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PELOTAS
2014
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PELOTAS
2014
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Por
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Presidente: Prof. Roberto Heiden - Orientador, UFPel
_________________________________________________
Membro: Maria Leticia Mazzucchi Ferreira
AGRADECIMENTOS
Hoje mais uma etapa chega ao fim, e se consegui chegar até aqui, foi porque muitas
pessoas me ajudaram direta e indiretamente nessa caminhada. Por esse motivo deixo aqui
meus sinceros agradecimentos:
Ao professor e orientador Roberto Heiden, pelo conhecimento passado durante esses três
anos e meio. E por ter se dedicado não somente como orientador, mas acima de tudo como
amigo nesse e em muitos outros momentos.
A Prof. Maria Leticia Mazzucchi Ferreira por ter se dedicado na criação do Bacharelado em
Conservação e Restauro, me dando a oportunidade de conhecer esse curso e me apaixonar
por ele. Além de claro, por ter gentilmente aceitado avaliar este trabalho e fazer parte desta
banca.
A Prof. Francisca Michelon, demais Integrantes e os que já passaram pelo grupo PET,
obrigada pela oportunidade de trabalhar em grupo e pelas inúmeras discussões que
acabaram me fazendo entender melhor as pessoas e as necessidades de cada um, me
fazendo assim uma pessoa mais compreensiva.
Aos demais professores e técnicos do Curso de Conservação e Restauro, por fazerem parte
da minha caminhada e não hesitarem em doar o melhor de si, mesmo o curso enfrentando
problemas de instalação, Prof. Luiza Neitzke; Prof. Silvana Bojanoski; Prof. Andrea
Bachettini; Prof. Daniele Fonseca; Prof. Pedro Sanches; Prof. Mariana Wertheimer; Prof.
Ângela Macalossi; Tec.Jeferson e Tec. Keli Scolari.
Aos meus colegas que chegaram até aqui comigo e aos que por algum motivo não
conseguiram nos acompanhar até o final, mas que marcaram nossa caminhada, obrigada
por tornarem esses três anos algo muito especial pra mim. Em especial as colegas Joana
Brakling e Juliana Cascais, por terem sido mais que colegas, mas grandes amigas dentro e
fora da faculdade. Obrigado gurias pelo incentivo e por não me deixarem desistir nem nos
momentos mais difíceis da minha vida. Sentirei saudades dos dias ao lado de vocês.
Aos meus pais Rejane Nogueira e Paulo Nogueira, por terem sido parte importante na
minha formação como pessoa e por terem me dado toda a base sólida, para que eu
batalhasse e conquistasse todos os meus maiores sonhos até aqui. Amo vocês. Agradeço
também aos meus irmão Ana Paula e Paulo Cézar.
As pessoas que Deus colocou no meu caminho, meus amigos, em especial as minhas
melhores amigas Maiara, Érika, Claudia e Natasha, por terem me acompanhado em grande
parte dos momentos da minha vida, por rirem e chorarem comigo, em fim por não me
abandonarem nem mesmo nos momentos mais difíceis da minha vida. Se eu cheguei até
aqui em meio a tantas barreiras que eu enfrentei, foi porque sem dúvida Deus colocou no
meu caminho as pessoas certas.
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Ao meu amigo e namorado Vinícius Lacerda, por ter sido parte importante até esse
momento. Por ter sido paciente e não ter desistido de mim nem nas minhas maiores crises
(e foram muitas). Valeu Boy do olho azul, saiba que nada é por acaso, e se tu estás na
minha vida nesse momento e não em outros é porque Deus programou tudo na hora certa.
Que tu faças parte deste e de muitos outros momentos que virão pela frente ao meu lado.
E por fim, mas não menos importante, ao meu avó Fausto Silva, in memória. Apesar de eu
ter tido pouco tempo ao lado dele se tornou um exemplo de pessoa pra mim. Sei que estas
ai de cima olhando por mim a todo momento, por isso obrigada pelo colo, pelo lindo sorriso
e pelo carinho que me destes até nosso último momento juntos. Até um dia. (Chatinha)
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RESUMO
NOGUEIRA, CLAUDIA DA SILVA. POLÍTICAS PÚBLICAS PATRIMONIAIS:
ESTUDO DOS INSTRUMENTOS LEGAIS E ESTRATÉGIAS DE PRESERVAÇÃO
NA CIDADE DE PELOTAS-RS. 2014. XX FL. MONOGRAFIA (GRADUAÇÃO).
CURSO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS MÓVEIS,
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS.
RESUMEN
Entre las políticas públicas que protejan los bienes culturales y los proyectos de
recuperación del patrimonio, se encuentra las herramientas y los profesionales, que son los
medios por los cuales las políticas y proyectos se ponen em practica. En esta perspectiva, el
presente articulo busca comprender los instrumentos de preservación del patrimonio: ¿ qué
tipos, que los hace, cómo se hacen? Este trabajo profundiza su análisis tomando como
ejemplo las convocatorias en los últimos proyectos de restauración del patrimonio
arquitectónico de la ciudad de Pelotas, Rio Grande do Sul, buscando entender la
importancia del acto de formulación y en qué medida pueden las variables intervienir con el
fin de contribuir a la caracterización de los procesos. Así, se analizan en detalle cuatro
convocatorias, dos en edificios protegidos a nivel federal : ( IPHAN ) Casarao 6 y Theatro
Sete de Abril, de dos edificios protegidos en el nivel estatal ( IPHAE ) : Casa del senador
Augusto de Asunción y Escolade Agronomía Eliseu Maciel, y dos edificios protegidos a
nivel municipal ( Municipalidad de Pelotas) : Mercado Público de Pelotas y Grande Hotel,
con el fin de verificar la adecuación de los resultados obtenidos después de su finalización ,
teniendo en cuenta los aspectos teóricos y legales, y la comparación de estos resultados
con los objetivos presentados en esta restauración, cuando su proposición. Con el resultado
del análisis, se espera contribuir a la comprensión de este problema, así como los futuros
nuevos proyectos.
LISTA DE FIGURAS
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LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
CAPITULO 1: PATRIMÔNIO, PERSPECTIVA HISTÓRICA E POLÍTICAS PARA
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ASUA PRESERVAÇÃO 15
1.1 Evolução do conceito de patrimônio ao longo da História 15
1.2 Legislação patrimonial 17
1.3 Políticas públicas voltadas para o patrimônio 20
1.3.1 Instrumentos para a preservação 24
1.3.2 Editais 25
CAPITULO 2: ESTUDO DE CASO 32
2.1 Estratégias de preservação na cidade de Pelotas – RS 32
2.1.1 Editais de restauro na cidade de pelotas – RS 36
2.2 Estudo e análise dos editais e processos de restauro 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS 54
REFERÊNCIAS / BIBLIOGRÁFIA 58
ANEXOS 61
INTRODUÇÃO
I – as formas de expressão;
I I– os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
O tombamento, por exemplo, foi o primeiro ato normativo que surgiu em meio a
essas políticas de preservação. Nada mais é do que um ato de reconhecimento do valor
cultural dos bens que tiveram sua importância histórica, artística ou cultural reconhecida por
algum órgão que tem essa atribuição. Ao sofrer o tombamento o bem passa a integrar-se ao
patrimônio cultural de uma localidade, nação, estado ou município. Contudo, o tombamento
não abrange todos os bens culturais, somente salvaguarda os bens consideravelmente
notáveis.
Surge então o inventário, um instrumento de proteção do patrimônio cultural previsto
no art. 216 da Constituição Federal de 1988. Assim como o tombamento, porém, com um
alcance mais amplo, já que podem fazer parte desta lista de bens culturais inventariados,
exemplos mais singelos de uma época, comunidade ou lugar.
Ainda contamos com o registro, instituído em 4 de agosto de 2000, no Decreto nº
3.551, voltado especialmente para os Bens Culturais de Natureza Imaterial. “... uma forma
de reconhecimento e busca a valorização, sendo visto mesmo como um instrumento legal.
Registram-se saberes e celebrações, rituais e formas de expressão e os espaços onde
essas práticas se desenvolvem”
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Após o bem cultural estar sob tutela da União, estado, ou município, os mesmos
promovem acordos e parcerias com instituições privadas ou públicas, com o fim de angariar
recursos para a realização de processos de restauro ou da sua preservação de um modo
geral. Parte importante para que esse trabalho ocorra de maneira idônea são os processos
licitatórios, “procedimento administrativo formal em que a administração pública convoca,
por meio de condições estabelecidas em ato próprio (edital ou convite), empresas
interessadas na apresentação de propostas para o oferecimento de bens e serviços” (TCU,
2010, p.19). Sabe-se, ainda, que existem normas gerais para União, Estado, Distrito Federal
e Município, quanto a licitações e contratos administrativos, regulamentadas através da Lei
nº 8.666/1993, artigo 37 da Constituição Federal.
Portanto, para a realização de um processo licitatório por um órgão licitador, é
preciso que seja redigido um documento conhecido como edital: “lei interna da licitação.
Documento que enumera todas as condições que devem ser cumpridas pela Administração
e pelos licitantes num processo licitatório” (TCU, 2010, p.889), ou seja, aquilo que vem a ser
um documento essencial para que se contrate a empresa que reúne as condições
necessárias para satisfação do interesse público, atendendo especialmente aspectos como
a capacidade técnica e econômico-financeira, a qualidade do produto e o valor do objeto,
além de contribuir, posteriormente, como um documento de fiscalização do cumprimento dos
objetivos e resultado final da obra realizada.
Ao obter conhecimento dessas informações mencionadas acima, este trabalho tem
como problematização discutir a importância que as políticas de preservação do patrimônio
histórico e seus editais têm para a realização de um processo de restauro, pois a formulação
inadequada deste documento pode gerar um certo descompasso durante o processo,
possibilitando que o julgador utilize-se de fatores subjetivos ou de critérios confusos no
instrumento de convocação; por exemplo, para benefício da própria administração, para
beneficiar um licitante inapropriado, ou ainda para possibilitar a entrega do bem patrimonial
restaurado em condições insuficientes ao seu projeto idealizado. Na busca desta resposta,
outras perguntas ainda se colocam como fundamentais para a resolução da primeira, como:
Quem faz as estratégias e as políticas voltadas à preservação patrimonial; quais os tipos
mais eficazes; e como são feitas?
Em posse dessas informações, e objetivando elucidar estes questionamentos, no
primeiro capítulo faremos uma retrospectiva conceitual do tema patrimônio ao longo da
história e o panorama histórico das políticas voltadas à sua preservação, desde as primeiras
legislações patrimoniais até as políticas públicas contemporâneas voltadas para o tema,
bem como seus respectivos instrumentos de aplicação, como é o caso dos editais. No
segundo capítulo traremos o estudo de caso das políticas públicas preservacionistas, suas
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estratégias e instrumentos utilizados na cidade de Pelotas, fazendo uma análise dos objetos
de restauros delimitados e seus respectivos editais.
Como objetivo geral esta pesquisa busca analisar as políticas públicas patrimoniais e
seus respectivos instrumentos legais e estratégias de preservação no município de Pelotas.
Como objetivos específicos consideraremos: A análise dos processos licitatórios de
restaurações arquitetônicas de bens tombados e beneficiados por políticas públicas de
fomento cultural. Levantamento das políticas públicas voltadas à preservação do patrimônio,
tanto em nível federal, estadual e municipal. E, ainda, o apuramento das estratégias
voltadas à preservação patrimonial aplicadas na cidade de Pelotas. Procurar-se-á traçar um
comparativo entre os distintos processos, observando divergências e semelhanças entre
eles e a relevância disso para o futuro do processo de restauração de uma edificação
histórica.
A metodologia empregada foi inicialmente uma revisão bibliográfica sobre o tema,
pesquisando sobre aspectos referentes à legislação brasileira, instrumentos de preservação
de bens culturais, processos licitatórios e editais, tendo sido possível obter uma melhor
compreensão sobre o surgimento das primeiras políticas culturais criadas no Brasil e o
desenvolvimento e a aplicação dessas políticas públicas patrimoniais na cidade de
Pelotas/RS. Após obter o entendimento necessário sobre o tema, procedeu-se, como início,
a uma análise geral das políticas públicas municipais voltadas ao patrimônio e suas
estratégias de preservação, e o exame de seis recentes editais publicados de projetos de
restauração do patrimônio edificado da cidade de Pelotas e Rio Grande do Sul, buscando
compreender a importância do momento de formulação desse documento, e até que ponto é
possível os mesmos serem alterados, de modo a contribuir com a compreensão e até
mesmo a qualificação desses processos.
