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Anatomia do Sistema Nervoso

Sumário
Resumo de Neuroanatomia
Capítulo 1 – Introdução (3)

Capítulo 2 – Tecido Nervoso (3)


2.1 – Neurônio
2.2 – Neuroglias

Capítulo 3 – Embriologia do Sistema Nervoso (6)


3.1 – Dilatações do Tubo Neural

Capítulo 4 – Histogênese do Sistema Nervoso (8)

Capítulo 5 – Crânio (9)


5.1 – Acidentes Ósseos Externos do Crânio
5.2 – Acidentes Ósseos da Base Interna do Crânio
5.3 – Forames do Crânio
5.4 – Esquema com tópicos principais

Capítulo 6 – Coluna Vertebral (17)


6.1 – Divisão
6.2 – Características Gerais das Vértebras
6.3 – Características Específicas das Vértebras

Capítulo 7 – Medula Espinhal (20)


7.1 – Subdivisão
7.2 – Localização
7.3 – Planos de Proteção
7.4 – Estrutura Anatômica da Medula em um corte transversal

Capítulo 8 – Tronco Cerebral (23)


8.1 – Face Anterior do Tronco
8.1.1 – Bulbo
8.1.2 – Ponte
8.1.3 – Mesencéfalo
8.2 – Face Posterior do Tronco
8.2.1 – Porção fechada do Bulbo
8.2.2 – IV Ventrículo
8.2.3 – Lâmina Quadrigeminal

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Anatomia do Sistema Nervoso
Capítulo 9 – Cerebelo (29)
9.1 – Localização
9.2 – Faces Externas
9.3 – Divisões do Cerebelo
9.3.1 – Divisão Anatômica
9.3.2 – Divisão Ontogenética
9.3.3 – Divisão Filogenética

Capítulo 10 – Pares Cranianos (31)

Capítulo 11 – Diencéfalo (32)


11.1 – Divisões do Diencéfalo
11.2 – III Ventrículo
11.3 – Epitálamo
11.4 – Tálamo
11.5 – Subtálamo
11.6 – Hipotálamo

Capítulo 12 – Telencéfalo (34)


12.1 – Núcleos da Base
12.2 – Dominância Cerebral
12.3 – Córtex Cerebral
12.4 – Face Súpero-lateral (texto e esquema)
12.5 – Face Medial (texto e esquema)
12.6 – Face Inferior (texto e esquema)
12.7 – Ventrículos Encefálicos
12.8 – Plexo Coróide
12.9 – Líquor
12.10 – Meninges
12.11 – Vascularização do Encéfalo

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Anatomia do Sistema Nervoso

Capítulo 1 – Introdução
O sistema nervoso é subdividido em duas porções: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico
(SNP). O SNC é formado pelo encéfalo, localizado internamente a caixa craniana, e pela medula espinhal,
localizada internamente a coluna vertebral. O encéfalo é composto pelo cérebro, subdividido em telencéfalo e
diencéfalo, pelo cerebelo e pelo tronco cerebral, subdividido em bulbo, ponte e mesencéfalo. O SNP é composto
pelos gânglios nervosos e pelos nervos espalhados ao longo do corpo.

Capítulo 2 – Tecido Nervoso


A unidade funcional básica do sistema nervoso humano e que, portanto, forma seu parênquima, é o neurônio.
Além dos neurônios, encontramos ainda uma série de outras células cujas funções variam desde nutrição, até
sustentação do tecido nervoso, constituindo, portanto, seu estroma: são as neuroglias.

Capítulo 2.1 – Neurônio


Apresenta-se divido em 3 componentes principais: o corpo celular (pericário), que é o centro trófico celular; os
dendritos, que são prolongamentos numerosos especializados na recepção de estímulos, sejam estes vindos de
células neuroepiteliais ou de outros neurônios; e o axônio, prolongamento único especializado na condução e
transmissão do impulso nervoso para outras células.

No SNC,

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No SNC o corpo celular do neurônio, juntamente com algumas células da glia, formam o que chamamos de
substância cinzenta. Seus prolongamentos constituem a substância branca, assim denominada pois seu
revestimento, um lipídeo chamado mielina, possui cor esbranquiçada. Já no SNP, o corpo celular dos neurônios
constitui os gânglios nervosos e seus prolongamentos, as fibras nervosas periféricas (nervos).

Estrutura Nervosa Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Periférico


Corpo do neurônio Córtex e Núcleos (Subs. Cinzenta) Gânglios Nervosos
Prolongamento Protoplasmático Substância Branca Nervos

Os neurônios podem ser classificados em 4 tipos, de acordo com sua forma e com o número de prolongamentos
protoplasmáticos:

Apolar: Encontrado apenas do embrião.

Bipolar: Possui 2 prolongamentos, um dendrito e um axônio, localizados em pólos opostos das células. Está
presente na retina, mucosa olfatória e nos gânglios coclear e vestibular.

Pseudo-unipolar: Apresentam um único prolongamento, que se divide em 2. Um dirige-se para a periferia


e outro para o sistema nervoso central. Encontrados nos gânglios espinhais e sensitivos dos pares cranianos, com
exceção do 1º PC, 2º PC e 8º PC.

Multipolar: Apresentam um grande número de dendritos. Localizados no córtex cerebral, tronco cerebral e
na medula espinal.

Os neurônios podem ainda ser classificados de acordo com sua funcionalidade em:

Neurônios Motores: Controlam as glândulas exócrinas, glândulas endócrinas e as fibras musculares.

Neurônios Sensitivos: São encarregados da transmissão do impulso do meio ambiente para o SNC.

Interneurônios: São encontrados somente no SNC, tendo por função conexão entre neurônios, deixando
os circuitos nervosos mais complexos.
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Capitulo 2.2 – Neuroglias


No grupo das neuroglias ou simplesmente glias, incluem-se vários tipos de células encontradas no Sistema
Nervoso ao lado dos neurônios. Essas células apresentam funções de sustentação, nutrição e tantas outras
essenciais para a vida dos neurônios, e dividem-se nos seguintes tipos:

Oligodendrócitos e Células de Schwann: Ambas as células possuem a função de produzir mielina, que através
da bainha que forma ao redor dos prolongamentos protoplasmáticos dos neurônios, possibilita uma condução
saltatória de informações, que é mais acelerada que a contínua, além de conferir proteção à célula. É importante
lembrar que fibras revestidas com mielina geralmente carregam informações importantes e vitais, tais como
movimentos, localização dos membros. Fibras sem mielinização carregam informações como a dor, que, embora
seja importante, não tem uma urgência de ser processada. Os oligodendrócitos, contudo, produzem mielina
somente no SNC e numa proporção de 1: 20-60 neurônios. As células de Schwann produzem mielina no SNP, e
numa proporção de 1: 1 neurônio.

Astrócitos: Dentre suas diversas funções os astrócitos “ligam-se” a pequenos vasos e transportam nutrientes
para os neurônios. Por isso exercem uma função trófica.

Células Ependimárias: São células epiteliais colunares que revestem os ventrículos encefálicos e o canal central
da medula. Em alguns locais são ciliadas, facilitando o movimento do líquido cefalorraquidiano. As células
ependimárias juntamente com a pia-máter formarão a tela coróide, cujas invaginações formarão o plexo coróide
que produz o líquor.

Microglia: São células fagocitárias originadas do mesênquima que participam de processos de inflamação e
reparação do SNC, desempenhando papel de defesa.

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Capítulo 3 – Embriologia do Sistema Nervoso


O sistema nervoso, com o intuito de manter relação com o meio ambiente, originou-se do folheto embrionário
mais externo, o ectoderma. Seu processo de formação é conhecido por neurulação e está completo a nível do 26º
dia de gestação.

Primeiramente ocorre um espessamento do ectoderma e subseqüentemente a formação da placa neural ou


neuroectoderma no local. A placa neural então passará a sofrer em sua região média um pequeno
aprofundamento conhecido por sulco neural. O aprofundamento do sulco neural dará origem à goteira neural, e a
fusão dos lábios dessa goteira formará o tubo neural. Simultaneamente ao fechamento do tubo neural, células
ectodérmicas migram para a região dorsal do tubo, formado a crista neural.

O fechamento dos lábios do tubo neural é um processo que começa em seu centro e migra para as extremidades.
Os pontos de fechamento tardio são denominados neuróporos, sendo um cranial e outro caudal. O término do
fechamento do tubo neural consiste no fim do período de neurulação.

É importante ressaltar que qualquer erro que ocorra no processo de fechamento do tubo neural traz graves
conseqüências ao feto, tais como mielocele e meningomielocele. Muitas vezes esses problemas podem ser
evitados com o acréscimo de vitamina B12 a dieta materna, pois essa vitamina facilita o processo de “costura” do
tubo neural e conseqüente término da neurulação.

1
• Ectoderma

• Placa Neural
ESQUEMA

3
• Sulco Neural

4
• Goteira Neural

5
• Tubo Neural

6
• Crista Neural

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O tubo neural dará então origem ao Sistema Nervoso Central, enquanto a crista neural dará origem ao
sistema nervoso periférico.

Tubo Neural Crista Neural


 Encéfalo  Sistema Nervoso Periférico
 Medula Espinhal  Células de Schwann
 Retina  Melanócitos
 Glândula pineal (epífise)  Medula da supra-renal
 Neurohipófise  Células “C” da tireóide

Capítulo 3.1 – Dilatações do Tubo Neural


Com o tempo, o tubo neural começará a sofrer uma dilatação superior e ventral denominada encéfalo
primitivo ou arquencéfalo. Continuamente a essa dilatação encontraremos a medula espinhal primitiva.
O arquencéfalo começará então a apresentar sulcos que o delimitarão em três vesículas encefálicas: o
Prosencéfalo, o Metencéfalo e o Rombencéfalo, em ordem do mais cranial e anterior para o mais
caudal e posterior. Após formadas, o tempo de duração dessas vesículas é bastante curto, pois elas
começarão a subdividir-se, formando 5 outras vesículas.

O prosencéfalo originará o telencéfalo, mais cranial e que possuirá duas evaginações laterais e o
diencéfalo, mais caudal. Abaixo do diencéfalo, o mesencéfalo permanecerá intacto. Ocorrerá então a
divisão do rombencéfalo em metencéfalo, mais cranial, e o mielencéfalo, mais caudal.

Juntamente, telencéfalo e diencéfalo formarão o cérebro. O mesencéfalo originará a estrutura de


mesmo nome. Quanto aos derivados do rombencéfalo, o metencéfalo dará origem à ponte e ao
cerebelo, enquanto o mielencéfalo dará origem ao bulbo.

