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Gestão Financeira
Gestão Financeira
Autor: : Lincon Lopes
Como citar este documento: LOPES, Lincon. Gestão Financeira. Valinhos: 2014.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Valor do Dinheiro e Juros 05
Assista a suas aulas 23
Unidade 2: Taxas e Amortização 31
Assista a suas aulas 56
Unidade 3: Retorno do Investimento 64
Assista a suas aulas 89
Unidade 4: Indicadores e Estrutura de Capital 97
Assista a suas aulas 120

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Apresentação da Disciplina conjunto poderoso de ferramentas de
análise, o objetivo da disciplina é que seja
A Gestão Financeira é uma poderosa apresentada uma nova forma de pensar
ferramenta de análise e seleção de ao aluno, não só no ambiente profissional,
projetos de investimentos. Ao dominá-la, mas também em sua vida.
você será capaz de fornecer informações
Dessa forma, o curso é divido em quatro
precisas e objetivas, para que as decisões
aulas, sendo que a primeira aula trará os
empresariais sejam amparadas por
conceitos básicos sobre valor do dinheiro
conceitos matemáticos, e não apenas
no tempo, estrutura gráfica do fluxo de
pelo tradicional binômio experiência-
caixa e metodologia de juros.
sentimento, que pode ser muito útil,
mas quando analisamos um horizonte Já na segunda aula serão aplicados alguns
de meses, ou mesmo anos, torna-se conceitos vistos anteriormente para
irrelevante frente à dinâmica da economia conversão de taxas de juros entre períodos
e da agilidade dos mercados. diferentes, sistemas de amortização,
muito úteis em financiamentos, e séries
A principal ideia da Gestão Financeira é a
de pagamentos, que determinam a
valorização do dinheiro no tempo. Este é
composição do Valor Presente de um
um conceito que forma o alicerce de toda
investimento.
a teoria dos métodos que serão analisados
nesta disciplina. Com isso, mais que um A terceira aula será dedicada aos
instrumentos que permitem análise de
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projetos distintos, pois os recursos em uma
empresa são limitados, então, quando nos
deparamos com dois, ou mais, projetos
e há recursos para executar apenas um
deles, qual terá prioridade? E esta será a
base da quarta aula, onde serão analisadas
as formas de avaliar substituição de
equipamentos, projetos de prazos e valores
diferentes e, por fim, se são viáveis ou não
de serem executados.

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Unidade 1
Valor do Dinheiro e Juros

Objetivos

O principal conceito da Engenharia Financeira é o que nos diz que o dinheiro não tem o mesmo
valor em momentos diferentes do tempo. Esta afirmação pode parecer um pouco estranha,
mas após esta aula você a entenderá e terá uma nova compreensão das relações financeiras e
comerciais.
Uma vez que fique claro que o dinheiro tem valor diferente ao longo do tempo, entenderemos
melhor o conceito de juro, que é o valor cobrado por quem empresta dinheiro, seja na forma
direta (empréstimo de dinheiro em espécie) ou na indireta (empréstimo de crédito para compra
de um bem ou serviço).
E por fim, serão apresentadas as duas metodologias de composição de juros, a simples e a
composta. Não se assuste com a aparente dificuldade dos conceitos matemáticos, na realidade
utilizaremos matemática básica e o importante é a compreensão dos mecanismos e relações
entre os eventos, pois no cotidiano esses cálculos são feitos via planilhas eletrônicas e
calculadoras financeiras.
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1. Introdução Então, percebemos que entre outras
coisas, a oportunidade é um dos fatores
O valor do dinheiro depende de sua posição que fazem o valor do dinheiro se alterar
no tempo, ou seja, R$ 100,00 hoje não no tempo. Assim, em nossa vida, como
valem o mesmo que R$ 100,00 daqui um na empresa, dinheiro em caixa (à vista) é
ano. preferível a dinheiro futuro. Por isso, seria
Muitos podem supor que isso acontece necessário que alguém nos pague um valor
por causa da inflação, pois o que adicional para adiar o recebimento, ou seja,
podemos comprar hoje é mais do que recebermos um determinado valor a mais
compraríamos daqui doze meses. Mas e se como bonificação pelo tempo de espera,
não houvesse inflação? E se a quantidade a isso chamamos juro, ou remuneração do
de determinado bem que R$ 100,00 dinheiro pelo tempo.
pode comprar hoje fosse exatamente a
mesma que ele comprará daqui um ano? 2. Valor do Dinheiro no Tempo
Poderíamos dizer que o valor do dinheiro no
tempo é o mesmo? Conforme vimos, o dinheiro tem valores
distintos ao longo do tempo, pois dois
As respostas para essas perguntas são valores só podem ser comparados se
simples, você prefere receber um valor na estiverem na mesma data, ou seja, não é
data de hoje ou o mesmo valor daqui um possível afirmar que o valor de R$ 5.000,00
ano?
6/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros
a ser recebido daqui um ano seja maior que aplicações financeiras de seu caixa, que
R$ 4.500,00 a ser recebido hoje. rendem 2% ao mês, e contraia uma dívida
É exatamente por isso que empresas que em que o credor ofereça 3% ao mês de
vendem a prazo oferecem descontos para desconto para pagamento antecipado,
pagamentos à vista. será um ótimo negócio para a empresa
pagar antecipadamente, pois, seu dinheiro
Este é o principal raciocínio do executivo está rendendo 2% ao mês no banco, e o
financeiro, todas as suas propostas e credor oferece um desconto ainda maior,
considerações são motivadas por essa de 3% ao mês. Se a situação fosse inversa,
ótica, só é possível trocar um recebimento onde o desconto tivesse um valor abaixo
hoje por um acréscimo no valor a ser da aplicação financeira, a melhor opção
recebido no futuro, ou só é viável antecipar é a manutenção do dinheiro aplicado e o
um pagamento se for obtido um desconto pagamento dos juros ao credor, que seriam
no valor total. menores do que o ganho junto ao banco.
Mas qual o valor dos juros ou descontos a Como empresas e pessoas físicas
serem praticados para que uma negociação conseguem obter diferentes taxas de
como essa seja viável? investimentos entre si, há casos em que a
Caso determinada empresa tenha antecipação de pagamentos ou a cobrança
7/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros
de juros podem ser benéficas para os dois convencionalmente utilizamos um
lados, em que o credor receberá mais diagrama para demonstrar o fluxo de caixa
do que receberia junto a um banco com de determinado período.
investimentos e o devedor pagará menos O fluxo de caixa é um conjunto de entradas
do que pagaria se tomasse um empréstimo e saídas de recursos ao longo do tempo, em
bancário para efetuar a compra. datas não coincidentes, onde utilizamos
Este conceito ficará ainda mais setas apontadas para cima para determinar
interessante quando adicionarmos a teoria entradas de caixa e setas apontadas para
de Taxas Equivalentes e Taxa Nominal e baixo para as saídas de caixa, da seguinte
Efetiva, na segunda aula, e é com base forma:
neste conhecimento que será desenvolvida
a Engenharia Financeira.

3. Estrutura de Fluxo de Caixa

Para facilitar a compreensão da


oscilação do valor do dinheiro no tempo,
8/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros
Figura 1.1: Diagrama de Fluxo de Caixa.

Fonte: Assaf, 1992 (adaptado pelo autor).

Dessa forma, traçamos uma reta com quantos períodos sejam necessários, apontamos as
entradas de caixa para cima, as saídas de caixa para baixo e nos períodos em que não houver
movimentação financeira, não realizamos nenhuma marca, apenas o deixamos em branco para
constar que existe.
Vejamos um exemplo, em que é tomado um empréstimo de $ 500, que será pago em seis
parcelas de $ 130, com carência de dois períodos.

9/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


Figura 1.2: Exemplo de Diagrama de Fluxo de Caixa.
Fonte: Autor.

Como vemos nos períodos 1 e 2, a carência é aquele período no qual não há desembolso por
parte do devedor, no entanto, usualmente os juros continuam a ser acrescidos para cobrança
nos períodos subsequentes.
Caso ocorram dois eventos na mesma data, eles devem ser somados antes de desenharmos
o fluxo de caixa, pois, como vimos, o dinheiro tem o mesmo valor na mesma data. Ou seja, se
no momento da liberação do empréstimo houver uma taxa de $ 40, então na seta positiva, no
instante zero, colocaremos $ 460 ao invés de $ 500.

10/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


4. Juro conhecer a taxa aplicada na operação,
que é informada em termos percentuais a
Juro é a recompensa pela espera de um período, ou seja, X% ao período. Sem
embolso de um ativo, ou seja, é o prêmio a informação da periodicidade da taxa, é
que o investidor recebe por ficar com o seu impossível utilizá-la para qualquer cálculo.
ativo indisponível no tempo que ele estava
Como fórmula geral, temos que:
emprestado a outro. Pelo lado do devedor,
é o custo que se tem por utilizar o ativo de Juro = Capital * taxa
outro por determinado período de tempo. Logo, se for feito um investimento de
Assim definido, podemos ver que juro $ 1.000 a uma taxa de 1,5% ao mês,
sempre envolve um ganho para uma parte temos:
e um custo para outra. Juro é um valor Juros = $ 1.000 * 1,5% a.m.
financeiro, ou seja, é o dinheiro que troca
Juros = $ 15 no mês.
de mãos. Somente quando se fala em
taxa de juros, que então será expressa em A vantagem da fórmula geral é que
percentual, é importante não confundir podemos calcular a taxa, quando sabemos
esses dois conceitos. apenas o tamanho do capital e do
montante, por exemplo:
Para calcularmos os juros, precisamos
11/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros
Uma aplicação de $ 3.000 feita durante um 5. Juros Simples
período permitiu que o aplicador sacasse
ao final da operação $ 4.300, qual a taxa de Também conhecido como regime
juros? de Capitalização Linear, pois tem o
comportamento de uma progressão
Se o valor final foi $ 4.300 e o inicial foi
aritmética (PA). Nesse regime os juros só
$ 3.000, os juros foram de $ 1.300, que é a
incidirão sobre o valor principal, ou seja,
diferença entre o que foi aplicado e o valor
o valor original da operação, logo, não há
final.
incidência de juros sobre juros.
Juros = Capital * Taxa
Assim, a taxa obtida sempre será aplicada
$ 1.300 = $ 3.000 * Taxa sobre o valor inicial, não importando o
Taxa = $ 1.300/$ 3.000 saldo devedor da operação.
Taxa = 0,43333 ou 43,33% ao período Por exemplo, uma empresa capta $ 1.000
a uma taxa de 3% ao mês, durante seis
Há duas formas de se obter o valor do juro.
meses:
Através de capitalização de Juros Simples e
de capitalização de Juros Compostos.

12/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


Saldo Saldo Crescimento
inicial Juros obtidos para devedor mensal
Mês
mensal da cada mês ao final de do saldo
dívida cada mês devedor
Abril 1.000 0,03 X 1.000 = 30 1.030 30
Maio 1.030 0,03 X 1.000 = 30 1.060 30
Junho 1.060 0,03 X 1.000 = 30 1.090 30
Julho 1.090 0,03 X 1.000 = 30 1.120 30
Agosto 1.120 0,03 X 1.000 = 30 1.150 30
Setembro 1.150 0,03 X 1.000 = 30 1.180 30

Onde 0,03 é a forma decimal de 3%, que é a taxa de juros com qual trabalhamos.
Nota-se que na terceira coluna, onde são calculados os juros obtidos para cada mês, a taxa de
juros incidiu apenas sobre $ 1.000, sem acumular juros à base de cálculo.