CAPÍTULO 1
pensamento dessas duas escolas, retirando o que julgava melhor de cada uma delas e
adaptando a uma sociedade da sua época. Com relação ao patrimônio arquitetônico Boito:
[...] discordava de Ruskin, quando este dizia que o edifício tinha que ser
deixado à mercê do tempo e cair em ruínas, desconsiderando suas
sugestões de conservações periódicas para garantia de sobrevivência da
obra. Já em relação à Viollet-le-Duc, alertava sobre o perigo de se alcançar
o estado completo, que pode nunca ter existido, assumindo o restaurador a
posição do arquiteto original. Ressaltava, ainda, os riscos de falsificação
deste tipo de intervenção (BOITO, 2003, Apud OLIVEIRA, 2009, p.82).
A partir de então começou a surgir uma nova visão sobre a preservação patrimonial
em diversos países, tendo em vista o estabelecimento de regras e aceites internacionais,
como é o caso das Cartas Patrimoniais, “que são documentos, muito dos quais, firmados
internacionalmente, que representam tentativas que vão além do estabelecimento de
normas e procedimentos, criando e circunscrevendo conceitos às vezes globais, outras
vezes locais"(IPHAN apud CORRÊA,2013). Através dessas cartas, o conceito de patrimônio
muda, pois elas passam a valorizar bens esquecidos pela história e, portanto, esse conceito
sofre uma ampliação.
Porém, Fonseca (1997) ressalta que foi após a II Guerra que a proteção e
preservação de bens históricos tomou proporções maiores, surgindo em 1945 a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que
teve sua atuação focada prioritariamente por meio de projetos governamentais, mas
também ocorriam parcerias com outros setores da sociedade civil, desde que se responda
ao propósito da instituição, que era o de elaborar e promover a aplicação de instrumentos
normativos no âmbito cultural, além de desenvolver atividades para a salvaguarda do
patrimônio cultural, a proteção e o estímulo à diversidade cultural.1
Legislação é o termo usado para definir o conjunto de normas que regem uma
sociedade. Leis, decretos, regimentos e estatutos são exemplos de legislações. Na medida
em que a valorização e a definição do termo patrimônio adquiriu espaço ao longo do tempo,
surgiram leis e decretos que visavam a sua salvaguarda.
Pode-se dizer que os primeiros vestígios de uma normatização sobre o patrimônio
cultural são as cartas patrimoniais. Segundo NIGRO (2001 apud COSTA 2012), a Carta de
Atenas, de 1931, seguindo preceitos urbanísticos modernos, constitui o primeiro documento
significativo que destaca a necessidade de salvar monumentos de sua destruição. Foi
elaborada durante o 4º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, realizado na cidade
de Atenas no ano de 1931, cidade que deu origem ao nome da Carta.
A partir da elaboração da Carta de Atenas, a obra produzida por um dado povo teria que
ser compreendida não mais como pertencente apenas àquelas determinadas pessoas, e
sim como pertencente à Nação. Através desta percepção, a proteção dos bens culturais
passou a ser um direito e um dever de todas as sociedades. Segundo Everaldo Batista
Costa (2012):
Como podemos ver, nesse trecho o autor enfatiza o impacto que a Carta de Atenas
teve no patrimônio mundial, ao nortear as primeiras diretrizes de preservação desses bens
culturais.
Vinte e cinco anos mais tarde, a UNESCO organizou uma Conferência Geral, onde
lançou um importante documento com reflexões gerais a respeito da perspectiva do Estado
em garantir a proteção e o uso dos bens históricos, adjuntos à necessidade de comunicação
e acesso à comunidade internacional.
Outro momento importante para o patrimônio foi durante a década de 60, mais
precisamente no ano de 1964, durante o II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos
de Monumentos Históricos. Fruto desse Congresso é a formulação da Carta de Veneza, que
estabelece novas diretrizes para o Patrimônio Mundial. A Carta de Veneza apresenta uma
profunda mudança, representando o início do processo de transformação e valoração do
patrimônio em nível mundial. Ainda sobre esse processo podemos observar que esta Carta
inova ao esclarecer que os conjuntos urbanos históricos podem ser adaptados às
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amparar. Foi então que através da constituição Federal Brasileira, de 1988, obteve-se um
avanço considerável ao elevar à categoria de direitos fundamentais da pessoa humana os
direitos culturais, expresso nos artigos 215 e 216. Desde então, conferiu-se ao patrimônio
cultural a certificação e proteção legal abrangente de bens de natureza material e imaterial,
portadores de referência à identidade, à ação, e à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira.
Ainda na constituição do mesmo ano, estabelece-se que é de competência da União,
estados-membros, Distrito Federal e municípios legislarem e se responsabilizarem por seu
patrimônio cultural, punindo eventuais danos já causados a esse patrimônio e impondo
diretrizes para a preservação dos mesmos.
A Carta Magna de 1988 democratiza, portanto, a definição de patrimônio, tanto no
que diz respeito à hierarquização do processo de tombamento, podendo partir de iniciativa
dos municípios e não apenas centralizado da União, quanto às características sócio-
históricas dos bens patrimoniais em questão, valorizando também a cultura imaterial e bens
de outros segmentos sociais e minorias étnico-culturais, ou seja, o rol de bens culturais
brasileiros preservados aumentou, tendo em conta não somente aqueles relevantes para
memória nacional, mas também os que representam testemunhos históricos de
particularidades culturais regionais.
O poder legislativo, portanto, se encarregou em aliar como as normas legais referem
à preservação do patrimônio cultural, partindo desde o primeiro ato normativo que criou o
tombamento (Decreto-Lei nº 25, de 1937), passando pela criação do registro como
instrumento tutelar do patrimônio imaterial (Decreto nº 3.351, de 2000), até as convenções
mundiais estabelecidas pela UNESCO, das quais o Brasil é signatário, que foram
incorporadas à legislação Brasileira, através de decretos legislativos.
Com isso, por meio do que diz a constituição Federal, cada estado ou município,
passa a se utilizar de instrumentos jurídicos, aparentemente inflexíveis, para garantir a
melhor preservação do bem patrimonial, seja ela material ou imaterial, através de uma
restauração, requalificação, restabelecimento e/ou reutilização deste patrimônio. Como
instrumentos garantidores destes fins, temos o tombamento, os inventários, as leis, e os
processos licitatórios, como bem elucida o parágrafo abaixo retirado da constituição Federal
de 1988: “O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento,
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.”2
O início de uma preocupação por conta da preservação de bens culturais ocasionou
o aparecimento de uma série de medidas tomadas ao longo dos anos pela União, estados e
2
Disponível em: http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102408 visualizado em:
10/12/2013
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Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê, quando,
com que consequências e para quem. São definições relacionadas com a
natureza do regime político em que se vive, com o grau de organização da
sociedade civil e com a cultura política vigente. Nesse sentido, cabe
distinguir “Políticas Públicas” de “Políticas Governamentais”. Nem sempre
“políticas governamentais” são públicas, embora sejam estatais. Para serem
“públicas”, é preciso considerar a quem se destinam os resultados ou
benefícios, e se o seu processo de elaboração é submetido ao debate
público (TEIXEIRA, 2002, p.2).
artistas, entre eles o escritor modernista Mário de Andrade, é criado o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
Mais tarde no ano de 1960, num período pré-ditadura, o governo federal tentou
planejar algumas ações para o a área da cultura, mas com o golpe de 64, houve mudanças
nas políticas para a área. Como destaca BISPO (2011):
Além dessas iniciativas a nível nacional, foi em meados dos anos 80, sobretudo no
final da década, que podemos observar um processo de municipalização dos programas de
preservação, que anunciam a descentralização político-administrativa, bem como se
observou a admissão do capítulo inédito sobre Política Urbana na Constituição Federal de
4
Site do Iphan – Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?
id=12297&retorno=paginaIphan visitado em: 20/12/2013
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1988. O mesmo veio alterar em seu artigo 182, que a política de desenvolvimento urbano
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem estar de seus habitantes. E traz ainda no seu parágrafo 1ª que o Plano Diretor é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana (CFB, 1988,
Art.182, §1ª).
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IPHAN - Decreto Nº. 25, de 30 de Novembro de 1937,Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=284 Visualizado em: 16/12/2013
6
Site do IPHAN - Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?
id=12308&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucionalpaginaIphan visitado em: 20/12/2013
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1.3.2 EDITAIS
Após o bem cultural estar sob tutela da União, estado, ou município, os mesmos
promovem acordos e parcerias com instituições privadas ou públicas, com o fim de angariar
recursos para a realização de processos de preservação, ou propriamente de restauro. Um
aspecto importante para que esse processo ocorra de maneira idônea, se dá com a
realização dos processos licitatórios, “procedimento administrativo formal em que a
Administração Pública convoca, por meio de condições estabelecidas em ato próprio (edital
ou convite), empresas interessadas na apresentação de propostas para o oferecimento de
bens e serviços” (TCU, 2010, p.19). Sabe-se ainda que existem normas gerais para União,
Estado, Distrito federal e Município, quanto a licitações e contratos administrativos,
regulamentadas através da Lei nº 8.666/1993, artigo 37, da Constituição Federal.
Na modalidade convite, o documento do Tribunal de Contas da União diz que a
Administração escolhe entre os possíveis interessados quem quer convidar, cadastrados ou
não. E ainda complementa que a divulgação deve ser feita mediante afixação de cópia do
convite em quadro de avisos do órgão ou entidade, localizado em lugar de ampla
divulgação, conforme a Lei de Licitações. A modalidade convite ainda permite a participação
de possíveis licitantes que não tenham sido formalmente convidados, mas que sejam do
ramo do objeto licitado, desde que cadastrados no órgão ou entidade que licita ou no
Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf). O TCU frisa que na
modalidade em questão para que a contratação seja possível, são necessárias pelo menos
três propostas válidas, isto é, que atendam a todas as exigências do ato convocatório.
Segundo o Tribunal de Contas da União a modalidade edital pode ser desdobrada
em duas formas: Concorrência, modalidade realizada entre interessados do ramo de que
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A licitação deve, após a determinação do objeto de licitação, passar por duas fases,
a fase interna ou preparatória, onde são verificados os procedimentos prévios à contratação,
como a identificação de necessidade do objeto, elaboração do projeto básico (ou termo de
referência), estimativa da contratação, e o estabelecimento de todas as condições do ato
convocatório, logo em seguida, realiza-se a segunda fase, que seria a fase externa ou
executória, que se inicia com a publicação do edital ou com a entrega do convite, e termina
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Vale destacar no Brasil o papel que as políticas culturais tiveram desde o governo
Getúlio Vargas na consolidação de uma identidade nacional, reafirmado durante o período
da ditadura, e mais tarde com a nova constituição de 1988, onde o bem patrimonial foi
valorizado como direito fundamental do cidadão brasileiro. Nesta mesma constituição, as
31
CAPITULO 2
ESTUDO DE CASO
foi o significante valor histórico que estes prédios tombados têm para a história da
sociedade Pelotense.
Como instrumento para delinear um comparativo entre esses processos licitatórios,
emprega-se o uso de uma ficha de observação, com critérios estabelecidos que servirão de
base para uma posterior analise reflexiva sobre a construção desse instrumento legal, e a
importância do mesmo para a restauração e preservação de um bem patrimonial edificado.
Os elementos analisados e sistematizados nessa tabela foram elencados a partir das
deliberações observadas na legislação analisada ao longo deste estudo, assim como dos
elementos constantes nos próprios editais analisados. Por meio de um balizamento dos
aspectos observados, foi construída a tabela que dá suporte ao estudo comparativo.
cuidado ao agir no bem, e devem informar ao município sobre possíveis alterações que
queiram realizar sob o imóvel, como destaca o Art. 4º da mesma Lei:
sofrer alterações internas e externas e até mesmo passarem por processo de demolição
total ou parcial.