Tubo Neural

Prosencéfalo Mesencéfalo Rombencéfalo

Telencéfalo Mesencéfalo Metencéfalo Mielencéfalo

Diencéfalo Ponte Bulbo

Cerebelo

A partir da cavidade do tubo neural A

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A partir da cavidade do tubo neural originar-se-ão no adulto, a nível de telecéfalo os ventrículos laterais
(I e II), no diencéfalo o III ventrículo, no mesencéfalo o aqueduto mesencefálico de Sylvius e a partir do
metencéfalo e rombencéfalo o IV ventrículo. Na medula espinal teremos o canal ependimário, também
chamado de canal central da medula.
Derivado no Adulto Nervos Cranianos e
Fase das 3 vesículas Fase das 5 Vesículas
Espinhais
Arquencéfalo

Estrutura Cavidades
Telencéfalo Ventrículos Laterais 1º PC
Prosencéfalo Cérebro
Diencéfalo III Ventrículo 2º PC
Tubo Neural

Mesencéfalo Mesencéfalo Mesencéfalo Aqueduto Cerebral 3º e 4º PC


Metencéfalo Cerebelo e Ponte 5º, 6º, 7º e 8º PC
Rombencéfalo IV Ventrículo
Mielencéfalo Bulbo 9º, 10º, 11º e 12º
Medula

O tubo neural nessa região Canal Ependimário ou 31 Pares de Nervos


Medula Primitiva Medula Espinhal
permanece cilíndrico e indiferenciado Canal Central da Medula Espinhais

O Tubo neural, apresenta durante seu desenvolvimento 6 placas ou lâminas em sua parede:

Lâmina do Teto (Dorsal)  Originará o epêndima e o plexo coróide.


Lâmina do Assoalho (Ventral) Forma o sulco mediano do assoalho do IV ventrículo.
Lâminas Alares (Dorso-laterais)  Dão origem aos neurônios sensitivos (aferentes).
Lâminas Basais (Ventro-laterais)  Dão origem aos neurônios motores (eferentes).

No ponto de união das placas laterais ventral e dorsal encontra-se o sulco limitante, que delimita uma
porção sensitiva (alar) e motora (basal).

Capítulo 4 – Histogênese do Sistema Nervoso


A parede do tubo neural inicialmente é composta por um neuroepitélio espesso. Com o tempo esse
neuroepitélio começará a se diferenciar, originando células que podem ser classificadas em:
Células de multiplicação: Localizadas na porção interna, apresentam capacidade de divisão;
Células não multiplicáveis: Localizadas na região externa, não apresentam capacidade de divisão, sendo
empurradas para o exterior quando novas células forem formadas na porção profunda;
Na quinta semana de desenvolvimento embrionário o tubo neural passara a possuir três camadas:
Camada ependimária: Formada por células neuroepiteliais, em divisão ou não.
Camada do manto ou intermediária: São células derivadas da camada ependimária que se deslocam para o
exterior.
Camada externa ou marginal: Formada por prolongamentos protoplasmáticos de neurônios localizados no
manto.
A camada ependimária originará três grupos de células:
Neuroblastos: Darão origem aos neurônios. São os principais constituintes da camada do manto.
Glioblastos: Darão origem as macroglias, cujos representantes são os astrócitos e os oligodendrócitos. Os
glioblastos migrarão para a camada do manto e para a zona marginal.
Células ependimárias: Originarão o epêndima, que reveste as camadas encefálicas, e o plexo coróide, que
produz o líquor (líquido cefalorraquidiano).
A camada do manto apenas aloja os neuroblastos e os glioblastos e a zona marginal constitui a substância
branca.
O mesênquima, que é o envoltório externo do tubo neural origina as microglias e as meninges.
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Capítulo 5 – Crânio
O Crânio é uma estrutura formada por ossos chatos e irregulares, que guarda no seu interior o encéfalo.
Juntamente com a coluna vertebral (que aloja a medula espinhal), o esterno e as costelas, ele forma o esqueleto
axial, que é o eixo de nosso corpo.

O crânio é subdividido em duas porções: uma inferior, chamada de esplancnocrânio ou crânio visceral, que
proporciona sustentação as vísceras faciais, e uma superior, chamada de neurocrânio ou crânio neural, que aloja
no seu interior a porção encefálica do SNC.

As duas porções do crânio são separadas por uma linha imaginária, que sai da glabela (região do osso frontal
superior ao osso nasal) e vai até a protuberância occipital externa. Essa linha é denominada násion-ínion, sendo o
násion considerado a glabela e o ínion, o
centro da protuberância occipital externa.
Tudo acima dessa linha é neurocrânio e tudo
abaixo esplancnocrânio.

Para a neuroanatomia o estudo no


esplancnocrânio não é tão relevante, logo
passemos para a descrição do neurocrânio.
Ele é dividido em duas porções: a primeira,
mais superior, é denominada calota
craniana, também chamada de abóbada ou
calvária e a segunda, mais inferior,
denominada base do crânio.

Capítulo 5.1 – Calota Craniana


É uma porção do neurocrânio de forma ovóide que possui uma concavidade interna e uma convexidade externa.
É formada por sete ossos assim dispostos: 1 frontal (anteriormente), 2 parietais (lateralmente), 2 temporais
(lateralmente), 1 esfenoidal (asas maiores) (lateralmente) e 1 occipital (posteriormente).

Os ossos da calota craniana são formadas por três Os

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Os ossos da calota craniana são formadas por três camadas distintas:

Cortical externa: É a camada mais externa formada por uma lâmina de osso compacto;
Díploe: É a camada intermediária formada por osso esponjoso que tem como conteúdo um lago vascular venoso;
Cortical interna: É a camada mais interna, constituída por osso compacto, porém muito mais fina que a cortical
externa.

Suturas e estruturas relacionadas


Na superfície externa da calota craniana podem ser vistas suturas que identificam pontos de fusão dos ossos que
a compõem:

Sutura sagital: Une os dois ossos parietais no plano sagital mediano;


Sutura coronal: Disposta no plano coronal, une os ossos parietais ao frontal;
Sutura lambdóide: Une os dois ossos parietais ao osso occipital. Continua-se inferiormente como sutura
temporociptal;
Sutura metópica: Rara, presente apenas em algumas pessoas, corresponde a região de junção das duas matrizes
ósseas do osso frontal;
Sutura parietotemporal (escamosa): Localizada na região lateral da abóboda, une o osso parietal ao temporal;
Sutura esfenotemporal: É formada pela junção da sutura escamosa com o osso esfenóide.

Bregma: Localizado anteriormente no ponto de união da sutura sagital com a coronal;


Lambda: Localizado posteriormente, no ponto de união da sutura sagital com a lambdóide;
Forames Parietais: Aberturas vasculares no osso parietal que dão passagem as veias emissárias parietais, que
drenam sangue do escalpo para o seio sagital superior.

OBS: É importante lembrar que ao nascerem, as crianças ainda não apresentam seu processo de ossificação
completo. No caso do crânio esses ossos ainda encontram-se bastante separados, sendo o espaço preenchido
entre eles por tecido conjuntivo. Assim, nestes pontos de junção formam-se áreas bastantes instáveis conhecidas
como fontanelas, vulgarmente chamadas de moleiras.
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Em se tratando da visão interna da calota craniana, podemos
visualizar:

Sulcos vasculares: São impressões formadas pelos vasos


meníngeos, especialmente pelos ramos da artéria meníngea
média, principal estrutura de irrigação das meninges;
Sulco sagital: Aloja o seio sagital superior in vivo, estando situado
no plano mediano;
Fóveas granulares: São depressões que abrigam as granulações
da aracnóide.

Capítulo 5.2 – Base do Crânio


O estudo da base do crânio inicia-se pela descrição de seus ossos:

Osso Etmóide: Participa da formação óssea do septo nasal. Seus acidentes mais expressivos são: a Crista Galli
localizada na fossa anterior do crânio e os forames da lâmina cribiforme ou crivosa pelos quais passam os ramos
do primeiro par craniano, o nervo olfatório.

Osso Esfenóide: É um osso ímpar composto por quatro partes:


 Corpo: Localizado medialmente, tem em sua face superior a cela túrcica, que abriga a glândula hipófise;
 Asas menores: Formam parte do assoalho da fossa anterior do crânio. Ainda participam do limite entre a
fossa anterior e a média do crânio;
 Asas maiores: Fazem parte do assoalho da fossa média do crânio. Juntamente com a asa menor formam a
fissura orbital superior;
 Processos Pterigóideos: Visualizados apenas na face inferior da base do crânio, são compostos por uma
lâmina pterigóidea lateral e medial separadas entre si pela fossa pterigóidea.

Osso Temporal: Anatomicamente dividido em seis porções:


 Porção escamosa: É uma fina lâmina óssea disposta verticalmente na calota craniana, logo abaixo da sutura
escamosa;
 Porção zigomática: O processo zigomático estende-se a partir da porção escamosa para se articular com o
processo temporal do osso zigomático;
 Porção timpânica: Forma parte do meato acústico externo;
 Processo estilóide: É uma pequena projeção óssea que se estende no sentido ântero-inferior;
 Processo mastóide: É um segmento pneumático do osso temporal que estende-se em sentido ântero-inferior;
 Porção petrosa: Vista apenas na face interna do crânio, possui uma cavidade que forma o conduto auditivo
externo, o ouvido médio, o canal carotídeo, entre outras estruturas.

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Osso Occipital: É constituído por três partes:
 Porção condilar: Forma a parede lateral do osso occipital e possui os côndilos occipitais, que são duas grandes
protuberâncias que se articulam com a primeira vértebra cervical (atlas);
 Porção basilar: É uma lamina óssea inclinada ântero-superiormente também denomina de rampa basilar ou
clivos;
 Porção escamosa: Forma o assoalho da fossa parietal da calota craniana. Encontramos ali a protuberância
occipital interna e externa, crista occipital interna e externa, entre outros acidentes.

OBS: Acima, figura mostrando os principais acidentes ósseos da base interna do crânio, distribuídos em seus
respectivos andares.Texto sobre os andares cranianos a seguir.

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Andar Anterior
Também chamado de fossa frontal, é a andar mais anterior e raso. Apresenta-se composto pelo osso frontal,
etmóide e esfenóide.

Limite:
 Anterior: Superfície interna do osso frontal;
 Póstero-medial: Limbo esfenoidal;
 Póstero-lateralmente: Asa menor do esfenóide;
 Assoalho: Osso frontal, lâmina crivosa e crista Galli (etmóide) e asa menor (esfenóide).

Conteúdo:
 Lobo frontal do cérebro.

Principais Acidentes:
 Crista Galli;
 Lâmina Crivosa (com seus forames);
 Forame Cego.

