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POTENCIAL DE CRIAÇÃO DE PIRARUCU, Arapaima gigas, EM

1
Emir Palmeira IMBIRIBA

RESUMO — O presente trabalho tem como objetivo analisar alguns aspectos do manejo da criação
do pirarucu, nos itens relativos à reprodução, alevinagem, alimentação, crescimento rusticidade
e aspectos econômicos. Mesmo havendo medidas de proteção, a pesca é predatória e com graves
prejuízos aos estoques naturais. O cultivo é viável, em razão do extraordinário desenvolvimento
ponderal, chegando a alcançar em torno de 10 kg, com apenas um ano de criação. Desova
naturalmente a partir do quinto ano de idade, com peso em torno de 40 a 45 kg e de forma
parcelada. Excetuando-se o período de reprodução, não apresenta caracteres sexuais secundários
extragenitais. No ambiente natural, a idade e o período da primeira maturação sexual, não estão
2
perfeitamente definidos. Usa-se a densidade de um indivíduo para cada 200m de área inundada,
quando são utilizados os açudes como locais de reprodução. O processo empregado na obtenção
de alevinos dessa espécie consiste na captura no próprio açude onde ocorre a reprodução. O
arraçoamento dos alevinos deve ser feito em quantidade equivalente a 8-10% do seu peso vivo
de carne de peixe. Embora sejam ictiófagos, os alevinos dessa espécie apresentam excelentes
taxas de sobrevivência chegando a 100%, devido não fazerem canibalismo. Além da respiração
branquial, os pirarucus utilizam a bexiga vascularizada como órgão de respiração acessória. A
produção de pirarucu na bacia amazônica baseia-se na captura em ambientes naturais. Em sistema
extensivo de criação, foram obtidas 199,7 toneladas de pirarucu, no ano de 1962, nos açudes do
Nordeste brasileiro.

Palavras-chave: Amazônia, pesca, piscicultura, Arapaima, pirarucu.

Production Potential of Pirarucu, Arapaima gigas, in Captivity

SUMMARY — This paper aims to analyse aspects of production system and management of
"pirarucu", in regard to reproduction, fry survival, feeding, growth, rusticity and economics.
Despite the animal protection act, fishing of pirarucu is predatory and cause serious damages to
its natural stocks. Because of its extraordinary ponderal development, 10kg on its first year of
age, culture of pirarucu is deemed viable. The spawning occurs naturally in captivity at age 5,
live weight around 40 to 45 kg and it is partially made. Outside the reproduction period, the
species does not show secondary extragenital characters. Age and the period of the first sexual
2
maturation are not well defined in nature. Density shall be one individual for each 200 m of
flooded area, when dams are utilized as reproduction places. Fingerlings are usually captured on
the same dam where reproduction occurs. Fingerlings are fed on quantities equivalent to 8-10%
of its live weight. Despite its carnivore feeding habit, fingerling pirarucu are not cannibal and
show survival rates up to 100%. Pirarucu is a branquial breather, but utilizes its vascularized
swin bladders as accessory breathing organ. "Pirarucu" production on the Amazon basin relies
on its capture in the wild. In extensive production system the species can reach 199,7 tons

Key words: amazon, fishing, pisciculture, Arapaina, pirarucu.

INTRODUÇÃO de água doce. Goulding (1980) citou


que é comum a existência de
O Arapaima gigas, denominado exemplares pesando 125 kg. Chega a
no Brasil de pirarucu e paiche no Peru, atingir peso máximo próximo de 200
é considerado um dos maiores peixes kg e comprimento de 2 a 3 metros