Como vimos até aqui, as estratégias de preservação coletiva na cidade de pelotas
tem avançado muito, desde o II plano diretor que traz conceitualmente a questão da
preservação patrimonial até os dias de hoje. Contudo, levaram-se quase 30 anos até que
fosse efetivamente empregada uma estratégia que garantisse e conciliasse o ordenamento
do desenvolvimento urbano e o movimento preservacionista. O grande mérito desta
estratégia é que ao longo do processo, grande parte da comunidade passou a reconhecer
esse patrimônio como parte de sua história e identidade, atuando conjuntamente nos
esforços para preservar o que ainda resta do patrimônio histórico de Pelotas.
Os objetos de estudo aqui utilizados, são representados por dois imóveis tombados
em nível Federal (IPHAN) Casarão do Barão de São Luiz, popularmente conhecido como,
Casarão 6 e Theatro Sete de Abril, dois a nível Estadual (IPHAE) Casa do Senador Augusto
de Assumpção e Escola de Agronomia Eliseu Maciel e ainda dois a nível Municipal
(Prefeitura Municipal de Pelotas) Mercado Publico e Grande Hotel.
O casarão 6, também conhecido como Casarão do Barão de São Luiz, edificação
tombada em nível Federal, foi construído no ano de 1879 por José Izella Merotte. A casa
pertencente ao advogado, estancieiro, abolicionista e político Leopoldo Antunes Maciel, o
Barão de São Luiz, possui um estilo eclético de construção, peculiar de sua época, e
compõe a paisagem urbana ao lado de outros dois casarões, pertencentes do mesmo estilo,
os casarões 2 e 8, ou respectivamente “Casarão do Barão de Butuí” e “Casarão do Barão de
Cacequi”.
Figura 1:
7
Disponível em: http://www.fundacaosimonbolivar.org.br/projetos.php Acessado em: 10/01/2014
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Segundo matéria do jornal Diário Popular o Prédio foi adquirido pelo Município em
2007 e foi contemplado pelo Programa Monumenta. Com isso, tudo indica que o casarão
número 6 abrigará ao fim de seu processo de restauro e requalificação o Museu da Cidade,
abrigando a história do sal e dos doces de Pelotas, devido ao prédio ter recebido
tombamento em nível Federal pelo IPHAN e, também, pelo fato do mesmo ter pertencido a
uma das famílias que contribuíram para o desenvolvimento do município em sua época.8
Quanto ao processo de restauro do casarão 6, indica a matéria do jornal Correio do
Povo, que o início do restauro deu-se por volta de agosto de 2009 e que o mesmo recebeu
investimentos de R$ 1,4 milhão de reais, dinheiro financiado pelo Programa do Governo
Federal Monumenta. Segundo ainda a mesma fonte, a entrega do casarão foi prevista para
o mês de outubro de 2010.9
O segundo exemplo deste estudo trata-se do primeiro teatro construído no Rio
Grande do Sul e um dos mais antigos em exercício no Brasil. O teatro Sete de Abril teve seu
período de construção entre os anos 1831 a 1834. Em 1972, por possuir importante
contexto histórico e cultural para o país, o prédio recebeu um processo de tombamento a
nível Federal pelo IPHAN, e mais tarde, em 1979, passou ao Município. O nome Sete de
Abril, segundo informações do próprio site do teatro, deve-se a uma homenagem a data em
8
Disponível em: http://srv-net.diariopopular.com.br/20_01_08/estilopag0801e0901.html Acessado em:
13/12/2013
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Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?
Ano=115&Numero=334&Caderno=9&Noticia=189575 Acessado em: 13/12/2013
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que o imperador Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho Pedro II, fato
histórico considerado como segunda independência do Brasil.10
Figura 2:
10
Disponível em: http://www.teatrosetedeabril.com.br/historico/historico.htm Acessado em: 13/12/2013
11
Disponível em: http://www.pelotas.com.br/noticia/noticia.htm?codnoticia=20844 Acessado em: 13/12/13
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cobertura do teatro. Com isso, após a realização do levantamento, e devido ao estado que a
estrutura encontrava-se, o prédio foi interditado através da nota oficial de 15 de março de
2010. No mesmo período foi solicitada a secretaria Municipal de Administração e Finanças,
por meio dos ofícios 38 e 39\2010\UEP Pelotas – RS\MONUMENTA\MINC, a contratação
em regime de urgência de profissionais devidamente habilitados para a execução dos
projetos de recuperação da estrutura da cobertura, iluminação, sistema elétrico e caixa
cênica.12
Ainda de acordo com o mesmo documento, em setembro de 2011, o projeto foi
finalizado e encaminhado ao IPHAN. Em outubro de 2011, o governo federal liberou R$ 1,5
milhão para o início das obras de restauração, valor esse destinado a primeira etapa do
projeto, responsável pela cobertura do prédio. Porém, quase um ano e meio depois, em
maio de 2013, a prefeitura assinou o contrato com a construtora Marques Imóveis,
responsável pela primeira etapa de restabelecimento estrutural da cobertura. No entanto,
ainda neste mesmo ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou a liberação de o R$ 5,38
milhões pelo PAC Cidades Históricas, destinados a restauração total do teatro, com
conclusão prevista para o final de 2014.
Outro objeto de estudo, é o Prédio do antigo Grande Hotel, tombado em nível
Municipal, construído entre os anos de 1925 a 1928, em um terreno doado pelo Dr.
Fernando Luis Osório. O Hotel teve sua construção concluída e, no mesmo ano, devido a
uma crise financeira, o edifício foi municipalizado. O Prédio Tombado pelo Município, por sua
importância para a história da sociedade Pelotense, foi responsável por receber durante seu
tempo de funcionamento muitos personagens ilustres que passaram pela cidade de Pelotas.
O mesmo possui quatro andares, com subsolo habitável, andar térreo mais elevado em
relação ao passeio, andar nobre evidenciado na fachada. Possui 76 quartos, 6
apartamentos tipo suíte, salão de chá, um grande vestíbulo coberto por clarabóia de vidros
coloridos (importada da França) e restaurante, com marcantes traços do estilo Art-
Nouveau.13
Figura 3:
12
Disponivel em: http://sapl.camarapel.rs.gov.br/sapl_documentos/materia/146 Acessado em: 13/12/2013
13
Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/cidade_atracoes/pelotas_atracoes_ghotel.htm Acessado em:
13\12\2013
41
O edifício teve sua primeira fase do restauro no ano de 2004, fase essa que
contemplava restauração da fachada e da cobertura. Segundo matéria realizada pelo jornal
Diário Popular do dia 25 de maio de 2009, essa primeira fase, teria sido orçada em cerca de
650 mil reais. No que se refere à segunda etapa do restauro, a mesma foi realizada no ano
de 2009 ainda, e se tratava da readequação do prédio para Hotel-Escola. Nessa etapa que
estava orçada em cerca de 1,5 milhões de reais, estava o processo de restauro interno da
edificação. Ambas as etapas receberam verba do IPHAN, pelo programa Monumenta. (Ver
anexo 2)
Como futuro uso está definido a utilização do espaço como parte integrante dos
cursos de hotelaria e da Escola Superior de Gastronomia da UFPel. O imóvel foi cedido pela
prefeitura para a UFPel em agosto de 2012, tendo a universidade que entrar com uma
contrapartida de R$ 10 milhões, destinadas a sua implementação e operacionalização. A
edificação receberá o nome de Escola de Hotelaria do MERCOSUL e contribuirá com a
formação da qualificação da mão de obra hoteleira na região.14
Outro objeto de estudo trazido a este trabalho é a Casa do Senador Augusto de
Assumpção, Tombado em nível Estadual pelo IPHAE. A história da edificação começou por
volta de 1884 se estendendo até 1889, quando o futuro senador da república brasileira,
Joaquim Augusto de Assumpção e sua esposa Maria Francisca de Mendonça, passaram a
viver na recém construída casa assobradada.
14
Disponível em: http://www.ecult.com.br/noticias/grande-hotel-podera-se-tornar-hotel-escola-da-ufpel Acessado
em: 13/12/2013
42
Figura 4:
16
Disponível em: http://www.vivaocharque.com.br/interativo/artigo20 Acessado em: 13/12/2013
17
Disponível em: http://www.pelotasconvention.com.br/noticia/restauracao-do-mercado-publico-devera-comecar-
em-60-dias-27bbdad3-6fd6-4071-a404-3dbef854c4ed Acessado em: 13/12/2013
44
18
Disponível em: http://www.pelotasturismo.com.br/atracoes-turisticas/pelotas-cultural/#!prettyPhoto[iframes]/16/
Acessado em: 13/12/2013
19
Disponível em: http://srv-net.diariopopular.com.br/29_03_03/in170301.html Acessado em: 13/12/2013
45
Tabela 1:
Nome do objeto: Casarão nº 6 (Barão de Butuí)
Número do edital: Nº 03/2008
Ano: 2008 Publicado: SIM(x) NÃO ( )
Modalidade: Concorrência
Tipo de licitação: Menor preço Global
46
Tabela 2
Nome do objeto: Restauração do Mercado Público Central e Largo Edmar Fetter
Número do edital: 06 / 2008 Ano: 2008 Publicado: SIM (x) NÃO ( )
Modalidade: Concorrência
Tipo de licitação: menor preço global
Tipo de serviço: Restauração do Mercado Público Central
Órgão Licitador: Prefeitura Municipal de Pelotas
Projeto: SIM (X) NÃO ( )
Projeto disponível: SIM ( ) NÃO (X)
47
Tabela 3:
Nome do objeto: Teatro Sete de Abril
Número do edital: 02/2013 Ano: 2013 Publicado: SIM (x) NÃO ( )
Modalidade: Concorrência
Tipo de licitação: Menor preço e regime de execução empreitada por Preço global
Tipo de serviço: Execução dos serviços de restauro da cobertura do Theatro Sete de Abril
Órgão Licitador: SECULT – Prefeitura Municipal de Pelotas
Projeto: SIM (X) NÃO ( )
Projeto disponível: SIM ( ) NÃO (X)
Garantia contratual: Sim 5%
Definições de uso: nada consta
Habilitação Profissional exigida:
Prova de registro da empresa no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA)
e/ou Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) da região da sede da empresa, assim
48
como de todos os profissionais integrantes de seu quadro técnico. Para as empresas não
registradas no Estado, a Certidão de Registro deverá estar vistada pelo CREA ou CAU/RS,
antes da assinatura do contrato, sendo, o referido visto, condição de sua assinatura.
Indicação de responsável técnico, devendo ser profissional Arquiteto, para execução dos
serviços, devidamente habilitado junto ao CAU, e comprovação de que o responsável
técnico indicado tem vínculo com a empresa licitante, na data prevista para entrega da
proposta. Atestado de capacidade técnica em nome da empresa, registrado no CREA ou
CAU, acompanhado da Certidão de Acervo Técnico (CAT), comprovando a realização de
trabalhos da mesma natureza.
Por fim, o edital referente à reciclagem interna do Grande Hotel, que teve seu edital
lançado no ano de 2008, onde os critérios de escolha foram a modalidade de concorrência
do tipo menor preço global, suas obras foram iniciadas no ano de 2009.
Tabela 4:
Nome do objeto: Grande Hotel
Número do edital: 04 / 2008 Ano: 2008 Publicado: SIM (x) NÃO ( )
Modalidade: Concorrência
Tipo de licitação: Menor preço global
Tipo de serviço: Reciclagem do interior do grande Hotel
Órgão Licitador: Prefeitura Municipal de Pelotas
Projeto: SIM (X) NÃO ( )
Projeto disponível: SIM ( ) NÃO(X)
Garantia contratual: Sim 5%
Definições de uso: Nada consta
Habilitação Profissional exigida:
Profissional de nível superior detentor de atestado ou anotação de responsabilidade
técnica por execução de obra ou serviço. A declaração da Licitante deverá indicar o nome do
profissional e preencher os seguintes requisitos: estar acompanhada de um ou mais
atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, em nome do
profissional, devidamente acompanhados da respectiva Certidão de Acervo Técnico (CAT)
emitido por qualquer uma das regiões do CREA, comprovando a execução, pelo profissional
49
pessoa terceirizada com habilitação exigida, sem que o próprio licitante tenha
conhecimentos sobre o trabalho que será realizado.