Andar Médio
Também chamado de Fossa Temporal, lembra a forma de uma borboleta em uma visão superior. Seus ossos são o
esfenóide e o temporal.

Limite:
 Ântero-medial: Limbo esfenoidal;
 Ântero-lateral: Asa menor do esfenóide;
 Póstero-medial: Dorso da sela túrsica;
 Póstero-lateral: Crista petrosa do osso temporal;
 Assoalho: Esfenóide e temporal.

Conteúdo:
 Lobos temporais do encéfalo e a glândula hipófise.

Principais Acidentes:
 Sela túrsica, limbo esfenoidal, fossa hipofisiária, tubérculo da sela e dorso da sela;
 Processos Clinóides Anterior e Posterior;
 Canal Óptico, sulco óptico, fissura orbital superior, forame redondo, forame espinhoso, forame redondo e
lacerado;

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Andar Posterior
Também chamado de Fossa Cerebelar, é a maior e mais posterior das fossas cranianas. É constituída por três
ossos: o occipital, o temporal e o esfenóide.
Limite:
 Ântero-medial: Dorso da sela túrsica;
 Ântero-lateral: Crista petrosa do osso temporal;
 Posterior: Osso occipital;
 Assoalho: Osso temporal e occipital;.

Conteúdo:
 Lobo occipital, cerebelo e tronco encefálico.

Principais Acidentes:
 Forame magno, meato acústico interno, forame jugular, canal do hipoglosso;
 Côndilos Occipitais;
 Clivus;
 Protuberância occipital interna;
 Fossa Cerebelar

Porções do Osso Temporal


Face Inferior do crânio

Crânio de um recém nascido


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Capítulo 5.3 – Forames do Crânio

Forame cego: Veia emissária para o seio sagital superior.


ANTERIOR

Forame etmoidal anterior: Artéria, veia e nervo etmoidais anteriores.


Forame etmoidal posterior: Artéria, veia e nervo etmoidais posteriores.

Forames da lâmina cribriforme: Filamentos do nervo olfatório (I PC).

Canal óptico: Nervo óptico (II PC) e Artéria oftálmica.

Fissura orbital superior (fissura esfenoidal): Nervo oculomotor (III PC), Nervo Troclear (IV PC),
Nervo oftálmico (V1 PC), Nervo abducente (VI PC) e Veia oftálmica superior.

Forame redondo: Nervo maxilar (V2 PC).


MEDIAL

Forame oval: Nervo mandibular (V3 PC) e Artéria Meníngea Acessória.

Forame espinhoso: Artéria e veia meníngeas médias.

Forame lacerado: Nervo petroso maior e artéria carótida interna.

Canal carotídeo: Artéria carótida interna e Plexo carótico interno.

Meato acústico interno: Nervo facial (VII PC), Nervo vestíbulo coclear (VIII PC) e Artéria labiríntica.

Forame mastóideo: Veia Emissária.


POSTERIOR

Forame jugular: Nervo glossofaríngeo (IX PC), Nervo vago (X PC), Nervo acessório (XI PC),
Seio sigmóide, Seio petroso inferior e Artéria meníngea posterior.

Canal do nervo hipoglosso: Nervo hipoglosso (XII PC).

Forame magno: Bulbo, meninges, artérias vertebrais, Raízes espinais do nervo


acessório e medula.

OBS: O nervo facial apenas passa pelo meato acústico interno. Sua exteriorização se dá pelo forame
estilomastóideo.

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Capítulo 5.4 – Esquema com Tópicos Principais

1
Forames da Lâmina Crivosa
N. Olfatório (I PC)

3
2
Canal Óptico
Fissura Orbital Superior
N. Oculomotor (III PC)
N. Troclear (IV PC)
N. Óptico (II PC) N. Oftálmico (V1 PC)
Artéria Oftálmica N. Abducente (VI PC)
Veia Oftálmica

4
Forame Redondo 5
N. Maxilar (V2 PC) Forame Oval
7
Forame Lacerado
N. Mandibular (V3 PC)

Artéria Carótida Interna 6


Forame Espinhoso
10
Canal do Hipoglosso
Artéria Meníngea Média

N. Hipoglosso (XII PC) 8


Meato Acústico Interno
11
Forame Magno
N. Facial (VII PC)
N. Vestíbulococlear
Bulbo Artéria labiríntica
Medula
Artérias vertebrais 9
Forame Jugular
Meninges N. Glossofaríngeo (IX PC)
N. Vago (X PC)
N. Acessório (XI PC)
Seio Sigmóide

LEMBRETE: O nervo facial apenas passa pelo meato acústico interno. Ele se exterioriza pelo forame
estilomastóideo. O nervo vestíbulococlear apenas passa pelo meato acústico interno. Ele não se exterioriza do
crânio.

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Capítulo 6 – Coluna Vertebral


A Coluna vertebral, juntamente com o crânio, esterno e costelas forma o esqueleto
axial, como já tratado anteriormente. Logo, uma de suas principais funções é nos
conferir estabilidade. Ela consiste em um conjunto de 33 peças ósseas denominadas
vértebras, nove delas fusionadas, não tendo, portanto, mobilidade. Muitas vértebras
possuem entre si discos de fibrocartilagens denominados discos intervertebrais e são
fixadas umas as outras através de ligamentos dispostos ao longo das juntas
vertebrais.

Capítulo 6.1 – Divisão


A coluna Vertebral apresenta-se dividida em cinco porções, de acordo com sua
localização:

 Região Cervical: 7 Vértebras;


 Região Torácica: 12 Vértebras;
 Região Lombar: 5 Vértebras;
 Região Sacral: 5 Vértebras (fundidas);
 Região Coccígea: 4 Vértebras (fundidas).

Capítulo 6.2 – Características Gerais das Vértebras


As vértebras possuem características específicas de acordo com a região em que estão. Porém algumas
características são compartilhadas por grande parte delas. Seguem as principais:

 Forame Vertebral: É um forame de forma oval localizado internamente à vértebra. Quando uma vértebra é
sobreposta à outra, esse forame torna-se um canal, o canal vertebral, por onde passa a medula espinhal;
 Corpo Vertebral: É encontrado anteriormente ao forame vertebral. Tem forma cilindróide e possui suas faces
cranial e caudal planas;
 Arco Vertebral: É encontrado posteriormente ao forame vertebral. Constitui-se de um par de Pedículos e um
par de Lâminas;
 Forame Intervertebral: É formado quando duas vértebras são sobrepostas, juntando as incisuras presentes
nos pedículos. Através desse forame passa o feixe vásculo-nervoso espinhal;
 Processo Espinhoso: É formado pela união das duas lâminas do arco vertebral, prolongando-se
posteriormente, na forma de um espinho;
 Processo Transverso: Surge da união do pedículo com a lâmina;
 Processo Articular Superior e Inferior: Surgem da mesma forma do processo transverso, e apresentam faces
articulares que permitem a articulação óssea entre uma vértebra e outra.

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Anatomia do Sistema Nervoso
Capítulo 6.3 – Características Específicas das Vértebras

Região Cervical
São as vértebras relacionadas com o pescoço, identificadas pela letra “C” e seguidas pelo número 1 a 7. A
primeira vértebra cervical, C1, recebe um nome especial: Atlas, bem como a segunda vértebra, C2, que recebe o
nome de Axis. Tanto C1 quanto C2 diferem entre si, dentre as vértebras cervicais e dentre todas as demais
vértebras.

Atlas: Não apresenta corpo, sendo constituída por duas massas laterais interligadas por um arco vertebral
anterior e posterior. No arco anterior, encontra-se uma pequena fóvea articular para o dente da Axis. A face
articular superior de C1 articula-se com os côndilos do osso occipital do crânio.

Axis: Apresenta um pequeno corpo, em cuja superfície superior projeta-se o dente da Axis (processo odontóide),
que se articula com a Atlas.

Quanto à estrutura das vértebras cervicais em geral, pode-se dizer que seu corpo é bastante pequeno,
comparado ao das outras vértebras, devido ao fato de não precisar suportar tanto peso. Possui um forame
transverso em seu processo transverso em que passa a artéria vertebral, fundamental na vascularização do
encéfalo e da medula espinhal. Seu processo espinhoso é bífido, curto e horizontalizado.

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Região Torácica
É a região relacionada com o tórax. Apresenta 12 vértebras, identificadas pela letra “T” seguida pelo número 1 a
12. Como característica peculiar, essas vértebras apresentam facetas articulares para as costelas na face lateral
do corpo vertebral e na face posterior do processo transverso. Seu corpo é maior que o das cervicais e seu
processo transverso, longo, pontiagudo e voltado em direção ínfero-posterior.

Região Lombar
Relacionada com o abdome, a região lombar é constituída por cinco vértebras, identificadas pela letra “L” e
seguidas pelo número 1 a 5. Como características especiais, as vértebras lombares apresentam estrutura robusta
e corpo vertebral bastante grande, em decorrência do peso que têm que suportar. Apresentam ainda três
processos, o costal, o mamilar e o acessório. Seu processo espinhoso é robusto, curto e em forma de “machado”.

Região Sacral
É constituída por cinco vértebras fundidas que formam uma pirâmide ao inverso. As duas faces laterais dessa
pirâmide articulam-se com o osso do quadril, sendo denominadas partes laterais. Sua face anterior é lisa e
côncava, enquanto a posterior é rugosa e convexa. Essa rugosidade dá-se pela presença de três cristas: uma
mediana, uma intermédia e uma lateral, resultantes respectivamente da união dos processos espinhosos,
articulares e transversos das vértebras fundidas. Inferiormente, a articulação com o cóccix é realizada pelos
cornos sacrais. Súpero-anteriormente encontramos o promontório.

Cóccix Constitui-se da fusão de 2 a 4 vértebras e articula-se com o sacro através dos cornos sacrais.
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Capítulo 7 – Medula Espinhal


A medula espinhal é um tubo cilindróide, de aproximadamente 45 cm, achatada
no sentido ântero-posterior, contida internamente à coluna vertebral. Ela possui
diâmetro uniforme ao longo de toda a sua extensão, exceto em sua porção
cervical e lombosacra, que formam os Intumescimentos cranial e caudal,
respectivamente. Existe ainda, uma diminuição gradativa do tecido nervoso na
medida em que se dirige inferiormente na medula, sendo chamada essa
diminuição de cone medular.

Ela faz parte, juntamente com o encéfalo, do SNC e é responsável pela recepção
de estímulos sensitivos vindos de meios externos e transmissão do impulso
motor. Possui substância cinzenta internamente e substância branca
externamente.