1
Eng. Agro EMBRAPA Amazônia Oriental. Cx. Postal 4 8 , CEP. 66017-970 Belém-PA, Brasil
(Saint-Paul, 1986). Na Amazônia, são outro lado, a p r e s e n t a - s e c o m o
comunente capturados pela pesca importante atividade complementar à
comercial, os indivíduos com peso pesca, tendo como objetivo, aumentar
variando entre 30 a 40 kg, cuja carne a produção pesqueira dessa espécie, a
apresenta um rendimento médio em médio e longo prazos.
torno de 57%. O cultivo dos peixes carnívoros,
A pesca do pirarucu na bacia de um modo geral a p r e s e n t a
a m a z ô n i c a é realizada no rio l i m i t a ç õ e s , devido ao baixo
Amazonas e afluentes, como também rendimento das cadeias alimentares,
nas vastas áreas alagáveis de várzea e pela perda de energia em cada
igapó ligados a eles. Essa atividade é m u d a n ç a de nível. E n t r e t a n t o , a
extremamente influenciada pelo nível criação do pirarucu é viável, uma vez
da água dos rios, que interfere na que esse peixe apresenta
bioecologia da espécie. extraordinário desenvolvimento
Esse peixe foi abundante nas ponderai, chegando a alcançar em
proximidades dos principais centros de torno de 10 kg com apenas um ano de
consumo, como Manaus, AM e cultivo, e superior rusticidade em
Santarém, PA. Até a década de 60, ambientes tropicais.
existiam em Belém, PA, algumas No Brasil, os primeiros estudos
empresas de porte médio e em vários sobre a criação de pirarucu foram
estabelecimentos menores, que realizados por Oliveira (1944), em
comercializavam o pirarucu seco- Belém, e Fontenele (1948), em Icó,
salgado. CE, quando conseguiram a reprodução
Mesmo havendo medidas de em cativeiro. Em sete açudes públicos
proteção, a pesca do pirarucu está do Nordeste brasileiro, Fontenele &
colocando em risco a sobrevivência da Vasconcelos (1982) citam u m a
espécie, pois é praticada de modo p r o d u ç ã o total acima de 2.000
predatório. A intensidade da pesca, toneladas desse peixe até o ano de
determinada pelo alto valor comercial, 1981, em sistemas extensivos, tendo
tem e s t i m u l a d o a captura de sido utilizados 5.590 alevinos de pi­
e x e m p l a r e s j o v e n s , chamados de rarucu no p o v o a m e n t o d e s s e s
"bodecos", prejudicando de maneira mananciais.
sensível os estoques naturais. Embora o pirarucu tenha se
A realidade da pesca do pirarucu aclimatado nos açudes do Nordeste
na vasta região amazônica revela o brasileiro, com produção em níveis
quanto é difícil aplicar uma legislação a p r e c i á v e i s , a pesca p r e d a t ó r i a
pesqueira eficiente. O conhecimento resultou no seu desaparecimento da
da biologia pesqueira desse peixe se estatística pesqueira daquela região.
faz n e c e s s á r i o , p a r a um m e l h o r Alguns espécimes foram capturados
entendimento sobre as peculiaridades com mais de 2m de comprimento e
da pesca, visando oferecer medidas peso acima de 100 kg (Fontenele &
racionais de exploração. O cultivo, por Vasconcelos, 1982). Na Amazônia
peruana, têm sido realizados alguns dessa espécie em cativeiro foram
trabalhos com o p i r a r u c u , n a iniciados por Oliveira (1944), no
reprodução e no crescimento. Museu Paraense Emílio Goeldi, em
A piscicultura intensiva desse B e l é m , e, p o s t e r i o r m e n t e por
fisóstomo, foi iniciada em Belém, na Fontelene (1948), no Departamento
E m p r e s a Brasileira de Pesquisa Nacional de Obras Contra as Secas -
Agropecuária — Embrapa Amazônia DNOCS, em Icó, onde conseguiram
O r i e n t a l , em c o n s o r c i a ç ã o com importantes dados sobre anatomia e
búfalos. Os peixes foram criados em hábitos de procriaçào do pirarucu.
2
viveiros de 100m de área inundada e Bardach et al. (1972) citam que no
abastecidos com água de um açude Peru, esse peixe foi reproduzido e
destinado ao banho de bubalinos utilizado no povoamento e
(Imbiriba et ai, 1985). repovoamento de ambientes naturais.
No Brasil, além da Amazônia A primeira desova de pirarucu
onde encontra o seu habitat predileto, fora do seu habitat natural ocorreu em
esse peixe pode ser racionalmente janeiro de 1939, nos lagos do Museu
criado nas Regiões Nordeste, Centro Emílio Goeldi. As larvas dias após
Oeste, e, em determinados locais da nascidas, eram retiradas dos pais e
Região Sudeste, onde não ocorrem transferidas para um pequeno tanque
grandes variações de temperatura. de cimento, sendo alimentadas com
Neste trabalho, são analisados alguns plàncton e, posteriormente, camarões
aspectos do manejo de criação dessa triturados. De acordo com Oliveira
e s p é c i e , nos itens relativos à (1944), o número médio de larvas por
reprodução, alevinagem, alimentação, desova, eram em torno de 4.000
crescimento, rusticidade e aspectos indivíduos.
econômicos. Alguns exemplares provenientes
dessas desovas foram transportados
REPRODUÇÃO
para F o r t a l e z a , CE, e a seguir,
Mesmo sendo considerado uma transferidos para a Estação de
espécie importante para a piscicultura, Piscicultura "Pedro Azevedo", em Icó.
tanto na p r o d u ç ã o de a l i m e n t o s , A reprodução do pirarucu nesses
q u a n t o na p r o t e ç ã o , com o ambientes, somente foi observada em
repovoamento dos estoques naturais, dezembro de 1944 (Fontenele &
os conhecimentos sobre a fisiologia Vasconcelos, 1982). Por ser uma
reprodutiva do pirarucu ainda são espécie de desova em água parada, sua
muito escassos. O comportamento reprodução em cativeiro pode ser feita
reprodutivo é bastante complexo, e em açudes e viveiros.
e n v o l v e a formação de casais De preferência, deve-se optar
monogâmicos, construção de ninhos e pela esco'ha de açude para reprodução
cuidado parental com o ninho e a prole dessa espécie, uma vez que nessas
(Fontenele, 1948) condições eles apresentam um
Os estudos sobre a reprodução crescimento superior, provavelmente,
em função da melhor qualidade da uso indiscriminado de rede de espera
a l i m e n t a ç ã o e n c o n t r a d a nesses foram fatores d e t e r m i n a n t e s no
ambientes (Imbiriba, 1991). Outro declínio desta espécie nos açudes
fator a c o n s i d e r a r no açude, diz daquela região.
respeito ao tamanho dessas coleções Na Tabela 1, são mostrados a
d'água, quando comparadas às de um relação entre o número de alevinos
simples viveiro. Verificou-se que a introduzidos e o n ú m e r o de
presença de bovinos e bubalinos, exemplares de pirarucu, capturados
pastejando e banhando-se nos locais nos açudes públicos do Nordeste
de desova, prejudica a reprodução. A brasileiro. O início da reprodução do
fim de contornar esse problema, é pirarucu nesses ambientes ocorreu em
aconselhável retirar os animais uns outubro de 1944, no açude Riacho do
dois meses antes do início do período Sangue, em Solonópole, CE, tendo os
chuvoso, trazendo-os de volta somente alevinos sido introduzidos no dia
após a época de reprodução (Imbiriba 16.07.1941 (Fontenele & Vasconcelos,
et ai, 1996). 1982). Pode-se observar que os piraru­
Fontelene & Vasconcelos (1982) cus, no citado açude, reproduziram-se
citam que no Nordeste brasileiro, os a partir do terceiro ano de idade.
alevinos produzidos nas Estações de Fazendo a comparação entre o
P i s c i c u l t u r a , eram utilizados no número de alevinos introduzidos,
povoamento de açudes públicos, onde 5.590, com o n ú m e r o total de
após comprovada a reprodução, era exemplares capturados pela pesca,
permitida a pesca. O comprimento to­ 106.318, comprova-se a reprodução
tal dos alevinos utilizados no desse espécime nos açudes públicos do
peixamento desses açudes variou de Nordeste brasileiro. Dos números
30 a 70cm. A pesca predatória acima citados, não são levados em
praticada na época da reprodução e o consideração aqueles indivíduos que

Tabela 1. Relação entre o número de alevinos introduzidos e o número de exemplares de pi­


rarucu capturados nos açudes públicos do Nordeste brasileiro.