Quanto ao tipo de licitação, todos os editais analisados apresentaram o menor preço
global como critério de decisão para o licitante vencedor da licitação. O que significa que a
administração ou órgão licitador escolherá a empresa ou licitante que apresentar a proposta
de menor valor e que seja a mais vantajosa. Este tipo pode ser o mais econômico, porém,
nem sempre é o mais adequado a todo tipo de trabalho, cabendo a nosso ver o tipo Melhor
técnica, onde, em alguns casos, principalmente quando o trabalho é complexo, o órgão
público pode basear-se nos parâmetros técnicos para determinar o vencedor, ou ainda, o
tipo Menor preço e melhor técnica, onde os dois parâmetros são importantes na decisão do
vencedor nesse caso. Assim, no próprio edital de licitação deve estar claro o peso que cada
um dos parâmetros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se possa fazer uma média
ponderada.
O próximo item refere-se ao tipo de serviço, ou seja, qual o serviço que a empresa
licitante vencedora do edital deverá realizar. Inicialmente observou-se que o tipo de serviço
tende a delimitar o que será realizado no objeto, no caso do casarão número 6, e do
Mercado Público, por exemplo, ambos os casos apresentam uma denominação de serviço
demasiadamente ampla. O que exige que o termo de referência, ou mesmo, ao longo do
edital, se especifique as etapas e produtos que deverão ser realizados dentro desta
restauração.
Quanto ao Teatro Sete de Abril, a denominação de serviço é mais especifica, pois
como vimos anteriormente neste trabalho o processo de licitação do restauro realizou-se em
etapas, diferentemente dos dois anteriormente apresentados, onde o processo licitatório é
único e abrangente ao restabelecimento total da edificação. O Grande Hotel usou o termo
“reciclagem” para conduzir o tipo de serviço a ser realizado. Quando o termo reciclar,
significa reaproveitar um material para um novo produto, com isso, o termo utilizado
acarretou numa possível interferência demasiada quanto ao restabelecimento da estrutura
interna original da edificação por parte da empresa licitante.
No quesito projeto, observou-se dentre os quatro analisados, onde todos tinham
como órgão licitador a Prefeitura Municipal de Pelotas, que segundo constatado no edital, o
projeto existia, porém, não foi possível ter acesso aos mesmos para análise, pois eles não
se encontravam disponíveis no portal da transparência junto aos demais documentos dos
processos licitatórios em questão. Quanto aos projetos que representam os processos de
restauro que tinham como órgão licitador a Universidade Federal de Pelotas, foi detectado
que os mesmos não se encontravam disponíveis e possivelmente sequer existiam.
Quanto ao próximo item trazido pela tabela, referente à garantia contratual, que
segundo o Tribunal de Contas da União, seria responsável por assegurar plena execução do
51
contrato e evitar prejuízos ao patrimônio público. Com isso, a garantia só seria devolvida ao
fim da execução da obra e entrega do objeto.
Ainda com relação à garantia contratual, o valor da mesma não pode exceder a 5%
do total do contrato, exceto quanto à compra de bens, execução de obras ou prestação de
serviços de grande vulto. No entanto, verificou-se que os processos licitatórios acima
trouxeram em seu edital uma garantia contratual de 5% do valor, o que num âmbito de uma
edificação histórica considera-se um valor irrisório e pouco aplicável, em vista de que, no
caso de não ocorrer a entrega da obra como prevista em edital e termo de referência, ou
ainda em caso de entrega do objeto da licitação em condições inferiores a que até então se
encontrava, este valor de 5% não seria suficiente para recuperar os danos causados não só
a edificação e seu restabelecimento, como também não seria suficiente para em caso de
perda do bem patrimonial, recuperar a memória da sociedade a qual ele pertence.
Ao abordar a finalidade do bem patrimonial após passar por processo de restauro,
identifica-se que todos os editais analisados e seus anexos, não traziam qualquer referência
ao uso que a edificação viria a receber após ser restaurada, ainda que dois desses objetos
sejam de usos subjetivos, como é o caso do Mercado Público e do Teatro Sete de Abril.
Acreditamos que seus usos devem ter aparecido nos projetos, porém, não foi possível
averiguar a informação, devido à falta do projeto para análise. No entanto, o fato desta
informação não aparecer nem mesmo no projeto, colabora para que a empresa licitante
entregue a obra restaurada, porém não adaptada ao seu novo uso, o que leva esse bem a
não ter condições de receber o uso para o qual foi pensado, ou ainda, pode gerar um novo
gasto para os cofres públicos ao sofrer um novo processo de licitação, agora em função de
uma provável necessária adaptação para o novo uso. Ambas as situações contribuem para
que esse bem patrimonial não volte ao restabelecimento de forma imediata, comprometendo
a sua efetiva preservação.
Quanto à habilitação profissional apresentada nos editais, nota-se que as exigências
ainda deixam a desejar, principalmente quando nos referimos a um bem patrimonial.
Verificou-se que todos os editais possuíam certa semelhança entre si, talvez em razão dos
mesmos serem elaborados pelo mesmo órgão licitador e compreenderem a um mesmo tipo
de serviço.
No entanto, foi possível notar que eles também apresentam pequenas diferenças,
como por exemplo, no edital para a restauração do Casarão 6, onde se identifica como uma
exigência que a empresa licitante tenha registro no CREA (conselho regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia), e comprove que tenha um profissional de nível superior em seu
quadro e que obtenha responsabilidade técnica. No caso do Mercado Público é exigido
apenas comprovação de que a Licitante possui, em seu quadro permanente, profissional de
nível superior detentor de atestado ou anotação de responsabilidade técnica por execução
52
de obra, não exigindo que a empresa licitante comprove um registro em algum conselho. No
edital do Teatro Sete de Abril, a exigência de comprovação no CREA não é só da empresa
licitante, como também de todos os profissionais que estão no quadro da empresa, e o edital
ainda especifica que para empresas de fora do RS, as mesmas devem ter seu atestado
vistado pelo CREA do Rio Grande do Sul. Quanto ao edital do Grande Hotel o mesmo fala
em Profissional de nível superior detentor de atestado ou anotação de responsabilidade
técnica por execução de obra ou serviço, e não especifica qual o tipo de profissional pode
concorrer à licitação, ainda que fale que a empresa deve indicar um profissional com
atestado pelo CREA.
Neste capítulo analisamos mais a fundo as estratégias de preservação e ainda os
instrumentos usados para preservação dos bens no município de Pelotas. Observamos o
papel de grande importância das políticas municipais como a elaboração dos planos
diretores, e seus instrumentos como as zonas de preservação, a criação do inventario e a
elaboração da lei de incentivo fiscal a proprietários de bens pertencentes ao inventário.
Ainda destacamos o imprescindível papel que os programas governamentais
desenvolvidos em prol do patrimônio, como foi o caso do Programa Monumenta e mais
recentemente o PAC Cidades Históricas (Programa de Aceleração do Crescimento), tem
para a preservação dos bens, promovendo recursos para a sua recuperação. Neste caso o
edital tem a função de nortear o processo de restauro junto ao uso da verba destinada ao
mesmo.
Através das informações até aqui levantadas foi possível fazer uma analise
qualitativa referente a esses processos, bem como levantar um panorama das políticas
patrimoniais do município. E então ao traçar as respostas obtidas foi possível entender o
rumo em que as políticas preservacionistas vêm tomando na cidade.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho abordamos o estudo das políticas públicas patrimoniais e dos seus
respectivos instrumentos legais e estratégias de preservação na cidade de Pelotas-RS.
Como foi posto, aprofundamos o estudo sobre a visão conceitual e o panorama histórico do
termo Patrimônio Cultural, desde os primeiros vestígios do interesse das sociedades pelo
patrimônio, no caso dos atálidas e sua busca fervorosa pela arte grega, bem como o
interesse dos romanos pelos espólios de guerra trazidos da Grécia; passando pelas
primeiras definições de Patrimônio na formação dos Estados nacionais modernos (Sec. XVI)
como forma de construir e garantir uma identidade nacional consolidada, até a inovação
trazida pela política francesa no século XIX e as diferentes escolas do pensamento
preservacionista, de Viollet-le-Duc, John Ruskin e mais tarde Camillo Boito.
Sobre a questão da legislação patrimonial e seu panorama histórico, levamos em
conta a Carta de Atenas (1931), seguindo os preceitos urbanísticos da modernidade, e sua
importância como marco em destacar a necessidade em salvaguardar os monumentos de
sua destruição e a necessidade da construção do que hoje entendemos como patrimônio
cultural. Do mesmo modo que mais tarde a Carta de Veneza (1964) traz profundas
mudanças referentes principalmente a mercantilização do patrimônio e sua adaptação as
necessidades modernas, onde a revitalização do monumento propicia seu uso a despeito de
sua função original.
O panorama da política pública voltada ao patrimônio no Brasil remonta ao governo
de Getúlio Vargas (1930-1945) com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN), cuja preocupação era a consolidação de uma identidade nacional coesa.
Mais tarde, durante a década de 1970, aconteceu o Compromisso de Brasília (1970) e o
compromisso de Salvador (1971) reforçando o papel do Estado na proteção e preservação
dos bens culturais nacionais bem como atribuindo as universidades a função de pesquisar e
elaborar o inventariado dos bens regionais, nesta mesma década o SPHAN passa a
54
Quanto aos demais prédios analisados neste estudo, foi possível averiguar que
sobre a formulação dos editais, a administração define qual será o objeto de restauro e qual
serviço deseja contratar, logo após esta etapa, a mesma realiza uma estimativa de valor
total da obra mediante prática de pesquisa de mercado, por fim escolhe a modalidade de
licitação adequada.
Observamos, portanto, que o modelo de licitação empregado foi o de concorrência
em todos os editais, e que os mesmos tinham como critério definidor da proposta vencedora
o menor preço global, o que a nosso ver pode acarretar em uso de materiais de qualidade
inferior e, em muitos casos, acaba vencendo a empresa com o melhor preço mas não
necessariamente com a melhor mão-de-obra, o que compromete muitas vezes o resultado
final da obra ou até mesmo a inviabilidade final da mesma, sendo o melhor modelo de
concorrência o que tem como definidor do vencedor o tipo menor preço aliado a melhor
técnica.
Com relação ao tipo de Serviço que consta nos editais avaliados, observa-se que a
tentativa do órgão licitador em delimitar o que será realizado no objeto, acaba por deixar por
vezes muito amplo, como no caso do casarão número 6, e do Mercado Público, o que
ocasiona num produto final incerto. O que no caso do Teatro Sete de Abril não foi um
problema a denominação do serviço, afinal o edital analisado, respondia por apenas uma
etapa do processo, o que fez com que o serviço aparece de forma bastante especifica.
Quanto ao Grande Hotel o termo “reciclagem”, que significa reaproveitar um material para
um novo produto, não fica adequado, ainda mais quando o objeto se trata de uma edificação
histórica, pois o mesmo deu espaço a uma interferência demasiada quanto ao
restabelecimento da estrutura interna original da edificação por parte da empresa licitante.
Portanto, acreditamos que para um melhor resultado e melhor controle, é necessário
expressar de maneira precisa o tipo de serviço que se deseja contratar, evitando
denominações muito amplas, ou termos ambíguos
56
No que se refere à redação dos editais, observa-se que todos os editais os quais
tivemos acesso, foram produzidos pela Prefeitura Municipal de Pelotas através de sua
secretaria de administração e finanças entre os anos de 2008 e 2013. Ainda compreende-se
que assim como determina o Tribunal de Contas da União, existe uma comissão
permanente de licitação dentro da própria secretária, porém nos casos de prédios históricos
verifica-se uma necessidade que atualmente não é suprida, de ter juntamente a essa
comissão um profissional com experiência na área de patrimônio com o objetivo de qualificar
a formulação dos editais, tendo em vista um olhar mais especifico sobre esses processos.