13/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


A fórmula de cálculo para o regime de Simples não é uma metodologia de
capitalização de juros simples é: cálculo frequentemente utilizada no
Juros = Capital * taxa * n meio financeiro, mas ainda assim é
representativa e, sobretudo, importante
Onde: para a compreensão de juros compostos.
• Capital é o valor inicial a ser As principais aplicações dos juros simples
capitalizado. são em cobranças sobre utilização de
• taxa é a taxa de juros na forma cheque especial e conta garantida (sempre
décima (ex.: 25% = 0,25), também incidindo sobre o saldo devedor diário),
conhecido na literatura como i. descontos comerciais e export-note (nota
promissória de exportação).
• n é o período em que será
capitalizado; lembre-se de que o No início da capitalização, o regime simples
período deve sempre estar na mesma é mais acelerado que o composto, como
unidade da taxa, ou seja, se a taxa é as pessoas e empresas não passam longos
mensal, o período deve ser mensal períodos de tempo utilizando o crédito do
também. cheque especial ou da conta garantida,
a aplicação de juros simples garante aos
O regime de Capitalização de Juros
bancos uma maior remuneração nesse
14/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros
período de tempo.
Como podemos ver no gráfico abaixo, enquanto o regime de capitalização simples descreve
uma progressão linear (uma reta), a capitalização composta apresenta uma progressão
geométrica (uma curva ascendente), demonstrando o poder da cobrança de juros sobre juros.

Figura 1.3: Exemplo de Capitalização de Juros.

Fonte: Autor.

15/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


6. Juros Compostos

O Regime de Capitalização Composta segue os princípios básicos da Capitalização Simples,


porém, ele obedece a uma progressão geométrica (PG), fazendo com que incida juros sobre os
juros previamente acumulados.
Ao utilizarmos o mesmo exemplo que aplicamos aos juros simples, obtemos:

Saldo inicial da Juros obtidos para cada Saldo devedor ao final Crescimento mensal do
Mês
dívida mês de cada mês saldo devedor

Abril 1.000,00 0,03 X 1.000,00 = 30,00 1.030,00 30,00


Maio 1.030,00 0,03 X 1.030,00 = 30,90 1.060,90 30,90
Junho 1.060,90 0,03 X 1.060,90 = 31,83 1.092,73 31,83
Julho 1.092,73 0,03 X 1.092,73 = 32,78 1.125,51 32,78
Agosto 1.125,51 0,03 X 1.125,51 = 33,77 1.159,27 33,77
Setembro 1.159,27 0,03 X 1.159,27 = 34,78 1.194,05 34,78

Note que com a mesma taxa de juros, mas modificando apenas o regime de capitalização, o
crescimento mensal deixa de ser constante e passa a ser maior a cada mês.

16/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


Imaginando o longo prazo, os dois regimes Já em regime de capitalização de juros
de capitalização são muito diferentes; no compostos, ela terá R$ 123.980,20 no
regime composto, que é o mais utilizado mesmo período, ou seja, R$ 93.740,20
pelo mundo corporativo, ele é mais a mais. Agora é fácil entender porque o
acentuado. mercado utiliza essa metodologia.
Imagine a seguinte situação, onde Com o estudo dos juros compostos,
uma pessoa recebe uma caderneta de tornam-se necessárias algumas
poupança ao nascer, remunerada a taxa informações para sua manipulação.
de 0,8% ao mês, com depósitos mensais Na realidade, quando capitalizamos um
e sucessivos de R$ 100,00. Qual o saldo valor em regime de juros compostos, o
que a pessoa terá em seu aniversário de que buscamos é o seu Valor Futuro (FV),
25 anos, utilizando capitalização de juros ou seja, o valor nominal obtido através da
compostos e de juros simples? capitalização em uma determinada data
Toda aplicação financeira é remunerada em no futuro. Da mesma forma, ao valor inicial
regime de juros compostos, mas para efeito chamaremos de Valor Presente (PV), que
de comparação, simularemos em regime é o quanto o dinheiro vale no dia de hoje,
de capitalização de juros simples, em que sem nenhuma capitalização. O período é
ela terá R$ 30.240 ao final de 25 anos. denominado n e a taxa de juros i, conforme
17/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros
convenção para uso de calculadoras Se,
financeiras. FV = PV (1+i)n
A fórmula geral de juros compostos é: FV = 5000(1+0,012)24
FV = PV (1+i)n FV = 5.000* 1,33147
Onde: FV = 6.657,36 ou R$6.657,36
FV = Valor Futuro É importante notar que devido ao período
PV = Valor Presente da taxa ser mensal, o período de dois anos
i = taxa de juros em forma decimal teve que ser utilizado como 24 meses, pois
precisamos sempre manter a coerência das
n = período unidades entre taxa e período.
Então, qual seria o Valor Futuro de Existirão situações, muito comuns na
R$ 5.000,00 aplicados hoje a uma taxa de vida corporativa, em que as taxas e os
1,2% ao mês pelo período de dois anos? períodos estarão em unidades diferentes
e devem ser convertidos para a mesma
base, utilizando uma técnica própria que
veremos na segunda aula.

18/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


Por ser a fórmula acima uma equação,
podemos manter qualquer elemento como
incógnita, ou seja, posso conhecer a taxa
de juros (i), o período (n), o valor futuro
(FV) e buscar um valor presente (PV) que
atenda às informações anteriores, isso é
particularmente útil quando buscamos
atingir um valor-alvo no futuro e queremos
saber qual o investimento hoje para obtê-
lo.

19/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


?
Questão
para
reflexão

De acordo com o exposto, quanto uma pessoa paga, no


total, de juros e qual a taxa de juros mensal ao comprar
uma TV de R$ 1.500,00 a prazo, em 12 parcelas
R$ 137,52?

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Considerações Finais

»» O valor do dinheiro depende de sua posição no tempo.


»» O desenho do fluxo de caixa permite visualizar os desembolsos e as
entradas ao longo do tempo e a compreender a situação analisada.
»» Juro é a remuneração que o tomador paga ao investidor pela utilização
do dinheiro ao longo de um período de tempo.
»» Juros simples incidem apenas sobre o principal, ou seja, não incidem
sobre juros e sua aplicação é restrita à utilização de cheque especial/
conta garantida, descontos comerciais e export-note (nota promissória
de exportação).
»» Juros compostos são de utilização frequente em financiamentos,
empréstimos e investimentos financeiros, sua capitalização é mais
acentuada, incidindo juros sobre os juros já acumulados.

21/128
Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Matemática Financeira e suas Aplicações. Editora Atlas, 1992.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira. Editora Atlas, 2002.
PUCCINI, A. L. Matemática Financeira. Objetiva e Prática. Editora Atlas, 1993.

22/128 Unidade 1 • Valor do Dinheiro e Juros


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: VALOR DO DINHEIRO NO Aula 1 - Tema: VALOR DO DINHEIRO NO


TEMPO – PARTE I TEMPO – PARTE II
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Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: CAPITALIZAÇÃO SIMPLES Aula 1 - Tema: CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA


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24/128
Questão 1
1. Em relação ao valor do dinheiro no tempo, podemos afirmar:
a) Não é fixo, com o passar do tempo o dinheiro perde valor, independente de haver ou não
taxas de juros ou inflação.
b) Depende do tempo, períodos menores que 360 dias não afetam o valor.
c) Se não houver inflação, o dinheiro mantém seu valor no tempo.
d) O que determina o valor é o pactuado em contrato, só assim o valor se altera.
e) É fixo, não se altera nunca, o que é alterado é o montante de juros a ser pago.

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Questão 2
2. Sobre o fluxo de caixa, podemos dizer:
a) É um gráfico feito para atender exigências da Receita Federal.
b) Tem validade somente em economias sem inflação, pois não corrige o dinheiro.
c) Fluxo de caixa é um conjunto de entradas e saídas de recursos ao longo do tempo.
d) Tem validade somente em economias de países emergentes, pois considera o risco país, a
inflação e a correção monetária.
e) Não tem utilidade para o gestor financeiro, é usado apenas por pessoal não relacionado às
finanças.

26/128
Questão 3
3. O que é juro?
a) É a punição aplicada para os casos de atraso nos pagamentos.
b) Cobrança de juros é ilegal, punível de acordo com a Lei da Usura.
c) É a recompensa pela espera de embolso de um ativo.
d) Juro é apenas o pagamento, quando é recebido chama-se dividendo.
e) Juro é o imposto pago por movimentações financeiras de crédito.

27/128
Questão 4
4. Quais são as utilizações dos Juros Simples?
a) Juros simples não são mais utilizados no Brasil, somente Juros compostos.
b) Cobrança pelo uso do limite do cheque especial, export-notes e desconto de duplicatas.
c) Só se usa juros simples em operações privadas de crédito.
d) Em negociação entre pessoas físicas e em empréstimos para o governo.
e) Em cobrança de DARFs pelo poder público federal.

28/128
Questão 5
5. Qual a principal característica dos juros compostos?
a) Ter capitalização mais suave que juros simples, por isso usado em cheques especial.
b) Sua cobrança é proibida por lei.
c) Apenas o poder público pode cobrar juros compostos.
d) A incidência de juros sobre juros.
e) Só é usado em investimentos, para empréstimos se usa juros simples.

29/128
Gabarito

1. Resposta: A.

2. Resposta: C.

3. Resposta: C.

4. Resposta: B.

5. Resposta: D.

30/128
Unidade 2
Taxas e Amortização

Objetivos
Complementando a primeira aula, que definiu o valor do dinheiro no tempo e os regimes de
capitalização simples e composta, esta aula explorará mais profundamente os detalhes da taxa de
juros, como convertê-la entre períodos distintos e sua apuração efetiva.
Os problemas práticos que envolvem engenharia financeira sempre apresentam as taxas de juros
em períodos divergentes dos analisados, exigindo que o executivo seja capaz de convertê-las
rapidamente para elaborar suas análises.
Alguns contratos trazem uma determinada taxa de juros expressa, mas a apuração efetiva dos
desembolsos demonstra que há uma diferença entre a taxa nominal, citada no contrato, e a efetiva,
que foi paga pelo cliente. O profissional de finanças precisa encontrar a real taxa vigente em uma
negociação.
Com os conhecimentos adquiridos até este ponto, será possível iniciar a elaboração de alguns
projetos, especialmente, os de captação de recursos que envolvam tomadas e pagamentos de
empréstimos através financiamentos e suas formas de cálculo e liquidação.
Dessa forma, serão apresentadas as formas mais tradicionais de amortização de financiamentos e
suas particularidades.
31/128
1. Introdução

Na primeira aula foi estabelecido que o apresentadas em contratos nem sempre


dinheiro tem valor distinto ao longo do refletem o resultado final da operação
tempo, foram apresentados os conceitos de e para entender sua variação e suas
juros simples e compostos e ficou evidente diferenças, analisaremos a forma de
que os períodos de capitalização e da taxa calcular a taxa efetiva de um fluxo
de juros devem estar na mesma unidade financeiro.
temporal, caso contrário o resultado obtido Por fim, através do uso das ferramentas
será falso e não terá nenhuma utilidade aprendidas até este ponto, será possível
para análise. calcular fluxos de empréstimos e
No cotidiano corporativo, as taxas nunca financiamentos, pelos principais sistemas
se apresentam com os mesmos prazos de amortização utilizados, assim como
dos projetos analisados, e após esta aula suas peculiaridades e diferenças.
você saberá convertê-las e analisá-las com
exatidão, pois isso faz a diferença entre 2. Taxas Proporcionais
a aceitação e a rejeição de um projeto e,
em última instância, entre lucro e prejuízo Por taxa proporcional, entende-se as taxas
devido a uma tomada de decisão. que são utilizadas para a capitalização
no regime de juros simples, ou seja, que
Por outro lado, as taxas oficialmente
32/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
tenham um comportamento linear quando
aplicadas em um determinado capital (PV).
Pode-se dizer que uma taxa é proporcional
quando ela fornece o mesmo resultado que Onde:
outra taxa, estando ambas em períodos iq = Taxa que quero
distintos.
it = Taxa que tenho
Por exemplo:
nt = Período que tenho
Dizemos que 6% ao semestre são
nq = Período que quero
proporcionais a 12% ao ano em regime de
juros simples, pois ambas as taxas trazem
o mesmo retorno ao capital inicial (PV), Dessa forma, como converter uma taxa de
em igual período de tempo. Neste caso, as 15,8% ao ano para o período mensal?
duas taxas apresentam 1% ao mês de juros. Aplicando a fórmula:
Então, como regra geral, pode-se dizer que
a fórmula de taxa proporcional é: iq = 15,8% a.a. / 12
iq = 1,32% ao mês