Bacia Alevino Exemplar


Açudes
hidráulica(ha) introduzido Capturado
São Gonçalo (PB) 570,00 323 6.307
Ayres de Souza (CE) 1.288,00 568 7.166
General Sampaio (CE) 3.300,00 1.050 23.256
Engo Ávidos (PB) 2.800,00 1.153 16.239
Estevam Marinho (PB) 11.150,00 1.776 27.375
Riacho do Sangue (CE) 918,57 168 7.166
Itans (RN) 1.340,00 552 9.759
Total 5.590 106.318
Fonte: Fontenele & Vasconcelos, 1982
escaparam do controle estatístico, e os reprodução é possível a identificação
que fugiram pelo sangradouro nos do sexo dos reprodutores, uma vez que
períodos de repleção (Fontenele & o macho adquire acentuada coloração
Vasconcelos, 1982). escura na parte superior da cabeça e na
Os reprodutores desse espécime, região dorsal, que se prolonga até
quando criados em açudes de fazenda, quase a inserção da nadadeira dorsal,
devem ser alimentados com peixes de enquanto os flancos, ventre e parte
baixo valor comercial, comumente caudal adquirem coloração vermelha.
encontrados nesses tipos de ambiente, Na fêmea, a mudança de coloração é
em razão da fertilização orgânica, pouco perceptível e todo o peixe
ocasionada pelos dejetos dos gados permanece com a cor castanho-clara.
bovino e b u b a l i n o . O açude Queiroz (no prelo) cita que os machos
empregado na reprodução do pirarucu, são geralmente mais longos e esguios,
preferencialmente, deve fazer parte de enquanto as fêmeas tendem a
um sistema integrado, envolvendo a apresentar um corpo mais curto e
pecuária com a piscicultura. Quando o grosso.
açude não contém uma população Bard & Imbiriba (1986) citam
e x p r e s s i v a de peixes n a t i v o s , é que o ovário da fêmea do pirarucu é
necessário fazer um povoamento com um órgão ímpar e está situado na
espécimes "forrageiras", como por cavidade abdominal, em posição látero
exemplo as tilápias, as piabas, ou mediana esquerda. Segundo Fontenele
e s p é c i m e s de grande capacidade (1948), um exemplar de pirarucu com
reprodutiva. 1,90m de comprimento total, o ovário
Em razão do porte dos em estado de estro mede 495mm de
reprodutores e do tamanho mínimo do comprimento, 120mm de largura e
açude, Imbiriba (1991) recomenda que peso em torno de 650g. A coloração do
o povoamento dessas coleções d'agua ovário é dada pela cor dos óvulos. O
com pirarucus que servirão como ovário em estado de estro embora
plantei de matrizes e reprodutores, apresente coloração variável, a cor
deva obedecer a densidade de um predominante é a verde petróleo.
indivíduo para cada 200m de área 2
Os óvulos apresentam
inundada. Devido à facilidade de d i m e n s õ e s , c o l o r a ç ã o e forma
captura e ao transporte, bem como diferentes, de acordo com seu estado
objetivando a redução do tempo de desenvolvimento e, em
necessário para procriação, sugere-se conseqüência, o pirarucu pertence ao
que o povoamento seja feito com grupo das espécies de maturação
animais pesando entre 5 e 10kg. sexual p a r c i a l , dando origem a
Fontenele (1948; 1953) cita que desovas parceladas (Fontenele, 1948).
esse e s p é c i m e , e x c e t u a n d o - s e o O testículo do macho adulto pode ser
período da desova, não apresenta considerado, também um órgão ímpar.
c a r a c t e r e s sexuais secundários A funcionalidade se restringe ao
extragenitais. Somente no período da testículo esquerdo, pois o direito é
atrofiado. ainda estão protegendo a prole durante
No ambiente natural, a idade e os meses de abril e maio, na Amazônia
o período da primeira maturação Oriental. Em razão do
sexual desse espécime, ainda não estão desconhecimento da bioecologia desse
perfeitamente definidos. A desova peixe, sua pesca era reaberta em plena
ocorre logo após o início das época de reprodução. Em 4 de março
enchentes e a época deve variar muito de 1 9 9 1 , o I B A M A d e l i b e r o u a
2
ao longo da calha S o l i m õ e s - Portaria n 480, proibindo a pesca do
2
Amazonas. Lowe-Mc Coonnell (1987) pirarucu, anualmente, no período de l
cita que a reprodução dos pirarucus, de dezembro a 31 de maio. Assim, a
está intimamente relacionada com a legislação ficou mais adequada às
intensa dinâmica do nível das águas condições locais da pesca deste peixe
dos rios da Amazônia. na Amazônia.
Muito embora pareça existir Em cativeiro, normalmente, o pi­
sempre uma pequena parcela das rarucu tem apresentado sua
populações reproduzindo-se durante o reprodução a partir do quinto ano de
ano todo, o pico da reprodução está idade, com peso em torno de 40 a 45
associado ao início do período da kg (Imbiriba et ai, 1994). Esses dados
enchente dos rios, que varia de acordo são considerados por Lüling (1964),
com o local específico da região para o pirarucu do rio Pacaya, no Peru,
amazônica (Queiroz, no prelo). No o qual torna-se adulto após o quarto ou
Peru, a reprodução desses animais, quinto ano de vida, quando chega a
inicia-se por volta do mês de agosto medir 1.70m de comprimento e peso
(Guerra, 1980). de 40 a 45 kg. A idade desses animais
A pesca do pirarucu na foi determinada através do estudo das