Até o quarto mês de vida, a coluna vertebral e a medula espinhal apresentam


ritmo de crescimento semelhante. Após esse período, a coluna passa a ter um
crescimento maior que o da medula. Isso acarreta com que os nervos espinhais
não saiam mais horizontalizados no forame intervertebral de sua respectiva
vértebra (com exceção das cervicais), e também com que haja a formação da
cauda eqüina, um feixe de nervos espinhais que se estende após o término da
medula (L2).

Capítulo 7.1 – Subdivisão


A medula espinhal é divida em quatro porções (cervical, torácica, lombar e sacral), cada uma dando origem a
nervos espinhais que se apresentam em mesma quantidade que o número de vertebrais de mesmo nome (ex: são
12 vértebras torácicas, logo são doze pares de nervos espinhais torácicos). A única exceção é a porção cervical da
medula, que embora possua apenas sete vértebras, apresenta oito feixes nervosos. Isso deve-se ao fato de que a
coluna vertebral articula-se com os côndilos occipitais, sendo ali mais um espaço para que saia um nervo espinhal.

Esses nervos espinhais formarão plexos, que inervarão a musculatura (esquelética e lisa) do tronco, membro
superior e inferior:

 Plexo Cérvico-braquial - C1 a T1;


 Nervos Intercostais Torácicos - T1 (ramo menor) a T6;
 Nervos intercostais tóraco-abdominais - T7 a T11;
 Nervo Subcostal Abdominal - T12;
 Plexo Lombo-sacral - L1 a S4 (ramo superior);
 Plexo Coccígeo - S4 a C1.

Capítulo 7.2 – Localização


A Medula espinhal delimita-se superiormente com o bulbo (medula oblongata) através do forame magno, e
termina inferiormente a nível da segunda vértebra lombar (L2), encontrando-se abaixo disso apenas os nervos da
cauda eqüina.

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Capítulo 7.3 – Planos de Proteção
A medula espinhal, por ser um órgão tão sensível e de tanta importância encontra-se protegida por uma série de
estruturas que a isolam de agentes químicos, microorganismos infecciosos, e traumas físicos variados. Do mais
externo para o mais interno, esses planos são:

 Plano Muscular: Formada pelos músculos pertencentes às massas pré-vertebrais, para-vertebrais e da goteira
neural;
 Plano Ósseo-ligamentar: É representado pelas vértebras, pelos discos intervertebrais, localizados entre elas,
e pelos ligamentos vertebrais.
 Plano Adiposo: Fixa a medula espinhal dentro do forame vertebral, não deixando espaços que possam
provocar traumatismos na mesma. Está localizado entre o periósteo interno da coluna e a meninge mais
externa, a dura-máter, sendo esse espaço conhecido por epidural.
 Plano Meníngeo: É formado pelas três meninges que revestem nosso SNC. A mais externa é a dura-máter,
seguida pela aracnóide e por fim pela pia-máter. O espaço localizado entre a dura-máter e a aracnóide
(subdural) é virtual enquanto o espaço entre a aracnóide e a pia-máter (sub-aracnóideo) é real, contendo
mais um fator de proteção da medula, o líquor – líquido céfalo-raquidiano.

Capítulo 7.4 – Estrutura Anatômica da medula em um corte transversal


Em um corte transversal da medula espinhal podemos encontrar ao longo de sua superfície, uma série de
acidentes que incluem sulcos, fissuras e septos.

Inicialmente encontramos, em uma linha mediana, anteriormente a fissura mediana anterior, e posteriormente o
sulco mediano posterior, que se prolonga até a substância cinzenta através do septo mediano posterior.

Lateralemnte encontramos então dois pares

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Lateralmente encontramos dois pares de sulcos, da onde se originam as raízes nervos espinhais. Do sulco
colateral anterior origina-se a raiz motora do nervo espinhal; do sulco colateral posterior, origina-se a raiz
sensitiva do nervo espinhal.

Os sulcos presentes na substância branca mediana delimitam áreas denominadas funículos. Sendo assim temos:

 Funículo Anterior: Localizado entre a Fissura Mediana Anterior e o Sulco Colateral Anterior;
 Funículo Lateral: Localizado entre o Sulco Colateral Anterior e o Sulco Colateral Posterior;
 Funículo Posterior: Localizado entre o Sulco Mediano Posterior e o Sulco Colateral Posterior;

Na medula cervical, o funículo posterior é dividido em duas porções


(fascículos) por um sulco, denominado Sulco Intermédio Posterior.
Ambos os fascículos continuam-se na medula oblongata (bulbo),
mantendo seus respectivos nomes

 Fascículo Grácil ou de Goll: É o mais medial;


 Fascículo Cuneiforme ou de Burdach: É o mais lateral.

Quanto a substância cinzenta raquidiana, apresenta-se na forma de “H”, o H Medular. Nele podem ser
diferenciadas uma coluna anterior e uma coluna posterior, delimitadas por uma comissura intermediária. No
centro da substância cinzenta encontra-se o canal ependimário, por onde circula líquor.

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Capítulo 8 – Tronco Cerebral


Conceito
O tronco cerebral é uma estrutura pertencente ao sistema nervoso segmentar, que possui substância branca
externamente e substância cinzenta internamente e que comunica a medula espinhal ao cérebro. Ele ainda serve
como a sede de 10 núcleos de pares cranianos.

Divisão
É subdividido em três andares: o inferior ou bulbo, o médio ou ponte e o superior ou mesencéfalo.

Origem Embriológica
O tronco encefálico é derivado das vesículas encefálicas mais caudais. Assim temos que:

 A vesícula mesencefálica forma o mesencéfalo;


 A vesícula metencefálica forma a ponte;
 A vesícula mielecefálica forma o bulbo.

Localização
Localiza-se na fossa craniana posterior, interposto ao cérebro e a medula espinhal.

Limites
É delimitado através de 3 planos:

 Plano Superior: Plano horizontal que passa pelos corpos mamilares e vai até a comissura posterior. Separa o
tronco do diencéfalo;
 Plano Lateral: É definido como a origem aparente do nervo trigêmeo (V PC);
 Plano Inferior: Separa o tronco da medula espinhal, estando localizado a nível do forame magno.

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Capítulo 8.1 – Face Anterior do Tronco Cerebral


8.1.1 - Bulbo
Delimitação
 Limite Inferior: Forame Magno. Faz limite com a medula espinhal.
 Limite Superior: Sulco Bulbopontino (visível apenas anteriormente). Faz limite com a ponte.

Face Anterior
O bulbo apresenta em sua face anterior 3 depressões:

 Fissura Mediana Anterior, continuação da fissura mediana anterior da medula espinhal;


 Sulco Pré-olivar ou Colateral Anterior, continuação do sulco ântero-lateral da medula espinhal;
 Sulco Pós-olivar ou Colateral Posterior, continuação do sulco póstero-lateral da medula espinhal;

Entre essas depressões formam-se duas áreas bulbares:

 Área Bulbar Anterior: Localizada entre a fissura Mediana anterior e o sulco pré-olivar. Na sua superfície
encontramos as pirâmides bulbares, um intumescimento formado por fibras motoras. Na região inferior
encontramos um cruzamento oblíquo de fibras motoras que cobrem a fissura mediana anterior, que garante
que o hemicorpo seja controlado pelo lado oposto do cérebro. A esse cruzamento é dado o nome de
decussação motora.
 Área Bulbar lateral: Localizada entre o sulco pré-olivar e o pós-olivar. Observa-se em sua superfície uma
eminência de cada lado denominadas olivas bulbares.

Estruturas Principais da face anterior do bulbo


Sulco bulbopontino; Fissura mediana anterior; Sulco pré-olivar; Sulco pós-olivar; Pirâmides bulbares; Decussação
motora; Olivas bulbares.

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8.1.2 - Ponte
Delimitação
 Limite Inferior: Sulco Bulbopontino (visível apenas anteriormente). Faz limite com o bulbo.
 Limite Superior: Sulco pontomesencefálico (visível apenas anteriormente). Faz limite com o mesencéfalo.

Face Anterior
Apresenta um sulco medial denominado Sulco Basilar, onde aloja-se a artéria Basilar. Ao lado do sulco
encontramos, de cada lado, o tóros piramidal, e ainda mais lateral encontra-se a origem aparente do V PC, o
nervo trigêmeo.

Estruturas Principais da face anterior da ponte


Sulco bulbopontino; Sulco pontomesencefálico; Sulco basilar; Tóros piramidal; Origem aparente do n. trigêmeo.

8.1.3 - Mesencéfalo
Delimitação
 Limite Inferior: Sulco pontomesencefálico (visível apenas anteriormente). Faz limite com a ponte.
 Limite Superior: Plano que liga os corpos mamilares à comissura posterior. Limita-se com o diencéfalo.

Face Anterior
Em um corte transversal do mesencéfalo vemos os
pedúnculos cerebrais anteriormente, divididos em
uma porção ventral chamada de Base do pedúnculo
e uma dorsal chamada de Tegmento. Interpondo-se
ao tegmento e a base dos pedúnculos encontra-se a
Substância Negra, aglomerado de neurônios com
deposição de melanina, responsáveis pelo mal de
Parkinson caso lesões degenerativas ocorram neles.
Entre os pedúnculos encontramos a Fossa
Interpeduncular e posteriormente o Aqueduto de
Sylvius.

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Capítulo 8.2 – Face Posterior do Tronco Cerebral


A principal característica da face posterior do tronco é o surgimento de uma grande cavidade, o primeiro
resquício do tubo neural a nível encefálico, denominado IV Ventrículo. Devido a presença dessa cavidade, o
tronco encefálico apresenta-se dividido em 3 porções:

 Porção Fechada do bulbo: Corresponde ao 1/3 inferior da face posterior do bulbo;


 Fossa Rombencefálica: Corresponde ao IV ventrículo e compreende os 2/3 superiores da face posterior do
bulbo e a face posterior da ponte;
 Lâmina Quadrigeminal: Também chamada de tecto mesencefálico, corresponde à face posterior do
mesencéfalo.

8.2.1 – Porção Fechada do Bulbo


Os acidentes encontrados na face posterior do bulbo são muito semelhantes aos encontrados na porção cervical
da medula espinhal. Três depressões podem ser encontradas:

 Sulco Mediano Posterior: É a continuação do sulco longitudinal posterior da medula espinhal;


 Sulco Lateral Posterior;
 Sulco Intermediário posterior;

A área bulbar posterior (a anterior e a lateral são vistas na face anterior) é delimitada pelo sulco mediano
posterior e pelo sulco lateral posterior. Ela é subdividida, pelo sulco intermediário posterior em dois fascículos:

 Fascículo de Goll: Também chamado de fascículo Grácil, localiza-se medialmente, entre o sulco mediano
posterior e o sulco intermediário posterior;
 Fascículo de Burdach: Também chamado de fascículo Cuneiforme, localiza-se lateralmente, entre o sulco
intermediário posterior e o sulco lateral posterior;

Na região superior de cada fascículo encontra-se uma saliência de tecido nervoso, que para o fascículo grácil é
chamada de Tubérculo de Goll e para o fascículo cuneiforme, Tubérculo de Burdach. Os feixes que trazem
informações para os tubérculos carregam informações de propriocepção consciente, um tipo de sensibilidade
especial que permite saber onde está cada segmento do corpo sem que precisemos olhar para os mesmos.