No que diz respeito aos projetos, os editais deliberam a existência dos mesmos,
porém, eles não se encontravam disponíveis, o que nos impossibilitou de aprofundar neste
quesito e averiguar se os usos aos quais as edificações viriam a receber futuramente após o
seu processo de restauro, já estavam previstas no projeto. Pois o futuro uso do bem não foi
encontrado no edital e nem mesmo em seus anexos, o que aponta o problema atual das
edificações estudadas, onde somente o Mercado Público se encontra em pleno
funcionamento e com possibilidade de ser usufruído pela comunidade.
Um ponto preocupante verificado durante o estudo dos editais refere-se à garantia
contratual. Todos os casos analisados exigem como garantia contratual o valor de 5% total
da obra licitada. O que se tratando de uma edificação histórica e de importante valor
significativo para a comunidade, se mostra um valor irrisório em caso de ter de recuperar os
danos causados não só a edificação e seu restabelecimento, como também em caso de
perda total do bem patrimonial, a fim de recuperar a memória da sociedade a qual ele
pertencia.
Referente à habilitação profissional, observa-se que as especificações que os editas
verificados trazem, carecem de uma maior objetividade e clareza. Em todos os casos
consultados, os mesmos apresentaram informações confusas, quanto a quem poderia
concorrer a licitação, e ainda se o licitante deveria ser habilitado em restauração de bens
tombados, se o mesmo precisaria apenas indicar um profissional técnico habilitado no
quadro da empresa licitante, ou nem mesmo é especificado que tipo de profissional seria
esse.
Ainda, um problema que observamos tangenciar as políticas públicas e suas
estratégias de preservação na cidade de Pelotas é a difícil inserção do profissional
conservador-restaurador nos projetos executados. Em todos os editais analisados e nas
políticas voltadas à preservação, o processo de restauro é visto como uma prática do
profissional arquiteto ou engenheiro, não sendo incluído em nenhum dos editais ou ao
menos citado o profissional com maior qualificação para este processo, o bacharel em
conservação e restauração de bens culturais, cabendo aos futuros profissionais a árdua
tarefa de conquistar o espaço que é seu por mérito.
57
Por fim, foi possível entender que os processos licitatórios são fundamentados
através de documentos legais que norteiam de maneira geral União, Estado e Município.
Com isso verificou-se que é na formulação dos editais que se encontram as nuances mais
complexas que supúnhamos, isso se deve a flexibilidade que eles possuem, até mesmo em
beneficio da diversidade de bens culturais de uma sociedade heterogênea como a
encontrada em nosso pais. Com tudo é preciso que este documento seja realizado por um
profissional capacitado para a sua formulação, pois este momento é decisivo para o futuro
de um projeto de restauro e consequentemente, para a efetiva preservação de um bem
patrimonial.
REFERÊNCIAS / BIBLIOGRÁFIA
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de Santarém-PA. 2011. p.4. Disponível em:
http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/viewFile/2646/2529
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CALABRE, Lia. Políticas Culturais no Brasil dos anos 1930 ao século XXI. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2009
CÂNDIDO apud CALABRE, Lia. Lia. Políticas Culturais no Brasil dos anos 1930 ao
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patrimônio arquivístico digital no brasil. 2013. p.5. Disponível em:
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http://pt.scribd.com/doc/30913682/NBR-12267-Normas-para-elaboracao-de-plano-diretor
NIGRO apud COSTA, Everaldo Batista da. Patrimônio e território urbano em cartas
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http://www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/2012-93/93_01.pdf
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zonas de preservação do Patrimônio Cultural de Pelotas – ZPPCs – lista seus bens e dá
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PELOTAS. Lei Municipal nº 3128, de 23 de julho de 1988. Altera a Lei municipal 2708/82.
PELOTAS. Lei Municipal nº5.502, de 11 de setembro de 2008. Lei esta que instituí o III
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PELOTAS. Lei Municipal nº4096/96. Institui o Conselho Municipal de Cultura (CONCULT)
SANTIAGO, Rodrigo Peronti. Memória e patrimônio cultural em ambientes
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Paulo, São Carlos, 2007.Disponível
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UNESCO apud COSTA, Everaldo Batista da. Patrimônio e território urbano em cartas
patrimoniais do século XX. 2012. Disponível em:
http://www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/2012-93/93_01.pdf
ANEXOS
http://www.pelotas.com.br/politica_urbana_ambiental/planejamento_urbano/III_plano_
diretor/lei_iii_plano_diretor/arquivos/U10_ZPPC_IIIPD.pdf
Responsáveis: André Luiz Haak (Reitor Pro-Tempore); Antônio César Gonçalves Borges
(Reitor); Paulo Roberto Soares de Pinho (Ordenador de Despesa e Pró-Reitor
Administrativo); Francisco Carlos Gomes Luzzardi (Ordenador de Despesa e Pró-Reitor
Administrativo)
Advogado constituído nos autos: não há
“ACHADOS DE AUDITORIA
Formalização Inadequada para os Ajustes
Situação Encontrada:
28. Utilização indiscriminada de termo de contrato, com fundamento no inciso XIII do art. 24
da Lei 8.666/93 c/c o art. 1º da Lei 8.958/94, para formalização das avenças entre a UFPEL
e suas Fundações de Apoio.
Critério:
29. IN STN 01/97; Lei 8.958/94; Decreto 5.205/2004; Lei 8.666/93; Lei 4.320/64; Decreto
93.872/86; Decisão 321/2000-Plenário; Revista do TCU 82 (out/dez 1999) ‘Contratação de
63
44. Ainda sobre as formas de controle exercido sobre os projetos, é relevante reproduzir a
resposta de algumas unidades acadêmicas:
Instituto de Física e Matemática
66
45. Em que pese cada ajuste celebrado com as Fundações de Apoio possuir coordenador
nomeado para sua fiscalização, esta não é efetivamente realizada, visto que, na maioria das
oportunidades, tal indicação tem caráter apenas formal, não sendo preparados
adequadamente os servidores para desempenharem tal função no sentido de atendimento
efetivo das disposições legais e análise da execução financeira dos projetos.
Critério:
46. Lei 8.958/94; Decreto 5.205/2004.
67
Evidências:
47. Comparação das informações constantes das relações de projetos firmados com as
Fundações de Apoio em resposta ao Ofício 01-715 (f. 139/172) com os expedientes
encaminhados pelas unidades em resposta ao Ofício 03-715-circular (dados distribuídos nos
demais achados). Entrevistas. Desinformação por parte da Universidade, prestações de
contas de recursos de projetos elaboradas especialmente para a equipe de auditoria.
Respostas ao Ofício de Requisição 06-715/2006 (f. 300/319).
Causas:
48. Ausência de Auditoria Interna. Falta de rotina específica a ser seguida pelos gestores de
contratos para fiscalização da execução financeira dos projetos. Concentração de poder na
figura dos coordenadores dos projetos. Ausência de unidade para análise de prestações de
contas. Ausência de sistema informatizado para controle dos projetos. Entendimento de que
a aprovação do Relatório de Atividades da Fundação de Apoio em reunião anual do
Conselho Diretor-CONDIR é suficiente para avaliar a gestão dos projetos empreendidos.
Impropriedade na denominação ‘contrato’ para a quase totalidade dos ajustes firmados.
Efeitos Reais e Potenciais:
49. Descumprimento da legislação que rege a matéria, concentração de poder na figura dos
coordenadores dos projetos, não-segregação de funções, com conseqüente fragilidade dos
controles, uma vez que o coordenador do projeto executa e controla os pagamentos e o
gestor do ajuste apenas efetiva os pagamentos solicitados pelo coordenador (R).
Possibilidade de ocorrerem desvios e irregularidades por falta de avaliação da conformidade
pelo coordenador, mais capacitado para a avaliação técnica e dos resultados (P).
Esclarecimentos dos responsáveis:
50. Por meio de entrevistas, os responsáveis assumiram que há dificuldades de controle dos
projetos, principalmente aqueles custeados com recursos extra-orçamentários, ou
autofinanciados. Também afirmam que a universidade está empreendendo esforços para
implementar sistema informatizado para auxiliar o controle dos projetos (resposta ao Ofício
de Requisição 01-715/2006).
51. Também foram observadas algumas medidas adotadas pela UFPEL no sentido de
aprimorar seus controles. Conforme resposta ao Ofício de Requisição 01-715/2006 (f. 34),
embora a Universidade ainda não disponha de sistema informatizado para o
acompanhamento dos projetos desenvolvidos com as Fundações de Apoio, está em fase de
implantação o Sistema de Informações para o Ensino-SIE, adquirido da Universidade
Federal de Santa Maria, o qual, de acordo com a UFPEL, é um sistema integrado de
gerenciamento que visa facilitar o acesso às informações e agilizar os processos de
controle. Outra medida refere-se à aprovação de norma da UFPEL – Portaria 1.387, de
68
57. Em alguns casos, como nos de repasses do FINEP, há certas particularidades. Nos
termos do ‘Manual de preenchimento do formulário para apresentação de propostas
FAP/FNDCT’, a IFE, ‘executora’ do convênio, pode optar por Fundação de Apoio para
exercer a função de proponente (convenente) à qual compete a execução técnica e
financeira. Com essas características foram firmados os Convênios 01.03.0048.00 (CT-
INFRA III), 01.05.0483.00 (PRÓ-INFRA) e 01.06.0599.00 (INFRAPEL), todos entre o FINEP
e a Fundação Delfim Mendes da Silveira. Para esses ajustes constata-se que o controle por
parte da UFPEL é mais efetivo em face, sobretudo, das exigências do órgão concedente.
58. Os projetos custeados por recursos não-orçamentários são concentrados nos ajustes
firmados diretamente pelas unidades acadêmicas. Para esses ajustes, que muitas vezes
nem são de conhecimento da administração central da universidade, a prestação de contas
também restringe-se à apresentação de demonstrativos de receita e despesa elaborados
pela Fundação de Apoio, havendo situações em que as prestações de contas de recursos
de projetos foram elaboradas especialmente para a equipe de auditoria.
Critério:
59. Lei 8.958/1994; Decisão 321/2000-Plenário.
Evidências:
60. Entrevistas realizadas e documentação encaminhada pelo Departamento de Finanças e
Contabilidade/UFPEL (distribuída nas evidências dos demais achados). Expedientes
encaminhados pelas unidades em resposta ao Ofício 03-715-circular, a exemplo do Projeto
‘I Encontro Sul Brasileiro’ firmado entre a Faculdade de Meteorologia e a FSB (f. 669/671).
Causas:
61. Não-exigência de prestações de contas, dispersão da responsabilidade pelo controle
entre os coordenadores dos projetos, entendimento de que a aprovação do Relatório de
Atividades da Fundação de Apoio em reunião anual do Conselho Diretor-CONDIR constitui
prestação de contas e impropriedade na denominação ‘contrato’ para os ajustes firmados.
Efeitos Reais e Potenciais:
62. Impossibilidade de se aferir a correta utilização dos recursos e sua aplicação efetiva nos
projetos (R). Desvio dos recursos para finalidades diversas àquelas que motivaram seu
repasse (P).
Esclarecimentos dos responsáveis:
63. Ainda que não tenham sido solicitados esclarecimentos por escrito, a ausência de
delimitação entre o que é Universidade e o que é Fundação de Apoio bem como a falta de
normativos internos aplicáveis contribuem ao descontrole quanto ao exame da regularidade
da aplicação dos recursos repassados.
Conclusão da Equipe de Auditoria:
70
64. Embora as solicitações da equipe de auditoria com relação a documentos, notas fiscais
e licitações realizadas tenham sido prontamente atendidas pela Universidade, constatou-se
que esta sempre foi obrigada a recorrer às Fundações de Apoio para obter as informações.
65. As prestações de contas dos recursos geridos pela Fundação de Apoio devem conter,
pelo menos: Plano de Aplicação dos Recursos, Relatório de Execução Físico-financeira,
Demonstrativo de Receitas e Despesas, Relação de Pagamentos, Relação de Bens
Adquiridos, Produzidos ou Construídos, cópia do Termo de Aceitação Definitiva da Obra, se
for o caso, Extrato da Conta Bancária com a respectiva Conciliação e atas das licitações
realizadas, se houver.