Amazônia começou a ser disciplinada vertebras.
pela antiga S u p e r i n t e n d ê n c i a de Durante o período de 1962/1963,
Desenvolvimento da Pesca cerca de 762 exemplares juvenis de
( S U D E P E ) , hoje i n c o r p o r a d a ao pirarucu foram utilizados no
Instituto Brasileiro de povoamento do lago Sauce , no Peru.
Desenvolvimento do Meio Ambiente O objetivo do estudo era utilizar o
e Recursos Naturais Renováveis ambiente natural do lago como área de
(IBAMA), a partir de 2 de setembro r e p r o d u ç ã o , onde m a i s tarde os
2
de 1976, através da Portaria n 15, que alevinos desse espécime pudessem ser
proibia sua captura, anualmente, no aproveitados nas fazendas de criação
a
período de I de outubro a 31 de de peixes. A primeira desova no
março. A portaria em questão tinha referido lago ocorreu em outubro de
como objetivo preservar a espécie na 1975, ou seja, 12 anos após o
época da reprodução. povoamento (Wosnitza-Mendo, 1984).
O início da pesca do pirarucu na Uma explicação para o longo
bacia amazônica, após 31 de março, período do pirarucu, para alcançar a
deixa vulnerável aqueles animais que primeira desova no lago Sauce, pode
ter sido causada pela perturbação da e de forma contínua, deve provocar
atividade pesqueira, no período da variações na condutividade elétrica e
reprodução (Wosnitza-Mendo, 1984). pH da água, fatores ambientais de fun­
Segundo Lüling (1971), o começo da d a m e n t a l importância no
maturidade sexual do pirarucu em d e s e n v o l v i m e n t o gonadal e na
cativeiro pode ser atrasado reprodução de várias espécies da bacia
consideravelmente, desde que sejam a m a z ô n i c a . Os dados sobre a
perturbados. Wosnitza-Mendo (1984) influência da precipitação
cita também que a desova do pirarucu pluviométrica na maturação gonadal
começa somente a partir do quarto ano em peixes ainda são escassos.
de idade, ou talvez mais tarde, desde Bard & Imbiriba (1986) citam
que sejam selecionadas áreas especiais que os ninhos são construídos pelo
para reprodução e que os animais não casal em locais de fundo argiloso e
sejam molestados por ocasião do sem vegetação. Possuem a forma da
período reprodutivo. calota esférica, tendo cerca de 0,20m
Guerra (1980) reporta que na de profundidade e d i â m e t r o de
Reserva Nacional dos rios Pacaya- aproximadamente 0,50m. Nos ninhos,
Samira, na Amazônia peruana, o pi­ as fêmeas colocam os óvulos, que
rarucu desova durante o ano todo, recebem o líquido seminal do macho
e n t r e t a n t o , com um p e r í o d o de para ocorrência da fertilização. Após
máxima intensidade de setembro a a eclosão dos o v o s , as larvas
dezembro, com um pico mais alto no permanecem durante cinco dias no
mês de novembro, e de mínima, entre n i n h o , até a b s o r ç ã o da vesícula
março e maio. Alcança sua primeira vitelina (Fontenele, 1948).
maturação sexual com um As larvas são pretas e nadam
comprimento total de l,85m e idade sobre a cabeça e região dorsal do pai,
de cinco anos. Estudos realizados com que as protege, e somente são visíveis
pirarucu em Iquitos, Peru, no período após atingirem uma semana de vida.
de 1985 a 1987, em viveiro com 3.000 Segundo Fontenele (1948), nesse
2
m de área inundada, e profundidade período, as larvas já vêm à superfície
variando entre 0,60 a l,20m, os peixes da água no exercício da respiração
alcançaram sua reprodução com a aérea. Durante os primeiros meses, as
idade de seis anos e um comprimento larvas, pós-larvas e alevinos vivem em
de l,60m (Alcântara, 1990). cardume protegidos pelos pais.
O período de procriação do pi­
rarucu, na A m a z ô n i a Oriental, é
ALEVINAGEM
iniciado por ocasião das primeiras Imbiriba (1991) demonstra que o
chuvas na região, e ocorre entre os processo utilizado na obtenção de
meses de janeiro a maio, em locais de alevinos de pirarucu, deve consistir na
pouca profundidade. A mudança do captura desses peixes, no próprio lo­
nível da água por ocasião do início das cal onde é mantido o plantei de
grandes precipitações pluviométricas, matrizes e reprodutores. Devido à
necessidade de virem à superfície no em sacos de plástico cheios de água e
exercício da respiração aérea, oxigênio. O número de alevinos por
facilmente os ninhos e casais são saco depende do tamanho dos peixes
perceptíveis, ocasião em que deve ser e da duração do percurso. O transporte
acompanhada a evolução da prole e aéreo é efetuado em sacos de plástico
efetuada a captura dos alevinos, quando duplos de 25kg, contendo água e
esses animais atingirem um peso em oxigênio, com aproximadamente 25
torno de 40 gramas. alevinos de 30 a 40g de peso médio.
Sob a proteção do casal de Para facilitar o transporte, essas
reprodutores, os alevinos se reúnem embalagens devem ser acondicionadas
num só cardume, em razão do hábito em caixas de papelão ou isopor.
gregário da espécie nesta fase, Os viveiros de alevinagem têm
facilitando a operação de captura dimensões entre 400 e 1.000 m de 2