Estruturas Principais da porção posterior fechada do bulbo


Sulco mediano posterior; Sulco lateral posterior; Sulco intermediário posterior; Fascículo de Goll; Tubérculo de
Goll; Fascículo de Burdach, Tubérculo de Burdach.

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8.2.2 – IV Ventrículo ou Fossa Rombencefálica


Conforme já mencionado o IV ventrículo relaciona-se com os 2/3 superiores da face posterior do bulbo e com a
porção posterior da ponte.

Localização
Está localizado entre o tronco cerebral e o cerebelo, podendo ser visto em um corte sagital, em forma de
triângulo ou em um corte coronal, em forma de losango, sendo dividido em dois triângulos, um superior e outro
inferior.

Limites
 Limite Ínfero-lateral: Pedúnculos Cerebelares Inferiores;
 Limite Súpero-lateral: Pedúnculos Cerebelares Superiores;
 Limite Lateral: Forames de Lutschka;
 Limite Superior: Aqueduto Mesencefálico de Sylvius (ânus aquedutal inferior);
 Limite Inferior: Óbex, um conglomerado de neurônios com funções viscerais e que é o local de abertura do
canal ependimário da medula no IV ventrículo;
 Teto: Véu Medular Inferior ou Posterior e Véu Medular Superior ou Anterior;
 Assoalho: Fossa Rombóide. Seu 1/3 inferior forma uma triângulo, que é representado pela porção aberta do
bulbo, e seus 2/3 superiores formam outro triângulo, representado pela face posterior da ponte.

Descrição do Assoalho (Fossa Rombóide)


O assoalho do IV ventrículo apresenta medialmente um sulco central e longitudinal denominado de Cálamos ou
Sulco do Cálamo, e é dividido didaticamente em dois triângulos, um superior e outro inferior.

No triângulo superior encontramos a cada lado do Cálamos uma saliência, chamada de Funículo Teres, que se
acaba caudalmente em uma pequena eminência chamada de Colículo facial ou Eminência Teres. Profundamente
ao colículo facial encontra-se o núcleo do nervo abducente, e não o do facial como era de se esperar.

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Lateralmente ao Funículo Teres encontramos o Sulco Limitante. Os núcleos encontrados medialmente a esse
sulco são motores e derivados da lâmina basal, e os núcleos encontrados lateralmente a ela são sensitivos, sendo
derivados da lâmina alar do tubo neural. No triângulo superior encontramos ainda o Locus Ceruleos, que é
relacionado ao ciclo sono-vigília.

Quanto ao triângulo inferior, apresenta diversas regiões chamadas de trígonos ou Asas do IV Ventrículo:

 Trígono do Hipoglosso (Asa Branca Interna): É o trígono mais medial e corresponde ao núcleo do nervo
hipoglosso (XII PC);
 Trígono do Vago (Asa Cinzenta): É lateral ao trígono do hipoglosso e corresponde aos núcleos dos nervos
vago (X PC) e Glossofaríngeo (IX PC);
 Área Vestibular (Asa Branca Externa): É Lateral ao trígono do vago, relacionando-se com o equilíbrio;
 Tubérculo Acústico: É a estrutura mais lateral de todas, sendo relacionada com a audição;

Existem ainda as Estrias Medulares, na região medial e horizontalizadas, como que divisoras entre os dois
triângulos (superior e inferior).

Estruturas Principais do assoalho do IV Ventrículo


Cálamos; Funículo Teres; Colículo Facial; Sulco Limitante; Locus Ceruleos; Trígono do Hipoglosso; Trígono do Vago;
Área Vestibular; Tubérculo Acústico; Estrias Medulares.

Comunicações do IV Ventrículo
O IV Ventrículo comunica-se superiormente com o
Aqueduto mesencéfálico de Sylvius e inferiormente
com o Canal Central do Bulbo.

Além disso, ele comunica-se com o espaço


subaracnóideo através de três forames. Dois são
laterais, os Forames de Lutschka, e drenam o líquor
para a Cisterna Pontina e um é medial, o Forame de
Magendie, que drena o líquor para a Cisterna
Magna (Cerebelo-medular).

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8.2.3 – Lâmina Quadrigeminal


A Lâmina Quadrigeminal, também chamada de Tecto Mesencefálico, corresponde à porção posterior do
mesencéfalo. Ela é constituída por um grupo de quatro tubérculos quadrigeminais, dois superiores (colículos
superiores) e dois inferiores (colículos inferiores). Entre os quatro colículos há um sulco delimitando-os – o sulco
cruciforme – e sobre essa lâmina apóia-se a glândula pineal (epífise). Os colículos superiores relacionam-se com a
visão e os inferiores com as vias da audição.

Capítulo 9 – Cerebelo
O cerebelo é um órgão Supra-segmentar do sistema nervoso central. Ele apresenta uma camada externa
constituída de substância cinzenta, o córtex cerebelar, e uma camada mais interna de substância branca, o corpo
medular. Origina-se da vesícula metencefálica, que é derivada do rombencéfalo.

Capítulo 9.1 – Localização


O cerebelo localiza-se na fossa craniana posterior, juntamente com o lobo occipital do cérebro. Encontra-se
separado das demais estruturas superiores do neuroeixo através de uma tenda, a tenda do cerebelo, sendo então
considerado um órgão infratentorial.

Capítulo 9.2 – Faces Externas


O cerebelo encontra-se externamente dividido em três faces, abaixo descritas, apresentando-se com forma
triangular:

 Face Anterior: Está voltada para o IV ventrículo, fazendo parte de seu teto;
 Face Inferior: Voltada para as fossas cerebelares do osso occipital;
 Face Superior: Voltada para a face inferior da tenda do cerebelo.

Pedúnculos Cerebelares
Do centro da face anterior do cerebelo observa-se 3 cordões de substância branca que o conectam com o
restante do sistema nervoso central. São eles:
 Pedúnculo Cerebelar Superior: Predominantemente eferente. Comunica-se com o mesencéfalo;
 Pedúnculo Cerebelar Médio: Comunica-se com a ponte;
 Pedúnculo Cerebelar Inferior: Predominantemente aferente. Comunica-se com o bulbo.

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Capítulo 9.4 – Divisões do Cerebelo
O cerebelo é dividido de acordo com três conceitos: anatômico, ontogenético e filogenético.

9.4.1 – Divisão Anatômica


O cerebelo possui externamente forma similar à de uma borboleta, possuindo uma região ímpar e medial,
denominada Vermis Cerebelar, e duas grandes massas laterais, denominadas Hemisférios Cerebelares. Na face
inferior do cerebelo ainda encontramos uma pequena depressão mediana chamada de Valécula Cerebelar, além
das Tonsilas Cerebelares, que possuem importância clínica bastante grande, pois caso haja aumento excessivo de
pressão intracraniana, uma diminuição subida poderá fazer com que elas descem pelo forame magno,
comprimindo o bulbo, o que poderá causar sérias complicações cardiorrespiratórias.

9.4.2 – Divisão Ontogenética


Essa divisão é baseada no desenvolvimento do cerebelo desde sua embriogênese até sua maturação completa.
Inicialmente o cerebelo é um órgão liso. Com o tempo, ele começa a adquirir sulcos e fissuras. A primeira a
aparecer é a fissura póstero-lateral, que divide o cerebelo em duas partes: uma superior, o corpo do cerebelo
(vermis + hemisférios) e uma inferior, o lobo flóculo-nodular.
O segundo sulco a aparecer é a Fissura Prima, que divide o corpo cerebelar em lobo cerebelar anterior e lobo
cerebelar posterior. A terceira fissura que aparece é a fissura horizontal que, no entanto, não tem grande
importância.
Formam-se então uma série de fissuras que dividirão o cerebelo em uma série de lóbulos cerebelares. Dentre
esses, é de fundamental importância o reconhecimento de dois no lobo posterior: os lóbulos vermianos Úvula e
Pirâmide.

9.4.3 – Divisão Filogenética


É a divisão que apresenta maior importância clínica. Divide o cerebelo em três porções, abaixo descritas:
Porção Cerebelar Córtex Cerebelar Núcleo Cerebelar Informação provém do (a) Função Cerebelo

Arquicerebelo Lóbulo Flóculo-nodular Fastigial Aparelho Vestibular Equilíbrio Vestibular

Lobo Anterior + Pirâmide e Emboliforme e Medula Espinhal Tônus muscular e


Paleocerebelo Espinhal
Úvula (lobo posterior) Globoso (propriocepção consciente) movimentos aprendidos

Aprendizagem de
Lobo Posterior menos
Neocerebelo Denteado Córtex Cerebral movimentos, coordenação Cortical
Pirâmide e Úvula
e metria

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Capítulo 10 – Pares Cranianos


Par Craniano Origem Real Origem Aparente Emergência Craniana Função
I N. Olfatório Telencéfalo Telencéfalo Lâmina Crivosa Olfação
II N. Óptico Diencéfalo Diencéfalo Canal Óptico Visão
Fossa Músculos Oculares
III N. Oculomotor Mesencéfalo
Interpeduncular
Fissura Orbital Superior
extrínsecos e Intrínsecos*
Inferiormente ao
IV N. Troclear Mesencéfalo
Colículo Inferior
Fissura Orbital Superior M. Oblíquo Superior

V1-Fissura. O. S.
Mesencéfalo Sensibilidade da pele da
V2-Forame Redondo
V N. Trigêmeo
Ponte Face Lateral da ponte
V3-Forame Oval
face e motricidade dos m.
Bulbo da mastigação
Raiz Motora: F. Oval
VI N. Abducente Ponte Sulco Bulbopontino Fissura Orbital Superior Músculo Reto lateral
Mímica, gustação dos 2/3
VII N. Facial Ponte Sulco Bulbopontino Forame Estilomastóideo anteriores da língua e
Glândulas **
Vestibulo-Equilíbrio
VIII N. Vestibulococlear Ponte Sulco Bulbopontino Não Possui
Coclear-Audição
Gustação do 1/3 posterior
IX N. Glossofaríngeo Bulbo Sulco Pós-olivar Forame Jugular da língua e sensibilidade da
orofaringe
Motricidade da faringe.
X N. Vago Bulbo Sulco Pós-olivar Forame Jugular Inervação parassimpática
***
Esternocleidomastóideo e
XI N. Acessório Bulbo Sulco Pós-olivar Forame Jugular
trapézio
XII N. Hipoglosso Bulbo Sulco Pré-olivar Canal do Hipoglosso Motricidade da língua

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Capítulo 11 – Diencéfalo
O diencéfalo é uma estrutura encontrada no plano mediano, sendo visualizada apenas na parte inferior do
cérebro (de quem faz parte, juntamente com o telecéfalo). Anteriormente a ele encontra-se a hipófise e
posteriormente a epífise (pineal).