33/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


Foi utilizado 4 no denominador por ser o
Utilizamos 12 no denominador por ser o número de trimestres no ano. Também se
número de meses do ano, já que queremos pode resolver o exercício pelo caminho
converter uma taxa anual para uma taxa inverso, convertendo 4,05% a.t. para uma
mensal. taxa anual, onde serão obtidos os mesmos
16,2% a.a., comprovando novamente que
Para descobrirmos se duas taxas são
as taxas são proporcionais.
proporcionais, podemos usar o mesmo
método. Por exemplo, demonstre se É muito importante lembrar que o conceito
16,2% ao ano é proporcional a 4,05% ao de taxa proporcional só pode ser aplicado
trimestre. ao regime de capitalização de juros
simples, que, por ser linear, permite a sua
Para solucionar o problema, basta que se
fácil conversão, como visto.
converta uma taxa ao período da outra.
E como mencionado na aula anterior, o
Solução:
regime de capitalização de juros simples só
iq = 16,2% a.a. / 4 pode ser utilizado em três situações:
iq = 4,05% ao trimestre, portanto, as 1. Operações em dólar (Export-Notes).
taxas são proporcionais. 2. Juros de cheque especial/conta garantida.
34/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
3. Descontos comerciais. mensalmente, e o cliente ficou
Sua aplicação mais comum e usual é na apenas alguns dias com sua conta
apuração de juros a serem pagos pela “negativa”.
utilização de cheque especial; vejamos um • O primeiro dia em que a conta fica
exemplo de como funciona a metodologia negativa, já é cobrado juros, ou seja, o
de cálculo: que importa são quantos dias a conta
Um cliente de um banco, em determinado apresentou saldo negativo, ainda que
mês, permaneceu com o saldo negativo tenha ocorrido o depósito suficiente
em sua conta corrente em R$ - 3.834,36 para cobri-la ao longo do último dia.
pelo período que vai do dia 5 ao dia 17 • Em regime de capitalização de juros
do mesmo mês. Qual foi o montante de simples, é importante lembrar que
juros pago pelo cliente, sabendo-se que o os juros só incidem sobre o valor
banco cobra uma taxa de 10,32% a.m. pela principal, não há incidência de juros
concessão de crédito ao cheque especial? sobre juros.
Em primeiro lugar, deve-se atentar para os
seguintes fatos: Resolução:
• A taxa de juros é expressa 10,32% a.m. é proporcional a 0,344%
35/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
a.d., que deve ser utilizada em sua forma períodos iguais, fornecem o mesmo
decimal na fórmula (0,00344). montante em regime de capitalização de
Entre o dia 5 e 17, há 13 dias (lembrando juros compostos.
que no primeiro dia já incidem juros). É importante frisar que em juros simples o
Pela fórmula de capitalização em regime de termo utilizado é “Taxas Proporcionais” e
juros simples apresentada na aula anterior: em juros compostos é “Taxas Equivalentes”.
Isso tem muita relevância quando se
analisa um contrato em que é expressa a
Juros = Capital * taxa * n modalidade de taxas de juros.
Juros = 3.834,36 * 0,00344 * 13 Por ter o comportamento de uma
Juros = R$ 171,47 no período. progressão geométrica, a conversão de
taxas não pode ser efetuada utilizando
simplesmente uma operação de divisão
3. Taxas Equivalentes da taxa pelo tempo. Pela sua natureza
exponencial, é necessária uma operação
Taxas equivalentes são taxas expressas em matemática um pouco mais elaborada. Sua
períodos de tempos diferentes, mas que fórmula geral é:
aplicadas a um mesmo capital, durante
36/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
iq = (1,158) 0,08333 – 1
iq = ( 1 + it )( nq / nt ) – 1 iq = 1,01230 – 1
Onde: iq = 0,01230 ou 1,23% a.m.
iq = Taxa que quero
Foi utilizado 1 no numerador do expoente
it = Taxa que tenho
por buscarmos a taxa mensal em relação
nq
= Período que quero à anual, e por isso utilizamos 12 no
nt
= Período que tenho denominador do expoente. O efeito seria
o mesmo se fosse utilizado 30 (número
de dias do mês) no numerador e 360
Como converter uma taxa de 15,8% ao ano (número de dias do ano) no denominador.
para uma taxa mensal? A aproximação 30/360 é muito útil para
Aplicando a fórmula: conversões de taxas anuais para diárias.
Para converter uma taxa diária para anual,
o método é o mesmo.
iq = ( 1 + it )( nq / nt ) – 1
Qual a taxa de juros anual para uma taxa
iq = ( 1 + 0,158)( 1 / 12 ) – 1
37/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
0,53% a.d.?

iq = ( 1 + it )( nq / nt ) – 1 4. Taxa Nominal e Taxa Efetiva


iq = ( 1 + 0,0053)( 360 / 1 ) – 1 Por taxa nominal entende-se que seja a
iq = (1,0053) 360 – 1 taxa contratada, ou seja, aquela que está
explicitada no contrato ou na publicidade
iq = 6,70572 – 1 de venda. O grande problema é que ao se
iq = 5,70572 ou 570,57% a.a. liquidar a operação, o cliente observa que
pagou mais do que aquela taxa de juros
E ao utilizarmos frações que não que rezava o contrato.
correspondem a períodos temporais exatos Isso não quer dizer que o cliente tenha sido
(mês, trimestre, semestre e ano), podemos enganado, é que à taxa contratada, quase
calcular a taxa de juros por qualquer sempre, são acrescidos valores que oneram
período, a notação é X% a.p., o que é o pagamento final, fazendo com que os
extremamente útil em contratos por tempo juros não sejam o único custo da operação.
determinado.
Pois há dois pontos de vista na operação.
O de quem concedeu o crédito, e para ele o
38/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
ganho é basicamente os juros cobrados, e empréstimo, em juros simples (total
o de quem tomou o dinheiro emprestado, e de 240 dias).
para este, todo acréscimo é algo que onera • A TAC incide uma única vez, no início
o valor do dinheiro tomado. da operação.
Por exemplo, uma empresa tomou
empréstimo de R$ 100.000 pelo período I. Convertendo a taxa de juros:
de 8 meses, a uma taxa de 14% a.a. Para
iq = ( 1 + it )( nq / nt ) – 1
realizar a operação, a instituição financeira
cobrou uma taxa de abertura de crédito iq = ( 1 + 0,14)( 8 / 12 ) – 1
(TAC) de R$ 300 e o IOF que incidirá sobre iq = (1,14) 0,6666 – 1
a operação é de 0,0041% a.d. Qual a taxa
iq = 1,0913 – 1
nominal e efetiva da operação?
iq = 0,0913 ou 9,13% a.p. (pelo período
Resolução:
de 8 meses)
• A taxa está em um período diferente
do período do contrato. Então, a Taxa Nominal é de 9,13% pelo
• O IOF incide diariamente (na forma período do contrato de empréstimo.
decimal) sobre o valor nominal do
39/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
FV = 100.000 (1 + 0,0913)1 (como já
calculamos a taxa, o expoente é 1)
II. Calculando o IOF (por juros FV = - 109.128,09 (valor negativo por
simples): causa do fluxo de caixa)
Juros = Capital * taxa * n Agora, calculamos a taxa de juros da
IOF = 100.000 * 0,000041 * 240 operação completa:

IOF = R$ 984
i = (FV /PV) - 1

III. TAC = R$ 300 i = ( 109.128,09 / 98.716) – 1


Então, o valor total do empréstimo é: i = 0,1055 ou 10,55% a.p. de Taxa
Efetiva
Empréstimo = 100.000 - 984 - 300 =
98.716
Mas precisamos calcular o valor futuro (FV) Então, a reposta é:
da operação original: 9,13% a.p. de taxa nominal.
FV = PV (1 + i)n 10,55% a.p. de taxa efetiva.
40/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
Como se pode ver, os valores e taxas
acessórias cobradas por ocasião da
assinatura do contrato fazem com que a 5. Sistema de Amortização
taxa pactuada no documento não seja a Constante
mesma efetivamente paga.
Todo sistema de amortização utiliza
Dessa forma, é muito importante poder exclusivamente juros compostos, assim,
calcular a taxa efetiva, pois, em várias não há casos de uso de juros simples
situações, o executivo precisa escolher para esta operação, que foi desenvolvida
entre um empréstimo bancário e a venda para empréstimos de longo prazo, com
de um ativo, por exemplo, para financiar pagamentos periódicos do valor principal.
um investimento, e as taxas nominais A modalidade do sistema de amortização
fornecidas pelos bancos não espelham utilizado deve estar explicitada em
a realidade da operação pela ótica da contrato firmado entre mutuante (credor) e
empresa; de sua adoção como “verdadeira” mutuário (devedor).
pode derivar uma informação errada e
levar a uma má decisão. Os sistemas de amortização podem ou
não ter carência, que é definida como um
41/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
período, geralmente inicial, em que não sistema através do qual a amortização
há desembolsos por parte do devedor. Os é sempre igual ao longo de todo o prazo
sistemas de amortização são diversos e da operação. Para obtermos o valor a
podem ser criados por qualquer um que ser amortizado, basta que façamos uma
queira emprestar dinheiro a um tomador, divisão do valor emprestado pelo número
mas há sistemas tradicionais, utilizados há de pagamentos a serem efetuados, assim,
muitos anos, e que se tornaram referências um empréstimo de R$ 300.000 que
no mercado. Nesta seção será analisado o será pago em 48 parcelas, no SAC, terá
Sistema de Amortização Constante. amortização em cada parcela de R$ 6.250.
Um sistema de amortização é composto Dessa forma, após cada parcela, o valor
por um valor inicial emprestado, que está do principal devido vai diminuindo,
sujeito a juros compostos, e um pagamento fazendo com que o valor dos juros pagos,
periódico, que costuma ser mensal. que incidem sobre o saldo devedor, seja
Este pagamento é composto da parcela decrescente ao longo do prazo da operação
dos juros e do principal, que se chama e, por consequência, o valor das prestações
amortização. também diminui com o tempo.
De acordo com o próprio nome, o Como exemplo, vejamos o cálculo de um
Sistema de Amortização Constante é um SAC sem carência, com juros de 13% a.a.,
42/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
para um empréstimo de R$ 75.000 por 15 meses.

1. Converte-se a taxa de juros anual para uma taxa mensal:


iq = ( 1 + it )( nq / nt ) – 1
iq = ( 1 + 0,13)( 1 / 12 ) – 1
iq = (1,13) 0,08333 – 1
iq = 1,01024 – 1
iq = 0,01024 ou 1,024% a.m.