( I m b i r i b a , 1991). O aparelho de área inundada. Essa variação depende


captura empregado nesta operação do tamanho do empreendimento. As
deve ser uma tarrafa tipo instalações devem ser construídas em
"camaroneira". locais que possibilitem o controle
A prole no açude deve ser efetivo da a l i m e n t a ç ã o e do
acompanhada utilizando uma pequena crescimento dos alevinos, bem como
embarcação para duas ou três pessoas, da proteção contra os a n i m a i s
devido à necessidade de se fazerem predadores.
deslocamentos rápidos em busca dos
alevinos. O operador da tarrafa tem ALIMENTAÇÃO
que ser um pescador dotado de certa Apesar do grande potencial para
habilidade no m a n u s e i o deste cultivo, o pirarucu apresenta pouco
aparelho. A tarrafa tem que ser lançada conhecimento com relação ao hábito
na água, no momento em que os alimentar, cujo estudo é importante
alevinos estão subindo à superfície para se ter uma idéia das
para respirar e, i m e d i a t a m e n t e , suas necessidades nutritivas.
recolhidos para dentro da embarcação. Primariamente, o Arapaima é um
Na fase de a l e v i n a g e m , a piscívoro que nada lentamente, ou fica
mortalidade é baixa, pelo fato de não à espera de suas presas. Lüling (1971);
ocorrer canibalismo entre os membros Schaler & Dorn (1973), citam que na
dessa espécie, e também porque os sua alimentação, dão preferência aos
pais protegem a prole. O transporte caracoides e loricarídeos. Além das
para os viveiros de alevinagem deve espécies de porte pequeno, sua dieta
ser feito logo após a captura, em tem a participação variável de outros
caixas de isopor ou de plástico, com itens, como moluscos, crustáceos e
cerca de 2 5 % de água, sem tampa insetos (Queiroz, no prelo). Como
(Imbiriba, et al., 1996). predador, o pirarucu se encontra no
O transporte dos alevinos de pi­ nível trófico mais alto de uma cadeia
rarucu, para grandes distâncias, é feito alimentar.
As presas são capturadas pelo 10% do peso vivo individual
pirarucu por forte sucção, provocando (Imbiriba, 1991). Durante o período de
certos ruídos na água. Toda a água alevinagem, deve-se ter o cuidado
apreendida é expelida pela abertura com animais predadores, como peixes
das tampas operculares. Apesar do carnívoros e pássaros ictiófagos. A
avantajado porte, o pirarucu é um permanência dos alevinos nesses
peixe inofensivo, d e s p r o v i d o de viveiros deve durar até que atinjam
e s p i n h o s e d e n t e s a g u ç a d o s . Os aproximadamente três meses de idade.
maxilares dos exemplares adultos são O policultivo entre alevinos de
formados por uma fileira de poucos pirarucu e tilápia no mesmo viveiro,
dentes cônicos, com menos de 2mm em consorciação com suínos, é uma
de comprimento. Como nas demais alternativa utilizada na alimentação
espécies ictiófagas, o tubo digestivo é dos pirarucus. Primeiramente se faz
curto. uma consorciação prévia de suínos e
Ao contrário das espécies tilápias, construindo-se uma pocilga
onívoras e herbívoras, que são menos rústica sobre o viveiro de alevinagem.
exigentes em conteúdo protéico e Q u a n d o houver u m a e x p r e s s i v a
aproveitam melhor uma variedade população de pós-larvas e alevinos de
muito maior de alimentos, tanto de tilápia, o que deverá ocorrer após três
origem vegetal quanto de origem ani­ a quatro meses dessa consorciação, é
mal, os carnívoros necessitam de que então os alevinos de pirarucu são
maior conteúdo protéico, quando colocados no viveiro de alevinagem
criados em cativeiro, e costumam não (Imbiriba, 1994).
aproveitar bem os alimentos de origem A a l i m e n t a ç ã o de p i r a r u c u s
vegetal. j o v e n s e a d u l t o s pode ser feita
Inicialmente, a alimentação dos utilizando peixes vivos ou mortos.
a l e v i n o s de p i r a r u c u deve ser Num sistema c o n s o r c i a d o com
constituída de peixes de pequeno búfalos, quando se aproveitam as
porte, como pós-larvas e alevinos de tilápias como "peixes forrageiros",
tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, estas são capturadas no açude usado
ou de outras espécies de elevada no manejo desses animais e levadas
prolificidade. A captura dessas pós-lar­ para os viveiros com pirarucus. A
vas é feita com rede de arrasto tipo eutrofização do açude é feita pelos
mosquiteiro. Nesse sistema, efluentes bubalinos, por ocasião do
conseguem-se peixes de menor porte banho diário, antes de cada ordenha,
que os alevinos de pirarucu. Outra e também pela água de lavagem do
alternativa de alimentá-los é cortar os estábulo e c u r r a i s , n o r m a l m e n t e
p e i x e s forrageiros em p e q u e n o localizados numa topografia favorável
pedaços (Imbiriba et ai, 1996). e que são carreados para essas lagoas.
O arraçoamento dos alevinos, Imbiriba et al. (1996) citam que
utilizando carne de peixes, deve ser na região Equatorial do Brasil, a
feito em quantidade equivalente a 8- fertilização orgânica dos açudes pelos
búfalos, aliada às altas temperaturas normalmente as propriedades rurais da
durante o ano inteiro, e à capacidade Região Norte do Brasil, são dotadas de
reprodutiva, cria condições favoráveis açude geralmente superpovoados com
a uma superpopulação de tilápias que, peixes de baixo valor comercial e que
em geral, n ã o atingem t a m a n h o podem ser aproveitados pelo pirarucu.
comercial. Esses peixes, com baixo Bard & Imbiriba (1986) citam que
custo de p r o d u ç ã o , podem ser independente da espécie de peixe
aproveitados na alimentação do pi­ forrageiro utilizada na piscicultura, a
rarucu, transformando um produto não sua produção e, conseqüentemente, a
comercial em outro altamente do pirarucu, deve estar condicionada
rentável. à intensidade das criações de animais
O regime carnívoro do domésticos na qual a piscicultura está
Arapaima, que representa uma das consorciada. Tendo como objetivo
dificuldades na piscicultura, pode ser evitar o custo do arraçoamento, seria
solucionado de várias maneiras e que m a i s proveitoso criar no m e s m o
variam com o método de criação viveiro o peixe forrageiro e o pirarucu.
empregado (Bard & Imbiriba, 1986). Quatro meses antes da introdução dos
Através da consorciação pirarucu com pirarucus nos viveiros de engorda,
animais domésticos, é possível o deve-se efetuar um peixamento com
a p r o v e i t a m e n t o dos resíduos da peixes "forrageiros". A biomassa
pecuária - dejeções sólidas e líquidas desses peixes se desenvolverá e será
"in natura" — como fertilizantes no mantida através da fertilização
aumento da população de "peixes orgânica dos animais domésticos,
forrageiros", que por sua vez irão servindo assim de alimentos aos pi­
servir de alimento aos pirarucus. En­ rarucus.
tre as criações possíveis, pode-se citar Outra alternativa encontrada na
a consorciação conjunta de pirarucu alimentação dos pirarucus seria a
com suínos, bovinos, búfalos e aves. opção do e m p r e g o de r a ç õ e s
N o s sistemas integrados de peletizadas. Entretanto, não existe
cultivo envolvendo animal doméstico nenhum estudo quanto aos níveis de
e pirarucu, é importante a contenção proteína e energia necessárias na dieta
desses animais para que os resíduos de para esse peixe, estando portanto esta
sua alimentação e os excrementos solução condicionada à realização de
possam ser coletados. Os abrigos p e s q u i s a s que c o m p r o v e m sua
devem estar instalados em locais eficiência.
próximos aos viveiros de pirarucu,
para diminuir os custos de transporte,
CRESCIMENTO
ou então, construídos sobre os Bard & Imbiriba (1986) citam
viveiros. Na criação consorciada entre que o pirarucu é uma espécie que
pirarucu e suínos, a pocilga pode ser apresenta crescimento bastante rápido
construída sobre o viveiro dos peixes. e, em cativeiro, pode alcançar um peso
Em razão do potencial hídrico, em torno de 10kg com um ano de
cultivo. No habitat natural, os dados curva de crescimento para os piraru­
são pouco conhecidos e o crescimento cus do lago Sauce (Fig. 1).
dos p e i x e s que respiram o ar Na Estação de Piscicultura de
atmosférico é muito mais rápido nos Iquitos, Peru, Sanches (s.d), citado por
primeiros anos de idade. Bard & Imbiriba (1986) realizou um
M e n e z e s (1951) cita que o ensaio de crescimento com pirarucu.
crescimento do pirarucu durante o Os alevinos foram coletados no rio
p r i m e i r o ano de vida é muito Amazonas e receberam uma ração
acentuado, e chegam a alcançar em composta de farelo de arroz misturado
torno de 10kg de peso fresco. O com sangue de matadouro. Embora os
crescimento continua acentuado até o peixes tenham aceitado a alimentação,
início do período r e p r o d u t i v o , o seu crescimento foi lento.
podendo ocorrer a duplicação anual do E x p e r i ê n c i a s r e a l i z a d a s no
peso. Mesmo após atingirem o período Instituto Veterinário de Investigações
de maturidade reprodutiva o pirarucu Tropicais e Altura (IVITA), em
continua apresentando alta taxa de Pucallpa, Peru, com crescimento de
c r e s c i m e n t o anual em peso e pirarucu em açude consorciado com
comprimento (Queiroz, no prelo). bovino é reportada uma produtividade
Wosnitza - Mendo (1984) cita líquida de 1.846 kg/ha/ano,
que a taxa de crescimento do pirarucu, considerando apenas 40 animais numa
2
no lago Sauce, no Peru, foi de 0,80 m área de 2.600 m de espelho d'agua.
após o primeiro ano e de l,50m após Os peixes foram estocados com peso
o s e g u n d o . Daí por d i a n t e , médio de 1 kg, e, ao final de um ano,
v a g a r o s a m e n t e se a p r o x i m a do apresentaram um crescimento em peso
comprimento máximo de 2,45m. Na individual em torno de 12 kg (Bard &
região do rio Pacaya, no Peru, Lüling Imbiriba, 1986). O açude era usado
( 1 9 6 4 ) relata um c o m p r i m e n t o como bebedouro para o gado bovino
máximo de 2,32 metros. Através de e a p r e s e n t a v a d i s p o s i t i v o de
dados de comprimento e idade de escoamento total para facilitar a
peixes adultos e de exemplares até despesca.
dois anos de idade, foi construída uma O fator primordial no