66. Para os projetos financiados com recursos orçamentários, as prestações de contas
devem se submeter às regras previstas na IN STN 01/97.
(...)
UFPEL (f. 192/197), normas estas aplicáveis aos projetos desenvolvidos com a participação
das Fundações de Apoio, e que previram que os serviços prestados – classificação que
engloba neste caso também ao projetos – deverão ser autorizados pelo respectivo
Departamento e homologados no Conselho Coordenador do Ensino, Pesquisa e Extensão -
COCEPE.
Critério:
72. Lei 8.958/94 e art. 4º do Decreto 5.205/2004.
Evidências:
73. Entrevistas realizadas em Unidades selecionadas a respeito da relação de projetos
encaminhada em resposta aos Ofícios de Requisição 03 e 04-715/2006.
Causas:
74. Descontrole administrativo. Ausência de normatização específica à época.
Efeitos Reais e Potenciais:
75. Fragilização dos controles (R), descumprimento da legislação que rege a matéria (R).
Conclusão da Equipe de Auditoria:
76. A recente edição das Normas Reguladoras de Prestação de Serviços provavelmente
contribuirá para a diminuição de casos em que os projetos sejam desenvolvidos sem que
exista a prévia aprovação pelo órgão/conselho competente, no entanto entendemos, diante
da relevância da necessidade de que a administração superior da Universidade possua
conhecimento sobre os projetos desenvolvidos no âmbito de suas diversas Unidades,
especialmente com vistas a assegurar a sujeição aos normativos legais que sejam adotadas
medidas visando garantir o atendimento da recém editada norma.
(...)
Ausência de Formalização para as Avenças
Situação Encontrada:
78. Alguns projetos envolvendo a participação da Universidade não foram devidamente
formalizados. Cita-se como a exemplo o Projeto Psilídeo, que conta com recursos
originários de empresa privada. No âmbito deste projeto, embora haja a participação efetiva
da UFPEL por meio do Departamento de Fitossanidade/Faculdade de Agronomia, houve
ajuste somente entre a Fundação Delfim Mendes Silveira e a empresa partícipe.
Critério:
79. Lei 8958/94; Decreto 5.205/2004; Decisão 655/2002-Plenário.
Evidências:
80. Projetos com participação da FDMS: ‘Psilídeo’, firmado com empresa privada (f.
672/698); ‘Avaliação da Adequação e Cobertura da Pastoral da Criança e do Programa
Bolsa-Família do Governo Federal’, Pastoral da Criança (f. 699/706).
Causas:
72
100. Segundo a Fundação Simon Bolívar, a escolha do Banco Santander ocorreu em face
de essa instituição bancária já ser sua parceira em outros projetos.
Conclusão da Equipe de Auditoria:
101. Para os projetos que envolvem recursos financeiros originários dos orçamentos da
União – em que devem ser abarcados aí os oriundos de convênios da UFPEL com outros
órgãos da Administração Pública – devem ser seguidas as disposições da IN STN 01/97.
Esta norma prevê, em seu art. 18, inciso III, o seguinte:
(...)
Não-Aplicação dos Rendimentos Financeiros no Objeto dos Projetos
Situação Encontrada:
103. Em análise dos extratos de contas bancárias relativos a determinados projetos,
constatou-se a ocorrência de lançamentos sem a correspondente comprovação das
despesas nos respectivos demonstrativos de receita e despesa. A tabela a seguir
exemplifica alguns dos lançamentos verificados.
Critério:
104. Decreto 93.872/86 e IN STN 01/97.
Evidências:
105. Extratos bancários e Demonstrativos de Receita e Despesa relativos aos Contratos
46/2005 (f. 520/652), 01/2006 (f. 475/519), 02/2006 (f. 443/474), 06/2006 (f. 419/442).
Resposta da FSB ao Ofício de Requisição 07-715 (f. 714).
Causas:
106. Utilização indiscriminada de termo de contrato, com fundamento no inciso XIII do art.
24 da Lei 8.666/93 c/c o art. 1º da Lei 8.958/94, para formalização das avenças entre a
UFPEL e suas Fundações de Apoio.
Efeitos Reais e Potenciais:
107. Prejuízo à execução do objeto dos convênios, desvio de finalidade (P).
Esclarecimentos dos responsáveis:
108. Em atenção ao Ofício de Requisição 07-715, a FSB esclarece que os lançamentos em
conta-corrente relacionados são oriundos dos rendimentos de aplicações, valores estes
transferidos posteriormente às suas contas de origem.
Conclusão da Equipe de Auditoria:
109. Conforme tratado nos itens 28/40, a respeito da formalização inadequada para os
ajustes, principalmente quando há repasse antecipado de recursos, esta irregularidade
decorre da utilização indiscriminada do termo de contrato. Erroneamente, a Fundação de
Apoio toma os valores a ela transferidos como se fossem de sua propriedade. No entanto,
em virtude de esses ajustes terem características de ‘convênios’, os recursos transferidos,
76
bem como o rendimento das aplicações a eles relativos, devem ser aplicados no objeto
conveniado ou seus saldos restituídos em caso de não terem sido utilizados.
110. Em que pese a informação de que os valores relativos aos lançamentos questionados
serão restituídos às contas de origem, cabe determinação à UFPEL que acompanhe este
procedimento.
(...)
Projetos que não se Enquadram como Apoio a Pesquisa, Ensino, Extensão ou
Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico
Situação Encontrada:
112. O Tribunal tem se posicionado no sentido de que na contratação com base no art. 1º da
Lei 8.958/94 os serviços contratados devem estar relacionados a atividades de ensino,
pesquisa ou desenvolvimento institucional, os quais não se confundem com atividades de
manutenção. Além disso, o contrato deve estar diretamente vinculado a projeto com prazo
de conclusão e produto bem determinados, sendo vedada a contratação de atividades
continuadas e de objeto genérico.
113. Não obstante, foram verificados contratos firmados pela UFPEL com suas Fundações
de Apoio sem qualquer vinculação a projetos de pesquisa, ensino, extensão, tampouco
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico.
114. Citam-se os seguintes contratos:
Contrato 01/2006 (FSB)
115. O objetivo foi a execução do projeto ‘Apoio financeiro para complementação de
despesas de capital’. Foram transferidos R$ 395.000,00 os quais, segundo Plano de
Trabalho, devem ser utilizados para aquisição de 85 microcomputadores e de um ônibus
para transporte de passageiros. Até o final da auditoria apenas o ônibus havia sido
adquirido.
Contrato 02/2006 (FSB)
116. O objetivo foi a aplicação do valor de R$ 317.848,49 para a execução do projeto
‘Recuperação da área física do celeiro educacional’. Pelo Plano de Trabalho, verifica-se que
o objeto é a reforma da Escola de Agronomia da UFPEL. Foi realizada, pela FSB, licitação
na modalidade Tomada de Preços (n.º 002/2006), já havendo ato de proclamação da
empresa vencedora.
Contrato 06/2006 (firmado com a FSB)
117. Objetivou-se a execução do projeto ‘Apoio financeiro destinado à mudança de sede da
UFPEL’. Por meio deste instrumento foram transferidos à Fundação R$ 700.000,00, em
20/01/2006, com a finalidade, de acordo com o Plano de Trabalho, de aquisição de imóvel
localizado no centro histórico de Pelotas para sediar a Reitoria da UFPEL. Até o fim dos
trabalhos o prédio ainda não havia sido comprado.
77
tais serviços por intermédio das Fundações de Apoio acabou por gerar uma gama de
projetos com esse fim.
132. Desenvolvido pela Fundação Simon Bolívar, o Projeto Interdisciplinar de Serviços
Técnicos e de Apoio - PISTA contrata 354 funcionários para o desempenho das mais
diversas atribuições (vide tabela f. 968/974), algumas delas podendo enquadrar-se na
primeira situação relatada (função de auxiliar de registros acadêmicos, 108 contratados)
enquanto outras possam ser enquadradas na segunda situação (função de serviços gerais e
agentes de portaria, 125 e 76 contratados, respectivamente).
133. Com a participação da Fundação de Apoio Universitário, seis projetos abrangem a
contratação de pessoal: Projeto Modernização (78 funcionários contratados), Projeto de
Operacionalização do Centro Agrotécnico Visconde da Graça (39 funcionários contratados),
Projeto de Operacionalização da Agência Lagoa Mirim (26 contratados) e Projeto Curso
Sementes (1 contratado), Projeto Toque de Vida (5 contratados), Projeto Restaurante Escola
- PIRES (35 contratados). A esses contratados são delegadas as mais diversas funções (f.
289/298), e a semelhança do caracterizado no projeto descrito no parágrafo anterior,
algumas contratações decorrem da carência de pessoal próprio da Universidade e algumas
derivam da facilidade de se contratar as Fundações em detrimento da realização do
procedimento licitatório para a terceirização dos serviços.
Critério:
134. Lei 8.958/94; Decreto 5.205/2004; Acórdão 216/2005-Plenário; Lei 8.666/93.
Evidências:
135. Relação dos empregados entregue em resposta ao Ofício de Requisição 05-715/2006
(f. 289/298). Documentos encaminhados em resposta ao Ofício de Requisição 04-715/2006.
Causas:
136. Não-provimento dos cargos vagos por meio de concurso público por falta de
autorização do Ministério da Educação, formulação de projetos de sistematização de rotinas
e melhoria de processos de trabalho como sendo de desenvolvimento institucional,
interpretação das disposições constantes no artigo 3º do Decreto 5.205/2004. Preferência
pela contratação das fundações em detrimento da realização de procedimentos licitatórios
para a terceirização de alguns serviços.
Efeitos Reais e Potenciais:
137. Exercício das atribuições de cargos públicos por parte de empregados das Fundações,
fuga de procedimento licitatório (R). Descumprimento dos princípios da moralidade e
impessoalidade (P).
Esclarecimentos dos responsáveis:
138. Relativamente ao Projeto PISTA, em resposta ao questionamento dirigido por meio do
Ofício de Requisição 07-715/2006, o Pró-Reitor Administrativo informou que (f. 373):
80
160. Esta Unidade Técnica do TCU, ao buscar subsídios para a execução da presente
auditoria, solicitou ao Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul-MPE/RS
informações a respeito dos resultados de sua ação fiscalizadora junto às diversas fundações
localizadas no Estado, em vista de sua competência para velar pelo funcionamento das
fundações privadas. Como resultado, obteve-se, entre outras informações, documento
elaborado pelo MPE/RS em que foram apontados indícios de graves irregularidades
cometidas na execução de contratos celebrados entre a UFPEL e a Fundação Simon
Bolívar.
161. Com base nesses elementos, foi autuado processo no Tribunal (TC 024.268/2006-2)
cuja análise concentra-se nos contratos relativos aos Projetos PISTA (Contrato 18/2005) e
UNIPAMPA (Contrato 46/2005). Os indícios de irregularidade detectados foram os seguintes:
- contratação direta de fundação de direito privado sem estrutura adequada para a
prestação dos serviços;
- contratação de fundação para atividades não relacionadas a projetos de ensino, pesquisa,
extensão ou desenvolvimento institucional;
- pagamento de taxa de administração na execução de contrato;
- objeto vago e indefinido;
- apropriação indevida dos rendimentos de aplicações financeiras – desvio de finalidade;
- pagamento antecipado.
162. Ante esses indícios de irregularidades foi, por fim, elaborada proposta de realização de
Inspeção na UFPEL com o objetivo de apurar os indícios de irregularidades, para fins de
exame da regularidade dos projetos PISTA e UNIPAMPA – Contratos 18 e 46/2005,
respectivamente, – e suspensão cautelar do Contrato 46/2005, entre outras propostas.
163. A proposta foi submetida ao exame do ministro-relator, Walton Alencar Rodrigues, que,
em Despacho de f. 95-A/97 do referido processo, conheceu da Representação e manifestou
acolhimento à proposta da Unidade Técnica.
