Ducci; N. P. C.; Teixeira, R.M. (2010). Articulação
de Redes Sociais por Empreendedores na Forma- Gouvêa, A. B. C. T.; Silveira, A.; Machado. H. P. V.
ção do Capital Social: um estudo de caso de uma (2013). Mulheres empreendedoras: compreen-
empresa do setor de turismo do interior do Pa- sões do empreendedorismo e do exercício do pa-
raná. Turismo em Análise, 21 (1), pp. 165-189. pel desempenhado por homens e mulheres em
organizações. Revista de Empreendedorismo e
Ducci; N. P. C.; Teixeira, R.M. (2011). As Redes Gestão de Pequenas Empresas, 2 (2), pp. 32-54.
sociais dos empreendedores na formação do ca-
pital social: um estudo de casos múltiplos em Haber, S.; ReicheL, A. (2007). The cumulative na-
múltiplos em municípios do norte pioneiro no es- ture of the entrepreneurial process: The contri-
tado do Paraná. Cad. EBAPE.BR, 9 (4), pp. 967- bution of human capital, planning and environ-
997. ment resources to small venture performance.
Journal of Business Venturing, 22, pp. 119-145.
Eisenhardt, K. M. (1989). Building theories from
case study research. Academy of Management Jaafar M.; Abdul-Aziz, A. R.; Maideen, S. A. ,
Review, 14 (4), pp. 532-550. Mohd, S Z. (2011). Entrepreneurship in the tour-

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
129
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

ism industry: Issues in developing countries. In- neurship. Tourism Management, 28, pp. 280-289.
ternational Journal of Hospitality Management,
30 (4), pp. 827-835. Michaud, J. A. (1991). Social Anthropology of
Tourism in Ladakh, India, Annals of Tourism Re-
Johannisson, B. (1998). Personal networks in search, 18, pp. 605-621.
emerging knowledge-based firms: spatial and
functional patterns. Entrepreneurship and Re- Moroz, P. W.; Hindle, K. (2012). Entrepreneurship
gional Development, 10 (4), pp. 297-312. as a Process: Towards a Harmonizing Multiple
Perspectives. Entrepreneurship Theory and Prac-
Johannisson, B. (2000). Networking and entre- tice, July, pp. 781-818.
preneurial growth. In: Sexton, D. E & Landstron,
H. (Eds.) Handbook of Entrepreneurship. London: Morrison, A; Rimmington, M.; Williams, C.
Blackwell. (1999). Entrepreneurship in the Hospitality. But-
terworth-Heinemann, Oxford, 1999.
Jogaratnam G.; Tse, C. E. (2006). Entrepreneurial
orientation and the structuring of organizations. Neergaard, E., Shaw, E.; Carter, S. L. (2005). The
International Journal of Contemporary Hospital- impact of gender, social capital and networks on
ity Management, 18 (6), pp. 454-468. business ownership: a research agenda. Interna-
tional Journal of Entrepreneurial Behaviour and
Kimbu A.N., Ngoasong M. Z. (2016). Women as Research. 11 (5), pp. 338-357.
vectors of social entrepreneurship. Annals of
Tourism Research, 60, pp. 63–79. Park, D-B.; Lee, K-W; Choi, H-S; Yoon, Y. (2012).
Factors influencing social capital in rural tourism
Kokkranikal, J.; Morrison, A.(2002) . Entrepre- communities in South Korea. Tourism Manage-
neurship and Sustainable Tourism: the house- ment, 33 (6), pp. 1511-1520.
boats of Kerala. Tourism and Hospitality Re-
search, 4 (1), pp.7-20. Reynolds, P. D.; Miller, B. (1992). New firm gesta-
tion: conception, birth, and implications for re-
Laville, C.; Dionne, J. (1999). A construção do as search. Journal of Business Venturing, 7 (5), pp.
ber: manual de metodologia da pesquisa em ciên- 405-417.
cias humanas. Porto Alegre: Artmed.
Saunders, M.; Lewis, P.; Thornhill, A. (2000). Re-
Lerner M.; Haber, S. (2000). Performance Factors search methods for business students. 2. ed. Har-
of Small Tourism Ventures: The interfaces of low, England: Pearson Education.
Tourism, Entrepreneurship and the environment.
Journal of Business Venturing, 16, pp. 77-100. Shane, S; Venkataraman S. (2006). The promise
of entrepreneurship as a field of research. Acad-
Li, L. (2008). A review of entrepreneurship re- emy of Management. Academy of Management
search published in the hospitality and tourism Review; 25 (1), pp. 217-226.
management journals, Tourism Management 29,
pp. 1013–1022 Shivas E. (2001). Entrance into tourism Entrepre-
neurship: a UK case study. Tourism and Hospita-
Lynch, P. (1998). Female Microentrepreneurs in lity Research, 3 (2), pp. 163-172.
the lost family sector: Key motivations and social
economic Variables. Hospitality Management, Sebrae (Org). (2014). Anuário das mulheres em-
17, pp. 319-342. preendedoras e trabalhadoras em micro e peque-
nas empresas. SEBRAE/ DIESE 2.ed. – Brasília, DF:
McGhee, N. G; Kim K.; Jennings, G. R. (2007). Gen DIEESE.
der and Motivation for Agritourism entrepre-