2. Calcula-se a amortização mensal:


Amort = PV / n
Amort = R$ 75.000 / 15
Amort = R$ 5.000 mensais

3. Calculam-se os juros do mês desejado (como exemplo, do mês 11):


43/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
Jt = ( PV / n ) * ( n – t + 1) * i [Fórmula
Geral] 4. A prestação (PMT) é obtida com a
soma dos juros e da amortização:
J11 = ( 75.000 / 15) * (15 – 11 + 1) * PMT = J + Amort
0,01024 PMT = 255,92 + 5.000
J11 = ( 75.000 / 15) * (0,05118) PMT = 5.255,92
J11 = 255,92
Para cada prestação a ser paga, deve-
Onde, se calcular o valor dos juros através da
fórmula geral do item 3.
Portanto, torna-se mais fácil para calcular
PV = Valor do principal
e de melhor visualização a elaboração
n = Total de períodos do financiamento de uma planilha eletrônica. Pois além de
t = Mês do cálculo dos juros permitir a visão do quadro geral de todas
as prestações, ela também auxilia na
i = Taxa de juros já convertida no
elaboração de simulações e cenários, sem a
mesmo período do pagamento
44/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
necessidade de se calcular novamente a cada nova proposta, basta obedecer todas as fórmulas
e calcular a conversão da taxa de juros antes de utilizá-la.
Um formato usual e sugerido pode ser visto na Figura 2.1:

Figura 2.1: Modelo de planilha SAC.

45/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


Fonte: Autor.

O SAC também pode ser utilizado com carência, o que é uma prática muito comum, principalmente em
empréstimos concedidos por bancos de fomento, como o BNDES.

No caso da carência, pode haver três situações:

• Pagamento apenas dos juros durante a carência.


• Juros capitalizados e pagos apenas na primeira prestação.
• Juros capitalizados e incorporados ao saldo devedor, gerando um novo valor de
amortização.
Devido a tais situações, não há uma fórmula geral para cada caso, portanto, o cálculo
obrigatoriamente deve ser realizado em planilhas eletrônicas. Para efeito de exemplificação,
será apresentada uma planilha com as mesmas condições e taxas do exemplo anterior, mas
com carência de três meses, com pagamento total dos juros acumulados na ocasião da
primeira prestação.

46/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


Figura 2.2: Modelo de planilha SAC com carência.

Fonte: Autor.

47/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


Observe que o valor total de amortização fazendo com que a 14ª prestação seja igual
não subiu, apenas deslocou-se no tempo. à 11ª do primeiro exemplo.
Porém, como o saldo devedor não diminuiu
nos primeiros três meses, os juros, que 6. Sistema de Amortização
incidem sobre ele, foram acumulados e Francês
pagos de uma única vez na ocasião da
primeira prestação. Veja também que O Sistema de Amortização Francês (SAF)
a soma dos juros é maior, já que nos é outro sistema bastante utilizado no
primeiros meses incidiram sobre um saldo mercado financeiro brasileiro. Neste
devedor maior e como são calculados modelo a amortização é crescente e os
em regime de juros compostos, houve juros decrescentes na composição da
capitalização de juros sobre juros. prestação, de forma a manter a prestação
uniforme ao longo de todo o período.
Por outro lado, o prazo foi estendido, de
forma a manter uma amortização uniforme Utilizando o mesmo exemplo inicial,
e constante. vejamos o cálculo de um SAF sem
carência, com juros de 13% a.a., para um
No entanto, veja que a 11ª prestação
empréstimo de R$ 75.000 por 15 meses.
já não está igual à do exemplo anterior,
pois houve o deslocamento da carência,
48/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
1. Converte-se a taxa de juros anual para uma taxa mensal:

iq = ( 1 + it )( nq / nt ) – 1
iq = ( 1 + 0,13)( 1 / 12 ) – 1
iq = (1,13) 0,03333 – 1
iq = 1,01024 – 1
iq = 0,01024 ou 1,024% a.m.

2. Calcula-se o valor da prestação:

PMT = PV / {[ 1 – ( 1 + i ) –n ] / i }
PMT = 75.000 / {[ 1 – ( 1 + 0,01024 ) -15 ] / 0,01024}
PMT = 75.000 / { 0,141715 / 0,01024}
PMT = R$ 5.419,20 mensais

49/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


Dessa forma, de posse do valor da
prestação, podemos calcular o valor dos
juros incidentes sobre o saldo devedor e,
por diferença, obter o valor da amortização.
Para o primeiro período temos:

Prestação = R$ 5.419,20
Juros = R$ 767,76
Amortização = R$ 4.651,44

E assim sucessivamente, porém, o cálculo


é muito mais simples através de planilha Figura 2.3: Modelo de planilha SAF.
eletrônica. Fonte: Autor.

Analisando a planilha pode-se perceber


a aplicação da teoria, onde a prestação é
uniforme através do tempo, a amortização
50/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização
é crescente e os juros são decrescentes.
Lembrando que se calcula apenas a
prestação e os juros, pois a amortização é
obtida por diferença.

51/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


?
Questão
para
reflexão

Para fazer um investimento, uma empresa precisa


de R$ 1.000.000, que deverá ser obtido através de
um financiamento bancário. A instituição financeira
ofereceu o recurso a uma taxa de juros de 11,5% a.a.,
pelo período de 60 meses, com uma TAC de 0,5% do
valor nominal da operação e IOF de 0,0041% a.d. e sem
carência.
Qual o melhor sistema de amortização para a empresa
pagar mensalmente a dívida? Qual a taxa de juros
efetiva da melhor operação?
52/128
Considerações Finais

»» Taxas proporcionais são aquelas que, no regime de capitalização de


juros simples, oferecem o mesmo retorno para o mesmo capital em
determinado período.
»» Taxas equivalentes são aquelas que, no regime de capitalização de
juros compostos, oferecem o mesmo retorno para o mesmo capital em
determinado período.
»» Taxa nominal é aquela que está presente no contrato e na publicidade
da empresa que concede algum tipo de crédito.
»» Taxa efetiva é a taxa obtida pelo real valor presente (PV) de um fluxo
(levando-se em conta taxas, impostos e outros custos acessórios) e o
valor futuro (FV) por um determinado período.
»» O Sistema de Amortização Constante (SAC) é aquele em que os juros
são decrescentes e a amortização uniforme, fornecendo uma prestação
decrescente ao longo do tempo.

53/128
Considerações Finais

»» O Sistema de Amortização Francês (SAF) apresenta prestações


uniformes por todo o período, enquanto a amortização é crescente e os
juros são decrescentes, de forma a se compensarem.

54/128
Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Matemática Financeira e suas Aplicações. Editora Atlas, 1992.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira. Editora Atlas, 2002.
PUCCINI, A. L. Matemática Financeira. Objetiva e Prática. Editora Atlas, 1993.

55/128 Unidade 2 • Taxas e Amortização


Assista a suas aulas

Aula 2 - TAXAS E AMORTIZAÇÃO Aula 2 - CONVERSÃO DE TAXAS


Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/006a031198232783f3f68a9a4756833e>. cff4118ccd1965e6fd4597fc9e1b3d94>.

56/128
Assista a suas aulas

Aula 2 - SISTEMAS DE Aula 2 - SISTEMA DE


AMORTIZAÇÃO CONSTANTE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
a96d148e34efb24319a0ea18660e0fe9>. fbddbf8e63de64bf424425a0f1852be9>.

57/128
Questão 1
1. O que é taxa proporcional?

a) É a taxa que, em juros simples, capitaliza igual à outra, em período diferente.


b) É a taxa que, em juros compostos, capitaliza igual à outra, em período diferente.
c) É a taxa que, ao descontar os juros, aplica-se em financiamentos.
d) É a taxa que se pode aplicar apenas em financiamentos internacionais.
e) É uma taxa fornecida pelo Banco Central do Brasil para operações de crédito.

58/128
Questão 2
2. O que é taxa equivalente?

a) É a taxa que, em juros compostos, equivale à outra, em período diferente.


b) É a taxa que, em juros simples, capitaliza igual à outra, em período diferente.
c) É a taxa que, ao descontar os juros, aplica-se em financiamentos.
d) É a taxa que se pode aplicar apenas em financiamentos internacionais.
e) É uma taxa fornecida pelo Banco Central do Brasil, para operações de crédito.

59/128
Questão 3
3. O que é taxa nominal?

a) É a taxa realmente paga, com todos os acréscimos não discriminados.


b) É a taxa efetiva, sem a cobrança da correção monetária.
c) É a taxa contratada, que está explícita no contrato de venda.
d) É a taxa utilizada para cálculos, exclusivamente, em juros simples.
e) É a taxa utilizada para cálculos, exclusivamente, em juros compostos.

60/128
Questão 4
4. O que é taxa efetiva?
a) É a taxa realmente paga, com todos os acréscimos não discriminados.
b) É a taxa efetiva, sem a cobrança da correção monetária.
c) É a taxa contratada, que está explícita no contrato de venda.
d) É a taxa utilizada para cálculos, exclusivamente, em juros simples.
e) É a taxa utilizada para cálculos, exclusivamente, em juros compostos.

61/128
Questão 5
5. Sobre os sistemas de amortização, podemos afirmar:
a) Todos oferecem o mesmo resultado, a escolha do modelo não importa.
b) Cada sistema tem uma característica própria, o SAC é mais utilizado em financiamentos
imobiliários e o Sistema Francês, no mercado financeiro.
c) A utilização do Sistema Francês é proibida pelo Banco Central do Brasil.
d) A utilização do SAC é proibida pelo Banco Central do Brasil.
e) O único sistema justo, e por isso aceito, é o SAC.

62/128
Gabarito
1. Resposta: A.

2. Resposta: A.

3. Resposta: C.

4. Resposta: A.

5. Resposta: B.

63/128
Unidade 3
Retorno do Investimento

Objetivos
Utilizando as ferramentas obtidas nas aulas anteriores, será desenvolvida a metodologia da avaliação
de um projeto através do Valor Presente Líquido (VPL) de um determinado fluxo de caixa, permitindo
que qualquer projeto seja analisado em determinada data focal, possibilitando a comparação entre
projetos distintos entre si, mas que concorram à mesma verba orçamentária para sua implantação.
Ao se analisar um projeto, ele é composto de um fluxo de caixa esperado, que permite que o executivo
financeiro calcule sua Taxa Interna de Retorno (TIR). Esta taxa é obtida através do cálculo das
entradas e saídas que o investimento produzirá, que fornecerão uma determinada taxa de desconto
que permitirá às entradas e saídas se igualarem a zero. Essa taxa é de importante análise para a
tomada de decisões.
E todo investidor deseja saber em quanto tempo o dinheiro destinado a determinado projeto
retornará, para isso será utilizado o método do Payback, que permite, através de uma remuneração
do capital investido e pelo cálculo dos fluxos de caixa que o projeto apresenta, calcular o período
no qual o recurso do investidor será retornado, corrigido e sem comprometer a sobrevivência do
empreendimento.
64/128
1. Introdução

Até este ponto, a disciplina apresentou investimento para a empresa.