164. Assim, em vista de os Contratos 18 e 46/2005, firmados entre a UFPEL e a FSB, serem
objeto de processo próprio, entende-se mais adequado o tratamento de eventuais
irregularidades de caráter específico atinentes a esses ajustes ser realizado no âmbito do
TC 024.268/2006-2. Convém, ainda que sucintamente, apresentar as informações
constatadas pela equipe de auditoria relativas a esses dois contratos, destacando que os
documentos a eles pertinentes serão juntados por cópia aos demais expedientes do
mencionado processo.
Constatações da equipe de auditoria – Projeto PISTA
165. Até o final do período de execução da auditoria o contrato já havia sido aditado nove
vezes e seu valor aumentado para R$ 15.206.352,11. O número de pessoas contratadas,
que inicialmente era de 149, passou, conforme informado em atendimento a solicitação da
84
equipe de auditoria, para 354, distribuídas nas mais diversas funções, conforme tabela a
seguir:
167. Segundo depoimentos coletados pela Procuradoria junto aos gestores da UFPEL, o
projeto envolve serviços de portaria, limpeza, manutenção predial, pessoal de laboratório,
jardinagem, bioterismo e registros acadêmicos. Em abril de 2006, além de pessoal
contratado (280), participam cinqüenta professores e 150 estagiários sem remuneração. A
seleção e contratação seriam feitas pelo Comitê Gestor do Projeto, e não pela Fundação.
Os recursos para o custeio do projeto seriam os mesmos anteriormente atribuídos para a
realização de contratações terceirizadas.
168. A Procuradoria, em vista de a contratação de pessoal para o desempenho de
atividades permanentes no âmbito das universidades pelas Fundações de Apoio ser vedada
pela Lei 8.958/94, verificou que as atividades desempenhadas dentro do projeto PISTA se
enquadram no conceito de necessidades de caráter permanente da instituição, infringindo
jurisprudência do TCU (citou o Acórdão 1.516/2005-Plenário). Também opinou pela
ilegalidade do contrato firmado entre a Fundação de Apoio e a Universidade com
fundamento na dispensa de licitação prevista no art. 24, XIII da Lei 8.666/93. A natureza do
objeto do contrato, que não resulta em produto bem definido, também foi questionada.
169. Por fim, o MPF recomendou à UFPEL e à FSB que promovam o cancelamento do
projeto PISTA, com a rescisão do Contrato 18/2005, e a realização de licitação para a
contratação de empresas que realizem os serviços de limpeza, segurança e manutenção
predial no âmbito da instituição.
170. A diretora-presidente da Fundação apresentou, em 21/09/2006, proposta visando a
elaboração de Termo de Ajuste de Conduta-TAC (f. 740/741). Relativamente às funções
existentes no plano de carreira das IFEs (Lei 11.091/2005) e que necessitem de
disponibilidade orçamentária pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e da
oferta de vaga pelo Ministério de Educação, solicitou a redução gradual à medida que sejam
ofertadas vagas. No que concerne às funções a serem terceirizadas – agente de portaria e
serviços gerais – afirmou que ocorrerá terceirização, devendo a UFPEL elaborar o edital
quinze dias após a assinatura do TAC com sua publicação, devendo a empresa vencedora
atuar no máximo até 01/02/2007. Sugeriu, ainda, que algumas funções devam ser mantidas
em Programas e Projetos Especiais devido a suas peculiaridades – auxiliar de bioterismo,
técnico de manejo de fauna silvestre (nível médio), técnico de manejo e reabilitação de
fauna silvestre (nível superior) e auxiliar de jardinagem. Essas funções seriam mantidas pela
UFPEL dentro dos programas específicos existentes junto às Fundações.
171. Até o final dos trabalhos da presente equipe, o MPF ainda não havia se manifestado
sobre a proposta.
172. A última informação disponível sobre a questão dá conta de que a Pré-Reitoria
Administrativa da UFPEL (final do expediente de f. 366/373), em relação ao Projeto PISTA,
já foi determinado o lançamento de processo licitatório, assim como já foi notificada a
86
Fundação Simon Bolívar de que o contrato continuará vigente apenas pelo tempo
estritamente necessário para a realização do certame e a contratação do prestador de
serviços.
Constatações da equipe de auditoria – Projeto UNIPAMPA
173. O objeto engloba obras, serviços, mobiliários, equipamentos e material de consumo,
cabendo à Fundação de Apoio a realização de licitações – cujos procedimentos foram
amostralmente verificados pela equipe – e pagamentos.
174. Um primeiro ponto que chamou a atenção foi a realização de pagamento antecipado
das despesas, sem observância do processo legal de liquidação. Esse fato ocorre, na
realidade, por uma falta de critério da Universidade para denominar, de forma geral, os
ajustes com suas Fundações de Apoio. Conforme tratado no item 28/40, relativo à
inadequação na formalização dos ajustes, a denominação e o tratamento mais apropriados
para as avenças firmadas com a participação das Fundações de Apoio – ao menos para sua
grande maioria – é “convênio”, cuja natureza jurídica pressupõe interesses comuns dos
partícipes.
175. Outra possível irregularidade é o fato de o objeto executado ser exatamente aquele do
Convênio 245/2005 (SIAFI 539362), firmado entre a Secretaria de Educação Superior do
Ministério da Educação e a UFPEL, pelo qual caberia à UFPEL responsabilizar-se pela
execução direta do convênio, não por meio de terceiros.
176. A não-apropriação dos rendimentos da aplicação financeira no objeto dos projetos
também foi objeto de tópico específico, conforme itens 103/111.
CONCLUSÃO
177. A principal constatação da auditoria é a deficiência nos controles institucionais da
UFPEL com relação aos projetos firmados com suas Fundações de Apoio (itens 41/54). A
carência na fiscalização pôde ser verificada pelo desconhecimento, por parte da
Universidade, do universo das atividades desenvolvidas em conjunto com as fundações e
pela falta de estrutura adequada para o devido controle e fiscalização. Para os projetos
custeados por recursos originários dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, cuja
fiscalização é realizada pelas instâncias superiores da Universidade, o controle é um pouco
mais efetivo, especialmente, nos casos de recursos oriundos de convênios, pelas exigências
do órgão concedente.
178. Já para os projetos custeados com recursos não-orçamentários, ou autofinanciados,
empreendidos pelas unidades acadêmicas e por elas fiscalizados a situação é mais grave.
Esses projetos, que muitas vezes nem são de conhecimento da administração central da
Universidade, apesar de possuírem fiscal nomeado, também não são efetivamente
fiscalizados, visto que, na maioria das oportunidades, tal indicação tem caráter apenas
formal, não sendo preparados adequadamente os servidores para desempenharem tal
87
183. No que diz respeito a cobrança de taxa de administração pelas Fundações de Apoio,
constatou-se que a atual metodologia de cálculo carece de melhor análise para que prove
estar de acordo com os entendimentos exarados por esta Corte - ressarcimento dos custos
operacionais efetivamente incorridos. A determinação proposta objetiva a verificação da
adequabilidade da atual metodologia de cobrança.
184. Também foram constatados projetos firmados que não se enquadram como apoio a
pesquisa, ensino, extensão ou desenvolvimento institucional, científico e tecnológico (itens
112/128). Entre esses, uma situação a ser destacada é a da contratação para execução de
serviços de obras e para aquisição de equipamentos e imóveis, sem amparo nos normativos
que regulam a relação das IFES com Fundações de Apoio. Tal situação advém claramente
da necessidade de garantir a utilização dos recursos orçamentários que são
costumeiramente liberados pelo órgão ministerial próximos do encerramento do exercício,
constrangendo a Administração a adotar deliberadamente a contratação de alguma
Fundação de Apoio, que permita o empenho dos recursos, eis que não há tempo hábil para
proceder aos processos de licitação para a execução das ações previstas pela própria
Universidade. Esse fato, recorrente no âmbito de várias IFEs e já objeto de inúmeras
determinações desta Corte de Contas, ainda que sem os resultados pretendidos, ocorre em
vista de os administradores optarem pelos princípios da continuidade administrativa e da
eficiência, em detrimento da legalidade, enquanto persistir a iniqüidade no sistema
orçamentário de não permitir a reprogramação dos saldos orçamentários liberados no final
do ano. Outrossim, entende-se que, nas situações não relacionadas aos recursos liberados
em final de exercício, há que se coibir a contratação de fundações para serviços de obras e
para aquisição de equipamentos e de bens móveis e imóveis.
185. Com relação aos procedimentos relativos à incorporação de bens ao patrimônio da
Universidade, verificou-se, por meio de entrevistas e das respostas ao Ofício de Requisição
03-715-circular, inexistir padronização quanto ao momento em que os bens adquiridos no
âmbito dos projetos deveriam ser incorporados ao patrimônio da UFPEL. Em algumas
situações o tombamento é procedido assim que o bem é adquirido, mesmo que o projeto
ainda esteja em curso, enquanto em outras, o bem só é incorporado ao patrimônio da
Universidade ao término do projeto. Há ainda casos em que os órgãos financiadores
estabelecem o momento da doação definitiva do bem. A edição da Portaria/UFPEL 1.387, de
29/09/2006, veio a suprir a falta de normativo interno aplicável aos bens obtidos no âmbito
de projetos com as Fundações de Apoio, estabelecendo que os bens adquiridos com
recursos oriundos de projetos executados devem ser transferidos ao patrimônio da
Universidade imediatamente após seu término.
186. No tocante à contratação de pessoal para o desenvolvimento de atividades de caráter
permanente na Universidade, constataram-se duas situações distintas: aquelas originadas
89
exigidos pelo art. 55 da Lei 8.666/93 e observando, ainda, o disposto no art. 26 da mesma
lei;
189.4 implemente mecanismos efetivos de fiscalização dos projetos desenvolvidos com a
participação de Fundação de Apoio, independentemente da fonte dos recursos, de modo a
permitir o pleno conhecimento da totalidade dos projetos, a comprovação da fiel execução
dos objetos dos convênios, contratos ou ajustes e sua correta execução financeira,
viabilizando o acompanhamento e o exercício da fiscalização, também por parte dos
controles interno e externo;
189.5 estabeleça rotina a ser seguida pelos gestores dos contratos firmados com Fundação
de Apoio, indicando detalhadamente os pontos a serem por eles conferidos nas prestações
de contas parciais e finais dos projetos respectivos;
189.6. naqueles convênios firmados com recursos não provenientes dos Orçamentos Fiscal
e da Seguridade Social, exija de suas Fundações de Apoio a apresentação de prestação de
contas final e periódica (esta se couber) contendo no mínimo:
- Plano de Aplicação dos Recursos;
- Relatório de Execução Físico-financeira;
- Demonstrativo de Receitas e Despesas;
- Relação de Pagamentos;
- Relação de Bens Adquiridos, Produzidos ou Construídos;
- Cópia do Termo de Aceitação Definitiva da Obra, se for o caso;
- Extrato da conta bancária específica do período do recebimento da 1ª parcela até o último
pagamento e conciliação bancária, quando for o caso; e
- Atas das licitações realizadas, se houver;
189.7. naqueles convênios firmados com recursos provenientes dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social, exija de suas Fundações de Apoio a apresentação de prestação de
contas final e periódica em estrita observância ao disposto na IN STN 01/97;
189.8. implemente rotina para exame das prestações de contas referentes a contratos ou
convênios executados por Fundação de Apoio, vinculados a projetos de ensino, pesquisa,
extensão ou desenvolvimento institucional, a ser executado por unidade autônoma (ou seja,
não-vinculada a nenhum projeto), fazendo constar do processo de prestação de contas final
manifestação expressa acerca da regularidade da aplicação dos recursos transferidos;
189.9. promova a adequação dos ajustes em andamento à determinação contida no subitem
189.2, a fim de tornar uniformes as prestações de contas e, por conseqüência, mais eficaz o
controle da execução financeira dos projetos;
189.10. adote medidas com vistas a garantir que todo e qualquer projeto que envolva a
participação das Fundações de Apoio seja prévia e obrigatoriamente homologado pelo
Conselho Coordenador do Ensino, Pesquisa e Extensão – COCEPE, conforme art. 10 das
91
da instituição federal contratante, nos termos do art. 1º da Lei 8.958/1994, c/c o art. 1º do
Decreto 5.205/2004;
189.17. quando da celebração de ajustes com suas Fundações de Apoio em função da
necessidade de garantir a utilização dos recursos orçamentários liberados pelo órgão
ministerial próximos do encerramento do exercício, demonstre clara e formalmente que a
imperiosidade de proceder à contratação da Fundação de Apoio resultou da liberação de
recursos orçamentários ao final do exercício, comprovando por documentos hábeis as datas
de repasses orçamentários e a impossibilidade de reprogramação para o ano seguinte, e
adotando, nesse caso, mecanismos rigorosos de controle que permitam avaliar a
conformidade das licitações realizadas pelas fundações, sem deixar de observar, contudo,
os requisitos objetivos previstos na alínea anterior;
189.18. mantenha os empregados das Fundações de Apoio que atuam na Universidade em
atividades rotineiras da instituição somente até o provimento, por concurso público, dos
cargos cujas atividades estão sendo por eles desenvolvidas;
189.19. realize o devido procedimento licitatório para aqueles serviços contratados
diretamente junto às Fundações de Apoio e que são passíveis de adequado atendimento por
empresas prestadoras de serviços terceirizados;
189.20. adote medidas visando a garantir que as sobras de recursos dos projetos
executados com o apoio de suas Fundações de Apoio sejam efetivamente transferidas à
conta única do Tesouro Nacional, no momento da conclusão dos projetos, depois de
liquidadas todas as despesas relativas a sua execução, à luz da regra da unidade de
tesouraria evidenciada nos artigos 56 da Lei 4.320/64 e 1º do Decreto 93.872/86;
190. encaminhar cópia à UFPEL do integral teor desse Relatório, acompanhado do Acórdão
que vier a ser proferido, bem como do Relatório e Voto;
191. encaminhar cópia ao Ministério Público Federal na cidade de Pelotas do Acórdão que
vier a ser proferido, bem como do Relatório e Voto;
192. autorizar, desde já, o monitoramento do Acórdão que vier a ser proferido.”