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
130
Teixeira, R. M.; Andreassi, T.; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Souza, M. J. B de.; Trindade, F. de M. ; Freire, R. Sexo Frágil, Laços Fortes?. Revista de Administra-
(2016). Potencial Empreendedor de Empresárias ção Contemporânea, 15 (4), pp. 631-649.
do Setor Turístico de Florianópolis (SC), Revista
Alcance Eletrônica, 23 (4), pp. 455-474. Vasconcelos, G. M. R.; Resende, S. F. L.; Guima-
rães, L. de O. Fach, R. C. (2007) . Mobilizando re-
Souza, T. R.; Teixeira, R. M. (2017). O capital social lacionamentos e acessando recursos na criação e
de empreendedores de hotéis de pequeno porte: evolução de novos negócios. Organizações & So-
uma análise comparativa das dimensões estrutu- ciedade, 14 (41), pp. 113-134.
ral, relacional e cognitiva. In: Invitur 2017, Aveiro,
Portugal. Zhao, W.; Ritchie, J. R.; Echtner, C. M. (2011). So-
cial capital and tourism entrepreneurship. Annals
Teixeira, R.M. (2012). O Processo de Criação de of Tourism Research, 38(4), pp. 1570-1595.
Novos Negócios em Turismo: estudo de casos
múltiplos em agências de viagens em Curitiba, Yin, R.K. (2010). Estudo de caso: planejamento e
Paraná. Revista Turismo em Análise, 23 (2), pp. métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman.
464-483.
WTTC. (2013). Travel & Tourism Economic impact
Teixeira, R. M.; Carvalho, J. B. de. (2012). Factores 2013 Brazil. Disponível em:
que influenciam na criação de novos negócios: http://www.wttc.org/research/economic-im-
Estudo de casos múltiplos em Agências de Via- pact-research/country-reports/b/brazil/. Acesso
gens em Aracaju. Revista Turismo e Desenvolvi- em: 05 maio 2014.
mento, 17/18, pp. 49-61.
Williams, C. E.; Tse, E. C. Y. (1995). “The
Teixeira, R. M. (2012). Processo Empreendedor relationship between strategy and
em Turismo: Estudo de Casos Múltiplos em Em- entrepreneurship: the US restaurant sector.”
presas Hoteleiras em Sergipe, Brasil. Revista Tu- International Journal of Contemporary
rismo e Desenvolvimento, 17/18, pp. 38 -51. Hospitality Management, 27 (1), pp. 22-26.

Teixeira, R. M.; Bomfim, L.C.S. (2016). Empreen-


dedorismo Feminino e os Desafios Enfrentados ______________
pelas Empreendedoras para Conciliar os Conflitos Dados dos Autores
Trabalho e Família: Estudo de Casos Múltiplos em
Agências de Viagens. Revista Brasileira de Pes-
quisa em Turismo, 10(1), pp. 44-64. Rivanda Meira Teixeira
Professora, Dra. na Universidade Federal do Pa-
Tonge, J. 2008. Barriers to networking for women raná do Programa de Pós-graduação em Adminis-
in a UK professional service. Gender in Manage- tração. Mestrado em Administração pela COP-
ment, v.23 (7), pp. 484-505. PEAD/UFRJ (1979. Doutorado em Administração
pela Cranfield University, Inglaterra (1996). Pós
Vale, G. M. V; Serafim, A. C. F. (2010). Embedde- Doutorado em Gestão em Turismo na Bourne-
dness, Empreendedorismo e Gênero: Desafios mouth University, Inglaterra e Strathclyde Uni-
para Tornar Forte o Sexo Frágil. In: Encontro Da versity, Escócia (2001). Pós Doutorado em Em-
Associação Nacional de Pós-Graduação em Admi- preendedorismo em Turismo na HEC, Canadá
nistração-Enanpad, 34, 2010, Rio de Janeiro. (2006). Pós Doutorado FGV-SP (2015) em Empre-
Anais...RJ: ANPAD, 1CD-ROM. endedorismo. Bolsista de Produtividade em Pes-
quisa do CNPq-PQ-Nível 1D. E-mail: rivandatei-
Vale, G. M. V.; Serafim, A.C.F.; Teodósio, A.S.C. xeira@gmail.com
(2011). Gênero, Imersão e Empreendedorismo:

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
131
Teixeira, R. M.; Andreassi, T. ; Bomfim, L. C.S.
Uso das redes sociais empreendedoras por mulheres no processo de criação de agências de viagens

Dr. Tales Andreassi Lea Cristina Silva Bomfim


Professor na Fundação Getúlio Vargas (EAESP) Mestranda no Programa de Pós-graduação em
em São Paulo. Mestrado em Administração pela Administração PROPADM – Universidade Federal
Universidade de São Paulo (1994), e Mestrado de Sergipe- UFS, São Cristóvão, Brasil. Bacharela
em Science and Technology Policy Studies na em Administração pela UFS (2014). Tecnóloga em
SPRU, Sussex University (1998). Doutorado na Gestão Pública pela Faculdade de Tecnologia In-
Universidade de São Paulo. (1999). É professor vi- ternacional – FATEC, Paraná, Brasil (2009). Pro-
sitante da Simon Fraser University, Canadá fessora Substituta do Departamento de Adminis-
(2000). No momento é vice diretor da FGV-EA- tração da UFS, Campus Itabaiana, desde 2017.
ESP. E-mail: tandreassi@gmail.com E-mail: leacris.bomfim@gmail.com

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 12(1), pp. 102-132, jan./mar. 2018.
132

You might also like