Capítulo 11.1 – Divisões do Diencéfalo


O diencéfalo é dividido em quatro porções, e possui em seu interior o Sulco Hipotalâmico, que liga os forames
interventriculares de Monroe* ao aqueduto mesencefálico de Sylvius. Esse sulco separa as quatro porções do
diencéfalo em dois grupos, um superior, que apresenta funções sensitivas e outro inferior, que apresenta funções
motoras.
 Tálamo (superior – sensitivo);
 Epitálamo (superior – sensitivo);
 Hipotálamo (inferior – motor);
 Metatálamo (inferior – motor);
*O forame interventricular de Monroe liga os ventrículos laterais do encéfalo ou terceiro ventrículo.

Capítulo 11.2 – III Ventrículo


Para se entender de maneira mais precisa o diencéfalo é necessário estudar a cavidade delimitada pelas suas
paredes, o III ventrículo. Ele comunica-se superiormente com os ventrículos laterais do telencéfalo através dos
forames interventriculares de Monroe e inferiormente com o IV ventrículo, através do aqueduto mesencefálico
de Sylvius. Em seu interior encontra-se o líquor.

Limites do III Ventrículo


 Lateral: Tálamo superiormente e Hipotálamo inferiormente;
 Inferior (assoalho): Hipotálamo;
 Superior (teto): Tela Coróide;
 Posterior: Epitálamo;
 Anterior: Comissura anterior e lâmina terminal (telecéfalo);

Recessos do III Ventrículo


São prolongamentos situados no assoalho do III ventrículo:

 Óptico: Na região do quiasma óptico;


 Infundibular: liga o diencéfalo à hipófise;
 Pineal: Na região da glândula pineal;
 Supra-pineal: na Região superior da glândula pineal;

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Capítulo 11.3 – Epitálamo
Localiza-se póstero-superiormente no diencéfalo, sendo formado pelo corpo pineal (epífise) e pela comissura
posterior. A epífise é responsável pela produção de melatonina, sendo então intimamente ligada com o processo
de sono e vigília.

Capítulo 11.4 – Tálamo


Possui duas massas laterais, unidas pela aderência intertalâmica. Realiza a sinapse do sistema nervoso sensitivo,
funcionando como uma espécie de filtro de sensibilidade. Sua porção posterior alarga-se, sendo chamada de
pulvinar. No pulvinar do tálamo encontra-se o metatálamo, que é sub-dividido em duas porções:
 Corpo Geniculado Lateral: Relaciona-se com os Colículos Superiores da lâmina quadrigeminal, participando,
portanto, da via óptica;
 Corpo Geniculado Medial: Relaciona-se com os Colículos Inferiores da lâmina quadrigeminal, participando,
portanto, da via auditiva.

Capítulo 11.5 – Subtálamo


É a única porção do diencéfalo que não é relacionada com o III ventrículo. Sua principal estrutura é o núcleo
subtalâmico de Luys, que pode provocar movimentos involuntários de arremesso no ombro e até mesmo
Parkinson, caso seja lesado.

Capítulo 11.6 – Hipotálamo


Apresenta uma série de estruturas importantes, que são assim dispostas quando em uma sintopia ântero-
posterior: Quiasma Óptico; Infundíbulo; Túber Cinéreo; Corpos Mamilares. Sua porção anterior é parassimpática
e sua porção posterior simpática. Apresenta como funções o controle do sistema nervoso autônomo, sistema
endócrino, controle do comportamento, afetividade e memória, cognição, regulação da homeostasia, produz
antidiurético e occitocina e regulação do da adeno-hipófise.

OBS: Adenohipósfise (anterior) – Glandular


Neurohipófise (posterior) – Neural

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Anatomia do Sistema Nervoso

Capítulo 12 – Telencéfalo

Subdivisão:
Profundamente
Centro Branco Medular
Núcleos da Base

Superficialmente
Córtex Cerebral

Centro Branco Medular


É formado por fibras Mielínicas. Dividido em:

Fibras de Associação: Associam os lobos do cérebro (intercortical). Divididas em:

1. Intrahemisféricas: Associam lobos dentro do mesmo hemisfério.


2. Interhemisféricas: Associam lobos dos dois hemisférios.

Fibras de Projeção: Ligam o córtex cerebral a centros subcorticais. Dividem-se em:

1. Fórnix: Une o hipocampo aos corpos mamilares. Integra o circuito de Papez (emoção e comportamento).
2. Cápsula Interna: Contém a grande maioria das fibras que saem ou entram no córtex cerebral. Estas fibras
formam um feixe compacto que separa o núcleo lentiforme, situado lateralmente, do núcleo caudado e
tálamo, situados medialmente. Acima do nível destes núcleos, as fibras da cápsula interna passam a constituir
a coroa radiada.

Perna Posterior: N. Lentiforme e Tálamo


Perna Anterior: N. Lentiforme e N. Caudado
Joelho

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Anatomia do Sistema Nervoso

Capítulo 12.1 – Núcleos da Base


São agregados de corpos de Neurônios, em meio à substância branca.

Núcleo Cláustrum: É uma delgada lâmina de substância


cinzenta localizada entre o córtex da ínsula e o putâmen.
Delimita-se através de lâminas de substância branca: a cápsula
Externa e Extrema.

Núcleo Lentiforme: Apresenta o formato de uma pirâmide.


Localiza-se na curvatura do núcleo caudado, estando unido a
este anteriormente. Divide-se em duas porções através das
lâminas medulares lateral e medial: putâmen e globo pálido.

Núcleo Caudado: Apresenta o aspecto de uma ferradura, cuja


borda convexa ajuda a formar as paredes do ventrículo lateral, e a côncava circunda o
núcleo lentiforme e o tálamo. Apresenta 3 porções: a cabeça, uma porção anterior e
volumosa, o corpo e a cauda. No término da cauda dispo-se o corpo amigdalóide, uma
massa de subs. cinzenta pequena e esférica. Separando o núcleo lentiforme do
caudado tem-se uma faixa de substância branca chamada cápsula interna (perna
anterior).

Sintopia Latero-Medial
1. Córtex Cerebral
2. Cápsula Extrema
3. Núcleo Cláustrum
4. Cápsula Externa
5. Putamen do Núcleo Lentiforme
6. Lâmina Medular Lateral
7. Globo Pálido Lateral do Núcleo Lentiforme
8. Lâmina Medular Medial
9. Globo Pálido Medial do Núcleo Lentiforme
10. Cápsula Interna
11. Anteriormente: Núcleo Caudado, Posteriormente: Tálamo
12. Terceiro Ventrículo
*Cauda do Núcleo Caudado

Corpo Amigdalóide – Sistema Básico de proteção (avançar ou correr).


Núcleo Accumbens – Comportamento Agressivo.
OBS 1: Tudo que chega aos núcleos entra pelo Putâmen e pelo Núcleo Caudado e sai pelo Globo pálido Medial e
Lateral.
OBS 2: A Cápsula Interna é Importante pois na região onde se comunica com o tálamo encontra-se a passagem
das fibras motoras.

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Capítulo 12.2 – Dominância Cerebral


O Hemisfério Dominante é em 99% das pessoas Destras, esquerdo e em 50% das pessoas Sinistras esquerdo. O
Hemisfério Dominante é responsável pelo Cálculo, raciocínio científico, pela linguagem, pela leitura. O não
Dominante é responsável pela música, pelo raciocínio abstrato, pela compreensão dos espaços e dos objetos
como um todo.

Capítulo 12.3 – Córtex Cerebral

Dois hemisférios, direito e esquerdo, subdivididos pela fissura longitudinal do cérebro. Três pólos, um anterior,
denominado frontal, um latero-inferior denominado temporal, e um posterior, o occipital.

Lobo Frontal

Apresenta-se dividido em 5 lobos. Quatro destes são visíveis na face externa do cérebro: frontal, parietal,
temporal e occipital. Apenas um, a insúla, está profundamente
à superfície. Pode-se enxergá-lo afastando-se os lábios da
fissura lateral de Sylvius.

Possui também 3 faces: uma súpero-lateral, uma inferior e


uma medial. Suas bordas são assim dispostas: uma
superiormente, uma ínfero-medialmente e uma ínfero-
lateralmente.

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Anatomia do Sistema Nervoso

Capítulo 12.4 – Face Súpero-lateral


A nível de lobo frontal encontramos, paralelamente à Fissura Central de Rolando, o sulco pré-central. Desse sulco
saem outros dois, em um ângulo de 90º: o frontal superior e o frontal inferior. Os giros ali encontrados são o pré-
central, que é responsável pela motricidade do membro superior, tronco e face, o frontal superior e o frontal
inferior, que, no hemisfério dominante, constitui área de Broca, responsável pela fala. No lobo parietal
encontramos, paralelamente a fissura central de Rolando o sulco pós-central. Dele sai outro sulco, o intraparietal.
Os giros ali encontrados são: o pós-central, responsável pela sensibilidade somestática do membro superior,
tronco e face, o lóbulo parietal superior e o lóbulo parietal inferior. Dentro do lóbulo parietal inferior
encontramos dois giros, o supra-marginal e o angular. Na região intermediária entre esses dois giros, no
hemisfério dominante, encontramos a área de Wernicke, que é o centro da interpretação. No lobo temporal
encontramos dois sulcos, o temporal superior e o temporal inferior. Entre esses sulcos encontra-me três giros: o
temporal superior, o temporal médio e o temporal inferior. Internamente ao giro temporal superior,
encontramos o giro temporal transverso, que é responsável pela audição.