Fev. Abr. Ago. Out. Dez. Dez.


76 76 76 76 76 77

Figura 1. Crescimento em comprimento de pirarucu no lago Sauce, Peru.


crescimento dos pirarucus no citado eram abastecidos pela água de um
ensaio deveu-se à fertilização mineral açude usado no manejo de criação de
aplicada às pastagens, na qual uma búfalos. Por indisponibilidade de
parte era carreada pelas chuvas ao alevinos, os animais entraram em
açude e a a d u b a ç ã o orgânica, épocas diferentes nos viveiros, cujo
procedente do excremento bovino. A peso médio variou de 25 a 388 gra­
eutrofização do ambiente aquático foi mas.
aproveitada na produção de peixes
Bard & I m b i r i b a ( 1 9 8 6 )
planctófagos e iliófagos, e que por sua
referindo-se ao experimento acima,
vez, serviram de alimento aos piraru­
citam um crescimento em peso médio
cus (Bard & Imbiriba, 1986).
final de 4.497g em 152 dias de cultivo,
Em dois ensaios utilizando um
na densidade de seis indivíduos, e
sistema de cultivo intensivo com
3.070g com duração de 201 dias na
circulação de água morna, esses peixes
densidade de 20 animais (Tab. 2). O
cresceram de 19g para 2.506g em dez
arraçoamento dos animais no citado
m e s e s , e de 15g para 4kg em 12
ensaio, foi realizado com tilápias
Ω
meses, alcançando 15 kg no 26 mês
v i v a s , c a p t u r a d a s três v e z e s p o r
(Von Sengbusch et al., 1974, Von
semana, numa quantidade equivalente
Sengbusch, 1980a, 1980b ; Meske,
a 6% do peso vivo dos pirarucus.
1980). O a l i m e n t o utilizado n o s
ensaios era constituído inicialmente de Moura Carvalho & Nascimento
peixes vivos e, posteriormente, de (1992) citam um ensaio de
peixe c o n g e l a d o m o í d o , com c r e s c i m e n t o de p i r a r u c u s e m
alimentos artificiais. associação com búfalos e suínos. O
O primeiro ensaio experimental crescimento em peso médio desse
de crescimento intensivo de pirarucu peixe variou de 100 gramas para 10
no Brasil foi realizado por Imbiriba et kg, em um ano de c u l t i v o . A
al. (1985), utilizando as densidades a l i m e n t a ç ã o dos p i r a r u c u s era
seis, onze, quinze e 20 pirarucus por realizada com organismos forrageiros.
100m de área inundada. Os viveiros N e s s e sistema, p r o c e d e u - s e a
2