as principais ferramentas de engenharia No entanto, essa não é a única forma de
financeira. A partir desta aula, iniciará se avaliar projetos de investimentos; na
a aplicação prática dos fundamentos realidade, há inúmeras outras formas, mas
aprendidos. entre as mais usuais e aceitas está a Taxa
Unindo os diversos conceitos já Interna de Retorno (TIR), que representa
demonstrados, o cálculo do Valor Presente uma taxa que iguala o VPL a zero, também
Líquido (VPL) de um fluxo de caixa permite muito útil em análises financeiras.
que projetos e cenários que contemplem Por último, nesta aula será apresentada
investimentos, prestações, prazos e taxas uma metodologia de fácil aceitação e boa
de juros diferentes possam ser comparáveis fonte de argumentos para aprovações, ou
entre si. reprovações, de projetos de investimentos,
O objetivo desta análise é poder selecionar que é o Payback, ou seja, o período no qual
um entre muitos projetos estudados, pois um investimento se paga, retornando ao
no mundo corporativo, como no resto investidor o capital inicialmente aplicado.
da economia, os recursos são limitados Essas ferramentas não encerram o
e escassos, então cabe ao executivo assunto, mas permitem analisar e estudar
financeiro avaliar qual a melhor opção de
65/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
a viabilidade de praticamente qualquer Por exemplo: uma empresa tem a opção de
projeto. A partir delas é possível, com realizar um projeto, e apenas um entre as
criatividade e conhecimento do objeto duas propostas apresentadas.
estudado, criar novas e customizadas Na primeira proposta, o investimento
metodologias para avaliação de itens inicial é de R$ 100.000, com retornos
específicos dentro de uma empresa, ou líquidos (receitas – custos operacionais) de
mesmo a expansão e criação de um novo R$ 8.000 mensais a partir do segundo mês,
empreendimento. e a expectativa de vida do projeto é de dois
anos. A segunda proposta contempla um
2. Valor Presente Líquido de um investimento inicial de R$ 151.500, que
Fluxo de Caixa apresenta retornos líquidos mensais de
R$ 15.700 a partir do décimo mês e com a
Como visto na primeira aula, o dinheiro
mesma expectativa de vida, de dois anos.
tem valor ao longo do tempo, ou seja,
Qual o melhor projeto?
receber R$ 1.000 hoje não é a mesma coisa
que receber R$ 1.000 daqui um ano. Dessa A melhor forma de solucionar esse
forma, não é possível comparar projetos problema é decompondo-o, então:
distintos sem o devido tratamento.

66/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


Projeto 1
Investimento inicial: - R$ 100.000
Receita líquida: R$ 8.000 por 23 meses
Vida do projeto: 24 meses

Projeto 2
Investimento inicial: - R$ 151.500
Receita líquida: R$ 15.700 por 15 meses
Vida do projeto: 24 meses
Em uma primeira análise, totalmente errada, poderiam ser somados os fluxos de caixa (receitas
dos fluxos menos o investimento inicial) de cada projeto, o que retorna o valor líquido de
R$ 84.000 para cada um dos dois projetos, afirmando que são idênticos.
Mas não é possível fazer essa análise, pois são valores em períodos temporais distintos.
Precisamos transportar cada um dos valores mensais para o mesmo ponto no tempo, o que
é chamado de Ponto Focal: uma data escolhida pelo executivo financeiro para que todos os
67/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
fluxos sejam transportados, para efeito de Assim, temos uma somatória de todos
comparação. Em geral, escolhe-se a data os fluxos mensais, descontados por uma
zero. determinada taxa, até o instante zero, que
A forma de fazer tal transporte é simples, é o ponto inicial do projeto.
utilizando a fórmula geral: Qual a melhor taxa de desconto para ser
utilizada? Não há uma resposta única para
VPL = essa questão, pois precisamos inserir o
conceito de Taxa Mínima de Atratividade
Onde: (TMA), que é a taxa pela qual o investidor
(neste caso, a empresa) opera, ou seja, há
n
= Total de períodos do fluxo de caixa
uma taxa tal que abaixo dela a empresa
j
= Cada intervalo individual de tempo prefere não investir, pois tem melhores
FCj = Valor do fluxo de caixa para cada opções, também conhecida como Custo de
intervalo de tempo Oportunidade.
FC0 = Valor do fluxo de caixa no É possível imaginar, para efeitos de
momento zero, que é o investimento simplificação, que uma empresa consiga
investir seu dinheiro em um banco por uma
taxa de 0,9% a.m., logo, se a operação da
68/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
empresa (sua atividade-fim) não render Então, para o exemplo acima, será
mais que 0,9% a.m., é melhor para o considerada uma TMA de 3% a.m.
acionista vender a empresa e aplicar todo Como o exemplo tem 24 meses, seria
o recurso obtido com a venda em uma necessário montar 23 fórmulas para o
operação financeira, que renderá mais do Projeto 1 e 15 fórmulas para o Projeto
que a empresa em si. Nesse caso, este é seu 2. (uma equação para cada período de
Custo de Oportunidade e 0,9% a.m. é sua tempo). Para evitar o tempo gasto em
TMA. tamanha construção, visto que são comuns
Para ampliar o modelo, é possível que a projetos com mais de 100 períodos,
empresa consiga remunerar seu próprio utilizam-se calculadoras financeiras e
capital, através de suas operações (compra planilhas eletrônicas que efetuam o cálculo
de matéria-prima, manufatura, venda e com rapidez e exatidão.
logística), a uma taxa de 3% a.m., então, Primeiro será analisada a forma de se
ainda que o banco ofereça sua melhor construir a análise dos projetos na planilha
taxa, e consiga ofertar apenas 0,9% a.m., eletrônica, e para tal, utiliza-se o Excel, da
a direção da empresa sabe que se aplicar Microsoft.
qualquer recurso em sua própria produção,
obterá 3% a.m, agora esta será sua TMA. O Excel tem uma função chamada VPL, que

69/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


auxilia e acelera o cálculo de projetos como
os do exemplo. A maneira como a fórmula
é escrita é:

=VPL(taxa;valor1;valor2;...) – (Valor do investimento)

Dessa forma, foi construída a seguinte


planilha:

Figura 3.1: Modelo de planilha VPL.

Fonte: Autor.
70/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
Note que o Projeto 1 apresenta um VPL de negativo.
R$ 27.717, enquanto o Projeto 2 apresenta Note como fica a mesma planilha,
um VPL de –R$ 7.854. analisando suas fórmulas:
Quando o cálculo de um VPL apresenta um
resultado negativo, significa que ele não
está pagando ao menos a TMA, ou seja,
nesse caso (Projeto 2), é melhor para o
investidor não realizar o projeto e investir
os recursos em sua atividade produtiva
já existente, que lhe oferece uma TMA de
3% a.m.
Mas em se tratando de análise para seleção
de projetos, o Projeto 1 nitidamente
mostrou-se superior ao Projeto 2, primeiro
porque ele apresentou o maior VPL, e isso
é o principal indicativo de vitória para
um projeto, e segundo, o Projeto 2 foi
desclassificado por apresentar um VPL
71/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
Perceba que a célula C1 está pintada em
azul e contém a TMA (3% a.m.) e o intervalo
dos fluxos de caixa está pintado em verde,
entre as células C5 e C28 (no Projeto 1)
e F5 e F28 (no Projeto 2), e no final da
fórmula é somada a célula que contém
o investimento inicial (é somada porque
está com valor negativo, pois o objetivo é
subtraí-lo).
Além do uso do Excel, também é possível
utilizar calculadoras financeiras que
tenham a função específica para o cálculo
do VPL, a mais comum no mercado, e
também presente na maioria da literatura
sobre o assunto, é a HP 12C, produzida pela
Hewlett Packard.
Figura 3.2: Estrutura da fórmula de VPL.

Fonte: Autor.
72/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
Digita-se:
1. (f) (REG) Para limpar toda a memória
preexistente.
2. 100.000 (CHS) (g) (CF0) Para inserir o
investimento como negativo.
3. 0 (g) (CFj) Para inserir o primeiro mês
com retorno zero.
4. 8.000 (g) (CFj) para inserir o retorno
Figura 3.3: HP – 12 C. do segundo mês.
Fonte: Autor. 5. 23 (g) (Nj) para inserir quantas vezes o
Por ser de origem americana, todos seus retorno se repete.
botões apresentam a notação em inglês, 6. 3 (i) para inserir a taxa de desconto.
mas é a mesma que foi vista até o presente
7. (f) (NPV) para obter o VPL do fluxo de
momento nas aulas já ministradas, o que
caixa.
facilitará o uso da calculadora.
O resultado obtido deve ser 27.717,35,
No caso do Projeto 1: igual ao obtido pelo Excel.

73/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


O Projeto 2 segue o mesmo princípio, financeiro, e todo VPL maior que zero,
apenas tomando o cuidado de inserir 9 demonstra que o projeto cria valor acima
vezes o valor zero (passo 3) antes de inserir da TMA já existente para a empresa ou
o fluxo líquido obtido. investidor.
A grande vantagem da utilização das Toda avaliação de projetos, seja
planilhas eletrônicas é a possibilidade de comparação entre cenários, avaliação
simulações e alterações das informações, de empresas ou mesmo a ampliação de
obtendo resultados instantâneos, uma vez uma linha de produção, pode (e deve) ser
que as fórmulas já estão prontas e o fluxo realizada através do VPL de seu fluxo de
está montado. caixa.
O importante da análise é que não deve Por isso, é importante montar um fluxo
nunca haver VPL negativo, se um projeto de caixa com a maior exatidão possível,
apresentar o seu VPL menor que zero, utilizando-se de pessoal técnico/
ele não deve ser realizado sob nenhuma operacional e sendo sempre conservador,
hipótese, pois estará destruindo riqueza nunca adotando as premissas mais
do investidor. Em caso de VPL exatamente positivas. Quanto mais “pessimista” o
igual a zero, investir ou não é indiferente executivo financeiro for em suas premissas,
para o investidor, do ponto de vista menor a chance de erros que possam
74/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
causar dano à estrutura da empresa. caixa líquido (entradas menos custos) e
Outro ponto importante: para uma mesma fosse calculada a taxa de desconto?
empresa não pode haver duas ou mais A resposta é que seria encontrada uma
TMAs, visto que ela é única e deve ser a taxa tal que poderia ser comparada à TMA,
mesma para todos os projetos elaborados ou seja, não haveria mais comparação de
pelo investidor. maior VPL, e sim de melhor taxa (maior ou
menor que a TMA).
A essa taxa, chama-se Taxa Interna de
3. Taxa Interna de Retorno
Retorno (TIR, ou por sua sigla em inglês,
Já foi visto como calcular o VPL de um IRR). A TIR permite que seja elaborada
determinado fluxo de caixa, o que permite a avaliação de qualquer projeto,
avaliar se um projeto é superior à TMA ou com qualquer duração e de qualquer
mesmo comparar dois ou mais projetos, investimento, sempre com foco na TMA e
e qual dentre eles oferece o maior VPL, e, sua superação (nenhuma empresa investirá
portanto, será escolhido. em um projeto que remunere seu capital a
uma taxa menor que a TMA).
Mas o que seria encontrado se fosse
assumido um VPL igual a zero, um fluxo de A grande sofisticação da TIR está em sua

75/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


facilidade de uso e na grande aceitação
=
que tem junto ao meio empresarial,

sendo uma presença constante para
Ou seja, o valor FC0 que representa o
análise de qualquer projeto, portanto,
desembolso no instante zero (geralmente
de conhecimento fundamental para o
o investimento inicial) é igual à somatória
executivo financeiro. No entanto, o cálculo
dos fluxos de caixa de cada período
manual da TIR não é trivial, requer o uso de
descontado pela taxa i.
tentativa e erro para se encontrar a taxa
procurada. Para simplificar seu cálculo, segue a forma
de calcular a TIR, através da HP-12C, para
Felizmente, calculadoras financeiras e
os exemplos utilizados anteriormente.
planilhas eletrônicas já têm uma função
que permite calcular a TIR de modo No caso do Projeto 1:
simples e rápido. Assim, será demonstrado Digita-se:
como calculá-la utilizando essas duas
ferramentas. 1. (f) (REG) Para limpar toda a memória
preexistente.
Mas sua fórmula geral é a seguinte:
2. 100.000 (CHS) (g) (CF0) Para inserir o
investimento como negativo.
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3. 0 (g) (CFj) Para inserir o primeiro empresa é de 3% a.m., a TIR de 5,26% a.m
mês com retorno zero. é bastante atrativa, o que torna o projeto
4. 8.000 (g) (CFj) para inserir o viável.
retorno do segundo mês. Para calcular a TIR do outro projeto, utiliza-
5. 23 (g) (Nj) para inserir quantas se o mesmo método, lembrando apenas de
vezes o retorno se repete. inserir o número zero nos primeiros nove
6. (f) (IRR) para obter a TIR do fluxo períodos, antes de iniciar o fluxo de caixa
de caixa. positivo de R$ 15.700.
No Excel, o cálculo apresenta os seguintes
resultados:
O resultado obtido deve ser 5,26% a.m.
Observe que, utilizando a calculadora, o
resultado demora alguns segundos para
aparecer, pois ela realiza os cálculos por
tentativa e erro. Enquanto calcula, aparece
no visor a palavra em inglês, running.
Como foi estabelecida que a TMA da

77/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


Como visto, o Projeto 1 tem a TIR de
5,26% a.m., em concordância com o
calculado pela calculadora financeira, e
o Projeto 2 tem a TIR de 2,67% a.m, que
é inferior à TMA de 3% a.m., portanto,
desclassificando o projeto.
A fórmula utilizada no Excel é
extremamente simples de ser usada:

=TIR(valores; estimativa)

Então, a planilha anterior foi construída


Figura 3.4: Modelo de planilha de TIR.
desta forma:
Fonte: Autor.