1. Giro Pré-central
2. Giro Frontal Superior
3. Giro Frontal Médio
4. Giro Frontal Inferior
5. Giro Temporal Superior
6. Giro Temporal Médio
7. Giro Temporal Inferior
8. Giro Pós-central
9. Lóbulo Parietal Superior
10. Lóbulo Parietal Inferior
11. Giro Supramarginal
12. Giro Angular

Áreas Corticais Primárias


 Centro Cortical da Palavra Falada (de Broca)
Giro frontal Inferior do hemisfério Dominante
 Centro Cortical Motor
Giro pré-central (origem do feixe piramidal)
 Centro Cortical da Audição
Giro Temporal Transverso (Giro Temporal Superior)
 Centro Cortical da Sensibilidade Somestática
Giro pós-central
 Centro da Interpretação
Giro Supramarginal (somente no hemisfério dominante) (Área de Wernicke)

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Capítulo 12.5 – Face Medial


Na face medial vemos um sulco que delimita as bordas do corpo caloso, chamado de sulco do corpo caloso. Acima
dele encontramos o giro do cíngulo, área relacionada ao sistema límbico (emoções), que é delimitada
superiormente pelo sulco do cíngulo. Esse se bifurca no sulco paracentral e no ramo marginal. Entre esses dois
sulcos encontramos o lóbulo paracentral, em cuja região anterior encontramos a área motora do membro inferior
e genitália, e na região posterior, a área sensitiva dos respectivos órgãos. Na região anterior ao sulco paracentral,
encontramos os giros frontais. Abaixo do corpo caloso e anteriormente à lâmina terminal encontramos a área
septal, responsável pela olfação. Posteriormente ao lóbulo paracentral encontraremos o lóbulo quadrilátero (pré-
cúneos), que será delimitado inferiormente pela fissura parieto-occipital. Abaixo dessa fissura encontramos o
cúneos, e então a fissura calcarina. Nos lábios da fissura calcarina, encontrada no lobo occipital, encontra-se a
área cortical da visão. Abaixo dessa fissura vemos o giro occipto-temporal medial.

Corpo Caloso: Dividido em quatro porções (tronco, esplênio, joelho e rosto). Forma o teto dos ventrículos laterais.
Comissura Anterior: Conecta os dois bulbos olfatórios e as áreas piriformes. Une-se ao quiasma óptico pela
lâmina terminal.
Fórnix ou trígono: É formado por duas metades simétricas e laterais. A extremidade anterior, colunas do fórnix,
termina nos corpos mamilares, e a extremidade posterior, pernas do fórnix, termina no hipocampo.
Septo Pelúcido: Cavidade encontrada entre duas lâminas verticais de tecido nervoso, que ligam o fórnix ao corpo
caloso.
Áreas Corticais Primárias
 Centro Cortical Motor (homúnculo de penfield)
Anterior a fissura central de Rolando
 Sensibilidade da Genitália Externa, perna e pé
Posterior a fissura Central de Rolando
 Sistema Límbico (emoções)
Giro do Cíngulo
 Centro do Prazer
Área Septal
 Centro Cortical da Visão
Fissura Calcariana
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Capítulo 12.6 – Face Inferior


No lobo frontal, observamos os sulcos olfatório (aloja o bulbo olfatório), cruciforme e orbitário externo. Os giros
são o reto, olfatório externo, orbitário interno, e orbitário externo. Posteriormente, encontramos vários sulcos e
giros, assim descritos em uma sintopia látero-medial: Giro temporal inferior, sulco occipito-temporal externo, giro
occipito-temporal lateral, o sulco occipito-temporal interno (colateral), giro occipito-temporal medial. O sulco
occipito-temporal interno continua-se anteriormente como sulco rinal e delimita juntamente com o sulco
hipocampal o giro para-hipocampal. Esse último, ao curvar-se sobre o sulco hipocampal, forma o uncus, que
participa da área cortical da olfação. O hipocampo, localizado nessa região é o responsável pela memória.

Áreas Corticais Primárias


 Centro Cortical da Olfação
Uncus
 Memória
Hipocampo

Capítulo 12.7 – Ventrículos Encefálicos


São cavidades, em número de quatro, encontradas internamente ao encéfalo, revestidas por epitélio
ependimário e que possuem em seu interior líquor (líquido cérebro-espinal) circulante.

Ventrículos Laterais: São dois ventrículos, um esquerdo (I) e outro direito (II), constituídos por uma grande
porção central, chamada de corpo, da onde se originam três expansões, denominadas cornos, uma para cada
pólo cerebral. Cada ventrículo lateral comunica-se com o III Ventrículo através de um forame interventricular de
Monro.

Terceiro Ventrículo: Anteriormente já explicado, é a cavidade do diencéfalo, tendo a maior parte de seus limites
formadas por ele. Comunica-se inferiormente com o IV ventrículo através do aqueduto de Sylvius.

Quarto Ventrículo: O IV ventrículo, também já explicado anteriormente, é a cavidade encontrada a nível de


tronco cerebral. Comunica-se superiormente com o III Ventrículo e inferiormente com o canal central do bulbo.
Apresenta três aberturas que permitem a drenagem do líquor para o espaço subaracnóideo. Duas delas, os
forames de Lutchska, são laterais, e uma, o forame de Magendie, é medial.
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Capítulo 12.8 – Plexo Coróide


As cavidades do SNC são revestidas internamente por uma lamina de epitélio prismático denominada epêndima.
Externamente são recobertos pela pia-máter vascular. O conjunto formado pela pia-máter e pelo epêndima forma
a tela coróide, cujas invaginações formam o plexo coróide. Esse plexo é encarregado da produção de líquor
(líquido cérebro-espinal). Os plexos coróides localizam-se internamente as cavidades ventriculares do encéfalo ( I,
II, III e IV ventrículos).

Capítulo 12.9 – Líquor


O líquor é um filtrado do plasma sanguíneo, límpido, incolor e sem cheiro. Encontra-se circulante internamente as
cavidades encefálicas e ao espaço subaracnóideo. Como já descrito anteriormente, é produzido pelo plexo
coróide e junta-se ao sangue quando reabsorvido pelas granulações aracnóides no seio sagital superior. O líquor
apresenta duas funções extremamente importantes:

 Diminui o peso absoluto do encéfalo (cerca de 300g) – Lei do Empuxo.


 Amortece impactos e conseqüentemente, diminui os traumas sobre o encéfalo e medula espinal.

Circulação Liquórica (desde os plexos coróides até o coração):

O líquor é produzido pelos plexos coróides, localizados internamente aos ventrículos encefálicos. Cerca de 95%
dele é formado nos ventrículos laterais. Desses ventrículos, o líquor passa para o III ventrículo através do forame
interventricular de Monro. O líquor então passa para o IV ventrículo através do aqueduto mesencefálico de
Sylvius. No IV ventrículo o líquor passará para o espaço subaracnóideo através de 3 aberturas. Duas laterais,
denominadas forames de Lutchska, e uma medial, o forame de Magendie. No espaço subaracnóideo, o líquor
encontrará diversas cisternas, tais como a magna (cerebelo-medular), pontina etc, e então se dirigirá parte para o
espaço subaracnóideo da medula e outra parte para o seio sagital superior. A parte que dirigiu-se para a medula,
voltará a subir e então também se dirigirá ao seio sagital superior. O líquor então é reabsorvido pelo seio sagital
superior através das granulações aracnóides. Do seio sagital superior, o líquor seguirá juntamente com o sangue
venoso para a confluência dos seios, seio transverso, seio sigmóide e passará então para a veia jugular interna. A
veia jugular interna se juntará com a jugular externa e com a veia subclávia e formará a veia braquiocefálica
(direita e esquerda). As duas veias braquiocefálicas se juntarão formando a veia cava superior que desembocará
no átrio direito do coração (ver seios da dura-máter e drenagem venosa do encéfalo).

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Anatomia do Sistema Nervoso

Capítulo 12.10 – Meninges


É o tecido conjuntivo que envolve o SNC, sendo originada do mesênquima os redor do tubo neural. São em
número de 3: a dura-máter, a aracnóide e a pia-máter. A aracnóide e a pia-máter no embrião constituem um
único folheto, sendo muitas vezes denominadas de leptomeninge, ou meninge fina, enquanto a dura-máter por
vezes é denominada paquimeninge, ou meninge espessa.

Elas funcionam como barreiras naturais de defesa de nosso sistema nervoso, protegendo-o contra
microorganismos, agentes químicos e inclusive traumatismos. Em uma sintopia de superficial para profunda na
cabeça, encontramos: pele, crânio, dura-máter, aracnóide, pia-máter e tecido nervoso. Entre as meninges ainda
existem espaços, que serão vistos depois.

Dura-máter: É a meninge mais superficial e espessa. É ricamente inervada, ao contrário das outras meninges e
do tecido nervoso, que não possuem terminações nervosas. Logo, cefaléias são em geral decorrentes da dura-
máter.

A dura-máter possui dois folhetos, um externo, que é ricamente vascularizado (artéria meníngea média) e outro
interno. Na coluna vertebral porém, somente um folheto se continua, o interno. É importante ressaltar que o
periósteo interno do crânio, aquele que está em contato com o folheto externo da dura-máter, não possui
osteoblastos e, portanto, não tem a capacidade de regeneração. Isso é extremamente importante pois a
formação de calos ósseos internamente ao crânio poderia causar compressão no tecido nervoso.

Existem pontos onde ocorrem projeções para dentro do encéfalo do folheto interno da dura-máter: são as
chamadas pregas durais. Existem ainda pontos em que o folheto interno se desprende do externo, formando os
seios da dura-máter.

Pregas Durais:

 Foice do cérebro: situa-se na fissura longitudinal dividindo os hemisférios cerebrais;


 Foice do cerebelo: separa os dois hemisférios cerebelares;
 Tenda do cerebelo: divide a cavidade craniana em compartimentos supra-tentorial e infra-tentorial;
 Diafragma da cela: isola a hipófise dentro da sela túrcica;
 Cavo trigeminal de Meckel: aloja o gânglio trigeminal;

Seios Durais:

Da abóbada craniana:

 Seio Sagital Superior: Ímpar e mediano, percorre a margem de inserção da foice do cérebro e acaba na
confluência dos seios;
 Seio Sagital Inferior: Ímpar e mediano, percorre a margem livre da foice do cérebro, terminando no seio
reto;
 Seio Reto: Impar e mediano, localizado no ângulo de união da foice do cérebro coma atenda do cerebelo.
Recebe em sua extremidade anterior a veia cerebral Magna e o seio sagital inferior e acaba na
confluência dos seios;
 Seio Occipital: Pequeno, irregular e impar, dispõe-se ao longo da margem de inserção da foice do
cerebelo, acabando na confluência dos seios;

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Anatomia do Sistema Nervoso
 Seio Transverso: Par, dispõe-se de cada lado na margem de inserção da tenda do cerebelo. Começa na
confluência dos seios e acaba no seio sigmóide;
 Seio Sigmóide: Par, em forma de S, é uma continuação do seio transverso. Continua-se diretamente coma
a veia jugular interna;

Da base do crânio:

