You are on page 1of 9

NÃO SEI

Esse negócio de rimar,


É algo complicado,
Realmente de engasgar,
Mas de que vai adiantar,
Se eu me preocupar,
Quando você deve ser o agradado?
E se este poema foi comprado,
Certamente valeu mais que o apostado.

Quem nunca se subestima?


Eu faço isso constantemente,
Com tudo, não apenas a rima,
Pois autocrítica afia a mente,
Não sei, portanto rimar,
É algo que estou a tentar.
Autorenovação é parte do meu trabalho,
Se não gostou, que vá pra casa do caralho!

AGONIA E ÊXTASE

Às vezes,
No dia-a-dia,
Não se diferencia,
O êxtase
Da agonia.

Vivendo no limiar,
Do sonhar e vivenciar,
Onde um começa para outro terminar?
Letras num vai e vem,
Onde não cabe outro alguém.

Após uma noite trabalhando bem,


Deito-me para dormir também,
Numa cidade sonâmbula,
Insônia é minha flâmula,
Por mal ou por bem, que mal tem?

É quando a realidade cai,


E toda a alegria se esvai,
"Meu Deus, para onde isso vai?",
Pergunto-me em agonia,
Para onde foi toda a alegria?

Mas não existe trabalho como esse,


De resultado mais potente que ecstasy,
Ser escritor traz-me profunda alegria,
Pois ainda que haja agonia,
Haverá sempre o êxtase.

DESEMPREGADO

Sofrimento
Acalento
Alento

Rimam
Combinam
Sublimam

Não sou poeta


Literatura não é festa
Apenas busco uma fresta

INSÔNIA

Há beleza na insônia,
Que me leva à Polônia,
Ou à costa da Patagônia,
Faz-me pensar,
Sobre estar à beira-mar,
Ou talvez viajar,
Para as Ilhas Myanmar,
E, na cama, fico a divagar,
Pois é amor,
Que sinto por este mundo,
Tão puro e imundo,
Cheio de ardor.

APENAS HUMANO

No cotidiano,
O sentimento humano,
É desumano.

Se esta é nossa natureza,


Não seria falta de esperteza
Ignorar nossa própria destreza?

Não,
Pois toda comoção,
É negra ao coração.

NEM TUDO O QUE RELUZ

Nem tudo o que reluz


É uma fonte de luz
Que tal como o sexo
Pode ser apenas reflexo
De algo maior
Mesmo parecendo menor.

O HORROR
Às vezes,
Em meio às redes,
Não nos percebemos,
Já perdidos em sentimentos,
E consentimentos,
Tão emaranhados,
Que nos encontramos amarrados,
Completamente atados,
E, repletos de horror,
Pode ser amor,
Que em todo o seu esplendor,
Pode não ser correspondido,
Sendo algo doído,
Profundamente dolorido,
De coração partido,

Às vezes,
Em meio às redes,
Todas de sentimentos,
Não encontramos alentos,
Em quaisquer acalentos,
E, com horror,
Percebemos que o amor,
Pode se tornar dor.

ONDE AS FLORES NÃO DESABROCHAM

Sento-me neste lugar


Respirando seu ar
Seu aroma é peculiar
Odor forte e familiar

A quem poderia agradar?


Não conheço alguém
Tão louco para isto desejar
Certamente ninguém
Um cheiro fétido
Por este breu intrépido
Mergulhado no lamaçal
Tal qual o Umbral

Talvez eu esteja no Limiar


Onde desejos não têm par
E não basta sonhar
Invariável, aqui vou estar

O Limiar é onde ninguém quer ir


Onde ninguém deseja estar
O lugar em que não irá sorrir
Onde nada irá se realizar

Onde o acalento
Não encontra alento
A ferida permanece sem unguento
O corpo sem alimento

Ao parecer
Aqui vou perecer
Onde sonhos sem par
Na borda, hão de terminar.

O SENTIR

Deixa vir,
Alguns dizem,
E se riem,
Ao falarem sobre sentir,
Como se fosse fácil verbalizar,
Sobre o que é amar,
Ou o que esperar,
Quando esperanças se depositar,
Mas há sempre a tensão,
De que a paixão,
Não corresponda,
Aos desígnios do coração,
E a vontade não responda,
À mente de quem era são,
Agora perdido num turbilhão,
De emoções,
Sem razões.

PONTO DE VISTA

Chego à janela,
Revela-se uma distopia,
É o que há nela,
Tudo em cinza, sem alegria.

Mesmo rosas secas,


Ainda que muito nesgas,
Todas possuem suas belezas.

Para a maioria, tanto concreto é uma distopia,


Escritores são minoria, podem ver inspiradora utopia.

Depende do ponto de vista.

SENTIMENTO GERAL DO COTIDIANO

Me sento,
Não tento,
Em profundo desalento,
Do não saber por não querer,
Em contínua inércia,
Como a foto da falésia,
Que tenho diante de mim,
Outrossim, por que seguir assim?
Há como saber?
Há uma razão para se conhecer?
Acredito que não,
Quando tudo parece em vão,
Na vida e no amor,
Tudo parece se resumir a dor.

SER

Apenas tento viver,


Na medida do poder,
Mais que sobreviver,
E não pertencer,
Ao diário perecer.

Não quero ser,


Nem ao menos parecer,
Repetitivo como rimas improvisadas,
Pessoas assim deveriam ser desusadas,
Caírem no esquecer.

TREMIS

Caminhava na rua,
Quando tremi,
E temi,
Tal qual uma virgem
Em ficar nua,
Que aquela vertigem,
Não fosse acabar ali,
Saí dali,
Procurei por um amigo,
Que conversou comigo,
E foi uma tarde boa,
Coisas não acontecem à toa.

ECOS

Ao fim,
Sem qualquer festim,
Morremos,
Quando a última pessoa lhe conjugar Esquecemos.

É quando a derradeira morte se dá,


Ao fim da última pessoa de seu convívio,
Quando vívido,
Que morrerá.

Ecos no vazio,
Apenas o frio,
Metafísico,
Não-lírico.

You might also like