78/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


Note que para o cálculo da TIR, basta
marcar todo o fluxo de caixa e o
investimento inicial (desde a linha 3 até a
linha 27), que já compreende a estimativa
(investimento).
Pode-se perceber que os resultados
obtidos através da TIR e do VPL
apresentaram as mesmas conclusões
(viabilidade do Projeto 1 e inviabilidade do
Projeto 2).
Então, qual é o melhor método, VPL ou TIR?
Ambos são muito utilizados, mas os
executivos financeiros preferem a TIR,
pois estão mais acostumados a raciocinar
sobre uma taxa de retorno do que sobre
Figura 3.5: Estrutura da fórmula da TIR. um retorno financeiro, afinal, sabe-se que
Fonte: Autor. se TMA da empresa é 3% a.m. e um projeto

79/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


oferece 5,26% a.m., é um projeto que fará entradas do fluxo de caixa.
a empresa ganhar mais, já um projeto que
traga um retorno de R$ 23.000 não traz 4. Retorno do Investimento ou
nenhuma informação explícita, o executivo Payback
não sabe, analisando apenas esse número,
se o projeto é bom ou não. Payback, ou período de retorno do
investimento, é a técnica que fornece
Por outro lado, o VPL apresenta uma
ao investidor uma estimativa de quanto
consistência matemática superior à
tempo levará para que seu capital
TIR, sendo teoricamente mais robusto.
investido seja recuperado. Das técnicas
Isso porque a TIR supõe que todas
apresentadas nesta aula, é considerada a
as entradas do fluxo de caixa serão
menos sofisticada, pois não trata o valor
reinvestidas à mesma taxa, ou seja,
do dinheiro no tempo de forma explícita,
5,26% a.m. no exemplo acima, o que não
mas é sem dúvida a técnica mais utilizada
é necessariamente verdade, pois nem
empiricamente pelos empreendedores,
sempre haverá espaço no projeto para
que ao investir desejam saber em quanto
reinvestimentos, ao passo que o VPL
tempo terão o retorno de seu capital
trabalha sobre a TMA fornecida, sendo
alocado no projeto.
uma remuneração mais conservadora às
80/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento
A forma de utilização do Payback é simples, investimento. Assim, não realizaria um
e por isso sobrevive ao tempo. A empresa investimento que demorasse 10 ou 20 anos
decide, com base em suas operações e sua para dar retorno, como uma concessão
disponibilidade de caixa, qual o período pública.
máximo que um investimento pode tardar- O cálculo do Payback é extremamente
se em dar retorno, logo, se determinada simples, pois em sua forma original é
proposta de investimento apresenta um apenas uma soma dos fluxos positivos até
período maior que o definido, é rejeitada. que se igualem ao valor do investimento.
Geralmente em ambientes de risco, as Por exemplo: no Projeto 1, temos que
empresas mantêm um Payback baixo, o payback é de 14 meses, pois é onde
minimizando sua exposição. Por exemplo, a soma dos fluxos de caixa se iguala ao
se determinada empresa vai investir investimento. No Projeto 2, o payback
em um novo projeto em um país de alto é de 19 meses. Note que os fluxos não
risco político, onde a possibilidade de se igualam exatamente, mas os meses
nacionalização dos ativos da empresa, apresentados são os primeiros em que o
por parte do governo local, sejam reais, investimento foi pago.
ela exigirá um Payback curto, de forma
a recuperar o mais breve possível seu Como é possível perceber, o fato do

81/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


payback não levar em conta o valor do
dinheiro no tempo é algo que incomoda
os executivos financeiros, portanto, limita
muito sua utilização.
Para corrigir essa deficiência, é possível
descontar cada fluxo pela TMA da
empresa, assim é possível saber seu real
valor no instante zero, e com isso ter uma
ferramenta mais sólida.

Figura 3.6: Modelo de planilha de Payback.

Fonte: Autor.

82/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


Agora é possível notar que o payback
descontado para o Projeto 1 é de 18 meses,
contra o cálculo original de 14 meses e
o Projeto 2 não apresenta payback, ou
seja, no período de vida do projeto, ele
não se paga, visto que a soma dos fluxos
descontados no instante zero, pela TMA, é
de R$ 143.646 (conforme célula cinza) e o
investimento inicial foi de R$ 151.500.
A planilha foi construída da seguinte
forma:

Figura 3.7: Estrutura da planilha de Payback.

Fonte: Autor.

83/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


Com o cálculo do Payback descontado,
percebe-se que a decisão a ser tomada
é a mesma que foi direcionada pelo VPL
e pela TIR. Apesar da pouca sofisticação
do Payback, ele é extremamente útil para
analisar risco de investimento, pois com
dois investimentos com VPL iguais ou TIR
iguais, é preferível o de menor Payback.
Logo, a metodologia do Payback deve ser
utilizada sempre com a do VPL e/ou a da
TIR, a fim de orientar o executivo financeiro
a tomar a melhor decisão possível sobre os
investimentos a serem realizados.

84/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


?
Questão
para
reflexão
Fazendo uso de uma planilha eletrônica ou de uma calculadora financeira,
decida qual investimento deve ser realizado por uma empresa que tem um
orçamento de R$ 350.000 disponíveis para investimento em novos projetos
e TMA de 4% a.m.
Projeto 1:
»» Investimento de R$ 180.000 hoje.
»» Vida útil do projeto de 14 meses.
»» Fluxo de Caixa de R$ 25.000 mensais, a partir do primeiro mês.
Projeto 2:
»» Investimento de R$ 240.000 hoje.
»» Vida útil do projeto de 24 meses.
»» Fluxo de Caixa de R$ 20.000 mensais, a partir do primeiro mês.
Leve em conta o VPL, a TIR e o Payback descontado.
85/128
Considerações Finais

»» O dinheiro tem valor ao longo do tempo, portanto, não é possível


comparar dois valores em datas diferentes.
»» Os recursos são limitados e escassos, portanto, antes de realizar um
investimento, é necessário escolher a melhor opção.
»» Projetos com fluxos de caixa e investimentos distintos precisam ter seu
Valor Presente Líquido calculado, para poderem ser comparados.
»» A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) deve ser utilizada como taxa de
desconto para cálculo do VPL.
»» Como projetos apresentam muitos períodos, é necessária a utilização
de calculadoras financeiras ou planilhas eletrônicas para a elaboração
dos estudos.
»» Projetos com VPL negativo devem ser sumariamente excluídos da
análise.

86/128
Continuação Considerações Finais
»» Será vencedor o projeto com maior VPL, desde que todos tenham VPL
positivo.
»» A TIR é uma taxa que iguala o investimento aos Fluxos de Caixa e deve
ser comparada à TMA.
»» Todo projeto que tiver TIR maior que TMA será um bom projeto, caso
seja menor, o projeto deve ser excluído da análise.
»» Payback é o método que calcula o tempo que o investimento demora
para retornar o capital do investidor.
»» Para maior sofisticação e rigor nos cálculos, deve-se usar o método do
Payback descontado.
»» O uso simultâneo dos três métodos apresentados fornecerá robustez e
segurança para a tomada consciente de decisão.

87/128
Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Matemática Financeira e suas Aplicações. Editora Atlas, 1992.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira. Editora Atlas, 2002
PUCCINI, A. L. Matemática Financeira. Objetiva e Prática. Editora Atlas, 1993.
GITMAN, Lawrence Jeffrey. Princípios de administração financeira. Editora Pearson Education do
Brasil, 2007.
REBELATTO, Daisy. Projeto de Investimento. Editora Manole, 2004.

88/128 Unidade 3 • Retorno do Investimento


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: RETORNO DO INVESTIMENTO Aula 3 - Tema: TÉCNICAS DE ANÁLISE –


Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ PAYBACK E VPL
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
8d11fb12bbf6573f0c0ed8e8fec4459b>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
bfea6ad41a963359c6b77f15d8dbfd79>.

89/128
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: TAXA INTERNA DE RETORNO Aula 3 - Tema: CASOS ESPECIAIS


Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
e94a687100abdb068dd9d8a76535d145>. 1d/1e788fff753d4aeae05b75f2e745096d>.

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Questão 1
1. Sobre o VPL, pode-se afirmar:
a) Os melhores projetos são os que oferecem valores mais altos, projetos com valores
negativos são descartados, sem participar de nenhuma hierarquia.
b) Não é uma ferramenta robusta, a TIR oferece mais recursos que o VPL.
c) Só faz sentido utilizar o VPL para obras de construção civil, compras de equipamentos não
são bem avaliadas por VPL.
d) O VPL precisa usar a TIR como TMA, caso contrário o resultado não é confiável.
e) O cálculo do VPL só tem precisão quando a TMA é menor que zero.

91/128
Questão 2
2. Sobre a TIR, pode-se afirmar:
a) É uma ferramenta robusta, a mais precisa disponível para o gestor.
b) A TIR só pode ser calculada quando se informa a TMA em sua fórmula.
c) É uma ferramenta simples e de fácil uso, mas tem problemas em tratar os excessos ou
faltas de fluxo de caixa.
d) Só serve para análise de projetos de investimento em bens de capital.
e) A TIR é fornecida pelo Banco Central do Brasil a cada três meses, após a reunião do
COPOM.

92/128
Questão 3
3. Sobre o retorno do investimento, pode-se afirmar:
a) Não há nenhuma relação entre retorno do investimento e Payback.
b) O Payback descontado é menos robusto que o Payback simples.
c) O Payback descontado é o mesmo Payback simples, aplicando-se a TIR.
d) A diferença entre Payback simples e descontado é, exatamente, o VPL.
e) O Payback descontado é mais robusto que o Payback simples.

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Questão 4
4. Sobre as ferramentas de avaliação:
a) Nunca se deve utilizar mais que uma ferramenta, pois os resultados diversos confundirão
o tomador de decisão.
b) Não importa qual método seja utilizado, desde que a TMA seja idêntica à TIR.
c) Apesar da robustez do VPL, todas devem ser utilizadas em conjunto, com os devidos
cuidados pelos seus limitadores naturais.
d) O VPL só será utilizado quando o projeto não permitir cálculo da TIR e do Payback.
e) A TIR sempre oferece resultado, não há situação onde não exista TIR.