 Seio Esfenoparietal: Par, percorre a face interior da pequena asa do esfenóide, acabando no seio
cavernoso;
 Seio Cavernoso: Par, localizado em cada lado do corpo do esfenóide e da sela túrcica;
 Seio Intercavernoso: Par, faz a união dos dois seios cavernosos;
 Seio Petroso Superior: Par, localizado de cada lado ao longo da inserção da tenda do cerebelo, acabando
no seio sigmóide.
 Seio Petroso Inferior: Par, localiza-se ao longo do sulco petroso inferior, acabando na veia jugular interna;
 Plexo Basilar: Ímpar, ocupa a porção basilar do osso occipital. Comunica-se com o seio cavernoso
anteriormente e acaba no plexo venoso vertebral;
Seios da abóbada craniana
Seios da base do crânio

Capítulo 12.11 –
OBS: Ver Drenagem Venosa do Encéfalo 42

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Capítulo 12.11 – Vascularização do Encéfalo


Irrigação Sanguínea (Polígono de Willis)
O sistema arterial que irriga o encéfalo, levando a ele sangue rico em O2, tem origem em duas artérias: a
vertebral e a carótida interna. Os ramos dessas duas artérias se anastomozarão formando uma estrutura arterial
denominada de Polígono de Willis. Iniciemos a descrição desse polígono pela região anterior (carotídea), que
contribui com cerca de 80% do suprimento sanguíneo encefálico:

A artéria carótida interna segue como um ramo da bifurcação da carótida comum (o outro ramo é a carótida
externa). A artéria carótida comum direita tem origem no tronco braquiocefálico, enquanto a esquerda é ramo
direto do arco aórtico. Ao subirem em direção ao pescoço as artérias carótida interna e externa não seguem a
ordem conforme seu nome as designa: a artéria carótida interna é mais lateralizada e, portanto, mais externa,
enquanto a carótida externa é mais medial e, portanto, mais interna. Isso é de grande valia para a identificação
rápida dessas duas artérias a nível do pescoço. Outro recurso que ainda pode ser utilizado é a observação dos
ramos de cada artéria. A carótida externa, por vascularizar a face e o pescoço, possui inúmeros ramos nessa
região, enquanto a carótida interna só soltará seus primeiros ramos já intra-cranialmente, impossibilitando a
identificação dos mesmos a nível do pescoço.

Ao chegar ao encéfalo, a carótida interna se horizontalizará. Seu primeiro ramo será a artéria oftálmica, que
vasculariza a retina. Depois, a carótida interna dará seus dois maiores e principais ramos: a artéria cerebral
anterior e a artéria cerebral média. A cerebral anterior vasculariza toda a face medial do cérebro, enquanto a
cerebral média, toda a face súpero-lateral. É de extrema importância saber as áreas de atuação dessas artérias
para sabermos possíveis seqüelas que os pacientes possam a vir ter caso ocorra lesão nessas. Por exemplo: se o
paciente tiver lesão na artéria cerebral média, o principal sintoma que deverá ser observado pelo médico são
seqüelas na motricidade do membro superior, face e tronco, já que a face súpero-lateral do cérebro possui uma
importante área cortical motora responsável pelos movimentos que foram perdidos.

A artéria cerebral anterior também dará um ramo de grande valia, a artéria comunicante anterior. Juntas, a
artéria comunicante anterior e a comunicante posterior, que em seguida veremos que é ramo da artéria cerebral
posterior, interligam o polígono de Willis. Essa ligação é muito importante, pois dependendo do nível de
determinada lesão em alguma artéria, o outro lado, através das artérias comunicantes, poderá suprir a deficiência
ocorrida e o paciente se quer notará seqüelas.

A artéria cerebral média também dará alguns ramos importantes. Tratam-se das artérias lentículo-estriadas. Essas
pequenas artérias, que vascularizam o corpo estriado (núcleos da base), possuem parede muito fina. Logo,
aumentos de pressão intracranianos podem afetá-las e estourá-las, acarretando sérias conseqüências para o
paciente.

Finalizada a descrição da região anterior do polígono (carotídea), passemos para a região posterior (artérias
vertebrais).

As artérias vertebrais originam-se na artéria subclávia, que é ramo do tronco braquicefálico na direita e ramo
direto do arco aórtico na esquerda. As artéria vertebrais sobem em direção ao pescoço e largam seus primeiros
ramos. Medialmente encontramos a artéria espinal anterior e lateralmente encontramos duas artérias espinais
posteriores. As artérias espinais fazem a irrigação sanguínea da medula espinhal. O terceiro ramo das artérias
vertebrais é chamado de artéria cerebelar ínfero-posterior.

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Anatomia do Sistema Nervoso
Após os três ramos iniciais, as duas artérias vertebrais unem-se formando a artéria basilar, que se aloja no sulco
basilar da ponte. O primeiro ramo da artéria basilar chama-se artéria cerebelar ínfero-anterior. O segundo artéria
labiríntica, que vasculariza o tímpano e região do ouvido interno. O terceiro ramo constitui-se de uma série de
artérias que vascularizam o tronco, chamadas de artérias do tronco. O quarto ramo é chamado de artéria
cerebelar superior. As artérias cerebelares superior,
ínfero-posterior e ínfero-anterior realizam a irrigação
do cerebelo.

Por fim, o quinto ramo da artéria basilar chama-se


artéria cerebral posterior, que é responsável pela
irrigação da região posterior do cérebro, representada
pelo lobo occipital. Lesões nessa artéria poderão
ocasionar perda da visão, já que é no lobo occipital que
encontra-se a fissura calcarina, em cujos lábios
encontra-se o centro cortical primário da visão. O
principal ramo da artéria cerebral posterior, como já
explicado anteriormente, é a artéria comunicante
posterior, que fecha o círculo arterial de Willis.

Quanto às meninges, são majoritariamente irrigadas


pela artéria meníngea média, que é ramo da artéria
maxilar (ramo da carótida externa), e portanto não faz
parte do polígono arterial de Willis.
Polígono de Willis

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Anatomia do Sistema Nervoso

Drenagem Venosa
A drenagem venosa do encéfalo é intimamente relacionada com os seios da dura-máter, exigindo conhecimento
prévio dos mesmos, já que o sangue drenado pelas veias encefálicas dirige-se a esses seios para ser encaminhado
posteriormente para a veia jugular interna.

As veias encefálicas, de um modo geral, não acompanham as artérias, sendo em geral, maiores e mais calibrosas
que elas. Elas dividem-se em dois sistemas: um superficial e outro profundo.

Sistema Venoso Superficial: É constituído por veias superficiais superiores, que desembocam no seio sagital
superior e inferiores, que desembocam no seio petroso superior. Três veias são de grande importância:

 Veia cerebral superficial média, que desemboca no seio sagital superior;


 Veia anastomótica superior de Trolard, que desemboca no seio sagital superior;
 Veia anastomótica inferior de Labbé, que desemboca no seio transverso;

Sistema Venoso Profundo: Compreende as veias que drenam regiões profundas do encéfalo. Suas três principais
veias são:

 Veia Cerebral Interna


 Veia Basal de Rosenthal
 Veia Cerebral Magna de Galeno, que é formada pela união das veias cerebral interna e basal.
Juntamente com o seio sagital inferior, essa veia formará o seio reto, que então desembocará na
confluência dos seios.

Em resumo: O sangue é drenado no encéfalo através de dois sistemas de veias, um superficial e outro profundo,
para os seios da dura-máter. Os seios da dura-máter, conforme já explicado anteriormente, dividem-se em seios
da abóbada craniana e da base do crânio. Comecemos pelos seios da abóbada:

O sangue circulante no seio sagital superior, que recebe sangue da veia cerebral média e da veia de Trolard e
líquor através das granulações da aracnóide, é drenado para a confluência dos seios. A confluência dos seios nada
mais é que a união de três seios: o sagital superior, o reto e o occipital. O sangue, portanto, também é drenado do
seio occipital para a confluência dos seios, assim como ocorre com o seio reto. O seio reto é formado pela união
de um seio, o sagital inferior, e por uma veia, a Cerebral Magna. A veia cerebral magna, que pertence à drenagem
venosa profunda do encéfalo, é formada pela união das veias Cerebral Interna e Basal.

Da confluência dos seios, o sangue parte para o seio transverso, um direito e outro esquerdo, que recebem
sangue das veias anastomóticas de Labbé, e então para o seio sigmóide que fará uma espécie de curva em “S” e
passará pelo forame jugular formando a veia jugular interna.

Quanto aos seios da base, eles são assim descritos: Um dos principais seios da dura-máter é o seio cavernoso
(par). Ele recebe sangue do seio esfeno-parietal (par) e da veia oftálmica. A veia oftálmica, que drena a retina,
drena ainda parte do sangue que provém da veia facial. Os dois seios cavernosos comunicam-se entre si através
do seio intercavernoso. Dos seios cavernosos, o sangue tem três caminhos: ou passa para o seio petroso superior,
e daí para o seio sigmóide; ou passa para o seio petroso inferior, e daí diretamente para a veia jugular interna; ou
para o plexo basilar, que drenará o sangue para o plexo venoso vertebral. Das veias jugulares internas, o sangue
parte para a veia braquiocefálica (direita e esquerda), que são formadas pela união das veias jugular interna,
jugular externa e subclávia (ângulo venoso). A união das duas veias braquiocefálicas formará a veia cava superior,
que drenará o sangue para o átrio direito do coração.
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Anatomia do Sistema Nervoso

Base do Crânio
Abóbada Craniana
Superfície Cerebral

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Anatomia do Sistema Nervoso

Referências Bibliográficas
Anatomical Chart Company. Atlas de Anatomia Humana. Rio de janeiro, Guanabara Koogan, 2004.

GIRON, Paulo A. Princípios de Anatomia Humana: atlas e texto. Caxias do Sul: Educs, 2008.

JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica. 11ª ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 1993.

MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

MOREIRA, Carlos J. Princípios de Neuroanatomia: atlas e texto. Caxias do Sul: Educs, 2004.

NETO, João G. V.; FALAVIGNA, Asdrubal. Neuroanatomia: Tomo II. Porto Alegre: Edipucrs, 2003.

NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 4ª ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2008.

PRADO, Luis A. G.; NETO, João G. V.; FALAVIGNA, Asdrubal. Neuroanatomia: Tomo I. Porto Alegre: Edipucrs, 1989.

Fonte das Imagens


Imagens das páginas: 3; 4; 5; 6; 7; 21 (2ª figura), 22 (1ª, 2ª e 4ª figuras); 36; 37; 42 (1ª figura) e 46 (2ª figura)
retiradas de www.google.com.br/imagens (modificadas).

Demais imagens retiradas de Atlas Interativo de Anatomia Humana Netter (modificadas).

Tabelas e esquemas por Lucas P. Conzatti.

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