Tabela 2. Crescimento de pirarucu em peso e produtividade em diferentes densidades de


;
esiocagem. — ζ
Viveiro NT/100m2 Tempo Ρ (g) Ρ (g) Ganho de Ganho de Produtividade
N° N° dias Inicial final peso peso extrapolada
diário(g) diário/ha (kg) T/ha/ano

1 6 152 388 4.497 27,0 16,2 5,9

2 11 152 126 4.037 25,7 28,2 10,3

3 15 131 167 3.567 25,9 38,8 14,2

4 20 201 25 3.070 15,1 30,2 11,2


NT = Número de indivíduos estocados; Ρ = Peso médio;
Fonte: Bard & Imbiriba, 1986.
introdução de alevinos de pirarucu, tipos de água de acordo com a
três meses após a introdução dos classificação de Sioli.
suínos e organismos forrageiros.
ASPECTOS ECONÔMICOS
RUSTICIDADE
A produção de pirarucu na bacia
O pirarucu tem demonstrado ser amazônica baseia-se na sua captura
um peixe extremanente resistente ao em ambientes naturais, o que durante
m a n u s e i o . Essa espécie tem a os últimos anos, vêm sofrendo os
capacidade de suportar várias horas efeitos negativos da sobrepesca, o que
fora d'agua, desde que suas escamas têm contribuído marcantemente na
permaneçam umedecidas. Não foi redução desses estoques. Segundo
observado nenhum sintoma de doença Veríssimo (1970), essa espécie ocupou
entre esses animais. Embora sejam posição de destaque na economia
ictiófagos, os alevinos dessa espécie p e s q u e i r a da região. Existem
a p r e s e n t a m e x c e l e n t e taxas de evidências de que eram
sobrevivência, chegando praticamente desembarcados no porto de Belém, en
fins do século passado, uma médií
a 100%, d e v i d o não fazerem
anual de 1.300 toneladas de pirarucus.
canibalismo.
Essa média caiu para 300 toneladas,
Além da respiração branquial, o na primeira metade do século 20
pirarucu utiliza-se da bexiga natatória (Menezes, 1951).
muito vascularizada como órgão de
Estudos sobre a p r o d u ç ã o
respiração acessória (Sawaya, 1946).
primária mostram que as águas
Este aspecto evolutivo talvez esteja
brancas são as mais produtivas em
relacionado com os baixos níveis de termos de fitoplâncton (cerca de seis
o x i g ê n i o dissolvido nas águas toneladas de matéria seca/ha/ano)
a m a z ô n i c a s ( Q u e i r o z , no prelo). (Junk, 1986). Isto indica que os rios de
Lüling (1964) cita que essa espécie água branca, são as principais áreas
respira obrigatoriamente por meio de com alto potencial p r o d u t i v o
duas formas por toda a sua vida, e pesqueiro na região amazônica. Não é
devem, portanto, vir à superfície a somente a fertilização da própria água
cada dez ou v i n t e m i n u t o s p a r a que influencia a produtividade e as
captarem o oxigênio atmosférico. redes alimentares. Normalmente os
Sioli (1967) classificou os rios da rios, ao contrário dos lagos, têm
Amazônia de acordo com sua coloração, produção autóctone muito baixa,
devido à sua turbidez e às fortes
condutividade elétrica e pH, em água
turbulências das águas. As redes
branca, preta e clara. Junk (1983) cita
alimentares dependem,
que mesmo havendo barreiras químicas,
principalmente, do material autóctone
com diferenças de pH e de concentração
da área de captação (Vannote et al.,
de sais minerais entre a água branca e a
1980).
água preta, o pirarucu se adapta aos três
Goulding (1979), Lowe-
MacConnel (1987) e Pereira Filho et empregado na pesca, o pirarucu é
al. (1991) citam que a produção desse sempre capturado morto, seja ferido
peixe na A m a z ô n i a vêm sendo pelo arpão ou asfixiado pela rede. Pelo
reduzida drasticamente e, em algumas próprio porte do animal, faz com que
regiões produtoras, os estoques já ele seja imediatamente salgado nos
estão comprometidos. O pirarucu é próprios locais de captura. A carne
comercializado na região amazônica fresca n o r m a l m e n t e é p o u c o
principalmente na forma de mantas, c o n s u m i d a , p r i n c i p a l m e n t e nos
que podem ser frescas, congeladas e grandes centros de comercialização de
salgadas. Entretanto, são as mantas pescado na Amazônia.
s a l g a d a s , o principal meio de A carne deste Osteoglossídeo,
preservação e comercialização do além de deliciosa, praticamente é
p r o d u t o , daí a d e n o m i n a ç ã o de desprovida de espinhas. A textura
"bacalhau brasileiro". permite o preparo dos mais variados
A redução da população dessa pratos regionais. Alguns produtos
e s p é c i e , na bacia a m a z ô n i c a , é como o fishburger, fishfinger, salsicha
conseqüência de vários fatores, dentre de peixe, presunto de peixe, poderiam
os quais podem-se citar: a reprodução ser fabricados a partir de carne de pi­
só ocorre após o quinto ano de idade rarucu oriunda de uma piscicultura in­
(dados de cativeiro); o grande porte dustrial. O oferecimento da carne
dos animais, que os transformam em produzida em cultivo teria como
presas cobiçadas; a predação que conseqüência, a diminuição na pressão
sofrem os alevinos, após a captura dos pesqueira que é exercida sobre os
reprodutores, no período de proteção estoques naturais. As escamas podem
à prole; o processo de respiração ser usadas como lixa de unha ou na
aérea, que torna a espécie facilmente confecção artesanal de ornamentos
observada pelos pescadores e, portanto típicos, enquanto que a língua, que é
altamente vulnerável; e o óssea e áspera, é largamente utilizada
indiscriminado uso de malhadeiras pelos nativos da região para ralar o
empregadas na captura dos peixes na guaraná. O couro do pirarucu que
Amazônia. representa 10% do peso do animal,
Imbiriba et al. (1994) relatam pode ser aproveitado na indústria,
um rendimento médio de carne de como matéria-prima para bolsas,
5 7 % para o p i r a r u c u , o que é sapatos e cintos, contribuindo de
considerado excelente aproveitamento maneira importante para o incremento
q u a n d o c o m p a r a d o com outras econômico do cultivo dessa espécie
espécies da ictiofauna regional, dentre (Imbiriba et al., 1994).
as quais, a piramutaba, Tendo como objetivo normatizar
Brachyplastystoma vailantii e pargo, o tamanho mínimo de abate de piraru­
2
Lutjanus purpureus, por exemplo, que cus, o IBAMA deliberou a Portaria n
está em torno de 44%. 039, de 2 dezembro 87, que proíbe a
Independente do método captura e comercialização dessa
espécie com comprimento total infe­ preservação do pirarucu, iria afetar os
rior a 150 cm. Em 15 de fevereiro de pescadores ribeirinhos, que utilizam
1993, uma nova portaria limitou a esse tipo de aparelho na pesca de
comercialização de mantas secas e subsistência. Junk (1986) cita que a
salgadas de pirarucus com proibição temporária em certas áreas
comprimento superior a 100 cm. por alguns anos, tendo como objetivo
Mesmo havendo uma legislação tentar recuperar os estoques de peixes
disciplinando a pesca do pirarucu na grandes ainda é discutida. A realidade
bacia amazônica, eles são capturados da pesca do pirarucu na bacia
com malhadeiras durante o ano inteiro amazônica mostra o quanto é difícil
e de maneira não muito seletiva. Junk impor restrições.
& Honda (1976) citam que grande Na figura 2 são apresentados os
parte desses animais desembarcados dados de produção de pirarucu nos
na cidade de Manaus, são menores que açudes do Nordeste brasileiro, em
150 cm, chegando muitos a medir sistema extensivo de criação, durante
cerca de lm de comprimento total. os anos de 1958 a 1980.
Não resta dúvida que a O rendimento global da pesca
introdução da malhadeira, dessa espécie nesses mananciais foi de
principalmente nas matas inundáveis, 199,7 toneladas no ano de 1962,
trouxe grande prejuízos aos estoques q u a n d o foi atingido o pico de
de pirarucu. A eficiência d e s s e s p r o d u ç ã o . A seguir, a p r o d u ç ã o
aparelhos é grande e esses peixes após começou a decrescer, afora pequenas
malhados dificilmente escapam, em oscilações, até o desaparecimento to­
razão da necessidade de virem à tal da estatística da pesca naquela
superfície logo após serem emalhados. região.
Caso houvesse proibição quanto Pelos níveis de p r o d u ç ã o
ao uso de malhadeiras em locais, apresentados, observa-se portanto que
como mata inundável e c a m p o s essa espécie aclimatou-se muito bem
alagados na pescaria de espécies de nos açudes nordestinos em que foi
p e q u e n o p o r t e , como m e d i d a de introduzido, alcançando assim uma