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Questão 5
5. O VPL e a TIR:

a) Só podem ser calculados em planilhas eletrônicas, devido à sua complexidade.


b) Têm origem na mesma ferramenta, que é o WACC.
c) Quando calculados em calculadoras manuais, há um erro estimado em 10%.
d) São ferramentas complementares, onde o VPL é mais robusto, e ambos podem ser
calculados em planilhas ou calculadoras.
e) São mutuamente excludentes, ou seja, onde é possível calcular um, o outro torna-se
impossível.

95/128
Gabarito
1. Resposta: A.

2. Resposta: C.

3. Resposta: E.

4. Resposta: C.

5. Resposta: D.

96/128
Unidade 4
Indicadores e Estrutura de Capital

Objetivos
Até o momento foram examinadas questões como o valor do dinheiro no tempo, conversão de taxas
e sistemas de amortização, assim como o investimento e seus indicadores de retorno, que compõem
o ferramental básico da gestão financeira. Nesta aula será analisada a questão do endividamento e a
estrutura de capital de uma empresa.
Qualquer empresa, sem importar seu tamanho, tem algum nível de endividamento e precisa administrá-
lo para se beneficiar ao máximo do uso de capital de terceiros, que é a origem da dívida. No entanto,
ao contrair uma dívida, a estrutura de capital da empresa se altera, pois o capital do acionista passa a
representar uma parcela menor frente ao total de recursos dentro da empresa. Esse fenômeno pode ser
muito interessante, mas também pode ser desastroso se não for um passo bem pensado e calculado.
Em geral, o administrador financeiro é visto como um profissional que trabalha sob tensão constante
e que sempre está resolvendo crises surgidas a todo momento. Essa visão não poderia ser mais errada.
Na realidade, o administrador financeiro deve ser o indivíduo que controla e garante a execução do
planejamento estratégico no nível econômico e financeiro.
Para executar suas atividades de forma satisfatória, é essencial que o executivo financeiro tenha um leque
de relatórios e indicadores que funcionam como um painel de instrumentos da empresa, onde ele é capaz
de perceber, em tempo real, qualquer desvio de rota ou perturbação à ordem definida no planejamento,
podendo assim tomar as atitudes corretivas para realinhar a empresa em seu caminho previsto.
97/128
1. Endividamento

Não importa o quanto uma empresa esteja circulante, que tem exigibilidade curta, ou
capitalizada e nem de quanto dinheiro mesmo no exigível a longo prazo, que tem
disponha em caixa, toda e qualquer vencimento em prazos superiores a um
empresa sempre terá certo nível de ano.
endividamento, essa situação é normal. O O conceito de capital de terceiros
passivo circulante é composto por compras influencia toda a estrutura de capital, mas
que serão pagas em menos de um ano, em o principal indicador desse fenômeno é
geral são compras de matérias-primas, a alavancagem financeira que a empresa
em que o fornecedor concede prazo para tem.
pagamento, empréstimos de curto prazo,
impostos a pagar e, inclusive, folha de Alavancagem é a capacidade que a
pagamento, quando os salários são pagos empresa tem para utilizar recursos de
após a virada do mês. outras entidades, buscando impulsionar
seu negócio, literalmente, alavancar
Assim, é natural que em qualquer empresa seu desempenho. Quanto maior a
exista a presença de capital de terceiros, ou alavancagem, mais dinheiro externo ela
seja, dinheiro que está dentro da empresa, tem à sua disposição e maiores deverão
sendo utilizado por ela, mas que ainda não ser seus lucros, mas com a possibilidade
foi pago. Esse valor pode estar no passivo de maior retorno, vem a certeza de maior
98/128 Unidade 4 • Indicadores e Estrutura de Capital risco.
Sendo o risco proporcional ao retorno, a alavancagem expõe a empresa às variações da
conjuntura política, à economia e inclusive às variações cambiais, em um patamar que, antes
de contar com muito capital de terceiros, ela não vivenciaria.
Para manter essa informação sempre ao alcance dos olhos, os gestores financeiros mantêm
atualizado o cálculo dos índices de endividamento, pois além de servirem para a gestão da
empresa, são analisados pelos concedentes de crédito, logo, bancos e fornecedores, antes de
liberarem recursos para a empresa, exigem conhecer os índices de endividamento, para saber
se a empresa terá capacidade de honrar os compromissos que estão sendo contratados.

2. Índice de Endividamento Geral

Este índice mede a capacidade teórica que a empresa tem em pagar suas obrigações, porém
há o viés de não considerar o acionista/sócio como credor da empresa. Mas ainda assim é um
indicador relevante, pois ele compara o ativo total com o passivo exigível total, em que se
excetua o patrimônio líquido.

99/128 Unidade 4 • Indicadores e Estrutura de Capital


A fórmula, apesar de simples, é muito útil:
Índice de endividamento geral = Passivo exigível total
Ativo total
Dessa fórmula surgirá um índice, na forma percentual, que representa quanto da empresa
é financiada por capitais de terceiros. Por exemplo, para uma empresa com as seguintes
características:

Passivo exigível total = R$ 1.349.728


Ativo total = R$ 2.948.855
Temos:
Índice de endividamento geral = 1.349.728 = 0,458 ou 45,8%
2.948.855

Isso demonstra que a empresa financia 45,8% dos seus ativos e os acionistas/sócios financiam
a diferença, ou seja, 54,2%.
100/128 Unidade 4 • Indicadores e Estrutura de Capital
Não há um valor ideal para o índice de alavancados. Inclusive, para evitar o abuso
endividamento: para uma empresa que da capacidade de alavancagem, o Banco
está em determinado setor, 45,8% pode ser Central Brasileiro limita a alavancagem
um número aceitável e que não incomoda bancária em 85%, ou seja, de todo o ativo
o gestor financeiro e tão pouco os bancos que o banco tem, 85% pode ser financiado
e fornecedores. Porém, outra empresa, com capital de terceiros, e os outros 15%
de outro setor da economia, em que se precisam ser, obrigatoriamente, pelo
valoriza mais o capital próprio que o capital capital próprio, na forma de patrimônio
de terceiros, pode achar o mesmo valor alto líquido.
demais, o que resultará em prazos mais Já em uma empresa pequena ou média,
curtos para pagamentos de fornecedores com gestão familiar, quanto menor for
e maiores taxas de juros para empréstimos sua alavancagem, melhor ela será vista
e financiamentos, uma vez que o risco é pelos bancos e fornecedores, pois todos os
percebido como elevado pelos bancos e atores da economia sabem que as finanças
fornecedores. das empresas com administração familiar
Exemplos das duas situações são bancos se confundem com as finanças pessoais
e empresas pequenas e médias de gestão de seu proprietário. Assim, quanto menos
familiar. Os bancos, tradicionalmente, são exposição à capital de terceiros, melhor sua
101/128 Unidade 4 • Indicadores e Estrutura de Capital
capacidade de assumir obrigações futuras. utilizar seu dinheiro por um período. Dessa
forma, o pagamento de juros torna-se
3. Índice de Cobertura de Juros extremamente oneroso, pois é um recurso
que sai da empresa em troca de nada, uma
Uma vez que se conhece o endividamento vez que não se adquiriu nenhuma nova
total de uma empresa e o índice que o capacidade com esse pagamento.
representa, torna-se necessário conhecer
Quando a empresa compra uma máquina
detalhes dessa dívida, pois sua constituição
à vista, desembolsou caixa, mas adquiriu
pode determinar a facilidade ou dificuldade
um novo meio de produção que aumentará
que a empresa terá para honrá-la.
o resultado financeiro da empresa, porém,
Para isso, o gestor financeiro mantém quando se paga juros, esse desembolso
atualizado o cálculo de sua capacidade não traz consigo nenhum benefício. Assim,
de pagamento de juros. Como visto nas quanto mais juros uma empresa paga, pior
aulas anteriores, juros correspondem é a aplicação que ela está dando aos seus
à remuneração do capital principal recursos, exatamente por isso calcula-se o
emprestado, de forma alguma fazendo índice de cobertura de juros.
parte do valor original, é apenas um
Este índice nada mais é que a capacidade
pagamento feito ao credor pelo direito de
da empresa gerar caixa para pagamento
102/128 Unidade 4 • Indicadores e Estrutura de Capital
dos juros e sua fórmula é expressa da seguinte maneira:

Índice de cobertura de juros = Lucro antes de juros e imposto de renda


Juros

O resultado da aplicação da fórmula fornecerá a margem de segurança existente no fluxo de


caixa para pagamento dos juros.
Uma empresa hipotética, que tenha:

Lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR) = R$ 849.245


Juros pagos = R$ 120.495
Assim temos:
Índice de cobertura de juros = 849.245 = 7,05
120.495

103/128 Unidade 4 • Indicadores e Estrutura de Capital


Neste caso, o valor do índice está parar, nesta situação não há custos
confortável, pois se o lucro for 85,8% variáveis ocorrendo.
menor que o apresentado, a empresa Porém, o pesadelo de todo gestor
ainda terá condições de arcar com os financeiro chama-se custo fixo, afinal,
pagamentos dos juros. esse é o custo que acontece com produção
alta, baixa e até sem nenhuma produção.
4. Índice de Cobertura de Paga- É exatamente o custo fixo que precisa
mentos Fixos ser diminuído ao máximo e controlado
diariamente, pois ele é capaz de consumir
Quando se analisa a estrutura de custos de
todo o lucro gerado pela operação em caso
uma empresa, é possível perceber que os
de descontrole.
custos são divididos em duas categorias:
custos fixos e custos variáveis. Os custos Exatamente pelo temor do peso do custo
variáveis só ocorrem quando a produção fixo na empresa, os gestores financeiros
inicia suas atividades: se a produção sobe, calculam periodicamente o índice de
eles sobem junto e se a produção cai, eles cobertura de pagamentos fixos, que tem a
caem na mesma proporção. Inclusive o seguinte fórmula:
raciocínio é válido para o caso da produção

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Índ. de cob. de pagtos. fixos = LAJIR
Juros + Aluguéis + Amortizações + Pgto Lucro

Onde:
LAJIR= Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda.
Juros= Juros pagos pelo uso do capital de terceiros, como bancos e fornecedores.
Aluguéis= Em caso de pagamento de aluguel do imóvel onde a empresa está.
Amortizações= Principal dos financiamentos (valor original contratado, sem juros).
Pgto Lucro= Compreende-se que a empresa precise distribuir aos sócios seu lucro.

Note que a fórmula apresentada trouxe apenas juros, aluguéis, amortizações e lucro. Muitos
custos e despesas fixas não foram mencionados, por isso é possível generalizar a fórmula da
seguinte forma.

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Índ. de cob. de pagtos. fixos = LAJIR
Juros + Custos e Despesas Fixas

Então, utilizando um exemplo numérico, temos uma empresa com a seguinte estrutura:
LAJIR = R$ 849.245
Juros = R$ 120.495
Custos/Despesas Fixas = R$ 382.846

Então:
Índice de cobertura de pagamentos fixos = 849.245 = 1,69
120.495 + 382.846

Nesse exemplo o cálculo demonstrou que o lucro é 1,60 vezes superior às despesas fixas,
proporcionando um grande conforto ao gestor financeiro para honrar seus compromissos fixos.