É o Relatório.
VOTO
próximo ao seu encerramento, considero que não seja pertinente o item 189.17 da proposta
da unidade técnica, por entender que tal proposição legitimaria uma situação irregular.
Nesse sentido, a adoção de boas práticas da Administração Pública, como o adequado e
tempestivo planejamento de suas contratações, inclusive com a realização de licitação
quando haja a previsão de liberação de crédito orçamentário, solucionaria irregularidades
dessa natureza.
Com essas considerações, julgo que as ocorrências verificadas estão a ensejar a adoção de
providências corretivas por parte da entidade, justificando-se, desta forma, as
determinações alvitradas pela unidade técnica, com os ajustes de forma pertinentes.
A propósito, verifico que ainda no curso da fiscalização foram constatados esforços da
UFPEL no sentido de melhorar seus controles institucionais, a exemplo da implementação
de sistema informatizado para auxiliar o controle de projetos, bem assim a aprovação de
norma específica (Portaria UFPEL n.º 1.387, de 29/9/2006) que, entre objetivos, visa o
aprimoramento da fiscalização dos ajustes firmados com as fundações de apoio.
Por fim, relativamente às irregularidades verificadas pela unidade técnica nos Projetos
PISTA e UNIPAMPA, faço a ressalva que deixo de apreciá-las neste momento em razão de
estarem sendo tratadas no âmbito do processo TC n.º 024.268/2006-2, ainda em exame no
meu Gabinete.
Assim, tendo em vista não restar caracterizada nestes autos a má-fé por parte dos gestores,
acolho o encaminhamento de mérito formulada pela Secex/RS, com as ressalvas acima
expostas.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a
este Plenário.
Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de abril de 2008.
GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator
4. Responsáveis: André Luiz Haak (Reitor Pro-Tempore); Antônio César Gonçalves Borges
(Reitor); Paulo Roberto Soares de Pinho (Ordenador de Despesa e Pró-Reitor
Administrativo); Francisco Carlos Gomes Luzzardi (Ordenador de Despesa e Pró-Reitor
Administrativo)
5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul –
Secex/RS
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Auditoria de Conformidade
realizada na Fundação Universidade Federal de Pelotas – UFPEL com vistas a examinar a
regularidade do relacionamento da Universidade com suas fundações de apoio.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Fundação Universidade Federal de Pelotas – UFPEL que:
9.1.1. nos casos de execução de objeto de interesse comum, com o repasse antecipado de
recursos, celebre convênio com a respectiva fundação de apoio, atentando, ainda, para as
disposições da Instrução Normativa n.º 01, de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional,
especialmente nos casos em que os recursos advirem de dotações consignadas nos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social;
9.1.2. somente formalize contrato com as fundações de apoio, com fundamento no inciso
XIII do art. 24 da Lei n.º 8.666, de 1993, c/c art. 1º da Lei n.º 8.958, de 1994, quando o
objeto a ser contratado seja executado em caráter personalíssimo pela fundação, bem
assim compatível com a sua área de atuação, sem prejuízo da realização da prévia
pesquisa preço de mercado e do detalhamento dos serviços ou produtos a serem
contratados, abstendo-se, ainda, de efetuar o repasse antecipado de recursos;
9.1.3. implemente mecanismos efetivos de fiscalização dos projetos desenvolvidos com a
participação das fundações de apoio, independentemente da fonte dos recursos, de modo a
permitir o pleno conhecimento dos projetos realizados, a comprovação da fiel execução dos
objetos pactuados e a correta execução financeira dos ajustes firmados;
9.1.4. estabeleça rotina a ser seguida pelos gestores dos contratos firmados com as
fundações de apoio, indicando detalhadamente os pontos a serem verificados quando da
apreciação das respectivas prestações de contas parciais e finais dos projetos;
9.1.5. naqueles convênios firmados com recursos não provenientes dos Orçamentos Fiscal
e da Seguridade Social, exija das fundações de apoio a apresentação de prestação de
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contas final e periódica, quando esta couber, as quais deverão conter, no mínimo, os
seguintes elementos: I) plano de aplicação dos recursos; II) relatório de execução físico-
financeira; III) demonstrativo de receitas e despesas; IV) relação de pagamentos; V) relação
de bens adquiridos, produzidos ou construídos; VI) cópia do termo de aceitação definitiva da
obra, se for o caso; VII) extrato da conta bancária específica, acompanhada da respectiva
conciliação bancária, quando for o caso; VIII) atas das licitações porventura realizadas;
9.1.6. naqueles convênios firmados com recursos provenientes dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social, exija das fundações de apoio a apresentação de prestação de contas
final e periódica em estrita observância às disposições da Instrução Normativa n.º 01, de
1997, da Secretaria do Tesouro Nacional;
9.1.7. implemente rotina para o exame das prestações de contas referentes a contratos ou
convênios executados por fundações de apoio, vinculados a projetos de ensino, pesquisa,
extensão ou desenvolvimento institucional, a ser executado por unidade autônoma (não-
vinculada a nenhum projeto), fazendo constar da respectiva prestação de contas final
manifestação expressa acerca da regularidade da aplicação dos recursos transferidos;
9.1.8. adote medidas com vistas a garantir que todo e qualquer projeto que envolva a
participação das fundações de apoio seja prévia e obrigatoriamente homologado pelo
Conselho Coordenador do Ensino, Pesquisa e Extensão – COCEPE da Universidade,
conforme o art. 10 das Normas Reguladoras de Prestação de Serviços emitidas por
intermédio da Portaria UFPEL n.º 1.387, de 2006;
9.1.9. adote mecanismos que garantam a celebração de termo formal e específico de
convênio ou contrato com as fundações de apoio para execução de todo e qualquer projeto
que envolva, ainda que indiretamente, a Universidade, quer seja ou não custeado com
recursos oriundos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, em conformidade com o
disposto na Lei n.º 8.958, de 1994, e no Decreto n.º 5.205, de 2004;
9.1.10. desenvolva estudos com vistas a avaliar, com base em critérios objetivos, se as
atuais taxas de administração cobradas pelas fundações de apoio, nos projetos não-
custeados por recursos oriundos de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social, são aquelas estritamente necessárias ao ressarcimento das despesas
operacionais incorridas, promovendo, caso pertinente, os devidos ajustes, informando a este
Tribunal, no prazo de 180 dias, acerca do cumprimento desta determinação;
9.1.11. ao celebrar convênios com as fundações de apoio, cujos recursos financeiros sejam
originários dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, obrigue a entidade contratada a
depositar e gerir os recursos repassados em conta específica do Banco do Brasil S/A, da
Caixa Econômica Federal ou de outra instituição bancária da qual a União detenha o
controle acionário, em consonância com o disposto no art. 18, inciso III, da Instrução
Normativa n.º 01, de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional;
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9.1.12. providencie a alteração das instituições bancárias dos projetos em andamento, caso
efetivadas as rescisões a que se referem o subitem 9.1.2, cujos recursos financeiros sejam
originários dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, a exemplo dos Contratos
18/2005, 46/2005, 06/2006 e 31/2006, todos firmados com a Fundação Simon Bolívar;
9.1.13. adote procedimentos com vistas a assegurar que os valores indevidamente
debitados das contas bancárias dos projetos, sem existência de qualquer contrapartida nos
respectivos demonstrativos de receita e despesa, a exemplo do ocorrido nos Contratos
46/2005, 01/2006, 02/2006, 06/2006, sejam efetivamente ressarcidos às contas de origem,
de forma a serem alocados nos objetos pactuados ou, caso não sejam necessários para a
consecução dos seus objetos, sejam transferidos à conta única do Tesouro Nacional, em
obediência à Instrução Normativa n.º 01, de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional – STN,
informando a este Tribunal, no prazo de 180 dias, acerca do cumprimento desta
determinação;
9.1.14. abstenha-se de celebrar qualquer tipo de ajuste com as fundações de apoio, cujo
objeto seja a prática de atos de competência exclusiva da Universidade, salvo quando
vinculados a projetos específicos e desde que relativos à finalidade de apoiar projetos de
pesquisa, ensino e extensão e desenvolvimento institucional, científico e tecnológico de
interesse da instituição federal contratante, nos termos do art. 1º da Lei n.º 8.958, de 1994,
c/c o art. 1º do Decreto n.º 5.205, de 2004;
9.1.15. abstenha-se de renovar ou aditar os atuais contratos firmados com fundações de
apoio que não se amoldem às prescrições da Lei n.º 8.958, de 1994, especialmente quando
configurada a contratação indireta de obras e a aquisição de bens e serviços;
9.1.16. adote medidas com vistas ao adequado e tempestivo planejamento de suas
contratações, inclusive com a realização de licitação quando haja a previsão de liberação de
crédito orçamentário, de modo a evitar a transferência indevida, às fundações de apoio, de
recursos liberados próximo ao encerramento do exercício financeiro;
9.1.17. mantenha os empregados das fundações de apoio, que executam atividades
rotineiras na Universidade, tão-somente até o provimento, por concurso público, dos cargos
cujas atividades estão sendo por eles desenvolvidas;
9.1.18. abstenha-se de promover a contratação direta de serviços junto às fundações de
apoio que sejam passíveis de execução por empresas prestadores de serviços
terceirizados;
9.1.19. adote medidas visando a garantir que os saldos de recursos dos projetos executados
com o apoio das fundações de apoio sejam efetivamente transferidos à conta única do
Tesouro Nacional no momento de suas conclusões;
9.2. dar ciência do presente Acórdão, bem assim do Relatório e Voto que o fundamentam,
ao Ministério Público Federal na cidade de Pelotas/RS;
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9.3. determinar à Secex/RS que monitore o cumprimento das determinações ora expedidas.
Fui presente:
http://www.pelotas.rs.gov.br/interesse_licitacoes/arq_objeto/2013-02-
18_14:00:25_objeto_EDITALeAnexo01.pdf
http://www.pelotas.rs.gov.br/interesse_licitacoes/arq_objeto/2008-06-
17_15:25:51_objeto_editalconcorrenciaiv.pdf