• ANO

ψ ANO

o5 o σι cn σ> σ> σ>

Figura 2. Produção do pirarucu oriunda da criação extensiva nos açudes do Nordeste brasileiro,
período de 1958/1980.
captura econômica. A pesca predatória preservação do pirarucu está o seu
exercida em plena época da manejo em a m b i e n t e s n a t u r a i s e
r e p r o d u ç ã o e com aparelhos artificiais. Essa espécie apresenta
prejudiciais à sobrevivência do pi­ extraordinário desenvolvimento
rarucu deve ter concorrido para reduzir ponderai, chegando a alcançar em
os estoques em níveis não compatíveis torno de 10kg com apenas um ano de
à pesca econômica. cultivo.
CONSIDERAÇÕES GERAIS 5. Pelos níveis de p r o d u ç ã o
apresentado e pelo porte, o pirarucu
1. Apesar das medidas de pode ser utilizado no desenvolvimento
proteção, o pirarucu encontra-se em de uma piscicultura agro industrial. A
fase de declínio nas principais zonas carne produzida em cultivo teria como
de produção e comercialização da conseqüência a diminuição na pressão
Amazônia. A sobrepesca tem atingido pesqueira que é exercida sobre os
a captura de e x e m p l a r e s j o v e n s ,
estoques naturais.
prejudicando de maneira sensível os
estoques naturais. RECOMENDAÇÕES
2. A p ó s a introdução das
malhadeiras, principalmente nas matas 1. Interditar a pesca do pirarucu
inundáveis, têm ocorrido grandes em áreas críticas até que a população
baixas nas populações de pirarucu, em seja restabelecida.
razão da eficiência desses aparelhos. 2. Realizar estudos mais
Depois de emalhado, dificilmente essa aprofundados da e s p é c i e em
espécie escapa, onde é morto ambientes naturais e em cativeiro.
asfixiado, devido à necessidade de vir 3. Apoio institucional no
à superfície para respirar. desenvolvimento da criação do pi­
3. A proibição das malhadeiras rarucu na Amazônia, em face do seu
em locais como matas inundáveis e grande potencial de mercado e de
campos alagados, como medida de cultivo.
preservação do pirarucu, irá afetar os
pescadores ribeirinhos, que utilizam Bibliografia citada
desse aparelho na pesca de Alcântara, B.F. 1990 Observaciones sobre el
subsistência. A realidade da pesca na comportamiento reprodutivo dei paiche,
vasta bacia a m a z ô n i c a mostra o Arapaima gigas, em cautiveiro. Informe
Instituto De I n v e s t i g a c i o n e s de la
quanto é difícil impor restrições.
A m a z o n i a Peruana ( I I A P ) , Folia
4. Estudos sobre a bioecologia u
Amazônica, vol. n 2, 4p.
dessa espécie são necessários, para um Bard. J.; Imbiriba, E.P. Piscicultura do pi­
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Aceito para publicação cm 14/03/2001

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