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5. Margem de Lucro Operacional

A atividade operacional compõe a coluna vertebral do empreendimento, ainda que os


departamentos de vendas, marketing e logística criem valor para a empresa, é a operação em si
que resume sua razão de existência.
Sendo assim, é extremamente útil conhecer a margem de lucro operacional, que demonstra o
quão eficiente a operação está sendo em gerar resultado financeiro, mas sempre lembrando
que o lucro operacional é apenas teórico, ele não está disponível para os sócios, visto que, após
seu cálculo, ainda restam as juros, impostos e distribuição de lucros para serem descontados de
seu valor.
A fórmula é muito simples, sendo expressa por:

Margem de lucro operacional = Lucro antes dos juros e imposto de renda


Receita de vendas

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Aplicando a fórmula em uma empresa:
LAJIR = R$ 849.245
Receita de vendas = R$ 2.748.829

Margem de lucro operacional = 849.245 = 0,31 ou 31%


2.748.829

Dimensionalmente, os 31% podem não ter nenhum significado sem um critério de comparação,
afinal, podem representar um grande lucro operacional para uma empresa de determinado
setor, e algo irrisório para empresas de setores mais agressivos.
A forma ideal de uso deste indicador é a autocomparação, na qual se confronta um mês contra
o mês anterior, e contra o acumulado dos últimos doze meses. Dessa forma é possível traçar
um gráfico que demonstre o crescimento ou deterioração da capacidade de criação de lucro
operacional.

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6. Estrutura e Custo de Capital de capital, que é basicamente o quanto a
empresa está pagando pelo capital que
Como já foi visto, a empresa pode usar usa; se esse valor for alto, provavelmente
duas fontes de capital: todo o lucro será destinado a cobrir a
utilização desse capital caro.
• Capital de terceiros – Empréstimos
bancários, financiamentos e créditos
de fornecedores.
7. Custo de Capital de Terceiros
• Capital próprio – Basicamente, o Anteriormente visto, o capital de terceiros
valor existente no patrimônio líquido, representa a fonte do passivo exigível em
que representa o aporte dos sócios à uma empresa sadia, esse é o capital mais
empresa. barato de que ela pode dispor.
Assim, é através do equilíbrio entre essas Porém, quanto mais capital de terceiros
duas fontes que se determina a estrutura a empresa utilizar, maior é o seu risco, e
de capital de uma empresa. A estrutura de risco alto exige o pagamento de um prêmio
capital tem consequências importantes de risco para quem fornece o dinheiro, ou
para a gestão da empresa, mas a mais seja, quanto mais a empresa se endividar,
importante é a determinação no custo maior será a taxa de juros cobrada pelos
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bancos, assim como será menor o prazo concedido pelos fornecedores. Afinal, como exposto
anteriormente, o cálculo de índices de endividamento podem ser feitos apenas com base no
Balanço Patrimonial, que é uma informação pública e aberta para toda sociedade.
De posse dos contratos de empréstimos e financiamentos, assim como eventuais contratos
de concessão de prazo por parte de fornecedores, que cobram juros por esse prazo, é possível
encontrar o custo de cada operação, uma a uma, obtendo um passivo exigível da seguinte
forma:

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Note que, no passivo circulante, o custo eventualmente podem ter realizado
dos fornecedores é 0% ao ano, ou seja, não aportes de capital, ou seja, colocado mais
há cobrança de juros pela utilização desse dinheiro particular de cada um dentro da
prazo. Já os empréstimos, seja no circulante empresa, de forma a viabilizá-la.
ou no longo prazo, sempre terão contratos Em contrapartida a fundar a empresa, os
em que se especifica quanto será a taxa sócios poderiam perfeitamente investir
cobrada pela operação. seu dinheiro em uma aplicação financeira
A coluna III expressa o custo anual de junto a qualquer banco, só não fizeram
cada linha do passivo, enquanto a linha IV isso porque planejavam que a empresa,
indica o percentual total dentro do passivo uma vez funcionando à plena capacidade,
exigível. Ao multiplicar a linha III pela IV, é rendesse mais que qualquer aplicação
possível encontrar a ponderação no custo financeira. Logo, é razoável imaginar que
total do exigível. os sócios sempre esperem que o seu capital
seja remunerado a uma taxa maior do que
8. Custo de Capital Próprio a oferecida pelos bancos, caso contrário,
podem vender a empresa e aplicar o
Os acionistas/sócios investiram dinheiro no mercado financeiro.
inicialmente na fundação da empresa,
Então, se a empresa quiser continuar
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existindo, precisa remunerar os sócios, através do seu capital no patrimônio líquido, acima
do que o mercado financeiro é capaz de remunerar. Exatamente por isso trabalha-se com a
premissa que o dinheiro dos sócios é o mais caro dentre todas as fontes disponíveis.
Para calcular o custo de capital próprio, utilizamos o CAPM (Capital Asset Pricing Model), ou
modelo de precificação de ativos, em português. O CAPM tem a seguinte fórmula:

Custo de capital próprio = RF + β x (RM - RF)


Onde:
RF = Taxa livre de risco, usualmente é utilizada a SELIC
RM = Taxa de mercado, ou seja, juros cobrados pelo mercado para a empresa
β = Comparativo de risco da empresa com o mercado

O β é calculado com base no desempenho da empresa analisada comparado com as empresas


listadas no Ibovespa, que é uma aproximação da economia real. Em geral, o β pode ser obtido
em empresas que estejam na bolsa e que sejam do mesmo ramo de negócio da empresa que

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busca conhecer seu custo de capital, ou seja, busca-se na bolsa de valores uma empresa que
atue no mesmo ramo, e uma vez selecionada, fazemos o uso de seu β.
Para adicionar um exemplo numérico:

Custo de capital próprio = 7,50% + 1,2 x (20% - 7,50%) = 22,5%


Então, 22,5% é o custo de capital próprio da empresa.

9. WACC – Custo Médio Ponderado de Capital

Uma vez conhecido o custo de capital de terceiros e o custo de capital próprio, com base na
estrutura de capital é possível encontrar o custo médio ponderado de capital, que represente o
custo de capital realmente pago pela empresa.
Tendo a empresa a seguinte estrutura de capital:

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Onde o passivo exigível representa 40% da fonte de financiamento e o capital próprio os 60%
restantes, a ponderação obedecerá a seguinte fórmula:

WACC = CCP x (% CP) + CCT x (% CT) x (1 – T)


Onde:
CCP = Custo de capital próprio
CCT = Custo de capital de terceiros
T = Alíquota do Imposto de Renda, considerando 30% para efeito de demonstração

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WACC = 22,5% x (60%) + 12% x (40%) x (1 – 30%)
WACC = 16,9%

Então, com os exemplos dados, fica demonstrado que a empresa tem 16,9% ao ano de custo
de capital, ponderado entre capital de terceiros e capital próprio. Essa taxa é de extrema
importância para negociação de novos financiamentos, inclusive solicitação de novos aportes
de capital aos sócios, pois essas operações precisam ser simuladas nos modelos apresentados e
deve ser analisado qual o impacto que causariam ao WACC da empresa.

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?
Questão
para
reflexão

Se determinada empresa aumenta seu endividamento


por conta do fato do custo de capital de terceiros ser
mais barato que o capital próprio, isso aumentará o
prêmio de risco cobrado pelo banco, fazendo com que
cada novo empréstimo tenha taxas superiores aos
primeiros. Existe a possibilidade do custo de capital de
terceiros subir tanto que ultrapasse o custo de capital
próprio?
116/128
Considerações Finais

»» Toda empresa tem dívidas, por isso é importante conhecê-las e saber


controlá-las.
»» Todo recurso que se encontra no passivo exigível é capital de terceiros.
»» O aumento ou diminuição do capital de terceiros na empresa, altera sua
estrutura de capital e sua alavancagem.
»» Alavancagem é a capacidade que a empresa tem em utilizar recursos de
outras entidades para impulsionar seu negócio.
»» O índice de endividamento geral mede a capacidade que os ativos têm
em saldar todas as dívidas da empresa, é um importante indicador para
concessão de crédito.
»» O índice de cobertura de juros mede a capacidade do lucro operacional
em pagar os juros contratados.

117/128
(continuação) Considerações Finais
»» O índice de cobertura de pagamentos fixos mede a capacidade do lucro
operacional em pagar juros e as despesas fixas.
»» A margem de lucro operacional mede o quanto da receita de vendas se
torna lucro operacional.
»» A estrutura de capital é conhecida através da ponderação entre o custo
de capital próprio e o custo de capital de terceiros.
»» O custo de capital próprio é calculado através do CAPM.
»» O WACC mostra o custo de capital ponderado da empresa, e é uma
métrica para examinar e evolução ou redução no custo de capital total.

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Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Matemática Financeira e suas Aplicações. Editora Atlas, 1992.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração Financeira. Editora Atlas, 2002.
PUCCINI, A. L. Matemática Financeira. Objetiva e Prática. Editora Atlas, 1993.
GITMAN, Lawrence Jeffrey. Princípios de administração financeira. Editora Pearson Education do
Brasil, 2007.
REBELATTO, Daisy. Projeto de Investimento. Editora Manole, 2004.

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Aula 4 - Tema: INDICADORES DE ESTRUTURA Aula 4 - Tema: ÍNDICES ECONÔMICOS


DE CAPITAL FINANCEIROS
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Questão 1
1. Quanto ao endividamento, uma empresa pode:
a) Ser capaz de não ter nenhum tipo de recursos de terceiros.
b) Procurar uma estrutura entre capital de terceiros e capital próprio, que minimize seu
WACC.
c) Solicitar uma revisão ao agente financiador do WACC aplicado em seu contrato.
d) Montar uma estrutura que tenha apenas capital de terceiros.
e) Não contabilizar as dívidas de longo prazo para melhorar seu custo de capital próprio.

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Questão 2
2. O que é alavancagem?
a) É a capacidade que a empresa tem em utilizar recursos de terceiros para impulsionar seu
negócio.
b) É uma operação ilegal, que viola a Instrução Normativa 384/10 da CVM.
c) É utilizar recursos do acionista para impulsionar a empresa.
d) É o obtido através da apuração do resultado do exercício.
e) É quando duas empresas se associam em busca de sinergias.

123/128
Questão 3
3. O que é o índice de endividamento geral?
a) É um índice fornecido pelo BNDES como teto para concessão de novos empréstimos.
b) É o índice que mede a capacidade teórica que a empresa tem em pagar suas obrigações.
c) É o índice das dívidas empresariais, calculado pelo IBGE, aglutinando as empresas pelo
setor de atuação.
d) É uma métrica divulgada pelo Banco Central do Brasil para avaliar a capacidade das
empresas contraírem mais dívidas.
e) É o indicador que a empresa calcula para saber quanto do Patrimônio Líquido será
necessário para pagar todas as dívidas que estão registradas no Ativo.

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Questão 4
4. A margem de lucro operacional mede:
a) A capacidade de endividamento de uma empresa.
b) A capacidade que a empresa tem em pagar despesas fixas.
c) A capacidade que a empresa tem em pagar apenas os juros contraídos.
d) O potencial de pagamento de Imposto de Renda.
e) O quanto a empresa é eficiente em sua operação, convertendo receita em LAJIR.

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Questão 5
5. Sobre o CAPM, é correto afirmar:
a) É útil apenas para calcular o custo de capital de terceiros.
b) Foi criado para calcular a TMA de uma operação de financiamento.
c) RF é a taxa livre de risco, que pode ser a SELIC ou o rendimento de títulos do tesouro norte-
americano.
d) É o método pelo qual a controladoria apura o Imposto de Renda.
e) Tem relação direta com o Caixa disponível no Ativo da empresa.

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Gabarito
1. Resposta: B.

2. Resposta: A.

3. Resposta: B.

4. Resposta: E.

5. Resposta: C.

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